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Draft PLANO DE REASSENTAMENTO SONGO-MATAMO 28 6 2023
Draft PLANO DE REASSENTAMENTO SONGO-MATAMO 28 6 2023
PLANO DE REASSENTAMENTO
Maio de 2023
i
PLANO DE REASSENTAMENTO PARA O PROJECTO
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DA LINHA DE
TRANSPORTE DE ENERGIA DE 400 KV DA
SUBSTANÇÃO DE SONGO À SUBSTANÇÃO DE
MATAMBO NA PROVÍNCIA DE TETE
RELATÓRIO FINAL
PARTE I - PLANO DE REASSENTAMENTO
Maio 2023
i
SUMÁRIO EXECUTIVO
INTRODUÇÃO
A construção de um sistema de transporte de energia eléctrica é uma das estratégias identificadas
pela EDM para fornecer energia de qualidade, e enquadra-se nos esforços do Governo de satisfazer
a electrificação rural e para alimentar os projectos de desenvolvimento do País.
A linha de transporte de energia Songo - Matambo 400 kV foi identificada como sendo a solução
mais viável e competitiva com o aumento da capacidade de disponibilização de energia para os
projectos de interligação regional, o que poderá criar o impacto económico e social positivo no
Programa do Governo de Moçambique designado Energia para Todos, com uma continuidade de
fornecimento de energia de forma segura com qualidade e quantidade aceitável. Por forma a
garantir o acesso universal a energia eléctrica até 2030.
O projecto também prevê a criação de uma zona de proteção parcial (ZPP) ao longo da linha de
transporte, com o objectivo de proteger o sistema de potenciais riscos, como descargas atmosféricas
e interferências eletromagnéticas, além de permitir o acesso para manutenção e emergências. A ZPP
terá uma largura de 50 metros e será monitorada por câmeras de vigilância e patrulhas de
segurança. No entanto, a construção da nova linha de transporte e das subestações exigirá a
construção de infraestrutura auxiliar, como estradas de acesso, locais de empréstimo de terra e
locais de construção. A localização dessas instalações ainda não foi determinada e é necessário que
sejam realizados estudos e avaliações para minimizar os impactos ambientais e sociais. Além disso, o
projecto também prevê a realização de programas de compensação ambiental e social para mitigar
os impactos negativos do projecto. No entanto, é necessário que a construção da infraestrutura
auxiliar seja realizada de forma responsável e sustentável, levando em consideração os impactos
ambientais e sociais.
ii
governo moçambicano, a Electricidade de Moçambique, o Ministério da Terra e Ambiente, a Direção
Nacional de Terras e Desenvolvimento Territorial e serviços de distrito relevantes.
Além disso, foi realizado o processo de consulta às partes interessadas para o projecto de transporte
de energia. A equipa realizou um censo e mapeamento das casas e infraestrutura afectadas, bem
como entrevistas semiestruturadas com líderes comunitários. Duas rondas de consultas públicas
foram realizadas para apresentar o projecto, os impactos potenciais e as medidas de mitigação. As
partes interessadas expressaram preocupações com o processo de reassentamento e oportunidades
de emprego. A equipa esclareceu o processo e abordou as preocupações.
iii
PERFIL SOCIOECONÓMICO DAS POPULAÇÕES AFECTADAS
O perfil socioeconómico da população afectada inclui famílias lideradas por mulheres, idosos,
membros mentalmente incapacitados ou cronicamente doentes, indivíduos analfabetos e aqueles
com renda abaixo da linha da pobreza. O censo socioeconómico mostrou que cerca de 21% dos
agregados familiares têm pelo menos um membro que sofre de alguma doença crônica.
O estudo revela que a maioria das famílias afectadas vive em habitações com várias estruturas
habitacionais, incluindo casa principal, casa secundária, cozinha externa, casa de banho externa,
quartos externos, celeiro, curral, alpendre, entre outros compartimentos. 80% das casas principais
tem menos de 70 m² e 20% têm mais de 70 m² e, portanto, terão um pacote de remunerações
diferente.
A maioria dos agregados familiares tem rendimento baixo e depende da agricultura como principal
actividade de subsistência e fonte de renda, com algumas também envolvendo-se em pequenos
negócios, mineração, pecuária e pesca. A pecuária é uma actividade económica importante na
região, sendo que 60% dos agregados familiares possuem árvores com valor económico em suas
parcelas.
O Censo das Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAPs) e dos bens (por exemplo, árvores, casas e
estruturas secundárias) foi feito entre Fevereiro e Março de 2023, cobrindo 100% das PAPs
localizadas na faixa de servidão de 50 metros de largura.
Com base no inventário foram identificadas 87 parcelas com habitações, 177 parcelas com
machambas, 30 parcelas com habitações e machambas e 4 parcelas com empreendimentos (1
aviário comercial, 2 de currais e 1 de barraca). Por outro lado foram contabilizadas 2247 árvores
frutíferas na área de servidão do projecto. Os resultados finais do censo indicam que:
➢ Foi afectado 1 local sagrado comunitário no distrito de Cahora Bassa onde são
realizadas a missas de Nhau.
➢ Varias infraestruturas serão afectadas pelo projecto, entre elas: casas principais, casas
secundárias, casas de banho externas, cozinhas externas, dependências, celeiros,
galinheiros, currais, pocilgas, pombais, alpendres, etc.;
➢ Varias parcelas de terras agrícolas serão afectadas ao longo da linha, as quais tem em
média 0.06 hectares (ha) de área. Essas parcelas são utilizadas para o cultivo de uma
variedade de culturas, sendo as mais comuns o milho, a mapira, o amendoim, o feijão
nhemba e o pepino;
iv
➢ Existem diferentes tipos de árvores localizadas ao longo da futura faixa de servidão da
linha, destas, tem como principais espécies: bananeiras, mangueiras, maçaniqueiras,
papaeiras e limoeiros;
➢ Muitos destes agregados familiares impactados são afectadas por mais de uma
categoria de impacto.
➢ 38 parcelas estão localizados sob as torres de transporte destas 30 parcelas agrícolas e 8
parcelas de infraestruturas.
Para além das parcelas estarem na região de servidão, 38 delas estão sob a base das torres. Destas
24 localizam-se no Distrito de Cahora Bassa, sendo 2 de infraestruturas, 18 de machambas e 4 de
habitações com machambas. E 14 parcelas localizam-se no Distrito de Marara, sendo todas de
machambas.
Alguns agregados familiares podem ser elegíveis em mais de uma categoria. Embora a compensação
em espécie seja preferível, as PAP poderão receber compensação em dinheiro, se assim o
desejarem.
As partes interessadas concordaram que as parcelas agrícolas localizadas na faixa de servidão não
exigirão realocação, uma vez que será permitido que as actividades agrícolas possam continuar com
algumas restrições consideradas aceitáveis. Para garantir que as PAPs mantenham a segurança da
posse da terra e autonomia sobre as suas terras, será elaborado um contrato entre a EDM e as
pessoas afectadas, declarando que as PAPs podem usar a terra, e se a EDM ou qualquer outra
entidade governamental exigir o uso da terra ou colocar restrições adicionais numa data posterior
ou em qualquer outro momento, os PAPs deverão ser compensados com terrenos de, pelo menos, a
mesma dimensão e com o mesmo valor de mercado.
Foram elaborados planos preliminares de habitação para o reassentamento como parte do PR/PAR
por um arquitecto profissional. Primeiramente foram elaboradas versões preliminares e em seguida
foram realizadas consultas específicas para validar esses planos na área do projecto.
122 agregados familiares vulneráveis serão impactados pelo Projecto. Os grupos vulneráveis incluem
agregados familiares chefiados por uma mulher, idoso, criança ou portador de deficiência, bem
como famílias com um ou mais membros portadores de deficiência. Os agregados familiares
vulneráveis serão consultados no início da operação, de modo a poder avaliar as suas preocupações
e necessidades. Estes irão receber um subsídio de apoio ao rendimento de 2 USD por dia e por
vulnerabilidade para cada membro do agregado familiar durante 30 dias, alocado devido à
inconveniência e ao constrangimento de tempo causados pelo reassentamento. O PR determina o
emprego aplicável e outros benefícios a serem providenciados pelo Projecto. Deve ser dada
prioridade a todos os membros fisicamente aptos dos agregados familiares reassentados durante o
processo de recrutamento de mão-de-obra e serão dados exemplos dos tipos de emprego aplicáveis.
Além disso, a madeira das árvores abatidas nas parcelas de terra das Pessoas Afectadas pelo
Projecto (PAPs) deverá ser posteriormente deixada no local para seu próprio uso ou venda, do
mesmo modo para os materiais recuperados das estruturas afectadas. Sempre que for possível, as
mercadorias e serviços (areia, cimento, alimentos, etc.) devem ser comprados localmente.
Também são previstas medidas de restauração dos meios de subsistência ao nível da comunidade,
sendo a principal destas, a electrificação das comunidades através do Programa de Electricidade
para Todos.
Terra e culturas
➢ Os PAPs que perdem 20% ou mais das suas terras produtivas sob as bases das torres (35
PAPs), bem como aqueles que já possuem um DUAT, receberão assistência para procurar
novas terras e fazer o registo dos DUATs. Os PAPs que perderem 20% ou mais das suas
terras produtivas também irão receber o seguinte:
(i) Um subsídio de $300 para cobrir os custos associados à procura, aquisição e
desmatação de terras de reposição de características semelhantes na mesma área.
Se a terra de reposição não for encontrada a tempo de garantir a próxima colheita,
será feita uma compensação em dinheiro pela colheita perdida.
(ii) Um pacote alimentar de transição de $100 por mês por agregado familiar por um
período de 12 meses (total de $1.200 por agregado familiar), para compensar o
tempo que leva até que as culturas cresçam novamente e tenham a mesmo
rendimento.
➢ Todos os PAPs cujas culturas serão impactadas negativamente pelo Projecto receberão:
(i) Mudas e sementes para as suas machambas e colheitas;
(ii) Assistência técnica por um período de 3 anos, que pode incluir elementos como
formação em técnicas agrícolas melhoradas, variedades de culturas melhoradas,
adubação e gestão de pragas;
vi
(iii) Um acordo formal com a EDM na forma de um memorando de entendimento,
permitindo a continuação do cultivo dos terrenos na faixa de servidão com as
adequadas limitações justificadas pela segurança da operação da linha.
Árvores
Além de compensações em dinheiro pela perda de árvores, a EDM ajudará os agregados familiares
afectados a plantar árvores ou fornecer mudas das mesmas espécies.
As consultas públicas para o PR tiveram início em Agosto a Novembro de 2022 e continuaram até
Novembro de 2023. As quatro rondas de consultas públicas cobriram uma ampla gama de
detentores de direitos e partes interessadas.
vii
ÍNDICE GERAL
viii
3.1.4 Limitações da Recolha de Dados ........................................................................................ 36
3.2 Consulta das partes interessadas ........................................................................................... 37
3.2.1 Primeira ronda de participação pública .............................................................................. 37
3.2.2 Segunda ronda de participação pública ............................................................................. 38
3.2.3 Principais questões discutidas nas reuniões de Consulta Pública ........................................ 38
3.2.4 Processo de participação pública: resumo de aspectos essenciais...................................... 39
4. POTENCIAIS IMPACTOS DO REASSENTAMENTO ................................................................................... 39
4.1 Visão geral .................................................................................................................................. 39
4.2 Impactos do Projecto .................................................................................................................. 41
4.2.1 Terra e Actividades Agrícolas ............................................................................................. 41
4.2.2 Estruturas Privadas e Comunitárias.................................................................................... 41
4.2.3 Sepulturas e Locais Sagrados ............................................................................................. 42
4.3 Impacto sobre as Mulheres ......................................................................................................... 42
4.4 Impactos sobre os Grupos Vulneráveis ........................................................................................ 43
4.5 Riscos .......................................................................................................................................... 43
4.6 Área de Influência Directa ........................................................................................................... 44
6. PERFIL SOCIOECONÓMICO DAS POPULAÇÕES AFECTADAS....................................................................... 45
6.1 Considerações gerais................................................................................................................... 45
6.2 Estrutura e organização dos agregados familiares ....................................................................... 47
6.2.1 Demografia ....................................................................................................................... 47
6.2.2 Etnicidade e Organização dos Agregados Familiares .......................................................... 52
6.3 Religião, cemitérios e rituais locais .............................................................................................. 54
6.3.1 Religião e Templos Religiosos ............................................................................................ 54
6.3.2 Lugares sagrados ............................................................................................................... 54
6.3.3 Cemitérios ......................................................................................................................... 54
6.4 Serviços sociais básicos ............................................................................................................... 55
6.4.1 Educação ........................................................................................................................... 55
6.4.2 Saúde ................................................................................................................................ 56
6.4.2.1 Locais de Tratamento de Enfermidades ....................................................................................... 56
6.4.2.2 Saúde dos agregados familiares .................................................................................................. 57
6.5 Habitação e serviços.................................................................................................................... 59
6.5.1 Habitação e empreendimentos.......................................................................................... 59
6.5.2 Energia, Água e Saneamento ............................................................................................. 63
6.5.2.1 Energia........................................................................................................................................ 63
6.5.2.2 Água ........................................................................................................................................... 64
6.5.2.3 Saneamento ................................................................................................................................ 66
ix
6.5.3 Comunicações e Transportes ............................................................................................. 67
6.6 Actividades económicas e estratégias de subsistência ................................................................. 68
6.6.1 Actividades de Subsistência e Rendimento ........................................................................ 68
6.6.2 Pecuária ............................................................................................................................ 70
6.6.3 Agricultura ........................................................................................................................ 70
6.6.4 Árvores com Valor Económico ........................................................................................... 72
6.6.5 Posse de Activos Duráveis.................................................................................................. 73
6.6.6 Grupos Vulneráveis ........................................................................................................... 74
6.7 Resumo das questões chave do perfil socioeconómico da população afectada ............................ 75
7. INVENTÁRIO ACTUALIZADO DOS BENS AFECTADOS ................................................................................. 77
7.1 Estruturas e Locais Comunitários Afectados ................................................................................ 77
7.2 Bens Privados Afectados ............................................................................................................. 77
7.2.1 Habitações ........................................................................................................................ 77
7.2.2 Infraestruturas de rendimento .......................................................................................... 78
7.2.3 Machambas e árvores afectadas ........................................................................................ 79
8.1 Distrito de Cahora Bassa.............................................................................................................. 84
8.2 Distrito de Marara ....................................................................................................................... 84
9. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E DIREITO À COMPENSAÇÃO ...................................................................... 86
9.1 Critérios de Elegibilidade ............................................................................................................. 86
9.1.1 Estimativa dos PAPs com Perdas de Terra de 20% e 80% ................................................... 87
9.2 Categorias de Pessoas Afectadas ................................................................................................. 87
9.3 Matriz de Elegibilidade e Compensação ...................................................................................... 88
9.4 Metodologia de Avaliação da Taxa de Compensação ................................................................... 91
9.4.1 Terra ................................................................................................................................. 91
9.4.2 Estrutura ........................................................................................................................... 91
9.4.3 Culturas ............................................................................................................................. 92
9.4.4 Árvores.............................................................................................................................. 93
9.5 Compensações ............................................................................................................................ 93
9.5.1 Terra cultivada .................................................................................................................. 93
9.5.2 Infraestruturas .................................................................................................................. 94
9.5.3 Produção Agrícola ............................................................................................................. 96
9.5.4 Árvores.............................................................................................................................. 96
9.6 Assistência .................................................................................................................................. 97
9.6.1 Cesta Básica....................................................................................................................... 97
9.6.2 Subsídio de Mudança ........................................................................................................ 97
10. PLANO DE HABITAÇÃO PARA O REASSENTAMENTO ......................................................................... 98
x
11. PLANO AGRÍCOLA E DE RESTAURAÇÃO ............................................................................................ 99
11.1 Restauração e Melhoria dos Meios de Subsistência a Nível dos Agregados Familiares ................. 99
11.1.1 Campos Agrícolas e Culturas ............................................................................................ 100
11.1.2 Grupos Vulneráveis ......................................................................................................... 103
11.1.3 Medidas Adicionais: Componentes Não-Agrícolas............................................................ 104
11.2 Restauração dos meios de subsistência a nível comunitário ...................................................... 105
12. PROCESSO DE CONSULTA PUBLICA ................................................................................................ 106
12.1 Objectivos do Envolvimento e Planeamento Geral .................................................................... 106
12.2 Grupos de Partes Interessadas .................................................................................................. 110
12.3 Resultados das Rondas de Consulta ........................................................................................... 111
12.3.1 1ª Ronda de Consulta - Início do Processo de Preparação para o PR, Informação e
Mobilização das Principais Partes Interessadas ............................................................................... 111
12.3.3 3ª Ronda de Consulta: Resultados Preliminares do Levantamento e Validação dos Principais
Conteúdos do PR E PAR .................................................................................................................. 114
12.3.4 4ª Ronda de Consulta: Apresentação do Relatório Final do PR e PAIR e Consulta Publica ..... 116
13 PROTOCOLO DE GESTÃO DE RECLAMAÇÕES E SUGESTÕES ............................................................ 117
13.1. Objectivos ................................................................................................................................. 118
13.2. Princípios Gerais........................................................................................................................ 118
13.3. Assistência às PAP ..................................................................................................................... 119
13.4. Processo do MRR ...................................................................................................................... 119
13.4.1. Primeiro Nível: Líderes Comunitários e NGO/Universidade/Consórcio Testemunha ......... 119
13.4.2. Critérios para a selecção de uma ONG/Universidade/Consórcio Testemunha .................. 123
13.4.3. Segundo Nível: Comissão Técnica para o Acompanhamento e Supervisão do
Reassentamento a nível distrital ..................................................................................................... 123
13.4.4. Terceiro Nível: Comissão Técnica para o Acompanhamento e Supervisão do
Reassentamento a nível provincial .................................................................................................. 124
13.4.5. Quarto Nível: Tribunais e/ou Sistema Judicial .................................................................. 124
13.4.6. Monitoria de Reclamações .............................................................................................. 125
13.4.7. Divulgação....................................................................................................................... 126
13.4.8. Reforço de Capacidades .................................................................................................. 126
13.5. Acções especificas para a Violência de Género .......................................................................... 126
14. MONITORIA E AVALIAÇÃO ............................................................................................................. 128
14.1. Monitoria Interna...................................................................................................................... 128
14.2. Monitoria Externa ..................................................................................................................... 130
14.3. Auditoria Final do PR ................................................................................................................. 132
14.4. Relatórios.................................................................................................................................. 133
xi
14.5. Métodos para a Recolha de Informação .................................................................................... 135
15. AVALIAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE MONITORIA INTERNA ................................................................. 136
15.1 Compensação por Habitação Principal e Infraestruturas ............................................................ 136
15.2 Compensação pelas culturas, árvores e melhoramentos na terra .............................................. 136
15.3 Implementação dos Programas de Restauração de Rendimentos .............................................. 136
15.4 Custos Totais de Compensação e Restauração da Subsistência .................................................. 136
15.5 Procedimento de Desembolso................................................................................................... 137
15.6 Ajustes das Despesas e Moeda .................................................................................................. 137
16. REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 138
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Mapa do trajecto de Linha Songo-Matambo e a Localização Administrativa do Projecto. ............... 6
Figura 2. Etapas do desenho do instrumento de recolha de dados ............................................................. 29
Figura 3. O Questionario na versão digital ................................................................................................ 30
Figura 4. Ambiente de trabalho na plataforma .......................................................................................... 30
Figura 5. Processo de configuração .......................................................................................................... 31
Figura 6. Recolha de dados no campo com o android ................................................................................ 32
Figura 7. Vista tabular dos dados ............................................................................................................... 32
Figura 8. Vista de relatórios....................................................................................................................... 32
Figura 9. Exportação de dados .................................................................................................................. 33
Figura 10. Equipamento Trimble Juno 5 .................................................................................................... 35
Figura 11. Fluxo Metodológico .................................................................................................................. 36
Figura 12. Localização de AF das áreas/parcelas que serão afectados pelo projecto ................................... 47
Figura 13. Relação dos membros do AF com o CAF .................................................................................... 49
Figura 14. Estado civil dos membros dos AF afectados ............................................................................... 49
Figura 15. Percentagem da população por grupo etário, dessegregado por sexo........................................ 50
Figura 16. Agregados familiares e os membros, desagregados por sexo ..................................................... 50
Figura 17. Percentagem do chefe do AF por grupo etário, dessegregado por sexo. .................................... 51
Figura 18. Estado civil dos chefes dos AF afectados ................................................................................... 51
Figura 19. Percentagem de Chefes de família polígamos ............................................................................ 52
Figura 20. Principais línguas faladas em casa, nas zonas de estudo ............................................................ 52
Figura 21. Quem decide como gastar o dinheiro no Agregado familiar ....................................................... 53
Figura 22. Locais onde os membros do AF passam maior parte do tempo livre .......................................... 53
Figura 23. Principal religião mais falada no Agregado Familiar ................................................................... 54
Figura 24. Nível de escolaridade dos chefes dos AF desagregado por sexo .................................................. 55
Figura 25. Tipos de unidades sanitárias usadas pelos agregados familiares ................................................ 57
Figura 26. Percentagem de membros do AF com: A) Doenças crónicas e B) Doenças nos últimos 12 meses
................................................................................................................................................................. 58
Figura 27. Percentagem de Membros do AF com deficiência ..................................................................... 58
Figura 28. AF que perderam Parentes nos últimos 12 meses ..................................................................... 59
Figura 29. Tipo de casa principal ............................................................................................................... 60
Figura 30. Tipo de construção em diferentes tipos de infraestruturas do AF .............................................. 61
Figura 31. Fotografia de Casas principais de alguns dos AF entrevistados ................................................... 61
xii
Figura 32. Formas de Obtenção da casa pelo CAF ...................................................................................... 62
Figura 33 AF com DUAT ............................................................................................................................ 63
Figura 34. Dimensão da casa principal ....................................................................................................... 63
Figura 35. Fontes de água para o consumo humano. ................................................................................. 64
Figura 36. Fonte de água das comunidades impactadas pelo projecto em algumas áreas do projecto ........ 65
Figura 37. Tratamento de água para beber ................................................................................................ 66
Figura 38. Periodicidade do AF na busca de água fora da habitação ........................................................... 66
Figura 39. Tipo de instalações sanitárias na casa do AF .............................................................................. 66
Figura 40. Destino do lixo produzido na casa do AF.................................................................................... 67
Figura 41. Tipo de estrada para aceder a vila mais próxima........................................................................ 67
Figura 42. Actividades de subsistência dos agregados familiares ................................................................ 68
Figura 43. Principal actividade de rendimento do AF ................................................................................. 69
Figura 44. Nível de rendimento do AF ....................................................................................................... 70
Figura 45: Quantidade de animais produzidos pelos AF na ZPP .................................................................. 70
Figura 46. Obtenção da Machamba ........................................................................................................... 71
Figura 47. AF com DUAT da área da Machamba ........................................................................................ 72
Figura 48. A: fonte de água nas proximidades da machamba, B: Zona onde se localiza a machamba .......... 72
Figura 49. Fotografia do aviário afectado pelo projecto ............................................................................. 79
Figura 50. Modelos de casa solicitado com casa de banho e cozinha fora ....................................................... 98
Figura 52. Primeiro nível do MRR ............................................................................................................ 120
Figura 53: Mecanismo de Resposta a Reclamações .................................................................................. 125
xiii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Contacto do Proponente ........................................................................................................................ 1
Tabela 2. Contactos do Consórcio das Empresas Consultoras ............................................................................. 2
Tabela 3. Lista de equipa do PR ............................................................................................................................. 2
Tabela 4. Estrutura do Relatório do Plano de Reassentamento .......................................................................... 3
Tabela 5. Distancias as linhas e postes de acordos com a voltagem ................................................................... 7
Tabela 6. Análise de lacunas................................................................................................................................. 20
Tabela 7. Localização e data das reuniões de participação pública – Primeira ronda ...................................... 37
Tabela 8. Localização e data das reunião de Consulta Pública -segunda ronda............................................... 38
Tabela 9. Número de AFs entrevistados por comunidade ................................................................................. 48
Tabela 10. Nível de escolaridade dos membros dos agregados familiares potencialmente afectadas ........... 56
Tabela 11. Número de estruturas habitacionais e de negócios nos AF entrevistados ao longo da linha ........ 59
Tabela 12: Materiais usados na construção da casa principal e vedação......................................................... 62
Tabela 13. Fonte de energia para iluminar a casa e para cozinhar .................................................................... 64
Tabela 14. Canais para receber e dar informação .............................................................................................. 68
Tabela 15. Culturas agrícolas praticadas pelos AF afectados ............................................................................. 70
Tabela 16. Árvores com valor económico identificadas dentro da ZPP............................................................. 73
Tabela 17. Bens duráveis do agregado familiar ................................................................................................. 73
Tabela 18. Estruturas localizadas na faixa de servidão ...................................................................................... 77
Tabela 19. Tipo de culturas produzidas pelas PAP no distrito de Marara e Cahora Bassa ............................... 79
Tabela 20. Tipo e numero de arvores dos agregados familiares afectadas pelo projecto ............................... 80
Tabela 21. Numero de parcelas afectados por torres no distrito de Cahora Bassa .......................................... 84
Tabela 22. Numero de parcelas afectadas por torres no distrito de Marara .................................................... 85
Tabela 23. Distribuição dos AF por Tipo de Impacto do reassentamento (excepto impactos físicos) ............. 86
Tabela 24. Estratégias de Elegibilidade e Compensação para os Diferentes Tipos de Perdas e Categorias dos
PAP ......................................................................................................................................................................... 88
Tabela 25. Estimativa de compensação pela perda de colheitas (em Mt por hectare).................................... 92
Tabela 26. Estimativa de compensação pela perda de cada tipo árvores (em Mt) .......................................... 93
Tabela 27. Compensações das casas principais e secundárias (em USD) .......................................................... 94
Tabela 28: Compensações das infraestruturas de rendimento (em MT) .......................................................... 95
Tabela 29. Compensações pelas árvores (em Mt) .............................................................................................. 96
Tabela 30. Objectivos de Envolvimento Específicos e Grupos Alvo, de acordo com as etapas de preparação
do PR – Moçambique.......................................................................................................................................... 107
Tabela 31. Grupos visados pelo Plano de Envolvimento das Partes Interessadas do PR ............................... 110
Tabela 32. Relatórios de Desempenho .............................................................................................................. 134
Tabela 33. Custos da implementação de reassentamento .............................................................................. 136
xiv
LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS
AF Agregado Familiar
AIAS Avaliação de Impacto Ambiental e Social
BM Banco Mundial
CAF Chefe do Agregado Familiar
CDC Comité de Desenvolvimento Comunitário
CTAS Comissão Técnica de Acompanhamento e Supervisão
DUAT Direito de Uso e Aproveitamento da Terra
EDM Electricidade de Moçambique, E.P.
