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Unidade II Dinamica de Particulas
Unidade II Dinamica de Particulas
Material Teórico
Dinâmica de Partículas
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Dinâmica de Partículas
• Introdução;
• Leis de Newton;
• Exemplos de Aplicação das Leis de Newton;
• Trabalho e Energia;
• Trabalho de uma Força;
• Conservação da Energia.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Estudar a Dinâmica de Partículas, envolvendo o estudo das Leis de Newton ao tratar
de problemas envolvendo os diversos tipos de interações mecânicas, como forças de
contato, gravitacional, elástica e de atrito;
• Apresentar os conceitos de trabalho e energia e o princípio da conservação da
energia mecânica;
• Tais tópicos são extremamente úteis para a composição de jogos digitais em
situações envolvendo deslocamentos verticalizados, montanhas russas, pistas de
skate e uma gama variada de situações práticas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Dinâmica de Partículas
Introdução
Uma das características da Cinemática é a descrição do movimento, porém
sem levar em conta as causas desse mesmo movimento. A Dinâmica surgiu ao se
introduzir as interações entre os corpos, cujos movimentos são causados por essas
interações. O cientista Galileu Galilei iniciou o estudo sistemático e científico da
Cinemática, pois até então apenas estudos filosóficos ocorreram. Galileu morreu
em 1642, mesmo ano do nascimento de Isaac Newton. Após 45 anos da morte
de Galileu, Newton publicou seu maior trabalho, conhecido por Principia, uma
maneira breve de se referir ao título original em latim, Philosophiae Naturalis
Principia Mathematica, de 1687. A forma como Newton tratou as interações de
origem mecânica, por intermédio de três leis do movimento, juntamente com a
conhecida Lei da Gravitação Universal, deu origem à Revolução Industrial do século
XVIII e a uma nova concepção da Mecânica, em que a teoria conseguiu obter os
resultados que a experiência já encontrara. Isso deu mostras de que haveria a
possibilidade de estudar a natureza partindo-se de princípios físicos fundamentais e
de métodos matemáticos.
Figura 1
Leis de Newton
1º Lei de Newton: também conhecida como Lei da Inércia, ela pode ser
enunciada da seguinte forma:
8
Inversamente, se a resultante de todas as forças aplicadas for nula, podemos garan-
tir que o movimento do corpo será retilíneo e uniforme, ou então ele estará parado.
A primeira lei de Newton é, na verdade,
uma definição de força nula. Quando pergun-
tamos: em que situação uma força é nula? A
resposta é: sempre que o movimento não va-
riar seu estado de movimento, isto é, sempre
que ele não variar sua velocidade, que também
é o mesmo que dizer que não há aceleração
do corpo em relação a um referencial iner-
cial (um referencial que não é girante nem
está sofrendo aceleração).
Na presença de uma força resultante F não nula, um corpo de massa m constan-
aceleração a que terá mesma direção e mesmo sentido que a força
te sofrerá uma
resultante F e ambas serão relacionadas por:
F = ma . (1)
9
9
UNIDADE Dinâmica de Partículas
Newton afirmou que a força resultante F aplicada a um corpo de massa m,
constante ou não, é dada pela taxa de variação do momento linear p em rela-
ção ao tempo t. Matematicamente, a expressão pode ser escrita da forma:
dp
F= . (3)
dt
d
O símbolo é um operador matemático que representa uma derivada tem-
dt
poral. Não é uma fração em que se pode cancelar o d. Em outras palavras, é a
taxa de variação de alguma quantidade em relação ao passar do tempo.
A quantidade que é colocada no numerador da “fração” é a que está variando.
Colocando-se o momento linear p , podemos ler: “é a taxa de variação do momen-
to linear p em relação ao tempo”.
E como fica essa taxa de variação da grandeza p se ela advém da multiplicação
de duas grandezas que também podem variar? A resposta está em outra regra de
derivação além da que foi vista na Unidade I, que é a da derivada de um produto de
funções (produto em Matemática significa “multiplicação”). A taxa de variação é
distribuída de forma alternada e somada:
dp
F=
dt
d (4)
= m t v t
dt
dm dv
= v m .
dt dt
10
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Um corpo A que exerce uma ação sobre um corpo B sobre a reta que une os dois
corpos receberá uma reação igual e oposta advinda do corpo B.
