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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DA LINHA DE

TRANSPORTE DE ENERGIA DE 400 KV DA


SUBSTANÇÃO DE SONGO À SUBSTANÇÃO DE
MATAMBO NA PROVÍNCIA DE TETE

PLANO DE REASSENTAMENTO

RELATÓRIO DO PLANO DE REASSENTAMENTO

Maio de 2023

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PLANO DE REASSENTAMENTO PARA O PROJECTO
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DA LINHA DE
TRANSPORTE DE ENERGIA DE 400 KV DA
SUBSTANÇÃO DE SONGO À SUBSTANÇÃO DE
MATAMBO NA PROVÍNCIA DE TETE

RELATÓRIO FINAL
PARTE I - PLANO DE REASSENTAMENTO

Preparado para: Preparado por:

Maio 2023

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SUMÁRIO EXECUTIVO

INTRODUÇÃO
A construção de um sistema de transporte de energia eléctrica é uma das estratégias identificadas
pela EDM para fornecer energia de qualidade, e enquadra-se nos esforços do Governo de satisfazer
a electrificação rural e para alimentar os projectos de desenvolvimento do País.

A Electricidade de Moçambique (EDM) está planejando implementar o Projecto de Transporte de


Energia do Sistema Nacional de Transporte de Energia, que conectará as províncias de Tete e
Maputo por meio de linhas de transporte de extra alta voltagem. O projecto tem como objectivo
fornecer capacidade adicional para apoiar projectos de energia actuais e propostos, apoiar a
eletrificação rural e urbana e exportar eletricidade para países vizinhos. A primeira fase do projecto
inclui a construção de uma linha de transporte de 118 km e 400 kV que ligará as subestações de
Songo e Matambo, além da expansão de duas subestações existentes na província de Tete.

A linha de transporte de energia Songo - Matambo 400 kV foi identificada como sendo a solução
mais viável e competitiva com o aumento da capacidade de disponibilização de energia para os
projectos de interligação regional, o que poderá criar o impacto económico e social positivo no
Programa do Governo de Moçambique designado Energia para Todos, com uma continuidade de
fornecimento de energia de forma segura com qualidade e quantidade aceitável. Por forma a
garantir o acesso universal a energia eléctrica até 2030.

O projecto também prevê a criação de uma zona de proteção parcial (ZPP) ao longo da linha de
transporte, com o objectivo de proteger o sistema de potenciais riscos, como descargas atmosféricas
e interferências eletromagnéticas, além de permitir o acesso para manutenção e emergências. A ZPP
terá uma largura de 50 metros e será monitorada por câmeras de vigilância e patrulhas de
segurança. No entanto, a construção da nova linha de transporte e das subestações exigirá a
construção de infraestrutura auxiliar, como estradas de acesso, locais de empréstimo de terra e
locais de construção. A localização dessas instalações ainda não foi determinada e é necessário que
sejam realizados estudos e avaliações para minimizar os impactos ambientais e sociais. Além disso, o
projecto também prevê a realização de programas de compensação ambiental e social para mitigar
os impactos negativos do projecto. No entanto, é necessário que a construção da infraestrutura
auxiliar seja realizada de forma responsável e sustentável, levando em consideração os impactos
ambientais e sociais.

ENQUADRAMENTO LEGAL E REGULADOR

O enquadramento legal para o reassentamento em Moçambique inclui leis, regulamentos, políticas


do Banco Mundial e padrões internacionais. O governo Moçambicano será responsável por aprovar
planos de reassentamento que devem incluir habitação adequada, infraestruturas, acesso a meios
de subsistência e serviços sociais. O quadro legislativo moçambicano para reassentamento
involuntário está em conformidade com a Política Operacional 4.12 do Banco Mundial, com
adaptações aos contextos locais. O quadro enfatiza a importância de minimizar o reassentamento
involuntário, consultar as comunidades afectadas e fornecer compensação adequada e apoio para os
afectados. Atenção especial deve ser dada a grupos vulneráveis, como os pobres, idosos, mulheres e
crianças. As instituições envolvidas no processo de reassentamento em Moçambique incluem o

ii
governo moçambicano, a Electricidade de Moçambique, o Ministério da Terra e Ambiente, a Direção
Nacional de Terras e Desenvolvimento Territorial e serviços de distrito relevantes.

METODOLOGIA DO PLANO DE REASSENTAMENTO

A metodologia utilizada para desenvolver o Plano de Reassentamento (PR) incluiu a realização de


estudos do perfil socioeconómico, a validação de dados socioeconómicos e inventário, em
momentos distintos, utilizando dados primários e secundários. O levantamento do perfil
socioeconómico das pessoas afectadas pelo projecto permitiu estabelecer o retrato socioeconómico.
Este processo foi um meio caminho para: (i) identificação das PAP; (ii) identificação de cativos
afectados; (iii) descrição socioeconómica descrevendo a situação anterior ao Projecto; (iv)
identificação do tamanho e composição dos domicílios afectados; (v) identificação das suas
principais actividades sócio-económicas; e (vi) identificação dos indivíduos vulneráveis ou grupos
afectados. O Inventário das pessoas e bens afectados incidiu sobre os seguintes aspectos: (a)
actualização das PAPS; (b) actualização dos dados demográficos dos chefes dos agregados familiares;
(c) actualização dos cativos afectados e a vulnerabilidade.

A recolha de dados primários incluiu um levantamento socioeconómico quantitativo e uma avaliação


qualitativa, através de entrevistas semiestruturadas. O processo de recolha de dados
socioeconómicos obedeceu os seguintes passos: (1) recolha e análise de dados secundários; (2)
desenho dos instrumentos de recolha de dados; (3) recolha e análise de dados primários: análise de
fotografias aéreas; selecção e treinamento do pessoal técnico de recenseamento; recolha de dados
(quantitativos e qualitativos) e análise de dados. Para recolher os dados, foram elaborados
questionários em papel e digital com o uso do aplicativo Kobotoolbox, com testes e treino de
enumeradores/inquiridores. A recolha de dados foi feita no terreno com o uso de dispositivos
móveis (tablets e GPS) e a análise dos dados foi feita em ambiente de backoffice.

Além disso, foi realizado o processo de consulta às partes interessadas para o projecto de transporte
de energia. A equipa realizou um censo e mapeamento das casas e infraestrutura afectadas, bem
como entrevistas semiestruturadas com líderes comunitários. Duas rondas de consultas públicas
foram realizadas para apresentar o projecto, os impactos potenciais e as medidas de mitigação. As
partes interessadas expressaram preocupações com o processo de reassentamento e oportunidades
de emprego. A equipa esclareceu o processo e abordou as preocupações.

POTENCIAIS IMPACTOS DO REASSENTAMENTO

O projecto de construção da linha de transporte de energia de 400 kV terá impactos directos e


indirectos, especialmente dentro de 50 metros da faixa de servidão. As comunidades afectadas
perderão terras, árvores e meios de subsistência, e grupos vulneráveis, como mulheres e crianças,
serão particularmente afectados. Medidas de mitigação serão implementadas para minimizar os
impactos negativos, como a transparência no estabelecimento de compensações e das taxas de
avaliação utilizadas, a supervisão do processo por uma ONG de seguimento, a rápida criação de
Comissões Locais de Reassentamento e mecanismos de resposta a reclamações, bem como uma
rápida implementação do Plano de Reassentamento (PR).

iii
PERFIL SOCIOECONÓMICO DAS POPULAÇÕES AFECTADAS

O Perfil socioeconómico das populações afectadas apresenta informações sobre a demografia,


actividades de subsistência e rendimento, habitação, agricultura, produção animal e árvores com
valor económico na Zona de Proteção Parcial (ZPP). Desta forma, constatou-se que a maioria das
famílias afectadas é composta por núcleos familiares com crianças, tendo a população uma elevada
percentagem de jovens. A liderança das famílias é maioritariamente composta por homens (73%) e a
maioria encontra-se em algum tipo de casamento. As famílias lideradas por mulheres (27%) são
consideradas vulneráveis (mulheres solteiras/casadas, viúvas e idosas), devido às circunstâncias
locais em que as mulheres são economicamente desfavorecidas.

O perfil socioeconómico da população afectada inclui famílias lideradas por mulheres, idosos,
membros mentalmente incapacitados ou cronicamente doentes, indivíduos analfabetos e aqueles
com renda abaixo da linha da pobreza. O censo socioeconómico mostrou que cerca de 21% dos
agregados familiares têm pelo menos um membro que sofre de alguma doença crônica.

O estudo revela que a maioria das famílias afectadas vive em habitações com várias estruturas
habitacionais, incluindo casa principal, casa secundária, cozinha externa, casa de banho externa,
quartos externos, celeiro, curral, alpendre, entre outros compartimentos. 80% das casas principais
tem menos de 70 m² e 20% têm mais de 70 m² e, portanto, terão um pacote de remunerações
diferente.

A maioria dos agregados familiares tem rendimento baixo e depende da agricultura como principal
actividade de subsistência e fonte de renda, com algumas também envolvendo-se em pequenos
negócios, mineração, pecuária e pesca. A pecuária é uma actividade económica importante na
região, sendo que 60% dos agregados familiares possuem árvores com valor económico em suas
parcelas.

INVENTÁRIO DOS BENS AFECTADOS

O Censo das Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAPs) e dos bens (por exemplo, árvores, casas e
estruturas secundárias) foi feito entre Fevereiro e Março de 2023, cobrindo 100% das PAPs
localizadas na faixa de servidão de 50 metros de largura.

Com base no inventário foram identificadas 87 parcelas com habitações, 177 parcelas com
machambas, 30 parcelas com habitações e machambas e 4 parcelas com empreendimentos (1
aviário comercial, 2 de currais e 1 de barraca). Por outro lado foram contabilizadas 2247 árvores
frutíferas na área de servidão do projecto. Os resultados finais do censo indicam que:

➢ Foi afectado 1 local sagrado comunitário no distrito de Cahora Bassa onde são
realizadas a missas de Nhau.
➢ Varias infraestruturas serão afectadas pelo projecto, entre elas: casas principais, casas
secundárias, casas de banho externas, cozinhas externas, dependências, celeiros,
galinheiros, currais, pocilgas, pombais, alpendres, etc.;
➢ Varias parcelas de terras agrícolas serão afectadas ao longo da linha, as quais tem em
média 0.06 hectares (ha) de área. Essas parcelas são utilizadas para o cultivo de uma
variedade de culturas, sendo as mais comuns o milho, a mapira, o amendoim, o feijão
nhemba e o pepino;

iv
➢ Existem diferentes tipos de árvores localizadas ao longo da futura faixa de servidão da
linha, destas, tem como principais espécies: bananeiras, mangueiras, maçaniqueiras,
papaeiras e limoeiros;
➢ Muitos destes agregados familiares impactados são afectadas por mais de uma
categoria de impacto.
➢ 38 parcelas estão localizados sob as torres de transporte destas 30 parcelas agrícolas e 8
parcelas de infraestruturas.

IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS ÁREAS HOSPEDEIRAS

A construção da transporte de energia elétrica de 118 km terá impacto em 10 comunidades nos


distritos de Marara e Cahora Bassa. Para minimizar o impacto sobre as comunidades, é
recomendado o reassentamento dos afectados nas mesmas comunidades em que residem
actualmente. Será elaborado um contrato entre a EDM e as pessoas afectadas para garantir que elas
mantenham a posse e autonomia sobre as suas terras.

Para além das parcelas estarem na região de servidão, 38 delas estão sob a base das torres. Destas
24 localizam-se no Distrito de Cahora Bassa, sendo 2 de infraestruturas, 18 de machambas e 4 de
habitações com machambas. E 14 parcelas localizam-se no Distrito de Marara, sendo todas de
machambas.

Alguns agregados familiares podem ser elegíveis em mais de uma categoria. Embora a compensação
em espécie seja preferível, as PAP poderão receber compensação em dinheiro, se assim o
desejarem.

As consultas às partes interessadas e afectadas (Governo, PAPs, e Lideres comunitários) confirmaram


que há terra suficiente disponível na comunidade afectada para acomodar o reassentamento dos
membros da comunidade, com excepção dos PAPs da vila de Songo, em que estas deverão ser
realocados num local de reassentamento localizado em Maroeira.

As partes interessadas concordaram que as parcelas agrícolas localizadas na faixa de servidão não
exigirão realocação, uma vez que será permitido que as actividades agrícolas possam continuar com
algumas restrições consideradas aceitáveis. Para garantir que as PAPs mantenham a segurança da
posse da terra e autonomia sobre as suas terras, será elaborado um contrato entre a EDM e as
pessoas afectadas, declarando que as PAPs podem usar a terra, e se a EDM ou qualquer outra
entidade governamental exigir o uso da terra ou colocar restrições adicionais numa data posterior
ou em qualquer outro momento, os PAPs deverão ser compensados com terrenos de, pelo menos, a
mesma dimensão e com o mesmo valor de mercado.

PLANO DE HABITAÇÃO PARA O REASSENTAMENTO

Foram elaborados planos preliminares de habitação para o reassentamento como parte do PR/PAR
por um arquitecto profissional. Primeiramente foram elaboradas versões preliminares e em seguida
foram realizadas consultas específicas para validar esses planos na área do projecto.

O projecto preliminar de habitação para o reassentamento é fornecido com o caderno de encargos


associado. Como mencionado ao longo do documento, o modelo de casa é apenas uma referência.
As casas serão construídas de acordo com as preferências dos PAP’s e da comunidade na fase de
implementação.
v
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E DIREITO À COMPENSAÇÃO

122 agregados familiares vulneráveis serão impactados pelo Projecto. Os grupos vulneráveis incluem
agregados familiares chefiados por uma mulher, idoso, criança ou portador de deficiência, bem
como famílias com um ou mais membros portadores de deficiência. Os agregados familiares
vulneráveis serão consultados no início da operação, de modo a poder avaliar as suas preocupações
e necessidades. Estes irão receber um subsídio de apoio ao rendimento de 2 USD por dia e por
vulnerabilidade para cada membro do agregado familiar durante 30 dias, alocado devido à
inconveniência e ao constrangimento de tempo causados pelo reassentamento. O PR determina o
emprego aplicável e outros benefícios a serem providenciados pelo Projecto. Deve ser dada
prioridade a todos os membros fisicamente aptos dos agregados familiares reassentados durante o
processo de recrutamento de mão-de-obra e serão dados exemplos dos tipos de emprego aplicáveis.
Além disso, a madeira das árvores abatidas nas parcelas de terra das Pessoas Afectadas pelo
Projecto (PAPs) deverá ser posteriormente deixada no local para seu próprio uso ou venda, do
mesmo modo para os materiais recuperados das estruturas afectadas. Sempre que for possível, as
mercadorias e serviços (areia, cimento, alimentos, etc.) devem ser comprados localmente.

Também são previstas medidas de restauração dos meios de subsistência ao nível da comunidade,
sendo a principal destas, a electrificação das comunidades através do Programa de Electricidade
para Todos.

PLANO AGRÍCOLA E DE RESTAURAÇÃO DOS MEIOS DE SUBSISTÊNCIA

O plano de restauração agrícola e de subsistência para o projecto envolve a participação de


comunidades afectadas, líderes locais, ONGs e outras partes interessadas. O plano inclui medidas
para restaurar e melhorar campos agrícolas, culturas, árvores e outras fontes de subsistência, com
pacotes de restauração diferentes para diferentes categorias das PAPs.

Terra e culturas

➢ Os PAPs que perdem 20% ou mais das suas terras produtivas sob as bases das torres (35
PAPs), bem como aqueles que já possuem um DUAT, receberão assistência para procurar
novas terras e fazer o registo dos DUATs. Os PAPs que perderem 20% ou mais das suas
terras produtivas também irão receber o seguinte:
(i) Um subsídio de $300 para cobrir os custos associados à procura, aquisição e
desmatação de terras de reposição de características semelhantes na mesma área.
Se a terra de reposição não for encontrada a tempo de garantir a próxima colheita,
será feita uma compensação em dinheiro pela colheita perdida.
(ii) Um pacote alimentar de transição de $100 por mês por agregado familiar por um
período de 12 meses (total de $1.200 por agregado familiar), para compensar o
tempo que leva até que as culturas cresçam novamente e tenham a mesmo
rendimento.
➢ Todos os PAPs cujas culturas serão impactadas negativamente pelo Projecto receberão:
(i) Mudas e sementes para as suas machambas e colheitas;
(ii) Assistência técnica por um período de 3 anos, que pode incluir elementos como
formação em técnicas agrícolas melhoradas, variedades de culturas melhoradas,
adubação e gestão de pragas;
vi
(iii) Um acordo formal com a EDM na forma de um memorando de entendimento,
permitindo a continuação do cultivo dos terrenos na faixa de servidão com as
adequadas limitações justificadas pela segurança da operação da linha.
Árvores

Além de compensações em dinheiro pela perda de árvores, a EDM ajudará os agregados familiares
afectados a plantar árvores ou fornecer mudas das mesmas espécies.

O PR determina as modalidades de pagamento de compensação em dinheiro para minimizar o risco


de empobrecimento nos casos em que o dinheiro é mal administrado ou mal utilizado. As
compensações em dinheiro apenas serão pagas em contas bancárias, e quando necessário a EDM
dará suporte aos PAPs para a sua abertura. Tanto os homens como as suas esposas devem ser
ambos signatários e ser-lhes-á providenciada formação. Por fim, os pagamentos de valores
superiores a 500 USD serão feitos em prestações.

PROCESSO DE CONSULTA PUBLICA

As consultas públicas para o PR tiveram início em Agosto a Novembro de 2022 e continuaram até
Novembro de 2023. As quatro rondas de consultas públicas cobriram uma ampla gama de
detentores de direitos e partes interessadas.

PROTOCOLO DE GESTÃO DE RECLAMAÇÕES E SUGESTÕES

Este capítulo apresenta um protocolo para gerenciamento de reclamações e sugestões de pessoas


afectadas pelo projecto, com foco na transparência e eficácia do processo. O protocolo inclui um
mecanismo de resposta a reclamações que envolve a selecção de testemunhas de
ONGs/universidades/consórcios e uma comissão técnica de nível distrital e provincial. O objectivo é
responder às reclamações rapidamente e de forma transparente, garantindo que as populações
afectadas tenham meios para abordar suas preocupações. O processo de tratamento de
reclamações e queixas relacionadas ao processo de reassentamento envolve um mecanismo de três
níveis, começando com testemunhas de ONGs/universidades/consórcios, seguido por uma comissão
técnica de nível distrital e, finalmente, uma comissão técnica de nível provincial. Se o problema não
puder ser resolvido por esses canais, ele pode ser levado ao sistema judicial local. A secção também
descreve os critérios para a selecção das testemunhas de ONGs/universidades/consórcios e fornece
indicadores para monitorar o desempenho do mecanismo. A implementação do sistema de
monitoramento e relatórios deve ser gerenciada por uma organização comunitária e apoiada por
promotores comunitários. Capacidades devem ser fortalecidas por meio de treinamento e
financiamento. Por outro lado, este processo inclui os requisitos de monitoramento e relatórios para
o processo de reassentamento, incluindo a necessidade de rastrear e responder a reclamações
externas, bem como acções específicas para abordar a violência baseada em gênero. As capacidades
devem ser fortalecidas por meio de treinamento e financiamento. Casos de violência baseada em
género relacionados ao reassentamento devem ser abordados por meio de sensibilização da
comunidade.

vii
ÍNDICE GERAL

SUMÁRIO EXECUTIVO ................................................................................................................................... ii