EN7 Estrada Nacional nº7
EPDA Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito
ESS5 Environment and Social Standard /Padrão de Desempenho Ambiental e Social
FCC Fundo Comunitário de Compensação
GLC Grupo de Líderes Comunitários
Ha Hectar
HCB Hidroeléctrica de Cahora Bassa
International Coal Ventures Private Limited /Empreendimentos Carboníferos
ICVL
Privados Internacionais Limitada
IFC International Finance Cooperation /Corporação Financeira Internacional
INE Instituto Nacional de Estatística
INSS Instituto Nacional de Segurança Social
Km Quilometro
Km2 Quilometro quadrado
kV Quilovolt
LC Líderes Comunitários
m Metro
m2 Metro quadrado
MADER Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Local
MdE Memorando de Entendimento
MOPHRH Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos
MIREME Ministério dos Recursos Minerais e Energia
MTA Ministério da Terra e Ambiente
OBC Organização de Base Comunitária
ONG Organização Não Governamental
PAIR Plano de Acção para Implementação do Reassentamento
PAP Pessoas Afectadas pelo Projecto
PDC Plano de Desenvolvimento Comunitário
PEPI Plano de Envolvimento das Partes Interessadas
PGAS Plano de Gestão Ambiental e Social
PO Política Operacional
PR Plano de Reassentamento
Projecto STE Sistema Nacional Integrado da Espinha Dorsal de Transporte de Energia
QPR Quadro da Politica de Reassentamento
QSS Quadro de Subsistência Sustentável
RLFSE Relatório de Levantamento Físico e Sócio Económico
xv
RoW Right of Way / Faixa de Servidão
SAPP Southern Africa Power Pool / Grupo de Energia da África Austral
TdR Termos de Referência
UIP Unidade de Implementação do Projecto
UGAS Unidade de Gestão Ambiental e Social
UGP Unidade de Gestão do Programa
US Unidade Sanitária
USD United States Dollar / Dólar Norte Americano
VG Violência de Género
ZPP Zona de Protecção Parcial
xvi
1. INTRODUÇÃO
1.1 Contexto
Moçambique é um país em transição (desenvolvimento) que aposta num progresso rápido e no
crescimento económico, através do aumento de receitas e geração de emprego para os jovens e a
população em crescimento. O processo de crescimento será facilitado pelo Governo e liderado pelo
sector privado. O Governo de Moçambique (GdM) comprometeu-se a alcançar a meta do acesso
universal à energia até 2030 e, para este efeito, a energia deve ser acessível e sustentável. Dotado
de uma matriz energética diversa e vasta (hídrica, carvão mineral, gás natural, solar e eólica), muito
acima do necessário para satisfazer a procura interna nas próximas décadas, o país está em boas
condições de fornecer soluções a baixo custo para a região1.
É com este propósito que, a EDM está a planear a implementação do Projecto de Transporte de
Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia – o Projecto STE. A STE é
um projecto de transporte de energia que irá ligar as Províncias de Tete e Maputo através de linhas
de transporte de extra alta voltagem, com objectivo de: Providenciar capacidade adicional ao
sistema de transporte de alta tensão para apoiar os projectos actuais e propostos dos produtores
independentes de energia em Moçambique; Apoiar as necessidades de electrificação rural e urbana
em Moçambique de utentes domésticos até utilizadores industriais de alto consumo; e Apoiar a
viabilidade de exportação de energia eléctrica aos países vizinhos para a geração de receitas.
Devido à complexidade do Projecto STE, a EDM está a implementar este projecto em fases. Sendo a
fase 1, a implementação do projecto Maputo – Vilanculos, e actualmente a EDM pretende construir
a Linha: Songo - Matambo, que compreende 118 km de linha de 400 kV, ligando dois distritos
(Cahora Bassa e Marara), assim como a expansão das subestações de Songo (Distrito de Cahora
Bassa) e Matambo (Distrito de Changara). O presente documento corresponde o Relatório de Plano
de reassentamento – PR, para a compensação das agregados familiars pela EDM, que terão as suas
casas, machambas e diversas benfeitorias na área de servidão afectadas pelo linha de transmisão de
energia elétrica.
Descrição Proponente
Identificação do Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM)
Licitante
Endereço Av. Filipe Samuel Magaia, Nº. 368, CP 2532
Maputo, Moçambique
Pessoa de contacto Belarmina Mirasse
1
EDM (2018) ESTRATÉGIA DA EDM 2018-2028. Iluminando a Transformação de Moçambique
1
Número do contacto +258 21353673
Número de fax +258 21 322074
E-mail do contacto belarmina.mirasse@edm.co.mz
A Trans-Africa Projects é uma empresa de consultoria internacional, com sede no Water Force City
na África do Sul e com escritórios em vários países. A Verde Azul Consult Lda é o consultor principal e
o ponto de contacto relativamente ao processo de PR. Os detalhes de contacto do Consultor são
apresentados abaixo.
A tabela seguinte lista os membros da equipa de PR responsáveis pela elaboração deste relatório,
respectiva experiência e funções
Nome Função
Kemal Vaz Director do Projecto
Ana Bernard Coordenador do Projecto e Especialista Social
Aissa Mamade Agrónoma e Especialista Socioeconomia
Aires Mavulula Agrónomo – Especialista em Participação Publica
Marcos Stiehl IT- Gestão de base de dados, Limpeza e analise de dados
Pedro Tomás Arquitecto
Rui Mirira Assessor de Reassentamento
2
1.4 Objectivos do Plano de Reassentamento
O objectivo geral do Plano de Reassentamento (PR), de acordo com o Decreto nº 31/2012, de 8 de
Agosto (Regulamento sobre o Processo de Reassentamento Resultante de Actividades Económicas) é
desenvolver e executar uma acção de reassentamento que proporcione às pessoas afectadas
economicamente, a oportunidade de melhorar, ou pelo menos de restaurar, os seus meios de
subsistência e padrões de vida, dentro de um contexto geral de promoção de desenvolvimento
sustentável.
Em outras palavras é essencialmente importante nos casos em que algumas das componentes do
projecto ainda não foram definidas com precisão, como é presentemente o caso (por exemplo, os
traçados das estradas de acesso, a localização dos estaleiros de construção e a localização das
manchas de empréstimo).
Nº de Capítulo Descrição
Introdução
Este capítulo faz uma breve introdução ao documento. Apresenta o proponente e o
Capítulo 1
consultor, bem como o âmbito e os objectivos do relatório o do plano de
reassentamento.
Descrição do Projecto
Capítulo 2 Este capítulo faz uma breve descrição do projecto apresentando a visão geral do
projecto e o estabelecimento da zona de protecção parcial e faixa de exclusão.
Quadro Legal
Este capítulo apresenta o Enquadramento Institucional e Legal em Moçambique
Capítulo 3
para o processo de reassentamento, bem como as directrizes internacionais
relevantes.
Abordagem Metodológica
Capítulo 4
Este capítulo descreve a metodologia utilizada para elaborar o PR.
Potenciais Impactos do Reassentamento
Este capitulo desencadeia os potenciais impactos sobre os agregados familiares e
Capítulo 5
suas benfeitorias na área de servidão, assim como a área de influência directa do
projecto.
3
Nº de Capítulo Descrição
Perfil Socioeconómico das populações afectadas
Este capítulo descreve a estrutura e organização dos agregados familiares, religião,
Capítulo 6
cemitérios e rituais locais, os serviços sociais básicos, habitação, assim como as
actividades económicas e estratégias de sobrevivência.
Inventário actualizado dos bens afectados
Capítulo 7 Este capítulo apresenta de forma actualizada os bens afectados que foram obtidos
durante o processo de validação dos dados colhidos no capítulo 6.
Identificação das principais áreas hospedeiras
Capítulo 8 Este capítulo apresenta os potenciais locais onde poderão ser hospedados os
agregados familiares na fase de reassentamento.
Critérios de Elegibilidade e direito à compensação
Capítulo 9 Este capítulo expõe os critérios de elegibilidade e o direito a compensações
propostos para o reassentamento.
Plano de Habitação para o Reassentamento
Capítulo 10 Este capítulo expõe o plano a ser seguido para a habitação dos agregados
familiares afectados.
Plano Agrícola e de restauração
Capítulo 11 Este capítulo apresenta o plano de restauração de meios de subsistência que
deverá ser implementado junto das pessoas afectadas.
Processo de consulta publica
Capítulo 12 Este capítulo descreve os objectivos do envolvimento e planeamento geral, os
grupos de partes interessadas e o resultado das rondas de consulta.
Protocolo de Gestão de Reclamações e Sugestões
Capítulo 13 Este capítulo expõe os mecanismos de gestão de queixas propostos que deverão
ser usados antes, durante e após a implementação do reassentamento.
Referências
Capítulo 16
Este capítulo apresenta a literatura consultada para a elaboração do presente PR.
4
DESCRIÇÃO DO PROJECTO
Este capítulo faz uma breve descrição do Projecto da Linha de Transporte de energia de 400 kV
SONGO-MATAMBO. É fornecida uma descrição mais detalhada do Projecto no relatório do
Aditamento do Estudo de Impacto Ambiental e Social (2022) e no EIA realizado entre os anos 2011 á
2015 no âmbito do projecto Espinha dorsal de Transporte de Energia (STE).
Para além do acima exposto, A linha de transporte de energia Songo - Matambo 400 kV foi
identificada como sendo a solução mais viável e competitiva com o aumento da capacidade de
disponibilização de energia para os projectos de interligação regional, o que poderá criar o impacto
económico e social positivo no Programa do Governo de Moçambique designado Energia para
Todos, com uma continuidade de fornecimento de energia de forma segura com qualidade e
quantidade aceitável. Por forma a garantir o acesso universal a energia eléctrica até 2030.
Este projecto inclui uma nova linha de transporte de 400 kV com 118 km de extensão entre Songo e
Matambo, e uma construção de um nova subestação – Cataxa (distrito de Marara) – e a expansão da
subestação de Matambo (em Changara). A Figura 1 mostra a localização administrativa do Projecto.
5
Figura 1. Mapa do trajecto de Linha Songo-Matambo e a Localização Administrativa do Projecto.
Devido à natureza da lei de terras de Moçambique (detalhada no Capitulo 3), a terra não é privada –
é propriedade do Estado, e não pode ser comprada ou vendida, nem alienada, hipotecada ou
onerada de qualquer outra forma. A lei baseia-se no princípio de garantir acesso à terra, e ao seu
uso, à população bem como aos investidores, garantindo assim a atribuição de direitos de uso da
terra, mas também permite a revogação desses direitos, caso tal seja do interesse público, precedida
do pagamento de justa indemnização e/ou compensação (Lei de Terras, 1997).
A terra pode ser expropriada para realizar e melhorar os serviços públicos e/ou estabelecer um bem
público, sob a condição da atribuição de compensação justa pelo que é expropriado, neste âmbito, a
atribuição do que se refere comumente como uma Faixa de Servidão (RoW) às infra-estruturas
básicas de uma linha de transporte em Moçambique é atribuída na forma de uma Zona de Protecção
Parcial (ZPP) (art. 6 do Decreto nº 66/1998), tornando os conceitos de RoW e ZPP sinónimos.
A lei de terras define que tanto as zonas de protecção parcial (ZPP) como total fazem parte do
domínio público, e que as linhas e infra-estrutura de electricidade caiem sob as ZPP. O Artigo 9 da lei
de terras igualmente estabelece que não podem ser obtidos direitos de uso da terra em zonas de
protecção parcial ou total – embora possam ser atribuídas licenças especiais para actividades
específicas.
6
Os projectos de linhas de transporte necessitam de uma ZPP de modo a permitir a sua construção e
operação de forma eficiente e eficaz. A ZPP deve ser isenta de todas as infra-estruturas, vegetação e
árvores antes e durante a fase de construção e não pode ter quaisquer infra-estruturas ou árvores
acima de 3 m de altura durante a fase operacional.
A ZPP é necessária para proteger o sistema dos efeitos do vento, do contacto com árvores e ramos e
de outros riscos potenciais que podem resultar em danos ao sistema, falhas de energia, perigos para
a população e/ou fogos florestais. Além disso, a ZPP garante um acesso não restringido ou inibido à
linha durante a fase de operação, para fins de manutenção e/ou em casos de emergência.
No que diz respeito às linhas eléctricas, a Lei de Terras (Lei nº 19/97, de 1 de Outubro), estipula que
a ZPP inclui um corredor de 100 m confinante. Contudo, para este o projecto a EDM, irá seguir as
normativas de Ministério de Energias contidas no Guião Ambiental aprovado pelo Ministério de
Ambiente em Dezembro de 2006 que recomenda para as linhas de transporte os afastamentos
mínimos entre linhas e as servidões a deixar de acordo com a voltagem da linha, conforme
detalhado na tabela abaixo. Isto é uma redução da largura da faixa de servidão de 100m para 50m.
Embora seja necessário, tal como referido acima, que a ZPP seja limpa de toda a vegetação, infra-
estruturas e árvores durante a construção da linha, recomenda-se que o cultivo de culturas anuais
seja permitido dentro da ZPP depois da linha estar operacional, com a excepção das áreas de acesso
de emergência, bases das torres, entre outros.
Tal como mencionado acima, o Projecto inclui também a construção de uma nova subestação em
Cataxa, e a expansão de duas subestações Matambo e Cahora Bassa. As áreas das subestações
também terão de ser isentas de quaisquer infra-estruturas e vegetação. Assim, as áreas necessárias
para a construção e expansão das subestações do Projecto são consideradas abrangidas pelo âmbito
deste PR.
7
• Estabelecimento de estaleiros de construção, incluindo acomodação temporária para
trabalhadores, parques de máquinas e sítios de armazenamento temporário de materiais e
equipamentos.
A localização destas infra-estruturas auxiliares não foi ainda definida. Como tal, não foi possível
avaliar os seus potenciais impactos de reassentamento e incluí-las no âmbito deste PR. Prevê-se que
a localização e dimensionamento destas infra-estruturas serão definidas pelo Empreiteiro de
construção, sob a supervisão da EDM. Dependendo da sua localização e delimitação, estas
instalações e infra-estruturas auxiliares poderão gerar impactos de reassentamento adicionais. Como
tal, poderá ser necessário vir a desenvolver no futuro avaliações e planos de compensação e
reassentamento específicos para estas instalações e infra-estruturas auxiliares, após a sua
localização ser definida. Tais avaliações e planos de reassentamento e compensação específicos
deverão ser desenvolvidos em conformidade total com os princípios, directivas e metodologias
estabelecidas neste PR.
Como foi mencionado no inicio, devido à complexidade do Projecto STE, a EDM fez a implementação
deste projecto em fases, sendo a primeira, Projecto STE - nova linha de transporte HVAC de 400 kV
com 561 km de extensão entre Vilanculos e Maputo, e a segunda a da Linha de Transporte de
energia de 400kV SONGO-MATAMBO que compreende 118 km de linha de 400 kV, ligando três
distritos (Cahora Bassa, Changara e Marara), assim como a expansão da subestação de Songo;
Distrito de Cahora Bassa e Matambo, parte integrante deste estudo.
8
2. ENQUADRAMENTO LEGAL E INSTITUCIONAL
Esta secção apresenta a legislação aplicável ao PR e os tratados internacionais ratificados em
Moçambique que regem o processo em análise. Foram analisadas as leis e regulamentos
moçambicanos, relevantes para este projecto, para certificar que o projecto está em conformidade.
As políticas do Banco Mundial sobre o reassentamento e restauração das Pessoas Afectadas pelo
Projecto (PAP) e os planos de desenvolvimento da população local, foram comparados com as leis
nacionais, para identificar possíveis lacunas que necessitem de ser colmatadas.
As subsecções seguintes resumem o quadro legislativo segundo o qual os projectos devem ser
implementados relativamente às questões sociais, bem como as normas internacionais e a política
de reassentamento.
Objectivo
Princípios do Reassentamento
9
− Princípio do Benefício Directo – deve ser dada às pessoas afectadas a oportunidade de
beneficiarem directamente do projecto e de partilharem dos benefícios dos impactos
socioeconómicos positivos;
− Princípio da Equidade Social – ao fixar as pessoas em novas áreas deve ter-se em
consideração o acesso a meios de subsistência, a serviços sociais e aos recursos disponíveis;
− Princípio de Não-alteração do Nível de Rendimento – garantir que as pessoas
reassentadas têm a possibilidade de restaurar o seu nível de rendimento básico anterior;
− Princípio de Participação Pública – as comunidades locais e outras partes interessadas
ou afectadas devem ser consultadas e participar no planeamento do processo de
reassentamento;
− Princípio da Responsabilização Ambiental – aqueles que poluem ou de outra forma
danificam o ambiente devem reparar o dano ou compensar pelos danos;
− Princípio da Responsabilidade Social – o investidor deve criar infra-estruturas sociais
que promovam a aprendizagem, o lazer, o desporto, a saúde, a cultura e outros projectos de
interesse comunitário.
O Artigo 9º do Decreto 31/2012 estipula que o Governo Distrital é a entidade responsável pela
aprovação dos Planos de Reassentamento. Essa aprovação deverá ter em consideração os pontos de
vista do departamento governamental responsável pelo Ordenamento do Território, após consulta
com os departamentos de Agricultura, Administração Local, Obras Públicas e Habitação.
Modelo de Reassentamento
O Artigo 16º estabelece que os processos de reassentamento deverão seguir o seguinte modelo:
− Permeabilidade do solo;
10
− Nível freático;
− Inclinação do terreno;
− Drenagem das águas pluviais;
− Fertilidade dos solos.
O reassentamento é proibido em: (i) áreas com riscos ambientais significativos, tais como erosão ou
cheias, e em (ii) áreas protegidas de acordo com legislação específica (Artigo 17).
A área da parcela residencial é definida levando em consideração os seguintes critérios (Artigo 18):
Nas zonas rurais, devem ser providenciados espaços físicos para horticultura, criação de aves e de
outros animais.
O Regulamento estabelece que o Governo Distrital é responsável por alocar a área necessária para o
reassentamento.
A secção III do Regulamento define as fases para a elaboração do Plano de Reassentamento. Esta
directriz foi subsequentemente revista e finalizada pelo Diploma Ministerial nº 156/2014 – Directiva
Técnica do Processo de Elaboração e Implementação dos Planos de Reassentamento.
Comissão de Reassentamento
11
O Regulamento Interno para o Funcionamento da Comissão Técnica de Acompanhamento e
Supervisão do Processo de Reassentamento (Diploma Ministerial nº 155/2014 de 19 de Setembro)
estabelece as condições para a organização e o funcionamento de todos aqueles envolvidos no
acompanhamento e supervisão do processo de reassentamento. A Comissão de Reassentamento
inclui as Comissões Provinciais e Distritais, com a seguinte composição:
❖ Comissão Provincial:
o Director da área que supervisiona a actividade de ordenamento do território ao nível
provincial;
o Director de Obras Públicas e Habitação;
o Director de Agricultura;
o Director de Acção Social;
o Director de área relacionada.
❖ Comissão Distrital:
o Director do Serviço de Saúde, Mulher e Acção Social;
o Cinco representantes da população afectada;
o Um representante da Sociedade Civil;
o Três líderes comunitários;
o Dois líderes comunitários da área anfitriã;
o Dois representantes do sector privado.
12
entre todas as partes envolvidas. Coloca a ênfase na noção de que o processo de reassentamento
não precisa de ser necessariamente socialmente destrutivo, em certos contextos, mas deve antes
ser conceptualizado como uma oportunidade para melhorar os níveis de vida dos afectados e
desenvolver novas zonas residenciais bem estruturadas e normalizadas, de acordo com os princípios
definidos no artigo 4 do Decreto nº 31/2012.
A Directiva estabelece também, através do Diploma Ministerial 156/2014, que a área hospedeira
será identificada durante a fase do PAR, tendo de ser acordada por todas as partes afectadas e
partes interessadas relevantes, incluída numa minuta devidamente assinada por todas as partes
envolvidas e divulgada publicamente a nível local.
A Constituição da República de Moçambique (2004) declara que todos os cidadãos têm o direito de
viver num ambiente natural equilibrado (Artigo 72), e o dever de defendê-lo. Além disso, o Estado
envidará esforços para garantir o equilíbrio ecológico e a conservação e preservação do ambiente,
com vista a melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos. Para garantir o direito ao ambiente no
quadro do desenvolvimento sustentável, o Estado adoptará políticas dirigidas à prevenção e controlo
da poluição e da erosão e à integração dos objectivos ambientais nas políticas do sector público
(Artigo 117).
13
A Política Nacional de Terras (Resolução nº 10/95, de 17 de Outubro) afirma que o Estado detém a
terra e garantirá o acesso à terra a todas as comunidades, agregados familiares e indivíduos, para
“assegurar os direitos do povo Moçambicano sobre a terra e outros recursos naturais, assim como
promover o investimento e o uso sustentável e equitativo destes recursos” (Resolução nº 10/95,
ponto 18).
O Estado é também responsável pelo ordenamento físico e uso da terra, mesmo que haja planos de
ordenamento realizados pelo sector privado. Os princípios mais importantes relativos à política de
terras de Moçambique são os seguintes:
• A Lei de Terras (Lei nº 19/1997, de 1 de Outubro) fornece a base para a definição dos
direitos das pessoas respeitantes ao uso de terras, fornece informações sobre os direitos
baseados em práticas consuetudinárias e os procedimentos para a aquisição de títulos de
uso de terras por comunidades e indivíduos. Em relação aos direitos de uso da terra através
de ocupação por direitos consuetudinários ou de “boa-fé” (ocupação não contestada por um
período de 10 anos), a lei recomenda um processo com base em consulta, de forma a
identificar ou confirmar os direitos das comunidades e/ou indivíduos a uma terra específica.
O Artigo 24º estipula que nas zonas rurais, as comunidades locais participam: a) na gestão
dos recursos naturais; b) na resolução de conflitos; c) no processo de aquisição de títulos de
acordo com a cláusula 3 do artigo 13º desta lei; e d) na identificação e delimitação dos
limites das terras. Nas primeiras duas actividades [(a) e (b)], as comunidades locais usam
práticas e tradições consuetudinárias, entre outros meios de resolver conflitos / disputas.
Como tal, as comunidades, em particular as rurais, têm um papel muito importante na
atribuição e designação dos direitos à terra;
• A Lei de Ordenamento do Território (Lei nº 19/2007, de 18 de Julho) e o respectivo
Regulamento da Lei de Ordenamento do Território (Decreto nº 23/2008, de 1 de Junho). A
Cláusula 2 a) do Artigo 68 do Regulamento estipula que a expropriação de terras para efeitos
de ordenamento do território é considerada de interesse público porque se destina a
salvaguardar interesses comuns da comunidade, como a aquisição de espaços para
infraestruturas económicas e sociais, com impactos positivos muito significativos. Esta lei
descreve ainda como os planos de habitação, estrutura urbana e respectivas infraestruturas
devem ser desenvolvidos, em conformidade com os regulamentos de ordenamento
territorial;
14
• Directiva sobre o Processo de Expropriação para efeitos de Ordenamento Territorial
(Decreto Ministerial nº 181/2010, de 3 de Novembro). Esta Directiva estabelece as regras e
os procedimentos da expropriação para efeitos de ordenamento territorial;
• Regulamento da Exumação de Cadáveres (Decreto nº 42/90, de 29 de Dezembro). O
Artigo 15 alínea e) deste regulamento estabelece que nas zonas urbanas, os serviços
funerários estão associados a municípios responsáveis pela gestão das zonas urbanas; estes
serão responsáveis por organizar e autorizar exumações, transferência ou enterramento de
cadáveres. A cláusula 2 do artigo 1 estipula que o enterramento de cadáveres nas zonas
rurais pode ser feito em cemitérios ou em outras localizações devidamente autorizadas
pelas autoridades competentes, mas não estabelece quais são essas autoridades. O
Regulamento não estipula nada quanto a exumações e enterramentos em zonas rurais para
a implementação de projectos de desenvolvimento.
• Directiva Geral para a Participação Pública (Diploma Ministerial nº 130/2006, de 9 de
Julho). Esta Directiva define os princípios que devem ser levados em consideração num
processo de participação pública durante um processo de AIAS, incluindo os princípios de
acessibilidade, inclusão, representação, funcionalidade, negociação e responsabilização.
Moçambique ratificou também Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos e Direitos das
Crianças e Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres. A agenda de
Moçambique sobre Direitos Humanos e o Direito do Trabalho define direitos específicos baseados na
justiça e na igualdade de oportunidades, sem discriminação, em benefício de investimentos e
empreendimentos privados.
15
Esta política é normalmente aplicada a projectos que requerem financiamento internacional. O
Anexo A da PO 4.12 (parágrafos 17-31) descreve o âmbito e o nível de pormenor dos conteúdos de
um plano de reassentamento. Estes incluem objectivos, impactos potenciais, estudos
socioeconómicos, quadro legal e institucional, elegibilidade, avaliação e compensação de perdas,
medidas de reassentamento, planificação de realojamento, participação comunitária procedimentos
de gestão de reclamações, calendário de implementação, custos e orçamentos, e monitorização e
avaliação.
A PO 4.12 (6a) do BM exige que o plano de reassentamento inclua medidas para assegurar que as
pessoas deslocadas são (i) informadas acerca das suas opções e dos seus direitos, (ii) consultadas e
que lhes são dadas escolhas entre alternativas de reassentamento técnico e economicamente
viáveis, e (iii) compensadas imediata e eficazmente pelos custos totais do reassentamento num valor
de substituição integral.
