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LEITURA E

PRODUÇÃO
TEXTUAL
PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior


A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.

Missão da Faculdade Católica Paulista

Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
www.uca.edu.br

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria,
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
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SUMÁRIO
AULA 01 LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA 05

AULA 02 COMUNICAÇÃO E SEUS ELEMENTOS 18

AULA 03 FUNÇÕES DA LINGUAGEM 27

AULA 04 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS 38

AULA 05 COESÃO 48

AULA 06 COERÊNCIA 60

AULA 07 CONCORDÂNCIA NOMINAL 69

AULA 08 CONCORDÂNCIA VERBAL 76

AULA 09 REGÊNCIA VERBAL 84

AULA 10 PONTUAÇÃO 92

AULA 11 ESCLARECENDO ALGUMAS DÚVIDAS 101

AULA 12 DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DA CRASE 110

AULA 13 PARA EU OU PARA MIM? – ENTENDENDO OS 120


PRONOMES PESSOAIS

AULA 14 CONSTRUINDO IMAGENS COM AS PALAVRAS – 128


COMPARAÇÃO, METÁFORA E METONÍMIA

AULA 15 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS: DICAS 137


E ESTRATÉGIAS

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INTRODUÇÃO

Você alguma vez já tentou se expressar, por meio da escrita ou da fala, e não
conseguiu? Tinha excelentes ideias, mas, na hora de expô-las não foi capaz de fazer
com que as pessoas reconhecessem o quão incríveis elas eram?
Pois é! Essas coisas acontecem quando não sabemos como nos comunicar de
maneira eficiente, quando não sabemos utilizar a língua a nosso favor.
Muitos estudantes questionam o fato de terem que aprender língua portuguesa. É
comum ouvirmos por aí: “Mas pra que eu vou usar isso?”. Então, quero dizer a você
o porquê.
A comunicação é importante em qualquer profissão. Não importa se você quer ser
um engenheiro, um biólogo ou um advogado. Saber comunicar-se de maneira efetiva
é essencial em qualquer trabalho.
Agora você pode estar se perguntando: “Mas o que comunicação tem a ver com
leitura e produção textual?” E eu respondo de maneira bem simples: TUDO!
É isso mesmo. Você verá, ao longo deste curso, que, quando queremos nos comunicar,
produzimos textos, sejam eles verbais ou não verbais. Também precisamos saber
interpretá-los, para que consigamos compreender corretamente a mensagem que
nos está sendo transmitida.
Não se trata apenas de ler e escrever, mas de comunicar-se de modo geral.
E, é claro, precisamos saber escrever e interpretar textos escritos. Isso é essencial
em nossa vida. Para resolvermos um problema matemático, precisamos, primeiramente,
interpretá-lo, não é mesmo?
Imagine que você vai escrever um e-mail para seu chefe ou para um cliente. É
necessário que você saiba escrever corretamente, pois um mau uso da língua pode
fazer com que você perca toda sua credibilidade.
Nosso objetivo neste curso é fazer com que você faça uma viagem pelo mundo
da língua portuguesa, aprendendo o que é necessário para que a comunicação seja
eficiente e, também, aprendendo coisas essenciais para a produção e interpretação
de textos (escritos ou falados) em nosso idioma.
Espero que as informações e o conhecimento que você irá adquirir durante este
curso o ajude a se tornar um profissional ainda mais incrível.
Desejo a você ótimos estudos!

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AULA 01
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA

Nesta aula, veremos os conceitos de linguagem, língua e fala, além de conhecer


os diferentes tipos de linguagem e as variações da língua.

1.1. O que é linguagem?

Linguagem é qualquer sistema cujo uso nos permita estabelecer comunicação. É


muito comum pensarmos que linguagem tem a ver apenas com nosso idioma, nossa
língua, mas não! Quando queremos nos comunicar, na maior parte das vezes, fazemos
uso de palavras (por meio da oralidade ou da escrita). No entanto, existem outras
linguagens, outros meios por meio dos quais podemos nos comunicar. Podemos fazer
isso por meio de gestos, cores, imagens, sons, cheiros, ou seja, existem diversos tipos
de linguagem além dos idiomas.

Fonte: https://nossaciencia.com.br/colunas/ciencia-e-linguagem/

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Existem, portanto, três tipos de linguagem, e essa divisão se baseia, justamente,


no uso ou não de palavras, ou seja, de um idioma, para que haja comunicação. Os
três tipos de linguagem são:
• Linguagem verbal
• Linguagem não verbal
• Linguagem mista

1.1.1. Linguagem verbal

A linguagem verbal se caracteriza pelo uso de palavras. Trata-se do uso de um


idioma para nos comunicarmos. No Brasil, nosso idioma oficial é a língua portuguesa.
Portanto, quando utilizamos nosso idioma para nos comunicarmos, seja por meio da
fala ou da escrita, estamos fazendo uso da linguagem verbal.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/voce-pisa-na-ou-grama.htm

Como podemos observar, na figura acima, temos uma placa em que a indicação
é de que não se pise na grama, e isso é feito por meio do uso de palavras escritas.
Temos, portanto, uma placa em que foi utilizada a linguagem verbal.

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Vejamos, agora, outro exemplo:

Fonte: https://www.vix.com/pt/ciencia/537528/mensagens-de-whatsapp-com-ponto-final-sao-indicio-de-pessoas-mentirosas

Na figura acima, temos o print de uma tela de Whatsapp. Percebam que, nesse print,
notamos uma conversa em que foram utilizadas apenas palavras. Trata-se, portanto,
de mais um exemplo do uso de linguagem verbal.
Agora, imaginem a seguinte situação: em vez de escrever, a pessoa decide mandar
um áudio. Nesse caso, temos também linguagem verbal. A diferença é que, no áudio,
a linguagem verbal está em sua forma falada e, nas mensagens acima, ela está em
sua forma escrita.

1.1.2. Linguagem não verbal

A linguagem não verbal é aquela que se utiliza de outros meios para comunicar
ideias. Em vez de palavras são utilizadas figuras, imagens, gestos, cores, sons, cheiros
etc. Pensando, ainda, nas conversas de Whatsapp, um meio de comunicação tão
utilizado por nós em nosso cotidiano, não podemos nos esquecer dos emojis, das
figurinhas, dos gifs...
Esses recursos do aplicativo utilizam imagens. Trata-se, portanto, de linguagem não
verbal. Os emojis servem para que expressemos nossas ideias, nossos sentimentos,
nossas reações sem que precisemos utilizar palavras, e a não utilização delas caracteriza
a linguagem não verbal.

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Fonte: https://vittavivace.com.br/como-usar-emojis-de-forma-inclusiva-%F0%9F%A4%93%F0%9F%98%8D/

Agora, vamos pensar naquela placa de “Não pise na grama” que eu utilizei como
exemplo de linguagem verbal. Temos, abaixo, uma outra placa com a mesma mensagem.
No entanto, o tipo de linguagem utilizado é diferente.
Na placa a seguir, temos apenas uma imagem, ou seja, a linguagem utilizada neste
caso é a linguagem não verbal.

Fonte: https://www.cogumeloshop.com.br/placa-decorativa-20x20-sonic-nao-pise-na-grama

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1.1.3. Linguagem mista

Por fim, temos a linguagem mista que, como o próprio nome sugere, é uma junção
dos outros dois tipos de linguagem. Quando nos comunicamos, não é necessário
escolher apenas uma linguagem ou um tipo de linguagem. Podemos utilizar palavras
(orais ou escritas) e, ao mesmo tempo, fazermos uso de um gesto, de uma imagem,
de um som, de qualquer outra linguagem que não se utilize de palavras. Quando isso
acontece, estamos utilizando uma linguagem mista.
Vejamos alguns exemplos:

Fonte: https://pocosdecaldas.mg.gov.br/cartazcovid/

O cartaz acima traz medidas de prevenção ao coronavírus e, para isso, foram


utilizadas palavras (linguagem verbal) e imagens (linguagem não verbal). Temos,
portanto, a linguagem mista.
Outro exemplo de linguagem mista é esta placa de “Não pise na grama”. Assim como
as outras mostradas anteriormente neste material, a mensagem que ela transmite

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é de que não é permitido que as pessoas pisem na grama. No entanto, aqui, neste
caso, foram utilizadas palavras e imagens. Trata-se, pois, de uma placa em que se
fez uso da linguagem mista.

Fonte: https://www.extra.com.br/placa-sinalizacao-condominio-nao-pise-na-grama/p/1510329650

1.2. Língua

Fonte: https://lanpeconomiacomportamental.home.blog/2019/12/15/a-lingua-que-voce-fala-muda-a-maneira-como-voce-se-comporta/

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A língua é o idioma. Nosso idioma oficial no Brasil é a língua portuguesa. Cada país
tem seu idioma oficial. Alguns têm mais de um, como é o caso do Canadá, onde uma
parte do país fala francês e a outra, inglês. Cada língua tem suas regras, seu vocabulário,
suas características. Alguns idiomas, por terem origem a partir de uma mesma língua,
apresentam diversas semelhanças. É o que acontece, por exemplo, com o francês, o
português, o espanhol e o italiano. Por terem sua origem a partir do latim, essas línguas
apresentam várias coisas em comum. A gramática possui semelhanças, muitas palavras
se parecem. Por isso, para nós, falantes de uma língua latina, o português, é mais fácil
aprender outro idioma que também tenha sua origem a partir do latim. Quando começamos
um curso de espanhol, por exemplo, é normal sentirmos mais facilidade em aprender a
língua do que quando iniciamos um curso de inglês. O inglês é uma língua germânica. Sua
origem é outra. Isso faz com que sua gramática, sua pronúncia, seu vocabulário sejam
muito diferentes do português, o que acaba “dificultando” nosso aprendizado.

1.3 Variações linguísticas

Uma língua pode variar devido a vários fatores. Imagine um país como nosso, com
uma grande extensão territorial. É claro que haverá mudanças na maneira de falar de
uma região para outra. E não é só a questão geográfica que implica variações em uma
língua. Um idioma pode sofrer variações ao longo do tempo, pode variar de acordo
com o grupo social que o utiliza, de acordo com o contexto em que é utilizado. Enfim,
diversos fatores podem fazer com que haja variação linguística. Veremos, portanto,
quais são eles.

1.3.1. Variações diatópicas: Regionalismos

As chamadas variações diatópicas são as variações geográficas, ou seja, as


diferenças que encontramos entre uma região e outra falantes do mesmo idioma.
Um exemplo disso fica claro na figura a seguir.

Fonte: http://www.lopessupermercados.com.br/portalrevista/receita-de-gratinado-de-mandioca-e-bolo-cremoso-de-mandioca-sem-lactose-e-sem-gluten/

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No Brasil, os três nomes presentes na imagem acima são utilizados para designar
o mesmo tubérculo. Dependendo da região do país, a nossa tradicional mandioca
(estado de São Paulo), é chamada de “aipim” ou “macaxeira”
A mesma coisa ocorre com a nossa tradicional mexerica (estado de São Paulo),
que em outras regiões pode ser chamada de “bergamota” ou “tangerina”.

Fonte: https://www.tudosaladeaula.com/2021/07/atividade-portugues-variacao-linguistica-4ano-5ano.html

Importante ressaltar que, além das diferenças com relação ao vocabulário,


encontramos ainda diversos sotaques. Essas variações ocorrem no plano fonológico,
ou seja, no plano dos sons da língua. Uma pessoa que mora em São Paulo (capital)
fala a palavra “porta” de um jeito diferente daquele falado por pessoas que moram no
interior do estado (SP). Existem ainda outras pronúncias diferentes. É só pensarmos,
por exemplo, em um carioca falando “porta” e em um baiano falando essa mesma
palavra.

1.3.2. Variações diastráticas: Gírias e Jargões

As variações diastráticas ocorrem em decorrência da diferença entre grupos sociais.


Já perceberam que determinadas comunidades utilizam palavras que nós, muitas
vezes não conhecemos? É o que acontece, por exemplo, com skatistas. Eles possuem,
em seu vocabulário algumas palavras e expressões que não são compreendidas por
pessoas que não fazem parte do mundo do skate. Essas são as GÍRIAS: palavras e
expressões utilizadas por uma determinada comunidade. Na figura a seguir, veremos
algumas gírias cariocas, ou seja, gírias faladas no estado do Rio de Janeiro. Pessoas

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que moram em outros estados podem, muitas vezes, não entender o que essas palavras
ou expressões significam.

Fonte: https://rederiohoteis.com/conheca-as-girias-cariocas/

Esse tipo de variação de uma comunidade para outra ocorre também com relação
a comunidades de diferentes profissionais. Alguma vez vocês já foram a um médico
e, ao dar o diagnóstico, ele utilizou palavras tão difíceis, que você não fazia ideia do
que se tratava? Pois é, às vezes os termos são tão estranhos para nós que não somos
médicos que chegamos a pensar que se trata de algo grave, quando, muitas vezes, é
algo bem simples. Isso ocorre quando os médicos utilizam JARGÕES, ou seja, palavras
específicas de sua profissão, que, muitas vezes, não são conhecidas por pessoas que
não são profissionais dessa área.

Fonte: http://www.geocities.ws/luisacortesao/linguagem.html

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1.3.3. Variações diafásicas: Estilística

As variações diafásicas têm a ver com o contexto em que a comunicação acontece.


É muito simples! Vamos pensar em nossa vida e em nosso uso da língua para
comunicação. Quando estamos em uma situação que requer maior formalidade,
geralmente prestamos mais atenção àquilo que falamos ou escrevemos, tentando não
cometer erros gramaticais, evitando utilizar gírias e expressões coloquiais. Situações
mais descontraídas, que exigem um menor grau de formalidade, nos deixam mais à
vontade para falar ou escrever de um modo mais “relaxado”. O contexto comunicativo,
portanto, faz com que utilizemos diferentes níveis de linguagem.

1.3.3.1. Nível formal ou culto

Imagine que você terá uma reunião com seu chefe, uma entrevista de emprego,
fará uma apresentação de um projeto em uma grande empresa, precisa falar com o
diretor da faculdade. Todas essas situações são exemplos de momentos e contextos
em que precisamos utilizar a língua em sua forma “mais correta”. Trata-se, portanto,
do nível FORMAL ou CULTO da língua.
Esse nível é a língua utilizada de acordo com a gramática normativa, ou seja,
utilizamos, para falar ou escrever, o nosso idioma, seguindo todas as regras gramaticais,
evitando utilizar gírias e expressões coloquiais

Fonte: https://mundotexto.wordpress.com/2014/02/18/linguagem-coloquial-e-linguagem-culta-no-ensino-de-portugues-brasileiro/

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É necessário que saibamos utilizar a língua de maneira adequada ao contexto.


Como podemos ver na figura anterior, o uso da língua em seu nível culto não se
adequa à situação (assim como a roupa utilizada pela personagem). A variação da
língua de acordo com o contexto serve, justamente, para evitar esse “deslocamento”
das pessoas dentro do ambiente ou da situação em que se encontra.

1.3.3.2. Nível coloquial

Fonte: https://sites.google.com/site/profaldavariacoeslinguisticas/

Imaginemos, agora que você está em um churrasco com seus amigos, conversando
com seu irmão pelo whatsapp, falando com seus colegas de sala na hora do intervalo
entre uma aula e outra. Essas situações não requerem formalidade. Nesses casos,
podemos, portanto, utilizar a língua sem nos atentarmos a regras gramaticais, sem
nos preocuparmos em pronunciar as palavras perfeitamente. Podemos também utilizar
gírias e expressões coloquiais que sejam de conhecimento das pessoas com quem
estamos nos comunicando.
Esse nível da língua é o que chamamos de INFORMAL ou COLOQUIAL. Podemos
dizer que é uma forma mais “livre” de utilizar a língua, menos engessada.

1.3.3.3. Nível técnico ou profissional

Existe, ainda, o nível TÉCNICO ou PROFISSIONAL, que é a linguagem específica


de cada profissão. Assim como os outros níveis, deve ser utilizado em contextos
adequados. Um profissional de diretor, por exemplo, ao falar com alguém que não seja

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de sua área, deve evitar os jargões, pois, sendo leiga, a pessoa com que esse profissional
está falando pode não conhecer os termos e a comunicação não será efetiva, pois
para que haja comunicação, é necessário que todos que fazem parte daquele contexto
comunicativo entenda a língua ou a linguagem que está sendo utilizada.

1.3.4. Variações diacrônicas: Históricas

Fonte: http://fronteiraslinguisticas.blogspot.com/2011/04/exemplo-de-variacao-historica.html

Por fim, existem as variações diacrônicas que são as variações históricas, ou seja,
as variações que a língua sofre com o passar do tempo.
A língua é viva, falada por um grande número de pessoas, e isso faz com que
ela seja passível de mudanças. Palavras novas podem surgir, outras podem cair em
desuso, algumas podem sofrer mudanças.
Como exemplo, podemos citar a mudança no pronome de tratamento Vossa Mercê.
Esse pronome passou por transformações ao longo dos anos, resultando no que
temos hoje: você. Além disso, temos, ainda, as variações “cê” e “ocê”.

1.4. Fala

A fala é a realização oral da língua. Ela depende de cada falante que, de acordo com
seu conhecimento do idioma, se utiliza dele para se comunicar de forma oral. Cada
falante pode adequar sua fala ao nível de formalidade do contexto em que se encontra.

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Fonte: https://serpalestrante.com.br/falar-e-escrever/falar-e-escrever-3/

Concluímos, portanto, nesta aula, que:


• Existem diferentes tipos de linguagem.
• A língua é a linguagem verbal, ou seja, aquela que utiliza palavras.
• A língua varia de acordo com contexto, grupo social, região etc.
• A fala é a realização oral da língua; é individual.

ISTO ESTÁ NA REDE

Por que em algumas regiões do Brasil se fala mais “tu” do que “você”?
Com que pronome eu vou? As origens de “tu” e “você” no jeitinho de falar brasileiro
https://super.abril.com.br/cultura/por-que-em-algumas-regioes-do-brasil-se-fala-mais-tu-do-que-voce/#:~:text=%E2%80%9CVoc%C3%AA%E2%80%9D%20
%C3%A9%20um%20pronome%20evolu%C3%ADdo,ser%20chamadas%20por%20%E2%80%9Ctu%E2%80%9D.

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AULA 02
COMUNICAÇÃO E
SEUS ELEMENTOS

Se pararmos para pensar, estamos o tempo todo nos comunicando. Em casa, com
nossa família, no trabalho, com nossos colegas e professores, em momentos de lazer.
Nossa relação com o outro implica a comunicação.
Precisamos nos comunicar para pedir algo, para explicar, para perguntar, para
expressar nossos sentimentos, para dar informações. Já pararam para pensar que
seria impossível vivermos se não houvesse comunicação?
Pois é, a comunicação é essencial para nossa vida. E, pensando em situações
comunicativas, o linguista Roman Jakobson criou um esquema que representa o
processo de comunicação, com todos os elementos que são necessários para que
ela aconteça.
Esse esquema pode ser visto na figura abaixo:

Fonte: elaborado pela autora

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Como podemos ver, para que haja comunicação, são necessários 6 elementos:
• Emissor
• Receptor
• Referente
• Código
• Mensagem
• Canal.
Veremos, a partir de agora, cada um desses elementos em diferentes situações de
comunicação para que possamos entender como isso funciona.

2.1. Emissor

Em um processo de comunicação, uma pessoa sempre será responsável por emitir


a mensagem. É ela que vai se comunicar com uma ou mais pessoas. A pessoa que
se comunica, que produz uma mensagem é chamada de EMISSOR. Importante ter
em mente, que esse papel, assim como o papel de RECEPTOR, que veremos a seguir,
pode variar durante uma situação de comunicação. Mas como assim?
É simples! Pensem em um diálogo entre duas pessoas. Vamos dar nomes para que
fique mais fácil o entendimento: João e José estão conversando. Existem momentos
em que João fala e José escuta. Nesses momentos, João é o emissor. Mas José
pode falar também, certo? Então, quando José fala, ele se torna o emissor. Esse papel,
portanto, varia, passa de uma pessoa a outra enquanto elas se comunicam.
Vamos então identificar o emissor na situação a seguir:

Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/melhores-tirinhas-da-mafalda

Nessa tirinha, Mafalda é a EMISSORA no primeiro, no terceiro e no quarto quadrinho,


pois é ela quem está falando. Já no segundo quadrinho, a EMISSORA não é Mafalda,
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mas sua mãe, que é a autora da fala. O papel de emissor pode, portanto, como vimos
anteriormente, mudar de uma pessoa para outra.

2.2. Receptor

O conceito de RECEPTOR também é bem simples de entender. Se existe um emissor,


ou seja, uma pessoa que está se comunicando, existe também uma pessoa com
quem ela quer estabelecer comunicação. Sempre que falamos, falamos com alguém.
Se escrevemos uma mensagem, ela é escrita para alguém. Essa pessoa, ou pessoas,
a quem a comunicação é destinada, é chamada de RECEPTOR.
Assim como o papel de emissor, o papel de receptor também pode mudar de uma
pessoa para outra enquanto elas se comunicam.
Vejamos, agora, uma situação de comunicação para que possamos visualizar o receptor.

Fonte: https://vejasp.abril.com.br/blog/arte-ao-redor/15-tirinhas-mafalda-quino/

Nessa tirinha, temos Mafalda como emissora e o receptor é seu ursinho de pelúcia.
Usei esse exemplo propositalmente, pois se trata de uma comunicação não efetiva, ou
seja, ela não é eficiente. Mas por quê? Isso é simples! É só pensarmos que um ursinho
de pelúcia não é capaz de ouvir ou entender o que Mafalda está dizendo. Devido a
isso, também é impossível, nesse caso, que haja variação dos papéis de emissor e
receptor. O ursinho não pode ser o emissor. Esse papel então é exclusivo de Mafalda,
ficando seu brinquedo apenas com o papel de receptor.
Vamos ver outro exemplo:

Fonte: http://roquebastosprofessor.blogspot.com/2018/05/pratica-de-leitura-de-tirinhas-e.html

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Aqui, já temos emissor e receptor “trocando” os papéis. Quando Mafalda fala, ela
é a emissora e Suzanita, a receptora. Quando Suzanita fala, os papéis se invertem.
No momento, estamos nos comunicando. Eu, Joagda, sou a emissora, pois fui eu
quem escreveu este livro para vocês. E cada um de vocês alunos, ao ler este livro, é um
receptor neste processo de comunicação, pois é a vocês que se destina o meu livro.