Outro exemplo mais prático: o foguete sobe porque ele empurra os gases da
queima de combustível para trás e, em consequência, os gases reagem contraria-
mente ao foguete, empurrando-o para frente.
Também temos de frisar que a regra só vale para forças situadas na mesma reta
que une os dois corpos: forças em retas paralelas à linha de união entre os corpos
transgridem a lei. No Eletromagnetismo há casos de violação da 3 a Lei de Newton.
11
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UNIDADE Dinâmica de Partículas
Unidade de força
Pela 2 a Lei, F = ma, lembrando que, no Sistema Internacional (S.I.) de unida-
des, a massa é medida em quilogramas, isto é, m = kg , e a aceleração é medida
em metros por segundo ao quadrado, isto é, a = m / s 2 . Assim, a força é medida
em quilogramas vezes metros por segundo ao quadrado, ou F = kg m / s 2 = 1N ,
em que N significa “newton”, a unidade de força. Devemos ressaltar que unidades
batizadas com nomes próprios são escritas em letras minúsculas e K representa
a(s) unidade(s) em que a grandeza K é medida.
F sin θ F
n
θ
F cos θ
mg
Figura 4 − Diagrama esquemático da decomposição de uma força F inclinada a uma
superfície horizontal de um ângulo θ . No esquema, aparecem a força normal n e a força peso, mg
12
A decomposição da força inclinada F é simples, pois é como se seu módulo
fosse a coordenada polar r , de forma que é fácil de escrever o módulo de suas
componentes Fx e Fy :
Fx = F cos θ , (6)
Fy = F sin θ . (7)
n
x
mg sin θ
mg cos θ θ
mg θ
Figura 5 − A força peso mg é decomposta segundo um plano inclinado, em que
aparecem as componentes paralela mg sin θ e normal à superfície do plano, mg cos θ
Podemos notar que o ângulo que o vetor força peso mg faz com a horizontal é
90o e como cos 90o = sin e vice-versa, os papéis do seno e do cosseno
na representação polar ficam trocados. Assim, as componentes do peso mg , se-
gundo as orientações paralela e perpendicular ao plano inclinado, são:
Px = mg sin θ , (8)
Py = mg cos . (9)
É importante salientar que a reação normal n continua sendo perpendicular
à superfície.
13
13
UNIDADE Dinâmica de Partículas
Forças de atrito
As forças dissipativas podem estar presentes durante o movimento. Elas podem
ter diversas origens, tais como a de contato mecânico entre duas superfícies, a
de contato elétrico (estas chegam a ser tão intensas que servem como solda entre
superfícies), a de indução magnética, as forças de resistência do ar, da água e de
líquidos em geral. Enfim, durante um movimento, é sempre possível que encontre-
mos algum tipo de força que mina a movimentação, que dissipa o movimento, são
as chamadas forças dissipativas. Veremos, mais adiante nesta disciplina, que as
forças dissipativas farão com que a energia mecânica de um sistema não se conser-
ve e parte do movimento, ou parte da energia cinética do sistema, se transforme
em calor. Assim, durante a atuação de forças dissipativas há sempre a produção de
calor e a consequente interação, de forma a retardar o movimento.
Notamos que, ao movermos um objeto que está parado sobre uma superfície
- por exemplo, um móvel pesado -, é difícil fazê-lo sair do local quando o empurra-
mos. Em adição, quando conseguimos movê-lo, ainda há atrito, mas ele é menor,
pois o movimento ocorre sem que o intercalamento entre as duas superfícies seja
completo. Dessa forma, a dificuldade de movimento ocorre tão apenas pelas protu-
berâncias maiores que residem nas duas superfícies de contato. Como consequên-
cia, podemos classificar as força de atrito por contato mecânico em dois tipos: a
força de atrito estático, em situações paradas, sem movimentação, e a força de
atrito cinético (ou dinâmico), em situações em que há movimento relativo entre
as duas superfícies de contato.