A PO 4.12 (8) do BM exige que seja dada uma atenção especial às necessidades dos grupos mais
vulneráveis entre aqueles que foram deslocados, tais como: aqueles que se encontram abaixo da
linha de pobreza, sem terra, idosos, mulheres e crianças, povos indígenas, minorias étnicas ou
quaisquer pessoas deslocadas que possam não ser protegidos pela lei nacional de terras e
compensação.
A PO 4.12 (13a) do BM estipula que quaisquer pessoas deslocadas e as suas comunidades e
quaisquer comunidades hospedeiras que as recebam devem receber a informação relevante de
forma atempada. Elas também devem ser consultadas sobre as opções de reassentamento e devem
ser-lhes dadas oportunidades para participarem no planeamento, implementação e monitorização
do reassentamento.
A PO 4.12 (12a) do BM estabelece que o pagamento de compensações monetárias por activos
perdidos pode ser apropriada nos casos em que os meios de subsistência dependem da terra, mas
apenas quando a terra expropriada para o projecto seja uma pequena fracção (menos de 20%) do
activo afectado e: (i) o restante for economicamente viável e (ii) existirem mercados activos para
terra, habitação e emprego, as pessoas deslocadas possam usar tais mercados, e exista oferta
suficiente de terra e habitação. Se as PAP forem vulneráveis, as compensações monetárias irão
requerer assistência e orientação.
A PO 4.12 (6 b) estabelece que no caso de realojamento físico, as pessoas deslocadas devem (i)
receber assistência (tal como subsídios de deslocação) durante o realojamento, e (ii) receber áreas
residenciais, ou áreas para habitação, e, se necessário, áreas agrícolas, as quais deverão apresentar
uma combinação de factores, como o potencial produtivo, as vantagens da localização, entre outros,
que seja pelo menos equivalente às vantagens do local antigo.
A PO 4.12 (6 c) define que, onde necessário, as pessoas deslocadas devem receber apoio após a
deslocação, durante um período de transição, com base numa estimativa razoável do tempo que
será provavelmente necessário para restaurarem os seus meios de subsistência e as suas condições
de vida. Esta assistência ao desenvolvimento é prestada em adição às medidas de compensação, e
pode incluir medidas de apoio ao desenvolvimento como a preparação de terras, facilidades de
crédito, formação ou oportunidades de emprego.
A PO 4.12 (13 a) exige que sejam estabelecidos mecanismos de reclamação que sejam apropriados e
acessíveis, para resolver quaisquer questões que surjam.
b) Plano de Reassentamento
16
De acordo com a PO 4.12, o PAR deve cobrir os seguintes aspectos:
17
Segundo o Banco Mundial, um plano de acção de reassentamento deve incluir: (i) compensação pela
perda de terra ou de estruturas físicas na terra, incluindo negócios; (ii) o movimento físico de
pessoas reassentadas; e (iii) a reabilitação económica das pessoas afectadas pelo projecto, de modo
a melhorar (ou pelo menos restaurar) os níveis de rendimento ou de vida que existiam antes de ter
ocorrido a acção que provocou o reassentamento.
18
consultadas sobre as opções de reassentamento, e devem ser-lhes proporcionadas
oportunidades de participação no planeamento, implementação e monitorização do
reassentamento. Devem ser estabelecidos mecanismos de reclamação apropriados e
acessíveis para estes grupos.
o Sejam providenciados, nos novos locais de reassentamento ou nas comunidades
anfitriãs, os serviços públicos e infra-estruturas necessários para melhorar, restaurar ou
manter a acessibilidade e os níveis de serviço para as pessoas deslocadas e as
comunidades anfitriãs. Sejam providenciados recursos alternativos ou semelhantes para
compensar as perdas de acesso aos recursos comunitários (como áreas de pesca,
pastagens, combustível ou forragens);
o Os padrões de organização comunitária adequados às novas circunstâncias sejam
baseados em escolhas feitas pelas pessoas deslocadas. Que, na medida em que for
possível, as instituições sociais e culturais existentes das pessoas reassentadas e de
quaisquer comunidades anfitriãs sejam preservadas e sejam respeitadas as preferências
das pessoas reassentadas no que diz respeito a serem realojadas em comunidades e
grupos pré-existentes.
• A política também estabelece os seguintes princípios orientadores onde se irão basear
os critérios para determinar a elegibilidade para compensação, reassentamento e medidas
de auxílio à reabilitação para as PAP:
I. Pessoas que têm direitos legais formais à terra, incluindo consuetudinários e
tradicionais; e direitos religiosos reconhecidos pelas leis de Moçambique;
II. Pessoas que não têm direitos legais formais à terra ou activos à altura do início do
recenseamento, mas que possuem uma pretensão reconhecida a tal terra ou activos em
conformidade com as leis nacionais de Moçambique. Este grupo de pessoas inclui
aquelas que vieram / regressaram do estrangeiro e a quem foram dadas terras pelas
autoridades locais para se instalarem, e/ou para ocuparem em sociedade matrimonial;
III. Pessoas que não têm qualquer direito legal ou pretensão reconhecidos à terra que
estão a ocupar, a usar ou a partir da qual obtêm a sua subsistência. Este grupo de
pessoas inclui aqueles que se instalam num lugar de forma temporária ou
semipermanente, ou aqueles que se instalaram num lugar sem qualquer concessão ou
autoridade formal.
Às PAPs classificadas de acordo com os subparágrafos (i) e (ii) acima será providenciada
compensação pela terra, edifícios e/ou activos fixos directamente afectados pelo projecto. Elas serão
reassentadas e receberão assistência de reabilitação. A compensação estará de acordo com as
disposições deste PR e da PO 4.12.
Às pessoas cobertas pelo subparágrafo (iii) acima será providenciada compensação por qualquer
melhoria / estruturas / bens na terra ocupada, caso tenham ocupado a terra em data prévia à data
moratória (a ser definida durante a fase do PAR). Para além disso, se elas ocupavam a área do
projecto antes da data moratória estabelecida, terá também de lhes ser prestado o auxílio
necessário para satisfazer as disposições estabelecidas neste PR e na PO 4.12.
As comunidades que incluem distritos, cidades, bairros e povoações que irão perder terra, recursos
e/ou acesso a activos de forma permanente, serão elegíveis para compensação. A compensação às
comunidades irá incluir apenas infraestruturas que serão perdidos nestes locais. As medidas de
compensação garantirão que o estado socioeconómico da comunidade anterior ao reassentamento
19
será restaurado ou melhorado. A restauração dos meios de subsistência estará coberta pelo PAR.
Deverão ser considerados benefícios à escala comunitária para comunidades afectadas
(reassentadas e anfitriãs), incluindo opções para acesso ao serviço de electricidade onde tal seja
viável e apropriado.
Componentes Legislação Nacional Política da PO 4.12 do Banco Mundial Medidas recomendadas para
avaliados EDM colmatar e/ou reduzir as
diferenças
Tópicos de reassentamento
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Componentes Legislação Nacional Política da PO 4.12 do Banco Mundial Medidas recomendadas para
avaliados EDM colmatar e/ou reduzir as
diferenças
São necessários inquéritos
É realizado um censo familiar e
abrangentes da situação de
O Relatório do Levantamento inquéritos socioeconómicos a
referência das PAP e dos seus
Físico e Socioeconómico deve todos os agregados familiares
rendimentos e bens para o PAR
informar as partes interessadas afectados usando indicadores
detalhando
sobre os objectivos, relevância e A EDM significativos, juntamente com
características demográficas e
Estudos da Situação impactos do processo de segue a levantamento dos bens para o
socioeconómicas das
de Referência reassentamento. Deve também legislação desenvolvimento de medidas
comunidades e agregados
apresentar e discutir alternativas nacional. de reassentamento e de
familiares, bem como inventários
para locais de reassentamento restauração de meios de
de bens, para o desenvolvimento
(Decreto no. subsistência adequadas. O
de uma compensação adequada,
54/2015, Artigo 11). reassentamento e meios de censo será actualizado para a
implementação do PR.
subsistência, bem como a M&A.
O censo será actualizado e a
data limite será estabelecida de
Os regulamentos nacionais Exige que a data limite seja
acordo com o quadro jurídico
preveem que o Governo de A EDM idealmente acordada entre as
moçambicano na fase de
Data limite para a Moçambique defina a data limite segue a partes e promulgada após o
implementação do PR. A data
elegibilidade pouco antes do pagamento de legislação inventário de todos os bens.
limite não inviabiliza a
compensações e da implementação nacional. Normalmente, esta data limite é
continuação da agricultura e
do projecto. a data de início do censo.
isso vai ser comunicado
claramente.
É preferível a compensação em O PR vai incluir consultas com
espécie para garantir que as PAP as PAP sobre a potencial
são adequadamente reinstaladas substituição em espécie como
O Decreto nº31/2012 sobre o
e restabelecidas, devido aos opção para o alojamento. A
Processo de
riscos associados com a análise será realizada de
Reassentamento resultante de
A EDM compensação em dinheiro. acordo com a proporção de
Actividades Económicas, enfatiza a
Opções de segue a A compensação em dinheiro terras afectadas por
compensação em espécie para
compensação legislação pode ser a adequada quando os proprietário / agricultor. Onde
unidades de habitação, dando
nacional. impactos são mínimos (menos de for significativo, serão
instruções sobre as características
20% das terras). envidados esforços para dar
necessárias de substituição de
terra de substituição e/ou
unidades de habitação e parcelas.
desenvolver assistência
abrangente aos meios de
subsistência.
A justa indemnização deve ser paga A indemnização deverá ser paga O pagamento da compensação
antes da transferência ou antes do reassentamento e as ocorrerá antes do
expropriação de bens e activos, e PAP devem ser ajudadas na reassentamento, mas será
A EDM
Pagamento de deve cobrir não só o valor real dos abertura de contas bancárias programado de modo a não
segue a
compensações e bens expropriados, como danos e conforme necessário, juntamente forçar um reassentamento
legislação
movimentações perdas de lucro (Decreto Nº com formação em gestão antecipado e antes de todos os
nacional.
23/2008, Artigo 68 Nº2a). financeira. meios de subsistência e de
medidas de assistência
vulneráveis estarem no lugar.
Os expropriados devem ter a O PFR detalha um
oportunidade de contestar os procedimento de reclamações
termos de compensação em caso Mecanismos de queixas e que estará acessível a todas as
A EDM
de discordância e devem ser reclamações devem ser colocados PAP e permitirá reclamações
Gestão de segue a
informados dos prazos para o fazer em locais acessíveis, sem custo e em relação a todos os aspectos
Reclamações legislação
(Decreto Nº 23/2008, Artigo 71, Nº livres de reembolso. do projecto, em todas as fases,
nacional.
3). garantindo a compatibilidade
com a legislação nacional e os
mecanismos tradicionais.
21
Componentes Legislação Nacional Política da PO 4.12 do Banco Mundial Medidas recomendadas para
avaliados EDM colmatar e/ou reduzir as
diferenças
O Regulamento para o Processo de As actividades de
Reassentamento Resultante de acompanhamento e avaliação
Actividades Económicas, prevê a devem ser integradas no processo Este PR detalha um plano de
criação de uma Comissão Técnica de gestão global do projecto, e o A&A envolvendo a participação
A EDM PR deve fornecer um plano de
para o Acompanhamento e das partes interessadas, que
Acompanhamento segue a acompanhamento coerente que
Supervisão do Processo de continuará enquanto as
e avaliação legislação identifique as responsabilidades
Reassentamento (Decreto Nº medidas de implementação e
nacional. organizacionais, a metodologia e
155/2014, de 19 de Setembro). As restauração dos meios de
Comissões serão criadas a nível a calendarização do subsistência durarem.
provincial e distrital e têm claras acompanhamento e comunicação
responsabilidades a cumprir. de informações.
Indemnização/compensação
Somente as terras sob a área
de ocupação dos pilares serão
consideradas pelo Projecto.
Fazer a substituição em
A compensação em espécie é espécie para as PAPs que
recomendada. Deve ser prestada perdem 20% ou mais das suas
assistência para a restauração da terras sob a área de ocupação
De acordo com a Lei de Terras dos pilares.
produtividade e para alcançar
19/97 de 1 de Outubro, Artigo 3: A
níveis de produção (pelo menos Sem compensação uma vez
terra pertence ao estado e não
equivalentes à terra substituída). que a Faixa de Servidão pode
pode ser vendida, hipotecada e A EDM A compensação monetária é ser usada para a agricultura
penhorada sob qualquer forma. segue a
Terras cultivadas possível, mas deve ser suficiente (não são permitidas árvores).
Assim, a terra é compensada em legislação para obter terra de características No entanto, devem
espécie. A terra de substituição nacional. semelhantes (valor de compensar-se todos os ciclos
dever ser equivalente ou superior à substituição) e não é de colheitas perdidos durante a
terra substituída, de um ponto de recomendada se as terras manutenção ou
vista da subsistência. afectadas representarem 20% ou implementação do projecto.
mais da terra do agregado Serão assinados Memorandos
familiar. de Entendimento (MdE) com
as PAPs que cultivam na área
de servidão, formalizando os
usos permitidos / proibidos na
faixa de servidão.
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Componentes Legislação Nacional Política da PO 4.12 do Banco Mundial Medidas recomendadas para
avaliados EDM colmatar e/ou reduzir as
diferenças
• Ser construídas com licenças, etc.), incluindo o valor alvenaria e casas de banho de
material convencional necessário para obter o DUAT cimento separadas), bem
(alvenaria) e de acordo com um para uma terra semelhante. como todos os custos de
modelo aprovado transacção. O cliente irá
fornecer às pessoas
• Seguir as
fisicamente deslocadas uma
características sociais e
escolha de opções para uma
culturais do local de
habitação adequada (com o
reassentamento
mínimo de requisitos legais)
• Ter parcelas de com a segurança de posse de
5.000 m2 para zonas rurais e uma infra-estrutura de terra.
800 m 2 para zonas urbanas As PAP podem receber
compensações em dinheiro
para a reconstrução através de
prestações cuidadosamente
planeadas em cada etapa do
processo de
autoreconstrução.
Estruturas comunitárias
também devem ser
substituídas pelo valor de
mercado, sem depreciação. Se
forem encontradas áreas
sagradas e túmulos, o
proponente irá pagar os
custos cerimoniais e de
reassentamento necessários.
2
As Melhores Práticas Internacionais, foi consultado o manual da IFC. Este guia está disponível em:
http://www.ifc.org/wps/wcm/connect/938f1a0048855805beacfe6a6515bb18/IFC_StakeholderEngagement.pdf?M
OD=AJPERES.
24
2.3.2 Procedimentos e Responsabilidades
As responsabilidades e funções de cada uma das instituições envolvidas no reassentamento são
discutidas nos parágrafos seguintes.
A EDM irá gerir e coordenar todo o processo de reassentamento. Irá nomear uma empresa de
consultoria para elaborar o PR e PAIR e que irá acompanhar e certificar que os processos de AIAS/
PGAS e PR são seguidos adequadamente em conformidade com a legislação do país.
25
O ministério irá avaliar o PR e o PAIR e garantirá que os vários aspectos do reassentamento estão em
linha com a gestão global do Projecto (agricultura, obras públicas, gestão de terras, etc.), bem como
com o seu enquadramento de reassentamento e do Banco Mundial.
O Decreto 31/2012 de 8 de Agosto, exige que seja criada uma Comissão Técnica para o
Acompanhamento e Supervisão de Reassentamento a níveis relevantes para gerir todo o processo
de reassentamento. Em 2014, o governo aprovou o Decreto Nº 155/2014 de 9 de Setembro, para
apoiar o precedente decreto 31/2012. O novo Decreto estabelece a organização e funcionamento
dos intervenientes no acompanhamento e supervisão do reassentamento.
De acordo com o Decreto 155/2014, a Comissão Técnica a nível provincial deve incluir os seguintes
representantes:
➢ Director da área que superintende a actividade de ordenamento territorial ao nível
provincial;
➢ Director das Obras Públicas e Habitação;
➢ Director da Agricultura;
➢ Director de Acção Social;
➢ Director da área afim.
De acordo com o Decreto 155/2014, a Comissão Técnica a nível distrital deve incluir os seguintes
representantes:
➢ Director de Saúde, Mulher e Acção Social;
➢ Um (1) representante da autoridade distrital;
➢ Um (1) representante da Sociedade Civil;
➢ Cinco (5) representantes da população afectada;
➢ Cinco (5) líderes comunitários.
A comissão será responsável por assegurar que a implementação do PR está em conformidade com
os planos de uso da terra nos distritos e cidades.
26
As responsabilidades das comissões serão: assegurar que a opinião, reais interesses e preocupações
das PAP são adequadamente tidas em conta em todas as fases do processo, incluindo apoiar as PAP
para lidar e corrigir injustiças.
Os Serviços Distritais em causa serão a entidades do governo afectado (ex.: serviços distritais de
agricultura e de saúde). Estes serviços terão de:
27
3. METODOLOGIA DO PROCESSO DE REASSENTAMENTO
Este PR foi elaborado considerando a legislação Moçambicana relevante, bem como as orientações
internacionais relevantes (nomeadamente a PO 4.12 do BM). Este capítulo apresenta a abordagem e
metodologia que foram seguidas para desenvolver este PR.
Um estudo do perfil socioeconómico e inventario fora realizados em momentos distintos. Entre o dia
28 de Novembro a 12 de Dezembro de 2022 realizou-se o levantamento do perfil socio económico
das PAPs com o objectivo de identificar bens e pessoas afectadas pelo projecto como também,
compreender o contexto socioeconómico e cultural em que estás pessoas vivem, enquanto que
entre 28 de Fevereiro a 12 de Março de 2023 realizou-se o inventário dos bens com o objectivo de
validar e actualizar os dados dos bens (infraestruturas e outros activos, com destaque para as
machambas) e pessoas afectadas pelo projecto. A metodologia usada para recolha, processamento e
análise de dados do inventário bem como o estudo socioecónomico está devidamente explicada na
secção abaixo.
O perfil socioeconómico das famílias potencialmente afectadas pelo projecto foi baseado em dados
primários e secundários. A recolha de dados primários incluiu um levantamento socioeconómico
quantitativo e uma avaliação qualitativa, através de entrevistas semiestruturadas. O processo de
recolha de dados socioeconómicos obedeceu os seguintes passos:
Estes passos são descritos de forma mais detalhada nas secções seguintes.
A segunda fase consistiu no desenho dos instrumentos usados para colecta de informação, junto dos
actores relevantes, nomeadamente: PAPS, entidade governamental responsável pelas áreas
cobertas pelo projecto ao nível do distrito e líderes locais . O desenho dos instrumentos de recolha
de dados teve duas fases: 1) elaboração dos inquéritos em papel (vide anexo I); e 2) desenho do
aplicativo de recolha de dados junto dos beneficiários do projecto. Antes da validação dos
instrumentos de recolha de dados, os mesmos foram partilhados com a equipa técnica adviser do
projecto para avaliação e inputs, para garantir que todos os aspectos do projecto sejam
salvaguardadas no PAR. De forma elucidativa o esquema abaixo demostra o processo de desenho
dos instrumentos de recolha de dados.
29
(2) Desenvolvimento do questionário em versão digital
Para o desenvolvimento do questionário em versão digital foi utilizado a plataforma KoboToolbox. O
KoBoToolbox é um software de uso livre (open-source) que permite a coleta de dados, a análise e a
gestão com vistas a subsidiar a tomada de decisões nas mais diversas áreas, permitindo a
estruturação de gráficos, tabelas, relatórios e mapas e ainda a exportação dos dados para serem
utilizados em outros sistemas.
➢ URL do servidor;
➢ É necessário um utilizador com os devidos acessos.
Principais funcionalidades:
31
Figura 6. Recolha de dados no campo com o android
32
Figura 9. Exportação de dados
Cada inquiridor de campo foi equipado com um dispositivo de recolha de dados. Esta tecnologia
facilita a produção da base de dados e a análise de dados à posteriori. Após o término de cada
entrevista ou no fim do trabalho dia de campo, o inquiridor enviou a informação para a Cloud e
servidor onde foi monitorada a nível do escritório pelo especialista de análise de dados e a
especialista de socioeconomia.
A formação dos recenseadores foi em cascata, isto é, a equipa sénior da Verde Azul Consultoria
treinou primeiramente a coordenadora de campo, o supervisor e o técnico de GIS, onde foi
explicado os objectivos do trabalho, funcionalidade do aplicativo, vantagens do uso do mesmo em
33
comparação ao papel, interpretação do questionário, visualização dos dados recolhidos e
harmonização dos procedimentos de campo. De seguida passou-se para o treinamento dos
recenseadores de campo pela Assistente senior de socioeconomia e a coordenadora de campo. A
formação foi essencialmente de natureza prática e de ampla discussão e debate dos conteúdos
expostos entre todos os participantes. Aos candidatos pré-seleccionados foram partilhados os
materiais de formação, nomeadamente o power point e o questionário para familiarizarem-se com
os objectivos da pesquisa e com o questionário, o que permitiu com que o processo de interpretação
das questões do inquérito fosse mais célere e que se pudesse dedicar mais tempo as questões mais
complexas.
Os formandos tomaram parte activa na formação e foram-lhes solicitadas inúmeras tarefas,
nomeadamente:
➢ Apresentação oral dos resumos dos principais conteúdos do dia;
➢ Exercícios de Role Play no Aplicativo;
➢ Apresentação de sugestões de melhoria das questões;
➢ Trabalhos de casa; e
➢ Levantamento das dúvidas, discussões e pontos em aberto após cada sessão.
A formação foi intensiva com duração de dois (2) dias, dos quais um (1) dia foi dedicado a discussão
e interpretação do questionário, métodos e procedimentos para realização das entrevistas. O
segundo dia foi reservado a role plays entre os formandos, com o objectivo de garantir-se o domínio
do questionário (interpretação, sequencia e os links) e do funcionamento do aplicativo (KoboCollect
Tool), bem como a estratégia de implementação das actividades de campo.
34
imóveis das famílias afectadas, culminou com a produção de mapas de parcela de cada
infraestrutura.
O Equipamento GNSS usado para o mapeamento foi o Trimble Juno 5. O GNSS é um sistema de
navegação por satélite usado a nível global. Estes aparelhos garantem uma precisão até 10 cm.
O estudo recolheu dados socioeconómicos que permitiu obter um bom entendimento do padrão de
vida das PAP. O censo focou-se nos seguintes tópicos:
De forma resumida, a figura abaixo ilustra a abordagem metodológica para o levantamento de dados
35
socioeconómicos e geográficos.
O Power Query é uma ferramenta de business intelligence utilizada no Excel como suplemento, que
permite extrair, transformar e carregar informações de várias fontes diferentes, além de fazer a
manipulação de dados conforme o contexto e as especificações. Para a análise de dados fez-se uso
do MS Excel, com especial destaque para a poderosa ferramenta Tabela dinâmica, que permite
calcular, resumir e analisar os dados possibilitando assim, ver comparações, padrões e tendências.
36
➢ Acesso a algumas áreas foi dificultado pela ausência de estradas, principalmente na
comunidade de Nhantalala e no Bairro Jack na localidade de Maroeira, contudo estas áreas
são de florestas fechadas e montanhas.
➢ Durante o trabalho de campo para o levantamento do perfil socioeconómico foi
realizado no final do mês de Novembro a meados de Dezembro (2022) época em que parte
dos agricultores estão a preparar-se para lavoura (Início das chuvas), sendo que o número
de parcelas cultivadas mostraram-se menos que as cultivadas no mês de fevereiro-Março,
momento do Inventário da validação dos dados.
➢ Apresentar o Projecto;
➢ Apresentar as actividades que serão desenvolvidas no processo de levantamento Físico
e Socioeconómico;
➢ Apresentar os possíveis impactos e as medidas de mitigação relevantes que poderão
resultar da implementação do Projecto, principalmente os potenciais impactos do
reassentamento;
➢ Fortalecer os canais de comunicação entre a equipa do Consultor, Proponente (grupos
de contacto) e o público; e
➢ Recolher e dar resposta a questões, comentários e sugestões sobre o Projecto, para
consideração no Relatório do EIAS.
A reunião de consulta pública foi organizada em coordenação com os líderes locais, foram
informados da data da reunião com cinco dias de antecedência, e foram solicitados para partilharem
a informação com a população local. No decorrer da reunião, todos os participantes foram dadas a
oportunidade de expressar suas preocupações, comentários ou sugestões referentes ao Projecto.
Foram compiladas listas de presença dos participantes e elaboradas minutas de cada reunião. A
tabela seguinte apresenta a localização e data da reunião.
37
3.2.2 Segunda ronda de participação pública
A segunda ronda de participação pública teve lugar em simultâneo com o trabalho de campo do
censo e foi realizada nas comunidades que serão afectadas pela Row do Projecto. A segunda ronda
da Consulta Pública teve lugar a 16 de Dezembro de 2022.
A reunião de consulta pública foi organizada em coordenação com os líderes locais, foram
informados da data da reunião com cinco dias de antecedência, e foram solicitados para partilharem
a informação com a população local. No decorrer da reunião, todos os participantes foram dadas a
oportunidade de expressar suas preocupações, comentários ou sugestões referentes ao Projecto.
Foram compiladas listas de presença dos participantes e elaboradas minutas de cada reunião. A
tabela seguinte apresenta a localização e data da reunião.
➢ Emprego: a falta de emprego foi uma questão levantada em todas as aldeias onde as
reuniões foram realizadas. Os intervenientes expressaram igualmente preocupação em
relação ao facto de grande parte da população não ter especialidades de eletricidade e
construção, o que alegadamente iria reduzir as possibilidades de serem contratado pela
EDM. O consultor explicou que seriam criadas oportunidades de emprego para os membros
das comunidades locais. A abordagem do consultor em relação a questão do emprego foi
sempre precaucionaria, com o ocbjetivo de se evitar a criação de expectativas irrealistas no
seio das comunidades.
A segunda ronda teve lugar no dia 16 de Dezembro de 2022, onde foram também realizadas 9
reuniões (as reuniões dos povoados de Nhauriri e Nhantarara foram realizadas em conjunto por
serem povoados vizinhos, o mesmo aconteceu para Chigamanda e Chigamba). Nestas reuniões
foram apresentados resultados de levantamentos, famílias impactadas, potenciais impactos,
esclarecimento sobre a largura do RoW. Foram debatidas as possíveis áreas de reassentamento com
as comunidades. No decorrer da reunião foram esclarecidas as duvidas, preocupações e as soluções,
cujas mesmas não diferem das questões levantadas na primeira consulta pública.
