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FUNDAÇÕES E GEOTECNIA EM OBRAS IMOBILIÁRIAS

Fundações Rasas: Recalque de fundações rasas


06/05/2023

Professor
ILAN DAVIDSON GOTLIEB
ilan@mgasolos.com.br
Engenheiro Civil Mackenzie (1986) e Mestrado em Engenharia Geotécnica Cornell University (1996)
Sócio-diretor da MG&A Consultores de Solos S.S. Ltda.
Membro da diretoria da ABEG (Assoc. Bras. das Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica)
Presidente do Núcleo SP da ABMS (Assoc. Bras. De Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica)
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• Conceito de recalque de fundações rasas


• Métodos de previsão de recalques
• Métodos racionais
• Métodos semi-empíricos
• Métodos empíricos
• Efeitos dos recalques nas estruturas
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CONCEITO DE RECALQUE DE FUNDAÇÕES RASAS


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O recalque de uma fundação pode ser dividido em 3 (três) parcelas: recalque


imediato ou elástico, recalque por adensamento primário e recalque por
adensamento secundário.

O recalque total (δ) corresponde a soma das três parcelas com características
distintas.

δ = δd + δc + δs onde:
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δd é o recalque imediato ou elástico que provém das tensões cisalhantes


desenvolvidas no instante do carregamento e ocorrem sem variação de volume,
apenas com a mudança de forma do elemento carregado;

δc é o recalque por adensamento primário que é aquele que ocorre quando uma
massa de solo é sujeita a um acréscimo de tensões e este aumento é transmitido
para a água existente em seus vazios. Ao ser submetida a este acréscimo de tensões,
a água tende a percolar, "saindo" do solo e conseqüentemente reduzindo o volume
do mesmo. Pela sua natureza, as deformações geradas pelo adensamento primário
são definitivas. O cálculo destes tipo de recalque não será abordado nessa aula, pois
é assunto usualmente abordado nos cursos de Mecânica dos Solos.
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δs é o recalque por adensamento secundário que ocorre quando tanto o recalque


elástico como o recalque por adensamento primário já ocorreram. Trata-se do
recalque gerado pela modificação da estrutura do solo (arranjo das partículas).
Também tem caráter permanente. O seu cálculo é bastante complexo e não será
abordado nessa aula.
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MÉTODOS DE PREVISÃO DE RECALQUES


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Os métodos de previsão de recalques podem ser divididos em três grupos:

•Métodos Racionais: baseados em modelos teóricos e parâmetros de deformação


obtidos em laboratório ou “in situ”

•Métodos Semi-empíricos: baseados em modelos teóricos e parâmetros de


deformação obtidos por correlações com ensaios “in situ” de penetração (SPT e CPT)

•Métodos Empíricos: baseados em tabelas de valores típicos de tensões admissíveis


para diferentes tipos de solo, que foram obtidas a partir de recalques aceitos em
estruturas convencionais
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Métodos Racionais: baseados em modelos teóricos e parâmetros de deformação


obtidos em laboratório ou “in situ”. Basicamente separam-se em:

•Cálculos diretos: calcula-se diretamente o recalque

• Cálculos indiretos: calcula-se o recalque a partir da integração de deformações


específicas
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Cálculos Diretos: baseados na Teoria da Elasticidade ou em métodos numéricos


(diferenças finitas, elementos finitos e elementos de contorno). Os métodos
numéricos são mais utilizados para avaliação da interação solo-estrutura.

Em termos práticos, para as estimativas dos recalques imediatos, a utilização em


maior escala é dos métodos baseados na Teoria da Elasticidade.
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Recalques imediatos ou elásticos

O recalque elástico é aquele que ocorre ao se aplicar em um solo um carregamento e


este se deforma, porém esta deformação não é de caráter definitivo. Trata-se de
deformação reversível ao se retirar o carregamento que a gerou.

Para a estimativa dos recalques elásticos, há que se verificar qual a característica do


maciço de solo que suporta a fundação: semi-espaço elástico ou solo com horizonte
indeformável a pouca profundidade.
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Recalques imediatos ou elásticos

O chamado semi-espaço elástico é o caso em que o solo de suporte da fundação é


considerado homogêneo e uniforme até grandes profundidades abaixo do nível de
apoio da sapata. Para estes casos, o que se faz é considerar que esta camada de solo
homogênea se estende infinitamente.