2.3. Referente

Quando vamos nos comunicar, temos que falar, escrever, gesticular acerca de algo,
ou seja, é preciso haver um assunto. Esse é o REFERENTE, aquilo sobre o que se quer
transmitir uma mensagem, seja ela escrita, falada, verbal ou não verbal.
Vejamos exemplos de referentes em um processo de comunicação:

Fonte: https://diamantina.mg.gov.br/comunicado/

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Nesse exemplo que acabamos de ver, temos um emissor (a prefeitura de Diamantina),


temos os receptores (os moradores da cidade) e temos o REFERENTE, ou seja, o
assunto desse comunicado, que é a implantação de sinalização vertical na cidade. A
prefeitura quer comunicar aos habitantes de Diamantina que esse tipo de sinalização
será implantado no município.
Voltando às tirinhas da Mafalda, vejamos este outro exemplo:

Fonte: https://pri59.wordpress.com/2010/10/13/tirinha-de-domingo/tirinha-mafalda-escola/

Nessa tirinha, o assunto é “aprender a escrever”. É esse, portanto, o referente da


comunicação entre as duas personagens. Mafalda quer saber se o colega já aprendeu
a escrever, e ele, por sua vez, conta a Mafalda tudo o que é necessário fazer na escola
antes disso e que esse aprendizado leva meses.

2.4. Código

O CÓDIGO é a linguagem utilizada para a comunicação. Quando um emissor quer se


comunicar com um receptor, ele precisa utilizar um código, ou seja, uma linguagem que
possibilite que ele se comunique. É importante ressaltar que esse código pode ser uma
linguagem verbal ou não verbal, ou seja, não é preciso utilizar palavras. Se o emissor
utilizar, por exemplo, um gesto que o receptor consiga entender, essa comunicação
ocorrerá de forma eficiente sem que seja necessário utilizar palavras.
Outra coisa de extrema importância, que precisamos ter em mente é que, para que
haja comunicação efetiva, é preciso que utilizemos um código que seja compreendido
pelo nosso receptor. Por exemplo, não posso falar francês com uma pessoa que não
conhece esse idioma. Não posso querer utilizar cores para me comunicar com uma
pessoa daltônica. Se nosso receptor não compreende o código que estamos utilizando,
ele não conseguirá nos entender e, portanto, a comunicação não ocorrerá de forma
eficiente.

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Vejamos exemplos de códigos em situações de comunicação:

Fonte: https://www.recadosface.com/img-11675.html

Nessa conversa de WhatsApp, o código utilizado foi a língua portuguesa em sua


forma escrita. Temos, portanto, linguagem verbal. Percebam que os papéis de emissor e
receptor variam entre as duas pessoas que estão conversando e que ambas conhecem
o código, o que faz com que a comunicação seja efetiva.
Vamos ver outro exemplo:

Fonte: https://incrivel.club/inspiracao-relacionamento/15-mensagens-de-pais-que-comecaram-a-usar-o-whatsapp-359610/

Nesse exemplo, temos dois códigos: a língua portuguesa em sua forma escrita
(linguagem verbal) e os emojis (linguagem não verbal). Percebam que a mãe não
conhece direito os emojis e os utilizou de maneira “incorreta”, ou seja, ela queria dizer
uma coisa, mas utilizou emojis que representam outra. Nesse caso, a comunicação

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com os emojis não foi efetiva. Para que houvesse entendimento, para que a mensagem
que a mãe queria passar para a filha fosse corretamente compreendida, foi necessário
que ela utilizasse outro código (a língua portuguesa).

2.5. Mensagem

Quando mandamos uma mensagem de WhatsApp para alguém, escrevemos ou


gravamos em áudio aquilo que queremos transmitir. É fácil, portanto, compreender o
conceito de mensagem. Em uma situação de comunicação, tudo aquilo que é transmitido
do emissor para o receptor é a mensagem. Lembrando que essa mensagem deve ter
um referente (assunto).
Vejamos exemplos:

Fonte: https://catracalivre.com.br/criatividade/muitas-tirinhas-da-turma-da-monica-para-se-esbaldar/

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Nesse exemplo, Mônica é a emissora e a mensagem que ela produz para se comunicar
com seus amigos é tudo o que ela diz (“Atenção!”; “Sorriam!” e “Olha o passarinho!”)
Devemos lembrar sempre que uma mensagem não precisa estar escrita ou ser
falada. Um emoji pode ser uma mensagem...

Fonte: https://emojis.wiki/pt/cara-congelada/

Se você mandar esse emoji para alguém, a pessoa receberá a mensagem de que
você está com frio.
Um cartão amarelo ou vermelho que o juiz mostra também pode ser uma mensagem,
pois ao receber um cartão amarelo, o jogador sabe que foi advertido e, ao receber um
vermelho, sabe que deve deixar o campo.

Fonte: https://www.lideresportes.com/cartao-vermelho/

2.6. Canal

Por fim, temos o CANAL, que é o meio pelo qual a mensagem é transmitida do
emissor para o receptor. Se estamos em uma conversa de WhatsApp, o canal é o

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aplicativo e, também, o celular e a internet, que permitem que a mensagem seja


recebida de forma eficiente.
Em uma conversa sua com um amigo em um bar, o canal é a voz, juntamente
com o ar, que permite que as ondas sonoras sejam propagadas. Agora, se em algum
momento, você recebe um papel com um número de telefone, o canal foi o papel, que
permitiu que a mensagem fosse transmitida para você.
Esses são, portanto, os elementos que constituem o processo de comunicação.
Lembrando que existem algumas coisas muito importantes que devemos ter em
mente quando formos nos comunicar:
• O código deve ser conhecido tato pelo emissor quanto pelo receptor, para que
a comunicação ocorra de maneira eficiente.
• Em uma situação de comunicação, emissor e receptor podem “revezar” esses
papéis.
• O canal que transmite a mensagem precisa funcionar. Não adianta nada
enviarmos uma mensagem de WhatsApp se não houver internet, por exemplo.

ISTO ESTÁ NA REDE

Afinal, qual a importância de uma boa comunicação na engenharia?


https://engenharia360.com/afinal-qual-a-importancia-de-uma-boa-comunicacao-na-engenharia/

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AULA 03
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Quando nos comunicamos, nós o fazemos com diferentes funções. Como assim,
professora? Talvez você nunca tenha parado para pensar a esse respeito, já que a
comunicação é algo tão natural para nós, mas não o fazemos sempre com o mesmo
intuito. Nosso objetivo varia. Podemos nos comunicar para dar uma informação, fazer
um pedido, dar uma ordem, expressar nossos sentimentos, opiniões etc. Isso tudo
tem a ver com a FUNÇÃO DA LINGUAGEM, ou seja, para que estamos utilizando a
linguagem, com que finalidade nós estamos nos comunicando com alguém?
Nesta aula, iremos falar sobre as diferentes funções que a linguagem pode ter
e, para começar, preciso que vocês se lembrem do esquema de comunicação que
vimos na aula anterior. Mas por quê? Vocês viram que o esquema de comunicação
é composto por seis elementos (emissor, receptor, referente, código, mensagem e
canal), e cada função da linguagem tem como foco um desses elementos. Vamos,
então, ver isso mais detalhadamente.
Quando eu digo que cada função tem como foco um dos elementos da comunicação,
talvez isso pareça um pouco confuso. Mas não é. É bem simples! Imaginemos uma
situação em que a linguagem utilizada seja a língua portuguesa em sua forma oral.
Se eu for, então, falar com alguém para dizer minha opinião sobre algo, o foco está
em mim, concordam? Pois a principal intenção é dizer aquilo que eu penso. Se eu for
tentar convencer alguém de algo, então o foco está nessa pessoa com que eu estou
falando, porque eu busco convencê-la. Se eu vou passar uma informação, o foco é o
assunto do qual essa informação trata, e assim sucessivamente.
Como cada função da linguagem tem como foco um dos elementos da comunicação,
temos um total de seis funções da linguagem, que são as seguintes:
• Função emotiva;
• Função conativa;
• Função referencial;
• Função metalinguística;
• Função poética;
• Função fática.

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Vamos, a partir de agora, estudar com detalhes cada uma delas.

3.1 Função emotiva

A FUNÇÃO EMOTIVA é aquela em que queremos expressar nossos sentimentos


e emoções, sejam eles bons ou ruins, nossos pensamentos, nossas ideias, nossas
opiniões. O foco dela é, portanto, o EMISSOR.
Vejamos alguns exemplos:

Soneto do Amor Total


Vinicius de Moraes

Amo-te tanto, meu amor... não cante


O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,


E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,


De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,


É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Disponível em: https://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/soneto-do-amor-


total.html

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No soneto de Vinícius, o “eu-lírico”, ou seja, a pessoa que fala nesse soneto, está
declarando seu amor. Temos, portanto, a função emotiva da linguagem, pois ela está
sendo utilizada para que o emissor expresse seus sentimentos.
Importante dizer que, em uma mesma situação de comunicação, é muito comum
que haja mais de uma função da linguagem. Uma função sempre será a predominante,
mas, na maioria das vezes, vem acompanhada de outras.
Vejamos mais exemplos de função emotiva.

Fonte: https://tirasarmandinho.tumblr.com/

Na tirinha, a fala do pai de Armandinho, no primeiro quadrinho, apresenta a função


emotiva da linguagem, pois ele expressa sua tristeza por estar desempregado.

Fonte: https://www.apple.com/br/newsroom/2018/07/apple-celebrates-world-emoji-day/

Quando utilizamos emojis que expressam o modo como nos sentimos com relação
a algo, estamos utilizando a função emotiva da linguagem.
Lembrem-se sempre: a linguagem tem função emotiva quando o emissor tem como
objetivo expressar o que sente ou pensa.
Vamos, então, à próxima função.

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3.2. Função conativa

Muitas vezes, nos comunicamos com o intuito de convencer ou persuadir alguém.


Mas, professora, qual é a diferença entre convencer e persuadir? Não é tudo a mesma
coisa. E eu respondo pra vocês: Não! Não é tudo a mesma coisa.
Convencer está no plano das ideias, ou seja, quando tentamos convencer alguém
de algo, queremos que essa pessoa pense como nós, que ela tenha a mesma opinião.
Persuadir está no campo das ações. Ao tentar persuadir alguém, estamos tentando
fazer com que essa pessoa aja da forma como nós queremos, ou seja, que ela faça
aquilo que desejamos que ela faça.
Vamos ver um exemplo para que isso fique mais claro.
Eu posso convencer alguém de que fumar faz mal à saúde. Após falar com a pessoa
sobre todos os malefícios que podem ser causados pelo cigarro à nossa saúde, um
fumante pode se convencer disso, acreditar que realmente o cigarro pode fazer muito
mal a ele. Mas ele pode, mesmo assim, continuar a fumar. Conseguimos, portanto,
convencê-lo, mas não houve persuasão. Agora, se a pessoa deixar de fumar, aí sim,
conseguimos persuadir esse fumante, pois fizemos com que ele mudasse seu modo
de agir de acordo com o que queríamos.
Voltemos, então, à função conativa. Além de convencimento e persuasão, a função
conativa também é aquela em que utilizamos a linguagem para pedir um favor, para
dar uma ordem, etc. Seu foco é no RECEPTOR, pois é nele que se concentra o intuito
da minha comunicação.
Vejamos alguns exemplos.

Fonte: https://tirasarmandinho.tumblr.com/

Nessa tirinha, Armandinho utiliza a função conativa da linguagem no terceiro


quadrinho, quando pede a seu pai que passe o alicate para ele.

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Agora, vamos ver esse anúncio publicitário:

Fonte: https://www.mmsbeneficios.com.br/doe-sangue-doe-vida/

O intuito desse anúncio é convencer as pessoas de que doar sangue pode salvar
vidar e persuadi-las a fazer isso. Temos, portanto, função conativa.

ANOTE ISTO

A função conativa é a principal função dos anúncios publicitários, pois a função


desses anúncios é, justamente, nos convencer de algo e nos persuadir a comprar
um determinado produto ou a agir de uma determinada maneira.

Fonte: https://www.maracai.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/74521/uso-de-mascaras-e-obrigatorio-agora-em-maracai-

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Fonte: https://acontecendoaqui.com.br/propaganda/snickers-relanca-campanha-como-voce-fica-quando-esta-com-fome

3.3. Função referencial

A FUNÇÃO REFERENCIAL tem como foco o REFERENTE, ou seja, o assunto da


comunicação. É a função em que a linguagem é utilizada com o intuito de transmitir
informação, de ensinar algo a alguém.
Essa é a principal função dos textos jornalísticos, pois esses textos têm como
objetivo informar o leitor/ espectador.
Vamos ver um exemplo

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com/pais/1734779/hoje-e-noticia-universidades-travam-regresso-nova-doenca-pos-covid

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ANOTE ISTO

A função referencial é a função dos gráficos. Sabemos que os gráficos são


utilizados para nos passar informações e estatísticas. Eles têm a informação como
foco e, portanto, sua função é referencial.

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2020/04/01/o-avanco-da-pandemia-de-covid-19-no-mundo-e-no-brasil-no-mes-de-marco-artigo-jose-eustaquio-
diniz-alves/

3.4. Função metalinguística

Já pararam para pensar que, às vezes, a linguagem é utilizada para falarmos da


própria linguagem? Pensem nos dicionários, por exemplo. Eles utilizam a língua, em
sua forma escrita, para falar sobre a própria língua.

felicidade
Significado de Felicidade
substantivo feminino
Sensação real de satisfação plena; estado de contentamento, de satisfação.
Condição da pessoa feliz, satisfeita, alegre, contente.
Estado de quem tem boa sorte: para sua felicidade, o chefe ainda não chegou.
Circunstância ou situação em que há sucesso: felicidade na realização do projeto.
Disponível em: https://www.dicio.com.br/felicidade/

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Trata-se, portanto, de FUNÇÃO METALINGUÍSTICA. Essa função tem como foco


o CÓDIGO.
Metalinguagem é a linguagem sendo utilizada para falar dela mesma. Então, se
temos um filme que fala sobre a produção de um filme, temos metalinguagem. Se
temos um poema que fala sobre a construção de um poema, temos metalinguagem...
Vejamos mais um exemplo

Fonte: https://twitter.com/dukechargista/status/1144638363783356418

Perceba que na charge temos a própria charge. Isso é metalinguagem. Isso é


FUNÇÃO METALINGUÍTICA, pois a charge é utilizada para falar dela mesma.
Observem este poema de Drummond:

Poesia

Gastei uma hora pensando um verso


que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

Carlos Drummond de Andrade


Disponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/metalinguagem-na-poesia.htm

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Nesse poema, temos função metalinguística, pois trata-se de um poema que fala
sobre o processo de escrita de um poema, ou seja, a linguagem utilizada para falar
dela mesma.

3.5. Função poética

Vamos, agora, falar da FUNÇÃO POÉTICA.


Essa função tem como foco a MENSAGEM. O que isso quer dizer? Muitas vezes,
o emissor, ao comunicar-se, tem uma preocupação maior com a mensagem em si,
ou seja, com a forma daquilo que escreve, fala, desenha etc. Quando a preocupação
é com a mensagem, temos a função poética da linguagem. É o que acontece, por
exemplo, em músicas e poemas. Nesses textos, os autores têm um cuidado com a
escolha das palavras para que haja rima, ritmo...
Se pensarmos, por exemplo, no soneto que vimos como exemplo da função emotiva,
o Soneto do Amor Total, de Vinícius de Moraes, podemos perceber que temos, além da
função emotiva, a função poética. Vamos dar uma olhada...

Soneto do Amor Total


Vinicius de Moraes

Amo-te tanto, meu amor... não cante


O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,


E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,


De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,


É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Disponível em: https://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/soneto-do-amor-


total.html

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Como podemos ver, existem rimas. Houve, portanto, preocupação por parte do
autor com a escolha das palavras. Além disso, temos um soneto, que é um poema
formado, pois dois quartetos (estrofes de quatro versos) e dois tercetos (estrofes de
três versos).
Essa preocupação com a forma caracteriza a função poética. Vamos a mais um
exemplo.

Você é a razão da minha felicidade


Não vá dizer que eu não sou, sua cara-metade
Meu amor, por favor, vem viver comigo
O seu colo é o meu abrigo
Disponível em: https://www.vagalume.com.br/melim/meu-abrigo.html

Nesse trecho da música Meu Abrigo, da banda Melim, podemos notar a presença de
função poética (que está presente, na verdade, na música toda), pois houve preocupação
com a mensagem em si, pois, para que a música tenha ritmo e rimas, é necessário
preocupar-se com sua forma. E, além da função poética, temos também a função
emotiva e a função conativa. Percebam que no primeiro verso “Você é a razão da
minha felicidade”, o emissor expressa seu sentimento (função emotiva) e, nos outros
três versos, ele faz um pedido à pessoa amada (função conativa).

3.6. Função fática

Por fim, temos a FUNÇÃO FÁTICA, cujo foco é o CANAL. Se o foco dessa função é
o canal, isso significa que a linguagem é utilizada para garantir que haja comunicação,
que a comunicação esteja sendo eficiente, pois o canal é o elemento responsável por
fazer que a mensagem do emissor chegue ao receptor.

Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/funcao-fatica.htm

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Nesse exemplo podemos perceber que não há preocupação em expressar


sentimentos, ideias, em dar uma informação, em pedir algo a alguém. A comunicação
nessa tirinha serve apenas para manter a comunicação. Isso é função fática.
Quando estamos, por exemplo, em um ponto de ônibus e queremos puxar papo com
alguém que está ao nosso lado, costumamos falar do clima: “Nossa, parece que vai
chover, né?!”. Quantas vezes nós já fizemos isso, apenas com o intuito de estabelecer
comunicação. Isso também é um exemplo de função fática da linguagem.

http://guiaavare.com/noticia/memes-calor

A função fática visa, portanto, à eficiência da comunicação.


Agora que você já conhece todas as funções da linguagem, vamos, em nossa
próxima aula, falar de textos, seus tipos e gêneros.

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AULA 04
TEXTO, TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS

Nesta aula, veremos o que é um texto, quais os tipos de texto, de acordo com sua
função e, também, os gêneros textuais.

4.1 Texto

Texto é tudo aquilo que alguém diz ou escreve. Trata-se de uma proposta de
construção de sentido. Mas por que “uma proposta de construção de sentido?”
Quando produzimos um texto, nós o destinamos a um ou mais receptores. Portanto,
a interpretação desse texto, a construção do sentido desse texto depende daquele que o
recebe (lendo, ouvindo etc.). Isso acontece porque cada pessoa tem um conhecimento
de mundo. Nós, seres humanos, adquirimos conhecimentos e experiências ao longo
de nossa vida, e isso é individual. Cada um de nós, ao ler um texto, por exemplo,
atribuirá a ele um sentido, com base em nossas vivências passadas. Essa atribuição
de sentido ao texto recebe o nome de DISCURSO. O discurso é individual, pois, como
já vimos, as pessoas possuem, individualmente, suas experiências de vida.
Quando pensamos em um texto, precisamos também ter em mente o conceito
de ENUNCIAÇÃO. A enunciação é a intenção do emissor ao produzir seu texto. Há
sempre um propósito, um objetivo, uma intenção. Por exemplo, se uma mulher chega
para sua secretária do lar e diz: “O chão está sujo” ela, na verdade, não quer informar
sua secretária de que há sujeira no chão. Sua intenção é pedir que o chão seja limpo.
Essa é, portanto, a enunciação nesse texto.
A definição de texto que vimos até agora foi relacionada aos textos verbais. Mas
textos podem ser também não verbais.
Se o texto é uma proposta de construção de sentido, podemos utilizar uma linguagem
não verbal para sua criação. Se a linguagem utilizada for não verbal, temos um texto
não verbal. Uma imagem que transmite uma mensagem é um texto. Um som que
apresenta uma proposta de construção de sentido também é um texto. Por exemplo,

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ao ouvir o sinal tocar na escola, os alunos, com base em seu conhecimento de mundo,
constroem, a partir da emissão desse som, o sentido de que a aula vai começar ou que
está terminando. Trata-se, portanto, de um texto não verbal, pois não utiliza palavras.
Agora que já sabemos o que é um texto, veremos quais são os tipos textuais.

4.2 Tipologia textual

A tipologia textual está ligada à função de cada texto. Diferentes tipos de texto
apresentam diferentes funções. Importante ressaltar que um texto pode conter
diferentes tipos.
Os tipos textuais são:
• Narração
• Descrição
• Dissertação
• Injunção
Veremos, a partir de agora, cada um deles.

4.2.1 Narração

O texto narrativo conta uma história e é composto pelos seguintes elementos:


• Personagens;
• Enredo (a história contada);
• Tempo;
• Espaço (o lugar onde se passa essa história);
• Foco narrativo (que pode ser em primeira pessoa (quando o narrador faz parte
da história) ou em terceira pessoa (quando o narrador conta o que aconteceu,
sem ter feito parte da história).

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Vejamos um exemplo de texto narrativo:

https://www.passeidireto.com/arquivo/91370510/fabula-a-raposa-e-as-uvas-infantil

Com relação à sua estrutura, a narrativa apresenta a seguinte composição:


Introdução (ou Apresentação) – parte em que são apresentados o espaço, o tempo
e as personagens.
Desenvolvimento – parte em que a história é contada até o seu “clímax”.
Clímax – momento de maior importância para a história. É possível que no clímax
haja uma complicação.
Desfecho – é o fim da história. Nesse momento, as ações são concluídas e as
complicações, quando existem, são solucionadas. O desfecho pode ser chamado
também de conclusão.

4.2.2 Descrição

A função do texto descritivo é, como o próprio nome sugere, descrever, ou seja,


falar detalhadamente sobre algo. Essa tipologia costuma ocorrer junto com outra.
Em uma narrativa, por exemplo, é comum os personagens serem apresentados por
meio de uma descrição.