As características da faixa de servidão (50 metros) e do equipamento nesta existente, bem como as
restrições sobre o uso da faixa de servidão pela população, baseiam-se na legislação nacional como
apresentado no capítulo 3 e em normas técnicas internacionais, incluindo a protecção contra
campos electromagnéticos.
A maioria dos impactos (directos e indirectos) serão sentidos dentro e ao redor da faixa de servidão,
até aproximadamente 50 m. Não existe nenhum agregado familiar afectado localizado na área da
subestação ou no realinhamento da estrada.
Para os agregados familiares e comunidades afectadas pelo Projecto, os impactos negativos que
podem ocorrer durante a fase de construção da linha de transporte e que são relacionados ao
reassentamento incluem:
➢ Perda de terras;
➢ Perda de árvores e danos nas culturas agrícolas;
➢ Perda de meios de subsistência;
➢ Reassentamento das estruturas dos agregados;
➢ Reassentamento de estruturas comerciais, como lojas;
➢ Impactos sobre os bens comunitários como abastecimento de água e outros serviços;
➢ Deslocamento ou perda de locais sagrados (ex.: área sagrada).
Os principais impactos de longo prazo, no local de implantação das torres e da subestação, e limpeza
da faixa de servidão, são:
40
4.2 Impactos do Projecto
Além disso, a destruição das colheitas pelas máquinas durante a manutenção da linha de energia
poderá ser evitada se as actividades de manutenção forem realizadas fora das épocas de cultivo e
pastagem ou com aviso prévio.
O impacto económico para os agricultores que percam 20% ou mais da sua terra produtiva, devido a
uma torre, poderia ser significativamente maior. Serão dadas várias formas de apoio às PAP para
mitigar os efeitos negativos, tais como a assistência na procura de novas terras para a agricultura,
limpeza e preparação de terras alternativas com características semelhantes na mesma área. Esse
apoio será importante tendo em conta que uma grande quantidade de parcelas é relativamente
pequena (menos de 1.5 ha, ver secção 6.6.3).
O espaço para esta operação está disponível em zonas rurais atravessadas pelo projecto, uma vez
que a área necessária para cada parcela deslocada é limitada. Além disso, as regras consuetudinárias
requerem que os chefes das comunidades e a comunidade respondam à necessidade de parcelas
para a reconstrução de residências. Por isso, o impacto no estilo de vida desses agregados será
consideravelmente reduzido. Com efeito, as PAP serão reassentadas perto do seu local de residência
original sem terem que se deslocar para outras comunidades, tendo acesso às mesmas terras
aráveis.
Contudo, essa transferência irá resultar numa perda de tempo, rendimento e perturbação da
organização da vida diária dos agregados familiares afectados. Com o estabelecimento de
procedimentos de viagem (ex. tempo adequado) e medidas de compensação adequadas e eficazes
(ex. a reconstrução de casas e de estruturas relacionadas, antes da destruição das estruturas
afectadas, apoio ao reassentamento, etc.), o impacto do projecto sobre os agregados familiares
afectados fisicamente será minimizado.
41
Será necessário assegurar que os agregados afectados recebem uma compensação adequada e que
as novas casas sejam construídas antes do início das actividades de construção.
Nos casos em que tal não é possível devido à indisponibilidade de terra para a nova habitação dentro
da actual terra pertencente à PAP, será fornecida assistência especial para encontrar terra
equivalente noutra área que sirva para o reassentamento do agregado e para a produção agrícola.
Com procedimentos de reassentamento adequados e medidas de compensação apropriadas e
vantajosas (ex. a reconstrução de casas e de estruturas relacionadas, antes da destruição das
estruturas afectadas, apoio ao reassentamento, etc.), o impacto do projecto sobre os agregados
familiares afectados fisicamente será minimizado. O tempo e a assistência adequados para apoiar as
comunidades e as famílias são cruciais para minimizar o impacto nestes reassentamentos.
Podem ser encontrados casos de violência de género (VG) durante o processo de reassentamento,
uma vez que o deslocamento de pessoas e o pagamento de compensações representam um risco de
VG. Isto é particularmente verdade quando a compensação é paga em dinheiro aos homens. Uma
vez que a propriedade e o controle sobre os recursos são limitados, as mulheres estão restritas a um
papel menos preponderante nos processos de tomada de decisão. A experiência adquirida mostrou
que, em alguns casos, os homens gastam o dinheiro em vez de investi-lo no reassentamento da
família ou que procuram casar novamente com outra mulher e abandonar a família. As mulheres
muitas vezes são ignoradas quando as compensações são negociadas e distribuídas. No caso de
mulheres solteiras chefes do agregado familiar, alguns membros da família também podem tentar
receber o dinheiro da compensação porque no passado as ajudaram a construir a casa. Esta situação
ilustra a importância das compensações em espécie (terreno por terreno e casa por casa), em vez de
dinheiro. Se for estabelecido um mecanismo de controle e informação esses riscos também poderão
ser reduzidos (ver Capítulo 9).
No entanto, para além desta possibilidade os impactos do projecto sobre as mulheres serão
principalmente relacionados com o facto de as mulheres serem principalmente responsáveis pelo
trabalho de campo e pela produção agrícola, que é a sua principal actividade de subsistência, e estas
actividades agrícolas serão afectadas pelo projecto. As mulheres na área do projecto são bastante
jovens, 13.4 % têm entre 10-20 anos e 12.8% têm entre 21-40 anos. Apenas 6.6% tem mais de 50
anos. Além disso, quando analisado por sexo, os chefes de AF do sexo feminino têm, em média, um
42
nível de escolaridade inferior a dos homens. Apenas 2.6 % dos CAFs do sexo feminino (de 232 AF)
frequentou o ensino secundário (ESG1 e ESG2), e 5.7% frequentou o ensino primário (EP1 e AP2) e a
maioria, 15% não frequentou a escola.
"As pessoas que, em virtude do género, etnia, idade, deficiência física ou mental, desfavorecimento
económico, ou status social podem ser mais afectadas negativamente pelo reassentamento do que
outras e que podem estar limitadas pela sua capacidade de reivindicar ou tirar vantagem" (IFC,
2002).
Os grupos vulneráveis neste projecto são os agregados chefiados por mulheres e/ou viúvas, ou por
crianças e idosos, bem como agregados com membros que sejam portadores de deficiência ou que
vivam com doenças crónicas graves, e ainda os agregados familiares que perderem 80% ou mais das
suas terras agrícolas.
O reassentamento é mais difícil para as pessoas vulneráveis do que para as outras pessoas que
tenham sido fisicamente ou economicamente deslocadas. A mudança, a reconstrução e o
reassentamento podem levar mais tempo, devido a limitações adicionais que enfrentam e/ou à sua
reduzida capacidade de adaptação. Além disso, a nível económico, algumas PAP vulneráveis podem
sofrer impactos significativos sobre os seus rendimentos (ex. perda de produção agrícola ou de
rendimentos do comércio informal).
Medidas mitigadoras específicas, como, por exemplo, dar prioridade à população e empresas locais
nas oportunidades de emprego e compra e deixar os membros capazes dessas famílias trabalhar nas
suas terras (corte de árvores, reconstrução, etc.), deixando-os fazer uso das árvores cortadas e do
material que sobra das casas afectadas ou de outras estruturas (casas, alpendres, etc.), podem
ajudar essas famílias economicamente vulneráveis a manter os seus meios de subsistência e
rendimentos.
Ao mesmo tempo, algumas pessoas vulneráveis estão em maior risco de fraude, roubo ou ameaça,
especialmente quando são dadas compensações em dinheiro. A distribuição da compensação pode
tornar estas pessoas mais vulneráveis a pressões sociais e familiares que possam reduzir a sua
capacidade de usar os fundos. Estes impactos negativos podem ser mitigados, assegurando a
colaboração de líderes legítimos e um acompanhamento adequado com as PAP em relação à
distribuição e gestão da compensação.
4.5 Riscos
Os seguintes riscos e dificuldades previstas para este projecto estão relacionadas a vários tipos de
problemas:
43
1) Reassentamento e compensação: Uma gestão deficiente da compensação e
reconstrução poderia criar frustração/conflitos entre as PAP e atrasar o projecto. Se as negociações
se estenderem por um longo período e/ou tiverem que ser resolvidas um número significativo de
reclamações, podem ocorrer atrasos no processo de PR. Algumas das medidas que podem reduzir
este risco são: A transparência no estabelecimento de compensações e das taxas de avaliação
utilizadas, a supervisão do processo por uma ONG de seguimento, a rápida criação de Comissões
Locais de Reassentamento e mecanismos de resposta a reclamações, bem como uma rápida
implementação do PR.
2) Invasões: Alguns oportunistas podem sentir-se tentados a ocupar a faixa de servidão do
projecto para receber compensações e devem ser tomadas medidas para evitar esta situação. Os
líderes comunitários e as PAP devem ser sensibilizados para a data limite (após a qual não serão
permitida a construção de novas estruturas na faixa de servidão) durante as actualizações dos
levantamentos associados à implementação do PR. A rápida implementação do projecto irá também
ajudar a minimizar este risco.
4.6 Área de Influência Directa
A Área de Influência Directa (AID) do Projecto corresponde à combinação de duas áreas:
A área de implantação do projecto incluí a área ocupada pela Faixa de Servidão da linha, a
subestação de Matambo e o realinhamento da Estrada N 301. Na fase de construção, a área de
implementação inclui também as infra-estruturas de apoio, tais como estradas de acesso
temporárias, acampamentos de construção, áreas de empréstimo, zonas de deposição, etc.
Os impactos directos do projecto também serão sentidos fora da área de implementação, nas
comunidades atravessadas pela faixa de servidão. Prevê-se que sejam sentidos impactos directos do
reassentamento nas aldeias e comunidades atravessadas pelo, ou próximas, do traçado.
44
6. PERFIL SOCIOECONÓMICO DAS POPULAÇÕES AFECTADAS
6.1 Considerações gerais
O presente capítulo tem como objectivo apresentar o contexto administrativo do distrito de Marara e
de Cahora Bassa, bem como realizar uma análise demográfica e socioeconómica da população
directamente afectada pelo projecto. Estas informações serão cruciais para a elaboração do RAP e
para garantir que o reassentamento dos agregados familiares ocorra de forma adequada. Nesta
secção, serão descritos os agregados familiares com base na metodologia desenvolvida para produzir
informações sobre a situação de referência anterior ao projecto.
De acordo com o levantamento do perfil socioeconómico da faixa de ZPP e a sua validação, foram
identificadas 238 parcelas, das quais 57 são habitações, 147 são machambas, 30 são habitações com
machambas na mesma parcela e 4 empreendimentos (2 currais, 1 aviário comercial e 1 barraca/loja
isolada), conforme apresentado na tabela 9. Estas parcelas pertencem a 232AF, visto que 6 AF têm
duas parcelas afectadas.
A análise geral dos dados inclui informações dos 168 agregados familiares entrevistados durante o
levantamento socioeconómico. As variáveis analisadas foram as seguintes: relação dos membros com
o CAF, o estado civil, a faixa etária, o sexo e o género dos AF, a poligamia no CAF, a língua falada pelos
AF, o decisor no gasto do dinheiro do AF, os locais onde os membros do AF passam o tempo livre, a
principal religião do AF, a saúde dos AF, os tipos de construção em diferentes tipos de infraestruturas,
a titularidade da habitação, a presença de DUAT, o acesso a energia, água, saneamento,
comunicações e transportes. Também foram analisadas as actividades de subsistência e rendimento
dos membros do AF.
Por outro lado, durante a validação dos dados foram inquiridas 223 membros do AF. No entanto,
variáveis analisadas e actualizadas foram as seguintes: sexo, idade, educação do CAF, o número de
estruturas habitacionais dos AF, a tipologia da casa principal, a tipologia do material de construção
utilizado, a titularidade da habitação, actividades de rendimento, a quantidade de animais criados
pelos AF, as culturas agrícolas praticadas pelos AF afectados e as árvores com valor económico que os
AF tem e vulnerabilidade. Por outro lado, para 4 AF proprietários de currais, aviário e barraca foi
realizado um inquérito sobre os rendimentos e a analise foi efectuada de forma isolada.
A figura a seguir apresenta a localização das áreas e parcelas afectadas pelo projecto na Zona de
Proteção Parcial (ZPP). Essas áreas correspondem às parcelas de habitações, machambas, e aquelas
que possuem tanto habitações quanto machambas.
45
46
Figura 12. Localização de AF das áreas/parcelas que serão afectados pelo projecto
No geral, a estrutura etária dos residentes da província de Tete mostra uma população jovem, com
idade inferior a 15 anos e não economicamente activa, que representa cerca de 52,2%. A
percentagem da população dos grupos etários mais avançados é progressivamente mais baixa devido
a alta taxa de mortalidade e baixa esperança de vida que afecta estes grupos etários.
Cerca de 78,45% dos agregados familiares da Província de Tete residem em zonas rurais, onde mais
que 40% da população dos distritos de Cahora Bassa, Changara e Marara são famílias nucleares com
filhos. Como mencionado acima, o projecto atravessará 3 distritos, mas de acordo com o trabalho de
campo apenas 2 distritos terão PAP, nomeadamente, Marara e Cahora Bassa. A tabela abaixo mostra
o número de AF entrevistados por distrito, Posto administrativos, localidade e comunidade/Bairro, de
acordo com os respondentes e liderança local.
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Número de Percelas identificadas
AF
AF
Posto entrevistad Habitações Empreen
Distrito Localidade Comunidade entrevistado
Administrativo os na Habitações Machambas & di-
s no Censo
validação* Machambas mentos
Cachembe Cassoca 26 32 16 13 1 2
Marara
Chancocoma Nhamatua 9 10 0 10 0 0
Boroma
Mitsanha 5 6 0 6 0 0
Sede
Marara
Matamo
Mufa Boroma 33 37 4 31 2 1
Mufa- Bridge
Caconde Matamo
7 9 0 9 0 0
Sede
Bairro Jack 16 18 0 16 2 0
Maroeira Cancoma 11 23 0 23 0 0
Cahora Nhantalala 14 26 0 24 2 0
Songo
Bassa Cateta 16 29 5 13 14 0
Vila Songo Julius
31 42 32 2 9 1**
Nyerere
57 147 30 4
Total 168 232
238
Tabela 9. Número de AFs entrevistados por comunidade
*Parte dos Agregados familiares entrevistados na fase de validação de dados socioeconómicos estavam ausentes durante o período
socioeconómico e aqueles que abriram novas machambas e/ou habitações.
** O proprietário da barraca isolada estava ausente. Encontra-se na África do Sul a trabalhar, pelo que encerrou o negócio.
A maioria de parcelas afectados (143 parcelas) localizam-se no distrito de Cahora Bassa, pois é aqui
que a linha de energia vai cruzar a área com a maior número de residências (64).
Dos 168 agregados familiares entrevistados durante o período socioeconómico, constatou-se que um
número estimado de 873 pessoas reside nos AFs que estão dentro da ZPP do projecto. No que diz
respeito à estrutura familiar destes agregados verificou-se que o número de membros varia de 1 a 12,
maioritariamente formados pelo casal, filhos, netos e sobrinhos, isto é, os AF são maioritariamente
constituídos por membros da família imediato do AF, conforme pode-se observar na figura abaixo. A
dimensão media dos agregados familiares no conjunto de dados é bastante elevado (5.31) quando
comparada com a média distrital, provincial e nacional, que se situam, actualmente, em 4.4, 4.5 e 4.2,
respectivamente (INE 2017). Entende-se, geralmente, que elevadas dimensões médias de agregados
familiares estão associadas a níveis mais elevados de vulnerabilidade e dependência (BM 2016).
48
Figura 13. Relação dos membros do AF com o CAF
Em termos do estado civil, de um total de 893 membros, os dados mostram que a maioria (62.7%) é
solteira.
Pode-se inferir que a população na área do projecto é relativamente jovem, representada por uma
percentagem elevada de crianças e jovens abaixo de 20 anos, que em conjunto representam 56%, e
uma percentagem pouco representativa do grupo etário dos idosos, a registar apenas 7%. Verifica-se
ainda uma predominância do sexo masculino, embora pouco proeminente (52%).
49
Figura 15. Percentagem da população por grupo etário, dessegregado por sexo
Com base nas entrevistas realizadas aos 228 agregados familiares durante a validação de dados
socioeconómicos, verificou-se que, embora a distribuição geral da população por género seja
relactivamente homogénea, com 52% de homens e 48% de mulheres, a maioria dos agregados
familiares entrevistados é chefiada por homens (73%).
Para além da maior parte de 228 famílias afectadas ser chefiada por homens, a faixa etária mais
comum entre os chefes de família masculinos é entre 30-39 anos (19%) e 40-49 anos (19%). Outros
11% dos chefes de família masculinos estão na faixa etária de 20-29 anos e outros 12 % na faixa etária
de 50-59 anos, e por outro lado 13% são homens idosos com 60 anos ou mais. As mulheres chefes
estão na sua maioria, nas faixas etárias de 30-39 e 50-59, com 7% e 6 %, respectivamente.
50
Figura 17. Percentagem do chefe do AF por grupo etário, dessegregado por sexo.
Com base nas entrevistas realizadas aos 168 agregados familiares durante o período socioeconómico,
os dados levantados indicam que a maioria dos chefes de família (74%) vive em alguma forma de
matrimónio, isto é, casado de facto. Desta forma, esses dados sugerem que a maioria dos agregados
familiares entrevistados tem uma estrutura familiar tradicional.
Por outro lado, o número de chefes de família divorciados é muito baixo, correspondendo a apenas
4% do total, o que indica a estabilidade dos relacionamentos conjugais nos agregados familiares
entrevistados. Apenas 5% dos chefes de agregados familiares são solteiros, conforme ilustrado na
figura abaixo.
Dos AFs chefiados por homens, 20% mencionaram terem relações polígamas, o que é bastante
comum nas regiões do centro do país, e os dados indicam que 77% desses chefes de família do sexo
masculino têm dois cônjuges, e os restantes chefes de família tem 3 a 4 esposas.
51
Figura 19. Percentagem de Chefes de família polígamos
Existe uma grande variedade de danças locais praticadas pela população. Dentre elas o Mafue e Nhau
são as mais conhecidas. Estas danças são praticadas como forma de reafirmar a identidade cultural e
exteriorizar o estado de tristeza e de culto, sendo praticadas em festas, recepção de pessoas
importantes, cerimónias relacionadas com falecimento, entre outras.
A população desta região acredita nos antepassados e no facto destes atribuírem poderes eternos
para ajudar os vivos a superar as crises e dificuldades e a conseguirem o bem-estar. Por essa razão, é
comum a organização de cerimónias tradicionais para a evocação dos seus espíritos.
Nos distritos de Cahora Bassa e Marara as etnias predominantes são Phimbi e Nhúngué,
respectivamente. De acordo com os líderes comunitários as principais línguas faladas entre as PAPs
são Nhúngué, Chichewa e Português. Os dados mostram que a grande maioria (95%) dos agregados
familiares que vive dentro da ZPP do Projecto pertence ao grupo étnico-linguístico Nhúngué,. Apenas
4% dos entrevistados mencionaram o Português como a principal língua falada no AF.
52
De acordo com os líderes comunitários normalmente, a gestão da propriedade e dos activos do AF é
da responsabilidade do homem, embora eles também participem na agricultura, pecuária, pesca,
construção de casas e actividades comerciais, como a venda de lenha e carvão.
As mulheres são geralmente responsáveis pelas tarefas da casa (cozinhar, ir buscar água, limpeza,
lavagem de roupa e tomar conta das crianças) e pela maior parte das actividades agrícolas (lavoura,
sementeira, sachas, colheitas e processamentos dos produtos agrícolas). As mulheres são também
responsáveis pela organização do AF.
O inquérito socioeconómico mostrou que na maioria dos agregados familiares (56%) o chefe do
agregado familiar é quem decide como deve-se gastar o dinheiro ganho pelos membros da família,
embora em alguns AFs (22%) o CAF decide em conjunto com o seu conjugue.
Com base na entrevista de 168 AF durante o período socioeconómico, a maior parte dos membros do
agregado familiar quando questionados sobre onde passam o seu tempo livre, 53.3% da população
respondeu que ficam em casa, 13.7% respondeu que vão até à casa dos seus familiares, cerca 13%
vão à igreja e apenas 11% mencionaram que vão a casa dos seus amigos.
Figura 22. Locais onde os membros do AF passam maior parte do tempo livre
53
6.3 Religião, cemitérios e rituais locais
6.3.1 Religião e Templos Religiosos
No que diz respeito a religião dos distritos abrangidos pelo projecto, segundo o censo
socioeconómico, a maioria das famílias dentro da ZPP não profetizam nenhuma religião (37.5%), 18%
descrevem-se como Cristãos praticantes, 12.5% praticam outras religiões tais como Nazareno,
Espirito Santo, etc, 11.9% São católicos. A figura abaixo ilustra as principais religiões praticadas pelos
agregados familiares. Durante o levantamento das infraestruturas e património cultural não foram
identificados templos religiosos dentro da faixa de servidão.
6.3.3 Cemitérios
Durante o levantamento de campo nas comunidades do distrito de Marara e Cahora Bassa, os líderes
comunitários mencionaram a existência de cemitérios comunitários. No entanto, não foram
encontrados cemitérios ou sepulturas dentro da faixa de servidão.
É importante destacar que a resposta dos chefes de agregados familiares e dos líderes comunitários
foram unânime em relação à não prática de sepultamentos em parcelas de habitações e em parcelas
de machambas. Segundo os líderes essa é uma prática não apenas proibida, mas também inadequada
e desrespeitosa para com os falecidos e suas famílias.
54
6.4 Serviços sociais básicos
6.4.1 Educação
Em Moçambique, o sistema educativo está dividido da seguinte forma:
Na República de Moçambique a educação é tida como direito e dever de todos os cidadãos, ou seja,
um meio para a afirmação e integração de um indivíduo na vida social, económica e política,
indispensável para o desenvolvimento do país e erradicação da pobreza.
Ao analisar os níveis de escolaridade do CAF obtidos durante a entrevista dos 228 AF durante o
período validação dos dados, concluiu-se que uma elevada percentagem (35%) não tiveram qualquer
escolaridade, 35% frequentaram o ensino primário (EP1 e AP2), e apenas 16% dos chefes de família
frequentaram o ensino secundário (ESG1 e ESG2), aproximadamente 1 % mencionou ter frequentado
a universidade e 0.88% não respondeu o seu nível de escolaridade. Quando analisado por sexo, os
chefes de AF do sexo feminino têm, em média, um nível de escolaridade inferior. Isto leva a que os
AFs chefiados por mulheres sejam, em média, mais vulneráveis, dado que tendo um nível de
escolaridade inferior, as chefes destes AFs enfrentarão dificuldades em conseguir encontrar um
emprego formal. Apenas cerca 2.6% chefe de agregado familiar do sexo feminino frequentou o
ensino secundário (ESG1 e ESG2), e 5.7% frequentou o ensino primário (EP1 e AP2). Os dados
indicam que 15% dos chefes de família do sexo feminino não têm qualquer tipo de educação, contra
20% dos chefes de família do sexo masculino. A figura abaixo o nível de educação dos chefes de
família.
Figura 24. Nível de escolaridade dos chefes dos AF desagregado por sexo
55
Em geral, os dados indicam que o nível actual de educação dos membros do AF é apenas ligeiramente
inferior ao dos chefes dos agregados familiares, com 41.5% da totalidade dos membros dos
agregados sem qualquer forma de escolaridade formal. Os dados indicam que 34% frequentaram o
ensino primário, 8.8% frequentaram o ensino secundário e que 0.6% frequentaram uma escola
técnica profissional. A tabela abaixo ilustra o nível de educação de todos os membros dos agregados
familiares.
Durante o trabalho de campo não foram identificadas escolas dentro da ZPP do projecto.
Tabela 10. Nível de escolaridade dos membros dos agregados familiares potencialmente afectadas
Formação
Faixa
Primário Secundário Universitário técnica Nenhum Outro
etária
Profissional
0 - 10 3.2% 0.1% 0.0% 0.0% 19.8% 3.7%
10 - 20 14.9% 2.7% 0.1% 0.2% 7.1% 3.8%
20 - 30 5.5% 3.2% 0.6% 0.1% 3.0% 1.5%
30 - 40 5.0% 2.0% 0.3% 0.2% 2.5% 1.3%
40 - 50 2.4% 0.4% 0.0% 0.0% 1.9% 1.6%
50 - 60 2.1% 0.1% 0.0% 0.0% 2.8% 1.0%
60 - 70 0.8% 0.2% 0.0% 0.0% 2.6% 0.9%
70 - 80 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.7% 0.1%
80 > 0.1% 0.0% 0.0% 0.0% 1.2% 0.1%
6.4.2 Saúde
Nas comunidades e Vilas localidades atravessadas pelo projecto, existem seis unidades sanitárias,
sendo dois hospitais rurais de Songo e Marara, um centro de saúde na comunidade de Cassoca e três
Postos de Saúde que providenciam serviços primários de saúde. As distâncias que os AFs percorrem a
unidades sanitários são razoáveis, o que significa que a população que reside nessas comunidades
não tem de andar grandes distâncias para ter acesso a serviços de saúde. Durante a entrevista de 168
AF durante o período socioeconómico, todas as infra-estruturas de serviços públicos (incluindo
serviços de saúde e educação) que estão acessíveis e são utilizados pelos AFs afectados serão
identificados e considerados em relação ao processo de reassentamento.
Durante o trabalho de campo não foram identificadas unidades sanitárias dentro da ZPP do projecto.
56
Figura 25. Tipos de unidades sanitárias usadas pelos agregados familiares
A: Doenças crónicas
57
B: Doenças nos últimos 12 meses
Figura 26. Percentagem de membros do AF com: A) Doenças crónicas e B) Doenças nos últimos 12
meses
Relativamente a casos de deficiência, o censo mostrou que todos agregados familiares padecem de
pelo menos um tipo de deficiência. A figura abaixo mostra que cerca de 33% dos agregados familiares
tem membros com deficiência visual, 28% com deficiência auditiva, 24% com deficiência física, 11%
com deficiência mental e menos de 5% dos agregados tem deficiência múltipla. Para o combate a
estas doenças, apenas 3.8% dos agregados familiares recebem apoio de entidades privadas, como
INSS, entre outras.