ÍNDICE GERAL ............................................................................................................................................ viii
ÍNDICE DE FIGURAS..................................................................................................................................... xii
ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................................................................... xiv
LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS ...................................................................................................... xv
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 1
1.1 Contexto ....................................................................................................................................... 1
1.2 Proponente do Projecto ................................................................................................................ 1
1.3 Equipa Responsável pelo PR .......................................................................................................... 2
1.4 Objectivos do Plano de Reassentamento ....................................................................................... 3
1.5 Estrutura do relatório .................................................................................................................... 3
DESCRIÇÃO DO PROJECTO ............................................................................................................................ 5
1.6 Visão geral do projecto ................................................................................................................. 5
1.6.1 Objectivo e justificação ........................................................................................................ 5
1.6.2 Localização do projecto ....................................................................................................... 5
1.7 Estabelecimento da zona de protecção parcial (ZPP) e faixa de servidão (RoW)............................. 6
1.7.1 Infra-estruturas auxiliares.................................................................................................... 7
1.8 Resumo de aspectos essenciais: Descrição do projecto: ................................................................ 8
2. ENQUADRAMENTO LEGAL E INSTITUCIONAL ......................................................................................... 9
2.1 Enquadramento Legal ................................................................................................................... 9
2.1.1 Regulamento sobre o Processo de Reassentamento ............................................................ 9
2.1.2 Diplomas Ministeriais de Orientação para o Processo de Reassentamento ........................ 11
2.1.3 Outra Legislação Nacional Relevante Relacionada com o Processo de Reassentamento ..... 13
2.1.4 Políticas internacionais, procedimentos e directrizes ......................................................... 15
2.1.5 Corporação Financeira Internacional ................................................................................. 20
2.2 Análise de diferenças .................................................................................................................. 20
2.3 Enquadramento Institucional ...................................................................................................... 24
2.3.1 Actores Envolvidos e Estrutura Organizacional .................................................................. 24
2.3.2 Procedimentos e Responsabilidades .................................................................................. 25
3. METODOLOGIA DO PROCESSO DE REASSENTAMENTO ........................................................................ 28
3.1 Perfil Socioeconómico e Inventário dos Agregados Familiares e Infra-estruturas Afectadas ......... 28
3.1.1 Recolha e análise de dados secundários ............................................................................ 29
3.1.2 Desenho dos instrumentos de recolha de dados ................................................................ 29
3.1.3 Recolha e análise de dados primários ................................................................................ 33

viii
3.1.4 Limitações da Recolha de Dados ........................................................................................ 36
3.2 Consulta das partes interessadas ........................................................................................... 37
3.2.1 Primeira ronda de participação pública .............................................................................. 37
3.2.2 Segunda ronda de participação pública ............................................................................. 38
3.2.3 Principais questões discutidas nas reuniões de Consulta Pública ........................................ 38
3.2.4 Processo de participação pública: resumo de aspectos essenciais...................................... 39
4. POTENCIAIS IMPACTOS DO REASSENTAMENTO ................................................................................... 39
4.1 Visão geral .................................................................................................................................. 39
4.2 Impactos do Projecto .................................................................................................................. 41
4.2.1 Terra e Actividades Agrícolas ............................................................................................. 41
4.2.2 Estruturas Privadas e Comunitárias.................................................................................... 41
4.2.3 Sepulturas e Locais Sagrados ............................................................................................. 42
4.3 Impacto sobre as Mulheres ......................................................................................................... 42
4.4 Impactos sobre os Grupos Vulneráveis ........................................................................................ 43
4.5 Riscos .......................................................................................................................................... 43
4.6 Área de Influência Directa ........................................................................................................... 44
6. PERFIL SOCIOECONÓMICO DAS POPULAÇÕES AFECTADAS....................................................................... 45
6.1 Considerações gerais................................................................................................................... 45
6.2 Estrutura e organização dos agregados familiares ....................................................................... 47
6.2.1 Demografia ....................................................................................................................... 47
6.2.2 Etnicidade e Organização dos Agregados Familiares .......................................................... 52
6.3 Religião, cemitérios e rituais locais .............................................................................................. 54
6.3.1 Religião e Templos Religiosos ............................................................................................ 54
6.3.2 Lugares sagrados ............................................................................................................... 54
6.3.3 Cemitérios ......................................................................................................................... 54
6.4 Serviços sociais básicos ............................................................................................................... 55
6.4.1 Educação ........................................................................................................................... 55
6.4.2 Saúde ................................................................................................................................ 56
6.4.2.1 Locais de Tratamento de Enfermidades ....................................................................................... 56
6.4.2.2 Saúde dos agregados familiares .................................................................................................. 57
6.5 Habitação e serviços.................................................................................................................... 59
6.5.1 Habitação e empreendimentos.......................................................................................... 59
6.5.2 Energia, Água e Saneamento ............................................................................................. 63
6.5.2.1 Energia........................................................................................................................................ 63
6.5.2.2 Água ........................................................................................................................................... 64
6.5.2.3 Saneamento ................................................................................................................................ 66
ix
6.5.3 Comunicações e Transportes ............................................................................................. 67
6.6 Actividades económicas e estratégias de subsistência ................................................................. 68
6.6.1 Actividades de Subsistência e Rendimento ........................................................................ 68
6.6.2 Pecuária ............................................................................................................................ 70
6.6.3 Agricultura ........................................................................................................................ 70
6.6.4 Árvores com Valor Económico ........................................................................................... 72
6.6.5 Posse de Activos Duráveis.................................................................................................. 73
6.6.6 Grupos Vulneráveis ........................................................................................................... 74
6.7 Resumo das questões chave do perfil socioeconómico da população afectada ............................ 75
7. INVENTÁRIO ACTUALIZADO DOS BENS AFECTADOS ................................................................................. 77
7.1 Estruturas e Locais Comunitários Afectados ................................................................................ 77
7.2 Bens Privados Afectados ............................................................................................................. 77
7.2.1 Habitações ........................................................................................................................ 77
7.2.2 Infraestruturas de rendimento .......................................................................................... 78
7.2.3 Machambas e árvores afectadas ........................................................................................ 79
8.1 Distrito de Cahora Bassa.............................................................................................................. 84
8.2 Distrito de Marara ....................................................................................................................... 84
9. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E DIREITO À COMPENSAÇÃO ...................................................................... 86
9.1 Critérios de Elegibilidade ............................................................................................................. 86
9.1.1 Estimativa dos PAPs com Perdas de Terra de 20% e 80% ................................................... 87
9.2 Categorias de Pessoas Afectadas ................................................................................................. 87
9.3 Matriz de Elegibilidade e Compensação ...................................................................................... 88
9.4 Metodologia de Avaliação da Taxa de Compensação ................................................................... 91
9.4.1 Terra ................................................................................................................................. 91
9.4.2 Estrutura ........................................................................................................................... 91
9.4.3 Culturas ............................................................................................................................. 92
9.4.4 Árvores.............................................................................................................................. 93
9.5 Compensações ............................................................................................................................ 93
9.5.1 Terra cultivada .................................................................................................................. 93
9.5.2 Infraestruturas .................................................................................................................. 94
9.5.3 Produção Agrícola ............................................................................................................. 96
9.5.4 Árvores.............................................................................................................................. 96
9.6 Assistência .................................................................................................................................. 97
9.6.1 Cesta Básica....................................................................................................................... 97
9.6.2 Subsídio de Mudança ........................................................................................................ 97
10. PLANO DE HABITAÇÃO PARA O REASSENTAMENTO ......................................................................... 98
x
11. PLANO AGRÍCOLA E DE RESTAURAÇÃO ............................................................................................ 99
11.1 Restauração e Melhoria dos Meios de Subsistência a Nível dos Agregados Familiares ................. 99
11.1.1 Campos Agrícolas e Culturas ............................................................................................ 100
11.1.2 Grupos Vulneráveis ......................................................................................................... 103
11.1.3 Medidas Adicionais: Componentes Não-Agrícolas............................................................ 104
11.2 Restauração dos meios de subsistência a nível comunitário ...................................................... 105
12. PROCESSO DE CONSULTA PUBLICA ................................................................................................ 106
12.1 Objectivos do Envolvimento e Planeamento Geral .................................................................... 106
12.2 Grupos de Partes Interessadas .................................................................................................. 110
12.3 Resultados das Rondas de Consulta ........................................................................................... 111
12.3.1 1ª Ronda de Consulta - Início do Processo de Preparação para o PR, Informação e
Mobilização das Principais Partes Interessadas ............................................................................... 111
12.3.3 3ª Ronda de Consulta: Resultados Preliminares do Levantamento e Validação dos Principais
Conteúdos do PR E PAR .................................................................................................................. 114
12.3.4 4ª Ronda de Consulta: Apresentação do Relatório Final do PR e PAIR e Consulta Publica ..... 116
13 PROTOCOLO DE GESTÃO DE RECLAMAÇÕES E SUGESTÕES ............................................................ 117
13.1. Objectivos ................................................................................................................................. 118
13.2. Princípios Gerais........................................................................................................................ 118
13.3. Assistência às PAP ..................................................................................................................... 119
13.4. Processo do MRR ...................................................................................................................... 119
13.4.1. Primeiro Nível: Líderes Comunitários e NGO/Universidade/Consórcio Testemunha ......... 119
13.4.2. Critérios para a selecção de uma ONG/Universidade/Consórcio Testemunha .................. 123
13.4.3. Segundo Nível: Comissão Técnica para o Acompanhamento e Supervisão do
Reassentamento a nível distrital ..................................................................................................... 123
13.4.4. Terceiro Nível: Comissão Técnica para o Acompanhamento e Supervisão do
Reassentamento a nível provincial .................................................................................................. 124
13.4.5. Quarto Nível: Tribunais e/ou Sistema Judicial .................................................................. 124
13.4.6. Monitoria de Reclamações .............................................................................................. 125
13.4.7. Divulgação....................................................................................................................... 126
13.4.8. Reforço de Capacidades .................................................................................................. 126
13.5. Acções especificas para a Violência de Género .......................................................................... 126
14. MONITORIA E AVALIAÇÃO ............................................................................................................. 128
14.1. Monitoria Interna...................................................................................................................... 128
14.2. Monitoria Externa ..................................................................................................................... 130
14.3. Auditoria Final do PR ................................................................................................................. 132
14.4. Relatórios.................................................................................................................................. 133

xi
14.5. Métodos para a Recolha de Informação .................................................................................... 135
15. AVALIAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE MONITORIA INTERNA ................................................................. 136
15.1 Compensação por Habitação Principal e Infraestruturas ............................................................ 136
15.2 Compensação pelas culturas, árvores e melhoramentos na terra .............................................. 136
15.3 Implementação dos Programas de Restauração de Rendimentos .............................................. 136
15.4 Custos Totais de Compensação e Restauração da Subsistência .................................................. 136
15.5 Procedimento de Desembolso................................................................................................... 137
15.6 Ajustes das Despesas e Moeda .................................................................................................. 137
16. REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 138

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Mapa do trajecto de Linha Songo-Matambo e a Localização Administrativa do Projecto. ............... 6
Figura 2. Etapas do desenho do instrumento de recolha de dados ............................................................. 29
Figura 3. O Questionario na versão digital ................................................................................................ 30
Figura 4. Ambiente de trabalho na plataforma .......................................................................................... 30
Figura 5. Processo de configuração .......................................................................................................... 31
Figura 6. Recolha de dados no campo com o android ................................................................................ 32
Figura 7. Vista tabular dos dados ............................................................................................................... 32
Figura 8. Vista de relatórios....................................................................................................................... 32
Figura 9. Exportação de dados .................................................................................................................. 33
Figura 10. Equipamento Trimble Juno 5 .................................................................................................... 35
Figura 11. Fluxo Metodológico .................................................................................................................. 36
Figura 12. Localização de AF das áreas/parcelas que serão afectados pelo projecto ................................... 47
Figura 13. Relação dos membros do AF com o CAF .................................................................................... 49
Figura 14. Estado civil dos membros dos AF afectados ............................................................................... 49
Figura 15. Percentagem da população por grupo etário, dessegregado por sexo........................................ 50
Figura 16. Agregados familiares e os membros, desagregados por sexo ..................................................... 50
Figura 17. Percentagem do chefe do AF por grupo etário, dessegregado por sexo. .................................... 51
Figura 18. Estado civil dos chefes dos AF afectados ................................................................................... 51
Figura 19. Percentagem de Chefes de família polígamos ............................................................................ 52
Figura 20. Principais línguas faladas em casa, nas zonas de estudo ............................................................ 52
Figura 21. Quem decide como gastar o dinheiro no Agregado familiar ....................................................... 53
Figura 22. Locais onde os membros do AF passam maior parte do tempo livre .......................................... 53
Figura 23. Principal religião mais falada no Agregado Familiar ................................................................... 54
Figura 24. Nível de escolaridade dos chefes dos AF desagregado por sexo .................................................. 55
Figura 25. Tipos de unidades sanitárias usadas pelos agregados familiares ................................................ 57
Figura 26. Percentagem de membros do AF com: A) Doenças crónicas e B) Doenças nos últimos 12 meses
................................................................................................................................................................. 58
Figura 27. Percentagem de Membros do AF com deficiência ..................................................................... 58
Figura 28. AF que perderam Parentes nos últimos 12 meses ..................................................................... 59
Figura 29. Tipo de casa principal ............................................................................................................... 60
Figura 30. Tipo de construção em diferentes tipos de infraestruturas do AF .............................................. 61
Figura 31. Fotografia de Casas principais de alguns dos AF entrevistados ................................................... 61
xii
Figura 32. Formas de Obtenção da casa pelo CAF ...................................................................................... 62
Figura 33 AF com DUAT ............................................................................................................................ 63
Figura 34. Dimensão da casa principal ....................................................................................................... 63
Figura 35. Fontes de água para o consumo humano. ................................................................................. 64
Figura 36. Fonte de água das comunidades impactadas pelo projecto em algumas áreas do projecto ........ 65
Figura 37. Tratamento de água para beber ................................................................................................ 66
Figura 38. Periodicidade do AF na busca de água fora da habitação ........................................................... 66
Figura 39. Tipo de instalações sanitárias na casa do AF .............................................................................. 66
Figura 40. Destino do lixo produzido na casa do AF.................................................................................... 67
Figura 41. Tipo de estrada para aceder a vila mais próxima........................................................................ 67
Figura 42. Actividades de subsistência dos agregados familiares ................................................................ 68
Figura 43. Principal actividade de rendimento do AF ................................................................................. 69
Figura 44. Nível de rendimento do AF ....................................................................................................... 70
Figura 45: Quantidade de animais produzidos pelos AF na ZPP .................................................................. 70
Figura 46. Obtenção da Machamba ........................................................................................................... 71
Figura 47. AF com DUAT da área da Machamba ........................................................................................ 72
Figura 48. A: fonte de água nas proximidades da machamba, B: Zona onde se localiza a machamba .......... 72
Figura 49. Fotografia do aviário afectado pelo projecto ............................................................................. 79
Figura 50. Modelos de casa solicitado com casa de banho e cozinha fora ....................................................... 98
Figura 52. Primeiro nível do MRR ............................................................................................................ 120
Figura 53: Mecanismo de Resposta a Reclamações .................................................................................. 125

xiii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Contacto do Proponente ........................................................................................................................ 1
Tabela 2. Contactos do Consórcio das Empresas Consultoras ............................................................................. 2
Tabela 3. Lista de equipa do PR ............................................................................................................................. 2
Tabela 4. Estrutura do Relatório do Plano de Reassentamento .......................................................................... 3
Tabela 5. Distancias as linhas e postes de acordos com a voltagem ................................................................... 7
Tabela 6. Análise de lacunas................................................................................................................................. 20
Tabela 7. Localização e data das reuniões de participação pública – Primeira ronda ...................................... 37
Tabela 8. Localização e data das reunião de Consulta Pública -segunda ronda............................................... 38
Tabela 9. Número de AFs entrevistados por comunidade ................................................................................. 48
Tabela 10. Nível de escolaridade dos membros dos agregados familiares potencialmente afectadas ........... 56
Tabela 11. Número de estruturas habitacionais e de negócios nos AF entrevistados ao longo da linha ........ 59
Tabela 12: Materiais usados na construção da casa principal e vedação......................................................... 62
Tabela 13. Fonte de energia para iluminar a casa e para cozinhar .................................................................... 64
Tabela 14. Canais para receber e dar informação .............................................................................................. 68
Tabela 15. Culturas agrícolas praticadas pelos AF afectados ............................................................................. 70
Tabela 16. Árvores com valor económico identificadas dentro da ZPP............................................................. 73
Tabela 17. Bens duráveis do agregado familiar ................................................................................................. 73
Tabela 18. Estruturas localizadas na faixa de servidão ...................................................................................... 77
Tabela 19. Tipo de culturas produzidas pelas PAP no distrito de Marara e Cahora Bassa ............................... 79
Tabela 20. Tipo e numero de arvores dos agregados familiares afectadas pelo projecto ............................... 80
Tabela 21. Numero de parcelas afectados por torres no distrito de Cahora Bassa .......................................... 84
Tabela 22. Numero de parcelas afectadas por torres no distrito de Marara .................................................... 85
Tabela 23. Distribuição dos AF por Tipo de Impacto do reassentamento (excepto impactos físicos) ............. 86
Tabela 24. Estratégias de Elegibilidade e Compensação para os Diferentes Tipos de Perdas e Categorias dos
PAP ......................................................................................................................................................................... 88
Tabela 25. Estimativa de compensação pela perda de colheitas (em Mt por hectare).................................... 92
Tabela 26. Estimativa de compensação pela perda de cada tipo árvores (em Mt) .......................................... 93
Tabela 27. Compensações das casas principais e secundárias (em USD) .......................................................... 94
Tabela 28: Compensações das infraestruturas de rendimento (em MT) .......................................................... 95
Tabela 29. Compensações pelas árvores (em Mt) .............................................................................................. 96
Tabela 30. Objectivos de Envolvimento Específicos e Grupos Alvo, de acordo com as etapas de preparação
do PR – Moçambique.......................................................................................................................................... 107
Tabela 31. Grupos visados pelo Plano de Envolvimento das Partes Interessadas do PR ............................... 110
Tabela 32. Relatórios de Desempenho .............................................................................................................. 134
Tabela 33. Custos da implementação de reassentamento .............................................................................. 136

xiv
LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS
AF Agregado Familiar
AIAS Avaliação de Impacto Ambiental e Social
BM Banco Mundial
CAF Chefe do Agregado Familiar
CDC Comité de Desenvolvimento Comunitário
CTAS Comissão Técnica de Acompanhamento e Supervisão
DUAT Direito de Uso e Aproveitamento da Terra
EDM Electricidade de Moçambique, E.P.
EN7 Estrada Nacional nº7
EPDA Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito
ESS5 Environment and Social Standard /Padrão de Desempenho Ambiental e Social
FCC Fundo Comunitário de Compensação
GLC Grupo de Líderes Comunitários
Ha Hectar
HCB Hidroeléctrica de Cahora Bassa
International Coal Ventures Private Limited /Empreendimentos Carboníferos
ICVL
Privados Internacionais Limitada
IFC International Finance Cooperation /Corporação Financeira Internacional
INE Instituto Nacional de Estatística
INSS Instituto Nacional de Segurança Social
Km Quilometro
Km2 Quilometro quadrado
kV Quilovolt
LC Líderes Comunitários
m Metro
m2 Metro quadrado
MADER Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Local
MdE Memorando de Entendimento
MOPHRH Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos
MIREME Ministério dos Recursos Minerais e Energia
MTA Ministério da Terra e Ambiente
OBC Organização de Base Comunitária
ONG Organização Não Governamental
PAIR Plano de Acção para Implementação do Reassentamento
PAP Pessoas Afectadas pelo Projecto
PDC Plano de Desenvolvimento Comunitário
PEPI Plano de Envolvimento das Partes Interessadas
PGAS Plano de Gestão Ambiental e Social
PO Política Operacional
PR Plano de Reassentamento
Projecto STE Sistema Nacional Integrado da Espinha Dorsal de Transporte de Energia
QPR Quadro da Politica de Reassentamento
QSS Quadro de Subsistência Sustentável
RLFSE Relatório de Levantamento Físico e Sócio Económico
xv
RoW Right of Way / Faixa de Servidão
SAPP Southern Africa Power Pool / Grupo de Energia da África Austral
TdR Termos de Referência
UIP Unidade de Implementação do Projecto
UGAS Unidade de Gestão Ambiental e Social
UGP Unidade de Gestão do Programa
US Unidade Sanitária
USD United States Dollar / Dólar Norte Americano
VG Violência de Género
ZPP Zona de Protecção Parcial

xvi
1. INTRODUÇÃO
1.1 Contexto
Moçambique é um país em transição (desenvolvimento) que aposta num progresso rápido e no
crescimento económico, através do aumento de receitas e geração de emprego para os jovens e a
população em crescimento. O processo de crescimento será facilitado pelo Governo e liderado pelo
sector privado. O Governo de Moçambique (GdM) comprometeu-se a alcançar a meta do acesso
universal à energia até 2030 e, para este efeito, a energia deve ser acessível e sustentável. Dotado
de uma matriz energética diversa e vasta (hídrica, carvão mineral, gás natural, solar e eólica), muito
acima do necessário para satisfazer a procura interna nas próximas décadas, o país está em boas
condições de fornecer soluções a baixo custo para a região1.

É com este propósito que, a EDM está a planear a implementação do Projecto de Transporte de
Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia – o Projecto STE. A STE é
um projecto de transporte de energia que irá ligar as Províncias de Tete e Maputo através de linhas
de transporte de extra alta voltagem, com objectivo de: Providenciar capacidade adicional ao
sistema de transporte de alta tensão para apoiar os projectos actuais e propostos dos produtores
independentes de energia em Moçambique; Apoiar as necessidades de electrificação rural e urbana
em Moçambique de utentes domésticos até utilizadores industriais de alto consumo; e Apoiar a
viabilidade de exportação de energia eléctrica aos países vizinhos para a geração de receitas.

Devido à complexidade do Projecto STE, a EDM está a implementar este projecto em fases. Sendo a
fase 1, a implementação do projecto Maputo – Vilanculos, e actualmente a EDM pretende construir
a Linha: Songo - Matambo, que compreende 118 km de linha de 400 kV, ligando dois distritos
(Cahora Bassa e Marara), assim como a expansão das subestações de Songo (Distrito de Cahora
Bassa) e Matambo (Distrito de Changara). O presente documento corresponde o Relatório de Plano
de reassentamento – PR, para a compensação das agregados familiars pela EDM, que terão as suas
casas, machambas e diversas benfeitorias na área de servidão afectadas pelo linha de transmisão de
energia elétrica.

1.2 Proponente do Projecto


O Proponente do Projecto é a Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM), uma empresa pública,
responsável pela produção, transporte, distribuição e comercialização de electricidade em
Moçambique. Os detalhes de contacto do Proponente para este processo de reassentamento são
apresentados abaixo.