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Na segunda-feira depois da luta, Colin saiu de seu apartamento ao ver


o detetive Pete Margolis. O policial havia parado na rua bem à frente e
estava encostado no capô de seu sedan, segurando um copo de café
para viagem e com um palito de dente na boca. Diferentemente da
maioria dos policiais com quem Colin havia lidado, Margolis passava
quase tanto tempo malhando na academia quanto ele. Suas mangas
estavam enroladas, o tecido se esticando na altura dos bíceps. Tinha
quase 40 anos, cabelo escuro penteado para trás e grudado com
Deus sabe o quê. Uma, talvez duas vezes por mês, ele aparecia sem
se anunciar para verificar a situação de Colin, como parte do acordo
com a justiça. Margolis gostava do poder que exercia sobre o sujeito
(SPARKS, 2016, p.46).

Como podemos ver, no trecho acima, retirado do romance No seu olhar, de Nicholas
Sparks, temos a descrição da personagem Pete Margolis, para que o leitor, saiba,
com detalhes, como estava o policial em determinado momento da história. Temos
também a descrição física de Margolis. Trata-se, portanto, de um exemplo da tipologia
descritiva dentro da tipologia narrativa, pois o livro é um romance, ou seja, um texto
pertencente à tipologia narração.

4.2.3 Dissertação ou Argumentação

Um texto dissertativo pode ser expositivo ou argumentativo.

4.2.3.1 Texto dissertativo expositivo

No texto DISSERTATIVO EXPOSITIVO, temos a apresentação de um assunto ao leitor.


Não existe, por parte do autor, intenção de defender um ponto de vista ou convencer
seu leitor de algo.

Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/38155696

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4.2.3.2 Texto dissertativo argumentativo

Um texto DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO busca convencer e persuadir o leitor. O


autor defende seu ponto de vista, apresentando argumentos que o sustentem.

Fonte: https://www.secult.ce.gov.br/2021/02/26/artigo-de-opiniao-secretario-fabiano-piuba-o-virus-somos-nos/

Abaixo, a transcrição do texto:


O VÍRUS SOMOS NÓS
Não estamos entendendo nada. O vírus não é apenas a Covid-19 ou novos que
estão por vir. O vírus somos nós.
Sugiro uma suspensão. Um exercício de afastamento do Planeta Terra, como se
fôssemos um astronauta ou mesmo a Estrela Dalva. Vista de longe, na “Hipótese de
Gaia” pensada em 1969 pelo químico James Lovelock, a Terra é um organismo vivo
que respira e se autorregula.
O yanomami Davi Kopenawa, lá do fundo da mata, vai além num alerta para a
humanidade: “Acho que vocês deveriam sonhar a Terra, pois ela tem coração e respira.
(…) A floresta respira, mas os brancos não percebem. Não acham que ela esteja viva”.
A Terra precisa respirar.
O livro “A queda do Céu” soa como um recado. Por que estou fazendo essa associação
entre as palavras de Kopenawa e o contexto da pandemia? Porque não deixa de ser
amargo que a Covid-19 venha nos matando sem fôlego, nos deixando sem respirar.
Seria um recado da Mãe Terra diante da devastação do mundo causada pelo vírus
humano? Essa conexão não deixa de ser instigante. Repensamos nossa relação com

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as outras espécies e com a natureza ou nos afundamos nessa catástrofe planetária


em que estamos metidos.
Desenvolvemos o espírito solidário no compartilhamento das culturas e das
economias geradas ou estamos fadados ao fracasso físico e espiritual como seres
humanos. Nós, que ameaçamos tantas espécies, seremos extintos.
Estamos em meio a uma pandemia, mas parece que continuamos celebrando o “Ano
Novo”, desdenhando da ciência e desfilando sobre mais de dois milhões de pessoas
no mundo, que não respiram mais conosco o ar que a Terra ainda nos oferece. Ainda,
porque o ser humano – esse vírus devastador – tem sufocado a Terra e a si mesmo.

O que nos resta de ar e de esperança é de que o antivírus somos nós mesmos. Davi
Kopenawa, por exemplo, é um antivírus. Só nós podemos fortalecer o sistema imune
de nossa natureza humana, espiritual e amorosa, produzindo anticorpos contra esse
ciclo devastador humano que tem infectado sua própria Mãe Terra. Que sobreviveria
sem nós, mais verde e mais azul. Porém, Ela nos ama tanto, que não desiste de seus
filhos. Seja uma árvore, um pássaro, um felino, um inseto, um peixe ou uma menina.
Fabiano dos Santos Piúba
Gestor cultural, poeta, historiador, doutor em Educação e secretário da Cultura do
Estado do Ceará
Disponível em: https://www.secult.ce.gov.br/2021/02/26/artigo-de-opiniao-
secretario-fabiano-piuba-o-virus-somos-nos/

Os artigos de opinião são exemplos de textos dissertativos argumentativos, pois


neles os autores defendem seu ponto de vista, expressam sua opinião e buscam
convencer o leitor.
As partes que compõem um texto dissertativo são: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO
e CONCLUSÃO.
Introdução: apresentação do assunto e da tese que será defendida.
De acordo com Abreu (2002), a tese é a melhor hipótese que encontramos para
a resolução de um problema. Segundo o autor (2002), diante de um determinado
tema, surgem questionamentos, que são chamados de problemas. Devemos, portanto,
escolher um deles e elegê-lo com o problema a ser discutido em nosso texto. Após
fazer isso, surgem as hipóteses, que são as possíveis soluções. A melhor delas será,
então, a que escolheremos como nossa tese.
Desenvolvimento: nessa parte do texto são apresentados os argumentos que
defendem o posicionamento do leitor. É no desenvolvimento que são apresentadas

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as hipóteses, de modo que o autor possa defender aquelas que servem à sua intenção
e refutar aquelas que vão contra aquilo que ele quer defender.
Conclusão: é o fechamento do texto. Pode apresentar síntese de tudo que foi dito
anteriormente ou apresentar uma proposta de solução para o problema apresentado
na introdução.

ANOTE ISTO

Ao escrever um texto argumentativo, apesar de estarmos defendendo nossa opinião


sobre um determinado assunto, não podemos nunca dizer “Eu penso”, “Eu acho”, “Eu
acredito”, “Na minha opinião”.

4.2.4 Injunção

Um texto INJUNTIVO tem a função de instruir o leitor sobre a maneira como fazer
algo. Como exemplos, podemos citar as receitas culinárias, as bulas de remédio, as
receitas médicas, os manuais de instrução etc.

Fonte: https://www.aefpapeldeparede.com.br/manual-de-instrucoes-para-web

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Fonte: https://www.oliveirao.com.br/bolo-de-cenoura-com-cobertura-de-chocolate/

4.3 Gêneros textuais

Gênero é o tipo de interação social em que um texto é produzido.


Alguns exemplos de gêneros:
• Conversa informal
• Narrativa de ficção
• Artigo de opinião
• Tese de doutorado
• Propaganda

Os gêneros textuais configuram um inventário aberto. Alguns gêneros desaparecem,


como o telex. Outros apareceram recentemente, como o tweet, por exemplo.
Cada gênero possui uma estrutura e se encaixa dentro de algum tipo textual. Vamos
ver, agora, alguns exemplos de gêneros dentro de cada uma das tipologias.

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Gêneros dentro da tipologia INJUNÇÃO: receitas culinárias, bulas de remédio,


manuais de instruções, receitas e prescrições médicas etc.
Gêneros pertencentes à tipologia NARRAÇÃO: fábulas, contos, romances, crônicas
entre outros.
Na tipologia DISSERTAÇÃO temos: artigo de opinião, resenha crítica, carta ao leitor
etc.
Gêneros na tipologia DESCRIÇÃO: verbetes de dicionários, classificados, atas de
reunião etc.

ANOTE ISTO

Um mesmo texto, dentro de seu gênero, pode conter vários tipos textuais. Por
exemplo, a descrição de personagens e espaço dentro de um conto faz com que
exista, em um mesmo gênero (o conto), duas tipologias (a narração e a descrição).

4.4 Textualidade

Agora que já sabemos o que é um texto e conhecemos os diferentes tipos e gêneros


textuais, vamos falar um pouco sobre TEXTUALIDADE.
A textualidade são as qualidades necessárias a um texto, pois se tivermos apenas
um monte de sentenças colocadas lado a lado, sem que elas tenham conexão, sem
que façam sentido juntas, isso não é um texto.
Qualidades de um bom texto:
• Coesão
• Clareza
• Concisão
• Coerência
• Criatividade

Algumas dessas qualidades (coesão, coerência e criatividade) serão estudadas em


nossas próximas aulas.
A clareza tem muito a ver com coesão. Quando produzimos um texto, é necessário que
expressemos nossas ideias de maneira clara, de modo que o leitor possa compreendê-
las.

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A concisão está estreitamente ligada à clareza. Depende de escolher vocabulário


adequado e trabalhar com parágrafos curtos. Já ouviram aquela expressão “encher
linguiça”? Pois é, um texto precisa ser conciso para que não haja encheção de linguiça.
De modo bem simples, é isso.

ANOTE ISTO

Um texto:
• Surge a partir de uma intenção de quem o produz;
• É uma proposta de construção de sentido;
• Pertence a um gênero;
• Pode conter diferentes tipos textuais.

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LEITURA E
PRODUÇÃO TEXTUAL
PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB

AULA 05
COESÃO

Coesão é, basicamente, o processo pelo qual retomamos um elemento já mencionado


anteriormente em nosso texto.
Costumo dizer que a coesão é uma “costura”. Temos nossas ideias e as colocamos
em frases, que ligamos de modo a criar parágrafos, e esses parágrafos, por sua vez,
devem ser conectados. Essa costura de ideias, de palavras, de frases e de parágrafos
é a coesão textual. Não podemos deixar as coisas jogadas, ou nosso texto parecerá
um Fankenstein.
De acordo com Abreu,

Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças,


mas pelo encadeamento semântico delas, criando, assim, uma trama
semântica a que damos o nome de textualidade. O encadeamento
semântico que produz a textualidade se chama coesão. Podemos
definir, mais especificamente, a coesão, dizendo que se trata de uma
maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em
uma sentença A. (ABREU, 2002, p.12)

Portanto, para uma ligação lógica das ideias, uma conexão com sentido e, também,
para evitar repetição excessiva de uma mesma palavra, devemos lançar mão dos
mecanismos de coesão.
Veremos, nesta aula, os cinco tipos de coesão textual, que se diferenciam pelos
mecanismos utilizados. São eles:
• Coesão referencial;
• Coesão por elipse;
• Coesão léxica;
• Coesão por substituição;
• Coesão sequencial.

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5.1 Coesão Referencial

De acordo com Abreu (2002), a coesão referencial é feita por meio do uso de
pronomes pessoais (eu, ele, ela, nós, etc.), pronomes possessivos (meu, teu, dele, dela,
nosso, seu, etc.), pronomes demonstrativos (este, essa, aquela, etc.), advérbios de lugar,
ou seja, palavras que indicam localidade (lá, aqui, ali) e artigos definidos (o, a, os, as).
Vamos, agora, ver alguns exemplos de COESÃO REFERENCIAL.

Eduardo e Mônica eram nada parecidos


Ela era de leão e ele tinha 16
Ela fazia medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês

Nesse trecho da música Eduardo e Mônica, podemos notar a coesão referencial


feita pelo pronome pessoal “ela”, que retoma Mônica e o pronome pessoal “ele”, que
retoma Eduardo.
Na música, Geni e O Zepelim, de Chico Buarque, também temos a coesão referencial
presente no uso do pronome pessoas “ela”, utilizado para fazer referência a Geni
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Observem, agora, a frase abaixo:


Eu e meu irmão compramos carros novos. O meu é branco e o dele é preto.

Nesse exemplo, foram utilizados pronomes pessoais (“meu” e “dele”) e o artigo


definido “o”, para fazer referência aos carros, evitando, assim, a repetição dessa palavra.
Vejam como ficaria estranho se abusássemos da repetição:
(*) Eu e meu irmão compramos carros novos. O meu carro é branco e o carro dele
é preto.
Por fim, vamos ver um exemplo com advérbios de lugar.

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https://acessaber.com.br/atividades/atividade-de-portugues-adverbios-de-lugar-7o-ano/

Percebam que, para evitar a repetição da palavra “loja, foi utilizado o advérbio de
lugar “lá”. Trata-se, portanto, de coesão referencial.

5.2 Coesão por elipse

A COESÃO POR ELIPSE consiste na omissão de uma palavra que foi mencionada
anteriormente e que não precisa ser repetida para que saibamos que se trata dela.
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
ØPairou sobre os edifícios
ØAbriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim

Como podemos ver, não foi necessário repetir a palavra “zepelim” para sabe que
foi ele que “pairou sobre os edifícios” e que “abriu dois mil orifícios”.

5.3 Coesão Léxica

A COESÃO LÉXICA é feita por meio do uso de sinônimos e hiperônimos. Mas vocês
sabem o que é isso?
Sinônimos são palavras que têm o mesmo sentido, como:
Feliz – alegre
Gostoso – saboroso
Andar - caminhar

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Hiperônimos, também chamados de sinônimos superordenados, são palavras que


são como uma categoria que engloba vários itens, por exemplo:
Flor é hiperônimo de margarida, rosa, orquídea, violeta, lírio, etc.
Talher é hiperônimo de garfo, faca, colher, concha, etc.
Móvel é hiperônimo de sofá, cama, mesa, cadeira, etc.
Vamos ver alguns exemplos.

“Acontece que a donzela


E isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos”

Nesse trecho da música Geni e o Zepelim, a palavra donzela foi utilizada como
hiperônimo de Geni. É claro que a palavra foi usada de maneira irônica, mas, mesmo
assim, é um hiperônimo, pois existem donzelas e Geni é uma dentro dessa categoria.

5.3.1 Coesão Léxica e avaliação

A coesão léxica nos permite fazer avaliações, ou seja, dar nossa opinião sobre
aquilo que está sendo retomado. Vejam o exemplo a seguir:
Ivete Sangalo fez um show ontem. Essa excelente cantora cantou seus maiores
sucessos, levando o público à loucura.
Nesse exemplo, podemos notar uma avaliação positiva da cantora Ivete Sangalo.
Importante ressaltar que as avaliações podem também ser negativas. Alguém que
não goste de Ivete Sangalo poderia dizer, por exemplo:
Ivete Sangalo fez um show ontem. Essa cantora pouco talentosa cantou seus
maiores sucessos.

5.4 Coesão por substituição

De acordo com Abreu, a coesão por substituição “consiste em abreviar sentenças


inteiras, utilizando predicados prontos como fazer isso [...] (ABREU, 2002, p. 15)
Precisamos reformar a casa, mas não podemos fazer isso por falta de dinheiro.

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5.5 Coesão sequencial

A COESÃO SEQUENCIAL é feita por meio do uso de conectivos (advérbios e


conjunções) e, também, por meio das flexões de modo e tempo dos verbos.
Vamos ver, agora, alguns exemplos.
Quando eu digo que deixei de te amar
É porque eu te amo
Quando eu digo que não quero mais você
É porque eu te quero
Eu tenho medo de te dar meu coração
E confessar que eu estou em tuas mãos
Mas não posso imaginar o que vai ser de mim
Se eu te perder um dia
Nesse trecho da música Evidências, temos a coesão sequencial estabelecida por
meio do uso dos seguintes conectivos:
• Quando – tempo
• Porque – explicação
• E – adição
• Mas – oposição
• Se – condição

Na música Eduardo e Mônica também encontramos coesão sequencial feita por


meio do uso de tempos verbais no passado (pretérito perfeito e pretérito imperfeito)
e, também, de conectivos (depois; mas; de repente).

Eduardo e Mônica trocaram telefone


Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
[...]
E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver

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Como vimos, as conjunções e os advérbios são os conectivos, palavras que utilizamos


para conectar ideias e que são mecanismos responsáveis pela realização da coesão
sequencial.
As conjunções causam muita confusão com relação à ideia que elas trazem, o
sentido que elas têm. Por isso, veremos, de maneira breve, quais são os tipos de
conjunção e a ideia expressa por elas.

5.6 As conjunções

Conjunções são palavras que ligam orações. De acordo com Abreu, “a função
básica da conjunção é a de introduzir e relacionar orações. Dependendo das orações
que introduzem, as conjunções se classificam em duas subclasses: conjunções
coordenativas e conjunções subordinativas.” (ABREU, 2018, p. 402)

5.6.1 Conjunções Coordenativas

As CONJUNÇÕES COORDENATIVAS podem ser:


• Aditivas;
• Adversativas;
• Alternativas;
• Conclusivas;
• Explicativas.

5.6.1.1 Aditivas

São utilizadas para expressar ideia de adição/soma entre orações. São elas:
• E
• Nem.

No fim de semana, fomos ao shopping e visitamos nossa avó.


Ontem, não limpei a casa nem fiz almoço.

No segundo exemplo, temos a conjunção NEM. Essa conjunção é utilizada para dizer
que as duas coisas não aconteceram: a pessoa não limpou a casa e não fez almoço.

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Existem também algumas expressões que indicam adição:


• Tanto...quanto
• Tanto...como
• Não só...mas também
• Não só...mas ainda

Ontem não só perdi a hora, mas também tive problemas com o carro, o que me
fez chegar muito atrasada no trabalho.

5.6.1.2 Adversativas

Essas conjunções expressam a ideia de oposição.


• Mas
• Porém
• Contudo
• Todavia
• No entanto
• Entretanto
• Não obstante

Queria viajar nas férias, mas não tenho dinheiro.


Ele era um ótimo profissional, porém não se relacionava bem com os colegas.

5.6.1.3 Alternativas

As conjunções alternativas indicam alternância.


• Ou...ou
• Ora...ora
• Seja...seja
• Quer...quer

Ou você melhora sua conduta, ou será demitido.

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Essas conjunções aparecem duas vezes na frase, como vimos nos exemplos acima.
A única que pode ocorrer apenas uma vez é a conjunção “ou”
Você precisa melhorar sua conduta, ou será demitido.

5.6.1.4 Conclusivas

Expressam ideia de conclusão a partir do que está sendo dito na outra oração.
• Logo
• Pois
• Portanto
• Então
• Assim
• Por conseguinte
• Por isso

Acordei muito mal, por isso não fui trabalhar.


Preciso trocar meu carro, portanto preciso guardar dinheiro
Ele tomou três advertências, logo foi demitido.

5.6.1.5 Explicativas

As conjunções explicativas trazem uma explicação para algo dito na oração anterior.
• Pois
• Porque
• Que
• Porquanto

Precisamos de chuva, pois o ar está muito seco.


Ele deve ter dormido tarde, porque está extremamente abatido e cansado.

5.6.2 Conjunções Subordinativas

Existem nove tipos de conjunções SUBORDINATIVAS ADVERBIAIS. Veremos, a partir


de agora, quais são eles.

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5.6.2.1 Concessivas

Essas conjunções c iniciam orações que trazem um fato que seria contrário à
realização daquilo que é dito na oração principal, mas que não impede que aquilo
aconteça.
• Embora
• Ainda que
• Posto que
• Se bem que
• Conquanto
• Apesar de que
• Mesmo que
• Por mais que

Embora estivesse cansada, fiz questão de ir à festa.


Precisei demitir alguns funcionários, apesar de não querer fazer isso.

5.6.2.2 Condicionais

Essas conjunções expressam uma condição para que aconteça aquilo que é dito
na oração principal.
• Se
• Caso
• Uma vez que
• Desde que
• Dado que
• Sem que
• Contanto que

Desde que você termine o trabalho, pode sair mais cedo.


Se não terminarmos o relatório, teremos que trabalhar no fim de semana.

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5.6.2.3 Consecutivas

As conjunções consecutivas trazem uma consequência daquilo que está sendo


dito na oração principal. As orações consecutivas começam com a palavra “que” e,
antes dela, aparece alguma palavra como “tal, tanto, tamanho”.
Tal que
Tanto que
Tão que
Tamanho que

Trabalhei tanto no fim de semana que não consegui sair de casa.


Ele estava tão cansado que parecia estar doente.

5.6.2.4 Finais

Expressam ideia de finalidade, ou seja, são utilizadas em orações que mostram


com que objetivo foi realizada a ação expressa na outra oração.
• Que
• Para que
• A fim de que

Estamos fazendo hora extra durante a semana, a fim que de que não precisemos
trabalhar no sábado.
Você precisa terminar o projeto, para que o cliente possa aprová-lo.

5.6.2.5 Temporais

Expressam ideia de tempo.


• Antes que
• Primeiro que
• Quando
• Enquanto
• Todas as vezes que
• (de) cada vez que
• Sempre que
• Depois que

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• Logo que
• Assim que
• Desde que
• Apenas
• Mal
• Eis que
• Senão quando
• Após o que

Assim que vocês puderem, faremos uma reunião.


Logo que terminei o projeto, enviei-o ao cliente.
Quando ele chegou, a reunião já havia começado.

5.6.2.6 Causais

São utilizadas para introduzir a causa daquilo que é dito em outra oração.
• Porque
• Como
• Pois
• Porquanto
• Já que
• Uma vez que
• Desde que

Ele não veio trabalhar porque está com Covid.


Uma vez que precisei sair mais cedo, ficarei até mais tarde amanhã.
Como preciso guardar dinheiro, não sairei no fim de semana.

5.6.2.7 Proporcionais

As conjunções proporcionais expressam ideia de proporcionalidade.


• À medida que
• À proporção que
• Ao passo que
• Quanto mais
• Quanto menos

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À medida que adquirimos novos clientes, ganhamos credibilidade no mercado.


Quanto mais estudamos, mais vemos que precisamos estudar.

5.6.2.8 Conformativas

Para expressar ideia de conformidade, devemos utilizar as conjunções conformativas.


• Conforme
• Como
• Segundo
• Consoante

Vocês devem fazer o projeto e enviá-lo até amanhã, conforme combinamos.


O trabalho deverá ser feito até amanhã, como foi acordado em reunião.

5.6.2.9 Comparativas

Essas conjunções introduzem a ideia de comparação. Essa comparação pode ser de:
• IGUALDADE: Tão como, Tão quanto, Tanto como, Tanto quanto
• SUPERIORIDADE: Mais do que
• INFERIORIDADE: Menos do que

Você trabalha mais do que qualquer outro funcionário desta empresa.


Ele fala tão bem quanto escreve.