Solo Hom ogêneo


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Recalques imediatos ou elásticos

Já o caso de solo com horizonte indeformável, é o caso de solo que apresenta a


pouca profundidade abaixo do nível de apoio da fundação uma mudança de
característica de solo, que apresente resistência infinitamente superior se comparada
com o solo de apoio da fundação (por exemplo estrato rochoso).

Solo Compressível
H
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Recalques imediatos ou elásticos

Para o cálculo desses recalques podemos aplicar as equações provenientes das


fórmulas de Boussinesq. Assim para a aplicação de uma pressão uniformemente
distribuída por uma sapata em solo com módulo de deformabilidade (E) constante o
recalque seria:

1 - µ2
δd = p . B . ( ----------) . I
E
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Recalques imediatos ou elásticos

onde: p é a pressão aplicada pela sapata


B é a largura ou diâmetro da sapata (menor dimensão da sapata)
µ é o coeficiente de Poisson
E é o modulo de deformabilidade do solo (Módulo de Young)
I é um fator de influência que leva em conta a forma da sapata, a rigidez da
fundação e o ponto onde se pretende calcular o recalque

Os valores de I dependem da profundidade do estrato indeformável abaixo


da sapata além da forma e da posição onde se pretende calcular o recalque.
Tabelas com os valores de I se encontram a seguir:
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Recalques imediatos ou elásticos

VALORES DE I PARA O CASO DE UM SEMI-ESPAÇO ELÁSTICO (Perloff, 1975)


FORMA CENTRO CANTO MEIO DO MEIO DO LADO MÉDIA
LADO MENOR MAIOR
CIRCULAR 1,00 0,64 0,84 0,64 0,85
CIRCULAR (RÍGIDA) 0,79 0,79 0,79 0,79 0,79

QUADRADA 1,12 0,56 0,76 0,76 0,95

QUADRADA (RÍGIDA) 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99

RETANGULAR (L/B)
1,5 1,33 0,67 0,89 0,97 1,15
2,0 1,52 0,76 0,98 1,12 1,30
3,0 1,78 0,88 1,11 1,35 1,52
5,0 2,10 1,05 1,27 1,68 1,83
10,0 2,53 1,26 1,49 2,12 2,25
100,0 4,00 2,00 2,20 3,60 3,70
1.000,00 5,47 2,75 2,94 5,03 5,16
10.000,00 6,90 3,50 3,70 6,60 6,60
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Recalques imediatos ou elásticos

VALORES DE I PARA O CASO DE SOLO COM HORIZONTE INDEFORMÁVEL


VALORES DE I PARA O CENTRO DA PLACA (Harr, 1966)
H/B PLACA L/B PARA PLACA RETANGULAR
CIRCULAR
DIÂMETRO = B
1,0 1,5 2,0 3,0 5,0 10,0 ∞

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00


0,10 0,09 0,09 0,09 0,09 0,09 0,09 0,09 0,09
0,25 0,24 0,24 0,23 0,23 0,23 0,23 0,23 0,23
0,50 0,48 0,48 0,47 0,47 0,47 0,47 0,47 0,47
1,00 0,70 0,75 0,81 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83
1,50 0,80 0,86 0,97 1,03 1,07 1,08 1,08 1,08
2,50 0,88 0,97 1,12 1,22 1,33 1,39 1,40 1,40
3,50 0,91 1,01 1,19 1,31 1,45 1,56 1,59 1,60
5,00 0,94 1,05 1,24 1,38 1,55 1,72 1,82 1,83
∞ 1,00 1,12 1,36 1,52 1,78 2,10 2,53 ∞
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Recalques imediatos ou elásticos

VALORES DE I PARA O CASO DE SOLO COM HORIZONTE INDEFORMÁVEL


VALORES DE I PARA O PONTO MÉDIO DO MAIOR LADO (Harr, 1966)
H/B PLACA L/B PARA PLACA RETANGULAR
CIRCULAR
DIÂMETRO =
1,0 1,5 2,0 3,0 5,0 10,0 ∞
B

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00


0,10 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,09 0,09
0,25 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,23 0,23
0,50 0,22 0,23 0,23 0,23 0,23 0,23 0,47 0,47
1,00 0,36 0,46 0,46 0,47 0,47 0,68 0,83 0,83
1,50 0,44 0,52 0,60 0,64 0,68 0,97 1,08 1,08
2,50 0,51 0,61 0,74 0,82 0,91 1,13 1,40 1,40
3,50 0,55 0,65 0,80 0,90 1,03 1,56 1,59 1,60
5,00 0,58 0,69 0,85 0,96 1,12 1,72 1,82 1,83
∞ 0,64 0,76 0,97 1,12 1,35 2,10 2,53 ∞
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Recalques imediatos ou elásticos