14
A força de atrito não depende da área de contato entre as superfícies, mas de-
pende basicamente da sua rugosidade e da força normal. O atrito ocorre sempre
de forma a diminuir o movimento relativo entre as superfícies e aponta sempre em
sentido contrário ao movimento. Desta forma, matematicamente, podemos carac-
terizar a força de atrito como:
Fat = N , (10)
em que µ é o coeficiente de atrito e N é a força normal de reação que expressa
a força de contato entre as superfícies. É fácil de entender por que a força de atrito
depende da normal - e não do peso -, observando o que ocorre quando inclinamos
uma tábua em que repousa sobre ela um bloco de madeira. Ao inclinarmos a tábua,
haverá um ângulo θ para o qual o bloco de madeira começará a descer. Quanto
maior o ângulo θ , também menor é o atrito entre o bloco e a tábua. Enquanto o
peso continua constante conforme aumentamos o ângulo de inclinação, a força
normal vai diminuindo seu valor e a força de atrito também. Logo, a força de atrito
depende da normal e não do peso.
Podemos afirmar, então, que o atrito cinético é sempre menor do que o atrito
estático e isso se reflete nos coeficientes de atrito:
Para que tenhamos uma ideia dos valores do coeficiente de atrito para diversos
materiais, apresentaremos a tabela 1 a seguir.
Tabela 1 – Valores de atrito cinético e estático
e diferentes tipos de materiais
Materiais µc µc
madeira/madeira 0,4 0,2
gelo/gelo 0,1 0,03
metal/metal (c/lubrif.) 0,15 0,07
aço/aço (s/lubrif.) 0,7 0,6
borracha/cimento seco 1,0 0,8
articulações nos membros humanos 0,01 0,01
Para que possamos comparar o atrito de alguns pisos secos com os molhados,
apresentamos a Tabela 2.
Tabela 2 – Comparação entre os coeficientes de atrito típicos
entre alguns pisos secos e quando molhados
Descrição da superfície Seca Molhada
Concreto novo (rugoso) 0,84 0,61
Concreto trefegado 0,69 0,56
Asfalto novo (rugoso) 0,79 0,62
Asfalto trafegado 0,66 0,53
Paralelepípedo novo (ruguso) 0,78 0,60
Paralelepípedo trafegado 0,68 0,48
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15
UNIDADE Dinâmica de Partículas
Exemplos de Aplicação
das Leis de Newton
1. Problemas envolvendo blocos de madeira: dois blocos de massas m1 = 2
kg e m2 = 3 kg são colocados em contato sobre uma superfície lisa sem atrito e
uma força F = 100 N é aplicada sobre o primeiro bloco. Determine:
a) a aceleração do conjunto;
b) a força que o bloco 2 exerce sobre o bloco 1.
F
m1 m
2
n1 n2
y
F P’ P
x
m1 m2
m1 g m2 g
Figura 8 − Diagrama de corpo livre para os blocos 1 e 2
16
Em adição, a 3 a Lei de Newton garante que P' = P, de modo a podermos can-
celar as duas forças da equação anterior para a simplificarmos:
F = m1 m2 a . (15)
F 100
a= = = 20 m/s 2 . (16)
m1 + m2 2 + 3
b) A força que o bloco 2 faz no bloco 1, P' , é igual em módulo, mas de sentido
oposto ao da força que o bloco 1 faz no bloco 2, P. Logo, utilizando a 2 a Lei de
Newton para o bloco 2 (a segunda equação do sistema anterior) e usando o valor
obtido da aceleração do conjunto, temos:
P' = P = m2 a = 3 × 20 = 60 N. (17)
Observando-se com cuidado, a proporção que cada uma das massas possui em
relação à massa total é justamente a proporção da força total que é absorvida pela
massa. Neste exemplo, a massa m2 representa 60% da massa total m1 m2 e ela
absorve 60% da força total aplicada.
Dados: Considere o cabo sem peso e inextensível e o plano inclinado sem atri-
to; a aceleração da gravidade local é g = 9.8 m/s 2 .