ISTO ESTÁ NA REDE

Conjunção
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/conjuncao.htm
Como vimos nesta aula, a coesão é uma qualidade indispensável a um bom texto.
Devemos, portanto, utilizar os mecanismos de coesão que aprendemos sempre que
formos escrever um texto, garantindo que ele tenha uma conexão de sentido, que
não seja repetitivo e que não seja apenas um monte de frases colocadas lado a
lado sem que se estabeleça uma relação entre elas.

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AULA 06
COERÊNCIA

Nesta aula, falaremos sobre COERÊNCIA textual, uma qualidade indispensável para
um bom texto. Temos que ser coerentes na vida, não é mesmo? As coisas que fazemos
precisam fazer sentido. Não podemos falar uma coisa e fazer outra. Se dizemos que
maltratar os animais é errado e abandonamos um cachorrinho doente, não estamos
sendo coerentes, certo?
Pois é! Quando produzimos um texto, também não podemos falar uma coisa e, logo
em seguida, dizer outra que vá contra o que dissemos anteriormente. É necessário
haver coerência. Mas coerência não é só isso!

O sentido deve manter uma continuidade, caso contrário, o texto é


incompreensível. Esta continuidade de sentido forma a coerência do
texto e se expressa em conceitos e relações. A coerência se estabelece
no âmbito de um universo textual que abrange toda a constelação
de produção e recepção, de modo que o texto contém mais do que
a soma de expressões linguísticas que o compõem, incorporando
os conhecimentos e a experiência do dia a dia. (MARCUSCHI, 2012,
p. 75-76)

Veremos, portanto, quatro metarregras de coerência que foram propostas por Michel
Charollles. Essas metarregras, se respeitadas, garantem que o texto seja coerente.
As metarregras são:

Estudaremos, a partir de agora, cada uma delas.

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6.1 Não contradição

A metarregra da NÃO CONTRADIÇÃO consiste em não dizer algo que contradiga


o que foi dito anteriormente. Aquilo que é dito no texto precisa fazer sentido, logo, se
dizemos, por exemplo, que o dia está chuvoso e, em seguida, afirmamos que vamos
tomar sol, tem algo errado, não é mesmo?! Precisamos, portanto, prestar atenção
àquilo que colocamos em nosso texto, para garantir que não haja contradição.
Vejamos alguns exemplos de textos que não seguiram a metarregra da não
contradição e, por isso, apresentam problemas de coerência.

http://humorgramaticos.blogspot.com/2011/02/incoerencia-textual.html

Aqui, temos, claramente, um texto contraditório. Se o local é aberto todos os dias,


deveria estar aberto também às terças-feiras.

https://ideiafix.wordpress.com/2011/11/29/como-descobri-que-o-telespectador-e-incoerente/

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Nesse exemplo, a metarregra da não contradição não foi seguida, pois foi anunciado
em um outdoor (que é um meio utilizado para fazer propagandas) que não devemos
acreditar em propagandas. Isso é completamente contraditório.

6.2 Progressão

A metarregra da PROGRESSÃO é relacionada ao fato de que um texto precisa sempre


trazer novas informações. Não podemos, ao produzir um texto, ficar o tempo todo
repetindo a mesma coisa. Isso é “chover no molhado”. Precisamos de progressão de
sentido, de novas ideias, novas informações sendo adicionadas ao texto, ou ficaremos
“andando em círculo”.
Vamos ver alguns exemplos.

https://projetocoe.wordpress.com/2014/05/19/a-propaganda-e-a-alma-do-negocio-ou-nao/

Primeiramente, preciso falar que há um erro nessa placa. A forma correta é “em
domicílio”, pois domicílio é o local (a casa da pessoa), e quando falamos em localidade,
a preposição que utilizamos é “em”. Por exemplo: Moro em uma rua deserta”. A rua é
o local onde eu moro, por isso utilizei a preposição “em”. Entregas em domicílio são
entregas feitas na casa da pessoa, por isso, nunca se esqueçam que “em domicílio”
é o correto.
Feitas essas considerações, voltemos à questão da coerência. Nesse texto, não
há progressão de sentido, porque a mesma coisa é dita duas vezes. Se as pessoas
pintam casas, é óbvio que elas precisam estar na casa para pintá-la. Por isso, dizer
que isso é feito em domicílio é absolutamente desnecessário e vai contra a metarregra
da progressão.

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https://www.haikudeck.com/placas-sem-coerncia--uncategorized-presentation-veEfulYyHM

Esse é um outro exemplo de não seguimento da metarregra da progressão, pois


se o local é uma peixaria, é óbvio que eles vendem peixe. Isso não precisava ser dito.

https://br.ifunny.co/picture/o-bar-do-fritz-joinville-no-momento-nao-esta-aberto-F8kPlX0b5

Se um estabelecimento não está aberto, ele tem que estar fechado, não é mesmo?!
Isso é mais uma coisa óbvia.

https://www.haikudeck.com/placas-sem-coerncia--uncategorized-presentation-veEfulYyHM

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Mais uma vez, a repetição do óbvio. Vocês já viram gelo quente? Eu nunca vi!

https://www.gadoo.com.br/entretenimento/31-placas-com-erros-de-ortografia-que-provam-que-lingua-portuguesa-nao-e-tao-simples/

Animais são bichos, não é mesmo?


Os exemplos apresentados trazem textos em que não houve progressão de sentido,
pois os autores apenas repetiram, com outras palavras, informações que já haviam
sido dadas.

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6.3 Continuidade

A metarregra da continuidade está relacionada à coesão textual. É preciso que


saibamos ligar as informações, estabelecendo o sentido correto entre as orações e
parágrafos e, também, que evitemos repetir muitas vezes a mesma palavra.
Vejamos alguns exemplos.
*Comprei um carro. Um carro veio com defeito.

Nesse caso, deveríamos ter utilizado um artigo definido (coesão referencial). O


correto seria:
Comprei um carro. O carro veio com defeito.

Observem, agora, o seguinte exemplo:


*A menina estava com febre alta e, por isso, a mãe da menina levou a menina ao
hospital.
Como podemos perceber, a palavra menina foi repetida muitas vezes em um
trecho muito curto. Essa repetição poderia ter sido evitada com mecanismos de
coesão. Vejam:
A menina estava com febre alta e, por isso, sua mãe a levou ao hospital.
Utilizando pronomes (sua; a), evitamos a repetição da palavra “menina”. Seguimos,
portanto, a metarregra da continuidade.

6.4 Relação

A metarregra da RELAÇÃO consiste em dizer sempre algo que tenha relação


com o mundo real ou com um mundo possível. Vocês se lembram de ter lido
algum absurdo, algo que não fazia sentido nenhum? Se a reposta for sim, isso
provavelmente aconteceu porque a metarregra da relação não foi seguida. Vamos,
então, ver alguns exemplos.

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https://www.mairinque.sp.gov.br/arquivos/atividades-domiciliares/2922a1e4-ac3b-418a-8346-f11c26fd79fb.pdf

Nesse exemplo, não há relação com o mundo real ou com um mundo possível,
pois linguiças nunca são atendidas. O anúncio acabou se tornando engraçado.

https://br.pinterest.com/pin/355643701800996567/

Vocês já viram algum frango com orelhas? Esse anúncio de oferta está, claramente,
indo contra a metarregra de relação, não é mesmo?

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https://cooeporedacao.weebly.com/temas/coesao-e-coerencia

Produtos com glúteos ainda não existem. Pelo menos ainda não conheço. Mais
um anúncio engraçado. Nesse caso, a metarregra da relação não foi seguida porque
houve um erro na escolha do vocabulário (“glúteos” em vez de “glúten”).

https://www.tediado.com.br/04/40-melhores-placas-e-avisos-de-todos-os-tempos/]

Nesse outro exemplo, a pessoa foi um pouco infeliz, não é mesmo? A metarregra
da relação não foi seguida, pois, no mundo real ou em um mundo possível, não
comemos pessoas, muito menos em pratos. Não somos canibais, certo?

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https://www.largadoemguarapari.com.br/13largado/?p=26743

Vejam só esse jornal. O autor ou a autora dessa matéria colocou mortos para
andar. Impossível isso, concordam? Não há, portanto, relação com o mundo real
ou com um mundo possível.
Vimos, portanto, nesta aula, o que é preciso fazer para que nossos textos sejam
coerentes. Se seguirmos as quatro metarregras, garantiremos que nossos textos
façam sentido e que não se tornem motivo de piada por aí.

ISTO ESTÁ NA REDE

Placas engraçadas maltratam a Língua Portuguesa pelo Brasil


Dísponível em: https://entretenimento.r7.com/humor/fotos/placas-engracadas-
maltratam-a-lingua-portuguesa-pelo-brasil-26082019

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AULA 07
CONCORDÂNCIA NOMINAL

https://brainly.com.br/tarefa/27485361

Começamos nossa aula com esse erro de concordância. O aviso acima está um
pouco estranho, não acham? Temos aí um erro de concordância nominal. Vamos,
então, ver o que é concordância nominal e quais são as regras e as exceções a essas
regras, para que, a partir de hoje, não corramos o risco de escrever algo com um erro
como esse aí que acabamos de ver.
A concordância nominal consiste em concordar com os substantivos os pronomes
adjetivos (ou seja, pronomes que modificam um substantivo), os adjetivos (palavras
que dão qualidade a um substantivo) e os artigos (o, a, os, as, um, uma, uns, umas)
que se referem a ele.
A concordância deve ser feita:
• Em gênero – masculino e feminino
• Em número – singular e plural.

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Vejamos alguns exemplos.


• O projeto está bom.
• Os projetos estão bons.
• A maquete está perfeita.
• As maquetes estão perfeitas.

Importante lembrar que existem adjetivos que não têm distinção entre feminino
e masculino, ou seja, servem para qualificar tanto substantivos masculinos quanto
substantivos femininos. É o caso do adjetivo INTELIGENTE, por exemplo. Podemos
dizer:
• Menina inteligente.
• Menino inteligente.
• Meninas inteligentes.
• Meninos inteligentes.

Percebam que, nesse caso, é feita apenas a concordância em número (singular e


plural) com o adjetivo INTELIGENTE.
No entanto, como nem tudo nesta vida são flores, existem alguns casos especiais
que merecem nossa atenção. Vejamos, então, cada um deles.

7.1 Um adjetivo qualificando dois ou mais substantivos

Muitas vezes, temos um adjetivo que qualifica mais de um substantivo. Se esse


adjetivo estiver antes dos substantivos que ele qualifica, ele pode concordar com
todos ou apenas com o substantivo que está mais perto dele.
Compramos usados um carro e uma moto.
Compramos usado um carro e uma moto.
Nesses dois exemplos, o carro e a moto são usados.
Existem também a possibilidade de o adjetivo estar depois dos substantivos que
ele qualifica. Nesse caso, o adjetivo pode concordar apenas com o substantivo que
está mais próximo a ele ou então concordar com os dois, mas haverá mudança de
sentido. Vejam:
Compramos um carro e uma moto usada.
No exemplo acima, apenas a moto é usada.
Se quisermos dizer que o carro é usado e a moto também é usada, devemos dizer
o seguinte:

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Compramos um carro e uma moto usados.

7.2 Particípios e predicativos

Os particípios e predicativos concordam com o substantivo a que estão se referindo.


Mas o que são particípios e predicativos?
PARTICÍPIO é uma forma nominal do verbo. De modo geral, o particípio é feito com
as terminações ADO e IDO:
Comprar – comprado
Beber – bebido
Dormir – dormido
Projetar – projetado
No entanto, existem verbos que possuem particípios irregulares:
Fazer – feito (não dizemos “fazido”)
Abrir – aberto (não se diz “abrido”)
Feitas as contas, vimos que não poderíamos comprar o apartamento.

E os PREDICATIVOS?
Predicativos são qualificadores do sujeito. Isso tudo se refere à estrutura das
sentenças. Para facilitar, vamos pensar que os predicativos são palavras que se referem
ao sujeito, dando a ele uma qualidade, uma característica, descrevendo seu estado.
Assim, fica mais fácil compreender sem ter que ficar pensando em termos difíceis.
A documentação está pronta.
Nesse exemplo, a palavra PRONTA é predicativo do sujeito A DOCUMENTAÇÃO,
pois expressa seu estado (ela está pronta).

7.3 Expressões invariáveis

Como o próprio nome já sugere, as expressões invariáveis não sofrem variação


com relação ao gênero (masculino ou feminino) nem com relação ao número (singular
ou plural). Isso acontece porque, nessas expressões, a concordância é barrada pelas
preposições.
Vocês são muito sem noção.
Essas mulheres são de lua.
Nas frases acima, as expressões SEM NOÇÃO e DE LUA não variam devido à
existência das preposições SEM e DE.

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7.4 Adjetivos compostos

Adjetivos compostos são aqueles formados por mais de uma palavra. Nesse caso,
a regra nos diz que devemos flexionar apenas a segunda palavra. Vejam:
Aquela artista é luso-brasileira.
Percebam que a palavra BRASILEIRA foi flexionada, concordando com o substantivo
artista, enquanto a palavra LUSO permaneceu sem sofrer nenhuma alteração.
O adjetivo SURDO-MUDO é uma exceção. As duas palavras que o compõem devem
ser flexionadas.
Menino surdo-mudo.
Menina surda-muda.
Meninos surdos-mudos.
Meninas surdas-mudas.

7.5 Cores

A regra para a concordância das cores diz que elas devem concordar com o
substantivo a que se referem.
Olhos verdes.
Roupa branca.
Sapatos azuis.
No entanto, existem cores que não são realmente cores. Muitas vezes, utilizamos
um substantivo que dá nome a uma outra coisa para descrever uma cor. Nesses
casos, não deve haver flexão.
Dias cinza.
Poltronas vinho.
Nesses casos, CINZA e VINHO não são cores, mas nomes de outras coisas que
são utilizados para representar uma cor. Por isso, não são flexionados.
Existe, nesse caso, uma exceção. A palavra LILÁS que, apesar de ser nome de uma
flor, possui forma plural:
Roupa lilás.
Roupas lilases.
As cores BEGE, AZUL-MARINHO e AZUL-CELESTE também são exceções, pois não
devem variar.
Esmaltes bege.

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Esmaltes azul-marinho.
Esmaltes azul-celeste.
Com as cores compostas, devemos seguir a mesma regra dos substantivos
compostos, ou seja, apenas a última palavra deve ser flexionada.
Terno azul-escuro.
Ternos azul-escuros.
Colcha azul-escura.
Colchas azul-escuras.
Existem, no entanto, exceções. Se a segunda palavra for um substantivo, ela não
deve variar.
Meias azul-piscina.
Almofadas verde-bandeira.

7.6 Expressão TAL QUAL

Na expressão TAL QUAL, a palavra TAL deve concordar com o substantivo da


esquerda e a palavra QUAL, com o da direita.
Fizemos o projeto tal qual o modelo.
Fizemos os projetos tais qual o modelo.
Fizemos o projeto tal quais os modelos.
Fizemos os projetos tais quais os modelos.

7.7 Advérbios

O que são ADVÉRBIOS? Advérbios são palavras que modificam verbos, adjetivos
ou outros advérbios
Vejam um exemplo disso.
Maria é rápida.
Maria anda rápido.
No primeiro exemplo, RÁPIDO é um adjetivo, pois se refere a MARIA, que é um
substantivo. Na segunda frase, a palavra RÁPIDO é um advérbio, pois se refere à
maneira como Maria anda, ou seja, está relacionado ao verbo ANDAR, modificando-o.
Enquanto os adjetivos devem concordar com o substantivo a que se referem em
gênero e número, os advérbios são invariáveis, ou seja, não se flexionam em gênero
e número. Por isso, devemos prestar muita atenção!
João é rápido.

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Maria é rápida.
João e Paulo são rápidos.
Maria e Ana são rápidas.
João anda rápido.
Maria anda rápido.
João e Paulo andam rápido.
Maria e Ana andam rápido.
Percebam que, quando temos adjetivo, ele concorda com o substantivo a que se
refere. Quando temos advérbio, ele permanece invariável.
É por isso que devemos dizer MEIO CANSADA, pois a palavra MEIO, nesse caso, é
um advérbio e deve, portanto, permanecer invariável.

https://enem.estuda.com/questoes/?id=86041

Meio cansada = meio é advérbio, por isso não varia.


Meia xícara – meio é adjetivo, por isso concorda com xícara em gênero e número.
7.8 Verbo SER

É preciso ajustes no projeto.


É comum termos a impressão de que a concordância está errada em casos como
esse. No entanto, não há erro nenhum!
O que acontece é que há um verbo implícito, ou seja, ele não está na frase, mas é
como se estivesse:
É preciso HAVER ajustes no projeto.

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ANOTE ISSO

PROIBIDO A ENTRADA DE PESSOAS SEM MÁSCARA.*


A frase acima está errada. Embora seja muito comum vermos isso em nosso dia a
dia, trata-se de um erro de concordância.
Existem duas maneiras de “consertarmos” isso:
É proibido entrada de pessoas sem máscara.
Ou...
É proibida a entrada de pessoas sem máscara.
Quando não utilizamos o artigo A antes da palavra entrada, devemos escrever
PROIBIDO.
Quando há artigo antes da palavra ENTRADA (A ENTRADA), devemos então utilizar
a forma PROIBIDA.
Vejamos uma placa com erro:

https://www.extra.com.br/placa-proibido-entrada-pessoas-estranhas-guarita-27x35/p/1512265891

E agora, duas placas corretas:

https://www.americanas.com.br/produto/108212210 https://shopee.com.br/Placa-Decorativa-Aviso-Proibido-entrada-de-pessoas-se-
Camisa-i.323409264.13113569758

Nesta aula, vimos, portanto, as regras e exceções relacionadas à concordância


nominal e, em nossa próxima aula, falaremos sobre concordância verbal.

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AULA 08
CONCORDÂNCIA VERBAL

Vocês se lembram de, alguma vez, terem conjugado verbos? Quando estamos na
escola e a professora nos pede para fazer a conjugação, o que nós fazemos?
• Eu amo
• Tu amas
• Ele ama
• Nós amamos
• Vós amais
• Eles amam

Provavelmente, todos vocês já devem ter feito isso pelo menos algumas vezes na
vida. Isso acontece porque, como podemos observar, o verbo tem diferentes formas,
dependendo da pessoa com quem ele concorda (eu, tu, ele, nós, vós ou eles).
A regra da concordância verbal é a seguinte: o verbo deve concordar com o sujeito
em número e em pessoa. As pessoas são: primeira (quem fala), segunda (com quem
se fala) e terceira (de quem ou do que se fala). O número é singular ou plural.
• Eu – primeira pessoa do singular.
• Tu – segunda pessoa do singular.
• Ele – terceira pessoa do singular.
• Nós – primeira pessoa do plural.
• Vós – segunda pessoa do plural.
• Eles – segunda pessoa do plural.

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ANOTE ISTO

No Brasil, o pronome TU é utilizado apenas em algumas regiões. O pronome mais


utilizado em nosso país para fazer referência à segunda pessoa do discurso é o
pronome VOCÊ.
Nós estudaremos os pronomes mais à frente. Porém, já vou adiantar uma
informação.
O pronome VOCÊ, apesar de ser utilizado para se referir à segunda pessoa,
concorda com o verbo em terceira pessoa (ele, ela).
Vejam:
• Eu vou
• Tu vais
• Ele vai
Nós não dizemos VOCÊ VAIS*. O correto é VOCÊ VAI. Percebam que a forma verbal
utilizada foi a mesma de ELE VAI.
Vocês descobrirão por que isso acontece em nossa aula sobre pronomes.
Aguardem!
Vimos, até aqui, a regra geral da concordância verbal. No entanto, existem alguns
casos especiais, assim como na concordância nominal, e nós estudaremos esses
casos a partir de agora.

8.1 O artigo e o núcleo do sujeito estão no plural

O sujeito de uma oração é aquele que encontramos quando fazemos para o verbo
a pergunta: QUEM? A resposta a essa pergunta sempre será o sujeito. Mas lembrem-
se sempre de que o sujeito não precisa ser uma pessoa.
Maria caiu da escada.
Quem caiu? Maria. Nessa frase, portanto, o sujeito é MARIA.
Meu carro quebrou.
Quem quebrou? Meu carro. Nesse exemplo, o sujeito é MEU CARRO. Vejam que
essa foi a resposta que obtive ao perguntar QUEM?
Muitas vezes, temos em uma oração, o núcleo do sujeito, ou seja, a palavra mais
importante do sujeito, no plural. Nesse caso, se o artigo também estiver no plural, a
concordância deve ser feita no plural. Vejam:
• Os Estados Unidos são uma grande potência.
• Os Estados Unidos é uma grande potência. *

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A segunda frase está errada, enquanto a primeira está perfeitamente correta. Como
o artigo OS e o núcleo do sujeito (ESTADOS UNIDOS) estão no plural, o verbo também
deve ir para o plural.
As pessoas costumam errar porque acham que devido ao fato de os Estados Unidos
serem um país só, a concordância deve ser feita no singular, mas quando o artigo está
no plural (OS) e o núcleo do sujeito está no plural (ESTADOS UNIDOS), a concordância
do verbo deve ser feita no plural.
Vamos ver mais um exemplo.
Os membros da equipe deram o seu melhor.
Percebam que o verbo DAR concorda no plural com OS MEMBROS (artigo OS e
núcleo do sujeito MEMBROS).

8.2 Pronomes de Tratamento

Os verbos devem concordar com os pronomes de tratamento na terceira pessoa


do singular (a mesma forma utilizada para ELE ou ELA)
Vossa Excelência tem um minuto?