Para além das doenças nos agregados familiares, a figura abaixo mostra que um total de 27 agregados
familiares perderam membros por morte nos últimos 12 meses, em outras palavras,
aproximadamente 16% dos agregados familiares tiveram a morte de pelo menos um membro,
durante o ano passado.
58
Figura 28. AF que perderam Parentes nos últimos 12 meses
Tabela 11. Número de estruturas habitacionais e de negócios nos AF entrevistados ao longo da linha
59
Tipo de Infraestrutura Total de estruturas Percentagem
Barraca/ loja na habitação 3 0.86%
Armazém 3 0.86%
Pombal 1 0.29%
Vedação 1 0.29%
Tanque de água 2 0.57%
Copa 1 0.29%
Empreendimentos
Currais 2 0.57%
Barraca/ loja isolada 1 0.29%
Aviário Comercial 1 0.29%
Total 348 100.00%
Com base na tabela acima, verifica-se que predominam mais casas principais (83 casas) nas parcelas
habitacionais afectadas, seguindo se de casas secundárias, e outros compartimentos. Por outro lado,
observou-se diferentes configurações da casa principal em cada agregado familiar. A figura abaixo
mostra que 49 % dos AF tem casas principais do tipo 1, 29% dos AF tem casas do tipo 2, 20% dos AF
tem casas do tipo 3 e por fim, apenas 2% dos AF tem casas do tipo 4.
60
Figura 30. Tipo de construção em diferentes tipos de infraestruturas do AF
A figura abaixo mostra diferentes tipos de casas principais, construídas de material convencional e de
material precário.
61
Segundo os dados do levantamento socioeconómico os principais materiais de construção usados na
casa principal, desde as paredes, tecto, chão e até o material usado na vedação são apresentados na
tabela abaixo (dados não actualizados na validação dos dados).
Com base nos dados colhidos durante a validação de dados socioeconómicos constatou-se que 98.9%
AF tem casas próprias e 1.1% AF tem casa herdada.
Mesmo com 98.9% dos chefes dos agregados familiares com casas próprias, os dados mostram que
74% dos agregados familiares não tem Titulo de DUAT, o que significa que têm direitos adquiridos
através de práticas costumeiras ou por ocupação de boa-fé sobre a terra. Por outro lado, apenas 20%
dos agregados familiares tem DUAT e 6% dos agregados familiares não sabe o que é DUAT.
62
Figura 33 AF com DUAT
Ao observar o tamanho da casa principal, o levantamento socioeconómico revelou que a maioria das
estruturas principais (80%) é inferior a 70 m2. Note-se que, de acordo com o Regulamento de
Reassentamento, o tamanho mínimo para as habitações de compensação é de 70 m 2. O pacote de
compensações para todas as casas principais com uma área inferior a 70 m 2 será assim melhorado,
para considerar como mínimo o valor de uma casa de 70 m2. Isso também significa que, durante o
processo de reassentamento, as casas com uma estrutura principal com área superior a 70 m2 (20%
dos AFs afectados) deverão ter um pacote de remunerações diferente do das casas com menos de 70
m2. A figura abaixo mostra o tamanho das casas principais que estão localizadas dentro da ZPP.
63
energética disponível é a energia de biomassa (combustível lenhoso e carvão), e sem muito acesso a
energia eléctrica da EDM.
6.5.2.2 Água
O provimento de água nas estruturas habitacionais e machambas afectadas pelo projecto é muito
fraco e precário, com cerca de 90% dos AFs a captarem nos furos ou fontenárias da região. A figura a
seguir mostra as fontes de água para o consumo humano. Desta forma, é notável que maior parte dos
AFs obtém água nos poços, furos públicos ou fontenárias, com cerca de 91% de 168 AFs. Por outro
lado, o uso da água proveniente do rio/lado/barragem, água canalizada na casa, água canalizada de
vizinhos, água do poço/furo no quintal não ultrapassa 15% de uso por cada AFs na área impactada
pelo projecto. Adicionalmente, os AFs tem a mesma tendência do uso maioritário da água do
poço/furo público/fontenária (cerca de 91%) para a confeção dos alimentos.
64
Figura 36. Fonte de água das comunidades impactadas pelo projecto em algumas áreas do projecto
Ademais, mesmo com cerca de 91% de água ser retirada de fontes não potáveis para o consumo
humano (furos ou fontenárias) apenas 2% do AF fazem uso do Cloro/Certeza e 5% dos AFs fervem a
água para desinfeção. O que significa que cerca de 93% dos AFs na área afectada pelo projecto não
desinfetam a água antes do consumo, o que de certa forma acaba agravando a ocorrência de doenças
como por exemplo Diarreias (21% dos AFs reportaram a ocorrência de Diarreias no AF).
65
Figura 37. Tratamento de água para beber
Devido ao facto de haver pouca disponibilidade da água canalizada na casa dos AFs e nos vizinhos,
80% dos 168 AFs percorrem todos os dias a busca de água para o consumo humano e para a
confecção de alimentos, fora da casa, como mostra a figura abaixo.
6.5.2.3 Saneamento
A figura 40 mostra os tipos de instalações sanitárias usadas no AF na zona afectada. 41% dos 168 AFs
usam Latrinas não melhoradas individuais construídas no quintal, que geralmente são feitas de uma
cova e colocadas paus na superfície para apoiar os pés, 26% dos agregados familiares usam latrina
melhorada individual no quintal coberta por uma laje. 9% dos AFs usam a latrina do vizinho e 3% dos
AFs usam latrina colectiva. 3% dos AFs detém de casas de banho dentro de casa principal. 22% dos
AFs inseridas na categoria “outro” recorrem as zonas montanhosas ou a matas para a satisfação das
suas necessidades.
66
Os resíduos produzidos nos talhões dos 168 AFs são maioritariamente queimados ou enterrados. A
figura a seguir mostra que cerca de 37% dos AFs enterram o lixo no quintal e 17% dos AFs queimam o
lixo também no quintal. Por outro lado, 26% dos AFs jogam o lixo na lixeira comum e 3% dos AFs
recolhe o lixo para o contentor fora de casa. 13% dos AFs depositam o lixo na rua.
A análise dos dados socioeconómicos mostrou que a maioria dos AFs não possui qualquer meio de
transporte, viajando principalmente a pé, ou utilizam o transporte público (chapa 100), quando
querem percorrer longas distâncias.
67
A comunicação destes distritos é assegurada pela rede de telefonia móvel das 3 operadoras
presentes no país, nomeadamente TMcel, Vodacom e Movitel, estando a cobertura do território dos
distritos dependente da rede de cada operadora.
Durante o trabalho de campo, observou-se que a maioria das comunidades afectadas está coberta
pelo sinal das três redes móveis que operam em Moçambique. Quando os agregados familiares foram
inquiridos sobre qual era o principal canal utilizado para receber e transmitir informações, a maioria
declarou o líder local e amigos/familiares conforme mostra a tabela a seguir. Do mesmo modo
quando inquiridos sobre questões de resolução de conflitos a maioria respondeu que recorrem ao
líder local.
68
Os chefes dos AFs durante a validação dos dados foram questionados sobre qual a sua principal fonte
de rendimento, 20.2% mencionaram a venda dos produtos produzidos nas suas machambas, 17.3%
mencionaram que dependem do corte e venda da lenha e/ou carvão para venda, 7.7% de mineração.
Uma pequena parte dos chefes dos AFs (3.6%) mencionaram que estavam empregados no sector
formal público e 6% disseram que operavam em actividades comerciais no sector informal, assim
como por conta própria. 16.1% disseram que praticavam trabalhos de curandeirismo e ganho-ganho
nas machambas, outros informaram ainda que dependiam da venda de bebidas alcoólicas, aluguer de
casa, venda de espécies de animais, etc.
Ao olhar para o nível de rendimento dos AFs pesquisados, verificou-se que a maioria deles (79.8%)
tem um rendimento baixo, isto é, a maioria dos AFs tem rendimento inferior a 5.000,00 meticais/mês.
A figura abaixo mostra o nível de rendimento dos AFs inquiridos na ZPP do Projecto.
Tendo em conta que cada agregado familiar tem uma média de 5.31 membros, significa que a maioria
dos AFs tem um rendimento aproximado de 941.6mt/membro/mês (rendimento per capita), isto é,
31.4 Meticais, por membro do AF, por dia ou, em dólares, inferior a 0.5 USD por pessoa, por dia. Este
valor está abaixo da linha de pobreza de 5,50 USD, por pessoa, por dia, estipulado pelas Nações
Unidas. Isto torna estas PAPs vulnerável e requer que a recuperação e a melhoria dos seus meios de
subsistência sejam uma prioridade no âmbito do PAR.
69
Figura 44. Nível de rendimento do AF
6.6.2 Pecuária
A pecuária é uma actividade económica mais praticada nestes distritos e constitui uma grande fonte
de renda para a população. Existem boas condições naturais para a prática de pecuária (existem
pastagens de gado bovino e caprino). O distrito de Marara constitui a maior zona de criação animal do
que o distrito de Cahora Bassa.
As famílias impactadas pelo projecto afirmaram durante a validação dos dados socioeconómicos ter
no total 712 animais e que os animais domésticos mais importantes para o consumo familiar são
galinhas, cabritos, porcos e patos enquanto, para a comercialização são bois, cabritos, porcos e
coelhos. A figura abixo indica que a 34.27% de AF produzem galinhas, 26.4% produzem cabritos,
seguindo-se da produção de bois, porcos, coelhos e outros.
6.6.3 Agricultura
Com base na validação dos dados socioeconómicos, foi constatado um total de 147 parcelas de
machambas dentro da ZPP, sendo 69 delas no distrito de Marara e 78 no distrito de Cahora Bassa.
Salientar que nas 87 parcelas de habitações mencionadas no capitulo 6.5.1, 30 dessas parcelas, tem
também machambas ( o que totaliza 177 parcelas com machambas).
A tabela abaixo apresenta as principais culturas cultivadas na área afectada pelo projecto. Algumas
dessas culturas, como milho, mapira, amendoim, feijão nhemba, pepino, cana-de-açúcar, gergelim e
quiabo, são destinadas ao consumo e venda. Ou seja, são vendidas quando há excedente após a
subsistência da família e também são destinadas a comercialização e à troca de produtos nas feiras
realizadas na comunidade.
Destino
Culturas
Consumo Consumo e Venda Venda
Milho 23.20% 1.60%
70
Destino
Culturas
Consumo Consumo e Venda Venda
Mapira 14.40% 2.80%
Amendoim 15.80% 2.60% 0.40%
Feijão Nhemba 15.80% 1.80%
Pepino 4.40% 0.80%
Abobora 1.60%
Batata doce 2.00%
Cana de açúcar 0.20%
Couve 0.40%
Feijão Boer 2.00%
Gergelim 0.60% 0.20%
Mandioca 0.40%
Melacia 1.60% 0.40%
Mexoeira 0.80% 0.20%
Piripiri 0.40%
Quiabo 1.40% 0.20%
Tomate 0.80%
Total 88.40% 10.60% 1.00%
A figura abaixo mostra a forma de obtenção das machambas dos agregados familiares. 43,5% dos AFs
herdaram as suas machambas, ao passo que 21% compraram as machambas. Por outro lado, 17%
recebeu de oferta. Menos de 15% dos AFs obtiveram as suas machambas através de empréstimo e
aluguer.
Desta forma, mesmo que 75% dos agregados familiares tenham machambas próprias (herdadas,
compradas ou ofertadas) apenas 7% dos AFs tem o Titulo de DUAT dessas machambas, o que significa
que tem direitos costumeiros sobre as machambas. Por outro lado, a área média das machambas do
71
AF é de 0.06 ha, que está directamente associada à fonte de energia disponível para o cultivo, isto é,
energia humana ou animal (junta de bois/burros).
Na província de Tete, concretamente nos distritos de Marara e Cahora Bassa, a agricultura é uma
actividade que desempenha um papel importante na economia. Nas comunidades afectadas pelo
projecto, a agricultura é praticada em regime de sequeiro, envolvendo mais o sector familiar através
de pequenas explorações, maioritariamente numa única época, com início entre Outubro e
Dezembro, dependendo da queda das primeiras chuvas. No entanto, como base na figura abaixo,
verifica-se que 28% dos 168AFs tem fontes de água nas proximidades da machamba. Por outro lado,
em algumas zonas (46%) é possível a prática numa segunda época, através do aproveitamento da
humidade das baixas existente principalmente nas margens dos rios e saliências no solo.
A B
Figura 48. A: fonte de água nas proximidades da machamba, B: Zona onde se localiza a machamba
72
Tabela 16. Árvores com valor económico identificadas dentro da ZPP
Destino
Frutas Totais
Consumo Consumo e Venda Venda
Manga 292 76 368
Massanica 367 76 443
Papaia 103 11 150 264
Bananeira 94 603 2 699
Malambi 57 12 69
Limào 58 32 3 93
Abacate 20 6 26
Amora 5 5
Ata (anona, coracao de boi, etc) 44 44
Coqueiro 2 2
Fruta silvestre 38 38
Goiaba 45 45
Laranja 5 34 39
Lictis 2 2
Maçã 6 6
Mafurra 3 3
Maracuja 12 12
Outro 65 5 70
Pêssego 5 5
Romã 2 2
Tangerina 2 9 11
Videira (uva) 1 1
Total 1223 869 155 2247
A seguinte tabela mostra um resumo das informações recolhidas do estudo socioeconómico sobre
activos duráveis dos AFs.
73
Bens Quantidade % dos AF que possuem o bem
Rádio/aparelhagem de música 83 4,46%
Cama 72 3,87%
Bicicleta 42 2,26%
Charrua 41 2,20%
Televisão 40 2,15%
Motorizada 37 1,99%
Vídeo/Leitor de DVD e CD 36 1,94%
Fogão eléctrico/gás 30 1,61%
Ferro de engomar 27 1,45%
Outro 25 1,34%
Carroça 25 1,34%
Congelador 23 1,24%
Geleira 13 0,70%
Computador 9 0,48%
Veiculo ligeiro 7 0,38%
Maquina de costura 6 0,32%
Bomba de água 4 0,22%
Veiculo pesado 3 0,16%
Total geral 1860 100%
De acordo com as percentagens da tabela, conclui-se que, os s bens como enxada, machado e
telefone são os bens duráveis que a maioria dos AFs possuem e que os activos com alto valor
económico, como automóveis, motorizadas, geleira até computadores e máquina de costura, são
insignificantes.
De forma geral as mulheres que são chefes de família dependem frequentemente do apoio de outros
membros da família para a sua subsistência. No total, foram identificados 63 agregados familiares
liderados por mulheres, das quais 36 são solteiras e/ou divorciadas, 5 são viúvas, 22 idosas, as
restantes são casadas ou vivem em união de facto.
74
Agregados familiares liderados por idosos
A maior parte dos AFs liderados por idosos dependem da agricultura de subsistência e têm baixa
produtividade. Geralmente, dependem do apoio da família para as suas necessidades diárias e para
lavrar as suas machambas. No total, foram identificados 49 agregados familiares liderados por idosos,
dos quais 22 são mulheres e 27 são homens.
Os AFs que tem membros com doenças crónicas ou mentalmente debilitadas são apoiadas por vários
programas de saúde e com reassentamento podem ser isolados ou interditados de aceder aos
programas de apoio devido à relocalização geográfica e podem ter mais dificuldades em iniciar uma
nova vida por conta própria. No total, foram identificados 29 AFs com pelo menos um membro
portador de uma doença crónica.
Os AFs liderados por crianças dependem de redes sociais e de outras famílias para a sua
sobrevivência. Durante o processo de Levantamento Físico e Socioeconómico não foram identificados
AF liderados por crianças.
• 80 chefes de AF analfabetos
o 34 são mulheres (14.91%)
• 80 têm instrução primária
o 13 são mulheres (5.7%)
Os resultados do Levantamento Físico e socioeconómico revelam que 134 AFs estão abaixo dos níveis
da linha de pobreza.
Os níveis de escolaridade na área afectada pelo projecto são muito baixos, 41.5% dos AFs são
analfabetos, 34% com nível primário, 8.8% com nível secundário, 0.6% com nível técnico profissional
e 1% com nível superior. Em todos os distritos afectados têm unidades de saúde e os AFs têm acesso
a serviços básicos de saúde, no entanto em alguns pontos as comunidades são obrigadas a percorrer
grandes distâncias ou recorrer a outros tipos de assistência.
75
Foram registadas 177 machambas (sendo que 147 estão em parcelas de machambas e 30 estão em
parcelas de habitações). O milho, mapira, amendoim e feijão nhemba são as principais culturas
predominantes nessas machambas. A maior parte dos AFs tem a agricultura como actividade principal
de subsistência. Embora existam membros de AF que participam na economia formal e informal em
algumas das localidades, verificou-se que aproximadamente 80% das PAPs tinham níveis de
rendimento mensal inferiores a 5000,00 MZN (31.4MZN por dia, por membro da família) e apenas
8.3% das PAPs tem rendimentos mensais acima dos 10 000,00MZN.
O acesso à água é geralmente precário, em que 1.2% têm acesso a água canalizada e apenas 23.2%
têm acesso a electricidade.
As infraestruturas habitacionais da área são muito diversificadas (pau a pique com ou sem barro,
blocos de cimento ou tijolo com ou sem reboque) em termos do material de construção, na sua
maioria com vedação o que poderá resultar em vários modelos de compensação. De um modo geral,
verificou-se que 80% das PAPs com infraestruturas habitacionais afectadas tem uma dimensão menor
que 70 m2.
76
7. INVENTÁRIO ACTUALIZADO DOS BENS AFECTADOS
7.2.1 Habitações
Durante a realização do levantamento socioeconómico e inventário patrimonial foram identificadas
87 parcelas de habitações parcial ou totalmente localizadas dentro da faixa de servidão e que,
portanto, terão que ser transferidas. Dessas parcelas de habitações, 23 pertencem ao distrito de
Marara e 64 ao distrito de Cahora Bassa. Como mencionado anteriormente, 30 dessas parcelas
apresentam habitações e machambas, sendo que 3 localizam-se no distrito de Marara e 27 no distrito
de Cahora Bassa. Como mencionado anteriormente, 4 parcelas habitacionais não apresentem casas
principais, mas sim obras ou quartos e/ou dependências.
A tabela abaixo apresenta o número e o tipo de habitações dos AFs nos dois distritos. Verifica-se que
o distrito de Cahora Bassa apresenta um maior número de cada tipo de habitação em relação ao
distrito de Marara, sendo a casa principal a habitação predominante, com 60, unidades no distrito de
Cahora Bassa e apenas 23 no distrito de Marara. As casas principais apresentam diferentes
configurações, com 40 unidades do tipo I, 23 do tipo II, 16 do tipo II e 2 do tipo IV. Além disso, no
distrito de Cahora Bassa foram afectadas 4 infraestruturas comerciais (barracas), 1 delas isolada e 3
delas no mesmo talhão da habitação. Em Marara um aviário comercial e dois currais, que são
descritos no subcapítulo a seguir.
Distrito
Tipo de infraestrutura
Cahora Bassa Marara Total
Casa principal 60 23 83
Casa secundária 30 11 41
Dependência 27 27
Capoeira/galinheiro 21 6 27
Casa para tomar banho externa 24 2 26
Cozinha externa 19 6 25
Celeiro 13 9 22
Casa de banho exterior com Sanita 15 15
77
Distrito
Tipo de infraestrutura
Cahora Bassa Marara Total
Obra/casa em construção 12 1 13
Alpendre 2 11 13
Pocilga 6 5 11
Quartos de dormir externo 6 3 9
Cercado para cabrito 6 2 8
Cercado para gado 3 4 7
Poço de Água 3 3
Latrina exterior 3 3
Barraca/ loja na habitação 3 3
Armazém 3 3
Currais 0 2 2
Vedação 1 1
Tanque de Agua 2 2
Pombal 1 1
Copa 1 1
Barraca/ loja isolada 1 0 1
Aviário comercial 0 1 3
Total 261 87 348
Em relação ao aviário comercial identificado em Matambo Bridge, na parcela foram encontradas duas
infraestruturas em funcionamento (2 alas de engorda) e uma em construção, cada uma com
dimensões de 60 m². Além disso, há um armazém que serve para reservar rações e outros insumos, e
uma casa tipo 1 com dimensões de 30 m² para acomodar os trabalhadores do aviário. A parcela
também possui um tanque de água, uma casa de banho e um muro de vedação. Para construir essas
habitações, foi utilizado tijolo rebocado. Nas duas infraestruturas em funcionamento (alas de
engorda), são colocados em média 500 frangos por ciclo e por ano 6400 frangos, que são todos
destinados à comercialização por um preço de 250.00MT cada.
78
Figura 49. Fotografia do aviário afectado pelo projecto
Ao longo da linha de servidão foram identificadas quatro (4) barracas comerciais, das quais, três (3)
estão localizadas em parcelas de habitações e uma (1) está isolada. Todas barracas estão situadas no
distrito de Cahora Bassa. As 4 barracas geram um rendimento mensal médio de 6 000, 00 MT devido
à venda de produtos alimentícios e bebidas. Em relação às dependências, foram identificadas 27 ao
longo da linha, todas localizadas no distrito de Cahora Bassa. Essas dependências geram um
rendimento mensal médio declarado de 1 875,00 MT.
Tabela 19. Tipo de culturas produzidas pelas PAP no distrito de Marara e Cahora Bassa
Distrito
79
Culturas Cahora Bassa Marara Total
Milho 95 29 124
Amendoim 55 39 94
Feijao Nhemba 51 37 88
Mapira 27 59 86
Pepino 5 21 26
Feijão Boer 7 3 10
Melacia 10 10
Batata doce 9 1 10
Quiabo 5 3 8
Abobora 5 3 8
Mexoeira 5 5
Tomate 3 1 4
Gergelim 4 4
Piripiri 2 2
Mandioca 2 2
Couve 1 1 2
Cana de açúcar 1 1
Outro 12 4 16
Total 279 221 500
Embora a área cultivada sob a faixa de servidão seja significativa, é importante destacar que a
agricultura poderá continuar após a construção da linha de transporte de energia elétrica. Apenas as
machambas com as culturas localizadas debaixo das torres serão permanentemente perdidas. Foram
identificadas 30 parcelas de machambas localizadas debaixo das torres e 4 parcelas de infraestrutura
com machamba , conforme descrito nas tabelas de parcelas afectadas por torres no capítulo 8.
Além disso, foram contabilizadas 2247 árvores na faixa de servidão como parte deste projecto,
destacando-se as fruteiras, como Bananeira, Maçaniqueira, Mangueira, Papaeira, Limoeiro e
Embondeiro. A tabela abaixo apresenta o tipo e quantidade de árvores produzidas nos dois distritos
afectados pelo projecto. De forma geral, os AFs do distrito de Cahora Bassa possuem mais árvores do
que os AF do distrito de Marara.
Tabela 20. Tipo e numero de arvores dos agregados familiares afectadas pelo projecto
Distrito
Árvores de Cahora Bassa Marara Total
fruta
Bananeira 656 43 699
Maçaniqueira 145 298 443
Mangueira 319 49 368
Papaeira 97 167 264
Limoeiro 87 6 93
80
Distrito
Árvores de
Embondeiro 9 60 Total 69
fruta
Goiabeira 43 2 45
Ateira (anona, 37 7 44
coração de
boi, etc)
Abacateiro 26 26
Amoreira 5 5
Coqueiro 2 2
Frutas 11 27 38
silvestre
Laranjeira 39 39
Lichieira 2 2
Macieira 5 1 6
Mafurreira 1 2 3
Maracujazeiro 12 12
Outro 15 55 70
Pessegueiro 5 5
Romãzeira 2 2
Tangerineira 11 11
Videira 1 1
Total 1530 717 2247
81
8. IDENTIFICAÇÃO DE POTENCIAIS ÁREAS HOSPEDEIRAS
A identificação de uma área hospedeira para futuros reassentamentos terá um impacto significativo
nas famílias afectadas. Como forma de minimizar esses impactos, recomenda-se que os AF afectados
sejam relocalizados nas mesmas comunidades em que residem actualmente.
Este projecto prevê a construção de uma extensão de 118 km que passará por 10 comunidades nos
distritos de Marara e Cahora Bassa. As comunidades de Matamo Bridge, Matamo Sede, Mitsanha,
Cassoca e Nhamatua, em Marara, e Cateta, Julius Nherere, Bairro Jack, Cancoma e Nhantalala, em
Cahora Bassa, serão afectadas pelo projecto, sendo que algumas são de natureza urbana, como é o
caso da vila de Songo nas comunidades de Cateta e Julius Nherere, enquanto outras são de natureza
rural.
No entanto, caso ocorra o reassentamento dos afectados muitos deles poderão ficar distantes de
suas residências actuais, bem como de suas áreas de trabalho, membros da família, terras agrícolas e
aspectos da vida quotidiana. Isso pode gerar perdas significativas para essas pessoas. Reassentar os
AFs nas proximidades da área de actual residência é uma forma de minimizar o impacto de
reassentamento, uma vez que estes poderão continuar a ter acesso às mesmas infra-estruturas
sociais, locais sagrados e espirituais, o mesmo emprego e as terras agrícolas.
Durante a segunda ronda do processo de participação pública, foi discutida em cada distrito a
disponibilidade de terras para acomodar as famílias realojadas. As comunidades, confirmaram que há
espaço suficiente. Para o distrito de Cahora-Bassa foi apontada a vila sede do distrito (Chitima),
contudo os mesmos lamentaram ser distante, como solução o governo do distrito e os
representantes dos PAPs, identificaram uma segunda área localizado em Maroeira a qual fica
aproximadamente 10 km da vila sede de Songo. Esta área foi aprovado pela unanimidade pelos PAPs.
E para Marara as 6 famílias que poderão ser reassentadas, apontaram dentro da vila sede de Marara.
No entanto, durante a fase do PAR, será necessário trabalhar directamente com cada autoridade do
distrito para definir a área hospedeira ou talhões hospedeiros em cada comunidade.