T a
T m2
a m1
Figura 9 – Plano inclinado sem atrito em que o bloco puxa com seu peso a esfera
17
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UNIDADE Dinâmica de Partículas
m2 m1
a= g sin g
m
1 m2 m
1 m2
(21)
m sin m1
= 2 g .
m1 m2
18
3. Um bloco de massa m1 é puxado por uma força F inclinada de um ângulo
θ que faz o bloco deslizar sobre uma superfície horizontal com coeficiente de atrito
cinético µcin com a superfície do bloco. Ligado ao bloco 1 há um fio inextensível
e de massa desprezível, que passa por uma polia ideal (sem peso e sem atrito) em
que é pendurada uma esfera de massa m2 . A aceleração da gravidade no local é
g. Determine a aceleração do conjunto e a tensão no fio em função dos dados
apresentados.
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UNIDADE Dinâmica de Partículas
T = m2 g a
m2
= F cos cin sin cin 1 m1 g
m1 m2
Trabalho e Energia
A energia é um dos conceitos mais importantes da Física. A Física Newtoniana
está completamente baseada em forças, velocidades, acelerações, que são grande-
zas vetoriais e possuem, portanto, orientação espacial. Sempre que temos de lidar
com vetores, a consequência é ter de lidar com matrizes, ângulos, componentes e
outras quantidades que são de difícil visualização espacial e de complexo trato ma-
temático. O conceito de energia surgiu com novas descrições da Mecânica, novos
formalismos e com a tentativa de se buscar descrever o movimento de um sistema
tratando com quantidades físicas sem orientações, quantidades físicas conhecidas
por escalares, as quais são grandezas em que basta um número e mais nada para
descrevê-las. A energia é uma grandeza escalar, pois ela não possui orientação e
um número a define. Como é uma quantidade escalar, quando tratamos com situa-
ções envolvendo várias porções de energia, podemos fazer um balanço, somá-las
todas antes de um movimento ser executado e depois da movimentação, após,
podemos conferir se a quantidade permaneceu constante antes e depois do movi-
mento, ou se ocorreu dissipação da energia e a quantidade inicial tenha variado.
Dessa forma, podemos classificar os sistemas físicos em duas categorias: aquela
20
que conserva a quantidade de energia constante e a que não mantém constante a
energia. A primeira refere-se aos sistemas conservativos e a segunda aos siste-
mas dissipativos. É importante frisar que a energia adveio do conceito de trabalho
de uma força e que, por sua vez, é proveniente da Mecânica Newtoniana. Assim,
uma simplificação considerável no tratamento matemático da teoria veio com a
introdução do conceito de energia, mas essa nova abordagem é equivalente, em
essência, à Mecânica de Newton.
Com o passar do tempo, o conceito de energia foi abrindo seu leque e uma
gama de novas modalidades de energia foi surgindo: energia mecânica, energia
elétrica, energia magnética, energia cinética, energia térmica, energia luminosa,
energia potencial. Esta última também foi dividida em energia potencial gravitacio-
nal, potencial elástica, potencial elétrica, potencial magnética, potencial química,
potencial nuclear, entre outras. A conservação da quantidade de energia passou a
ser monitorada para as transformações de uma modalidade de energia em outra.
Por exemplo, podemos transformar a variação da energia potencial gravitacional
em energia elétrica. É o que se faz em uma usina hidrelétrica. A monitoração do
balanço energético consiste em se verificar se parte da energia que foi transforma-
da em outra modalidade de energia foi perdida para o meio ambiente. Neste caso,
foi dissipada para o meio ambiente na forma de calor, que é a energia térmica que
passa de um lugar para outro. Dizemos que o calor é a energia térmica em trânsi-
to. Sempre que há dissipação de calor, o sistema não é conservativo. Isto ocorre,
principalmente, na presença de alguma forma de atrito ou de forças dissipativas.
A energia conservada é uma garantia de que o movimento não sairá de certos
limites; logo, a quantidade de energia limita o movimento. Veremos que o Princípio
da Conservação da Energia será uma das bases fundamentais de toda a Física.