Tabela 1. Contacto do Proponente

Descrição Proponente
Identificação do Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM)
Licitante
Endereço Av. Filipe Samuel Magaia, Nº. 368, CP 2532
Maputo, Moçambique
Pessoa de contacto Belarmina Mirasse

1
EDM (2018) ESTRATÉGIA DA EDM 2018-2028. Iluminando a Transformação de Moçambique
1
Número do contacto +258 21353673
Número de fax +258 21 322074
E-mail do contacto belarmina.mirasse@edm.co.mz

1.3 Equipa Responsável pelo PR


O processo de PR está a ser conduzido por um consórcio de consultores, composto pelas empresas
Verde Azul Consult Lda e Trans Africa Projects. A Verde Azul é uma empresa moçambicana com sede
em Maputo, registada como Consultor Ambiental no MTA

A Trans-Africa Projects é uma empresa de consultoria internacional, com sede no Water Force City
na África do Sul e com escritórios em vários países. A Verde Azul Consult Lda é o consultor principal e
o ponto de contacto relativamente ao processo de PR. Os detalhes de contacto do Consultor são
apresentados abaixo.

Tabela 2. Contactos do Consórcio das Empresas Consultoras

Consultores Verde Azul Consult e Trasns-Africa Project


Trans-Africa Project
Verde Azul Consult Lda
Allandale Offices, 23 Magwa Crescent
Endereço Rua Fernando Ganhão, 110
(West), Midrand, Johannesburg, 2090,
Maputo, Moçambique
South Africa, South Africa
Pessoa de Contacto Kemal Vaz
+ 258- 21 48
Número de Contacto Cel + 258- 82 30 56 330
62 14
E-mail do Contacto info@verdeazul.co.mz

A tabela seguinte lista os membros da equipa de PR responsáveis pela elaboração deste relatório,
respectiva experiência e funções

Tabela 3. Lista de equipa do PR

Nome Função
Kemal Vaz Director do Projecto
Ana Bernard Coordenador do Projecto e Especialista Social
Aissa Mamade Agrónoma e Especialista Socioeconomia
Aires Mavulula Agrónomo – Especialista em Participação Publica
Marcos Stiehl IT- Gestão de base de dados, Limpeza e analise de dados
Pedro Tomás Arquitecto
Rui Mirira Assessor de Reassentamento

2
1.4 Objectivos do Plano de Reassentamento
O objectivo geral do Plano de Reassentamento (PR), de acordo com o Decreto nº 31/2012, de 8 de
Agosto (Regulamento sobre o Processo de Reassentamento Resultante de Actividades Económicas) é
desenvolver e executar uma acção de reassentamento que proporcione às pessoas afectadas
economicamente, a oportunidade de melhorar, ou pelo menos de restaurar, os seus meios de
subsistência e padrões de vida, dentro de um contexto geral de promoção de desenvolvimento
sustentável.

Considerando a natureza do Projecto proposto, é inevitável que as actividades propostas levem à


aquisição e/ou à restrição ou perda de acesso a terra, activos e/ou recursos económicos. Como tal, a
implementação do Projecto em última instância resultará na aquisição de terra e correspondente
compensação e/ou reassentamento de pessoas.

O PR deve conter, as bases para a planificação do reassentamento, incluindo, entre outros um


inventário da população e infraestruturas, que poderão ser afectadas directa e indirectamente,
impactos sociais e económicos do empreendimento, mecanismos de reclamação, critérios de
elegibilidade para reassentamento e compensação, medidas de mitigação e compensação por
perdas sofridas e alternativas de locais para o Reassentamento.

Em outras palavras é essencialmente importante nos casos em que algumas das componentes do
projecto ainda não foram definidas com precisão, como é presentemente o caso (por exemplo, os
traçados das estradas de acesso, a localização dos estaleiros de construção e a localização das
manchas de empréstimo).

1.5 Estrutura do relatório


A tabela abaixo apresenta-se a estrutura do PR.

Tabela 4. Estrutura do Relatório do Plano de Reassentamento

Nº de Capítulo Descrição
Introdução
Este capítulo faz uma breve introdução ao documento. Apresenta o proponente e o
Capítulo 1
consultor, bem como o âmbito e os objectivos do relatório o do plano de
reassentamento.
Descrição do Projecto
Capítulo 2 Este capítulo faz uma breve descrição do projecto apresentando a visão geral do
projecto e o estabelecimento da zona de protecção parcial e faixa de exclusão.
Quadro Legal
Este capítulo apresenta o Enquadramento Institucional e Legal em Moçambique
Capítulo 3
para o processo de reassentamento, bem como as directrizes internacionais
relevantes.
Abordagem Metodológica
Capítulo 4
Este capítulo descreve a metodologia utilizada para elaborar o PR.
Potenciais Impactos do Reassentamento
Este capitulo desencadeia os potenciais impactos sobre os agregados familiares e
Capítulo 5
suas benfeitorias na área de servidão, assim como a área de influência directa do
projecto.
3
Nº de Capítulo Descrição
Perfil Socioeconómico das populações afectadas
Este capítulo descreve a estrutura e organização dos agregados familiares, religião,
Capítulo 6
cemitérios e rituais locais, os serviços sociais básicos, habitação, assim como as
actividades económicas e estratégias de sobrevivência.
Inventário actualizado dos bens afectados
Capítulo 7 Este capítulo apresenta de forma actualizada os bens afectados que foram obtidos
durante o processo de validação dos dados colhidos no capítulo 6.
Identificação das principais áreas hospedeiras
Capítulo 8 Este capítulo apresenta os potenciais locais onde poderão ser hospedados os
agregados familiares na fase de reassentamento.
Critérios de Elegibilidade e direito à compensação
Capítulo 9 Este capítulo expõe os critérios de elegibilidade e o direito a compensações
propostos para o reassentamento.
Plano de Habitação para o Reassentamento
Capítulo 10 Este capítulo expõe o plano a ser seguido para a habitação dos agregados
familiares afectados.
Plano Agrícola e de restauração
Capítulo 11 Este capítulo apresenta o plano de restauração de meios de subsistência que
deverá ser implementado junto das pessoas afectadas.
Processo de consulta publica
Capítulo 12 Este capítulo descreve os objectivos do envolvimento e planeamento geral, os
grupos de partes interessadas e o resultado das rondas de consulta.
Protocolo de Gestão de Reclamações e Sugestões
Capítulo 13 Este capítulo expõe os mecanismos de gestão de queixas propostos que deverão
ser usados antes, durante e após a implementação do reassentamento.

Capítulo 14 Monitoria e Avaliação

Capítulo 15 Avaliação de relatórios de monitoria

Referências
Capítulo 16
Este capítulo apresenta a literatura consultada para a elaboração do presente PR.

4
DESCRIÇÃO DO PROJECTO
Este capítulo faz uma breve descrição do Projecto da Linha de Transporte de energia de 400 kV
SONGO-MATAMBO. É fornecida uma descrição mais detalhada do Projecto no relatório do
Aditamento do Estudo de Impacto Ambiental e Social (2022) e no EIA realizado entre os anos 2011 á
2015 no âmbito do projecto Espinha dorsal de Transporte de Energia (STE).

1.6 Visão geral do projecto


1.6.1 Objectivo e justificação
A construção de um sistema de transporte de energia eléctrica é uma das estratégias identificadas
pela EDM para fornecer energia de qualidade, e enquadra-se nos esforços do Governo de satisfazer
a electrificação rural e para alimentar os projectos de desenvolvimento do País.

Para além do acima exposto, A linha de transporte de energia Songo - Matambo 400 kV foi
identificada como sendo a solução mais viável e competitiva com o aumento da capacidade de
disponibilização de energia para os projectos de interligação regional, o que poderá criar o impacto
económico e social positivo no Programa do Governo de Moçambique designado Energia para
Todos, com uma continuidade de fornecimento de energia de forma segura com qualidade e
quantidade aceitável. Por forma a garantir o acesso universal a energia eléctrica até 2030.

1.6.2 Localização do projecto


A Província de Tete situa-se no corredor do desenvolvimento do Vale de Zambeze, elo com os Países
do Interland com as quais faz fronteira com Malawi, Zâmbia e Zimbabwe. É constituída por quinze
(15) Distritos: Angónia, Changara, Chiúta, Chifunde, Cahora Bassa, Dôa, Marara, Marávia, Macanga,
Moatize, Mutarara, Mágoè, Tsangano, Zumbo e Cidade de Tete e quatro (4) Municípios: Cidade de
Tete, Cidade de Moatize, Ulónguè (Angónia) e Nyamayábuè (Mutarara) (MIC, 2018).

Este projecto inclui uma nova linha de transporte de 400 kV com 118 km de extensão entre Songo e
Matambo, e uma construção de um nova subestação – Cataxa (distrito de Marara) – e a expansão da
subestação de Matambo (em Changara). A Figura 1 mostra a localização administrativa do Projecto.

5
Figura 1. Mapa do trajecto de Linha Songo-Matambo e a Localização Administrativa do Projecto.

1.7 Estabelecimento da zona de protecção parcial (ZPP) e faixa de servidão (RoW)


A faixa de servidão ou de passagem é definida como a área onde o proprietário ou possuidor da
terra permite o uso continuado de uma parte da terra para trânsito de pessoas e/ou serviços contra
uma contraprestação, mas onde a propriedade da terra permanece inalterada (NESS, 2011).

Devido à natureza da lei de terras de Moçambique (detalhada no Capitulo 3), a terra não é privada –
é propriedade do Estado, e não pode ser comprada ou vendida, nem alienada, hipotecada ou
onerada de qualquer outra forma. A lei baseia-se no princípio de garantir acesso à terra, e ao seu
uso, à população bem como aos investidores, garantindo assim a atribuição de direitos de uso da
terra, mas também permite a revogação desses direitos, caso tal seja do interesse público, precedida
do pagamento de justa indemnização e/ou compensação (Lei de Terras, 1997).

A terra pode ser expropriada para realizar e melhorar os serviços públicos e/ou estabelecer um bem
público, sob a condição da atribuição de compensação justa pelo que é expropriado, neste âmbito, a
atribuição do que se refere comumente como uma Faixa de Servidão (RoW) às infra-estruturas
básicas de uma linha de transporte em Moçambique é atribuída na forma de uma Zona de Protecção
Parcial (ZPP) (art. 6 do Decreto nº 66/1998), tornando os conceitos de RoW e ZPP sinónimos.

A lei de terras define que tanto as zonas de protecção parcial (ZPP) como total fazem parte do
domínio público, e que as linhas e infra-estrutura de electricidade caiem sob as ZPP. O Artigo 9 da lei
de terras igualmente estabelece que não podem ser obtidos direitos de uso da terra em zonas de
protecção parcial ou total – embora possam ser atribuídas licenças especiais para actividades
específicas.

6
Os projectos de linhas de transporte necessitam de uma ZPP de modo a permitir a sua construção e
operação de forma eficiente e eficaz. A ZPP deve ser isenta de todas as infra-estruturas, vegetação e
árvores antes e durante a fase de construção e não pode ter quaisquer infra-estruturas ou árvores
acima de 3 m de altura durante a fase operacional.

A ZPP é necessária para proteger o sistema dos efeitos do vento, do contacto com árvores e ramos e
de outros riscos potenciais que podem resultar em danos ao sistema, falhas de energia, perigos para
a população e/ou fogos florestais. Além disso, a ZPP garante um acesso não restringido ou inibido à
linha durante a fase de operação, para fins de manutenção e/ou em casos de emergência.

No que diz respeito às linhas eléctricas, a Lei de Terras (Lei nº 19/97, de 1 de Outubro), estipula que
a ZPP inclui um corredor de 100 m confinante. Contudo, para este o projecto a EDM, irá seguir as
normativas de Ministério de Energias contidas no Guião Ambiental aprovado pelo Ministério de
Ambiente em Dezembro de 2006 que recomenda para as linhas de transporte os afastamentos
mínimos entre linhas e as servidões a deixar de acordo com a voltagem da linha, conforme
detalhado na tabela abaixo. Isto é uma redução da largura da faixa de servidão de 100m para 50m.

Tabela 5. Distancias as linhas e postes de acordos com a voltagem

Embora seja necessário, tal como referido acima, que a ZPP seja limpa de toda a vegetação, infra-
estruturas e árvores durante a construção da linha, recomenda-se que o cultivo de culturas anuais
seja permitido dentro da ZPP depois da linha estar operacional, com a excepção das áreas de acesso
de emergência, bases das torres, entre outros.

Tal como mencionado acima, o Projecto inclui também a construção de uma nova subestação em
Cataxa, e a expansão de duas subestações Matambo e Cahora Bassa. As áreas das subestações
também terão de ser isentas de quaisquer infra-estruturas e vegetação. Assim, as áreas necessárias
para a construção e expansão das subestações do Projecto são consideradas abrangidas pelo âmbito
deste PR.

1.7.1 Infra-estruturas auxiliares


A implementação do Projecto da linha de transporte Songo - Matambo irá necessitar de um
conjunto de actividades e componentes auxiliares, que são necessários para apoiar a construção e
operação do Projecto. Estas instalações e infra-estruturas auxiliares incluem:

• Construção de estradas de acesso para a construção e manutenção da linha;


• Exploração de manchas de empréstimo para obtenção de agregados e materiais inertes
para fins de construção;

7
• Estabelecimento de estaleiros de construção, incluindo acomodação temporária para
trabalhadores, parques de máquinas e sítios de armazenamento temporário de materiais e
equipamentos.

A localização destas infra-estruturas auxiliares não foi ainda definida. Como tal, não foi possível
avaliar os seus potenciais impactos de reassentamento e incluí-las no âmbito deste PR. Prevê-se que
a localização e dimensionamento destas infra-estruturas serão definidas pelo Empreiteiro de
construção, sob a supervisão da EDM. Dependendo da sua localização e delimitação, estas
instalações e infra-estruturas auxiliares poderão gerar impactos de reassentamento adicionais. Como
tal, poderá ser necessário vir a desenvolver no futuro avaliações e planos de compensação e
reassentamento específicos para estas instalações e infra-estruturas auxiliares, após a sua
localização ser definida. Tais avaliações e planos de reassentamento e compensação específicos
deverão ser desenvolvidos em conformidade total com os princípios, directivas e metodologias
estabelecidas neste PR.

1.8 Resumo de aspectos essenciais: Descrição do projecto:


O Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de
Energia (Projecto STE) tem como principal objectivo a ligação e integração dos dois sistemas de
energia separados de Moçambique. Essa integração permitirá a transporte de energia eléctrica para
a região sul de excedentes de energia produzidos no Norte.

Como foi mencionado no inicio, devido à complexidade do Projecto STE, a EDM fez a implementação
deste projecto em fases, sendo a primeira, Projecto STE - nova linha de transporte HVAC de 400 kV
com 561 km de extensão entre Vilanculos e Maputo, e a segunda a da Linha de Transporte de
energia de 400kV SONGO-MATAMBO que compreende 118 km de linha de 400 kV, ligando três
distritos (Cahora Bassa, Changara e Marara), assim como a expansão da subestação de Songo;
Distrito de Cahora Bassa e Matambo, parte integrante deste estudo.

O Projecto irá também necessitar de instalações e infra-estruturas auxiliares, incluindo estradas de


acesso, manchas de empréstimo e estaleiros de construção. No entanto, a localização destas infra-
estruturas não foi ainda definida.

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2. ENQUADRAMENTO LEGAL E INSTITUCIONAL
Esta secção apresenta a legislação aplicável ao PR e os tratados internacionais ratificados em
Moçambique que regem o processo em análise. Foram analisadas as leis e regulamentos
moçambicanos, relevantes para este projecto, para certificar que o projecto está em conformidade.
As políticas do Banco Mundial sobre o reassentamento e restauração das Pessoas Afectadas pelo
Projecto (PAP) e os planos de desenvolvimento da população local, foram comparados com as leis
nacionais, para identificar possíveis lacunas que necessitem de ser colmatadas.

As subsecções seguintes resumem o quadro legislativo segundo o qual os projectos devem ser
implementados relativamente às questões sociais, bem como as normas internacionais e a política
de reassentamento.

2.1 Enquadramento Legal


Nos termos da Constituição de Moçambique não há mercado de terras. A terra pertence ao Estado,
e o povo, e outras entidades, podem adquirir o direito de a usar. Os princípios e objectivos que
orientam a aquisição de terras, perda de bens, ou o impacto sobre os meios de subsistência e
reassentamento em Moçambique estão incorporados nas políticas e regulamentos relevantes, que
estão, em grande parte, dispersos. Entre outros, os princípios orientadores incluem: (1) A
compensação mediante a aquisição de terras, reassentamento, perda de bens e o impacto sobre a
subsistência e (2) A não distinção entre a compensação de terras com título formal de propriedade e
terras consuetudinárias.

2.1.1 Regulamento sobre o Processo de Reassentamento


O Regulamento sobre o Processo de Reassentamento Resultante de Actividades Económicas
(Decreto nº 31/2012, de 8 de Agosto) estabelece os princípios e normas básicos para os processos
de reassentamento resultantes de actividades económicas privadas ou públicas, realizadas por
indivíduos ou grupos, nacionais ou estrangeiros. É sustentado pelos valores de que tais
reassentamentos deverão melhorar a vida das pessoas e assegurar a protecção do ambiente.

Objectivo

De acordo com o Artigo 5º, o reassentamento visa impulsionar o desenvolvimento socioeconómico


do país e garantir que é proporcionada às populações afectadas uma melhor qualidade de vida e
equidade social, tendo em conta a sustentabilidade dos aspectos sociais, económicos, ambientais e
físicos.

Princípios do Reassentamento

De acordo com o Artigo 4º, este regulamento identifica os seguintes princípios:

− Princípio da Coesão Social – o reassentamento deve garantir a integração social e a


restauração e/ou a melhoria dos padrões de vida daqueles que foram afectados;
− Princípio da Igualdade Social – todos aqueles que forem afectados pelo processo de
reassentamento têm direito à melhoria dos seus padrões de vida ou pelo menos à sua
restauração para os níveis anteriores à deslocação;

9
− Princípio do Benefício Directo – deve ser dada às pessoas afectadas a oportunidade de
beneficiarem directamente do projecto e de partilharem dos benefícios dos impactos
socioeconómicos positivos;
− Princípio da Equidade Social – ao fixar as pessoas em novas áreas deve ter-se em
consideração o acesso a meios de subsistência, a serviços sociais e aos recursos disponíveis;
− Princípio de Não-alteração do Nível de Rendimento – garantir que as pessoas
reassentadas têm a possibilidade de restaurar o seu nível de rendimento básico anterior;
− Princípio de Participação Pública – as comunidades locais e outras partes interessadas
ou afectadas devem ser consultadas e participar no planeamento do processo de
reassentamento;
− Princípio da Responsabilização Ambiental – aqueles que poluem ou de outra forma
danificam o ambiente devem reparar o dano ou compensar pelos danos;
− Princípio da Responsabilidade Social – o investidor deve criar infra-estruturas sociais
que promovam a aprendizagem, o lazer, o desporto, a saúde, a cultura e outros projectos de
interesse comunitário.

Aprovação do Plano de Reassentamento

O Artigo 9º do Decreto 31/2012 estipula que o Governo Distrital é a entidade responsável pela
aprovação dos Planos de Reassentamento. Essa aprovação deverá ter em consideração os pontos de
vista do departamento governamental responsável pelo Ordenamento do Território, após consulta
com os departamentos de Agricultura, Administração Local, Obras Públicas e Habitação.

Modelo de Reassentamento

O Artigo 16º estabelece que os processos de reassentamento deverão seguir o seguinte modelo:

• Parcela habitacional regularizada com infra-estruturas adequadas;


• Casas com tipologia mínima de três quartos, com uma área de 70 m 2;
• Casas construídas com materiais convencionais e de acordo com um projecto aprovado;
• Os projectos habitacionais devem obedecer às características sociais e culturais do local
de reassentamento;
• Durante a construção das casas, deve ser assegurada a preservação da vegetação;
• Nas áreas de reassentamento, as actividades de subsistência devem ser mantidas,
conforme apropriado, ou devem ser definidos programas de geração de rendimento;
• O processo de reassentamento deve incluir a construção de estradas de acesso, sistema
de abastecimento de água, saneamento, electrificação, posto de saúde, escola, creche,
mercado, lojas, posto de polícia, locais de lazer e de prática de desporto, de recreação,
lugares sagrados e locais para reuniões;
• As áreas de reassentamento devem incluir zonas para agricultura, pecuária e outras
actividades.

Características Ambientais e Critérios para a Definição da Parcela

A Secção II do Decreto 31/2012 enuncia as características ambientais e os critérios para a definição


da parcela residencial na nova área (área de reassentamento). As características ambientais que
deverão ser levadas em consideração na área de reassentamento são as seguintes:

− Permeabilidade do solo;
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− Nível freático;
− Inclinação do terreno;
− Drenagem das águas pluviais;
− Fertilidade dos solos.

O reassentamento é proibido em: (i) áreas com riscos ambientais significativos, tais como erosão ou
cheias, e em (ii) áreas protegidas de acordo com legislação específica (Artigo 17).

A área da parcela residencial é definida levando em consideração os seguintes critérios (Artigo 18):

− Aptidão para construção, com inclinação inferior a 10%;


− Áreas com nível freático baixo;
− Em zonas urbanas, nenhuma parcela deverá ter uma área inferior a 800 m2;
− Em zonas rurais, nenhuma parcela deverá ter uma área inferior a 5 000 m 2;
− Acesso frontal a uma estrada de acesso;
− Ventilação natural;
− Acesso a água e outras infra-estruturas;
− Acesso a infra-estruturas sociais.