Com relação às actividades agrícolas, as discussões foram baseadas nas restrições e limitações das
actividades na faixa de servidão, tais como a proibição do cultivo de quaisquer culturas/árvores com
altura superior a cinco metros, ou a proibição de construir quaisquer estruturas dentro do limite da
faixa de servidão. Confirmou-se que os agregados familiares afectados poderiam continuar com as
suas actividades agrícolas sob a faixa de servidão da linha de transporte, dentro destes limites. Foi
acordado que estas limitações não implicariam mudanças significativas para as actividades das PAP,
dado que nenhuma das culturas que estas cultivam cresce mais do que o número de metros de altura
permitidos. Assim, concordou-se que os agregados familiares afectados poderiam continuar com as
suas actividades agrícolas, da mesma maneira do que têm vindo a fazer até agora, pois a sua
preferência é permanecer nas mesmas parcelas de terra após a construção da linha de transporte,
embora com algumas restrições.
Para garantir que as PAP mantêm a posse e autonomia sobre as suas terras, será elaborado um
contracto entre a EDM e as pessoas afectadas, afirmando que as PAP podem usar a terra, e se a EDM
ou qualquer outra instituição governamental exigirem o uso da terra, ou colocarem restrições
adicionais numa data posterior ou em qualquer outra altura, as PAP terão de ser compensadas com
82
parcelas de terra de, pelo menos, a mesma dimensão e com o mesmo valor de mercado. Para este
efeito, deverá ser assinado um acordo, e qualquer licença ou formalização terá de ser completada
pela EDM como exigido pela Lei de Terras.
83
8.1 Distrito de Cahora Bassa
No distrito de Cahora Bassa, das 143 parcelas, verificou-se que 24 AF tiveram suas parcelas afectadas
pelas torres de energia, sendo 6 de habitações, 18 de machambas, como mostra a tabela abaixo. No
total, 83 AF serão reassentados de forma permanente, isto é AFs com parcelas de habitações (64), AF
com parcela de empreendimento (1 barraca isolada) e parcelas de machambas afectadas por torres
(18) e 60 AF serão reassentados de forma provisória (AF proprietários de Machambas na zona de
servidão).
As necessidades totais de terrenos para infraestruturas no distrito de Cahora Bassa são de 18
hectares. Por outro lado, as necessidades totais para as machambas são de 102 hectares. A área
agrícola pode ser considerada como rural, o que implica que, em conformidade com o Decreto de
Reassentamento Moçambicano 31/2012 de 8 de agosto de 2012 e respeitando os desejos dos
afectados, cada parcela de reassentamento deve ter pelo menos 5.000 m² de área.
Tabela 21. Numero de parcelas afectados por torres no distrito de Cahora Bassa
Bairro Jack 1 4 5
Cancoma 0 5 5
Cahora Nhantalala 0 5 5
Bassa
Cateta 3 4 7
Julius
2 0 2
Nyerere
Total 6 18 24
Durante o Processo de Participação Pública e interacção com as autoridades locais, distritais e com as
PAPs, ficou acordado que as comunidades do distrito de Marara e a de Maroeira no distrito de
Cahora Bassa, num total de 24 têm espaço suficiente para transferir internamente enquanto que as
63 agregados familiares fisicamente afectados na vila de Songo serão realocados para Maroeira.
Assim, a maioria dos PAP serão reassentados dentro da comunidade onde residem actualmente e
apenas foi escolhida uma área hospedeira de reassentamento no Distrito de Cahora Bassa para as
famílias da vila de Songo. Esta mudança surge no âmbito de Plano de Remodelação da Vila de Songo,
cujo o objectivo é manter a vila como estaleiro dos trabalhadores da Hidroelétrica de Cahora Bassa.
Essa área de reassentamento foi apresentada às partes interessadas na terceira ronda de consultas,
onde uma nova sugestão foi feita pela comunidade para mover a área de reassentamento para um
novo local dentro de Maroeira, um terreno que se encontra mais próximo de um hospital, fonte de
água e energia. A área de reassentamento foi, portanto, modificada em conformidade. Está localizado
a aproximadamente 2 km da localização actual da comunidade.
8.2 Distrito de Marara
No distrito de Marara, das 95 parcelas, verificou-se que 14 AF terão suas parcelas afectadas pelas
torres de energia, sendo 2 de infraestrutura, 12 de machambas, como mostra a tabela abaixo. No
84
total, 38 AF serão reassentados de forma permanente, isto é AFs com parcelas de habitações (23), AF
com parcela de empreendimento (3) e parcelas de machambas afectadas por torres (12). No entanto
60 AF serão reassentados de forma provisória (AF proprietários de Machambas na zona de servidão).
Em relação às necessidades de terrenos para reassentamento, foram identificadas necessidades
totais de 3 hectares para infraestrutura habitacionais nas mesmas comunidades e 30 hectares para
expansão das Machambas nas suas mesmas áreas de cultivo, por forma a dar espaço a construção da
linha e implantação das torres. Isto acontece porque as machambas não estão em blocos, mas sim,
machambas isoladas dentro das matas. É importante ressaltar que a área agrícola é considerada rural
e, portanto, em conformidade com o Decreto de Reassentamento Moçambicano 31/2012, de 8 de
Agosto de 2018, cada parcela de reassentamento deve ter pelo menos 5.000 m² de área, respeitando
os desejos dos afectados.
Tabela 22. Numero de parcelas afectadas por torres no distrito de Marara
Cassoca 2 0 2
Nhamatua 0 5 4
Mitsanha 0 1 1
Marara
Matamo
0 6 6
Bridge
Matamo
0 0 0
Sede
Totais 2 12 14
85
9. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E DIREITO À COMPENSAÇÃO
9.1 Critérios de Elegibilidade
Os agregados familiares que residem na faixa de servidão, proprietários de machambas, currais,
barrancas, dependências, aviários e diferentes benfeitorias são elegíveis para compensação. A
elegibilidade para a compensação e apoio ao reassentamento requer que habitações, terras agrícolas
e benfeitorias afectados se localizem dentro da área que é directamente afectada pelo projecto, ou
seja dentro da área de servidão de 50 metros. A área directamente afectada pelo Projecto inclui a
linha da faixa de servidão que sai da subestação de Songo para a subestação de Matambo, bem como
qualquer terra aproveitada para as estradas de acesso, e outras estruturas ou equipamentos
associados com o Projecto.
Como apresentado na tabela abaixo, há diferentes tipos de impacto que podem afectar os agregados
familiares afectados.
Tabela 23. Distribuição dos AF por Tipo de Impacto do reassentamento (excepto impactos físicos)
AF por Distrito
Tipo de Impacto do reassentamento Total de AF
Marara Cahora Bassa
CAF Mulher 10 26 36
CAF Viúva 0 5 5
CAF Idoso mulher 10 12 22
TOTAL CAF mulher 20 43 63
Vulnerabilidade
CAF Idoso homem 10 17 27
CAF tomar conta de órfãos 2 2 4
Nenhum 60 75 135
TOTAL CAF 72 94 166
Parcelas com culturas
72 105 177
afectadas
Culturas e/ou Árvores
Parcelas com árvores afectadas 57 103 160
afectadas
Parcelas com Culturas e árvores
55 69 124
afectadas
Machambas afectadas de baixo
Parcelas de machambas 12 18 30
da base das Torres
Habitações afectadas debaixo
Parcelas com habitações 2 6 8
da base das Torres
Parcelas com
Infraestruturas afectadas
infraestruturas de 0 0 0
debaixo da base das Torres
rendimento
Menos de 20% 2 1 3
Parcelas afectadas por
Entre 20% e 79% 10 17 27
torres
Mais de 80% 2 6 8
Menos de 20% 16 22 38
Machambas afectadas na
Entre 20% e 79% 51 71 122
Área de Servidão
Mais de 80% 5 12 17
Parcelas de Habitações Menos de 20% 3 7 10
afectadas na Entre 20% e 79% 12 30 42
Área de Servidão Mais de 80% 8 27 35
86
Nota: O mesmo agregado familiar pode enquadrar-se em mais de uma categoria (tipo de impacto).
Por exemplo um CAF idoso inclui, alguns dos CAF a tomar conta de orfãos. No total temos 63 CAF
mulheres, algumas delas Idosas ou viúvas.
Os agregados familiares cujos terrenos serão abrangidos pela construção de torres irão perder a parte
de terra sob as bases das torres, e, portanto, também serão considerados como economicamente
afectados. O número de torres é estimado em 316 com uma área de 529 m2, porém, apenas 34
parcelas de Machambas é que serão afectadas por torres, 12 no distrito de Marara e 22 no distrito de
Cahora Bassa.
9.1.1 Estimativa dos PAPs com Perdas de Terra de 20% e 80%
Das 38 parcelas afectadas pelas torres, 3 parcelas pertecem igualmente a 3 AFs (2 em Marara e 1 em
Cahora Bassa), estas perderão menos de 20% das suas parcelas, pois estão sob as bases de torres. 27
AF (10 em Marara e 17 em Cahora Bassa) perderão entre 20% à 79% das suas parcelas que estão sob
as bases de torres e cerca de 8 AF (2 em Marara e 6 em Cahora Bassa) perderão mais de 80% das suas
parcelas que estão que estão sob a base das torres. Desta forma, os PAPs que perderem 20% ou mais
de suas terras sob as bases de torres irão beneficiar de medidas de restauração dos meios de
subsistência, como assistência na busca de terras de substituição, registo de DUAT para as terras de
substituição, bem como compensação pela actualização das suas parcelas de substituição. Aqueles
que perderem 80% ou mais sob bases das torres, por outro lado, serão considerados PAPs
vulneráveis, uma vez que uma proporção muito alta de seus meios de subsistência será afectada.
Por outro lado, das 117 parcelas com machambas, 38 (16 em Marara e 22 em Cahora Bassa) perderão
menos de 20% das área de machambas, 122 AF (51 em Marara e 71 em Cahora Bassa) perderão
entre 20% à 79% das áreas de machambas e 17 AF (5 em Marara e 12 em Cahora Bassa) perderão
mais de 80% das suas áreas de machambas. E das 87 parcelas habitacionais, 10 AF ( 3 em Marara e 7
em Cahora Bassa) perderão menos de 20% das suas áreas, 42 AF (12 em Marara e 30 em Cahora
Bassa) perderão entre 20% à 79% das suas áreas e 35 AF ( 8 em Marara e 27 em Cahora Bassa)
perderão mais de 80% das suas áreas de habitações.
9.2 Categorias de Pessoas Afectadas
Com base nas observações de campo decorrentes a quando do censo realizado entre Novembro e
Dezembro de 2022 e da validação realizada entre Fevereiro e Março de 2023, consultas às partes
interessadas e levantamentos socioeconómicos, as seguintes categorias de Pessoas Afectadas pelo
Projecto (PAP) são consideradas elegíveis para compensação e apoio ao reassentamento:
➢ Proprietários de habitações e estruturas auxiliares;
➢ Proprietários com título de Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) registados;
➢ Proprietários de direitos consuetudinários de uso da terra;
➢ Proprietários de machambas (Agricultores);
➢ Terras emprestadas/ alugadas;
➢ Proprietários de árvores;
➢ Outros ocupantes de terras sem direito formal;
➢ Comunidades (para perdas de bens comunitários e áreas produtivas).
O número de parcelas habitações a ser afectado pela faixa de servidão é de 87. Estas encontram-se
todas ocupadas pelos proprietários. Nestas parcelas, para além da casa principal (83) foram
87
identificadas estruturas secundárias, tais como cozinhas, casas de banho, quartos, dependências,
celeiros, galinheiros, currais, pocilgas, alpendres, etc. Por outro lado, foram encontradas parcelas com
obras para habitação (4) e outras com estruturas comerciais (4) no traçado da linha proposta.
Os agricultores em terras consuetudinárias constituem, de longe, o grupo mais importante das PAP’s.
Esta categoria compreende as famílias a quem foi atribuída terra ou que herdaram terra sob o
sistema tradicional de posse de terra.
No que diz respeito às pessoas que possuem título de direito de uso e aproveitamento de terra
(DUAT) registados e que são afectados pelo traçado preliminar da linha, estas representam 20% das
PAP com infraestruturas afectadas.
88
Perdas Incorridas Natureza da
Tipo de Perda PAP Elegibilidade
(detalhes) compensação
agregado familiar)
Custo total de substituição para
Ocupantes da
Estruturas Perda de estrutura como compensação de estruturas secundárias
habitação, excepto Dinheiro
secundárias um bem associadas com alojamento ou uma
para arrendatários
actividade de produção
Compensação pelo custo total de
- Perda de estrutura Dinheiro
substituição
como um bem e
Estruturas Proprietários do localização de actividades Subsídio de Mudança ($200 por negócio) Dinheiro
comerciais negócio geradoras de receita; Subsídio por Perda de lucro (que abrange
- Despesas de mudança; três meses de rendimento de negócio ou
Dinheiro
- Perdas nos lucros o tempo necessário para restabelecer o
negócio)
Indemnizações por despedimento (até
que um novo trabalho seja encontrado, Dinheiro
até seis meses de salário)
89
Perdas Incorridas Natureza da
Tipo de Perda PAP Elegibilidade
(detalhes) compensação
Perda dos meios de
Agricultores e
subsistência durante a A assistência na procura de novas terras
Produtores/utilizadores Em espécie
procura da terra de para exploração
informais
substituição
Compensação ao valor de mercado para
qualquer perda na produção de culturas Dinheiro
anuais
Para culturas e árvores perenes, a
Colheitas e compensação pelo valor de mercado
Proprietários (formais Perda de receita agrícola
árvores (custo total de substituição) durante o Dinheiro
ou informais) / meios de subsistência
produtivas período necessário para as novas culturas
ou árvores alcançarem a maturidade
Apoio para o retorno das actividades
(assistência no melhoramento da terra - Dinheiro
preparação e desenvolvimento)
Bens comunitários
Locais Custo do deslocamento Taxas para rituais e cerimónias Em dinheiro ou
Sagrados do local sagrado necessárias em espécie
Notas: Pessoas Vulneráveis, além dos direitos acima enumerados, têm direito a assistência especial
em espécie e em numerário por parte da EDM, de acordo com as necessidades (abertura de conta
bancária, ajuda na gestão bancária, novo registo de um título de propriedade, etc.) e apoio ao
rendimento do agregado familiar de $2/dia/membro do agregado/30 dias). Além disso, todas as
mulheres destas famílias reassentadas serão informadas dos benefícios de compensação disponíveis
especificamente para elas.
As taxas são apresentadas separadamente para cada categoria/entidade familiar afectada. Alguns
agregados familiares podem ser elegíveis em mais de uma categoria (por exemplo, um agregado
afectado física e economicamente pode-se qualificar pela perda de estrutura residencial e pela perda
de terras agrícolas).
Embora a compensação em espécie seja preferível, as PAP’s poderão receber compensação em
dinheiro, se assim o desejarem.
90
9.4 Metodologia de Avaliação da Taxa de Compensação
Foi realizado um rigoroso processo de avaliação para obter taxas de compensação justas, equitativas
e actuais para todos os bens afectados. As taxas foram desenvolvidas a partir de uma combinação de
métodos de avaliação decorrentes de trabalhos de campo e consultas das partes interessadas.
9.4.1 Terra
A Lei de Terras em Moçambique estabelece que a terra pertence ao Estado e que não pode ser
vendida, hipotecada ou de outra forma alienada. O direito de uso e aproveitamento de terra é
conferido pelo Estado e as condições para esse efeito são determinadas por lei. A escritura de título
conferida pelo Estado através da Lei de Terras é conhecida como "Direito de Uso e Aproveitamento
de Terra (DUAT).
Por outro lado, a Lei de Terras reconhece as práticas costumeiras como fonte legítima para atribuir
direitos de uso e aproveitamento de terra. Por consequência, as pessoas que ocupam e utilizam de
boa-fé a terra nas áreas rurais, individualmente ou como parte de uma comunidade e de acordo
com as normas e práticas consuetudinárias, tais como a herança dos seus ancestrais ou atribuição
pelos chefes locais, têm direitos legais sobre a terra em questão (Artigo 12) através da figura
jurídica da Ocupação. Essas pessoas podem solicitar o título oficial de terra, (Artigo 13)11, mas a
falta de escritura oficial não prejudica o seu direito à terra.
Deste modo, no que diz respeito às terras residenciais e agrícolas dos agregados familiares
afectados, a ocupação teve a anuência do líder tradicional/comunitário local, através da atribuição a
um novo agregado familiar, herança dos antepassados, ocupação informal ou mesmo por
empréstimo de outro ocupante.
Os terrenos adquiridos por interesse público são compensados por terrenos alternativos fornecidos
pelo Estado.
9.4.2 Estrutura
As taxas de compensação para habitações no presente relatório são valores aproximados baseados
em taxas calculadas nos últimos projectos de reassentamento. Acreditamos que estas taxas não
divergem significativamente da realidade, pois as casas de reassentamento em Moçambique devem
ser projectadas de acordo com as especificações aplicáveis a nível nacional, que incluem uma área
de superfície de 70 m2 com três quartos e feitas de materiais convencionais, bem como uma casa
de banho exterior e uma cozinha. Note-se que este modelo de casa é apenas uma referência. As
casas serão construídas de acordo com as preferências das PAP e da comunidade na fase de
implementação. O fornecimento de água também será planeado durante a fase de implementação
do PAR.
As versões finais do PR/PAIR incluirão uma avaliação final conforme exigido pelo MTA, ou seja, irão
incluir uma avaliação realizada por um arquitecto, na sequência de consultas específicas com as
populações afectadas sobre o projecto das casas de reassentamento. Por essa razão, um arquitecto
preparou um projecto final de casas de reassentamento, que inclui um caderno de encargos. Esta
91
informação foi enviada para os engenheiros para a preparação de um plano de execução, bem
como para um orçamentista de quantidades para conseguir informações detalhadas dos preços das
casas de reassentamento. Deve notar-se que a AIAS recomenda a interacção com a Direcção
Provincial das Obras Públicas e Habitação para a avaliação de estruturas. Contudo, para este PAR,
foi decidido ir directamente para avaliação final, de modo a poupar tempo e evitar problemas em
fases de implementação do projecto mais avançadas.
9.4.3 Culturas
As pessoas terão permissão para fazer o plantio de culturas dentro da faixa de servidão após a fase
de construção. Por conseguinte, a perda de terras agrícolas pode ser considerada como temporária
ou de âmbito limitado. Durante o trabalho de campo, foram identificados um total de 177 campos
agrícolas, totalizando uma área de 220.8 ha, o que dá uma média de 0.06 ha por machamba. As
culturas mais comuns cultivadas nas machambas afectadas são o Milho, Mapira, Amendoim, Feijão
nhemba e Feijão Jugo.
A fim de calcular ou estimar um valor de compensação pela perda de culturas, foram analisados os
preços de mercado da província de Tete das culturas produzidas pelos AF em relação ao
rendimento médio por hectare dessas culturas e associado a produção obtida por eles. Contudo, é
importante notar que quando o reassentamento tiver lugar, estes serão avaliados de acordo com o
valor de mercado actual e o que for maior servirá de base para os níveis de compensação.
Por fim, a produtividade para cada cultura foram obtidos a partir da base de dados da FAOStat para
Moçambique para o ano de 2018 (os dados disponíveis mais recentes). Por outro lado, os preços das
culturas foram colectadas no mercado da província de Tete.
Tabela 25. Estimativa de compensação pela perda de colheitas (em Mt por hectare)
Preço de
Produtividade
Cultura Mercado MT
(kg/ha) *
(MT)
Abobora 50 10000 500 000
Amendoim 25 800 20 000
Batata doce 30 10000 300 000
Cana de açúcar 30 68000 2 040 000
Couve 60 14000 840 000
Feijão Boer 80 500 40 000
Feijão Jugo 100 500 50 000
Feijao Nhemba 25 400 10 000
Gergelim 65 200 13 000
Mandioca 40 13000 520 000
Mapira 20 500 10 000
Melacia 20 15000 300 000
Mexoeira 20 1000 20 000
Milho 15 1200 18 000
Pepino 15 11000 165 000
Piripiri 50 11000 550 000
Quiabo 90 6000 540 000
Tomate 70 13000 910 000
*FAO (2018). FAOSTAT. [online] http://www.fao.org/faostat/en/#data/QC
92
9.4.4 Árvores
A determinação dos custos de compensação pela perda de árvores de fruto vai baseou-se na tabela
de Compensações da Direcção Provincial da Agricultura de Tete. A tabela seguinte apresenta a
quantidade e os custos das árvores com valor económico afectadas pelo projecto. As taxas que não
foram definidas pelo governo foram estabelecidas calculando a perda de produção que o abate de
árvores implicará. As taxas foram calculadas com base na quantidade de árvores e no valor de
compensação de cada uma delas. Como parte da compensação também deverão ser fornecidas
duas mudas por cada árvore perdida, assumindo que isso irá ajudar a melhorar os seus meios de
subsistência.
Tabela 26. Estimativa de compensação pela perda de cada tipo árvores (em Mt)
9.5 Compensações
9.5.1 Terra cultivada
Em Moçambique a terra pertence ao Estado. Assim, estritamente falando, os terrenos afectados
pelo projecto não são elegíveis para compensação, porque o proprietário continua a ser o Estado.
Os impactos de reassentamento para os utilizadores de terra são tratados como restauração da
agricultura e meio de subsistência no Capítulo 11.
93
9.5.2 Infraestruturas
9.5.2.1 Casas Principais e Casas secundárias
O levantamento indicou que na área de ZPP tem um total de 83 casas principais que serão afectadas
pelo projecto (das quais 26 no distrito de Marara e 57 no distrito de Cahora Bassa) e 41 casas
secundárias que serão afectadas pelo projecto (das quais 11 no distrito de Marara e 30 no distrito
de Cahora Bassa). Como recomendado pela PO 4.12 do Banco Mundial, é preferível a reconstrução
de habitações com um padrão melhor que as anteriores. As PAP receberão no mínimo, casas de
substituição com padrões de vida sustentáveis, o que equivale a uma casa de 70m2 com três
quartos e feita de material convencional. O Projecto não construirá abaixo deste padrão.
O valor estimado para uma casa na província de Tete é de cerca de $35 000.00. No entanto, além
de considerar o plasmado no Decreto 31/2012, na reconstrução das novas casas deve ser levado
em conta o desejo dos afectados, esta deve incluir uma cozinha e uma casa de banho, e deve seguir
as características sociais e culturais do local de reassentamento. Preve-se a construção de 87 casas
principais para 87 agregados familiares directamentes afectactados.
Tendo em conta estes valores, foi calculado um orçamento de $3,045,000.00 para a reconstrução de
todas as estruturas primárias afectadas, como mostra a tabela abaixo.
Distrito
Habitações Total (USD)
Marara Cahora Bassa
Casas principais $805,000.00 $2,240,000.00 $3,045,000.00
Este número, como de todos os outros bens, terá que ser reavaliado antes da construção do Projecto.
Se possível, as casas afectadas serão reconstruídas a poucos metros da sua localização actual (fora
da faixa de servidão). As estruturas terão de ser mudadas para outra parcela de terra pertencente à
mesma família, ou numa nova parcela de terra que será encontrada pela EDM junto com as
autoridade competentes. Em cada caso, a nova parcela deve estar localizada próxima da área do
projecto. No caso de um agregado familiar, se apenas for afectada uma estrutura primária,
recomenda-se ainda assim que se mudem todas as estruturas. A organização da estrutura será
discutida com cada família para determinar a disposição dos quartos.
A prática de reassentamento em Moçambique é tal que as casas de reassentamento devem ser
construídas por um empreiteiro contratado para esta tarefa. Essa prática garante altos padrões de
construção com eventuais períodos de atraso mais curtos. O PAP terá de concordar com a
qualidade do trabalho antes de tomar posse da casa. Em todos os casos, as estruturas terão de ser
reconstruídas antes do início da construção da linha. Recomenda-se iniciar a reconstrução
aproximadamente seis meses antes do início da construção da linha, para dar tempo suficiente às
PAP para reconstruírem as suas casas.
94
Em relação as casas secundárias (41) associadas a uma estrutura primária afectada de acordo com a
lei, não têm de ser compensadas em espécie. Durante as fases de consulta as PAPs e suas
lideranças solicitaram a compensação monetárias por estas benfeitorias.
De acordo com o Decreto 31/2012, cada reconstrução de casas novas (87 casas) devem incluir uma
cozinha e uma casa de banho. Assim, deverão ser construídas 87 novas casas de banho e 87
cozinhas novas para os agregados familiares. Os montantes de compensação para estas casas de
banho e cozinhas estão incluídos no valor total da compensação de estruturas principais.
As estruturas secundárias tais como dependências, quartos, galinheiros, etc. associadas com
alojamento ou uma actividade de produção deve ser compensadas em dinheiro, segundo as PAPs e
os seus líderes. Esta decisão partiu dos exemplos dos reassentamento na provincia
Além disso, a EDM será responsável por oferecer compensações financeiras aos AF’s com
infraestruturas de rendimento afectados incluindo o pagamento de indenizações pelos
infraestruturas que precisam ser abandonados ou destruídos, e/ou o pagamento de perturbação pelo
uso da terra e dos recursos naturais. Ademais, é fundamental que a compensação seja monitorada e
avaliada constantemente, para garantir que os PAPs e as comunidades estejam recebendo os
recursos e as condições adequadas para a sua sobrevivência e desenvolvimento. A tabela abaixo
mostra os valores de compensação para cada infraestrutura de rendimento obtidas consoante os
custos de construção das infraestruturas.
95
destas barracas dentro da vila sede de Songo e na vila sede do distrito de Marara (locais considerados
com Mercado).
9.5.4 Árvores
O custo de compensação de árvores foi calculado tendo em conta a quantidade de árvores de cada
AF com o valor de compensação de cada árvore. Desta forma, todas estas árvores terão de ser
cortadas e compensadas, e não podem ser replantadas na faixa de segurança. Esta será uma perda
permanente ao longo dos anos, e foram registadas para compensação nos valores indicados na
tabela abaixo.
