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A bestialização e divinização do homem, a humanização da besta, a “exclusão” de

Deus e a inversão de tudo.

Um dos principais meios de corrupção que a modernidade ofereceu à humanidade


é a subversão de tudo que existe. A modernidade é essencialmente revolucionária e
desordenada, isso é assim porque a desordem e a revolução são inimigos da ordem e
geram o caos. O próprio pecado é uma subversão da natureza humana racional e
espiritual, a queda do homem no Éden é a queda da ordem no homem.
Quais são as principais desordens e inversões que a modernidade criou? Primeiro,
paradoxalmente, transformou o homem que não é besta (animal) nem Deus em uma
espécie de deus bestial. O homem sempre foi compreendido como algo entre Deus e o
animal, infinitamente abaixo de Deus mas também separado por um infinito do
animal por ser imagem e semelhança de Deus.
Agora, de modo distinto, o homem foi transformado em um deus bestial, porque
foi divinizado no pecado. Foi considerado como deus porque a humanidade agora é
vista como o centro de tudo (o antropocentrismo substiuiu o teocentrismo), como a
suprema autoridade e como o ente mais elevado da existência, como o legislador de
sua própria lei e como condutor do mundo.
Ao mesmo tempo, o homem foi também transformado em besta pois o pecado foi
elevado a um status de atributo divino, o homem agora deve pecar, deve fornicar,
deve deixar que suas paixões se aflorem, pois para a modernidade freudiana a
repressão das paixões é algo negativo, é uma repressão de si mesmo.
O homem que foi divinizado foi o homem caído, foi o homem-besta, foi o homem
pecaminoso, o pecado antes mal visto agora é visto como uma qualidade, não pecar é
considerado uma falha psicológica, pois para a modernidade o homem foi feito para
pecar, feito para fazer aquilo que lhe dá mais prazeres, aquilo que convém ao apetite
sensitivo desenfreado. Afinal, para a modernidade não há alma, só existe matéria, e se
é assim, o homem é um animal como qualquer outro que deve viver pelo seu apetite, a
razão é vista como mero acidente que deve servir aos desejos sensuais.
E foi desse modo que a modernidade conseguiu destruir o homem por completo,
fez a humanidade ver a si mesma como deus ao mesmo tempo em que vive e se
comporta como besta, extraindo a ordem natural da alma que comanda e controla o
corpo para um corpo que comanda, controla e aprisiona a alma na bestialização e
“extraindo” a submissão do homem a Deus, ao bem e a verdade na divinização.
Essa desordem humanista levou automaticamente a muitas outras desordens, se por
um lado o homem foi transformado em besta e em deus, a besta foi transformada em
homem. Na atualidade, os animais são valorizados como pessoas: ovos de pássaros
são protegidos como ouro enquanto embriões humanos são abortados, assassinados e
descartados no lixo (infelizmente é uma realidade comum), animais de estimação são
tratados como filhos e filhos como animais, e como se não bastasse, o “besticídio”
como a morte de um cachorro comove mais do que o homicídio.
O que a modernidade quer não é perverter um pouco a ordem, mas transforma-la
no oposto diametral daquilo que realmente é. Ora, transformando o homem em uma
besta divina se elimina tudo aquilo que o homem é e deve ser, transformando o animal
em homem também cria uma desordem opositiva, mas e com Deus?
Santo Tomás de Aquino diz que o nome que mais convém a Deus é “Eu Sou”, e
isso é assim porque o que melhor define a Deus é simplesmente dizer: “Deus é”, a
modernidade então só possuiu uma alternativa, dizer: “Deus não é”, é evidente que a
modernidade não conseguiu desordenar a Deus (nem mesmo o animal), mas alcançou
o seu objetivo, que é sempre aumentar a desordem no homem.
Dizendo que Deus não é ou que o animal é homem, isso não vai fazer com que
Deus não seja ou que o animal se torne homem, mas é capaz de fazer com que a
humanidade acredite que Deus não seja e que o animal seja homem e assim se afunde
ainda mais na desordem e no caos. A verdadeira desordem é a desordem interior do
homem, é precisamente o pecado.
Com essas três grandes desordens muitas outras surgem, por exemplo: na
modernidade o homem “pode” ser mulher e a mulher “pode” ser homem, ou pode ser
o que quiser, afinal “existem” centenas de gêneros e sexualidades distintas que
possuem a finalidade de perverter a humanidade, ou ainda o homem que quer ser
homem deve ser feminino, frágil e submisso e a mulher que quer ser mulher deve ser
máscula, forte e autoritária. O matrimônio pode ser desfeito, o “casamento”
homossexual é possível. Na política, o liberalismo e a ausência de autoridade, no bem
e na verdade o relativismo etc. Quanto mais se pensa, mais desordens aparecem, e
com isso a modernidade alcançou a desordem na família, na sociedade, nas
instituições, na fé, na ciência, em tudo que seja humano.
A modernidade também fez com que esse mundo fosse visto como eterno, o
homem vive como se a eternidade fosse aqui. Ninguém lembra mais de sua própria
mortalidade, vivemos como se tudo que importasse estivesse aqui, como se
vivessemos eternamente nesse mundo e a morte fosse o fim. De modo distinto, no
medievo, a morte era vista como algo natural, como uma passagem para a eternidade,
ninguém vivia para este mundo, mas para o próximo, no medievo os homens viviam
como mortais e morriam como imortais, de modo distinto, hoje os homens vivem
como imortais e morrem como mortais.

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