Se as condições físicas e naturais não permitirem a instalação de um sistema de abastecimento de


água, devem ser construídas latrinas melhoradas a uma distância mínima de 10 m da casa.

Nas zonas rurais, devem ser providenciados espaços físicos para horticultura, criação de aves e de
outros animais.

O Regulamento estabelece que o Governo Distrital é responsável por alocar a área necessária para o
reassentamento.

Elaboração do Plano de Reassentamento

A secção III do Regulamento define as fases para a elaboração do Plano de Reassentamento. Esta
directriz foi subsequentemente revista e finalizada pelo Diploma Ministerial nº 156/2014 – Directiva
Técnica do Processo de Elaboração e Implementação dos Planos de Reassentamento.

2.1.2 Diplomas Ministeriais de Orientação para o Processo de Reassentamento


Em 2014, o Governo de Moçambique aprovou dois Diplomas Ministeriais para suportar a
aplicabilidade prática do Decreto n.º 31/2012, nomeadamente:

• Regulamento Interno para o Funcionamento da Comissão Técnica de Acompanhamento


e Supervisão do Processo de Reassentamento, Diploma Ministerial n.º 155/2014, de 19 de
Setembro;
• Directiva Técnica do Processo de Elaboração e Implementação dos Planos de
Reassentamento, Diploma Ministerial nº 156/2014, de 19 de Setembro.

Comissão de Reassentamento

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O Regulamento Interno para o Funcionamento da Comissão Técnica de Acompanhamento e
Supervisão do Processo de Reassentamento (Diploma Ministerial nº 155/2014 de 19 de Setembro)
estabelece as condições para a organização e o funcionamento de todos aqueles envolvidos no
acompanhamento e supervisão do processo de reassentamento. A Comissão de Reassentamento
inclui as Comissões Provinciais e Distritais, com a seguinte composição:

❖ Comissão Provincial:
o Director da área que supervisiona a actividade de ordenamento do território ao nível
provincial;
o Director de Obras Públicas e Habitação;
o Director de Agricultura;
o Director de Acção Social;
o Director de área relacionada.

❖ Comissão Distrital:
o Director do Serviço de Saúde, Mulher e Acção Social;
o Cinco representantes da população afectada;
o Um representante da Sociedade Civil;
o Três líderes comunitários;
o Dois líderes comunitários da área anfitriã;
o Dois representantes do sector privado.

As Comissões têm as seguintes responsabilidades:

• Supervisionar o processo de reassentamento e garantir que os direitos e prerrogativas


daqueles afectados são observados;
• Comunicar com as autoridades competentes acerca de quaisquer irregularidades ou
acção ilegal detectadas durante o processo de reassentamento;
• Receber queixas de pessoas afectadas e encaminhar os casos para as autoridades
competentes relevantes, no caso de não ser possível alcançar uma solução a nível local,
entre a EDM e as pessoas afectadas;
• Elaborar relatórios de acompanhamento e avaliação do processo de reassentamento,
levando em consideração os planos aprovados anteriormente;
• Propor notificações à EDM para clarificação durante o processo de reassentamento;
• Mobilização e sensibilização da população quanto ao processo de reassentamento;
• Intervenção em todas as fases do processo de reassentamento, incluindo a sua
supervisão;
• Sensibilização da população sobre os seus direitos e obrigações sob o processo de
reassentamento;
• Analisar os relatórios da Consulta Pública e dar a sua opinião sobre questões ligadas ao
reassentamento.

Elaboração e Implementação do PAR

A Directiva Técnica do Processo de Elaboração e Implementação dos Planos de Reassentamento


(Diploma Ministerial nº 156/2014, de 19 de Setembro) visa operacionalizar o Regulamento do
Processo de Reassentamento (Decreto nº 31/2012) e facilitar maior participação e aproximação

12
entre todas as partes envolvidas. Coloca a ênfase na noção de que o processo de reassentamento
não precisa de ser necessariamente socialmente destrutivo, em certos contextos, mas deve antes
ser conceptualizado como uma oportunidade para melhorar os níveis de vida dos afectados e
desenvolver novas zonas residenciais bem estruturadas e normalizadas, de acordo com os princípios
definidos no artigo 4 do Decreto nº 31/2012.

A Directiva padroniza os planos de reassentamento, através da formulação de um quadro conceptual


fundamentado e coerente baseado em princípios teóricos e experiência prática. A Directiva
apresenta directrizes para o processo, identifica os diferentes passos que caracterizam a elaboração
e a implementação do plano de reassentamento, e define os conteúdos e os resultados exigidos para
cada fase.

Esta Directiva estipula que o plano de reassentamento é elaborado e gerido em 3 fases:

• Relatório do Levantamento Físico e Socioeconómico (RLFSE);


• Plano de Reassentamento (PR);
• Plano de Acção da Implementação de Reassentamento (PAIR).

A Directiva estabelece também, através do Diploma Ministerial 156/2014, que a área hospedeira
será identificada durante a fase do PAR, tendo de ser acordada por todas as partes afectadas e
partes interessadas relevantes, incluída numa minuta devidamente assinada por todas as partes
envolvidas e divulgada publicamente a nível local.

Considera-se assim que o enquadramento legislativo moçambicano se equipara relativamente bem


com a PO 4.12 do BM. Em essência, quanto estes dois conjuntos de requisitos divergem, tal deve-se
apenas à adaptação de políticas internacionais genéricas a contextos locais específicos. Por outras
palavras, onde o BM procura aplicar políticas padronizadas, aplicáveis a qualquer país
(independentemente do seu estado de desenvolvimento – sejam países da América Latina, Europa
de Leste, subcontinente Indiano, ou África), a legislação Moçambicana procura aplicar e adaptar tais
normas ao contexto do país e às suas realidades socioeconómicas específicas. Como tal, a política de
Moçambique adopta o princípio de que as iniciativas de desenvolvimento de infra-estruturas devem
ser aproveitadas para melhorar os níveis de vida dos seus cidadãos, ao mesmo tempo que devem ser
aplicados esforços para não criar ou incrementar altos níveis de desigualdade entre e no meio das
comunidades locais.

2.1.3 Outra Legislação Nacional Relevante Relacionada com o Processo de Reassentamento


Para além da legislação acima, há vários outros componentes do quadro legislativo nacional que são
relevantes para as actividades de reassentamento e que servem como guias para aspectos
específicos dos processos de reassentamento, e que são descritos nos parágrafos seguintes.

A Constituição da República de Moçambique (2004) declara que todos os cidadãos têm o direito de
viver num ambiente natural equilibrado (Artigo 72), e o dever de defendê-lo. Além disso, o Estado
envidará esforços para garantir o equilíbrio ecológico e a conservação e preservação do ambiente,
com vista a melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos. Para garantir o direito ao ambiente no
quadro do desenvolvimento sustentável, o Estado adoptará políticas dirigidas à prevenção e controlo
da poluição e da erosão e à integração dos objectivos ambientais nas políticas do sector público
(Artigo 117).
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A Política Nacional de Terras (Resolução nº 10/95, de 17 de Outubro) afirma que o Estado detém a
terra e garantirá o acesso à terra a todas as comunidades, agregados familiares e indivíduos, para
“assegurar os direitos do povo Moçambicano sobre a terra e outros recursos naturais, assim como
promover o investimento e o uso sustentável e equitativo destes recursos” (Resolução nº 10/95,
ponto 18).

O Estado é também responsável pelo ordenamento físico e uso da terra, mesmo que haja planos de
ordenamento realizados pelo sector privado. Os princípios mais importantes relativos à política de
terras de Moçambique são os seguintes:

• A terra é propriedade do Estado e a sua venda, hipoteca ou oneração não são


legalmente permitidas. A Lei de Terras de 1997 determina direitos de uso da terra
limitados através de um sistema unitário chamado DUAT (Direito de Uso e
Aproveitamento da Terra), o qual se aplica a indivíduos, comunidades e empresas.

• Garantir que as mulheres têm o acesso e o direito de usar a terra.

A Política de Ordenamento do Território (Resolução nº 18/2007, de 30 de Maio), a qual estipula nos


seus objectivos específicos a necessidade de assegurar a segurança das comunidades no acesso à
terra e aos recursos naturais.

Apresenta-se a seguir um resumo de outra legislação relevante para o processo de reassentamento:

• A Lei de Terras (Lei nº 19/1997, de 1 de Outubro) fornece a base para a definição dos
direitos das pessoas respeitantes ao uso de terras, fornece informações sobre os direitos
baseados em práticas consuetudinárias e os procedimentos para a aquisição de títulos de
uso de terras por comunidades e indivíduos. Em relação aos direitos de uso da terra através
de ocupação por direitos consuetudinários ou de “boa-fé” (ocupação não contestada por um
período de 10 anos), a lei recomenda um processo com base em consulta, de forma a
identificar ou confirmar os direitos das comunidades e/ou indivíduos a uma terra específica.
O Artigo 24º estipula que nas zonas rurais, as comunidades locais participam: a) na gestão
dos recursos naturais; b) na resolução de conflitos; c) no processo de aquisição de títulos de
acordo com a cláusula 3 do artigo 13º desta lei; e d) na identificação e delimitação dos
limites das terras. Nas primeiras duas actividades [(a) e (b)], as comunidades locais usam
práticas e tradições consuetudinárias, entre outros meios de resolver conflitos / disputas.
Como tal, as comunidades, em particular as rurais, têm um papel muito importante na
atribuição e designação dos direitos à terra;
• A Lei de Ordenamento do Território (Lei nº 19/2007, de 18 de Julho) e o respectivo
Regulamento da Lei de Ordenamento do Território (Decreto nº 23/2008, de 1 de Junho). A
Cláusula 2 a) do Artigo 68 do Regulamento estipula que a expropriação de terras para efeitos
de ordenamento do território é considerada de interesse público porque se destina a
salvaguardar interesses comuns da comunidade, como a aquisição de espaços para
infraestruturas económicas e sociais, com impactos positivos muito significativos. Esta lei
descreve ainda como os planos de habitação, estrutura urbana e respectivas infraestruturas
devem ser desenvolvidos, em conformidade com os regulamentos de ordenamento
territorial;

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• Directiva sobre o Processo de Expropriação para efeitos de Ordenamento Territorial
(Decreto Ministerial nº 181/2010, de 3 de Novembro). Esta Directiva estabelece as regras e
os procedimentos da expropriação para efeitos de ordenamento territorial;
• Regulamento da Exumação de Cadáveres (Decreto nº 42/90, de 29 de Dezembro). O
Artigo 15 alínea e) deste regulamento estabelece que nas zonas urbanas, os serviços
funerários estão associados a municípios responsáveis pela gestão das zonas urbanas; estes
serão responsáveis por organizar e autorizar exumações, transferência ou enterramento de
cadáveres. A cláusula 2 do artigo 1 estipula que o enterramento de cadáveres nas zonas
rurais pode ser feito em cemitérios ou em outras localizações devidamente autorizadas
pelas autoridades competentes, mas não estabelece quais são essas autoridades. O
Regulamento não estipula nada quanto a exumações e enterramentos em zonas rurais para
a implementação de projectos de desenvolvimento.
• Directiva Geral para a Participação Pública (Diploma Ministerial nº 130/2006, de 9 de
Julho). Esta Directiva define os princípios que devem ser levados em consideração num
processo de participação pública durante um processo de AIAS, incluindo os princípios de
acessibilidade, inclusão, representação, funcionalidade, negociação e responsabilização.

Moçambique ratificou também Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos e Direitos das
Crianças e Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres. A agenda de
Moçambique sobre Direitos Humanos e o Direito do Trabalho define direitos específicos baseados na
justiça e na igualdade de oportunidades, sem discriminação, em benefício de investimentos e
empreendimentos privados.

As políticas de descentralização de Moçambique, bem como os regulamentos e directivas sobre


consulta pública em AIAS e a Lei de Terras, advogam a importância do envolvimento e da consulta do
Governo Local (ao nível distrital e/ou a um nível inferior), e o compromisso com uma governação
mais transparente e processos de planeamento participados.

2.1.4 Políticas internacionais, procedimentos e directrizes


2.1.4.1 Banco Mundial

a) Política Operacional 4.12: Reassentamento Involuntário

Os objectivos principais da Política Operacional sobre o Reassentamento Involuntário (PO 4.12) do


Banco Mundial (BM) são:
• Evitar ou minimizar o reassentamento involuntário sempre que for possível;
• Desenvolver as actividades de reassentamento como programas de desenvolvimento
sustentável, providenciando recursos de investimento suficientes para permitir que as
pessoas deslocadas possam partilhar dos benefícios dos projectos;
• Consultar extensivamente as pessoas deslocadas e dar-lhes a oportunidade de
participar no planeamento e implementação dos programas de reassentamento;
• Auxiliar as pessoas deslocadas nos seus esforços para melhorar os seus meios de
subsistência e as suas condições de vida, ou pelo menos para os restaurarem, em termos
reais, para os níveis anteriores à deslocação ou para os níveis que tinham antes do início da
implementação do projecto, aqueles que forem mais elevados.

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Esta política é normalmente aplicada a projectos que requerem financiamento internacional. O
Anexo A da PO 4.12 (parágrafos 17-31) descreve o âmbito e o nível de pormenor dos conteúdos de
um plano de reassentamento. Estes incluem objectivos, impactos potenciais, estudos
socioeconómicos, quadro legal e institucional, elegibilidade, avaliação e compensação de perdas,
medidas de reassentamento, planificação de realojamento, participação comunitária procedimentos
de gestão de reclamações, calendário de implementação, custos e orçamentos, e monitorização e
avaliação.
A PO 4.12 (6a) do BM exige que o plano de reassentamento inclua medidas para assegurar que as
pessoas deslocadas são (i) informadas acerca das suas opções e dos seus direitos, (ii) consultadas e
que lhes são dadas escolhas entre alternativas de reassentamento técnico e economicamente
viáveis, e (iii) compensadas imediata e eficazmente pelos custos totais do reassentamento num valor
de substituição integral.
A PO 4.12 (8) do BM exige que seja dada uma atenção especial às necessidades dos grupos mais
vulneráveis entre aqueles que foram deslocados, tais como: aqueles que se encontram abaixo da
linha de pobreza, sem terra, idosos, mulheres e crianças, povos indígenas, minorias étnicas ou
quaisquer pessoas deslocadas que possam não ser protegidos pela lei nacional de terras e
compensação.
A PO 4.12 (13a) do BM estipula que quaisquer pessoas deslocadas e as suas comunidades e
quaisquer comunidades hospedeiras que as recebam devem receber a informação relevante de
forma atempada. Elas também devem ser consultadas sobre as opções de reassentamento e devem
ser-lhes dadas oportunidades para participarem no planeamento, implementação e monitorização
do reassentamento.
A PO 4.12 (12a) do BM estabelece que o pagamento de compensações monetárias por activos
perdidos pode ser apropriada nos casos em que os meios de subsistência dependem da terra, mas
apenas quando a terra expropriada para o projecto seja uma pequena fracção (menos de 20%) do
activo afectado e: (i) o restante for economicamente viável e (ii) existirem mercados activos para
terra, habitação e emprego, as pessoas deslocadas possam usar tais mercados, e exista oferta
suficiente de terra e habitação. Se as PAP forem vulneráveis, as compensações monetárias irão
requerer assistência e orientação.
A PO 4.12 (6 b) estabelece que no caso de realojamento físico, as pessoas deslocadas devem (i)
receber assistência (tal como subsídios de deslocação) durante o realojamento, e (ii) receber áreas
residenciais, ou áreas para habitação, e, se necessário, áreas agrícolas, as quais deverão apresentar
uma combinação de factores, como o potencial produtivo, as vantagens da localização, entre outros,
que seja pelo menos equivalente às vantagens do local antigo.
A PO 4.12 (6 c) define que, onde necessário, as pessoas deslocadas devem receber apoio após a
deslocação, durante um período de transição, com base numa estimativa razoável do tempo que
será provavelmente necessário para restaurarem os seus meios de subsistência e as suas condições
de vida. Esta assistência ao desenvolvimento é prestada em adição às medidas de compensação, e
pode incluir medidas de apoio ao desenvolvimento como a preparação de terras, facilidades de
crédito, formação ou oportunidades de emprego.
A PO 4.12 (13 a) exige que sejam estabelecidos mecanismos de reclamação que sejam apropriados e
acessíveis, para resolver quaisquer questões que surjam.

b) Plano de Reassentamento

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De acordo com a PO 4.12, o PAR deve cobrir os seguintes aspectos:

• Descrição geral do projecto e identificação da área do projecto;


• Identificação de impactos potenciais;
• Objectivos principais do programa de reassentamento;
• Estudos socioeconómicos, incluindo os resultados de um recenseamento, a magnitude
das perdas esperadas, informação nos grupos vulneráveis e provisões para actualizações
periódicas da informação até ao momento do deslocamento, bem como informação sobre a
posse de terra, padrões de interacção e sistemas de apoio sociais, infra-estruturas públicas e
serviços sociais, e características sociais e culturais;
• Quadro legal, incluindo a identificação de quaisquer lacunas em relação à PO 4.12 ;
• Quadro institucional, incluindo uma avaliação da capacidade institucional;
• Critérios de elegibilidade para determinar a elegibilidade das pessoas deslocadas em
relação à compensação e outra assistência de reassentamento;
• Metodologia para avaliação e compensação de perdas;
• Descrição dos pacotes de compensação e de outras medidas de reassentamento,
preparadas em consulta com as partes afectadas e assegurando a compatibilidade com as
suas preferências culturais;
• Informação relativa à identificação e preparação dos locais de realojamento, incluindo
alternativas consideradas e os mecanismos institucionais para a sua preparação;
• Planos para providenciar habitação, infra-estruturas e serviços sociais às pessoas
reassentadas e às populações hospedeiras;
• Medidas de protecção e gestão ambiental para as áreas de reassentamento;
• Participação da comunidade, incluindo a documentação das escolhas apresentadas e
das respostas recebidas, e a descrição dos mecanismos para a comunicação de
preocupações às autoridades do projecto ao longo do processo de reassentamento;
• Integração com as populações anfitriãs, incluindo consulta com grupos hospedeiros e
medidas de mitigação propostas, tais como serviços e infra-estruturas adicionais, onde
necessário;
• Procedimentos de reclamação e de resolução de disputas, com envolvimento de
terceiros;
• Responsabilidades organizacionais e quadro para a implementação do reassentamento,
incluindo necessidades de reforço de capacidade, coordenação governamental inter-
departamental e sustentabilidade das infra-estruturas do reassentamento;
• Calendário da implementação das medidas e cumprimento dos objectivos, com ligações
ao calendário de implementação global do Projecto;
• Custos e orçamento, incluindo provisões para inflação, crescimento populacional e
outras contingências, indicando ainda as fontes dos fundos;
• Monitorização e avaliação, incluindo entradas, saídas e indicadores de desempenho
para as actividades de reassentamento.

c) Objectivos do Plano de Acção de Reassentamento

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Segundo o Banco Mundial, um plano de acção de reassentamento deve incluir: (i) compensação pela
perda de terra ou de estruturas físicas na terra, incluindo negócios; (ii) o movimento físico de
pessoas reassentadas; e (iii) a reabilitação económica das pessoas afectadas pelo projecto, de modo
a melhorar (ou pelo menos restaurar) os níveis de rendimento ou de vida que existiam antes de ter
ocorrido a acção que provocou o reassentamento.