Tabela 29. Compensações pelas árvores (em Mt)
96
Distritos
Árvores de Fruta Cahora Bassa (MT) Marara (MT) Total (MT)
Abacateiro 117 000,00 117 000,00
Amoreira 3 000,00 3 000,00
Ateira (anona, coração de boi, etc) 166 500,00 31 500,00 198 000,00
Bananeira 7 872 000,00 516 000,00 8 388 000,00
Cajueiro 24 000,00 24 000,00
Coqueiro 24 000,00 24 000,00
Fruta Silvestre 16 800,00 67 200,00 84 000,00
Goiabeira 150 500,00 7 000,00 157 500,00
Laranjeira 58 500,00 58 500,00
Lichieira 30 000,00 30 000,00
Limoeiro 652 500,00 45 000,00 697 500,00
Macieira 36 000,00 7 200,00 43 200,00
Mafurreira 7 600,00 15 200,00 22 800,00
Embondeiro 180 000,00 1 200 000,00 1 380 000,00
Mangeira 3 190 000,00 490 000,00 3 680 000,00
Maracujazeiro 72 000,00 72 000,00
Maçaniqueira 652 500,00 1 341 000,00 1 993 500,00
Papaeira 87 300,00 150 300,00 237 600,00
Pessegueiro 36 000,00 36 000,00
Romãzeira 15 200,00 15 200,00
Tangerineira 13 200,00 13 200,00
Videira 24 000,00 24 000,00
Total 13.428.600,00 3.870.400,00 17.299.000,00
9.6 Assistência
9.6.1 Cesta Básica
Com base na cesta básica do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), será fornecido um apoio
transitório consistindo de cestas básicas para os agregados familiares fisicamente afectados durante
um período de três meses. O tamanho e a composição da cesta básica serão ajustados para se
adequar às preferências locais e ao perfil demográfico dos agregados familiares. Esta será fornecida
pelo Projecto como parte de seu apoio de transição e é equivalente a 100 USD por agregado
familiar / por mês durante três meses (total de 300 USD). Novamente, este valor é o preço mais
baixo aceitável e pode aumentar dependendo dos itens da cesta de alimentos que deverão ser
acordados com a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM, UIP e Comissões Técnicas de
Acompanhamento e Supervisão.
9.6.2 Subsídio de Mudança
O Projecto deve fornecer transporte para os materiais recuperados dos PAP, para o novo local
residencial, dentro da comunidade local. A EDM apoiará todas as pessoas a serem reassentadas em
termos de transporte. Usar o transporte da EDM será muito mais seguro do que alocar dinheiro
para pessoas que, no final do dia, podem não fazer o uso adequado desse dinheiro e que pode
causar conflitos entre as pessoas da comunidade.
Um subsídio de mudança de 200 USD está incluído no pacote de reassentamento, como despesas
de mudança. Não é feita a avaliação do subsidio de mudança com base na distância, pois as
distâncias geralmente não serão longas. Se não houver locais disponíveis, o subsídio de transporte
97
deve cobrir todos os custos de mudança para os locais disponíveis mais próximos que sejam
comparáveis à parcela afectada.
Figura 50. Modelos de casa solicitado com casa de banho e cozinha fora
98
11. PLANO AGRÍCOLA E DE RESTAURAÇÃO
O Proponente do Projecto (EDM) é incentivado a usar as directrizes abaixo e envolver as
comunidades afectadas, os líderes locais, ONGs e outras partes interessadas na recolha de opiniões
para avaliar os procedimentos para a restauração dos meios de subsistência.
A PO 4.12 ponto (6c) do Banco Mundial, afirma o seguinte:
“As pessoas deslocadas devem receber apoio após o deslocamento, durante um período de
transição, com base numa estimativa razoável do tempo que poderá ser necessário para
restaurar os seus meios de subsistência e os padrões de vida; e receber assistência para o
desenvolvimento, como a preparação de terra, facilidades de crédito, formação, para além
das compensações que recebem ” (Banco Mundial, 2001).
Por outro lado, o parágrafo (2c) da PO 4.12 do BM requer que seja dada assistência às pessoas
deslocadas para melhorar o seu padrão de vida ou, pelo menos, restaurá-lo com o padrão mais alto
entre padrões pré-deslocamento ou existentes antes do início da implementação do projecto.
Utilizando estas orientações, o proponente deverá envolver as comunidades afectadas, os líderes
locais, ONGs e outras partes interessadas para definir estratégias para restaurar o rendimento e
meios de subsistência adequados. O processo para definir essas estratégias será, em grande
medida, participativo para promover a sua propriedade. A assistência será especialmente
importante para o indivíduo que está a ser transferido para longe de sua localização actual, devido
aos custos de reconstrução que de outra forma poderiam ser evitados.
99
Também foram considerados os vários tipos de impactos causados pelo projecto.
100
11.1.1.2 Medidas de Restauração dos Meios de Subsistência
101
➢ Formação em cuidados pecuários;
➢ Conservação de cereais após a colheita;
➢ Agro-silvicultura, outras técnicas pertinentes (como parcelas de demonstração);
➢ Formação em gestão de dinheiro de modo a garantir que os PAP façam uso adequado do
dinheiro da compensação.
De modo a garantir que os PAP compreendem o âmbito do trabalho, deverá ser dada formação e
serviços de apoio por uma empresa, organização ou indivíduos experientes com presença
permanente na área.
As mulheres serão orientadas como um grupo de interesse específico, com metodologias
específicas de envolvimento. Para este efeito, será incluída uma assistente social na UIP e dedicar-
se-á às mulheres. A assistente irá informar as mulheres dos aspectos técnicos do PR, tais como o
pagamento da compensação, oportunidades de formação, programas de produção agrícola, e
outros subsídios específicos para as mulheres.
Para além de se beneficiar das medidas acima, quando relevante, a EDM compromete-se a permitir
que os PAPs com terra na faixa de servidão, mas fora das bases das torres, possam continuar com as
suas actividades agrícolas em curso na faixa de servidão, com algumas limitações motivadas pela
segurança da operação da linha. Esse compromisso será formalizado em um Memorando de
Entendimento (MoU) assinado com cada PAP com terrenos nessa categoria, onde serão detalhadas
as regras aplicáveis ao uso da terra na faixa de servidão.
11.1.1.4 Árvores
Existe um total de 2249 árvores plantadas e naturais na faixa de servidão. Estas serão destruídas
durante a construção da linha de transporte, uma vez que não poderão existir árvores com mais de
cinco metros de altura na faixa de servidão. A compensação aos agregados familiares será atribuída
até um total de 17.299.000,00MT (consultar o Capítulo 9 para mais detalhes).
A UIP irá apoiar os agregados familiares afectados a plantar árvores de modo a restaurar as suas
fontes de rendimento e meios de subsistência.
Com base nos resultados do inventário dos PAPs, nos impactos previstos do projecto e nas
preferências expressas pelos PAPs, algumas compensações provavelmente serão pagas em
dinheiro. As compensações em dinheiro representam um risco de empobrecimento nos casos em
que o dinheiro é mal administrado ou mal utilizado. A fim de minimizar esse risco, a EDM deve
aplicar as seguintes medidas para pagamento de todas as compensações em dinheiro, a todos os
PAPs elegíveis:
➢ As compensações em dinheiro serão pagas apenas em contas bancárias. Não serão feitos
pagamentos em dinheiro vivo;
➢ A EDM irá dar apoio os PAPs na abertura de contas bancárias, quando necessário;
➢ A EDM procurará ter o consentimento total das mulheres nos agregados familiares e
explicar-lhes-á as opções de compensação propostas;
102
➢ Tanto o marido quanto a esposa devem ser signatários da conta bancária que será
aberta. Fazer as mulheres co-assinarem as compensações é uma forma de empoderar as
mulheres e de poderem expressarem sobre as compensações;
➢ A formação referente à abertura de contas bancárias e administração financeira será
oferecido a cada PAP (vulnerável ou não, maridos e esposas). Essa formação também irá
abordar a gestão de entradas e saídas de dinheiro tanto do marido como da mulher,
enfatizando que, uma vez acordado, os pagamentos das compensações são finais. A
formação insistirá no facto de que gastos excessivos empobrecerão as famílias;
➢ O pagamento de grandes quantias de compensação (acima de 500 USD) será feito
através de prestações cuidadosamente distribuídas (pode levar vários meses) para reduzir o
potencial de uso indevido de dinheiro.
Os membros dos agregados familiares afectados também serão beneficiados com os programas de
formação (cursos de formação prática em melhores técnicas agrícolas, abertura de contas bancárias
e gestão financeira, etc.). Os membros dos agregados familiares vulneráveis terão prioridade na
atribuição de projectos relacionados com emprego e outros benefícios.
A UIP avaliará a aplicabilidade das lições aprendidas com projectos anteriores com relevância para
as actividades de reassentamento e compensação previstas. A UIP irá, portanto, propor uma
compensação em espécie (reconstrução da casa, o equivalente em alimentos comprados
localmente para os danos das colheitas), pois este tipo de compensação tende a proteger os mais
vulneráveis na comunidade (mulheres e crianças e pessoas vulneráveis), enquanto já foi
comprovado que a compensação em dinheiro lhes é prejudicial.
122 agregados familiares vulneráveis receberão um apoio ao rendimento de 2 USD/dia para cada
membro do agregado familiar durante 30 dias. De notar que a compensação de um membro que
vive com uma ou mais vulnerabilidades será ajustada de acordo com o número de categorias de
vulnerabilidades às quais este corresponde (ex.: uma mulher chefe de agregado familiar que toma
conta de orfãos irá receber 4 USD/dia). Este montante é atribuído devido à inconveniência e
constrangimentos de tempo relacionados com o reassentamento das suas estruturas primárias.
103
Dado o actual lugar das mulheres nas comunidades rurais, quando as compensações em dinheiro
forem a única opção aceitável, sempre que for possível também serão examinadas e
implementadas as seguintes medidas de mitigação:
➢ Tanto o marido como a esposa devem ser signatários da conta bancária que será aberta;
➢ Nos agregados familiares chefiados por crianças, tanto a criança mais velha como os
seus irmãos podem ser signatários da conta bancária. No entanto, os Lideres/ Comités
Comunitárias poderão avaliar e escolher quais dos irmãos serão responsáveis pela gestão
do dinheiro, note que nãi foram identificadas famílias chefiadas por menores de idade;
➢ Programas de sensibilização sobre questões dirigidas às autoridades, administradores e
comunidades locais;
➢ Assistência da UIP para informar e ajudar as pessoas e grupos vulneráveis;
➢ Procurar o pleno consentimento das mulheres nos agregados familiares e explicando-
lhes as opções de compensação propostas. As mulheres devem ser consultadas para avaliar
as suas perdas especificas e controlar as suas compensações;
➢ Abertura de conta bancária conjunta para o marido e a esposa para receber e utilizar o
dinheiro da compensação;
➢ Monitoria rigorosa.
De salientar que será providenciada a cada PAP formação sobre abertura de conta bancária e gestão
financeira (vulnerável ou não, maridos e esposas). Essa formação também abordará a gestão de
entradas e saídas de dinheiro para ambos, marido e mulher. O pagamento de grandes quantias de
compensação em dinheiro (acima de 500 USD) será feito por meio de prestações cuidadosamente
distribuídas (poderá ser distribuído em vários meses) de modo a mitigar o potencial uso indevido do
dinheiro.
A prioridade deve ser dada a todos os membros fisicamente aptos dos agregados familiares
reassentados durante o processo de recrutamento de mão-de-obra. Isto aplica-se para os seguintes
empregos e oportunidades de contracto: limpeza do caminho da faixa de servidão; serviço de
transporte de matérias e equipamentos, para a construção/implantação das torres de transporte e
outros locais, construção de estradas de acesso e estaleiros de obra, reconstrução de casas e
estruturas comunitários, provisão de bens e serviços para os trabalhadores; administração do
programa de compensação, actividades de monitoria, etc.
Além disso, todos os agregados familiares e comunidades afectados receberão toda a madeira
cortada no seu terreno para seu próprio uso ou venda. Os materiais recuperados das estruturas
afectadas também poderão ser usados pelos agregados familiares e comunidades afectadas.
Todos os bens e serviços que forem necessários para as obras e os seus técnicos (areia, cimento,
alimentos, etc.) devem ser comprados localmente sempre que for possível. Isto aplica-se a todos os
empreiteiros e devem ser incluídas disposições específicas para esse efeito na elaboração dos
Termos de Referência.
104
11.2 Restauração dos meios de subsistência a nível comunitário
É recomendado informar as comunidades afectadas e os PAP pelo menos um ano antes do início da
construção, e alocar 500 USD para a realocação do local sagrado comunitário afectado. Além disso,
deve mencionar-se que muitas comunidades ao longo da faixa de segurança têm trabalhadores
experientes na matéria de obras de construção de linha de transporte de energia e limpeza de
servidão, experiência que estes adquirem fazendo trabalhos para a Hidroeléctrica de Cahora Bassa
(HCB), daí poderão ser contratados durante a fase de construção. Deverá ser dada prioridade a
trabalhadores locais e prestadores de serviços com a experiência e capacidade necessária na
atribuição de oportunidades de trabalho, se aplicável. Além disso, como sugerido nas consultas, o
empreiteiro geral deverá estabelecer contactos com os líderes comunitários para maximizar a
contratação local, bem como a aquisição de materiais e serviços locais relevantes. Este requisito
deve ser especificado no caderno de encargos do concurso público para empreiteiros e deve
constar nos contractos.
O Programa Nacional de Energia para Todos, que pretende electrificar todas as áreas comunitárias
com um objectivo-chave claro e imutável, o de estabelecer a ligação de forma gratuita a todos os
agregados familiares até ao ano 2030, sendo esta considerada uma medida de restauração da
subsistência da comunidade. Esse projecto é considerado realista pelo Governo de Moçambique e a
sua implementação já iniciou. O projecto é bem conhecido pelos Parceiros Financeiros e o mesmo
está a ser liderado actualmente pelo Banco Mundial.
Durante o levantamento socioeconómico, nas comunidades que serão atravessadas pela linha de
transporte, mencionaram alguns projectos de desenvolvimento que gostariam de poder beneficiar
do projecto, como medidas de restauração dos meios de subsistência ao nível da comunidade.
Desta feita, deverão ser planificados encontros adicionais com essas comunidades, de modo a levar
em consideração as suas necessidades de desenvolvimento no momento da implementação do PR.
Esses tipos de projectos podem ser utilizados para compensar indirectamente as pessoas afectadas
das comunidades atravessadas pelo Projecto, melhorando as infra-estruturas e serviços
comunitários existentes, financiando a construção ou reforma de edifícios públicos (escolas),
serviços (farmácias) e infra-estrutura (abastecimento de água e estradas). A melhoria da
infraestrutura de desenvolvimento deve ser feita de forma equitativa entre as comunidades
atravessadas, dependendo dos impactos ocorridos (uma vez que as comunidades não sofrerão os
mesmos impactos).
Pode haver disputas na comunidade devido á dimensão das novas casas (por exemplo, alguns PAPs
podem pedir uma nova casa da mesma dimensão que a deles para o líder da comunidade). Se
solicitado, a Unidade de Implementação do Projecto (UIP) terá que negociar um alojamento, mas
será resolvido caso a caso. Isso fará parte do orçamento de contingências.
105
12. PROCESSO DE CONSULTA PUBLICA
O envolvimento das partes interessadas é parte integrante do processo de desenvolvimento do PR.
É definido como um processo interactivo em que a visão das pessoas sobre questões que lhes
dizem respeito é procurada e incorporada no planeamento do projecto o mais cedo possível.
Este capítulo descreve o processo de informação e consulta pública realizado em Moçambique para
apoiar o desenvolvimento do PR do Projecto de linha de transporte da energia elétrica da
substanção de Songo à Substanção de Matambo. Primeiramente será descrito o processo
implementado pelo consultor para permitir a consulta informada e a participação das partes
interessadas no desenvolvimento do estudo. As partes interessadas foram abordadas nas diferentes
fases e foram questionadas sobre as suas preocupações, expectativas e recomendações tendo em
vista o processo de reassentamento e compensação, que são relatadas. Por último, são fornecidas
indicações sobre como a visão das partes interessadas têm influenciado as recomendações finais do
estudo.
Estão previstas actividades de envolvimento, de acordo com principais fases durante a preparação
do PR, onde a participação informada das partes interessadas é provavelmente a mais significativa
contribuição para as actividades em curso e de análise. A Tabela abaixo identifica essas fases, ou
"rondas de consulta", e apresenta, para cada uma delas, os objectivos de envolvimento específicos,
grupos-alvo, e prazos de execução.
106
Tabela 30. Objectivos de Envolvimento Específicos e Grupos Alvo, de acordo com as etapas de
preparação do PR – Moçambique
107
Actividades do PR Objectivos do envolvimento Grupos-alvo Cronograma
projectos de
desenvolvimento futuro;
• Melhorar elementos-chave
do Plano de Restauração de
Meios de Subsistência, tais
como a matriz de direitos e
compensação/opções de
reabilitação dos meios de
subsistência, mecanismo
para reclamações e
procedimentos; Permitir que
os agregados familiares
potencialmente deslocados
expressem as suas
preferências, preocupações
e sugestões em relação às
opções de compensação e
necessidades de assistência
de reassentamento,
incluindo a identificação de
novos locais de
reassentamento e
comunidades de
acolhimento;
• Identificar os grupos
vulneráveis e as suas
necessidades específicas;
• Organizar discussões de
grupos focais com as partes
interessadas específicas, tais
como mulheres, anciãos,
autoridades fronteiriças, etc.
para lista suas opiniões,
preocupações e propostas.
Ronda de Consulta 3 • Apresentar os resultados • Autoridades
Resultados preliminares do preliminares actuais do administrativas
censo, validação dos levantamento às principais provinciais e
principais conteúdos do PR partes interessadas; serviços
e PAIR • Validar e concordar sobre os técnicos;
elementos-chave para o • Autoridades
relatório final do PR e PAR, administrativas
incluindo: distritais e
o Critérios de Postos
108
Actividades do PR Objectivos do envolvimento Grupos-alvo Cronograma
elegibilidade; Administrativo
o Matriz de direito e e serviços
compensação; técnicos;
o Medidas de • Autoridades
restauração dos tradicionais e
meios de líderes
subsistência; comunitários −
o Procedimentos e ONGs
mecanismo de
resposta a
Reclamações;
o Comunidades
hospedeiras e
potenciais locais de
reassentamento
alternativos;
o Programas de
capacitação;
o Enquadramento
institucional e
responsabilidades
organizacionais;
• Discussão sobre custos de
substituição da terra,
culturas e estruturas;
• Discutir os grupos
vulneráveis identificados e
as necessidades específicas
de assistência e chegar a
acordo sobre medidas de
reassentamento para cada
grupo, incluindo grupos
transfronteiriços.
109
Actividades do PR Objectivos do envolvimento Grupos-alvo Cronograma
Ronda de Consulta 4 • Apresentação da versão • Consultas
Apresentação da versão preliminar do Relatório Final públicas
preliminar do relatório final do PR e PAIR e todos os seus abertas
do PR e PAIR e consulta componentes;
pública • Apresentação de uma
revisão da descrição do
Projeto;
• Recolher preocupações,
comentários sobre os
principais componentes do
PR e PAIR, tais como: matriz
de direito e compensação /
restauração dos meios de
subsistência, mecanismo e
procedimentos para
reclamações, comunidade
hospedeiras, locais
potenciais de
reassentamento, etc.
• Apresentar e discutir sobre
o quadro institucional e
responsabilidades
organizacionais
Tabela 31. Grupos visados pelo Plano de Envolvimento das Partes Interessadas do PR
110
Grupos de partes interessadas Moçambique
Todas as comunidades (vilas e aldeias) afectadas pelo traçado
Comunidades afectadas da linha. Foram identificadas 10 comunidades ( 5 em cada
distrito)
Agregados familiares Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAP), que são susceptíveis de
potencialmente afectados ser física ou economicamente deslocadas pelo projecto
ONGs relevantes nos domínios do desenvolvimento social e
ONGs
direitos humanos, a nível nacional ou provincial
111
Foram distribuídos pelos participantes, relatórios resumos do projecto, também entregue a
apresentação. O Documento de Informação Pública e as actas das reuniões de consulta encontram-
se no documento de partes interessadas.
• A província já tem uma comissão de reassentamento, por isso não é necessária uma
comissão para este projecto específico.
• Foi questionado se já tinham sido identificadas áreas hospedeiras para o reassentamento. Ao
que foi respondido que as áreas ainda não haviam sido identificadas, mas que como o
projecto é linear, será feito um esforço para reassentar os afectados nas mesmas
comunidades, a fim de minimizar os impactos sobre essas famílias.
• Foi recomendado que os administradores distritais e líderes locais acompanhassem todo o processo de
pesquisa de campo.
• Afirmou-se que a implementação do reassentamento deverá ser realizada antes da construção do
projecto.
Antes da segunda ronda de consulta começar, foram feitas consultas públicas com os chefes e
pessoas das comunidades para garantir que as etapas seguintes de consulta fossem devidamente
explicadas e compreendidas. Foram apresentados o projecto de construção e os objectivos do
trabalho de campo com as datas de consulta. Houve também um fórum próprio para exposição de
questões e preocupações durante as entrevistas, levantamentos e grupos focais.
A segunda ronda de consultas teve lugar durante o levantamento socioeconómico e inventário dos
bens afectados na comunidade e a nível de agregados familiares. Estes levantamentos, em que um
órgão consultivo foi integrado, tiveram lugar de 1 de Dezembro de 2022 a 8 de Março de 2023.
112
12.3.2.2 Principais Observações e Preocupações levantadas pelos Chefes das Comunidades
atravessadas pelo Projecto
As preocupações levantadas nas diferentes comunidades são apresentadas abaixo. As medidas que
têm sido sugeridas (sempre que possível) para atenuar ou aumentar estes efeitos também são
descritas.
Uma das preocupações mencionadas foi a a necessidade de manter as famílias impactadas de
Songo dentro da Vila de Songo sem que os movimentasse, por forma a garantir melhores condições
sociais. De forma imediata o governo do Distrito de Cahora Bassa e representantes de HCB
informaram que Songo era estaleiro e o governo está planificar retirar aqueles que não tem vinculo
contratual com HCB e outras instituições internas para Chitima.
Nesta discussão, ficou acordado no fim que as famílias seriam reassentada em Maroeira, numa
comunidade, mais próxima a Vila de Songo, assim eles tinha a possibilidade de irem desenvolver os
seus negócios.
Para as comunidades impactadas também tocaram aspectos relacionados com as medidas de
compensação, e ficou claro que as comunidades querem garantir a compensação das suas terras.
As casas devem ser melhoradas, num novo bairro, com as infra-estruturas anteriormente
mencionadas.
Embora várias técnicas sejam utilizadas para se comunicar e consultar o público em geral e as PAPs
em particular, a estratégia propõe e descreve com detalhe o principal meio que será usado. Estas
técnicas incluem, entre outras, as seguintes: reuniões individuais e entrevistas com informantes-
113
chave, discussões em grupos focais, anúncios de imprensa, reuniões abertas de consulta pública,
reuniões com os comités locais de reassentamentos, reuniões com governo e a comunicação entre
partes ocorrida por via do mecanismo de gestão de reclamações do Projecto.
Os Grupos Focais de Discussão, Entrevistas com Informantes-Chave e reuniões de consulta e
participação pública que foram realizadas em função da sua necessidade e importância, decorreram
entre os meses de dezembro de 2022 e Fevereiro de 2023, tendo uma diversidade de objectivos
que incluíam a apresentação formal do projecto, recolha de dados qualitativos, discussão sobre as
áreas de reassentamento, apresentação dos pacotes de compensação, consulta pública, entre
outros aspectos relevantes para o reassentamento.
Os produtores afectados identificaram de forma participativa através do inquérito sócio-económico
e Grupos Focais de Discussão, as suas necessidades ou alternativas sustentáveis para restauração
de meios de subsistência tendo destacado dentre outras, as seguintes: (i) Gestão de valor de
compensação; (ii) Assistência na identificação e aconselhamento sobre ideias de negócio; (iii)
Treinamento de produção de mudas; (iv) Provisão de um it de Iniciação diverso (ex. Agrícola,
Pecuário, etc.); (v) Comércio formal em mercados e feiras locais.
Os locais de reassentamento apenas foram discutidas nas primeiras duas reuniões e grupos focais.
Esta foi a principal questão discutida em Songo, onde a comunidade manifestou discordância com o
local preliminar que lhes foi apresentado, uma vez que estava localizado distante da vila de Songo.
As PAPs de Marara levantaram a questão de saber se podem continuar com as suas actividades
agrícolas enquanto o PR estiver a ser elaborado. O Consultor confirmou que o Projecto ainda está a
ser estudado e que os PAPs devem continuar com as suas machambas até novo aviso.
As PAPs em todas as comunidades afectadas solicitaram emprego local durante a construção, além
de fontes de água e electrificação. O consultor tomou nota de todas as sugestões. Os representantes
da EDM também esclareceram que a electricidade ao longo da linha de transmissão deste Projecto
não será directamente utilizável, mas mencionou os futuros projectos de electrificação em vista.
CASAS DE REASSENTAMENTO
Em Songo, os participantes pediram que fossem pagas em valor os seus anexos, por forma a
garantirem a construção de anexos para as crianças, porque estes já não aceitam dormir na mesma
casa. Foi-lhes confirmado que também seriam compensados em dinheiro, uma vez que estes são
estruturas secundárias
Em todas consultas e grupos focais, surgiram muitas questões relacionadas com a elegibilidade geral
à compensação por terras e culturas. Foi explicado que tudo o que será afectado pelo Projecto deve
ser compensado com um valor adequado.
De entre as questões que surgiram Cassoca, é que as comunidades terão assistência nas terras em
expansão para o cultivo. A equipe de consultores explicou que, será elaborado o Plano de
Restauração de meios de subsistência.
O administrador de Cahora Bassa, confirmou que qualquer pagamento em dinheiro será feito por
meio de contas bancárias, será providenciada ajuda para abri-las e para as despesas relacionadas
com as mesmas. O processo aplicável às compensações de terras em espécie também foi explicado.
Quanto a actividade agricola a nossa lei, preconiza a assistência técnica as famílias.