VALORES DE E (MPa)
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Recalques imediatos ou elásticos

VALORES DE µ
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Recalques imediatos ou elásticos

Determinar o recalque imediato para o cento (A) e metade do maior lado (B) da
sapata abaixo:
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Recalques imediatos ou elásticos

Determinar o recalque imediato para o cento (A) e metade do maior lado (B) da
sapata abaixo:

Ponto A:
1 - µ2 3750 1 – 0,3²
δd = p . B . ( ----------) . I = ------------- . 2,5 . (-----------) . 1,19 = 0,05415m = 5,4cm
E 2,5 . 3,75 20000

Ponto B:
1 - µ2 3750 1 – 0,3²
δd = p . B . ( ---------) . I = -------------- . 2,5 . (------------) . 0,8 = 0,0364m = 3,6cm
E 2,5 . 3,75 20000
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Cálculos Indiretos: cálculos feitos onde o solo é dividido em camadas de acordo com
as diferentes propriedades dos materiais. Calcula-se os recalques de cada camada e o
valor final é obtido pela soma destes.

Pelo fato do cálculo ser feito para cada camada, é necessário fazer a propagação das
tensões aplicadas nas superfície para as diferentes camadas, e aí então calcular seus
respectivos recalques.
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Assim sendo, para realizar a propagação das tensões aplicadas na superfície, pode-se
utilizar as teorias de Newmark e Mindlin, por exemplo.

Solução de Newmark

Para o cálculo das tensões provocadas no interior do semi-espaço infinito para


carregamentos uniformemente distribuídos numa área retangular, Newmark
desenvolveu uma integração da equação de Boussinesq. Determinou então as
tensões num ponto abaixo da vertical passando pela aresta da área retangular.
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Solução de Newmark

Em função destes parâmetros, Newmark chegou à seguinte expressão para


determinação do acréscimo de tensão:
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Solução de Newmark

Como a equação é função dos parâmetros m e n, é possível simplificá-la, deixando-a


em função de um único parâmetro I, que pode ser tabelado.

σv = I . σ0
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Solução de Newmark
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Solução de Newmark
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Solução de Newmark

Como a fórmula de Newmark refere-se a aresta de um retângulo, caso se queira


determinar o acréscimo de tensão em um ponto qualquer que não esteja na
projeção da aresta, deve-se criar retângulos que somados ou subtraídos tenham área
equivalente ao retângulo que se quer calcular, de forma que estes outros retângulos
tenham uma das arestas na projeção do ponto que se quer estudar.

Assim, se por exemplo se que calcular o acréscimo de tensão no ponto P, deve-se


dividir o retângulo ABCD em retângulos menores que tenham aresta sob o ponto P:
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Solução de Newmark

Portanto, o acréscimo para o retângulo ABCD será a soma dos acréscimos dos
retângulos AGEP, GBPF, EPCH e PFHD.
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Solução de Newmark

Para o caso de um ponto fora da projeção do retângulo, deve-se então criar


retângulos maiores, com aresta sobre o ponto estudado e fazer somas e subtrações,
como por exemplo para o ponto P a seguir:
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Solução de Newmark

Assim, o acréscimo de tensão no ponto P será o acréscimo devido ao retângulo


PFHD, menos PFGB, menos PEHC, mais PEGA.
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Solução de Newmark

Exercício: Determine o acréscimo de tensão nos pontos O e P abaixo:


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Solução de Newmark

Exercício: Determine o acréscimo de tensão nos pontos O e P abaixo:

Ponto P:

m/z = 3,0/5,0 = 0,6


I = 0,131
n/z = 4,5/5,0 = 0,9

4050
σv = I . σ0 = 0,131 . ---------- = 39,30kN/m²
4,5 . 3
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Solução de Newmark

Exercício: Determine o acréscimo de tensão nos pontos O e P abaixo:

Ponto O:

Deve-se “dividir” a projeção da sapata em quatro pedaços, para que o ponto O seja
vértice do retângulo. A B

C O
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Solução de Newmark

Exercício: Determine o acréscimo de tensão nos pontos O e P abaixo:

Ponto O (retângulo ABCO):

m/z = 1,5/5,0 = 0,3


I = média entre 0,047 e 0,056 = 0,0515
n/z = 2,25/5,0 = 0,45

4050
σv = I . σ0 = 0,515 . ---------- = 15,45kN/m²  σv = 4 . 15,45 = 61,80kN/m²
4,5 . 3
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Solução de Love

Para placas circulares,


Love desenvolveu o
seguinte ábaco:
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Solução de Fadum

Para cargas lineares,


Fadum desenvolveu o
seguinte ábaco:
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Métodos Semi-empíricos: baseados em modelos teóricos e parâmetros de


deformação obtidos por correlações com ensaios “in situ” de penetração (SPT e CPT).