8.3 Porcentagem e expressões como GRANDE PARTE DE, A MAIORIA, A MINORIA...

Com relação às porcentagens, a concordância com porcentagens pode ser feita


de duas maneiras: é possível concordar o verbo com o número percentual ou com a
palavra a que ele se refere. Vejam:
25% da equipe receberá um aumento.
25% da equipe receberão um aumento.
Importante ressaltar que, apesar de as duas formas serem possíveis, a forma que
mais se utiliza é a concordância com a palavra à qual a porcentagem se refere (nos
exemplos acima, a palavra EQUIPE).
Mas observeM:

https://blog.enem.com.br/erros-de-concordancia-confira-os-principais/

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Nesse caso houve erro de concordância, pois a porcentagem está no plural e a


palavra a que ela se refere também está no plural. Portanto, a única maneira correta
de realizar a concordância nesse caso é utilizando o verbo no plural:
Até 50% dos alimentos vão para o lixo.
A concordância também pode ser feita de suas formas com expressões como A
MAIORIA, A MINORIA, GRANDE PARTE, A MAIOR PARTE, etc. Nesses casos, podemos
fazer a concordância do verbo com a expressão ou com a palavra a que ela se refere.
A maioria das pessoas não acreditou nessa história.
A maioria das pessoas não acreditaram nessa história.
Percebam que o verbo pode concordar com A MAIORIA ou com AS PESSOAS. As
duas formas estão perfeitamente corretas.

https://app.estuda.com/questoes/?id=440518

Nessa charge, no primeiro quadrinho, poderíamos ter a mesma frase dita de outra
maneira: A MAIORIA DOS GATOS NÃO TOMAM SORVETE.

8.4 Frações

Quando temos números fracionários, o verbo deve concordar com a fração.


Um quarto dos convidados não compareceu.
Dois quartos dos convidados não compareceram.
Percebam que com UM QUARTO, a concordância foi feita no singular e com DOIS
QUARTOS, o verbo foi para o plural.

8.5 Cada um, mais de um, mais de uma

O verbo deve concordar com essas expressões na terceira pessoa do singular.


Mais de um convidado não compareceu.
Cada um deve cuidar de seus afazeres.

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É importante ressaltar, no entanto, que quando após as expressões MAIS DE UM


ou MAIS DE UMA houver uma palavra que indique plural, o verbo concordará no plural.
Mais de uma dezena de convidados não compareceram.

8.6 Um dos que, cerca de, perto de, mais de, menos de

Para concordar corretamente com essas expressões, o verbo deve ficar na terceira
pessoa do plural.
Esse é um dos problemas que mais me preocupam.
Perto de dez pessoas se feriram no acidente.
Menos 8 alunos estavam na aula.

8.7 Um que, o primeiro que, o último que...

Com essas expressões, o verbo deve ficar na terceira pessoa do singular.


Ele é um homem que não cumpre com sua palavra
Ela foi a última que saiu da sala.

8.8 Horas

https://www.facebook.com/ArtedeFalarPortugues/photos/erros-de-concord%C3%A2ncia-verbal-e-nominal/769799599742064/

Os verbos SER, DAR, SOAR e BATER, quando estiverem se referindo às horas, devem
concordar com o número de horas. Desse modo, esses verbos devem no singular com
MEIO-DIA, MEIA-NOITE e UMA HORA. Com as demais, o verbo deve concordar no plural.
São nove horas.
Deram nove horas.
É meio-dia.
É meia noite.
É uma hora

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8.9 Expressões que indicam adição

Existem expressões que indicam adição. É o caso de expressões como NÃO SÓ...MAS
TAMBÉM, NÃO SÓ...MAS AINDA, TANTO...COMO. Como elas indicam adição (soma),
devemos utilizar o verbo no plural. Vejam:
Não só os alunos, mas também os professores devem ter comprometimento.
Tanto os alunos quanto os professores devem ter comprometimento.
Em ambos os casos, os alunos e os professores devem ter comprometimento. Por
isso, o verbo fica no plural.

8.10 Sujeito composto

Devemos fazer a concordância eito no plural quando o sujeito composto está antes
do verbo.
Uma mulher e um homem foram atingidos.
No entanto, é possível que o sujeito composto esteja depois do verbo. Nesse caso,
a concordância pode ser feita de duas maneiras: no plural ou com o primeiro núcleo,
ou seja, a primeira palavra mais importante daquele sujeito.
Foram atingidos um homem e uma mulher.
Foi atingido um homem e uma mulher.
Na primeira frase o verbo está concordando no plural (concorda com UM HOMEM
E UMA MULHER). Na segunda, o verbo concorda apenas com o primeiro núcleo do
sujeito (HOMEM)

8.11 Verbos impessoais

O que são verbos impessoais?


Verbos impessoais são aqueles não têm sujeito. De maneira mais simples, para
identificar um verbo impessoal, devemos perguntar ao verbo: QUEM? Se não obtivermos
nenhuma resposta, aquele verbo é impessoal Veja os exemplos a seguir:
Eles fizeram uma grande festa.
Faz cinco dias que não saio de casa.
Na segunda frase, se perguntarmos ao verbo QUEM FEZ?, não haverá resposta.
Isso acontece porque o verbo é impessoal.
Quando o verbo é impessoal ele fica sempre na terceira pessoa do singular. Isso
ocorre, por exemplo, com o verbo HAVER, no sentido de existir e com o verbo FAZER
quando indica tempo.
Houve um erro no documento.

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Houve vários erros no documento


Houveram vários erros no documento*. (ERRADO)
Faz três dias que não durmo direito.
Fazem três dias que não durmo direito.* (ERRADO)

8.12 Um e outro, nem um nem outro, nem...nem

Com essas expressões, fica tudo muito fácil, pois podemos utilizar o verbo no
singular ou no plural. Tanto faz!
Um e outro não gostou da comida.
Um e outro não gostaram da comida.
Nem eu nem você estamos bem.
Nem eu nem você está bem.

8.13 Ou

O verbo deve concordar sempre com a palavra que vem após a conjunção OU e, se
ela aparecer mais de uma vez na frase, o verbo concordará com a palavra que vem
após a última vez em que ela aparece.
Ou eles ou nós seremos os campeões.
Ou nós ou eles serão os campeões.
Ela ou eu serei contratada.
Eu ou ela será contratada.

8.14 Pronomes indefinidos e Interrogativos

Se os pronomes indefinidos (alguém, nenhum, ninguém, etc.) e os pronomes


interrogativos (qual, quais, quantos, quem, etc.) estiverem no singular, o verbo deve
concordar no singular, mesmo que após esses pronomes haja pronome pessoal no
plural.
Ninguém de nós foi culpado pelo incidente.
Alguém de vocês poderia me ajudar?
Mas prestem bastante atenção! Quando os pronomes indefinidos ou os interrogativos
estiverem no plural e houver pronome pessoal após eles, o verbo deverá concordar
com o pronome pessoal.
Alguns de nós teremos problemas.
Quem de nós será promovido?
Quais de nós seremos promovidos?

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ANOTE ISTO

https://portuguesemplacas.blogspot.com/2014/

Essa placa contém um erro grave de concordância. O correto seria: ALUGAM-SE


SALAS COMERCIAIS.
Na voz passiva sintética (aluga-se, vende-se, compra-se), o verbo deverá concordar
com o substantivo, ou seja, aquilo que está sendo vendido, alugado, comprado, etc.
Vende-se casa.
Vendem-se casas.
Compra-se ouro.
Compram-se anéis de ouro.
Para saber se temos um caso de voz passiva sintética, é só fazer o seguinte:
Vendem-se casas.
Eu posso dizer: Casas são vendidas.
Portanto, o verbo deve ir para o plural.
Mas vejam:
Precisa-se de faxineiras.
Eu não posso dizer: Faxineiras são precisas.
Portanto, nesse caso, o verbo fica no singular.

A concordância verbal é um assunto muito extenso e complexo. Fiz, durante esta


aula, considerações importantes e mostrei a vocês exemplos dos casos que mais
causam confusão e que são responsáveis pela maioria dos erros relacionados à
concordância. Espero que, a partir de hoje, esse assunto não seja mais um grande
problema para vocês.

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AULA 09
REGÊNCIA VERBAL

O que é regência verbal?


Pensem na palavra REGÊNCIA. Em uma orquestra, o responsável pela regência é
o maestro. É ele quem comanda todos os músicos, que o seguem para que a música
seja tocada de maneira correta.
Os verbos também têm sua regência. Eles exigem que haja ou que não haja uma
preposição depois deles. Precisamos estar sempre muito atentos, pois existem verbos
que possuem mais de uma regência, e cada uma delas traz ao verbo um significado
diferente.
Veremos nesta aula alguns verbos que causam alguns probleminhas em nossas
vidas, pois são “traiçoeiros” com relação à regência.

9.1 Aspirar

https://docplayer.com.br/5911096-Materia-lingua-portuguesa-professor-karla-gomes-serie-3o-ano-tipo-trabalho-de-recuperacao-2a-etapa.html

O verbo ASPIRAR tem dupla regência. Esse verbo assume significados diferentes,
dependendo se está ou não seguido de preposição. Quando o utilizamos sem preposição,
ele é sinônimo de respirar, inspirar, inalar, etc.
Vejamos alguns exemplos:

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Ele aspirou muita fumaça e precisou ser levado ao hospital.


Gosto de aspirar o perfume das flores no quintal de minha casa.
A faxineira aspirou todo o pó antes de passar pano no chão.
Existe também um outro sentido. O verbo ASPIRAR pode ser sinônimo de intencionar,
pretender, desejar, etc. Nesse caso, ele vem seguido da preposição A. Vejam:
Ele aspira a um cargo de gerência.
Nós aspiramos a uma vida melhor.
O jovem garoto aspira a um futuro melhor.

9.2 Visar

O verbo VISAR também assume diferentes significados devido à presença ou


ausência da preposição A.
Visar alguma coisa (sem preposição) pode ter dois significados:
1. Dar visto, rubricar, autenticar, etc.
A secretária visou o documento.
É necessário visar o passaporte para que ele seja válido.

2. Mirar, olhar, avistar, etc.


O atirador visou o alvo com atenção antes de atirar.
Quando seguido da preposição A, o verbo VISAR significa almejar, pretender, querer,
ec.
Visamos a melhores condições de trabalho.
A aluna visa a uma bolsa de estudos para poder continuar sua graduação.

9.3 Assistir

Um verbo responsável por muitos erros de regência é o verbo ASSISTIR. Na linguagem


coloquial, é muito comum construirmos frases como a que aparece na tirinha a seguir

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“Vai assistir o jogo na sala!”


Nessa frase, o verbo ASSISTIR está com sua regência incorreta. Esse verbi possui
dupla regência. Sem preposição, como aparece na tirinha, tem o sentido de dar
assistência, auxiliar, ajudar.
A enfermeira assistiu o parto.
O monitor assistiu o aluno.
Quando o verbo assistir está acompanhado da preposição A, ele significa ser
espectador.
Nós assistimos ao show bem perto do palco.
Você assistiu ao jornal ontem?
Vamos assistir a um filme amanhã?

https://atividadesdeportugueseliteratura.blogspot.com/2019/10/transitividade-verbal-exercicio-com.html

9.4 Implicar

https://brainly.com.br/tarefa/36448342

É muito comum encontrarmos o verbo IMPLICAR utilizado de maneira incorreta.


Quando queremos utilizar esse verbo com o sentido de causar, acarretar, resultar,
etc., devemos utilizá-lo SEM preposição, como podemos ver na charge apresentada.
Vejamos outros exemplos.
Seu comportamento poderá implicar sua demissão.
A frase acima está perfeitamente correta. Muitas pessoas, no entanto, utilizam o
verbo IMPLICAR com a preposição EM. Isso é errado!
Seu comportamento poderá implicar na sua demissão. (ERRADO!)

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Essa frase está incorreta, pois não utilizamos a preposição EM (NA= EM + A) com
o verbo implicar.
O verbo implicar também pode ter o sentido de antipatizar, cismar, importunar,
provocar, etc. Nesses casos, ele deve ser seguido pela preposição COM. Vejam o
exemplo a seguir:

https://br.pinterest.com/pin/53902526768486433/

Observem mais exemplos:


Aquele aluno implica com todos os seus colegas.
Minha mãe sempre implica com meus amigos.
Pare de implicar comigo!

9.5 Obedecer

Pode até não parecer, mas essa placa apresenta erro de regência. O verbo OBEDECER
deve ser seguido pela preposição A. É o que diz a gramática normativa. Existe uma

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tendência a utilizarmos esse verbo sem preposição, assim como podemos ver na
placa. Porém, temos que ter cuidado, pois, em contextos formais, em que devemos
utilizar a norma culta da língua, precisamos nos atentar à regência correta. O correto
nesse caso seria, portanto:
OBEDEÇA À SINALIZAÇÃO.
Deveria ocorrer crase (A – preposição + A – artigo), assunto que veremos em uma
de nossas próximas aulas.
Tenham sempre em mente que o correto com relação à regência do verbo obedecer
é: obedecer A algo ou A alguém.
Devemos obedecer aos nossos pais.
O aluno deve obedecer ao professor.

9.6 Informar; avisar; notificar

http://www.vsgcondominios.com.br/?p=1251

Os verbos INFORMAR, AVISAR e NOTIFICAR possuem dupla regência. MAS ATENÇÃO!


Esses verbos não sofrem mudança de significado de acordo com a regência. Existem
duas formas de utilizá-los, ambas estão corretas e ambas têm o mesmo sentido.
Podemos utilizar a regência com a preposição A, como nesse aviso que vocês
acabaram de ver.
Informamos AOS nossos clientes que estaremos fechados.
Ou poderíamos utilizar a preposição DE e dizer:
Informamos os nossos clientes DE que estaremos fechados.
Percebam que podemos:
Informar algo A alguém (ou informar a alguém algo)
Informar alguém DE algo.
O mesmo acontece com os verbos AVISAR e NOTIFICAR.

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https://www.facebook.com/supermercado.dorense/photos/bom-dia-avisamos-aos-nossos-clientes-e-amigos-que-o-supermercado-dorenserede-
uai/1315372911935637/

Esse comunicado também poderia ter sido escrito da seguinte forma:


Avisamos nossos clientes e amigos de que o supermercado Dorense / Rede Uai
não abrirá dia 15/11.
Vejam outro exemplo:
Avisamos AOS alunos que não haverá aula amanhã.
Avisamos os alunos DE que não haverá aula amanhã.
A primeira forma é a mais comum, mas ambas estão corretas.

9.7 Reclamar

https://pt.dopl3r.com/memes/graciosos/cloe-ironica-voce-gosta-do-calor-eu-nao-ta-doida-e-do-frio-voce-gosta-tambem-nao-do-que-voce-gosta-eu-gosto-e-de-
0-entaeo-reclamar/206398

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Está aí um verbo que todos nós conhecemos. O verbo RECLAMAR. Quem nunca
reclamou de alguma coisa que atire a primeira pedra. Uns reclamam mais, outros,
menos, mas a verdade é que todos nós, vez ou outra, temos uma reclamaçãozinha
a fazer, não é mesmo?!
Reclamar DE algo é mostra-se descontente com aquilo. Podemos reclamar do
clima, do trabalho, dos estudos, dos amigos, dos colegas, do preço do combustível,
da inflação. Enfim, podemos reclamar DE muitas coisas. Mas vocês sabiam que o
verbo RECLAMAR possui outra regência que faz com que ele tenha outro sentido?
Pois é, podemos também RECLAMAR ALGO, ou seja, reivindicar. Nesse caso, não
há preposição.
A população deve reclamar seus direitos.
O filho reclamou a herança do pai.

9.8 Ir

https://www.bombounowa.com/imagens/voce-vai-na-festa-neto/

Pode parecer que não, mas na imagem apresentada, temos um erro de regência. É
muito comum dizermos que vamos EM algum lugar, não é mesmo. Tudo bem, no dia
a dia podemos fazer isso, utilizando a linguagem coloquial. No entanto, precisamos
conhecer a regência correta do verbo IR.

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O correto é IR A ALGUM LUGAR.


Isso mesmo! O verbo IR pede preposição A. Nós vamos a uma festa, vamos ao
show, vamos a um evento, vamos ao shopping. Essa é a regência correta. Portanto,
quando forem falar ou escrever em um contexto formal, deixem de lado o IR EM
ALGUM LUGAR para IR A ALGUM LUGAR, certo?
Vamos, então, A uma super dica.

ANOTE ISTO

https://brainly.com.br/tarefa/13194169

A tirinha apresentada traz um erro muito frequente de regência verbal. O verbo


PREFERIR é, geralmente, utilizado com regência incorreta. É muito comum
ouvirmos ou lermos por aí frases do tipo:
Prefiro uísque do que cerveja.
Prefiro ir ao cinema do que ir a festas.
Essas frases, apesar de parecerem absolutamente corretas, estão erradas, pois a
regência do verbo PREFERIR é feita com a preposição A. Portanto, o correto é dizer:
Prefiro uísque a cerveja.
Prefiro ir ao cinema a ir a festas.
Lembrem-se sempre disso:
Preferimos uma coisa A outra e não uma coisa DO QUE outra.

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AULA 10
PONTUAÇÃO

Uma das coisas que mais nos deixam confusos na hora de escrever é, sem dúvida,
a pontuação. Para sermos mais específicos, o que realmente nos deixa de cabelo em
pé é nossa querida amiga vírgula, não é mesmo?!
Muitas vezes, ouvimos pessoas dizerem que temos que colocar vírgula onde
respiramos. Arriscado, não acham? Se for assim, quando estivermos cansados,
respirando com uma frequência maior, colocaremos mais vírgula. Imagine alguém
com uma crise de asma escrevendo um e-mail. Teríamos vírgulas até no meio das
palavras.
Brincadeiras à parte. Mas, realmente, essa informação de que devemos colocar
vírgulas quando respiramos é arriscada e não faz muito sentido. Precisamos, portanto,
conhecer as regras para que realmente saibamos quando colocar ou não vírgulas em
nosso texto.
Aí vocês podem pensar se faz mesmo tanta diferença colocarmos vírgulas
corretamente em nossos textos. E eu digo a vocês que é extremamente importante,
pois ela tem o poder de mudar todo o sentido de uma frase.
Sabiam que a ausência de uma vírgula pode nos tornar canibais? Vou mostrar a
vocês que não estou mentido. Vejam:
Quero comer, gente!
Quero comer gente!
Na primeira frase, a palavra GENTE após a vírgula se torna vocativo, ou seja,
estou me referindo às pessoas com quem estou falando. Na segunda frase, GENTE
é complemento do verbo COMER. Então estou dizendo que quero comer gente. Tenso,
não acham? É como dizer: Quero comer chocolate!
Então, tomem muito cuidado com as vírgulas. Muito cuidado mesmo
Vamos dar uma olhada em alguns casos em que a vírgula ou a ausência dela fez
toda a diferença?

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https://segredosdomundo.r7.com/virgula/

Um pouco estranho esse aviso, não acham? Bicicletas não podem fumar cães. É
mais ou menos isso o que está escrito aí. Faltaram vírgulas!
Vamos ao próximo exemplo.
NÃO FIQUE!
NÃO, FIQUE!
Sabem qual é a diferença entre as duas frases? Na primeira a pessoa não quer
que você fique. Não segunda, ela está te pedindo para ficar. Vejam só, uma vírgula
mudando tudo. Poderosa, não acham?
Agora, observem isto:

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https://segredosdomundo.r7.com/virgula/

Esse aí está vendendo pessoas. Tráfico de pessoas é crime. Olha a vírgula tornando
as pessoas criminosas. O que aconteceu foi que a vírgula foi colocada no lugar errado.
Ele quis falar com as meninas. Deveria, portanto, ter escrito da seguinte forma:
Vendo, meninas. Aceito cartão.
E tem mais. Deem só uma olhada:

https://segredosdomundo.r7.com/virgula/

Nesse caso, a pessoa disse que queria virar menina. Faltou nossa amiga vírgula
mais uma vez. O correto seria:
Vamos virar, meninas.

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Agora que já mostrei como uma vírgula pode fazer uma enorme diferença e até nos
tornar criminosos ou canibais, vamos aprender então algumas regras com relação ao
uso desse sinal de pontuação tão importante e tão necessário.
Nesta aula, não falarei de todas as regras de pontuação, pois seria algo muito
extenso. Porém, passarei para vocês as principais regras com relação ao uso da
vírgula, para que, a partir de hoje, vocês possam usá-la com maior segurança, sem
correrem o risco de escrever algo que não queriam apenas pelo fato de colocar uma
vírgula onde não deviam ou então por não colocarem uma onde ela deveria estar.
Vamos às regras

10.1 Casos em que o uso da vírgula é proibido

Existem alguns casos em que não podemos, em hipótese alguma, usar vírgulas.
Vamos dar uma olhada.

10.1.1 Sujeito e verbo

Não podemos utilizar vírgula para separar sujeito e verbo. A regra é bem clara. Mas,
para sabermos utilizá-la, é necessário que saibamos identificar o sujeito da oração.
Para achar o SUJEITO de uma oração, devemos perguntar ao verbo: QUEM?
A resposta não precisa ser, necessariamente, uma pessoa. Vejam:
Magali comeu uma melancia inteira.
QUEM comeu? MAGALI = Sujeito
Meu carro quebrou na estrada.
QUEM quebrou? MEU CARRO = Sujeito
A maçã estava podre.
QUEM estava podre? A MAÇÃ = Sujeito
Pronto! Já sabemos achar o sujeito. Também sabemos que não podemos separá-lo
do verbo com vírgula. Deem uma olhada nesta frase:
João, estava cansado de tanto trabalhar * (ERRADO)
A frase acima está errada, pois JOÃO é sujeito e ESTAVA é verbo, e essas palavras
estão separadas por vírgula. A versão correta seria:
João estava cansado de tanto trabalhar.

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O único caso em que uma vírgula aparecerá depois do sujeito e quando formou
colocar alguma palavra ou bloco de palavras entre o sujeito e o verbo, por exemplo:
João, meu melhor amigo, estava cansado de tanto trabalhar.
Nesse caso, MEU MELHOR AMIGO está explicando quem é o João. Esse grupo de
palavras foi colocado entre o sujeito e o verbo. Quando fazemos isso, colocamos esse
“bloquinho” de palavras entre vírgulas. É como se as vírgulas estivessem abrindo um
espaço ali para podermos acrescentar informações.