Quando o reassentamento for inevitável, o BM providenciou os seguintes princípios orientadores de


modo a atingir os objectivos acima mencionados:

• Elaboração de um plano de reassentamento e de um plano de acção de


reassentamento que garantam que as pessoas deslocadas:
o São informadas sobre as suas opções e os seus direitos no que diz respeito ao
reassentamento;
o São consultadas sobre o reassentamento, que lhes são dadas opções de escolha e
providenciadas alternativas de reassentamento técnico e economicamente viáveis;
o São compensadas imediata e eficazmente num valor de substituição integral pelas
perdas de activos que sejam directamente atribuíveis ao projecto;
o Recebem assistência (tal como subsídios de deslocação) durante o realojamento;
o Recebem áreas residenciais, ou áreas para habitação, ou, como seja necessário, áreas
agrícolas, as quais deverão apresentar uma combinação de factores, como o potencial
produtivo, as vantagens da localização, entre outros, que seja pelo menos equivalente às
vantagens do local antigo.
o Recebem apoio após a deslocação, durante um período de transição, com base numa
estimativa razoável do tempo que será provavelmente necessário para restaurarem os
seus meios de subsistência e as suas condições de vida;
o Recebem assistência ao desenvolvimento, prestada em complemento às
compensações, como a preparação de terras, facilidades de crédito, formação ou
oportunidades de emprego.
• A política também defende que:
o Deve ser dada uma atenção especial às necessidades dos grupos mais vulneráveis entre
aqueles que foram deslocados, particularmente aqueles que se encontram abaixo da
linha de pobreza, sem terra, idosos, mulheres e crianças, povos indígenas, minorias
étnicas, ou outras pessoas deslocadas que possam não estar protegidas pela legislação
nacional de compensação de terras;
o A implementação de actividades de reassentamento deve estar ligada à implementação
da componente de investimento do projecto para garantir que a deslocação ou a
restrição de acesso não tem lugar antes de estarem preparadas as medidas necessárias
para o reassentamento. Estas medidas incluem providenciar compensação e outra
assistência necessária para o realojamento, antes da deslocação, e preparar e
disponibilizar áreas de reassentamento com infra-estruturas adequadas, onde tal for
necessário. Em particular, a aquisição de terra e de outros activos relacionados só pode
ter lugar após as compensações terem sido pagas e, onde tal for aplicável, terem sido
disponibilizados às pessoas deslocadas os locais de reassentamento e os subsídios de
deslocação;
o As pessoas deslocadas e as suas comunidades, e quaisquer comunidades anfitriãs que
as recebam, devem receber informação relevante de forma atempada, devem ser

18
consultadas sobre as opções de reassentamento, e devem ser-lhes proporcionadas
oportunidades de participação no planeamento, implementação e monitorização do
reassentamento. Devem ser estabelecidos mecanismos de reclamação apropriados e
acessíveis para estes grupos.
o Sejam providenciados, nos novos locais de reassentamento ou nas comunidades
anfitriãs, os serviços públicos e infra-estruturas necessários para melhorar, restaurar ou
manter a acessibilidade e os níveis de serviço para as pessoas deslocadas e as
comunidades anfitriãs. Sejam providenciados recursos alternativos ou semelhantes para
compensar as perdas de acesso aos recursos comunitários (como áreas de pesca,
pastagens, combustível ou forragens);
o Os padrões de organização comunitária adequados às novas circunstâncias sejam
baseados em escolhas feitas pelas pessoas deslocadas. Que, na medida em que for
possível, as instituições sociais e culturais existentes das pessoas reassentadas e de
quaisquer comunidades anfitriãs sejam preservadas e sejam respeitadas as preferências
das pessoas reassentadas no que diz respeito a serem realojadas em comunidades e
grupos pré-existentes.
• A política também estabelece os seguintes princípios orientadores onde se irão basear
os critérios para determinar a elegibilidade para compensação, reassentamento e medidas
de auxílio à reabilitação para as PAP:
I. Pessoas que têm direitos legais formais à terra, incluindo consuetudinários e
tradicionais; e direitos religiosos reconhecidos pelas leis de Moçambique;
II. Pessoas que não têm direitos legais formais à terra ou activos à altura do início do
recenseamento, mas que possuem uma pretensão reconhecida a tal terra ou activos em
conformidade com as leis nacionais de Moçambique. Este grupo de pessoas inclui
aquelas que vieram / regressaram do estrangeiro e a quem foram dadas terras pelas
autoridades locais para se instalarem, e/ou para ocuparem em sociedade matrimonial;
III. Pessoas que não têm qualquer direito legal ou pretensão reconhecidos à terra que
estão a ocupar, a usar ou a partir da qual obtêm a sua subsistência. Este grupo de
pessoas inclui aqueles que se instalam num lugar de forma temporária ou
semipermanente, ou aqueles que se instalaram num lugar sem qualquer concessão ou
autoridade formal.

Às PAPs classificadas de acordo com os subparágrafos (i) e (ii) acima será providenciada
compensação pela terra, edifícios e/ou activos fixos directamente afectados pelo projecto. Elas serão
reassentadas e receberão assistência de reabilitação. A compensação estará de acordo com as
disposições deste PR e da PO 4.12.

Às pessoas cobertas pelo subparágrafo (iii) acima será providenciada compensação por qualquer
melhoria / estruturas / bens na terra ocupada, caso tenham ocupado a terra em data prévia à data
moratória (a ser definida durante a fase do PAR). Para além disso, se elas ocupavam a área do
projecto antes da data moratória estabelecida, terá também de lhes ser prestado o auxílio
necessário para satisfazer as disposições estabelecidas neste PR e na PO 4.12.

As comunidades que incluem distritos, cidades, bairros e povoações que irão perder terra, recursos
e/ou acesso a activos de forma permanente, serão elegíveis para compensação. A compensação às
comunidades irá incluir apenas infraestruturas que serão perdidos nestes locais. As medidas de
compensação garantirão que o estado socioeconómico da comunidade anterior ao reassentamento
19
será restaurado ou melhorado. A restauração dos meios de subsistência estará coberta pelo PAR.
Deverão ser considerados benefícios à escala comunitária para comunidades afectadas
(reassentadas e anfitriãs), incluindo opções para acesso ao serviço de electricidade onde tal seja
viável e apropriado.

2.1.5 Corporação Financeira Internacional


A Corporação Financeira Internacional (IFC – International Finance Corporation) é o braço de
investimento do sector privado do Grupo Banco Mundial. Em 2002, a IFC publicou o Guia de
Preparação de um Plano de Acção de Reassentamento, o qual desenvolve e operacionaliza os
princípios estabelecidos na PO 4.12 do BM. Esta publicação foi levada em conta na elaboração deste
PR.

2.2 Análise de diferenças


A tabela seguinte apresenta uma análise de diferenças entre a legislação moçambicana aplicável e a
PO 4.12 do BM, bem como as recomendações para reduzir as diferenças. Apesar das diferenças
politica da EDM sugere seguir a legislação nacional
Tabela 6. Análise de lacunas

Componentes Legislação Nacional Política da PO 4.12 do Banco Mundial Medidas recomendadas para
avaliados EDM colmatar e/ou reduzir as
diferenças
Tópicos de reassentamento

O processo de participação pública


deve, directa e indirectamente,
fornecer a todos os interessados a As pessoas deslocadas deverão
oportunidade de receber e ter ser consultadas extensivamente Desenvolver um Plano de
acesso à informação, a capacidade e deverão ter oportunidades Envolvimento das Partes
de pedir esclarecimentos e para participar do planeamento Interessadas como parte do
formular perguntas e A EDM
e implementação de programas PR, e realizar consultas que
Consulta das partes recomendações. segue a
de reassentamento; As PAP serão actualizadas para as
interessadas legislação
A participação pública deve ser nacional. devem ser consultadas ao longo principais fases da (i)
realizada de acordo com a de todo o processo e deve ser preparação; ii) Execução e (iii)
orientação do Diploma Ministerial elaborado um Plano de acompanhamento e avaliação
N.º 130/2006 Directiva Geral sobre Envolvimento das Partes do PR.
o Processo de Participação Pública Interessadas.
no Processo de Avaliação de
Impacto Ambiental.
Requer que o reassentamento Inclui medidas de optimização
A EDM
Não há referências à minimização seja evitado e, quando tal não de linhas no desenho do
Minimização do segue a
do reassentamento nos for possível, minimizado na Projecto para minimizar o
deslocamento legislação
regulamentos nacionais. medida do possível. deslocamento e documenta-as
nacional
no PR.

20
Componentes Legislação Nacional Política da PO 4.12 do Banco Mundial Medidas recomendadas para
avaliados EDM colmatar e/ou reduzir as
diferenças
São necessários inquéritos
É realizado um censo familiar e
abrangentes da situação de
O Relatório do Levantamento inquéritos socioeconómicos a
referência das PAP e dos seus
Físico e Socioeconómico deve todos os agregados familiares
rendimentos e bens para o PAR
informar as partes interessadas afectados usando indicadores
detalhando
sobre os objectivos, relevância e A EDM significativos, juntamente com
características demográficas e
Estudos da Situação impactos do processo de segue a levantamento dos bens para o
socioeconómicas das
de Referência reassentamento. Deve também legislação desenvolvimento de medidas
comunidades e agregados
apresentar e discutir alternativas nacional. de reassentamento e de
familiares, bem como inventários
para locais de reassentamento restauração de meios de
de bens, para o desenvolvimento
(Decreto no. subsistência adequadas. O
de uma compensação adequada,
54/2015, Artigo 11). reassentamento e meios de censo será actualizado para a
implementação do PR.
subsistência, bem como a M&A.
O censo será actualizado e a
data limite será estabelecida de
Os regulamentos nacionais Exige que a data limite seja
acordo com o quadro jurídico
preveem que o Governo de A EDM idealmente acordada entre as
moçambicano na fase de
Data limite para a Moçambique defina a data limite segue a partes e promulgada após o
implementação do PR. A data
elegibilidade pouco antes do pagamento de legislação inventário de todos os bens.
limite não inviabiliza a
compensações e da implementação nacional. Normalmente, esta data limite é
continuação da agricultura e
do projecto. a data de início do censo.
isso vai ser comunicado
claramente.
É preferível a compensação em O PR vai incluir consultas com
espécie para garantir que as PAP as PAP sobre a potencial
são adequadamente reinstaladas substituição em espécie como
O Decreto nº31/2012 sobre o
e restabelecidas, devido aos opção para o alojamento. A
Processo de
riscos associados com a análise será realizada de
Reassentamento resultante de
A EDM compensação em dinheiro. acordo com a proporção de
Actividades Económicas, enfatiza a
Opções de segue a A compensação em dinheiro terras afectadas por
compensação em espécie para
compensação legislação pode ser a adequada quando os proprietário / agricultor. Onde
unidades de habitação, dando
nacional. impactos são mínimos (menos de for significativo, serão
instruções sobre as características
20% das terras). envidados esforços para dar
necessárias de substituição de
terra de substituição e/ou
unidades de habitação e parcelas.
desenvolver assistência
abrangente aos meios de
subsistência.
A justa indemnização deve ser paga A indemnização deverá ser paga O pagamento da compensação
antes da transferência ou antes do reassentamento e as ocorrerá antes do
expropriação de bens e activos, e PAP devem ser ajudadas na reassentamento, mas será
A EDM
Pagamento de deve cobrir não só o valor real dos abertura de contas bancárias programado de modo a não
segue a
compensações e bens expropriados, como danos e conforme necessário, juntamente forçar um reassentamento
legislação
movimentações perdas de lucro (Decreto Nº com formação em gestão antecipado e antes de todos os
nacional.
23/2008, Artigo 68 Nº2a). financeira. meios de subsistência e de
medidas de assistência
vulneráveis estarem no lugar.
Os expropriados devem ter a O PFR detalha um
oportunidade de contestar os procedimento de reclamações
termos de compensação em caso Mecanismos de queixas e que estará acessível a todas as
A EDM
de discordância e devem ser reclamações devem ser colocados PAP e permitirá reclamações
Gestão de segue a
informados dos prazos para o fazer em locais acessíveis, sem custo e em relação a todos os aspectos
Reclamações legislação
(Decreto Nº 23/2008, Artigo 71, Nº livres de reembolso. do projecto, em todas as fases,
nacional.
3). garantindo a compatibilidade
com a legislação nacional e os
mecanismos tradicionais.

21
Componentes Legislação Nacional Política da PO 4.12 do Banco Mundial Medidas recomendadas para
avaliados EDM colmatar e/ou reduzir as
diferenças
O Regulamento para o Processo de As actividades de
Reassentamento Resultante de acompanhamento e avaliação
Actividades Económicas, prevê a devem ser integradas no processo Este PR detalha um plano de
criação de uma Comissão Técnica de gestão global do projecto, e o A&A envolvendo a participação
A EDM PR deve fornecer um plano de
para o Acompanhamento e das partes interessadas, que
Acompanhamento segue a acompanhamento coerente que
Supervisão do Processo de continuará enquanto as
e avaliação legislação identifique as responsabilidades
Reassentamento (Decreto Nº medidas de implementação e
nacional. organizacionais, a metodologia e
155/2014, de 19 de Setembro). As restauração dos meios de
Comissões serão criadas a nível a calendarização do subsistência durarem.
provincial e distrital e têm claras acompanhamento e comunicação
responsabilidades a cumprir. de informações.

Indemnização/compensação
Somente as terras sob a área
de ocupação dos pilares serão
consideradas pelo Projecto.
Fazer a substituição em
A compensação em espécie é espécie para as PAPs que
recomendada. Deve ser prestada perdem 20% ou mais das suas
assistência para a restauração da terras sob a área de ocupação
De acordo com a Lei de Terras dos pilares.
produtividade e para alcançar
19/97 de 1 de Outubro, Artigo 3: A
níveis de produção (pelo menos Sem compensação uma vez
terra pertence ao estado e não
equivalentes à terra substituída). que a Faixa de Servidão pode
pode ser vendida, hipotecada e A EDM A compensação monetária é ser usada para a agricultura
penhorada sob qualquer forma. segue a
Terras cultivadas possível, mas deve ser suficiente (não são permitidas árvores).
Assim, a terra é compensada em legislação para obter terra de características No entanto, devem
espécie. A terra de substituição nacional. semelhantes (valor de compensar-se todos os ciclos
dever ser equivalente ou superior à substituição) e não é de colheitas perdidos durante a
terra substituída, de um ponto de recomendada se as terras manutenção ou
vista da subsistência. afectadas representarem 20% ou implementação do projecto.
mais da terra do agregado Serão assinados Memorandos
familiar. de Entendimento (MdE) com
as PAPs que cultivam na área
de servidão, formalizando os
usos permitidos / proibidos na
faixa de servidão.

Substituição em espécie (de


acordo com os mínimos legais
estabelecidos com terra de
Compensação em espécie ou infra-estrutura e DUAT. Se a
valor total de substituição para terra adequada não estiver
A EDM todas as PAP com direitos disponível e as PAP
Substituição em espécie segue a
Terra em geral legalmente reconhecidos, e lotes concordarem, será dada a
legislação habitacionais e de subsistência opção de compensação em
nacional. para as PAP mesmo sem direitos dinheiro pelo custo total de
legais. substituição às PAP com
direitos legalmente
reconhecidos ou
reconhecíveis.

De acordo com o Decreto 31/2012 Recomenda-se a compensação Compensação em espécie com


de 8 de Agosto a indeminização é em espécie, incluindo a base no valor total de
Edifícios (casas, efectuada através da cnstrução de A EDM compensação pela terra, substituição com melhoria
anexos e outras imoveis de valor equivalente, a segue a seguindo os requisitos mínimos. A para alcançar os padrões
propriedades tipologia habitacional deve ser no legislação indemnização deverá ser baseada mínimos (pavimento de
afectadas) mínimo: nacional. no custo de reposição sem cimento, cobertura de chapa
• Ter 3 quartos amortização, bem como todos os de zinco, paredes com blocos
de adobe e cimento ou de
• Ter 70 m2 custos de transacção (impostos,

22
Componentes Legislação Nacional Política da PO 4.12 do Banco Mundial Medidas recomendadas para
avaliados EDM colmatar e/ou reduzir as
diferenças
• Ser construídas com licenças, etc.), incluindo o valor alvenaria e casas de banho de
material convencional necessário para obter o DUAT cimento separadas), bem
(alvenaria) e de acordo com um para uma terra semelhante. como todos os custos de
modelo aprovado transacção. O cliente irá
fornecer às pessoas
• Seguir as
fisicamente deslocadas uma
características sociais e
escolha de opções para uma
culturais do local de
habitação adequada (com o
reassentamento
mínimo de requisitos legais)
• Ter parcelas de com a segurança de posse de
5.000 m2 para zonas rurais e uma infra-estrutura de terra.
800 m 2 para zonas urbanas As PAP podem receber
compensações em dinheiro
para a reconstrução através de
prestações cuidadosamente
planeadas em cada etapa do
processo de
autoreconstrução.
Estruturas comunitárias
também devem ser
substituídas pelo valor de
mercado, sem depreciação. Se
forem encontradas áreas
sagradas e túmulos, o
proponente irá pagar os
custos cerimoniais e de
reassentamento necessários.

Para culturas perenes e árvores, Devem ser compensadas


a compensação considera o monetariamente de acordo
tempo de entrega de produção. com a tabela de
Para culturas anuais, a terra compensações da Direcção
Culturas e árvores de fruto podem
ser compensadas monetariamente, A EDM oferecida como compensação é Provincial de Agricultura. A
de acordo com uma lista de segue a fértil o suficiente para permitir a tabela deve ser validada por
Culturas e árvores
compensações fornecida pela legislação restauração da produção um estudo de preços de
nacional. mercado. Se o preço de
Direcção Provincial de Agricultura
mercado for superior, será
esse a base da compensação
para se alcançar o valor de
substituição integral.

O PAR deve incluir um plano de


restauração de meios de As PAP devem receber, para além As PAP devem receber, além
subsistência, o qual auxiliará as do subsídio de realojamento, de subsídios de realojamento,
pessoas afectadas a restaurarem auxílio nas suas actividades de receber assistência no
A EDM reassentamento e de restauração reassentamento e
Assistência às PAP pelo menos o mesmo nível de vida segue a dos seus meios de subsistência. A
que tinham antes e a fazer o subsequente
deslocadas legislação concretização da restauração
acompanhamento posteriormente. acompanhamento para
nacional. deve ser monitorizada melhorar os seus padrões de
posteriormente para assegurar vida noutro local para onde
que os objectivos são cumpridos. forem reassentados

As pessoas directamente afectadas Os deslocados receberão apoio Disponibilização de diferentes


têm direito à restituição de após o deslocamento, durante pacotes de restauração para
Restituição de
subsistência para um nível A EDM um período de transição, com cada uma das diferentes
subsistência,
equivalente ou superior às segue a base numa estimativa razoável categorias de PAP e que
assistência adicional
condições anteriores. Têm também legislação do tempo que poderá ser dependerão do tipo e
e assistência
direito a receber áreas para a nacional. necessário para restaurar os seus magnitude da perda sofrida, do
vulnerável
prática das suas actividades de meios de subsistência e os nível de vulnerabilidade do
subsistência (Decreto Nº 21/2012, padrões de vida; e receberão agregado das PAP, das
23
Componentes Legislação Nacional Política da PO 4.12 do Banco Mundial Medidas recomendadas para
avaliados EDM colmatar e/ou reduzir as
diferenças
Artigo 10, al. b e e). assistência ao desenvolvimento, preferências indicadas
como preparação de terra, associadas às suas
facilidades de crédito, formação, características familiares e de
para além das indemnizações outras circunstâncias
que recebem. Será dada relevantes.
assistência aos seus esforços para
melhorar o seu padrão de vida
ou, pelo menos, restaurá-lo com
o mais alto padrão entre padrões
pré-deslocamento ou existentes
antes do início da execução do
projecto.
Proprietários legais A EDM
ou consuetudinários segue a
Elegíveis. Elegíveis. Elegíveis.
de terrenos e terra legislação
titulada nacional.
Assistência no reassentamento e Assistência no reassentamento
A EDM
compensação por perda de bens e compensação por perda de
segue a
Ocupantes ilegais Não elegíveis. (que não sejam terrenos), e apoio bens (que não sejam terrenos),
legislação
para a retoma de actividades, se e apoio para a retoma de
nacional.
houver. actividades, se houver.
Devem ser compensados, Compensação para qualquer
A EDM
qualquer que seja o tipo de que seja o tipo de
segue a
Arrendatários Não prevê esta situação reconhecimento legal da sua terra reconhecimento legal da posse
legislação
(formal ou informal). da terra, e apoio para a retoma
nacional.
de actividades, se houver.

2.3 Enquadramento Institucional


2.3.1 Actores Envolvidos e Estrutura Organizacional
Esta secção destaca as instituições relevantes, através das quais o planeamento e a implementação
do PR para o Projecto serão realizados2. Foram identificadas e consultadas várias instituições que
serão envolvidas na execução do presente PR. Estas incluem:
➢ Governo de Moçambique (nível nacional);
➢ Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM);
➢ Ministério da Terra e Ambiente (MITA);
➢ Direcção Nacional da Terra e Desenvolvimento do Território;
➢ Comissão Técnica de Acompanhamento e Supervisão do Reassentamento a nível
Provincial;
➢ Comissão Técnica de Acompanhamento e Supervisão a Nível Distrital;
➢ Serviços Distritais relevantes.
➢ SDPI do distrito de Marara e de Cahara Bassa na província de Tete
➢ SDAE do distrito de Marara e de Cahara Bassa na província de Tete
➢ Serviços de Desenvolvimento territorial e ambiente da província de Tete

2
As Melhores Práticas Internacionais, foi consultado o manual da IFC. Este guia está disponível em:
http://www.ifc.org/wps/wcm/connect/938f1a0048855805beacfe6a6515bb18/IFC_StakeholderEngagement.pdf?M
OD=AJPERES.
24
2.3.2 Procedimentos e Responsabilidades
As responsabilidades e funções de cada uma das instituições envolvidas no reassentamento são
discutidas nos parágrafos seguintes.

2.3.2.1 Governo de Moçambique

Existem no âmbito do Governo de Moçambique responsabilidades para compromissos propostos no


presente PR que são delegadas internamente aos ministérios competentes, que neste caso é o
Ministério da Terra e Ambiente (MITA).

2.3.2.2 Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM)

A EDM irá gerir e coordenar todo o processo de reassentamento. Irá nomear uma empresa de
consultoria para elaborar o PR e PAIR e que irá acompanhar e certificar que os processos de AIAS/
PGAS e PR são seguidos adequadamente em conformidade com a legislação do país.

Se necessário, a EDM irá contratar Organizações Não-Governamentais (ONG) ou Organizações


Baseadas na Comunidade (OBC), para acompanhar o processo de PR e PAIR. De salientar que uma
ONG pode ser uma universidade e/ou um consórcio. O termo ONG que será usado neste relatório
refere-se a uma instituição externa independente, com experiência na área dos riscos de
compensação e reassentamento.