Métodos Baseados em SPT

1. Método Terzaghi-Peck (1948, 1967)

Propuseram fórmula para determinar a tensão admissível de uma sapata em areia,


que provocaria um recalque de 1” (uma polegada ~ 2,54cm)

N-3 B+1’
qadm = 4,4 . (------).(-------)2
10 2B
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Métodos Baseados em SPT

1. Método Terzaghi-Peck (1948, 1967)

Onde:

qadm = tensão em kgf/cm2


B = menor dimensão da sapata (em pés)
N = número de golpes SPT
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Métodos Baseados em SPT

2. Método Meyerhof (1965)

Propôs fórmulas para relacionar a tensão admissível com o recalque de uma sapata
em areia
N . δadm
qadm = ------------ p/ B ≤ 4’
8

N . δadm B+1’
qadm = ------------ . (-------)2 p/ B > 4’
12 B
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Métodos Baseados em SPT

2. Método Meyerhof (1965)

Onde:

qadm = tensão em kgf/cm2


δadm = recalque em polegadas
B = menor dimensão da sapata (em pés)
N = número de golpes SPT
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Métodos Baseados em SPT

3. Método Burland e Burbidge (1985)

Propuseram fórmula para estimar o recalque de uma sapata em areia:


1,71
δ = q . B0,7 . ------- . fs . fl
N1,4
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Métodos Baseados em SPT

3. Método Burland e Burbidge (1985)

Onde:

δ = recalque em mm
q = tensão em kN/m2
B = menor dimensão da sapata (em m)
N = média do número de golpes SPT na profundidade de influência Zl
fs = fator de forma dado por:
1,25.(L/B)
fs = ---------------
(L/B)+0,25
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Métodos Baseados em SPT

3. Método Burland e Burbidge (1985)

Onde:

fl = fator de espessura compressível (H) dado por:

H H
fI = ---- . (2 - ----)
B Zl

Sendo que para H > Zl, fl = 1,0


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Métodos Baseados em SPT

3. Método Sandroni (1991)

Sandroni compilou resultados de provas


de carga em solos residuais de Gnaisse
para a obtenção do Módulo de Young
e obteve os pontos indicados:
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Métodos Baseados em CPT

1. Método Barata (1984)

Resumindo seus trabalhos desde a década de 1950, Barata sugere o uso da Teoria da
Elasticidade para o cálculo de recalques, com o Módulo de Young obtido através de:

E = η . qcone

Tendo encontrado valores de η entre 2,0 (areias) e 8,0 (argilas parcialmente


saturadas)
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Métodos Empíricos: baseados em tabelas que sugerem tensões admissíveis para


diversos tipos de solo. Usualmente não indicam valores de recalques, porém
apresentam valores de tensão que são associados a recalques considerados
aceitáveis para estruturas convencionais.
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EFEITOS DOS RECALQUES NAS ESTRUTURAS


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Os efeitos dos recalques nas estruturas se traduzem em danos que podem ser
classificados da seguinte maneira:

a) Danos Estruturais que são aqueles causados à estrutura propriamente dita, isto é,
em pilares, vigas ou lajes

b) Danos Arquitetônicos que são aqueles causados à estética da edificação, p. ex.


trincas em paredes, rompimento de painéis, etc.

c) Danos Funcionais que são aqueles causados à utilização da edificação, tais


como refluxo ou ruptura de rede de esgotos e/ou águas pluviais, desgaste dos
trilhos de elevadores, etc.
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Valores Admissíveis

Os valores dos recalques admissíveis e a sua influência no comportamento das


estruturas tem sido estabelecidos de maneira empírica baseados na observação de
casos de obra. Bjerrum (1963) analisando o comportamento de algumas estruturas
propôs limites conforme os danos ocorridos, baseando-se no recalque diferencial
específico ( δ / l):
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Métodos de Combater Recalques