10.1.2 Verbo e seus complementos.

Alguns verbos exigem complementos. Os complementos do verbo são chamados


OBJETOS e, assim como o SUJEITO, o OBJETO não pode ser separado do verbo por
vírgula.
Vamos então aprender o que é um objeto.
O OBJETO é o complemento do verbo.
Para alguns verbos fazerem sentido, é necessário que haja um OBJETO.
Por exemplo, seu eu digo “Eu comprei”, vocês irão me perguntar em seguida: “O
que você comprou?”
Isso acontece porque, para que o verbo comprar faça sentido, precisamos de duas
coisas:
1 – ALGUÉM QUE COMPRE = SUJEITO
2 – ALGO QUE SEJA COMPRADO = OBJETO
Às vezes, esse complemento do verbo, o OBJETO, tem uma preposição.
Vejam este exemplo:
Ela gosta de mim.
Quando eu pergunto “Quem gosta?”, a resposta é ELA = SUJEITO.
Mas se alguém gosta, tem que gostar de alguém ou de alguma coisa, certo?
Aí eu pergunto: “Ela gosta do que?”
A resposta é: DE MIM = OBJETO.
Notem que, nesse exemplo, há a preposição DE no objeto (DE MIM).
Vejam mais um exemplo:
Pedro deu uma rosa para sua mãe.
Quem deu? PEDRO = SUJEITO.
Deu o que? UMA ROSA = OBJETO.

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Para quem? PARA SUA MÃE = OBJETO.


Temos 2 objetos (um sem preposição: uma rosa; um com preposição: para sua
mãe) – PARA é preposição.
Sabendo como identificar os objetos, fica fácil cumprirmos a regra que diz que não
podemos separá-los do verbo com vírgulas.
Dei, um presente, ao diretor.* (ERRADO)
Nessa frase, o objeto UM PRESENTE e o objeto AO DIRETOR foram separados do
verbo com vírgula. Isso está errado. O correto seria escrever da seguinte forma:
Dei um presente ao diretor.

10.2 Alguns casos em que o uso da vírgula é obrigatório

10.2.1 Vocativo

Os vocativos devem sempre vir isolados por vírgulas. Mas o que é um VOCATIVO?
De maneira bem simples, vocativo é a palavra que nós utilizamos para chamar alguém
quando estamos falando com essa pessoa. Vejam os exemplos:
João, venha aqui!
Maria, você pode vir trabalhar mais cedo amanhã?
Quero falar com você, Pedro.
Vamos, gente!
Estou vendendo maquiagem, meninas.
Preciso marcar uma reunião, pessoal, o mais rápido possível.
Percebam que as palavras JOÃO, MARIA, PEDRO, GENTE, MENINAS e PESSOAL
são utilizadas para “chamar” a pessoa ou as pessoas com que estamos falando. São,
portanto, vocativos e devem ser isolados por vírgula, independentemente da posição
que ocupam na frase (começo, meio ou fim).

10.2.2 Orações adjetivas explicativas

As orações adjetivas, de maneira bem simples, são grupos de palavras, nos quais pelo
menos uma delas é verbo, que são utilizados para dar características, para qualificar
algo que foi mencionado na frase.

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Existem, no entanto, dois tipos de orações adjetivas: as RESTRITIVAS e as


EXPLICATIVAS. As restritivas, como o próprio nome diz, restringem, ou seja, qualificam
apenas uma parte daquilo a que se referem. As explicativas, por sua vez, qualificam
um todo. Ficou confuso? Vou explicar dando exemplos.
Os homens que não têm caráter não merecem respeito.
Essa é uma oração adjetiva RESTRITIVA, pois estou dizendo que apenas homens
que não têm caráter não merecem respeito. Temos nessa frase a ideia de que existem
homens com caráter e homens sem caráter.
Agora, vejam este outro exemplo:
Os homens, que não têm caráter, não merecem respeito.
Nesse caso, estou dizendo que todos os homens não têm caráter e, por isso, nenhum
homem na face da Terra merece respeito.
Vocês repararam que o que diferencia a RESTRITIVA da EXPLICATIVA são as vírgulas?
Isso mesmo! As vírgulas fazem toda a diferença.
Vamos dar uma olhada em mais um exemplo.
As flores que estão feias devem ser descartadas. (Temos flores feias e flores bonitas.
Apenas as feias devem ser descartadas.)
As flores, que estão feias, devem ser descartas. (Todas as flores estão feias e todas
devem ser descartadas.

10.2.3 Expressões explicativas ou de retificação

De acordo com Abreu (2018), expressões explicativas ou de retificação devem ser


escritas entre vírgulas. Segundo o autor “expressões como além disso, inclusive, isto
é, a saber, aliás, outrossim, com efeito, etc.
As vendas caíram neste trimestre, além disso, perdemos popularidade.
Gatamos tudo o que tínhamos na reforma da casa, ou seja, não teremos dinheiro
para viajar nas férias.

10.2.4 Elipse de verbo

Um outro caso de uso da vírgula é quando temos elipse do verbo. Elipse nada mais é
do que a omissão de um termo. De maneira bem simples, temos elipse de uma palavra
quando ela está “escondida” na frase. Ela não está ali, mas é coo se estivesse. Vejam:

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Eu gosto de café. Minha irmã, de leite.


Nesse exemplo, temo a elipse do verbo (Minha irmã [gosta] de leite.).
Para marcar essa omissão, utilizamos uma vírgula. Vejamos mais um exemplo.
Minha mãe quer comprar um carro. Eu, uma casa. (Eu [quero comprar] uma casa.)

10.2.5 Aposto explicativo

Assim como as orações adjetivas explicativas, os APOSTOS EXPLICATIVOS também


devem vir entre vírgulas. Mas o que é um APOSTO EXPLICATIVO?
Vou explicar de maneira bem simples. Aposto explicativo é um grupo de palavras
(sem verbo) que é utilizado para explicar, para definir algum termo mencionado na frase.
Fabiano, presidente da empresa, está afastado por problemas de saúde.
Na frase acima, o grupo de palavras PRESIDENTE DA EMPRESA é um aposto
explicativo, pois explica, define quem é Fabiano. E, nesse grupo de palavras, não temos
um verbo. Vamos a mais um exemplo.
Sr. Antônio, o jardineiro da escola, está afastado por suspeita de COVID.
O JARDINEIRO DA ESCOLA é aposto explicativo e, por isso, está entre vírgulas.

10.2.6 “Blocos” ou palavras deslocadas na frase

Vou tentar explicar esse último caso para vocês de maneira bem simples. As palavras,
dependendo da função que exercem, tem um local padrão nas frases. Por exemplo:
Comprei um par de sapatos para minha mãe ontem.
A palavra ONTEM é um ADJUNTO ADVEBIAL. Mas o que é isso? Adjuntos adverbiais
dão informações extra na frase. Se eu dissesse que comprei um par de sapatos para
minha mãe, essa frase já faria sentido. Mas eu quis dar informação extra. Quis dizer
que fiz isso ontem. ONTEM é, portanto, um adjunto adverbial de tempo. A posição
padrão dos adjuntos adverbiais é o fim da frase. No entanto, podemos deslocar esses
adjuntos e colocá-los em outras posições. Se fizermos isso, precisamos colocá-los
entre vírgulas. Vejam:
Ontem, comprei um par de sapatos para minha mãe.
Comprei, ontem, um par de sapatos para minha mãe.
Comprei um par de sapatos, ontem, para minha mãe.

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Toda palavra ou grupo de palavras que formos utilizar em uma frase fora de sua
posição precisa ser colocado entre vírgulas. Como já disse anteriormente nesta aula,
as vírgulas abrem espaço para colocarmos algo ali. Imaginem as vírgulas têm o poder
de empurrar as palavras para a esquerda e para a direita, abrindo espaço para palavras
“a mais” que queremos encaixar na frase.
Nesta aula, pudemos ver algumas regras relacionadas ao uso da vírgula, regras
essas que os ajudarão a não cometer erros básicos quando forem escrever seus
textos. Espero que, a partir de hoje, as vírgulas não sejam mais um “monstrinho” na
vida de vocês.

ISTO ESTÁ NA REDE

Como, nesta aula, me dediquei a ensiná-los como utilizar as vírgulas corretamente,


apresento a vocês este link, que trará dicas sobre o uso também de outros sinais de
pontuação. Bons estudos!
Sinais de Pontuação
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/pontuacao.htm

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AULA 11
ESCLARECENDO
ALGUMAS DÚVIDAS

Com certeza, vocês, pelo menos alguma vez na vida, já se encontraram em dúvida
entre suas palavras ou duas expressões, sem saber qual delas utilizar na hora de falar
ou escrever. Existem algumas pedrinhas em nosso caminho quando o assunto é a
língua portuguesa. Mas não se preocupem! Nesta aula, ensinarei a vocês como se
livrar dessas pedrinhas, de modo que vocês terão menos dúvidas quando forem se
comunicar, seja por escrito ou oralmente.

11.1 Ao encontro de ou de encontro a

Quando dizemos que uma coisa vai AO ENCONTRO DE outra, estamos dizendo
que essas coisas estão em concordância. É só pensarmos que, quando vamos ao
encontro de alguém, queremos encontrar essa pessoa, queremos estar junto dela.
Meus projetos vão de encontro aos seus.
Nesse exemplo, portanto, os projetos têm as mesmas ideias, os mesmos fins. Um
projeto “concorda” com o outro, eles têm objetivos comuns.
Por outro lado, a expressão DE ENCONTRO A significa estar em lado oposto, discordar,
ser contrário a algo.
Meus projetos vão de encontro aos seus.
Aqui, os projetos têm ideias contrárias, um discorda do outro, os objetivos são
opostos.

11.2 Onde ou aonde

A palavra ONDE indica localização.


Onde você mora?
Este é o local onde nasci.
Fomos a uma cidade onde as pessoas deixam as casas abertas e nada é roubado.

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AONDE indica movimento (A + ONDE). Portanto, só utilizamos AONDE quando


pudermos trocar essa palavra por PARA ONDE. Vejam?
Aonde você vai? (Para onde você vai?)
Aonde ele vai me levar? (Para onde ele vai me levar?)

11.3 Ao invés de ou em vez de

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/educalab/em-vez-de-ou-ao-inves-de-veja-diferenca-das-duas-expressoes-1.2988494

Essas duas expressões indicam a substituição de uma coisa por outra. No entanto,
existe diferença entre elas.
AO INVÉS DE faz a substituição de algo pelo seu oposto.
Você não prefere se sentar ao invés de ficar em pé? (sentar-se e ficar em pé são
opostos)
Já a expressão EM VEZ DE deve ser utilizada quando substituímos uma palavra
ou expressão por outra que não é seu oposto.
Em vez de viajarmos, decidimos guardar dinheiro para comprar nossa casa própria.

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11.4 Haver e a ver

http://memegenerator.net/instance/76702810/galo-cego-meme-no-nada-a-ver-irmo

HAVER é verbo. Pode ter o sentido de existir, ocorrer, acontecer.


Vai haver uma festa no fim de semana. Você gostaria de ir.
Quando queremos dizer que uma coisa não tem relação nenhuma com a outra,
devemos dizer:
Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Isso vale, também, para a expressão TUDO A VER.
Ele tem tudo a ver com você.

11.5 Anexo

A palavra ANEXO pode ser um adjetivo. Nesse caso, deve concordar com o substantivo
a que se refere, como vimos no capítulo sobre concordância nominal.
Segue ANEXO o documento.
Segue ANEXA a ata.
Seguem ANEXOS os documentos.
Seguem ANEXAS as atas.
No entanto, a palavra ANEXO pode, também, ser um substantivo, significando aquela
“parte extra” de um documento, livro, etc. Nesse caso, podemos dizer que existe algo
EM ANEXO, ou seja no anexo que existe em um documento, edital, livro, etc.
Segue, EM ANEXO, o documento.

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Segue, EM ANEXO, a ata.


Seguem, EM ANEXO, os documentos.
Seguem, EM ANEXO, as atas.

11.6 Se não ou Senão

https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/112736731289/tirinha-original

As palavras SE NÃO utilizadas juntas indicam uma condição negativa. Trata-se da


conjunção SE e do advérbio de negação NÃO.
Se não chover, iremos à festa.
Se não fizermos hora extra, não terminaremos o projeto dentro do prazo.
SENÃO significa CASO CONTRÁRIO, EXCETO, A NÃO SER, etc.
Todos, senão você, me deram as costas. (exceto você)
Ele não faz nada, senão reclamar. (a não ser)
Apresse-se, senão chegaremos atrasados. (caso contrário)

11.7 Obrigado ou obrigada

https://www.facebook.com/linguaportuguesa07/photos/simples-assim-ela-diz-obrigada-e-ele-diz-obrigadoapostilas-digitais-com-exerc%C3%ADci/5028796917134239/

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A regra aqui é bem simples: pessoas do gênero feminino, porque nasceram ou


porque se consideram como tal, devem dizer OBRIGADA!
Pessoas do gênero masculino, porque nasceram ou porque se consideram como
tal, devem dizer OBRIGADO!

11.8 Há ou a? Agora há pouco e daqui a pouco

https://clubedamafalda.blogspot.com/2014/06/tirinha-704.html#.YY3obWDMI2w

O verbo HAVER joga o tempo para trás. Portanto, indica tempo passado.
O acidente aconteceu agora há pouco.
Há dias não te vejo. (Esses dias já passaram.)
A preposição A joga o tempo para frente. É, portanto, utilizada para se referir a
tempo futuro.
A reunião começará daqui a pouco.
Tenho muita coisa a fazer. (Coisas para fazer no futuro.)

11.9 Em domicílio

https://www.avozdobem.com/2020/03/itapiuna-relacao-dos-comercios-que-fazem-entregas-em-domicilio/

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Embora vejamos muito por aí as pessoas dizendo e escrevendo ENTREGAS A


DOMICÍLIO, o correto é ENTREGAS EM DOMICÍLIO.
Isso acontece porque a palavra DOMICÍLIO indica um lugar, já que se refere à casa
da pessoa. Vamos então pensar. Quando entregamos algo, entregamos em algum
lugar. Por isso, o correto é dizer:
Entregas em domicílio. (Entregas em casa.)
A mesma coisa acontece em outros casos, como:
Atendimento em domicílio. (Atendimento em casa.)

11.10 Vem e vêm

https://www.pensador.com/frase/MTUzNzc3Mg/

Não sei se esse é um bom ou um mau conselho. O que posso dizer a vocês é que
existe aí um erro de concordância verbal. O verbo VIR na terceira pessoa do plural
(eles) deve receber acento circunflexo (eles vêm).
A maneira correta de se escrever é:
Ele vem – eles vêm.
O mesmo acontece com o verbo TER:
Ele tem – eles têm.

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11.11 Afim ou a fim

https://www.mensagens10.com.br/mensagem/11181

A FIM significar com o intuito, com o objetivo, com interesse. Portanto, quando
estamos interessados em alguém ou em algo, devemos dizer que estamos A FIM
daquilo ou daquela pessoa. Portanto, essa imagem nos mostra um erro com relação
à escrita.
Vamos ver outros exemplos:
Fiz esta festa A FIM DE arrecadarmos dinheiro para nosso projeto. (com o objetivo
de)
Estamos A FIM DE viajar. (temos interesse em viajar)

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ANOTE ISTO

Os porquês

https://brainly.com.br/tarefa/26206209

Como vocês, com certeza, devem saber, existem quatro porquês em nossa língua:
Porque – junto e sem acento.
Porquê – junto e com acento.
Por que – separado e sem acento.
Por quê – separado e com acento.
Veremos, a partir de agora, como utilizar essas quatro palavras corretamente.

POR QUE
• No começo de perguntas.
Por que você não me ligou?
• Quando podemos colocar antes de POR QUE “o motivo”, ou, depois de POR
QUE, “motivo”.
Gostaria de saber POR QUE você não me ligou.
Gostaria de saber “o motivo” POR QUE você não me ligou.
Gostaria de saber POR QUE “motivo” você não me ligou.
• Quando podemos trocar POR QUE por PELO QUAL, PELA QUAL, PELOS QUAIS
ou PELAS QUAIS.
Ele não me disse a razão POR QUE não compareceu.
Ele não me disse a razão PELA QUAL não compareceu.

PORQUE
PORQUE é uma conjunção explicativa ou causal e, por isso deve ser utilizada para
explicar ou para falar a causa (ele é explicativo ou causal)
PORQUE choveu eu não saí de casa.
Gosto de dormir tarde PORQUE acordo tarde.

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POR QUÊ
Essa forma é utilizada em finais de frases afirmativas, negativas ou perguntas.
Ele não veio e não me disse POR QUÊ.
Você desistiu da vaga de emprego, POR QUÊ?

PORQUÊ
PORQUÊ é um substantivo. Usado sempre com artigos (o, um) ou pronomes (esse,
aquele, nenhum, algum, etc.)
Ele desistiu do emprego sem ter nenhum PORQUÊ.
Ele não veio e não me disse o PORQUÊ.

Pudemos, nesta aula, esclarecer algumas dúvidas com relações a palavras e


expressões que nos deixam, muitas vezes, de cabelo em pé. Espero que, a partir de
hoje, elas não sejam mais um problema na vida de vocês.

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AULA 12
DESVENDANDO OS
MISTÉRIOS DA CRASE

O que é crase?
CRASE, ao contrário do que muitos pensam, não é o nome que damos para este
acento => `. Esse é o acento grave, que, ao contrário do acento agudo (´), que abre a
pronúncia de uma vogal, serve para fechar a pronúncia de vogais em algumas línguas,
como o francês, por exemplo.
Na língua portuguesa, no entanto, o acento grave não é utilizado com essa função.
Vocês, com certeza, nunca viram uma palavra em português com acento grave utilizado
para fechar a pronúncia de uma vogal, porque isso realmente não existe em nossa

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língua. Em nosso idioma, o acento grave é única e exclusivamente utilizado para


marcar a ocorrência de crase e, por isso, muitas pessoas acabam o chamando de
crase, o que está errado.
Mas o que é CRASE afinal?
Crase é o nome que damos à junção de duas vogais iguais. Vamos voltar um pouco
na origem da nossa língua. A língua portuguesa teve origem a partir do latim. O latim
vulgar, que era a variante falada pelas pessoas, foi sofrendo alterações ao longo do
tempo e deu origem a outras línguas, entre as quais está o português.
Vamos dar uma olhada em um exemplo de alteração sofrida pelo latim nesse
processo de origem da língua portuguesa. A palavra COR teve origem a partir da palavra
latina COLORE. Essa palavra foi sofrendo variações ao logo do tempo até chegar no que
temos hoje em nosso idioma (cor). Uma das mudanças que podemos citar na história
da origem do português é a queda do L intervocálico, ou seja, o desaparecimento do
L entre duas vogais. No caso da palavra COLORE, aconteceu o seguinte:
COLORE = COOR
Houve queda do E no final da palavra e, também, a queda do L entre as duas vogais O.
Como ficamos com duas vogais iguais (COOR), houve crase dessas duas vogais,
o que deu origem à palavra COR, tal qual temos hoje em nossa língua. Só que essa
crase como mudança histórica da língua não é marcada. Nós só sabemos que houve
crase se formos estudar a origem da língua.
Nós utilizamos, hoje, em nosso idioma, o acento grave para marcar uma ocorrência
de crase, ou seja, a junção de duas vogais iguais. Isso acontece especificamente
quando existe a junção de duas vogais A:

A (PREPOSIÇÃO) + A (ATRTIGO FEMININO)

O A preposição é aquele A que podemos notar em construções como:


Dei um presente A João.
O A artigo aparece em casos como:
A Maria é minha melhor amiga.
Mas como saber se um A é preposição ou se é artigo?
As preposições são invariáveis, ou seja, elas nunca mudam, nunca sofrem alterações.
O artigo definido, por sua vez, tem flexão de gênero (masculino e feminino) e número
(singular e plural). Temos, portanto: O, A, OS, AS.

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Quando queremos saber se o A é preposição ou artigo feminino, podemos utilizar


um “truque”. Observem os exemplos a seguir:
Conheci a Júlia na faculdade.
Pedi a Júlia um favor.
Percebam que, em ambas as frases, o A está antes do substantivo Júlia. E como
saber se é um artigo ou se é preposição.
Como eu já disse, as preposições são invariáveis, ao passo que os artigos não são.
Os artigos acompanham substantivos e concordam com eles em gênero e número.
Portanto, uma dica é trocar a palavra feminina por uma masculina:
Conheci o Pedro na faculdade.
Pedi a Pedro um favor.
Percebam que, na primeira frase, com a troca do substantivo masculino por um
feminino, o A foi trocado por O (A Júlia; O Pedro). Se foi necessário realizar a troca,
trata-se de um ARTIGO. Já no segundo exemplo, mantivemos o A antes de palavra
masculina (A Pedro). Temos, portanto, uma PREPOSIÇÃO.
Quando o A já estiver antes de uma palavra masculina, sabemos, então, que estamos
diante de uma PREPOSIÇÃO:
Dedico este livro a Felipe.
Em resumo, quando o A for passível de alterações, ele é um artigo e quando não
puder ser alterado, ele é uma preposição.
Importante saber isso para podemos identificar a ocorrência da crase, pois, como
já disse a vocês, a crase é o fenômeno da junção do A artigo com o A preposição.
Para identificar a ocorrência de crase, podemos, portanto, utilizar uma estratégia
que facilita muito nossa vida. observem a seguinte frase.
Pedi folga A diretora.
E agora? Ocorre crase nessa frase? Será que devo ou não colocar o acento grave?
Vamos, então, fazer o seguinte:
Se alguém pede, essa pessoa tem que pedir algo a alguém, certo? Então, temos
uma preposição.
Feito isso, pegamos a palavra que está à direita do A e fazemos uma frase simples
com ela:
A diretora é uma ótima profissional.
Percebam que foi necessário utilizar o artigo A antes da palavra DIRETORA. Sabemos
que é um artigo porque, se trocarmos por DIRETOR, teremos: O diretor.

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Portanto, se temos a preposição A e temos também o artigo A, temos que marcar a


ocorrência de crase, pois ali temos duas vogais A (a preposição e o artigo). O correto
é, portanto:
Pedi folga à diretora.
Essa é uma excelente estratégia para identificarmos ocorrência de crase. E pensem
comigo. Se precisamos que haja um artigo feminino para ocorrência de crase e se o
artigo feminino A só corre antes de substantivos femininos, nunca ocorrerá crase em
alguns casos. Vejamos quais são eles.