Figura 13 − Uma força F é aplicada sobre um bloco formando um ângulo θ com
a horizontal que irá deslizar sobre uma superfície sem atrito em um deslocamento d
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21
UNIDADE Dinâmica de Partículas
O trabalho W de uma
força é definido como o produto do módulo
da compo-
nente de uma força F na direção do deslocamento que ela causa d pelo módulo
d desse deslocamento. Assim, matematicamente, o trabalho W de uma força F
é definido por:
W = F cos d . (30)
Como tanto a força F quanto o deslocamento d possuem orientação espacial,
o trabalho poderá ser
positivo ou negativo.
Ele será positivo no caso em que a com-
ponente da força F e o deslocamento d estejam apontados no mesmo sentido;
caso contrário, o trabalho W será negativo. Há ainda uma terceira possibilidade,
quando o ângulo θ for reto (90 o ), o cos 90o = 0 e o trabalho será nulo. Qual é o
significado desses resultados?
1.
a) W > 0, a força F causa um deslocamento d no mesmo sentido. É uma
forma natural de executar trabalho, pois a atuação da força causa um
deslocamento (trabalho realizado);
b) W < 0, a força F atua de forma oposta ao deslocamento d. É uma
forma em que a atuação da força não produz o deslocamento, mas atua
de forma a impedi-lo (trabalho sofrido);
c) W = 0, como a força F forma ângulo reto com o deslocamento d , não
há a execução de trabalho (trabalho não realizado).
22
O A ⋅ B é lido “o produto escalar de A por B ”. Devemos observar que, como
o módulo das componentes, Ax , Ay , Bx e By , são números, o produto escalar é
comutativo, isto é:
A⋅ B = B ⋅ A . (34)
É fácil mostrar, porém não é uma tarefa que está no escopo desta Unidade de
aprendizado, que a seguinte relação também é válida para o produto escalar entre
dois vetores A e B que formam um ângulo θ entre si (podemos manter, por sim-
plificação, 0 180o ):
A B = AB cos . (36)
Figura 14 − Produto escalar entre dois vetores A e B.
Ele é sempre o resultado da multiplicação da decomposição
de um vetor sobre o outro pelo módulo do segundo
Assim, o ângulo θ pode ser agudo, obtuso ou reto, de maneira que poderemos
afirmar que:
1.
a) A ⋅ B > 0, se θ < 90o (ângulo agudo);
b) A ⋅ B < 0, se 90o < 180o (ângulo obtuso);
c) A ⋅ B = 0, se θ = 90o (ângulo reto).
23
23
UNIDADE Dinâmica de Partículas
Isso nos faz lembrar de algo já visto? Sim, possui a mesma estrutura que o tra-
balho W de uma força. Logo, podemos definir o trabalho por intermédio do pro-
duto escalar da força F pelo deslocamento d :
W = F ⋅d . (37)
Unidade de trabalho
A unidade de trabalho, designada por W , é igual à unidade de força, F , que
é o newton, multiplicada pela unidade do deslocamento, d , que é o metro. Logo:
W = F d = N m = J , (38)
24
O trabalho W será dado pela soma de todas as áreas dos retângulos formados:
n
W = Fk xk , k = 1, 2, , n . (39)
k =1
25
25
UNIDADE Dinâmica de Partículas
Claro, não temos a intenção de ir além nesta disciplina, mas devemos deixar a
mensagem de que existe uma forma de calcular o trabalho nessa situação de força
variável que é dada pelo Cálculo Integral. Então, em quais situações poderemos
trabalhar? A resposta é: em todas as situações em que seja possível fazer o cálculo
de uma área de forma simples, sem a utilização de integrais.
Vamos apresentar alguns exemplos para que possamos esclarecer e realçar al-
guns pontos.
Exemplos
1. Considerando uma força que varia conforme ocorre o deslocamento, deter-
mine o trabalho realizado pela aplicação da força Fx sobre um objeto ao se deslo-
car da posição x = 0 até x = 6 m. Utilize o gráfico da Figura 17.