Alguns métodos para minimizar os problemas causados pelos recalques são


apresentados a seguir:

a. Enrijecimento da estrutura

Pode ser feita através da execução de contra-ventamentos (a) ou pela execução de


vigas de rigidez (grandes dimensões e fortemente armadas) interligando os pilares no
nível das fundações (b).
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Métodos de Combater Recalques

b. Balanceamento de cargas nas fundações

Consiste em se tentar equilibrar os valores das cargas no nível das fundações através
do seu aumento nos pilares menos carregados e a sua redução nos mais carregados.
Isto poderia ser alcançado, por exemplo, com a utilização de alvenarias constituídas
por materiais diferentes (tijolos de barro e paredes de gesso).
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Métodos de Combater Recalques

c. Implantação de subsolos

A implantação de um ou mais subsolos implica na escavação do terreno acarretando


um alívio das pressões de terra. O valor deste alivio pode ser recolocado pelas
fundações, sem acarretar um acréscimo de tensão acima daquela já experimentada
pelo solo (pressão de pré-adensamento). Assim não se deve esperar a ocorrência de
recalques por adensamento.
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Métodos de Combater Recalques

d. Troca de solo

Trata-se da remoção dos solos compressíveis e a sua substituição por aterros


executados com as técnicas necessárias para obter-se uma camada de boa
resistência e baixa compressibilidade.
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Métodos de Combater Recalques

e. Aterro de sobrecarga

Consiste em se colocar sobre a área a ser construída um aterro com uma altura tal
que a sua sobrecarga seja igual àquela que será aplicada pela edificação. Este aterro,
denominado aterro de sobrecarga, dever permanecer o tempo necessário para que
ocorra a dissipação das sobre-pressões neutras e conseqüentemente os recalques
causados pelo seu peso próprio.

Após este período haverá uma nova pressão de pré-adensamento permitindo que o
mesmo seja removido e a obra executada.
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Métodos de Combater Recalques

e. Aterro de sobrecarga

Caso este tempo seja exagerado para as necessidades da obra pode-se acelerar o
processo pela colocação de um aterro de maior altura, porém mantendo-o somente
até que ocorram os recalques correspondentes ao carregamento futuro.
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Métodos de Combater Recalques

e. Aterro de sobrecarga
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Métodos de Combater Recalques

f. Aterro de sobrecarga com drenos verticais

Neste método são instalados inicialmente drenos verticais convenientemente


espaçados entre si cuja finalidade é diminuir a altura drenante e conseqüentemente
reduzir o tempo para a ocorrência dos recalques. Estes drenos podem ser feitos de
colunas de areia ou por fitas fibro-químicas.

Esta metodologia requer também a execução de um aterro de sobrecarga para


induzir as sobre-pressões neutras. De acordo com a conveniência, a sua altura
poderá corresponder apenas a uma pressão igual a da futura obra ou maior.
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Métodos de Combater Recalques

f. Aterro de sobrecarga com drenos verticais

Para a saída da água proveniente dos drenos é necessária a execução de uma


camada drenante entre o terreno original e o aterro de sobre-carga.
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Métodos de Combater Recalques

f. Aterro de sobrecarga com drenos verticais

Drenos de colunas de areia:


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Métodos de Combater Recalques

f. Aterro de sobrecarga com drenos verticais

Drenos de fitas fibro-químicas:


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Métodos de Combater Recalques

f. Aterro de sobrecarga com drenos verticais

Drenos de fitas fibro-químicas:


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Métodos de Combater Recalques

g. Injeções

Consiste na injeção sob pressão de nata de cimento ou gel nos vazios do solo,
aumentando assim sua resistência e diminuindo sua compressibilidade e
permeabilidade.
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Métodos de Combater Recalques

g. Injeções
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Métodos de Combater Recalques

g. Injeções
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Métodos de Combater Recalques

h. Jet Grouting

Consiste na perfuração do solo com sistema de injeção sob altas pressões de nata de
cimento, que mistura-se com o solo, criando colunas de “solo-nata”, aumentando
assim sensivelmente sua resistência, diminuindo sua compressibilidade e
permeabilidade. Dependendo do diâmetro das colunas, tem-se as denominações
para os sistemas:

• CCP com diâmetro entre 40 e 80cm


• JSG com diâmetro entre 80 e 160cm
• Column Jet com diâmetro de até 3,00m
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06/05/2023

MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO

Professor
ILAN DAVIDSON GOTLIEB
ilan@mgasolos.com.br
Engenheiro Civil Mackenzie (1986) e Mestrado em Engenharia Geotécnica Cornell University (1996)
Sócio-diretor da MG&A Consultores de Solos S.S. Ltda.
Membro da diretoria da ABEG (Assoc. Bras. das Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica)
Presidente do Núcleo SP da ABMS (Assoc. Bras. De Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica)

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