12.1 Casos em que não ocorre crase

12.1.1 Antes de palavra masculina

Por que não ocorre crase antes de palavra masculina? A resposta é simples. Como
já vimos, para haver crase, é necessário que haja a preposição A e o artigo feminino
A. Se o artigo é feminino, ele não aparecerá antes de palavras masculinas. Quando há
junção de preposição + artigo antes de palavras masculinas, o que temos é a palavra
AO (A – preposição + O – artigo).

https://site.ubuntufin.com.br/compras-a-vista-ou-compras-a-prazo/

Como podemos observar nessa imagem, o correto é, portanto, A PRAZO, sem


ocorrência de crase, já que PRAZO é uma palavra masculina.

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O mesmo acontece nos exemplos a seguir:


Devemos agradecer a Deus todos os dias pelo dom da vida.
Pedimos um favor a João.
Como JOÃO e DEUS são palavras do gênero masculino, não ocorreu crase.
Existe, no entanto, uma exceção. Quando, antes de palavra masculina, tivermos
um A que quer dizer À MODA, ou seja, como aquela pessoa faz ou fazia determinada
coisa, haverá crase, pois é como se tivéssemos ali a palavra MODA, que é feminina.
Ela escreveu um poema à Drummond.
Nesse caso, ela escreveu um poema À MODA DE DRUMMOND, ou seja, como
Drummond escrevia.
Mas prestem atenção!!!
Bife a cavalo.
Frango a passarinho
Em casos como esses, não ocorre crase, pois cavalos não fazem bife e passarinhos
não fazem frango. Portanto, não é possível fazermos um bife à moda do cavalo (como
o cavalo faz) ou à moda do passarinho (como o passarinho faz).

12.1.2 Antes de verbos

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/05/20/motos-sao-proibidas-de-trafegar-na-marginal-pinheiros-a-partir-desta-segunda-feira.ghtml

Essa imagem apresenta um erro clássico: À PARTIR.

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Assim como não há artigo feminino antes de palavras masculina, também não
há artigo feminino antes de verbos. Portanto, em construções como A PARTIR e A
SEGUIR, por exemplo, não ocorre crase.
A partir de amanhã, abriremos a loja às 8:00h.
Para saber se estamos diante de um verbo, tenho uma boa dica. O A preposição
ocorre antes de verbos no infinitivo, ou seja, o verbo em sua forma terminada em AR,
ER ou IR. Por exemplo:
A cantar.
A fazer.
A sorrir.
Em casos como esses, nunca haverá crase.
Tenho mais uma dica para sabermos se a palavra que está após o A é um verbo.
Verbos são palavras que podemos conjugar. Mas como assim?
É simples. Vejam:
A palavra MULHER é verbo?
Para sabermos se é ou não, tentamos conjugar essa palavra. Não é possível dizer
eu mulher, tu mulheres, ele mulher, etc. Portanto, não se trata de um verbo.
Já a palavra FAZER é um verbo, pois podemos conjugá-la (eu faço, tu fazes, ele
faz, etc.).

12.1.3 Antes de artigos indefinidos e pronomes de tratamento

Antes de artigos indefinidos (um, uma, uns e umas) e antes de pronomes de


tratamento, como Vossa Excelência, por exemplo, não ocorre crase, pois, antes dessas
palavras, não há artigo feminino.
Pedirei a uma professora que me substitua na aula de amanhã.

12.1.4 Antes de nomes de mulheres célebres

Pedi um autógrafo a Ivete Sangalo.


No evento de ontem, fizeram uma homenagem a Maria Bethânia.

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12.1.5 Pronomes pessoais, pronomes indefinidos, pronomes demonstrativos


(exceto “aquele” e suas variações)

Antes de pronomes pessoais (eu, tu, ele, ela, nós, et.), pronomes indefinidos (algum,
nenhum, todos, todas, nada, etc.) e pronomes demonstrativos (este, esta, esse, essa,
etc.) não há artigo feminino. Portanto, não ocorre crase antes dessas palavras.

https://topfrasesemensagens.com/frases-do-dia-do-caminhoneiro/parabens-a-todos-os-caminhoneiros/

A imagem mostra um erro extremamente comum: À TODOS.


Como TODOS é um pronome indefinido, não ocorre crase.
Boa noite a todos!
Pedi um favor a ela.
No caso dos pronomes demonstrativos, há uma exceção, que veremos mais à
frente, com relação aos pronomes AQUELE, AQUELA, AQUELS, AQUELAS e AQUILO.
Agora que já vimos os casos em que não há crase, vamos dar uma olhada em
alguns casos especiais.

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12.2 Casos especiais de crase

Existem algumas particularidades com relação à ocorrência de crase que, muitas


vezes, nos confundem. Vejamos algumas delas.

12.2.1 Distância

Ocorre crase antes da palavra DISTÂNCIA quando mencionamos o tamanho, a


medida da distância, ocorre
Quando o bandido atirou, a vítima estava à distância de 500 metros.
Se não houver especificação da distância, não ocorrerá crase.
Curso a distância.

12.2.2 Casa

Não corre crase antes da palavra casa, quando estivermos nos referindo à nossa
própria casa ou à casa da pessoa de quem estamos falando. Observem:
Preciso voltar a casa. Esqueci meu celular. (minha própria casa)
João voltou a casa para pegar alguns papéis. (João voltou para sua própria casa).
Quando falamos, por exemplo, que iremos à casa de uma outra pessoa, aí sim,
devemos utilizar crase.
Amanhã, iremos à casa da Joana, pois é seu aniversário.

12.2.3 Terra

A palavra terra também tem suas particularidades quanto ao uso da crase. Se


estivermos nos referindo a terra (oposto de bordo), não ocorre crase.
Os tripulantes chegaram bem a terra após muito medo e desespero durante a viagem.
Nesse caso, estamos dizendo que os tripulantes não estavam mais no ar ou no
mar, por exemplo. Chegaram a terra. Portanto, não ocorre crase.
Agora, se estivermos nos referindo ao planeta, aí sim, ocorrerá crase.
Vocês acreditam que criaturas de outros planetas já chegaram à Terra?

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12.2.4 Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo

Os pronomes demonstrativos AQUELE, AQUELA, AQUELES, AQUELAS e AQUILO


são exceções. Como vimos anteriormente nesta aula, não ocorre crase antes dos
pronomes demonstrativos. Mas, no caso desses pronomes, deve ocorrer, sim. O que
acontece aqui é que a preposição A se junta à primeira letra dessas palavras, fazendo
com que a crase deva ser marcada. É o único caso de crase em que não se trata de A
preposição + A artigo, pois temos A preposição + a primeira letra da palavra (aquele,
aquela, aqueles, aquelas, aquilo).
Pedi um favor àquele homem.

12.2.5 Horários

Antes de horários deve ocorrer crase sempre!


Nossa aula começará às 10h.
A reunião será às 8:00h.

12.2.6 Antes de nomes de cidades, estados ou países

Vou a França ou à França?


Vou a Paris ou à Paris?
Existe um jeito bem fácil de solucionar esses problemas. Para sabermos se ocorre
crase antes do nome de cidade, país ou estado, devemos nos lembrar dos seguintes
versos:
Vou a, volto da, crase há.
Vou a, volto de, crase pra quê?
Ou seja, se eu volto da França, ocorre crase antes dessa palavra:
Vou à França. (volto da França)
Mas eu volto de Paris, então:
Vou a Paris. (volto de Paris).
Existe, no entanto, uma exceção. Observem:
Vou a Cuba.
Nesse caso, não há crase, pois volto de Cuba. Vou a, volto de, crase pra quê? Não
é mesmo?!

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No entanto, pode ocorrer o seguinte:


Vou à Cuba de Fidel Castro.
Nesse caso, por estarmos falando da Cuba de Fidel, deve ocorrer crase.

ISTO ESTÁ NA REDE

Existem algumas expressões em que existe crase. Você pode conferir muitas delas
no endereço a seguir:
https://duvidas.dicio.com.br/expressoes-que-se-escrevem-com-e-sem-crase/
Com crase ou sem crase: uso da crase em expressões

Espero que, com esta aula, vocês tenham conseguido entender a ocorrência da
crase e , se ela era um problema na vida de vocês, que não seja mais A PARTIR de hoje.

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AULA 13
PARA EU OU PARA MIM?
– ENTENDENDO OS
PRONOMES PESSOAIS

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/educalab/para-mim-ou-para-eu-confira-o-uso-correto-dos-dois-pronomes-pessoais-1.2988500

Vocês, muito provavelmente, já se perguntaram, em algum momento da vida: E


agora, devo usar EU ou MIM? Acredito, também, que, se sabem utilizar esses dois
pronomes, já identificaram erro na fala de outras pessoas.
Já ouviram ou já falaram aquela famosa frase: Mim não faz nada. Mim não ser
índio. Pois é! Isso acontece porque quem faz alguma coisa é o sujeito da oração e a
palavra MIM é um pronome que deve ser utilizado como objeto e não como sujeito.
Não são só os pronomes EU e MIM que geram dúvidas. Existem outras situações
em que, muitas vezes, não sabemos qual pronome devemos utilizar. Veremos, portanto,
nesta aula, os pronomes pessoais, para que possamos desvendar os “mistérios” com

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relação ao seu uso e aprender a utilizá-los corretamente, de acordo com a gramática


normativa, em contextos que exijam que utilizemos o nível culto de nossa língua.
Os pronomes pessoais são utilizados para representarmos as pessoas do discurso.
Então, antes de falar dos pronomes, vamos entender quem são as pessoas do discurso.
Em uma situação de comunicação, temos:
• A pessoa que fala – primeira pessoa do discurso;
• A pessoa com quem se fala – segunda pessoa do discurso;
• A pessoa de quem se fala – terceira pessoa do discurso.

Importante ressaltar que, no caso da terceira pessoa, aquela de quem se fala, essa
pessoa do discurso não precisa necessariamente ser uma pessoa, um ser humano.
Podemos, por exemplo, falar sobre um lugar, sobre um objeto, sobre um animal, etc.
Temos, então, três pessoas do discurso, e essas pessoas têm forma singular e plural:
• Eu
• Tu
• Ele
• Nós
• Vós
• Eles

Até aqui, tudo bem simples, concordam?


Essas palavras que acabei de apresentar a vocês (eu, tu, ele, nós, vós, eles) são
pronomes pessoais, pois representam as pessoas do discurso. Existem, no entanto,
outros pronomes pessoais que pertencem a um outro caso. Temos pronomes pessoais
do CASO RETO e pronomes pessoais do CASO OBLÍQUO. Ficaram confusos? Não
fiquem! Explicarei tudo a vocês a partir de agora.

13.1 Caso reto

Os pronomes pessoais do caso reto são os pronomes que exercem função de sujeito
em uma oração. Vocês se lembram do que devemos fazer para identificar o sujeito?
Basta perguntarmos ao verbo: QUEM? E a resposta será o sujeito da oração.
O gato caiu do telhado.
Quem caiu? O gato.
Nessa oração, portanto, o sujeito é O GATO.
Meu computador está com problema.
Quem está com problema? Meu computador.
Nesse caso, o sujeito é MEU COMPUTADOR.

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Percebam que o sujeito não precisa ser necessariamente uma pessoa.


Vejamos, então, quais são os pronomes pessoais do caso reto.

CASO RETO – SUJEITO


EU
TU
ELE
NÓS
VÓS
ELES
Fonte: a autora

Vamos dar uma olhada em alguns exemplos.


Eu preciso viajar a trabalho e só voltarei na semana que vem.
Eles fizeram uma festa surpresa para mim no meu aniversário.
Percebam que, no primeiro exemplo, o sujeito é o pronome EU e, no segundo, o
pronome ELES.
Vocês já devem ter percebido que não é comum utilizarmos o pronome TU. Esse
pronome é utilizado em algumas regiões do Brasil apenas, mas é muito mais comum
o uso do pronome VOCÊ para representar a segunda pessoa do discurso. Além disso,
não utilizamos o pronome VÓS para nos referirmos à segunda pessoa do plural. O
pronome utilizado nesse caso é o pronome VOCÊS.
O pronome VOCÊ merece um pouco de atenção, pois tem uma particularidade. Apesar
de ser utilizado para fazer referência à segunda pessoa do discurso, ele assume formas
verbais de terceira pessoa (ele, ela). Isso acontece porque esse pronome é uma “versão
reduzida” do pronome de tratamento VOSSA MERCÊ. Os pronomes de tratamento,
como VOSSA EXCELÊNCIA, por exemplo, utilizam formas verbais de terceira pessoa.
Eu não digo VOSSA EXCELÊNCIA VAIS, como em TU VAIS, mas VOSSA EXCELÊNCIA
VAI, como em ELE VAI.
Esses são, portanto, os pronomes pessoais do caso reto, que como já disse a vocês,
são utilizados como SUJEITO de uma oração.
Vamos, então, estudar o outro caso dos pronomes.

13.2 Caso oblíquo

Os pronomes do CASO OBLÍQUO exercem a função de complemento do verbo.


João é meu amigo de infância. Eu o vejo uma vez por mês.

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Nesse exemplo, temos o pronome O sendo utilizado para retomar JOÃO. Esse
pronome exerce, na oração, a função de objeto direto do verbo ver (Eu o vejo). É
muito comum ouvirmos e dizermos, em nosso dia a dia, EU VEJO ELE. No entanto, o
pronome ELE não pode ser utilizado com a função de objeto direto de uma oração.
Então, em contextos que exigem o uso da norma culta da língua, precisamos estar
muito atentos a isso.
O pronome ELE, que pertence ao caso reto, só pode ser utilizado com função de
objeto indireto, ou seja, quando ele é complemento de um verbo e vem precedido de
preposição. Vejam:
Comprei um presente para ele.
Nesse caso, PARA ELE é objeto indireto do verbo comprar. Podemos, portanto, após
a preposição PARA, utilizar o pronome ELE com função de objeto indireto.
Os pronomes do caso oblíquo se dividem em ÁTONOS e TÔNICOS. Os átonos são
aqueles que utilizamos quando não há preposição, e os tônicos devem ser utilizados
após preposição.
Vamos dar uma olhada na tabela.

CASO OBLÍQUO
ÁTONOS TÔNICOS
ME MIM, COMIGO
TE TI, CONTIGO
SE, O, A, LHE SI, CONSIGO, ELE e ELA, após preposição (para ele, com ela, etc.)
NOS CONOSCO, NÓS, após preposição (de nós, para nós, etc.)
VOS CONVOSCO, VÓS, após preposição (a vós, por vós, etc.)
SE, OS, AS, LHES SI, CONSIGO, ELES e ELAS, após preposição (por eles, a elas, etc.)

Agora, se formos pensar que as formas TU e VÓS quase não são utilizadas, podemos
pensar que, para a segunda pessoa, a tabela dos pronomes ficaria assim:

Caso oblíquo Caso oblíquo


Caso reto
Átonos Tônicos
VOCÊ O, A, SE, LHE VOCÊ após preposição (com você, de você, por você, etc.)
VOCÊS OS, AS, SE, LHES VOCÊS, após preposição (para vocês, por vocês, a vocês,
etc.

Percebam que os pronomes do caso oblíquo utilizados para a segunda pessoa


são os mesmos que utilizamos para a terceira pessoa. Isso acontece pelo motivo

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que expliquei a vocês anteriormente. VOCÊ, sendo a redução de um pronome de


tratamento, que utiliza formas verbais de terceira pessoa, também utiliza pronomes
que se relacionam à terceira pessoa. Por isso, os pronomes coincidem com os da
terceira pessoa (ele, ela).
Vamos, então, ver alguns exemplos com pronomes pessoais, para que possamos
notar o uso dos pronomes do caso reto e do caso oblíquo.

ANOTE ISTO
O pronome LHE significa A/PARA ELE, A/PARA ELA, A/PARA VOCÊS. Portanto,
utilizamos esse pronome, assim como sua forma plural LHES, apenas quando o
verbo pedir a preposição A ou a preposição PARA.
Vejam:
Eu lhe vi ontem.*
Essa frase está errada, pois o verbo VER não pede preposição A ou preposição
PARA. Nós não vemos A/PARA alguém. Nós vemos alguém. Portanto, o uso do
pronome LHE , nesse caso, está incorreto.
Agora, observem:
Meu irmão fez aniversário e eu lhe dei um celular novo.
Nesse caso, o uso do pronome LHE está perfeitamente correto, pois eu dei um
celular A ele (ou PARA ele).
Eu quero um carro novo para mim.
• Eu = sujeito.
• Mim = objeto indireto do verbo comprar (para mim).
Eu o vi no shopping ontem.
• Eu = sujeito.
• O = objeto direto do verbo ver (o vi = “vi ele” – objeto direto do verbo ver).
Nós a buscamos na rodoviária.
• Nós = sujeito do verbo buscar.
• A = objeto direto do verbo buscar (“buscamos ela”)
Ontem, foi aniversário da Laura. O João lhe deu um celular novo.
• Lhe = objeto indireto do verbo dar (deu para ele)
Ele não se perdoará por ter perdido essa oportunidade.
• O pronome SE e o pronome SI são reflexivos, ou seja, referem-se à própria
pessoa, ao próprio sujeito. O pronome CONSIGO tem a mesma característica.
• Não SE perdoará = não perdoará a si mesmo.
Vocês irão à festa conosco?
• Conosco = com nós.
Venha amanhã e traga consigo suas anotações para que possamos discuti-las.
• Consigo = reflexivo, ou seja, traga com você mesmo.

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PARA EU ou PARA MIM


Como já vimos nesta aula, o pronome EU tem função de sujeito, e o pronome MIM,
de complemento. Portanto, antes de fazermos a escolha entre esses dois pronomes,
precisamos saber qual função esse pronome irá exercer em nossa oração.
O professor pediu para EU levar meu cachorrinho para a aula amanhã.
• Quem vai levar? Eu! Portanto, o pronome EU exerce função de sujeito do verbo
levar.

Para mim, levar o cachorro é difícil, porque vou à escola de ônibus.


Nesse caso, levar o cachorro é difícil para mim. Quem é difícil? Levar o cachorro
(esse é o sujeito). O pronome a ser utilizado é, portanto, o pronome MIM, pois não
exerce função de sujeito.
Vejamos mais exemplos.

https://dbconcurseiro.blogspot.com/2018/11/fgv-analista-bancario-bnb2014.html?m=1

• O empobrecem = “empobrecem ele” – o pronome O é objeto direto do verbo


empobrecer.

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https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/118624091004/tirinha-original

• Ela cuida de MIM = o pronome MIM é objeto indireto do verbo cuidar e está
precedido de preposição.
• ME ama, ME ensina, ME educa = “ama eu”, “ensina eu”, “educa eu”. Nesses três
casos, ME é objeto direto dos verbos amar, ensinar e educar.

https://vitrinecatarina.wordpress.com/tag/ilustracao/

• TE amo = “amo tu” – TE é objeto direto do verbo amar.

IMPORTANTE:
Os pronomes O, A, OS AS, podem sofrer variações quando utilizados após um verbo.
As suas variantes são:
• O, A = LO, LA, NO, NA.
• OS, AS = LOS, LAS, NOS, NAS.

Devemos prestar atenção à terminação do verbo, pois podem ocorrer alterações.


Se o verbo terminar em R, S ou Z, tiramos essas consoantes e acrescentamos LO,
LA, LOS, LAS:
Meu carro está velho. Preciso vendê-lo.
Se o verbo terminar em M ou ditongo nasal, utilizamos as formas NO, NA, NOS, NAS.
Dias após o desaparecimento da mulher, acharam-na morta.

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Quando NOS é de primeira pessoa do plural e é acrescentado a um verbo com


terminação em S de primeira pessoa do plural, acontece o seguinte:
Aproximamo-nos do acidente. (Nos aproximamos)
Percebam que o S do verbo foi retirado para o uso no pronome NOS de primeira
pessoa do plural)

https://observatorio3setor.org.br/noticias/escritora-faz-tirinhas-sobre-cultura-negra-e-empoderamento/

• Abri-la = abrir ela = o pronome A sofreu variação pode ser utilizado após o verbo
ABRIR, que tem sua terminação em R.

Esta aula serviu para que vocês aprendessem um pouco mais sobre os pronomes
pessoais. Espero que, a partir de hoje, seja mais fácil para você fazer as escolhas
corretas na hora de utilizar esses pronomes.
Até a próxima aula!

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AULA 14
CONSTRUINDO IMAGENS COM
AS PALAVRAS – COMPARAÇÃO,
METÁFORA E METONÍMIA

As figuras de linguagem podem nos ajudar muito na hora de escrevermos. Essas


figuras podem tornar nosso texto mais atrativo, mais gostoso de ler e podem, também,
nos ajudar a convencer ou a persuadir nosso leitor ou nosso ouvinte, pois as figuras
estão ligadas às nossas emoções.

As figuras retóricas possuem um poder persuasivo subliminar,


ativando nosso sistema límbico, região do cérebro responsável
pelas emoções. Elas funcionam como cenas de um filme, criando
atmosferas de suspense, humor, encantamento, a serviço de nossos
argumentos. (ABREU, 2009. p.109)

Por meio do uso de figuras como comparação, metáfora e metonímia, fazemos


com que o nosso leitor/ouvinte, crie imagens em suas mentes, imagens que, muitas
vezes, fazem com que nosso texto, seja ele oral ou escrito, consiga tocar esse leitor,
por se tratar de coisas que fazem parte do universo dele, coisas que mexem com
suas emoções.
Nesta aula, falaremos sobre essas três figuras: comparação, metáfora e metonímia,
para que vocês, ao fim da aula, sejam capazes não somente de identificá-las em um
texto, mas para que possam também utilizá-las a seu favor na hora de falar ou escrever.

14.1 Comparação metafórica

A COMPARAÇÃO METAFÓRICA acontece quando comparamos elementos de


universos distintos, a fim de transferirmos algumas características de uma coisa
para a outra. Importante destacar o fato de que essa figura deixa explícito o fato de
que existe uma comparação. Isso acontece por meio do uso de palavras que têm
valor comparativo (COMO, por exemplo).