115
12.3.4 4ª Ronda de Consulta: Apresentação do Relatório Final do PR e PAIR e Consulta Publica
12.3.4.1 Organização e Metodologia – Consultas preparatória
O objectivo desta última ronda de informações e consultas às partes interessadas foi duplo:
• divulgar a largura actualizada da faixa de servidão do Projecto, que foi reduzida para 50 m
após acordo com o Ministério da Terra e Ambiente (MTA), conforme descrito abaixo.
As reuniões foram realizadas nas comunidades afectadas de forma a garantir que as pessoas
afectadas estivessem presentes. De acordo com a experiência local, a realização de reuniões públicas
nos centros das cidades dificulta a participação das pessoas afectadas, o que muitas vezes gera
reclamações por parte destas, afirmando que não foram consultadas e que as decisões são mantidas
nos “locais urbanos” sem a sua contribuição. Além disso, muitas comunidades estão localizadas longe
das capitais de distrito, fazendo com que seja ainda mais importante realizar as reuniões localmente.
Os consultores informaram os presentes que, devido à natureza linear do Projecto, a maioria dos
agregados familiares fisicamente afectadas distribuídos pelas comunidades atravessadas pela linha
de transmissão serão reassentadas dentro de suas comunidades, continuando assim com os mesmos
serviços sociais etc. Os participantes que não tiveram presentes em nenhuma das reuniões
anteriores foram também informados de que após a construção do Projecto, os agregados familiares
economicamente afectados poderão continuar com as suas machambas, excepto na área sobre a
qual forem colocadas as torres. Foi feita uma breve descrição das compensações elegíveis para os
agregados economicamente afectados.
Em seguida foi apresentado o número de agregados familiares afectados pelo Projecto, no total e
discriminado por distrito. Os locais comunitários e os bens produtivos afectados também foram
apresentados. Ao final da apresentação, foi aberto um espaço para os presentes exporem as suas
questões, dúvidas e comentários. Os presentes foram encorajados a fazer os seus comentários sobre
todos os pontos da apresentação.
Ao final da apresentação, a reunião foi aberta para perguntas, dúvidas e comentários, os quais estão
registados em acta. As cartas-convite, anúncio no jornal, o resumo-não-técnico usado como apoio
para as apresentações. No final foram apresentados os agradecimentos e tendo informado que
devido a interação ao longo do processo muita coisa estava clara.
116
13 PROTOCOLO DE GESTÃO DE RECLAMAÇÕES E SUGESTÕES
Os Mecanismos de Resposta às Reclamações são ferramentas essenciais para permitir que as
Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAP) expressem as suas preocupações sobre o processo de
reassentamento e compensação à medida que surjam e, se necessário, para que acções correctivas
sejam tomadas, nos casos em que qualquer valor de compensação não tenha sido calculado
correctamente, e que devem ser reavaliados em tempo útil. Tais mecanismos são fundamentais
para que haja transparência no processo de reassentamento. O procedimento de resposta a
reclamações inclui o uso de registos para determinar a validade das reclamações.
É essencial (e um requisito da ESS5) que todos os projectos de reassentamento incorporem um
Mecanismo de Resposta a Reclamações que seja acessível, livre, de fácil compreensão,
transparente, responsivo e eficaz, que não restrinja o acesso aos canais oficiais de reclamação
(como os tribunais, incluindo tribunais tradicionais) e que não cause receio de consequências
negativas pelo seu recurso entre os utilizadores. Os Indivíduos e agregados familiares afectados
devem ser informados sobre a existência de um mecanismo de resposta às reclamações.
Informações gerais sobre a existência de tais mecanismos serão tornadas públicas através da
terceira e quarta ronda de consultas comunitárias.
Normalmente, as dificuldades encontradas podem ser classificadas em duas categorias: as
reclamações relacionadas com o processo e as relacionadas com a propriedade. As reclamações e
conflitos durante o processo são tipicamente associados às seguintes causas:
➢ Omissões de património nos inventários;
➢ Registros errados de dados pessoais ou da comunidade;
➢ Erros nas identidades das pessoas afectadas;
➢ Impressões de subavaliações;
➢ Condições de reassentamento;
➢ Desentendimentos sobre limites de parcelas, machambas entre as pessoas afectadas
da mesma localidade ou com a comissão do censo de propriedade ou entre dois vizinhos;
➢ Disputas sobre a partilha de compensação;
As reclamações e disputas pelo direito de propriedade geralmente referem-se aos seguintes casos:
➢ Recente mudança na apropriação do bem;
➢ Sucessão de herança;
➢ Apropriação de um bem comum ou capital de produção posto em prática por várias
pessoas;
➢ Divórcio;
➢ Propriedade da terra (ex.: o utilizador de terra é diferente do proprietário do terreno,
o que pode levar a conflitos sobre a partilha dos bens da terra, como, por exemplo,
árvores);
➢ Casos de violência de género (VG) também podem ocorrer durante o processo de
reassentamento, uma vez que o deslocamento de pessoas e o pagamento de
compensações representam um risco de VG. Isso é particularmente verdade quando a
compensação é paga em dinheiro aos homens. O retorno da experiência mostrou que, em
alguns casos, os homens gastam o dinheiro em vez de investi-lo no reassentamento do
agregado familiar ou que procuram casar novamente com outra mulher e abandonar a
família. As mulheres muitas vezes são contornadas quando as compensações são
117
negociadas e distribuídas. Para as mulheres solteiras chefes do agregado familiar, alguns
membros da família também podem tentar receber o dinheiro da compensação porque as
ajudaram a construir a casa no passado.
13.1. Objectivos
Os objectivos do mecanismo de resposta a reclamações são os de responder às reclamações das
PAP’s de forma rápida e transparente, e garantir que tenham meios de apresentar e abordar as
suas reclamações relacionadas a qualquer aspecto do PR.
O protocolo de gestão de reclamações fornece orientações à EDM para a gestão das reclamações
da comunidade e das partes interessadas ao longo das diferentes fases do Projecto, incluindo a
elaboração do Plano de Reassentamento e da fase de implementação do reassentamento. Este
protocolo ajuda a:
➢ Compreender a percepção da comunidade dos riscos e impactos do projecto, e ajustar
as suas medidas e acções para resolver as preocupações da comunidade;
➢ Informar as comunidades e as partes interessadas afectadas sobre o processo que será
seguido em resposta as reclamações;
➢ Elaborar um mecanismo de reclamações eficaz, e que seja disponível para as
comunidades e partes interessadas afectadas;
➢ Mapear as sugestões da comunidade como uma oportunidade para a melhoria
contínua, como criar ou alterar um sistema existente e o processo de aprendizagem.
O mecanismo de resposta a reclamações proposto terá em consideração a Violência Baseada no
Género (VBG) que pode ser criada pelo processo de reassentamento e compensação. Todas as
reclamações relacionadas a esse assunto serão cuidadosamente examinadas e tratadas de forma
adequada.
118
A nível da base, principalmente de bairro e de vizinhança, o país não tem estruturas unificadas para
gerir assuntos comuns que afectam aqueles que lá vivem.
No entanto, em todos os casos, há sempre alguma forma de organização e/ou representação das
famílias por entidades como o "Chefe das Dez Casas", Líderes Tradicionais, Líderes Religiosos, etc.
que representam as pessoas que vivem em determinadas jurisdições. Dependendo dos casos
específicos, estes serão escolhidos para representar e organizar os agregados em todo o processo
do PR e, em especial, durante a apresentação e a reparação de queixas. Devem, por si e/ou com a
ajuda de outros, ser capazes de realizar todo o trabalho de secretariado envolvido no processo, tal
como preparar/escrever as queixas quando necessário, recolhê-las, apresentá-las, enviá-las, traduzi-
las, etc., no entanto, é importante notar que a representação não pode ser imposta; pessoas
afectadas que queiram lidar com todo o processo por si, serão autorizadas a fazê-lo.
Formulários de reclamação geral a ser utilizados serão preparados por uma Unidade de Gestão
Ambiental e Social da EDM e apresentados e disponibilizados a todos os potenciais utilizadores. As
PAP’s que são analfabetos ou que não compreendem o português devem ser capazes de apresentar
queixas tendo alguém que haja como seu representante.
A Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM não deve desencorajar a apresentação de uma
queixa. A queixa será registada no Registo de Queixa/Problemas. A Unidade de Gestão Ambiental e
Social também ajudará as PAP’s (se necessário) a preencher e assinar os formulários e os seus
representantes devem ser incluídos no formulário.
119
• Arbitragem, apelando aos mais velhos ou a pessoas respeitadas na comunidade, embora
não pertencendo à mesma.
O primeiro nível é ilustrado na figura a seguir e é explicado nas secções seguintes.
Durante a primeira fase do processo, os PAP’s devem reportar as suas reclamações tanto:
120
➢ Ao líder da sua comunidade para uma revisão imediata e resolução, se a reclamação
for relacionada com a terra ou disputa de terra a menos que a disputa envolva os líderes
locais: nesse caso, a disputa passará directamente para o nível 2, ou
➢ Para a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM se a reclamação não estiver
relacionada à terra ou disputa de terra, mas estiver relacionada ao pagamento de
compensação e assunto relacionado ao reassentamento.
Os PAP devem apresentar reclamações por escrito aos líderes da aldeia/comunidade. Ficará claro no
programa de comunicação da implementação do PR que as mulheres e outras pessoas vulneráveis
são incentivadas a apresentar as suas queixas. A ONG/Universidade/consórcio testemunha vai ajudar
todas as PAP, especialmente as PAP vulneráveis, a apresentar as suas reclamações, sempre que for
necessário, e esta será responsável por lidar com as reclamações anónimas a pedido dos reclamantes.
Envolver activamente uma ONG / universidade / consórcio testemunha é a chave para o sucesso do
MRR e conformidade com a ESS5 porque:
121
➢ Reunir com a parte interessada que pode ser a Unidade de Gestão Ambiental e Social
da EDM, o Consultor responsável pela implementação do RAP ou o líder da comunidade (ou
todos eles) para discutir possíveis respostas e acções. Em seguida, é fornecida uma resposta
ao reclamante no prazo de cinco dias úteis. Se a resposta exigir uma actividade ou decisão
específica, como uma reavaliação de bens ou compensação, o reclamante terá que aceitar
ou rejeitar a actividade ou decisão proposta. Em casos de disputas de terras, a ONG /
universidade / consórcio testemunha deve organizar negociações entre os reclamantes e
envolver as autoridades tradicionais. O líder da comunidade deve tentar resolver a
reclamação amigavelmente com a participação activa da parte prejudicada no prazo de
cinco dias úteis a partir da data de apresentação da reclamação. Como último recurso, a
ONG / universidade / consórcio testemunha deve fornecer orientação sobre os recursos
legais disponíveis para reivindicações de propriedade e reivindicações sobre avaliação de
bens e no segundo nível deste MRR.
➢ Fornecer as PAP’s uma notificação por escrito como prova.
➢ Manter a base de dados das reclamações, o que significa incluir todas as respostas e
resultados das reclamações, acompanhamento das reclamações e respeitar o prazo para as
respostas.
Se a queixa for resolvida e a parte prejudicada estiver satisfeita com a decisão, deve ser preparado
um relatório pela ONG / Universidade /consórcio testemunha e incluído na base de dados. Uma
cópia do relatório deve ser entregue à PAP e uma cópia deve ser submetida à Unidade de Gestão
Ambiental e Social da EDM e para registo. Se a queixa não for resolvida, a PAP deve passar para o
segundo nível. A Figura mais abaixo apresenta o processo específico para cada tipo de queixa.
Além da ONG/universidade/consórcio testemunha, a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM,
o Consultor responsável pela implementação do PR e os líderes comunitários também terão um
papel a desempenhar no MRR:
➢ A Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM tem a responsabilidade de
supervisionar o MRR e auxiliar os vários actores do Projecto durante as reuniões com as
comunidades. Em muitos casos, a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM necessita
de fornecer respostas às reclamações e deve ter uma pessoa dedicada para fazer o
seguimento e registar todas as respostas e decisões na base de dados. Qualquer acção a
empreender durante a preparação do Projecto deve ser realizada pela Unidade de Gestão
Ambiental e Social da EDM.
➢ A Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM tem a responsabilidade geral de
garantir o cumprimento do MRR e aplicá-lo.
➢ A Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM deve relatar externamente os
resultados do mecanismo e se comunicar com as partes interessadas do Projecto, incluindo
o financiador do projecto.
➢ O consultor responsável pela implementação do PR (UIP) deve monitorar a eficiência do
MRR e participar da discussão sobre as acções correctivas a serem implementadas.
➢ Líderes comunitários: Os conflitos relacionados às reivindicações de propriedade de
terras devem ser tratados pelos líderes comunitários que são responsáveis por chegar a um
acordo entre os reclamantes. Os líderes comunitários também devem estar envolvidos nas
comunicações com a ONG/universidade/consórcio testemunha e devem ser consultados a
fim de encontrar soluções combinadas para os conflitos de terra.
122
➢ A ONG/universidade/consórcio testemunha deve ser auxiliada por promotores
baseados na comunidade compostos por membros respeitados da comunidade.
Se a disputa envolver um líder local, o mecanismo de reclamações começa neste nível (é apenas
excluído o primeiro nível). Após a recepção da reclamação, a comissão, se desejado, pode instruir a
ONG /universidade/consórcio testemunha a recolher mais informações relacionadas à queixa e
submetê-las à comissão para seu uso enquanto estiver a ouvir a queixa. A audiência deve ser
concluída no prazo de 10 dias úteis a contar da data do encaminhamento do caso. A data, a hora e o
local da audiência devem ser comunicados à PAP pela comissão, com pelo menos cinco dias de
antecedência.
123
Se a reclamação for resolvida e a PAP estiver satisfeita com a decisão, um relatório da mesma
deverá ser preparado pela ONG /universidade/ consórcio testemunha. Uma cópia do relatório deve
ser entregue ao PAP e uma cópia deve ser submetida à UIP para registo. Se a queixa não for
resolvida, a PAP deve passar para o terceiro nível.
124
Figura 52: Mecanismo de Resposta a Reclamações
125
13.4.7. Divulgação
Durante a implementação do reassentamento, a ONG/universidade/consórcio testemunha deve
relatar regularmente o desempenho do MRR e entregar a base de dados das reclamações à
Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM e ao Consultor responsável pela implementação do
PR. Em última análise, é a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM que deve manter a base
de dados.
126
Serviços de VG deve ser apresentado às comunidades durante uma consulta pública especifica como
parte do processo do PR.
A ONG /universidade /consórcio testemunha também deve ser formada para recolher alegações de
Violência de Género através do MRR e deve anunciar que as vítimas de Violência de Género podem
transmitir as suas queixas ou reclamações a estes ou a um Provedor de Serviços de Violência de
Género.
127
14. MONITORIA E AVALIAÇÃO
O objectivo principal da monitoria é fornecer informação de retorno ao proponente do projecto sobre
a implementação do PR, bem como de identificar os problemas e sucessos o mais rapidamente
possível de forma que atempadamente possa permitir ajustes das disposições relativas à
implementação do projecto. Deste modo, devem ser feitas avaliações qualitativas e quantitativas para
determinar se as pessoas afectadas alcançaram, no mínimo, o padrão de vida que tinham antes da
implementação das actividades do projecto e reassentamento como determinado nos dispositivos
legais em vigor sobre o reassentamento.
• Identificar quaisquer queixas e/ou reclamações, especialmente as que ainda não foram
resolvidas a nível local e que podem necessitar de resolução a níveis mais altos;
O Projecto vai estabelecer um sistema de monitoria e avaliação, consistente com os 5 (cinco) critérios
de Padrão de Desempenho da International Finance Corporation, nomeadamente: (i) Avaliação de
Impacto Ambiental e Social e Gestão de Risco; (ii) Aquisição de Terra e Reassentamento Involuntário;
(iii) Saúde, Segurança e Protecção Comunitária; (iv) Comunidades indígenas e (v) Herança cultural. O
processo de monitoria compreende dois níveis a saber:
• Monitoria externa - a ser realizada por uma entidade independente, que será contratada para
o efeito, pelo proponente do projecto.
A monitoria interna terá como base o Plano de Acção do Reassentamento (PAR) e tem como
objectivo avaliar o progresso alcançado na realização das actividades propostas neste PR. Esta
monitoria será feita mensalmente e será acompanhada pela elaboração de um relatório de progresso
da implementação do PR. Os relatórios de progresso deverão ser elaborados pela equipa de
implementação do PR e apresentados ao proponente do projecto (EDM), CTASR, partes interessadas
relevantes e agência financiadora do projecto (Banco Africano de Desenvolvimento - BAD).
c) Resolução de Reclamações
d) Participação Pública
129
• Número de produtores afectados que receberam com planos de negócio elaborados e em
implementação.
• Número de produtores com terras alternativas de cultivo adquiridas por meios próprios;
Assim, a entidade independente a ser contratada pelo proponente do projecto para realizar a
monitoria externa deverá fazer a verificação dos relatórios periódicos produzidos pela equipa de
monitoria interna, assim como proceder a avaliação do grau de cumprimento dos compromissos
assumidos no presente PR (ex. Pagamento de compensações, assistência adicional e restauração de
meios de subsistência) e avaliar o sistema de divulgação das informações. Adicionalmente, a entidade
independente deverá também monitorar o PRMS, no que concerne ao seu grau de implementação e
eficácia das medidas das componentes do PRMS na melhoria do padrão de vida e meios de
subsistência das PAPs.
• Uma avaliação da conformidade geral do Projecto baseado nos 10 (dez) Padrões Ambientais e
Sociais do Banco Mundial e na legislação moçambicana;
130
• Uma verificação das avaliações internas dos resultados pelo Projecto;
• Entrevistas à amostra representativa de Pessoas Afectadas pelo Projectos com o intuído de:
(i) Medir até que ponto os padrões de vida e meios de subsistência foram restabelecidos ou
melhorados; (ii) Verificar se as Pessoas Afectadas pelo Projecto foram suficientemente
informadas e consultadas; (iii) Recolher as opiniões das pessoas afectadas sobre a observação
dos direitos e gestão de queixas e/ou reclamações; e (iv) Avaliar o grau de satisfação geral
com o processo de reassentamento.
O processo de monitoria externa das actividades do PR deverá ser realizado, no mínimo em cada 3
(três) meses durante o período de implementação do PR para confirmar ou verificar se o
reassentamento está a ser implementado em conformidade com as medidas descritas no PR e no
PRMS, assim como avaliar o grau de cumprimento das actividades nestes dois instrumentos de
orientação do reassentamento, bem como avaliar e propor melhores estratégias para o cumprimento
integral do processo de reassentamento. Enquanto isso, o processo de avaliação final do PR deverá
ser conduzido a partir dos 6 (seis) meses após o fim do processo de implementação do PR, sendo que
o mesmo deverá verificar o impacto do processo de implementação do PR, com enfoque no potencial
que as actividades prescritas no PRM efectivamente conduziram a restauração dos meios de
subsistência dos afectados. Esta avaliação deverá ser participativa, isto é, com o envolvimento dos
PAPs e outras partes interessadas, através de debates, levantamento de questões e observação das
condições das PAPs. A avaliação de impacto deverá ter como base de comparação a condição sócio-
económica inicial dos afectados recolhida durante o levantamento sócio-económico. O processo de
monitoria externa deverá ser conduzido tendo em consideração os seguintes indicadores.
• Avaliar o nível de alcance da metodologia e estratégias em uso e/ou usadas nas actividades
de implementação do PR;
c) Resolução de Reclamações
131
• Número de pessoas que apresentaram reclamações com relação ao projecto;
d) Participação Pública
• Número de produtores com terras alternativas de cultivo adquiridas por meios próprios;
No âmbito deste PR espera-se que o processo de restabelecimento dos meios de subsistência estejam
finalizado quando:
132
• Os produtores afectados estejam a desenvolver outras actividades de geração de renda
financiadas com recurso ao valor de compensação;
Deste modo, espera-se que o processo de restabelecimento de meios de subsistência seja alcançado
cerca de 1 (um) ano depois da finalização do processo de implementação deste PR, período após o
qual deverá ser realizada uma auditoria de finalização do reassentamento. Esta auditoria deverá
produzir um relatório que será submetido ao proponente do projecto, agência financiadora (Banco
Africano de desenvolvimento) do projecto e outras partes interessadas, sendo que relatório em
referência deve incluir:
A auditoria também irá avaliar a eficiência, eficácia, impacto e sustentabilidade das actividades do PR,
assim como extrair lições aprendidas para aplicação em projectos futuros ou em outros projectos no
sector e no país, assim como determinar se a titularidade do reassentamento foi apropriadamente
conferida.
14.4. Relatórios
O processo de monitoria do presente PR deverá gerar um conjunto de relatórios que vão ajudar a
documentar o processo de implementação e os resultados alcançados, assim como as lições
aprendidas com implementação deste PR. Assim, deverão ser elaborados relatórios sobre a monitoria
do desempenho pela equipa de implementação a intervalos regulares a começar na data de início de
quaisquer actividades relacionadas com o reassentamento. Estes relatórios serão apresentados ao
proponente e partilhados com as partes afectadas e interessadas relevantes e ainda com a instituição
financiadora. A tabela abaixo mostra o resumo dos principais relatórios que serão produzidos em
resultado da implementação do presente PR.
133
Tabela 32. Relatórios de Desempenho
• Reporta o progresso da
Comissão Técnica de implementação em
Provedor de Serviços Acompanhamento e comparação com o
de Implementação Supervisão do Plano;
Relatórios de
Mensalmente de Reassentamento Reassentamento;
Monitoria interna • Eventuais acções
(Oficial de Monitoria Outras partes interessadas
acordadas;
e Avaliação) relevantes e financiadores
do projecto • Actas de consultas ou
reuniões relevantes
Comissão Técnica de
Acompanhamento e • Avaliação de conformidade
Trimestralmente Supervisão do do processo da
Relatórios de durante a Consultor Reassentamento; Implementação do PR
Monitoria externa implementação do independente
PAR Outras partes interessadas • Relatório de Monitoria
relevantes e financiadores externa
do projecto
Comissão Técnica de
Acompanhamento e
Trimestralmente Supervisão do • Reporta o progresso da
Relatório de
durante a Consultor Reassentamento; implementação do Programa
Avaliação de Meios
implementação do Independente de Restauração de Meios de
de Subsistência Outras partes interessadas Subsistência
PRMS
relevantes e financiadores
do projecto
Comissão Técnica de
Provedor de Serviços Acompanhamento e
Relatório de Única vez – até 3 de Implementação Supervisão do • Avalia os resultados da
Conclusão do (três) meses após o de Reassentamento Reassentamento; implementação do Plano de
Reassentamento reassentamento (Oficial de Monitoria Outras partes interessadas Reassentamento
e Avaliação) relevantes e financiadores
do projecto
Comissão Técnica de
Acompanhamento e
Única vez – a Supervisão do • Reporta o impacto da
Relatório de partir de 6 (seis) Consultor Reassentamento; implementação do PR;
Avaliação após o independente
reassentamento Outras partes interessadas • Relatório de Avaliação do PR
relevantes e financiadores
do projecto
• Avaliação da conformidade
Comissão Técnica de
do processo de
Acompanhamento e
implementação do PR; e
Única vez, dezoito Supervisão do
Relatório de Consultor/Auditor Reassentamento; • O relatório sobre a
meses após o
Auditoria do PAR Externo qualidade da implementação
reassentamento Outras partes interessadas
do PR em termos da aplicação
relevantes e financiadores
de directrizes conforme
do projecto
previstas pelo PR.
134
14.5. Métodos para a Recolha de Informação
Para recolha de dados de monitoria e avaliação dos impactos serão utilizados os seguintes métodos:
• Questionários,
• Consultas:
135
15. AVALIAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE MONITORIA INTERNA
As despesas indicativas do PR incluem as seguintes componentes:
Assim, valor total de compensação pelas culturas, árvores e melhoramento da qualidade dos solos,
incluindo os demais subsídios é estimado em 30,506,937.80 MZN.
136
Valor Total Valor Total
Item
(MZN) (USD)*
Infraestrutura - Sombreiro 59515600.0 991926.7
Valor Para a construção de Casa Principal
Valor Para a construção de Casa Principal 182700000.0 3045000
Assistência as PAP’s
Subsídio de vulnerabilidade (= Salário Mínimo - 3 Meses) 540000.0 9000.0
Subsídio de distúrbio (=5% Valor da total da compensação) 1092000.0 18200
Subsídio de Mudança 1092000.0 18200
Procura, preparação e fertilização 594000.0 9900
Cesta Básica 1638000.0 27300
Pacote Alimentar 14328000.0 238800
Subsidio de Perda de Lucro 94100.0 1568.333
Subsidio de mudança de negocio 180000.0 3000
Indeminização por despedimento no emprego 162000.0 2700
DUAT 60000.0 1000
Programas de Restauração dos Rendimentos
Capacitação na Gestão de Valor de Compensação
Assistência técnica para elaboração de Planos de Negócio
Provisão de Kit de Iniciação Agrícola/Pecuária
Total 291 962 637.8 4 875 044
*60 MZN equivale a 1 USD
137
16. REFERÊNCIAS
CERNEA M.M. 1988. Involuntary Resettlement in Development projects, Policy guidelines in World
Bank-Financed project, WBTP. Online:
http://documents.worldbank.org/curated/en/699511468325205947/ Involuntary-resettlement-
indevelopment-projects-policy-guidelines-in-World-Bank-financed-projects. Consulted on March 21,
2019.
DEPARTMENT FOR INTERNATIONAL DEVELOPMENT.1999. Sustainable Livelihoods Guidance
Sheets. 26 p. [Online]. http://www.eldis.org/vfile/upload/1/document/0901/section2.pdf. Consulted on
April 30th, 2019.
INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION (IFC). 2002. Handbook for Preparing a Resettlement Action Plan. 79
pages.
INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION (IFC).2007. Stakeholder Engagement: A Good Practice Handbook for
Companies Doing Business in Emerging Markets. 201 p. [Online].
http://www.ifc.org/wps/wcm/connect/938f1a0048855805beacfe6a6515bb18/IFC_StakeholderEng
agement.pdf?MOD=AJPERES. Consulted on May 2nd, 2019.
WORLD BANK. 2001. Operational Policies OP. 4.12: Involuntary Resettlement. 9 p. [Online].
http://siteresources.worldbank.org/INTFORESTS/Resources/OP412.pdf. Consulted on March 8, 2019.
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