WAB = 4 × 5 = 20 J. (41)
1
WBC = × 2 × 5 = 5 J . (42)
2
O trabalho total é W = WAB WBC = 20 5 = 25 J.
2. Um sistema oscilante do tipo uma massa que está presa a uma mola de cons-
tante elástica k obedece à Lei de Hooke, um cientista contemporâneo de Newton.
A Lei de Hooke é uma lei de força restauradora, em que a força cresce linearmen-
te com o deslocamento da mola em relação à posição de equilíbrio, isto é F = −kx,
mas está sempre tentando restaurar o equilíbrio (sinal negativo) apontando para a
posição x = 0 :
26
Figura 18 − Sistema de uma massa m presa a uma mola de
constante elástica k. A posição x é contada a partir do ponto de
equilíbrio, onde a mola não está esticada nem comprimida
Figura 19 − Gráfico da força pelo deslocamento de uma mola que obedece à Lei de Hooke
1 1 2
W1 = kxmáx xmáx = kxmáx > 0. (43)
2 2
27
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UNIDADE Dinâmica de Partículas
1 1 2
W2 = kxmáx xmáx = kxmáx < 0. (44)
2 2
É possível notar, desta vez, que o trabalho é negativo porque o deslocamento
está na mesma direção, mas em sentido oposto à força.
1 2 1 2
a) O trabalho total envolvido é W = W1 W2 = kxmáx kxmáx = 0;
2 2
b) Um agente externo irá fazer uma força sempre oposta à da mola, ou
1
seja, Fext = kx, de forma que o trabalho será sempre igual Wext = kxmáx
2
,
2
não importando se está do lado negativo ou positivo de x.
3. Uma sonda lançada por uma agência espacial ao planeta Marte sofre a se-
guinte força de atração pelo Sol, que é do tipo inverso do quadrado da distância:
1.3 1022
F = . (45)
x2
A variável x é a distância da sonda ao Sol e o sinal negativo indica uma força
de atração.
Figura 20 − Uma sonda que varia sua distância em relação ao Sol ao ir da Terra ao planeta Marte
Determine o trabalho feito pelo Sol sobre a sonda entre as distâncias 1.5 ×1011 m
e 2.3 × 1011 m.
Resp.: Sabemos que o trabalho é negativo, uma vez que a força tem sentido
sonda → Sol, mas o deslocamento tem sentido contrário. Assim, é só contar os
quadradinhos e colocar os fatores multiplicativos para a obtenção do trabalho. Al-
guns quadradinhos aparecem cortados, aproximadamente, ao meio, de forma que
28
a cada dois desses formamos um. Então, são, aproximadamente, 59 quadradinhos.
Cada um possui área 0.05 × 0.1×1011 = 5.0 × 108 J, resultando no trabalho
W = 59 5.0 108 = 2.95 1010 3 1010 J.
Conservação da Energia
Em forças cuja estrutura matemática é complexa, o Princípio Fundamental da
Dinâmica (ou 2 a Lei de Newton) pode ser de difícil aplicação na resolução de
problemas de movimento. Ao calcularmos o trabalho realizado por uma força que
atua em seu deslocamento, pode-se calcular também a variação de sua velocidade
(devemos lembrar que sempre que uma força resultante atua sobre uma partícula,
uma aceleração também existe e não é nula, de forma que podemos determinar
sua variação de velocidade).
Mas, para aceleração constante, o deslocamento pode ser escrito como vmt , isto é:
v v0
d = vmt = t , (47)
2
lembrando que a velocidade média, vm , é a média aritmética entre a velocidade
final v e a velocidade inicial v0 . Já a aceleração a pode ser escrita a partir da
equação para a velocidade em um MRUV:
v − v0
a= . (48)
t
29
29
UNIDADE Dinâmica de Partículas
v v0 v v0 1 2 1 2
W = mad = m t = mv mv0 . (49)
t 2 2 2
1
A quantidade mv 2 representa, por definição, a energia associada ao movimen-
2
to da partícula de massa m e velocidade v e é conhecida como energia cinética
da particula:
1 2
K= mv . (50)
2
Alguns livros a denotam por Ecin e outros por T , que é a notação utilizada
em Mecânica Lagrangiana e Hamiltoniana, formalismos ulteriores à Dinâmica
de Newton.