As diferentes responsabilidades da EDM serão:

➢ Coordenar e gerir a elaboração e implementação do plano de reassentamento;


➢ Implementar o plano de reassentamento de acordo com a documentação do PR e a
legislação nacional;
➢ Resolver o orçamento de compensação do PAIR através do financiamento de
contrapartidas e pagar as compensações previstas;
➢ Implementar os programas de desenvolvimento e integração social propostos;
➢ Informar previamente a comunidade de acolhimento sobre o processo de
implementação do reassentamento, descrição do projecto e cronograma de actividades;
➢ Assegurar o respeito pela dinâmica social e cultural da comunidade de acolhimento;
➢ Interagir com as autoridades governamentais, para assegurar a transferência dos
serviços;
➢ Participar, sempre que for convocada, nas reuniões da Comissão Técnica de
Acompanhamento e Supervisão;
➢ Facilitar as acções de acompanhamento e avaliação do processo de implementação do
reassentamento por comissões e comités de acompanhamento;
➢ Implementar e gerir um sistema de reclamações e sugestões;
➢ Acompanhar e avaliar a implementação do processo de reassentamento.

2.3.2.3 Ministério da Terra e Ambiente (MITA) e Direcção Nacional da Terra e


Desenvolvimento do Território

A direcção nacional responsável pelo reassentamento é a Direcção Nacional da Terra e


Desenvolvimento do Território, que faz parte do MITA.

25
O ministério irá avaliar o PR e o PAIR e garantirá que os vários aspectos do reassentamento estão em
linha com a gestão global do Projecto (agricultura, obras públicas, gestão de terras, etc.), bem como
com o seu enquadramento de reassentamento e do Banco Mundial.

2.3.2.4 Comissão Técnica para o Acompanhamento e Supervisão do Reassentamento a


nível provincial.

O Decreto 31/2012 de 8 de Agosto, exige que seja criada uma Comissão Técnica para o
Acompanhamento e Supervisão de Reassentamento a níveis relevantes para gerir todo o processo
de reassentamento. Em 2014, o governo aprovou o Decreto Nº 155/2014 de 9 de Setembro, para
apoiar o precedente decreto 31/2012. O novo Decreto estabelece a organização e funcionamento
dos intervenientes no acompanhamento e supervisão do reassentamento.

De acordo com o Decreto 155/2014, a Comissão Técnica a nível provincial deve incluir os seguintes
representantes:
➢ Director da área que superintende a actividade de ordenamento territorial ao nível
provincial;
➢ Director das Obras Públicas e Habitação;
➢ Director da Agricultura;
➢ Director de Acção Social;
➢ Director da área afim.

A Comissão de Acompanhamento e Supervisão de Reassentamento a nível provincial é, como o


nome indica, responsável pelo acompanhamento e avaliação do processo de reassentamento e
fornece orientações para a Comissão Distrital. Assim, a Comissão terá a responsabilidade de
aconselhar as autoridades distritais em relação ao processo de reassentamento (ex: planeamento do
território a nível provincial). Esta Comissão é da responsabilidade da Direcção Nacional da Terra e
Desenvolvimento Territorial.
2.3.2.5 Comissão Técnica de Acompanhamento e Supervisão a nível distrital

As questões relativamente complexas a serem abordadas necessitam de procedimentos


institucionais bem estruturados para conduzir o processo de reassentamento.

A Comissão Técnica de Acompanhamento e Supervisão a Nível Distrital também é responsável pelo


seguimento e acompanhamento das diferentes fases do processo de reassentamento. Esta comissão
terá de definir directrizes, parâmetros e metodologias de acompanhamento e avaliação do processo
de implementação do plano de reassentamento.

De acordo com o Decreto 155/2014, a Comissão Técnica a nível distrital deve incluir os seguintes
representantes:
➢ Director de Saúde, Mulher e Acção Social;
➢ Um (1) representante da autoridade distrital;
➢ Um (1) representante da Sociedade Civil;
➢ Cinco (5) representantes da população afectada;
➢ Cinco (5) líderes comunitários.

A comissão será responsável por assegurar que a implementação do PR está em conformidade com
os planos de uso da terra nos distritos e cidades.
26
As responsabilidades das comissões serão: assegurar que a opinião, reais interesses e preocupações
das PAP são adequadamente tidas em conta em todas as fases do processo, incluindo apoiar as PAP
para lidar e corrigir injustiças.

2.3.2.6 Serviços Distritais relevantes

Os Serviços Distritais em causa serão a entidades do governo afectado (ex.: serviços distritais de
agricultura e de saúde). Estes serviços terão de:

➢ Colaborar na implementação do plano de reassentamento na sua área operacional,


assegurando que as suas contribuições e, especialmente, a transferência de serviços, são
fornecidas em tempo hábil;
➢ Gerir as novas infra-estruturas;
➢ Fornecer apoio, especialmente para as pessoas vulneráveis;
➢ Verificar como as medidas são implementadas.

27
3. METODOLOGIA DO PROCESSO DE REASSENTAMENTO

Este PR foi elaborado considerando a legislação Moçambicana relevante, bem como as orientações
internacionais relevantes (nomeadamente a PO 4.12 do BM). Este capítulo apresenta a abordagem e
metodologia que foram seguidas para desenvolver este PR.

Um estudo do perfil socioeconómico e inventario fora realizados em momentos distintos. Entre o dia
28 de Novembro a 12 de Dezembro de 2022 realizou-se o levantamento do perfil socio económico
das PAPs com o objectivo de identificar bens e pessoas afectadas pelo projecto como também,
compreender o contexto socioeconómico e cultural em que estás pessoas vivem, enquanto que
entre 28 de Fevereiro a 12 de Março de 2023 realizou-se o inventário dos bens com o objectivo de
validar e actualizar os dados dos bens (infraestruturas e outros activos, com destaque para as
machambas) e pessoas afectadas pelo projecto. A metodologia usada para recolha, processamento e
análise de dados do inventário bem como o estudo socioecónomico está devidamente explicada na
secção abaixo.

3.1 Perfil Socioeconómico e Inventário dos Agregados Familiares e Infra-estruturas


Afectadas
O levantamento do perfil socioeconómico das pessoas afectadas pelo projecto permitiu estabelecer
o retrato socioeconómico. Este processo foi um meio caminho para:
➢ A identificação das PAP;
➢ A identificação de cativos afectados;
➢ Uma descrição socioeconómica descrevendo a situação anterior ao Projecto;
➢ O tamanho e composição dos domicílios afectados;
➢ As suas principais actividades sócio-económicas;
➢ Os indivíduos vulneráveis ou grupos afectados.

O Inventário das pessoas e bens afectados incidiu sobre os seguintes aspectos”


➢ Actualização das PAPS;
➢ Actualização dos dados demográficos dos chefes dos agregados familiares;
➢ Actualização dos cativos afectados;
➢ Vulnerabilidade.

O perfil socioeconómico das famílias potencialmente afectadas pelo projecto foi baseado em dados
primários e secundários. A recolha de dados primários incluiu um levantamento socioeconómico
quantitativo e uma avaliação qualitativa, através de entrevistas semiestruturadas. O processo de
recolha de dados socioeconómicos obedeceu os seguintes passos:

➢ Recolha e análise de dados secundários;


➢ Desenho dos instrumentos de recolha de dados;
➢ Recolha e análise de dados primários:
- Análise de fotografias aéreas;
- Selecção e treinamento do pessoal técnico de recenseamento;
- Recolha de dados (quantitativos e qualitativos) ;
28
- Análise de dados.

Estes passos são descritos de forma mais detalhada nas secções seguintes.

3.1.1 Recolha e análise de dados secundários


A primeira fase do trabalho baseou-se na revisão bibliográfica para se ter maior robustez nos
resultados. Os documentos consultados para a recolha de dados secundários, incluíram o relatório
do último Recenseamento Geral da População e Habitação de 2017 do Instituto Nacional de
Estatística (INE), o Plano Económico e Social (PES) dos distritos afectados, Perfil Distrital e
aditamento do Estudo de Impacto Ambiental e Social. Para além destes, também realizou-se uma
extensiva análise documental de pesquisas socioeconómicas prévias realizadas na área do projecto,
as quais ajudaram à caracterização das PAP.

3.1.2 Desenho dos instrumentos de recolha de dados

A segunda fase consistiu no desenho dos instrumentos usados para colecta de informação, junto dos
actores relevantes, nomeadamente: PAPS, entidade governamental responsável pelas áreas
cobertas pelo projecto ao nível do distrito e líderes locais . O desenho dos instrumentos de recolha
de dados teve duas fases: 1) elaboração dos inquéritos em papel (vide anexo I); e 2) desenho do
aplicativo de recolha de dados junto dos beneficiários do projecto. Antes da validação dos
instrumentos de recolha de dados, os mesmos foram partilhados com a equipa técnica adviser do
projecto para avaliação e inputs, para garantir que todos os aspectos do projecto sejam
salvaguardadas no PAR. De forma elucidativa o esquema abaixo demostra o processo de desenho
dos instrumentos de recolha de dados.

Figura 2. Etapas do desenho do instrumento de recolha de dados

(1) Desenvolvimento do questionário em versão papel


O Desenho do questionário em papel tomou em consideração o grupo alvo assim como os principais
indicadores socioeconómicos que permitirão ao investigador obter um bom entendimento do
padrão de vida das PAP.

29
(2) Desenvolvimento do questionário em versão digital
Para o desenvolvimento do questionário em versão digital foi utilizado a plataforma KoboToolbox. O
KoBoToolbox é um software de uso livre (open-source) que permite a coleta de dados, a análise e a
gestão com vistas a subsidiar a tomada de decisões nas mais diversas áreas, permitindo a
estruturação de gráficos, tabelas, relatórios e mapas e ainda a exportação dos dados para serem
utilizados em outros sistemas.

Figura 3. O Questionario na versão digital

A plataforma possui 2 ambientes de trabalhão:

Figura 4. Ambiente de trabalho na plataforma

O ambiente de backoffice (escritório) é um ambiente mais amplo e rico em funcionalidades, que


permite tanto o desenvolvimento de questionários bem como a colecta e gestão de dados. Já o
ambiente de colecta de dados (campo) é exclusivo para recolha de dados em campo de forma
online/offline.

(3) Testes da versão digital em gabinete


O Questionário em formato digital mereceu testes no escritório antes do treinamento da equipa
interna de campo, de modo a garantir que o aplicativo respondesse as directrizes definidas no
questionário em formato papel, como por exemplo a coerência dos saltos.

(4) Configuração dos dispositivos de recolha


A coleta de dados é efectuada utilizado a ferramenta KoboCollect.

➢ Compatível apenas com dispositivos ANDROID;


➢ Link Google Play:
30
https://play.google.com/store/apps/details?id=org.koboc.collect.android&hl=en&gl=US

➢ URL do servidor;
➢ É necessário um utilizador com os devidos acessos.

Principais funcionalidades:

➢ Recolha de dados em modo online e offline;


➢ Preenchimento de formulários de recolha;
➢ Sincronização de dados;
➢ Levantamento de pontos de GPS;
➢ Colecta de metadados - nome de utilizador, data e hora de recolha, ID do dispositivo
utilizado.

Abaixo, os passos para a configuração:

Figura 5. Processo de configuração

(5) Recolha de dados


No campo, os dados são recolhidos utilizado a app KoboCollect em modo online/offline e após a
recolha, os dados sincronizados para o servidor na web onde os dados estão guardados (para o
ambiente de backoffice).

Abaixo, algumas imagens da ferramenta de recolha:

31
Figura 6. Recolha de dados no campo com o android

Abaixo, algumas imagens do ambiente de gestão de dados (backoffice):

Figura 7. Vista tabular dos dados

Figura 8. Vista de relatórios

32
Figura 9. Exportação de dados

Cada inquiridor de campo foi equipado com um dispositivo de recolha de dados. Esta tecnologia
facilita a produção da base de dados e a análise de dados à posteriori. Após o término de cada
entrevista ou no fim do trabalho dia de campo, o inquiridor enviou a informação para a Cloud e
servidor onde foi monitorada a nível do escritório pelo especialista de análise de dados e a
especialista de socioeconomia.

3.1.3 Recolha e análise de dados primários


(i) Análise de Imagens aéreas
De forma a planear e apoiar a recolha dados socioeconómicos no campo, numa primeira fase foi
feito o reconhecimento da área e dos potenciais pontos de recolha de dados através de imagens
aéreas (google earth) da área do projecto e todos os locais delimitados como sendo possiveis de ser
afectados. As imagens aéreas foram analisadas num software GIS (ArcGIS 10.2), de modo a
identificar locais com infra- estruturas e terras agrícolas dentro da ZPP do Projecto.

(ii) Selecção e treinamento do pessoal técnico de recenseamento


O processo de recrutamento e selecção foi realizado em dois (2) estágios distintos, nomeadamente:
(1) Selecção baseada no CV e entrevista telefónica que resultou na pré-selecção dos recenseadores
candidatos a formação; e (2) Selecção baseada na formação de recenseadores. As questões de
gênero foram tomadas em considerada no processo de selecção dos recenseadores pois, algumas
PAP podem ser sensíveis à dinâmica de género dos entrevistadores. Os critérios usados para a
selecção dos entrevistadores foram:

➢ Experiência prévia na recolha de dados similares, assim como no uso de


tablet/smartphone para a recolha de dados;
➢ Nível mínimo de escolaridade: 12.ª classe;
➢ Fala da língua Portuguesa e local;
➢ Boas habilidades de comunicação;
➢ Conhecimentos de informática na áptica do utilizador;
➢ Disponibilidade de viajar para zonas remotas e por vezes de difícil acesso.

A formação dos recenseadores foi em cascata, isto é, a equipa sénior da Verde Azul Consultoria
treinou primeiramente a coordenadora de campo, o supervisor e o técnico de GIS, onde foi
explicado os objectivos do trabalho, funcionalidade do aplicativo, vantagens do uso do mesmo em
33
comparação ao papel, interpretação do questionário, visualização dos dados recolhidos e
harmonização dos procedimentos de campo. De seguida passou-se para o treinamento dos
recenseadores de campo pela Assistente senior de socioeconomia e a coordenadora de campo. A
formação foi essencialmente de natureza prática e de ampla discussão e debate dos conteúdos
expostos entre todos os participantes. Aos candidatos pré-seleccionados foram partilhados os
materiais de formação, nomeadamente o power point e o questionário para familiarizarem-se com
os objectivos da pesquisa e com o questionário, o que permitiu com que o processo de interpretação
das questões do inquérito fosse mais célere e que se pudesse dedicar mais tempo as questões mais
complexas.
Os formandos tomaram parte activa na formação e foram-lhes solicitadas inúmeras tarefas,
nomeadamente:
➢ Apresentação oral dos resumos dos principais conteúdos do dia;
➢ Exercícios de Role Play no Aplicativo;
➢ Apresentação de sugestões de melhoria das questões;
➢ Trabalhos de casa; e
➢ Levantamento das dúvidas, discussões e pontos em aberto após cada sessão.

A formação foi intensiva com duração de dois (2) dias, dos quais um (1) dia foi dedicado a discussão
e interpretação do questionário, métodos e procedimentos para realização das entrevistas. O
segundo dia foi reservado a role plays entre os formandos, com o objectivo de garantir-se o domínio
do questionário (interpretação, sequencia e os links) e do funcionamento do aplicativo (KoboCollect
Tool), bem como a estratégia de implementação das actividades de campo.

Após o treinamento preparou-se a logística do trabalho de recolha de dados no campo.

(iii) Recolha de dados


Antes do início do processo de levantamento de dados a equipa de campo procedeu a apresentação
do trabalho nos governos dos distritos abrangidos pelo projecto, seguido da divulgação da
informação as comunidades afectadas, para garantir o acesso a informação sobre todo processo de
levantamento, incluindo a divulgação do projecto junto das PAPs pela liderança local.

Os dados quantitativos foram recolhidos através de questionários efectuados a agregados familiares


que vivem dentro da ZPP do Projecto, subsidiados de observações directas. O questionário levantou
informações relativas à composição dos agregados familiares (número de membros, idade, grau de
parentesco, línguas faladas, etc.), bens (infra-estruturas, campos agrícolas e culturas, árvores),
rendimentos, uso de serviços locais, locais sagrados, campas, comunicação e resolução dos
conflitos, expectativas em relação ao projecto, etc.

Mapeamento de todas as Infraestruturas – Procedeu-se ao mapeamento de todas as infraestruturas


que serão afectadas pelo projecto. Durante esta fase, foi realizada a confirmação e levantamento, de
todas infraestruturas e benfeitorias afectadas.

Os topógrafos levantaram informações de cada estrutura nomeadamente: tipo de estrutura e


atribuiu-se um código de registo único a cada AF pertencente ao grupo alvo. Este cadastro dos

34
imóveis das famílias afectadas, culminou com a produção de mapas de parcela de cada
infraestrutura.

O Equipamento GNSS usado para o mapeamento foi o Trimble Juno 5. O GNSS é um sistema de
navegação por satélite usado a nível global. Estes aparelhos garantem uma precisão até 10 cm.

Figura 10. Equipamento Trimble Juno 5

O estudo recolheu dados socioeconómicos que permitiu obter um bom entendimento do padrão de
vida das PAP. O censo focou-se nos seguintes tópicos:

➢ Coordenadas GPS dos agregados familiares;


➢ Características dos agregados familiares e Lazer;
➢ Conflitos e comunicação;
➢ Activos e padrão de consumo dos agregados familiares;
➢ Tipologias habitacionais (incluindo registo fotográfico);
➢ Água e saneamento;
➢ Educação e saúde;
➢ Lugares sagrados e património;
➢ Agricultura, actividades económicas e rendimento; e
➢ Expectativas dos agregados familiares relativamente ao Projecto.

Avaliação Qualitativa - Em simultâneo com o censo, conduziu-se entrevistas semiestruturadas com


os líderes comunitários. Estas entrevistas tiveram como objectivo, recolher dados gerais relativos a
cada comunidade que será atravessada pelo projecto. As entrevistas semiestruturadas abordaram os
seguintes tópicos:
➢ Dados de contacto do líder local;
➢ Grupos étnicos, religião e línguas faladas;
➢ Ocupação principal da população;
➢ Infra-estruturas sociais e sua localização;
➢ Lugares sagrados e sua localização;
➢ Actividades quotidianas da população;
➢ Percepção sobre o projecto; e
➢ Possível área anfitriã para o reassentamento.

De forma resumida, a figura abaixo ilustra a abordagem metodológica para o levantamento de dados

35
socioeconómicos e geográficos.

Figura 11. Fluxo Metodológico

A pesquisa socioeconômica foi aplicada as famílias de forma censitária na área servidão. A


administração do questionário prolongou-se por 10 dias, durante os quais foi possível enumerar
todos os activos situados dentro da área de servidão do projecto. Em alguns casos ainda permanece
por completar dados tais como nomes dos donos e outras características dos activos e dos
agregados familiares por não terem sido encontrados durante o acto de levantamento para fornecer
essas informações.

A análise de dados de campo - consistiu na sistematização da informação qualitativa recolhida junto


dos lideres locais.

A análise de dados quantitativos

O processo de limpeza, tratamento e análise de dados foi realizado utilizado as seguintes


ferramentas:
➢ Power Query – Limpeza e tratamento de dados;
➢ MS Excel – Análise de dados.

O Power Query é uma ferramenta de business intelligence utilizada no Excel como suplemento, que
permite extrair, transformar e carregar informações de várias fontes diferentes, além de fazer a
manipulação de dados conforme o contexto e as especificações. Para a análise de dados fez-se uso
do MS Excel, com especial destaque para a poderosa ferramenta Tabela dinâmica, que permite
calcular, resumir e analisar os dados possibilitando assim, ver comparações, padrões e tendências.

3.1.4 Limitações da Recolha de Dados


A recolha de dados teve algumas limitações, a saber:

36
➢ Acesso a algumas áreas foi dificultado pela ausência de estradas, principalmente na
comunidade de Nhantalala e no Bairro Jack na localidade de Maroeira, contudo estas áreas
são de florestas fechadas e montanhas.
➢ Durante o trabalho de campo para o levantamento do perfil socioeconómico foi
realizado no final do mês de Novembro a meados de Dezembro (2022) época em que parte
dos agricultores estão a preparar-se para lavoura (Início das chuvas), sendo que o número
de parcelas cultivadas mostraram-se menos que as cultivadas no mês de fevereiro-Março,
momento do Inventário da validação dos dados.

3.2 Consulta das partes interessadas


3.2.1 Primeira ronda de participação pública
A primeira ronda de participação pública teve lugar em simultâneo com o trabalho de campo do
censo e foi realizada nas comunidades que serão afectadas pela Faixa de Servidão (RoW: Right-of-
Way) do Projecto. A primeira ronda da Consulta Pública teve lugar a 9 de Dezembro de 2022.

O objectivo desta primeira ronda de participação pública foram:

➢ Apresentar o Projecto;
➢ Apresentar as actividades que serão desenvolvidas no processo de levantamento Físico
e Socioeconómico;
➢ Apresentar os possíveis impactos e as medidas de mitigação relevantes que poderão
resultar da implementação do Projecto, principalmente os potenciais impactos do
reassentamento;
➢ Fortalecer os canais de comunicação entre a equipa do Consultor, Proponente (grupos
de contacto) e o público; e
➢ Recolher e dar resposta a questões, comentários e sugestões sobre o Projecto, para
consideração no Relatório do EIAS.