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Vejamos alguns exemplos.

https://www.todamateria.com.br/metafora/

Percebam que, nesse exemplo, houve duas comparações: O AMOR É COMO UMA
FLOR e O AMOR É COMO UM CARRO.
Como eu disse, a comparação se faz explícita. Nesse caso, isso acontece por meio
do uso da palavra COMO. É importante prestarmos atenção ao fato de que a primeira
comparação não “tocou” Armando, pois não se trata de uma comparação feita com um
elemento de seu universo. Quando, no entanto, a namorada utiliza uma comparação
com algo que faz parte de suas preferências de seus interesses, ele consegue entender
o que ela está dizendo. Isso ilustra muito bem o que eu disse a vocês no início desta
aula. As figuras nos ajudam a chegar ao leitor, a “tocá-lo”, fazer com que nosso texto
cause um efeito sobre ele. Mas, para que isso aconteça, é necessário que utilizemos
elementos de seu mundo, coisas que nosso leitor/ouvinte entenda, que façam sentido
para ele.
Vamos ver mais exemplos de comparação.
Chora minha alma
Como um pássaro de asas machucadas
Nos meus sonhos, te procuro
Chora minh’alma.
Disponível em: https://www.vagalume.com.br/bruno-e-marrone/choram-as-rosas.html

Nessa música, gravada por Bruno e Marrone, temos a comparação da maneira


como a alma da pessoa chora e um pássaro de asas machucadas. Percebam que,
ao pensar no pássaro machucado, conseguimos entender melhor e mais facilmente
o tamanho do sofrimento da pessoa.
Agora, vamos ver um exemplo da publicidade.

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https://revistavelha.wordpress.com/2012/10/

Aqui, temos a roupa comparada a uma pétala de rosa. A construção dessa imagem
intensifica o sentido, pois sabemos o quão delicada uma pétala de rosa é, e o uso
dessa comparação nos remete a isso.
Na música Carta de amor, gravada por Maria Bethânia, temos comparação metafórica
no seguinte trecho:
Vivo de cara pra o vento na chuva e quero me molhar
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
Sou como a haste fina que qualquer brisa verga
Mas nenhuma espada corta.
Disponível em: https://www.letras.mus.br/maria-bethania/carta-de-amor/
Na canção, ela se compara a uma haste fina que pode ser facilmente vergada, o
que nos faz visualizar mentalmente sua fragilidade, sua fraqueza.

14.2 Metáfora

A METÁFORA é um tipo de comparação. No entanto, no caso dessa figura, a


comparação se faz velada, implícita. Não são utilizadas palavras que demonstrem
que uma comparação está sendo feita. Trata-se de uma comparação direta.
Importante ressaltar que há, na metáfora, um domínio de origem e um domínio alvo.
O domínio de origem é aquele elemento que vamos utilizar para fazer nossa
comparação, aquele que “emprestará” algumas características para o outro elemento

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dessa “comparação”. O domínio alvo é aquele que receberá essas características. Por
exemplo:

https://www.petboop.com/prestadores/Jardim-Florida--Campina-Grande-do-Sul--PR/stilo-pet/18944/

Nesse exemplo, temos a metáfora SEU CÃO SAI UM GATO”. O domínio de origem
é o GATO, que “empresta” ao cão uma de suas características (a beleza).
Não posso deixar de comentar que há um erro de ortografia nesse anúncio. O
correto seria LEVA E TRAZ. TRAZ é do verbo trazer. TRÁS é da parte de trás, ou seja,
a parte oposta à frente.
Mas, voltemos à metáfora. Mesmo sem perceber, sem saber que estamos utilizando
uma metáfora, fazemos isso com muita frequência em nosso dia a dia. Quando falamos,
por exemplo: Fulano é um deus grego, estamos utilizando uma metáfora, pois estamos
transferindo à pessoa uma das características de um deus grego, que é a beleza.
Vamos dar uma olhada em mais alguns exemplos.

https://www.maisbolsas.com.br/enem/lingua-portuguesa/metafora-e-comparacao

• Você é um colírio para os meus olhos, um descongestionante nasal para o meu


nariz, um antiácido para meu estômago.

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Temos, aqui, três metáforas que remetem ao bem que a pessoa faz para a outra. Nada
melhor que um colírio quando nossos olhos estão coçando, um descongestionante
nasal quando estamos com o nariz entupido e um antiácido quando estamos com
azia, não é mesmo?!

http://professordiorges.blogspot.com/2020/11/figuras-de-linguagem-7-ano-metafora.html

Temos, nesse exemplo, mais uma metáfora: FILHO, VOCÊ É MEU SOL. Aqui, são
transferidas para o filho algumas características do sol: a importância, a grandeza, a
beleza, o fato de que sem o sol não viveríamos.
As metáforas são muito presentes nas músicas, pois com elas fica muito mais
fácil mexer com as emoções. Vejam esse trecho da música Fogo e Paixão, gravada
pelo cantor Wando.

Você é luz
É raio estrela e luar
Manhã de sol
Meu iaiá, meu ioiô
Você é “sim”
E nunca meu “não”
Quando tão louca
Me beija na boca
Me ama no chão
Disponível em: https://www.letras.mus.br/wando/49324/

Vejam, nessa música, a importância que a pessoa amada tem na vida da outra,
pois é luz, raio, estrela, luar, manhã de sol. Várias metáforas sendo utilizadas para
caracterizar aquele ou aquela que se ama.

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Observem a música Fico assim sem você, que foi gravada por Adriana Calcanhoto
e Claudinho e Buchecha:

Avião sem asa, Eu não existo longe de você


fogueira sem brasa, e a solidão é o meu pior castigo.
sou eu assim sem você. Eu conto as horas pra poder te ver
Futebol sem bola, mas o relógio tá de mal comigo
Piu-piu sem Frajola, Por quê?
sou eu assim sem você. Por quê?

Por que é que tem que ser assim Neném sem chupeta,
se o meu desejo não tem fim. Romeu sem Julieta,
Eu te quero a todo instante sou eu assim sem você.
nem mil alto falantes Carro sem estrada,
vão poder falar por mim. queijo sem goiabada,
sou eu assim sem você
Amor sem beijinho,
Bochecha sem Claudinho, Por que é que tem que ser assim
sou eu assim sem você. se o meu desejo não tem fim.
Circo sem palhaço, Eu te quero a todo instante
namoro sem amasso, nem mil auto falantes vão poder
sou eu assim sem você falar por mim

Tô louca pra te ver chegar, Eu não existo longe de você


Tô louca pra te ter nas mãos. e a solidão é o meu pior castigo.
Deitar no teu abraço, Eu conto as horas pra poder te ver
Retomar o pedaço mas o relógio tá de mal comigo.
que falta no meu coração.

Disponível em: https://www.vagalume.com.br/adriana-calcanhoto/fico-assim-sem-


voce.html

Alguns de vocês podem até não gostar da música, podem achá-la brega, mas não
podemos negar que o uso de metáforas faz com que percebamos e consigamos

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visualizar perfeitamente a importância que a pessoa tem na vida da outra. A letra


dessa canção é basicamente construída por metáforas, fazendo com que o apelo
emocional se torne muito maior, devido àquilo que conseguimos visualizar em nossas
mentes ao escutá-la ou ao ler sua letra.
Pudemos ver, portanto, o quanto as metáforas são utilizadas em diversos contextos
e notar o efeito que elas são capazes de causar.
Vamos, então, falar de mais uma figura.

14.3 Metonímia

Basicamente, a METONÍMIA é uma figura que integra uma parte a um todo. De


acordo com Abib, “A metonímia consiste em integrar parte de algo que vemos em um
todo que existe em nossa memória de longo prazo.” (ABIB, 2019, p.16).
Nós temos uma memória de longo prazo que adquirimos ao longo de nossa vida
com base em nossas experiências de vivência neste mundo. Isso permite que, muitas
vezes, ao estarmos diante de parte de algo, consigamos saber que existe um todo
que está fora de nosso campo de visão. Quando vemos o mar, vemos apenas parte
dele, mas sabemos que existe muito mais do que aquilo que nossa visão consegue
alcançar.
Isso acontece, também, com outros sentidos. Conseguimos reconhecer alguém
pelo cheiro. Muitas vezes um determinado som nos faz lembrar de algum evento. Isso
tudo acontece pelo fato de o nosso cérebro trabalhar metonimicamente, integrando
partes a um todo.
A metonímia é a figura utilizada quando dizemos que fulano pediu a mão da moça
em casamento, pois, nesse caso, ele pediu a mão (uma parte), mas não se casará
apenas com a mão da moça, mas com a moça toda, não é mesmo?!
Vejamos alguns exemplos.

https://www.todamateria.com.br/figuras-de-linguagem/

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Nesse exemplo, temos a metonímia em OITOCENTAS CABEÇAS DE GADO, pois


sabemos que não se trata apenas da cabeça, mas do boi inteiro.
Observem este trecho da música Relampiano gravada por Lenine:
É mais uma boca
Dentro do barraco
Mais um quilo de farinha
Do mesmo saco
Para alimentar
Um novo João Ninguém
A cidade cresce junto

Disponível em: https://www.letras.mus.br/lenine/88972/

Nesse caso, não se trata de uma boca, mas de uma pessoa para alimentar dentro
do barraco. Existem outros tipos de metonímia, como, por exemplo, O AUTOR PELA
OBRA. Utilizamos o nome do autor para nos referirmos não a ele, mas à obra que ele
produziu. Vejam:

https://www.goconqr.com/quiz/13353800/figuras-de-linguagem-prof-edna

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É claro que aqui não se trata de ler a pessoa Machado de Assim, e sim, sua obra,
ou seja, os livros que ele escreveu.
Quando digo que gosto de ouvir Caetano, não quero dizer que gosto de ouvir Caetano
falando, mas que gosto de suas músicas.
Um tipo muito comum de metonímia é A MARCA PELO PRODUTO.
Preciso comprar omo. (sabão em pó)
Gosto muito de danone. (iogurte)
Não tem mais gilette em casa. (aparelho de barbear)
Você comprou pó royal? (fermento em pó)
Quer tomar coca? (refrigerante)

ANOTE ISTO

A palavra MAIZENA, grafada com Z é a marca de um produto (amido de milho).


No entanto, quase nunca se vê uma pessoa dizer que, na receita, por exemplo,
são utilizadas duas colheres de amido de milho. De tanto utilizarmos a metonímia
MAIZENA (marca) para nos referirmos ao amido de milho, a palavra MAISENA,
grafada com S foi incorporada ao dicionário. Portanto, hoje temos MAIZENA com Z
(a marca) e MAISENA com S, o amido de milho.
Por fim, temos um outro tipo de metonímia muito comum, que é O CONTINENTE
PELO CONTEÚDO.
Comi um prato de macarrão. (não comi o prato, mas o conteúdo desse prato, ou
seja, o macarrão).
Tomei duas garrafas de cerveja.
Comi três colheres de pasta de amendoim.
Nesta aula, pudemos ver três importantes figuras de linguagem. Espero que as
informações que compartilhei com vocês os ajudem na hora de interpretar textos e
que vocês passem a fazer uso dessas figuras na hora de construir seus textos orais
e escritos, para que se tornem textos mais interessantes para o leitor/ouvinte. Isso
pode ajudá-los, e muito, na hora de convencer um cliente, por exemplo.

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AULA 15
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS: DICAS E ESTRATÉGIAS

Nesta aula, veremos algumas dicas que podem nos ajudar a compreender e
interpretar textos. Apresentarei a vocês algumas estratégias, alguns pontos gramaticais
que podem ajudá-los e, na segunda parte da aula, falaremos sobre intertextualidade.

15.1 Leitura e interpretação

A primeira coisa que precisamos ter em mente com relação à leitura e interpretação
de textos é que não existe um segredo, não existe fórmula. Para sabermos interpretar,
precisamos praticar.
Um jogador de futebol, por exemplo, só chega à excelência com muita prática,
são horas e horas diárias de treino. A pessoa pode ter talento, mas sem a prática,
não conseguirá ser excelente naquele esporte. Isso vale para tudo em nossa vida. se
quisermos ser muito bons em algo, precisamos de treino.
Com a interpretação de texto não é diferente. Se quisermos ser muito bons na
hora de interpretar, precisamos praticar. Quanto mais lermos, quanto mais fizermos
exercícios de interpretação, melhores seremos, podem ter certeza disso.
Aí vocês podem me perguntar o motivo desta aula então, já que não existe uma
fórmula mágica para aprendermos a interpretar. Realmente, não existe! Porém, posso
dar a vocês algumas dicas, muitas delas relacionadas ao conteúdo que aprendemos
durante este curso. Tudo aquilo que vocês aprenderam até aqui, com certeza, irá
ajudá-los na hora da interpretação.
Alguns pontos gramaticais são importantíssimos na hora de interpretarmos um texto,
pois eles podem, muitas vezes, nos confundir. É o caso, por exemplo, da pontuação.
Vocês se lembram de como uma vírgula pode mudar completamente o sentido de
uma frase? Pois então! Muita atenção às vírgulas a partir de agora. Não caiam em
armadilhas.

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Vamos ver um exemplo, apenas para refrescar nossa memória a respeito da


importância da vírgula.
Não fique! (Estou te pedindo para ir embora.)
Não, fique! (estou te pedindo para ficar.)
Olhem este outro:
As meninas que estão machucadas não jogarão. (Algumas meninas estão
machucadas, outras não estão. Apenas as que estão machucadas não jogarão.)
As meninas, que estão machucadas, não jogarão. (Todas as meninas estão
machucadas e, por isso, não jogarão.)
Viram só como as vírgulas podem fazer toda a diferença. Então, a partir de hoje,
quando forem ler o texto, deem a elas uma atenção especial.
Quando formos fazer uma prova, ler as questões antes de ler os enunciados.
Precisamos, também, prestar bastante atenção nos pronomes. Neste curso,
aprendemos a diferenciar os pronomes que funcionam como sujeito daqueles que
funcionam como objeto. Os pronomes são utilizados em textos para fazer referência
a algo ou a alguém que foi mencionado anteriormente, e saber a que o pronome está
se referindo nos ajuda muito na hora da interpretação.
As conjunções coordenativas e subordinativas são importantíssimas na hora de
interpretarmos textos, pois elas ligam orações e trazem consigo um sentido (adição,
explicação, condição, causa, etc.). Precisamos, sempre, sabermos o sentido exato de
uma conjunção, para que consigamos interpretar corretamente um texto.
Outra coisa muito importante quando se trata de interpretação de textos é
entendermos que precisamos realmente compreender o que o autor quis dizer, qual
a opinião dele sobre aquele assunto, quando a opinião é apresentada. Precisamos
ter em mente que, quando respondemos a uma pergunta a respeito do que é dito no
texto ou do que podemos entender a partir de sua leitura, o que importa é o que o
autor escreveu e não a nossa opinião.
Quando vamos fazer uma prova, um concurso, por exemplo, o ENADE, o ENEM, os
vestibulares, sempre há muitas questões de interpretação de textos. A tendência é
que, cada vez mais, as questões de língua portuguesa se voltem para a interpretação.
Uma coisa que merece muito a nossa atenção são os enunciados. Precisamos saber
interpretar textos e, também, interpretar enunciados de questões. Existem algumas
palavras, muito utilizadas em enunciados, que costumam nos confundir. Vamos dar
uma olhada em algumas delas.

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15.1.1 Exceto

A palavra EXCETO está relacionada à palavra EXCEÇÃO. Sendo assim, se estamos


diante de enunciado como este:
Todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
Nesse caso, devemos marcar a exceção, ou seja, a única alternativa que não está
correta.

15.1.2 Respectivamente

A palavra RESPECTIVAMENTE indica ordem. Vejam:


Mencione, respectivamente, um animal e uma planta.
Nesse caso, devemos mencionar o que é pedido nessa ordem, primeiramente o
animal e, depois, a planta.

15.1.3 Inferir e depreender

Essas palavras estão muito “na moda”. É muito comum nós as encontramos em
provas, em várias questões. Trata-se de palavras sinônimas, ou seja, elas têm o mesmo
significado. Quando nos perguntam o que podemos inferir ou depreender a partir da
leitura de um texto, estão nos pedindo para dizer o que é possível concluir, a que
conclusão podemos chegar com a leitura daquele texto.
Observem a questão a seguir:
(FATEC SP)
Leia a charge:

ttps://tinyurl.com/y4xtwcwo Acesso em: 19.10.2019.

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De acordo com as informações verbais e não verbais apresentadas na charge,


pode-se depreender, corretamente, que:
a) a alta qualificação profissional da maioria da população acarreta um aumento
no número de vagas não preenchidas no mercado de trabalho.
b) as vagas de emprego cresceram devido à alta concorrência entre os trabalhadores,
incluindo-se até mesmo crianças e mulheres na disputa por uma vaga no mercado
de trabalho.
c) a falta de oportunidade de trabalho, aliada a novos meios de transporte de massa,
impedem o desenvolvimento de atividades paralelas no mercado de trabalho.
d) as vagas ofertadas no mercado de trabalho, apesar de inúmeras e constantes,
não garantem estabilidade e remuneram menos do que as atividades
“empreendedoras”.
e) a resiliência, aliada à persistência, levam as pessoas a se realocarem dentro do
mercado de trabalho e, consequentemente, adaptarem-se a novas oportunidades
de trabalho.
https://www.projetoredacao.com.br/blog/exercicios-de-interpretacao-de-texto/

Precisamos, também, prestar muita atenção a palavras e expressões com sentido


CONOTATIVO. Mas o que é isso, professora?
Sentido CONOTATIVO é o sentido figurado, enquanto o sentido DENOTATIVO é o
sentido literal.
Observem a imagem a seguir:

https://nikoguru.uai.com.br/disciplinas/portugues/denotacao-e-conotacao/

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Nesse exemplo, temos a palavra PNEU utilizada com sentido DENOTATIVO, quando
o mosquito fala de seu “amor” por pneus, e com sentido CONOTATIVO na fala da
mulher, que se refere às suas gordurinhas, chamando-as de PNEUS, ou seja, não se
trata de pneus de verdade, a palavra não foi utilizada com seu sentido real.

15.2 Intertextualidade

Agora, vamos falar um pouco sobre algo que também pode nos ajudar muito na hora
da interpretação e, também, na hora da produção de textos: a INTERTEXTUALIDADE.
A intertextualidade é quanto temos em um texto pistas físicas de um outro texto.
Como assim, professora?
É simples! Vamos pensar em um tipo de intertextualidade que utilizamos muito no
ambiente acadêmico. Quando vamos escrever o TCC, por exemplo, precisamos citar
outros autores. Utilizamos livros, artigos, por exemplo, escritos por outras pessoas, que
tratam daquele assunto que estamos abordando em nosso trabalho. Para utilizá-los,
fazemos, muitas vezes, citações, diretas ou indiretas. Esse é um tipo de intertextualidade,
pois trazemos para nosso texto trechos de textos de outros autores.
Existem vários tipos de intertextualidade (paródia, citação, tradução, alusão, etc.).
Falar de todos esses tipos deixaria nossa aula muito longa, e esse não é nosso objetivo
aqui. Quero apenas que vocês saibam que a intertextualidade é trazer para um texto
pistas físicas de outro, é incorporar um texto ao outro. Importante ressaltar que isso
pode acontecer com textos verbais e não verbais.
Vamos, então dar uma olhada em alguns exemplos de intertextualidade.

https://beduka.com/blog/materias/portugues/o-que-e-intertextualidade/

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Temos, nesse exemplo, a intertextualidade em textos não verbais. A Mônica Lisa,


de Maurício de Souza traz pistas físicas da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci.
Observem este outro exemplo de intertextualidade em textos não verbais:

https://www.todoestudo.com.br/portugues/intertextualidade

Temos, aqui, a intertextualidade com a capa do álbum Abbey Road, lançado pela
banda Beatles, em 1969.
No exemplo a seguir, podemos notar intertextualidade com linguagem verbal e
com a linguagem não verbal. A propaganda do Hortifruti, traz intertextualidade com
o cartaz do filme O diabo veste Prada. Percebam que as pistas físicas estão nas
imagens (o sapato e quiabo, a forma como o cartaz foi construído, o formato das
letras) e, também, na linguagem verbal (O quiabo veste Prada = O diabo veste Prada).

https://www.proenem.com.br/enem/lingua-portuguesa/intertextualidade-tipos/

Neste outro anúncio publicitário, da mesma empresa, podemos notar novamente


intertextualidade, tanto com relação à linguagem verbal quanto com relação à linguagem
não verbal. Temos, aqui, a intertextualidade com o filme Tropa de elite. Vejam:

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https://brasilescola.uol.com.br/redacao/tipos-intertextualidade.htm

Neste último exemplo, trago para vocês um texto foi muito utilizado em vários
casos de intertextualidade. Trata-se da Canção do Exílio, escrita por Gonçalves Dias.

Canção do Exílio
Gonçalves Dias

“Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem primores,


Onde canta o Sabiá; Que tais não encontro eu cá;
As aves, que aqui gorjeiam, Em cismar — sozinho, à noite —
Não gorjeiam como lá. Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Nosso céu tem mais estrelas, Onde canta o Sabiá.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Não permita Deus que eu morra,
Nossa vida mais amores. Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Em cismar, sozinho, à noite, Que não encontro por cá;
Mais prazer encontro eu lá; Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Onde canta o Sabiá.

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Esse poema tem como tema a saudade da terra natal. O eu-lírico expressa sua
vontade de, um dia, voltar a viver no local onde nasceu.
Como eu disse anteriormente, existem muitos casos de intertextualidade com
esse poema de Gonçalves Dias, textos de vários gêneros, e eu escolhi um deles para
apresentar a vocês. Trata-se de uma tirinha da Turma da Mônica. Observem que o
texto traz pistas físicas do poema: Minha terra tem... Onde canta o sabiá. Vejam:

https://noticiasconcursos.com.br/wp-content/uploads/2021/02/noticiasconcursos.com.br-interpretacao-o-que-e-intertextualidade-simpsons-1024x376-1.png

Nesta aula, falamos de alguns pontos que podem nos ajudar na hora da interpretação
de textos. Espero que, a partir de agora, vocês tenham mais facilidade e maior segurança
com a leitura e a interpretação.

ISTO ESTÁ NA REDE

INTERTEXTUALIDADE (TIPOS)
Aprenda sobre O Texto e suas Relações, Dialogismo, Polifonia e Hipertextualidade e
Tipos de Intertextualidade.
https://proenem.com.br/enem/lingua-portuguesa/intertextualidade-tipos/

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