W = K K 0 = K . (51)
K = K0 + W , (52)
K = f at d (53)
ou
K 0 f at d = K . (54)
30
Nesse caso, K < K 0 .
K 0 W j f at d = K . (55)
j
Resp.: O trabalho da força é W = 12 × 3.0 = 36.0 J. Ele será usado para variar a
1 2
energia cinética a partir do repouso K 0 = 0 até K = mv . Logo:
2
1
× 6.0v 2 = 36 (56)
2
v 2 = 12 ou v = 12 ≅ 3.5 m/s.
1
36.0 26.5 = 6.0v 2 , (57)
2
cuja solução é v = 1.77 ≅ 1.8 m/s.
31
31
UNIDADE Dinâmica de Partículas
U g = mgh . (58)
Energia Potencial Elástica: uma outra forma de energia potencial que aparece
frequentemente em Mecânica é a energia potencial elástica, que pode ser arma-
zenada em um elástico ou, mais frequentemente, em uma mola. A força elástica,
dentro de certas condições, obedece à Lei de Hooke, F = −kx. Já vimos que se
uma força externa atuar sobre a mola, seja para comprimi-la ou seja para estendê-
1
-la, o trabalho realizado por esse agente externo é Wext = kx 2 , de forma que esse
2
trabalho fica armazenado na mola na forma de energia potencial elástica. Assim,
podemos escrever:
1 2
Ue = kx , (59)
2
em que x é o deslocamento a partir da posição de equilíbrio.
32
E = K +U . (60)
Dessa forma, se o sistema ganha velocidade, ele deve perder energia potencial
e vice-versa.
1
E = mgh = mgy + mv 2 . (62)
2
v = 2g h y . (63)
b) Nesta nova situação, a energia cinética está presente desde o início, o que
mudará ligeiramente o problema e aumentará a velocidade final da bola. Vamos
novamente utilizar a conservação da energia mecânica E :
1 1
E = mgh + mv02 = mgy + mv 2 . (65)
2 2
33
33
UNIDADE Dinâmica de Partículas
v = 2 g h y v02 . (66)
1 2
KB = mvB . (69)
2
Pela conservação da energia mecânica, temos que K B = U A , ou:
1 2
mvB = mgL 1 cos A . (70)
2
34
Novamente, a massa não participa do movimento e pode ser eliminada:
vB = 2 gL 1 cos A . (71)
3
vB = 2 9.8 2 1 2.3m/s . (72)
2
35
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UNIDADE Dinâmica de Partículas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Leis de Newton
Mecânica - Aula 17 - Leis de Newton. Univesp. Prof. Dr. Gil da Costa Marques.
https://youtu.be/N3yJFmc7k3I
Práticas para o Ensino de Física I
Práticas para o Ensino de Física I - aula 06 - Leis de Newton. Univesp. Prof. Dr. Gil
da Costa Marques.
https://youtu.be/qENJtZb8r_Q
3ª Lei de Newton e Diagrama de Corpo Livre
Física I - Aula 14 – 3ª Lei de Newton e Diagrama de Corpo Livre. Univesp. Prof. Dr.
Gil da Costa Marques.
https://youtu.be/wbPH4OnSWdY
Correntes Alternadas
Cursos Unicamp - Física Geral I - Aula 13 - Prof. Dr. Luiz Marco Brescansin.
https://youtu.be/cG-6uy-hbbc
Trabalho e Variação da Energia Cinética
Física I - Aula 24 - Trabalho e Variação da Energia Cinética. Univesp. Prof. Dr. Gil
da Costa Marques.
https://youtu.be/g2o3V_gZcik
Work And Kinetic Energy
Chapter 7 - Work and Kinetic Energy.
https://youtu.be/uwXgjjLFHZo
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Referências
BOURG, D. M. Physics for game developers. Beijing: O’reilly, 2002.
DUNN, F.; PARBERRY, I. 3d math primer for graphics and game development.
Texas: Wordware Publishing, 2002.
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