A reunião de consulta pública foi organizada em coordenação com os líderes locais, foram
informados da data da reunião com cinco dias de antecedência, e foram solicitados para partilharem
a informação com a população local. No decorrer da reunião, todos os participantes foram dadas a
oportunidade de expressar suas preocupações, comentários ou sugestões referentes ao Projecto.
Foram compiladas listas de presença dos participantes e elaboradas minutas de cada reunião. A
tabela seguinte apresenta a localização e data da reunião.

Tabela 7. Localização e data das reuniões de participação pública – Primeira ronda

Vila de Songo - distrito de Chitima


Data: 9 de Dezembro
Hora: 10:00 – 12:00
Local: Local: Nos locais onde se realizam reuniões das comunidades ou vila
(Vila de Songo, Povoado de Maroeira, Povoado de Nhauriri, Povoado
Nhantarara, Vila de reassentamento de Cassoca, Localidade de
Chirodzi, Vila sede de Marara, Povoado de Catoe, Povoado de Mufa,
Povoado de Chigamba e Povoado de Chigamanda)

37
3.2.2 Segunda ronda de participação pública
A segunda ronda de participação pública teve lugar em simultâneo com o trabalho de campo do
censo e foi realizada nas comunidades que serão afectadas pela Row do Projecto. A segunda ronda
da Consulta Pública teve lugar a 16 de Dezembro de 2022.

O objectivo desta segunda ronda de Consulta Pública foram:

➢ Apresentar os resultados de levantamentos (benfeitorias e pessoas que serão afectadas


pelo projecto);
➢ Apresentar os possíveis impactos do projecto, principalmente os impactos que
poderão resultar do reassentamento;
➢ Apresentar as medidas de mitigação para minimizar o impacto do reassentamento;
➢ Apresentar a legislação nacional relativa ao processo de reassentamento e as melhores
práticas internacionais, incluindo os direitos das partes afectadas e a matriz de elegibilidade
de acordo com a PO 4.12;
➢ Clarificar a largura da Row do Projecto, em conformidade com o documento orientador
da EDM e fazer uma comparação com a Lei de terra;
➢ Debater sobre as possíveis áreas anfitriãs ao longo da Row do Projecto;
➢ Registrar as preocupações e comentários e clarificar as questões apresentadas pelos
participantes.

A reunião de consulta pública foi organizada em coordenação com os líderes locais, foram
informados da data da reunião com cinco dias de antecedência, e foram solicitados para partilharem
a informação com a população local. No decorrer da reunião, todos os participantes foram dadas a
oportunidade de expressar suas preocupações, comentários ou sugestões referentes ao Projecto.
Foram compiladas listas de presença dos participantes e elaboradas minutas de cada reunião. A
tabela seguinte apresenta a localização e data da reunião.

Tabela 8. Localização e data das reunião de Consulta Pública -segunda ronda

Sede de distrito de Marara


Data: 16 de Dezembro
Hora: 10:00 - 12:00
Local: Nos mesmos locais onde foram realizadas as primeiras reuniões.

3.2.3 Principais questões discutidas nas reuniões de Consulta Pública


Todas questões, sugestões, críticas, preocupações, comentários e pedidos de esclarecimento
apresentados pelos participantes nas reuniões de Consulta Pública e as respectivas respostas
fornecidas tanto pelos consultores são resumidas abaixo.

➢ Reassentamento: Os intervenientes, principalmente ao nível comunitário, revelaram-se


preocupados em relação as condições e a área de reassentamento populacional. Estes
reclamaram ainda a necessidade a realização de estudos detalhados para assegurar que as
pessoas não sejam reassentadas em áreas distantes as infraestruturas sociais (como escola,
hospital, comercio, eletricidade, fontes de água, etc). Fez-se referência a rumores segundo
38
os quais as pessoas seriam reassentadas em áreas de matas, o que levou a que fosse
esclarecido que não estavam definidas quaisquer áreas de reassentamento. O Consultor
explicou que um dos princípios inerentes ao reassentamento, que seria seguido pela EDM,
consiste em providenciar condições equiparáveis ou melhores do que aquelas que existiam
antes da implementação do projecto;

➢ Emprego: a falta de emprego foi uma questão levantada em todas as aldeias onde as
reuniões foram realizadas. Os intervenientes expressaram igualmente preocupação em
relação ao facto de grande parte da população não ter especialidades de eletricidade e
construção, o que alegadamente iria reduzir as possibilidades de serem contratado pela
EDM. O consultor explicou que seriam criadas oportunidades de emprego para os membros
das comunidades locais. A abordagem do consultor em relação a questão do emprego foi
sempre precaucionaria, com o ocbjetivo de se evitar a criação de expectativas irrealistas no
seio das comunidades.

➢ Benefícios directos do projecto: As comunidades manifestaram interesse em saber se


teriam benefícios do projecto de fornecimento de energia. Foi clarificado que a EDM tinham
competência para providenciar uma resposta a esse respeito, visto que o estabelecimento
de redes de distribuição de energia eléctrica e uma questão que cabe ao governo e a
empresa EDM, sendo efectuado em conformidade com as planos de desenvolvimento do
Governo.

3.2.4 Processo de participação pública: resumo de aspectos essenciais


De acordo com o Diploma Ministerial n.º 156/2014 e a PO 4.12, a Consulta pública é um dos
requisitos do processo de reassentamento e do Relatório de Levantamento Físico e
Socioeconómico. A primeira ronda teve lugar no dia 9 de Dezembro de 2022, onde foram realizadas
9 reuniões ao longo da linha, foi apresentado o projecto, os possíveis potenciais impactos, os
direitos, e esclarecimentos das questões.

A segunda ronda teve lugar no dia 16 de Dezembro de 2022, onde foram também realizadas 9
reuniões (as reuniões dos povoados de Nhauriri e Nhantarara foram realizadas em conjunto por
serem povoados vizinhos, o mesmo aconteceu para Chigamanda e Chigamba). Nestas reuniões
foram apresentados resultados de levantamentos, famílias impactadas, potenciais impactos,
esclarecimento sobre a largura do RoW. Foram debatidas as possíveis áreas de reassentamento com
as comunidades. No decorrer da reunião foram esclarecidas as duvidas, preocupações e as soluções,
cujas mesmas não diferem das questões levantadas na primeira consulta pública.

4. POTENCIAIS IMPACTOS DO REASSENTAMENTO


4.1 Visão geral
O projecto prevê a construção de uma linha de transporte de energia eléctrica de 400 kV suportada
por torres metálicas ao longo de um comprimento total de cerca de 118 km. As actividades de
39
construção, operação e manutenção ou reparação da faixa de servidão e da linha de transporte
envolverão o acesso periódico às estruturas.

As características da faixa de servidão (50 metros) e do equipamento nesta existente, bem como as
restrições sobre o uso da faixa de servidão pela população, baseiam-se na legislação nacional como
apresentado no capítulo 3 e em normas técnicas internacionais, incluindo a protecção contra
campos electromagnéticos.

A maioria dos impactos (directos e indirectos) serão sentidos dentro e ao redor da faixa de servidão,
até aproximadamente 50 m. Não existe nenhum agregado familiar afectado localizado na área da
subestação ou no realinhamento da estrada.

Na fase de pré-construção os impactos directos mais importantes serão aqueles associados ao


deslocamento de estruturas, a indisponibilidade permanente das terras sob as torres, e ao abate de
árvores com mais de 5 m de altura, enquanto que as actividades de construção terão impactos
negativos (poeira, ruído, etc.) e impactos positivos (emprego, capacidade de compra de produtos
locais por trabalhadores e empresários, etc.). De salientar que as estradas de acesso temporárias ou
permanentes, câmaras de empréstimo, área de armazenamento de equipamento e o acampamento
de trabalhadores, também irão causar impactos durante a sua construção e desmantelamento. No
entanto, a localização exacta destes componentes é desconhecida e será determinada pelo
empreiteiro responsável pela construção da linha. Os princípios do PR para compensação se
aplicarão a todas as estruturas temporárias e câmaras de empréstimo e os acordos de entrada e
saída das terras serão determinados juntamente com as pessoas afectadas.

Para os agregados familiares e comunidades afectadas pelo Projecto, os impactos negativos que
podem ocorrer durante a fase de construção da linha de transporte e que são relacionados ao
reassentamento incluem:
➢ Perda de terras;
➢ Perda de árvores e danos nas culturas agrícolas;
➢ Perda de meios de subsistência;
➢ Reassentamento das estruturas dos agregados;
➢ Reassentamento de estruturas comerciais, como lojas;
➢ Impactos sobre os bens comunitários como abastecimento de água e outros serviços;
➢ Deslocamento ou perda de locais sagrados (ex.: área sagrada).

Os principais impactos de longo prazo, no local de implantação das torres e da subestação, e limpeza
da faixa de servidão, são:

➢ Perda de áreas de cultivo sob as torres e áreas de plantio de árvores na faixa de


servidão permanente;
➢ Proibição de construção de qualquer estrutura (casas, alpendres, etc.) na faixa de
servidão.

40
4.2 Impactos do Projecto

4.2.1 Terra e Actividades Agrícolas


Os impactos serão permanentes de baixo das torres, pois os camponeses não poderão continuar a
usar a terra em baixo das torres, mas poderão continuar a cultivar no resto da faixa de servidão. No
entanto, não será permitido ter árvores com mais de cinco metros de altura.

Além disso, a destruição das colheitas pelas máquinas durante a manutenção da linha de energia
poderá ser evitada se as actividades de manutenção forem realizadas fora das épocas de cultivo e
pastagem ou com aviso prévio.

O impacto económico para os agricultores que percam 20% ou mais da sua terra produtiva, devido a
uma torre, poderia ser significativamente maior. Serão dadas várias formas de apoio às PAP para
mitigar os efeitos negativos, tais como a assistência na procura de novas terras para a agricultura,
limpeza e preparação de terras alternativas com características semelhantes na mesma área. Esse
apoio será importante tendo em conta que uma grande quantidade de parcelas é relativamente
pequena (menos de 1.5 ha, ver secção 6.6.3).

Tendo em consideração a assistência que será providenciada, o impacto económico permanente


para a terra sob as torres e actividades agrícolas será mitigado, especialmente visto que os
agregados familiares terão tempo suficiente para se prepararem, serão devidamente compensados e
receberão tantos benefícios quanto possível (empregos durante a construção, restauração de solos
compactados, posse da madeira cortada nos seus terrenos, etc.).

4.2.2 Estruturas Privadas e Comunitárias


Para além dos impactos nas actividades agrícolas, o projecto envolverá a relocação de estruturas
(casas, estruturas secundárias e comerciais) actualmente localizadas na faixa de servidão. Na maioria
dos casos, estas serão destruídas e reconstruídas:

1. Na parcela original se houver espaço suficiente fora da faixa de segurança;


2. Em parcelas de terreno adjacentes,
3. Noutro local da comunidade, se os agregados familiares afectados assim o entenderem.

O espaço para esta operação está disponível em zonas rurais atravessadas pelo projecto, uma vez
que a área necessária para cada parcela deslocada é limitada. Além disso, as regras consuetudinárias
requerem que os chefes das comunidades e a comunidade respondam à necessidade de parcelas
para a reconstrução de residências. Por isso, o impacto no estilo de vida desses agregados será
consideravelmente reduzido. Com efeito, as PAP serão reassentadas perto do seu local de residência
original sem terem que se deslocar para outras comunidades, tendo acesso às mesmas terras
aráveis.

Contudo, essa transferência irá resultar numa perda de tempo, rendimento e perturbação da
organização da vida diária dos agregados familiares afectados. Com o estabelecimento de
procedimentos de viagem (ex. tempo adequado) e medidas de compensação adequadas e eficazes
(ex. a reconstrução de casas e de estruturas relacionadas, antes da destruição das estruturas
afectadas, apoio ao reassentamento, etc.), o impacto do projecto sobre os agregados familiares
afectados fisicamente será minimizado.

41
Será necessário assegurar que os agregados afectados recebem uma compensação adequada e que
as novas casas sejam construídas antes do início das actividades de construção.

Nos casos em que tal não é possível devido à indisponibilidade de terra para a nova habitação dentro
da actual terra pertencente à PAP, será fornecida assistência especial para encontrar terra
equivalente noutra área que sirva para o reassentamento do agregado e para a produção agrícola.
Com procedimentos de reassentamento adequados e medidas de compensação apropriadas e
vantajosas (ex. a reconstrução de casas e de estruturas relacionadas, antes da destruição das
estruturas afectadas, apoio ao reassentamento, etc.), o impacto do projecto sobre os agregados
familiares afectados fisicamente será minimizado. O tempo e a assistência adequados para apoiar as
comunidades e as famílias são cruciais para minimizar o impacto nestes reassentamentos.

4.2.3 Sepulturas e Locais Sagrados


Um local sagrado comunitário, localizado na faixa de servidão, sofrerá impacto com a construção da
nova linha. Os impactos serão, no entanto, limitados pelas compensações concedidas e as medidas
de mitigação que serão aplicadas. O local sagrado identificado na área da servidão do projecto não
apresenta nenhuma infraestruturas e nem árvores (esta área sagrada é usada para fins de dança
cultural de nome Nhau) pertencente à comunidade de Cateta no distrito de Cahora Bassa.

4.3 Impacto sobre as Mulheres


As mulheres são frequentemente as primeiras vítimas de um reassentamento mal planeado ou mal
executado. Por causa da discriminação de género, as mulheres não têm acesso aos recursos e
oportunidades necessárias para melhorar as suas condições de vida. A validação dos dados
socioeconómico realizado na área do projecto indicou que a grande maioria dos terrenos são
propriedade de homens (73% de 232AF), o que deixa as mulheres numa situação desfavorável.

Podem ser encontrados casos de violência de género (VG) durante o processo de reassentamento,
uma vez que o deslocamento de pessoas e o pagamento de compensações representam um risco de
VG. Isto é particularmente verdade quando a compensação é paga em dinheiro aos homens. Uma
vez que a propriedade e o controle sobre os recursos são limitados, as mulheres estão restritas a um
papel menos preponderante nos processos de tomada de decisão. A experiência adquirida mostrou
que, em alguns casos, os homens gastam o dinheiro em vez de investi-lo no reassentamento da
família ou que procuram casar novamente com outra mulher e abandonar a família. As mulheres
muitas vezes são ignoradas quando as compensações são negociadas e distribuídas. No caso de
mulheres solteiras chefes do agregado familiar, alguns membros da família também podem tentar
receber o dinheiro da compensação porque no passado as ajudaram a construir a casa. Esta situação
ilustra a importância das compensações em espécie (terreno por terreno e casa por casa), em vez de
dinheiro. Se for estabelecido um mecanismo de controle e informação esses riscos também poderão
ser reduzidos (ver Capítulo 9).

No entanto, para além desta possibilidade os impactos do projecto sobre as mulheres serão
principalmente relacionados com o facto de as mulheres serem principalmente responsáveis pelo
trabalho de campo e pela produção agrícola, que é a sua principal actividade de subsistência, e estas
actividades agrícolas serão afectadas pelo projecto. As mulheres na área do projecto são bastante
jovens, 13.4 % têm entre 10-20 anos e 12.8% têm entre 21-40 anos. Apenas 6.6% tem mais de 50
anos. Além disso, quando analisado por sexo, os chefes de AF do sexo feminino têm, em média, um

42
nível de escolaridade inferior a dos homens. Apenas 2.6 % dos CAFs do sexo feminino (de 232 AF)
frequentou o ensino secundário (ESG1 e ESG2), e 5.7% frequentou o ensino primário (EP1 e AP2) e a
maioria, 15% não frequentou a escola.

4.4 Impactos sobre os Grupos Vulneráveis


As características de alguns membros dos agregados, tornam-nos mais vulneráveis ao
reassentamento físico e/ou económico gerado pelo projecto. De acordo com o IFC, 2002, pessoa
vulnerável significa:

"As pessoas que, em virtude do género, etnia, idade, deficiência física ou mental, desfavorecimento
económico, ou status social podem ser mais afectadas negativamente pelo reassentamento do que
outras e que podem estar limitadas pela sua capacidade de reivindicar ou tirar vantagem" (IFC,
2002).

Os grupos vulneráveis neste projecto são os agregados chefiados por mulheres e/ou viúvas, ou por
crianças e idosos, bem como agregados com membros que sejam portadores de deficiência ou que
vivam com doenças crónicas graves, e ainda os agregados familiares que perderem 80% ou mais das
suas terras agrícolas.

O reassentamento é mais difícil para as pessoas vulneráveis do que para as outras pessoas que
tenham sido fisicamente ou economicamente deslocadas. A mudança, a reconstrução e o
reassentamento podem levar mais tempo, devido a limitações adicionais que enfrentam e/ou à sua
reduzida capacidade de adaptação. Além disso, a nível económico, algumas PAP vulneráveis podem
sofrer impactos significativos sobre os seus rendimentos (ex. perda de produção agrícola ou de
rendimentos do comércio informal).

Medidas mitigadoras específicas, como, por exemplo, dar prioridade à população e empresas locais
nas oportunidades de emprego e compra e deixar os membros capazes dessas famílias trabalhar nas
suas terras (corte de árvores, reconstrução, etc.), deixando-os fazer uso das árvores cortadas e do
material que sobra das casas afectadas ou de outras estruturas (casas, alpendres, etc.), podem
ajudar essas famílias economicamente vulneráveis a manter os seus meios de subsistência e
rendimentos.

Ao mesmo tempo, algumas pessoas vulneráveis estão em maior risco de fraude, roubo ou ameaça,
especialmente quando são dadas compensações em dinheiro. A distribuição da compensação pode
tornar estas pessoas mais vulneráveis a pressões sociais e familiares que possam reduzir a sua
capacidade de usar os fundos. Estes impactos negativos podem ser mitigados, assegurando a
colaboração de líderes legítimos e um acompanhamento adequado com as PAP em relação à
distribuição e gestão da compensação.

Os custos administrativos dos procedimentos de compensação devem ser reduzidos ao mínimo,


sobretudo para as famílias vulneráveis, dando-lhes informação atempada e acesso melhorado para
reduzir a tensão do processo de compensação e, em última análise, minimizar os custos adicionais.

4.5 Riscos
Os seguintes riscos e dificuldades previstas para este projecto estão relacionadas a vários tipos de
problemas:

43
1) Reassentamento e compensação: Uma gestão deficiente da compensação e
reconstrução poderia criar frustração/conflitos entre as PAP e atrasar o projecto. Se as negociações
se estenderem por um longo período e/ou tiverem que ser resolvidas um número significativo de
reclamações, podem ocorrer atrasos no processo de PR. Algumas das medidas que podem reduzir
este risco são: A transparência no estabelecimento de compensações e das taxas de avaliação
utilizadas, a supervisão do processo por uma ONG de seguimento, a rápida criação de Comissões
Locais de Reassentamento e mecanismos de resposta a reclamações, bem como uma rápida
implementação do PR.
2) Invasões: Alguns oportunistas podem sentir-se tentados a ocupar a faixa de servidão do
projecto para receber compensações e devem ser tomadas medidas para evitar esta situação. Os
líderes comunitários e as PAP devem ser sensibilizados para a data limite (após a qual não serão
permitida a construção de novas estruturas na faixa de servidão) durante as actualizações dos
levantamentos associados à implementação do PR. A rápida implementação do projecto irá também
ajudar a minimizar este risco.
4.6 Área de Influência Directa
A Área de Influência Directa (AID) do Projecto corresponde à combinação de duas áreas:

˗ A área de implantação do projecto (a área directamente ocupada pela linha de energia e


subestação);
˗ A área onde provavelmente se farão sentir os impactos directos decorrentes da construção e
operação do Projecto.

A área de implantação do projecto incluí a área ocupada pela Faixa de Servidão da linha, a
subestação de Matambo e o realinhamento da Estrada N 301. Na fase de construção, a área de
implementação inclui também as infra-estruturas de apoio, tais como estradas de acesso
temporárias, acampamentos de construção, áreas de empréstimo, zonas de deposição, etc.

Prevê-se que estas infra-estruturas de apoio se localizem na proximidade imediata da linha de


transporte. Nesta área serão sentidos vários impactos directos, tais como, a remoção da vegetação,
decapagem de solos, etc., mas os mesmos serão restritos à área de implantação.

Os impactos directos do projecto também serão sentidos fora da área de implementação, nas
comunidades atravessadas pela faixa de servidão. Prevê-se que sejam sentidos impactos directos do
reassentamento nas aldeias e comunidades atravessadas pelo, ou próximas, do traçado.

44
6. PERFIL SOCIOECONÓMICO DAS POPULAÇÕES AFECTADAS
6.1 Considerações gerais
O presente capítulo tem como objectivo apresentar o contexto administrativo do distrito de Marara e
de Cahora Bassa, bem como realizar uma análise demográfica e socioeconómica da população
directamente afectada pelo projecto. Estas informações serão cruciais para a elaboração do RAP e
para garantir que o reassentamento dos agregados familiares ocorra de forma adequada. Nesta
secção, serão descritos os agregados familiares com base na metodologia desenvolvida para produzir
informações sobre a situação de referência anterior ao projecto.

De acordo com o levantamento do perfil socioeconómico da faixa de ZPP e a sua validação, foram
identificadas 238 parcelas, das quais 57 são habitações, 147 são machambas, 30 são habitações com
machambas na mesma parcela e 4 empreendimentos (2 currais, 1 aviário comercial e 1 barraca/loja
isolada), conforme apresentado na tabela 9. Estas parcelas pertencem a 232AF, visto que 6 AF têm
duas parcelas afectadas.

A análise geral dos dados inclui informações dos 168 agregados familiares entrevistados durante o
levantamento socioeconómico. As variáveis analisadas foram as seguintes: relação dos membros com
o CAF, o estado civil, a faixa etária, o sexo e o género dos AF, a poligamia no CAF, a língua falada pelos
AF, o decisor no gasto do dinheiro do AF, os locais onde os membros do AF passam o tempo livre, a
principal religião do AF, a saúde dos AF, os tipos de construção em diferentes tipos de infraestruturas,
a titularidade da habitação, a presença de DUAT, o acesso a energia, água, saneamento,
comunicações e transportes. Também foram analisadas as actividades de subsistência e rendimento
dos membros do AF.

Por outro lado, durante a validação dos dados foram inquiridas 223 membros do AF. No entanto,
variáveis analisadas e actualizadas foram as seguintes: sexo, idade, educação do CAF, o número de
estruturas habitacionais dos AF, a tipologia da casa principal, a tipologia do material de construção
utilizado, a titularidade da habitação, actividades de rendimento, a quantidade de animais criados
pelos AF, as culturas agrícolas praticadas pelos AF afectados e as árvores com valor económico que os
AF tem e vulnerabilidade. Por outro lado, para 4 AF proprietários de currais, aviário e barraca foi
realizado um inquérito sobre os rendimentos e a analise foi efectuada de forma isolada.

A figura a seguir apresenta a localização das áreas e parcelas afectadas pelo projecto na Zona de
Proteção Parcial (ZPP). Essas áreas correspondem às parcelas de habitações, machambas, e aquelas
que possuem tanto habitações quanto machambas.

45
46
Figura 12. Localização de AF das áreas/parcelas que serão afectados pelo projecto

6.2 Estrutura e organização dos agregados familiares


6.2.1 Demografia
A província de Tete situa-se na região centro do país. A Norte é limitada pelas Repúblicas da Zâmbia e
Malawi, a Sul faz fronteira com a República do Zimbabwe e com as províncias de Sofala e Manica, a
Oeste o Rio Aruângua separa a República da Zâmbia e do Zimbabwe e a Este faz fronteira com a
República do Malawi e com a província do Zambézia, através do rio Chire. A província de Tete ocupa
uma superfície total de 100 749 km².

No geral, a estrutura etária dos residentes da província de Tete mostra uma população jovem, com
idade inferior a 15 anos e não economicamente activa, que representa cerca de 52,2%. A
percentagem da população dos grupos etários mais avançados é progressivamente mais baixa devido
a alta taxa de mortalidade e baixa esperança de vida que afecta estes grupos etários.

Cerca de 78,45% dos agregados familiares da Província de Tete residem em zonas rurais, onde mais
que 40% da população dos distritos de Cahora Bassa, Changara e Marara são famílias nucleares com
filhos. Como mencionado acima, o projecto atravessará 3 distritos, mas de acordo com o trabalho de
campo apenas 2 distritos terão PAP, nomeadamente, Marara e Cahora Bassa. A tabela abaixo mostra
o número de AF entrevistados por distrito, Posto administrativos, localidade e comunidade/Bairro, de
acordo com os respondentes e liderança local.

47
Número de Percelas identificadas
AF
AF
Posto entrevistad Habitações Empreen
Distrito Localidade Comunidade entrevistado
Administrativo os na Habitações Machambas & di-
s no Censo
validação* Machambas mentos

Cachembe Cassoca 26 32 16 13 1 2
Marara
Chancocoma Nhamatua 9 10 0 10 0 0
Boroma
Mitsanha 5 6 0 6 0 0
Sede
Marara
Matamo
Mufa Boroma 33 37 4 31 2 1
Mufa- Bridge
Caconde Matamo
7 9 0 9 0 0
Sede
Bairro Jack 16 18 0 16 2 0
Maroeira Cancoma 11 23 0 23 0 0
Cahora Nhantalala 14 26 0 24 2 0
Songo
Bassa Cateta 16 29 5 13 14 0
Vila Songo Julius
31 42 32 2 9 1**
Nyerere
57 147 30 4
Total 168 232
238
Tabela 9. Número de AFs entrevistados por comunidade

*Parte dos Agregados familiares entrevistados na fase de validação de dados socioeconómicos estavam ausentes durante o período
socioeconómico e aqueles que abriram novas machambas e/ou habitações.
** O proprietário da barraca isolada estava ausente. Encontra-se na África do Sul a trabalhar, pelo que encerrou o negócio.

A maioria de parcelas afectados (143 parcelas) localizam-se no distrito de Cahora Bassa, pois é aqui
que a linha de energia vai cruzar a área com a maior número de residências (64).

Dos 168 agregados familiares entrevistados durante o período socioeconómico, constatou-se que um
número estimado de 873 pessoas reside nos AFs que estão dentro da ZPP do projecto. No que diz
respeito à estrutura familiar destes agregados verificou-se que o número de membros varia de 1 a 12,
maioritariamente formados pelo casal, filhos, netos e sobrinhos, isto é, os AF são maioritariamente
constituídos por membros da família imediato do AF, conforme pode-se observar na figura abaixo. A
dimensão media dos agregados familiares no conjunto de dados é bastante elevado (5.31) quando
comparada com a média distrital, provincial e nacional, que se situam, actualmente, em 4.4, 4.5 e 4.2,
respectivamente (INE 2017). Entende-se, geralmente, que elevadas dimensões médias de agregados
familiares estão associadas a níveis mais elevados de vulnerabilidade e dependência (BM 2016).

48
Figura 13. Relação dos membros do AF com o CAF

Em termos do estado civil, de um total de 893 membros, os dados mostram que a maioria (62.7%) é
solteira.

Figura 14. Estado civil dos membros dos AF afectados

Pode-se inferir que a população na área do projecto é relativamente jovem, representada por uma
percentagem elevada de crianças e jovens abaixo de 20 anos, que em conjunto representam 56%, e
uma percentagem pouco representativa do grupo etário dos idosos, a registar apenas 7%. Verifica-se
ainda uma predominância do sexo masculino, embora pouco proeminente (52%).

A estrutura etária da população afectada, apresentada na figura seguinte, é típica de uma


comunidade em desenvolvimento, onde os jovens representam a maioria da população, com poucas
pessoas idosas. Isto deve-se em parte à baixa esperança de vida, que é inferior a 45 anos (INE, 2007).

49
Figura 15. Percentagem da população por grupo etário, dessegregado por sexo

Com base nas entrevistas realizadas aos 228 agregados familiares durante a validação de dados
socioeconómicos, verificou-se que, embora a distribuição geral da população por género seja
relactivamente homogénea, com 52% de homens e 48% de mulheres, a maioria dos agregados
familiares entrevistados é chefiada por homens (73%).

Figura 16. Agregados familiares e os membros, desagregados por sexo

Para além da maior parte de 228 famílias afectadas ser chefiada por homens, a faixa etária mais
comum entre os chefes de família masculinos é entre 30-39 anos (19%) e 40-49 anos (19%). Outros
11% dos chefes de família masculinos estão na faixa etária de 20-29 anos e outros 12 % na faixa etária
de 50-59 anos, e por outro lado 13% são homens idosos com 60 anos ou mais. As mulheres chefes
estão na sua maioria, nas faixas etárias de 30-39 e 50-59, com 7% e 6 %, respectivamente.

50
Figura 17. Percentagem do chefe do AF por grupo etário, dessegregado por sexo.

Com base nas entrevistas realizadas aos 168 agregados familiares durante o período socioeconómico,
os dados levantados indicam que a maioria dos chefes de família (74%) vive em alguma forma de
matrimónio, isto é, casado de facto. Desta forma, esses dados sugerem que a maioria dos agregados
familiares entrevistados tem uma estrutura familiar tradicional.

Por outro lado, o número de chefes de família divorciados é muito baixo, correspondendo a apenas
4% do total, o que indica a estabilidade dos relacionamentos conjugais nos agregados familiares
entrevistados. Apenas 5% dos chefes de agregados familiares são solteiros, conforme ilustrado na
figura abaixo.

Figura 18. Estado civil dos chefes dos AF afectados

Dos AFs chefiados por homens, 20% mencionaram terem relações polígamas, o que é bastante
comum nas regiões do centro do país, e os dados indicam que 77% desses chefes de família do sexo
masculino têm dois cônjuges, e os restantes chefes de família tem 3 a 4 esposas.

51
Figura 19. Percentagem de Chefes de família polígamos

6.2.2 Etnicidade e Organização dos Agregados Familiares


Com base na entrevista de 168 AF durante o período socioeconómico, a população dos distritos
abrangidos pelo projecto obedece ao padrão e cultura de vida de quase toda a província de Tete. A
língua local predominante é Nhúngué, e constitui o principal património cultural. Adicionalmente, a
manifestação cultural da região é caracterizada por diversas expressões artísticas como as artes
cénicas, destacadas pelas músicas e danças tradicionais típicas.

Existe uma grande variedade de danças locais praticadas pela população. Dentre elas o Mafue e Nhau
são as mais conhecidas. Estas danças são praticadas como forma de reafirmar a identidade cultural e
exteriorizar o estado de tristeza e de culto, sendo praticadas em festas, recepção de pessoas
importantes, cerimónias relacionadas com falecimento, entre outras.

A população desta região acredita nos antepassados e no facto destes atribuírem poderes eternos
para ajudar os vivos a superar as crises e dificuldades e a conseguirem o bem-estar. Por essa razão, é
comum a organização de cerimónias tradicionais para a evocação dos seus espíritos.

Nos distritos de Cahora Bassa e Marara as etnias predominantes são Phimbi e Nhúngué,
respectivamente. De acordo com os líderes comunitários as principais línguas faladas entre as PAPs
são Nhúngué, Chichewa e Português. Os dados mostram que a grande maioria (95%) dos agregados
familiares que vive dentro da ZPP do Projecto pertence ao grupo étnico-linguístico Nhúngué,. Apenas
4% dos entrevistados mencionaram o Português como a principal língua falada no AF.

Figura 20. Principais línguas faladas em casa, nas zonas de estudo

52
De acordo com os líderes comunitários normalmente, a gestão da propriedade e dos activos do AF é
da responsabilidade do homem, embora eles também participem na agricultura, pecuária, pesca,
construção de casas e actividades comerciais, como a venda de lenha e carvão.

As mulheres são geralmente responsáveis pelas tarefas da casa (cozinhar, ir buscar água, limpeza,
lavagem de roupa e tomar conta das crianças) e pela maior parte das actividades agrícolas (lavoura,
sementeira, sachas, colheitas e processamentos dos produtos agrícolas). As mulheres são também
responsáveis pela organização do AF.

O inquérito socioeconómico mostrou que na maioria dos agregados familiares (56%) o chefe do
agregado familiar é quem decide como deve-se gastar o dinheiro ganho pelos membros da família,
embora em alguns AFs (22%) o CAF decide em conjunto com o seu conjugue.

Figura 21. Quem decide como gastar o dinheiro no Agregado familiar

Com base na entrevista de 168 AF durante o período socioeconómico, a maior parte dos membros do
agregado familiar quando questionados sobre onde passam o seu tempo livre, 53.3% da população
respondeu que ficam em casa, 13.7% respondeu que vão até à casa dos seus familiares, cerca 13%
vão à igreja e apenas 11% mencionaram que vão a casa dos seus amigos.

Figura 22. Locais onde os membros do AF passam maior parte do tempo livre

53
6.3 Religião, cemitérios e rituais locais
6.3.1 Religião e Templos Religiosos
No que diz respeito a religião dos distritos abrangidos pelo projecto, segundo o censo
socioeconómico, a maioria das famílias dentro da ZPP não profetizam nenhuma religião (37.5%), 18%
descrevem-se como Cristãos praticantes, 12.5% praticam outras religiões tais como Nazareno,
Espirito Santo, etc, 11.9% São católicos. A figura abaixo ilustra as principais religiões praticadas pelos
agregados familiares. Durante o levantamento das infraestruturas e património cultural não foram
identificados templos religiosos dentro da faixa de servidão.

Figura 23. Principal religião mais falada no Agregado Familiar

6.3.2 Lugares sagrados


Segundo o líder comunitário da comunidade de Cateta, no distrito de Cahora Bassa, mencionou a
existência de um local sagrado, chamado Nhau que está localizado dentro da Zona de Proteção
Parcial (ZPP). Por sua vez, este local sagrado é frequentemente usado para a realização de cerimónias
tradicionais que evocam os espíritos locais em momentos de crise e dificuldades, como a falta de
chuva e a busca pelo bem-estar das famílias.

6.3.3 Cemitérios
Durante o levantamento de campo nas comunidades do distrito de Marara e Cahora Bassa, os líderes
comunitários mencionaram a existência de cemitérios comunitários. No entanto, não foram
encontrados cemitérios ou sepulturas dentro da faixa de servidão.

É importante destacar que a resposta dos chefes de agregados familiares e dos líderes comunitários
foram unânime em relação à não prática de sepultamentos em parcelas de habitações e em parcelas
de machambas. Segundo os líderes essa é uma prática não apenas proibida, mas também inadequada
e desrespeitosa para com os falecidos e suas famílias.

54
6.4 Serviços sociais básicos
6.4.1 Educação
Em Moçambique, o sistema educativo está dividido da seguinte forma:

• 1.º Ciclo do Ensino Primário (EP1), 1.ª à 5.ª Classe;


• 2.º Ciclo do Ensino Primário (EP2), 6.ª e 7.ª Classes;
• 1.º Ciclo do Ensino Secundário (ESG1), 8.ª à 10.ª Classe;
• 2.º Ciclo do Ensino Secundário (ESG2), 11.ª e 12.ª Classes;
• Ensino Técnico-Profissional;
• Ensino Superior.

Na República de Moçambique a educação é tida como direito e dever de todos os cidadãos, ou seja,
um meio para a afirmação e integração de um indivíduo na vida social, económica e política,
indispensável para o desenvolvimento do país e erradicação da pobreza.

Os dados sobre educação, derivados do inquérito socioeconómico mostram-se bastante coerentes


com a realidade da província do Tete. Os dados colhidos, revelam que o nível de educação é
extremamente baixo e mesmo pelos padrões provinciais, o que é, no entanto, compreensível, dado
que as comunidades rurais, em geral, têm níveis de educação significativamente mais baixos.

Ao analisar os níveis de escolaridade do CAF obtidos durante a entrevista dos 228 AF durante o
período validação dos dados, concluiu-se que uma elevada percentagem (35%) não tiveram qualquer
escolaridade, 35% frequentaram o ensino primário (EP1 e AP2), e apenas 16% dos chefes de família
frequentaram o ensino secundário (ESG1 e ESG2), aproximadamente 1 % mencionou ter frequentado
a universidade e 0.88% não respondeu o seu nível de escolaridade. Quando analisado por sexo, os
chefes de AF do sexo feminino têm, em média, um nível de escolaridade inferior. Isto leva a que os
AFs chefiados por mulheres sejam, em média, mais vulneráveis, dado que tendo um nível de
escolaridade inferior, as chefes destes AFs enfrentarão dificuldades em conseguir encontrar um
emprego formal. Apenas cerca 2.6% chefe de agregado familiar do sexo feminino frequentou o
ensino secundário (ESG1 e ESG2), e 5.7% frequentou o ensino primário (EP1 e AP2). Os dados
indicam que 15% dos chefes de família do sexo feminino não têm qualquer tipo de educação, contra
20% dos chefes de família do sexo masculino. A figura abaixo o nível de educação dos chefes de
família.

Figura 24. Nível de escolaridade dos chefes dos AF desagregado por sexo

55
Em geral, os dados indicam que o nível actual de educação dos membros do AF é apenas ligeiramente
inferior ao dos chefes dos agregados familiares, com 41.5% da totalidade dos membros dos
agregados sem qualquer forma de escolaridade formal. Os dados indicam que 34% frequentaram o
ensino primário, 8.8% frequentaram o ensino secundário e que 0.6% frequentaram uma escola
técnica profissional. A tabela abaixo ilustra o nível de educação de todos os membros dos agregados
familiares.

Durante o trabalho de campo não foram identificadas escolas dentro da ZPP do projecto.

Tabela 10. Nível de escolaridade dos membros dos agregados familiares potencialmente afectadas

Formação
Faixa
Primário Secundário Universitário técnica Nenhum Outro
etária
Profissional
0 - 10 3.2% 0.1% 0.0% 0.0% 19.8% 3.7%
10 - 20 14.9% 2.7% 0.1% 0.2% 7.1% 3.8%
20 - 30 5.5% 3.2% 0.6% 0.1% 3.0% 1.5%
30 - 40 5.0% 2.0% 0.3% 0.2% 2.5% 1.3%
40 - 50 2.4% 0.4% 0.0% 0.0% 1.9% 1.6%
50 - 60 2.1% 0.1% 0.0% 0.0% 2.8% 1.0%
60 - 70 0.8% 0.2% 0.0% 0.0% 2.6% 0.9%
70 - 80 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.7% 0.1%
80 > 0.1% 0.0% 0.0% 0.0% 1.2% 0.1%

6.4.2 Saúde
Nas comunidades e Vilas localidades atravessadas pelo projecto, existem seis unidades sanitárias,
sendo dois hospitais rurais de Songo e Marara, um centro de saúde na comunidade de Cassoca e três
Postos de Saúde que providenciam serviços primários de saúde. As distâncias que os AFs percorrem a
unidades sanitários são razoáveis, o que significa que a população que reside nessas comunidades
não tem de andar grandes distâncias para ter acesso a serviços de saúde. Durante a entrevista de 168
AF durante o período socioeconómico, todas as infra-estruturas de serviços públicos (incluindo
serviços de saúde e educação) que estão acessíveis e são utilizados pelos AFs afectados serão
identificados e considerados em relação ao processo de reassentamento.

6.4.2.1 Locais de Tratamento de Enfermidades


Segundo o censo socioeconómico, 98% dos agregados familiares afirmaram recorrer a unidade
sanitária para o tratamento em casos de doenças, e menos de 5% dos agregados familiares afirmaram
recorrer ao médico tradicional, outros optam pelo remédio caseiro e uma parte destes agregados
familiares não fazem nada para combater as doenças. Ademais, nas comunidades de Matamo Brigde,
Matamo Sede e Mithanha no distrito de Marara assim como as comunidades de Nhantalala e
Cancoma no distrito de Cahora Bassa são beneficiados pelos serviços hospitalares de médicos
ambulantes designados APEs-Agentes Polivalentes da Saúde.

Durante o trabalho de campo não foram identificadas unidades sanitárias dentro da ZPP do projecto.

56
Figura 25. Tipos de unidades sanitárias usadas pelos agregados familiares

6.4.2.2 Saúde dos agregados familiares


O censo socioeconómico mostrou que cerca de 35 (21%) dos AFs tem pelo menos um membro que
padece de alguma doença crónica. As figuras abaixo mostram que 25% dos AFs padecem de
asma/problemas respiratórios, 17.5 % de problemas nos ossos, 17.5% de tosse persistente, 10% tem
HIV/SIDA, 5% tem convulsões e menos de 5% dos AFs padecem de pressão arterial. Por outro lado, o
censo mostrou que as doenças mais comuns, nos últimos 12 meses, entre os agregados familiares
que vivem dentro na área afectada, foram malária/febre, tosse, diarreia, gripe, dor de dentes e
tuberculose.

A: Doenças crónicas

57
B: Doenças nos últimos 12 meses

Figura 26. Percentagem de membros do AF com: A) Doenças crónicas e B) Doenças nos últimos 12
meses

Relativamente a casos de deficiência, o censo mostrou que todos agregados familiares padecem de
pelo menos um tipo de deficiência. A figura abaixo mostra que cerca de 33% dos agregados familiares
tem membros com deficiência visual, 28% com deficiência auditiva, 24% com deficiência física, 11%
com deficiência mental e menos de 5% dos agregados tem deficiência múltipla. Para o combate a
estas doenças, apenas 3.8% dos agregados familiares recebem apoio de entidades privadas, como
INSS, entre outras.

Figura 27. Percentagem de Membros do AF com deficiência

Para além das doenças nos agregados familiares, a figura abaixo mostra que um total de 27 agregados
familiares perderam membros por morte nos últimos 12 meses, em outras palavras,
aproximadamente 16% dos agregados familiares tiveram a morte de pelo menos um membro,
durante o ano passado.

58
Figura 28. AF que perderam Parentes nos últimos 12 meses

6.5 Habitação e serviços


6.5.1 Habitação e empreendimentos
Com base na validação de dados socioeconómicos constatou-se um total de 87 AF com parcelas de
habitações dentro do ZPP, dos quais, 23 são do distrito de Marara e 64 são do distrito de Cahora
Bassa. Em cada parcela de PAPs, pode ter mais de duas (2) estruturas habitacionais, das quais a casa
principal, casa secundária, dependências, cozinha externa, casa de banho externa, quartos externos,
celeiro, curral, alpendre, entre outros compartimentos. Porém existem 4 parcelas que não
apresentam casas principais, mas sim apenas obras, quartos e/ou dependências. Para além das
infraestruturas habitacionais foram identificadas estruturas de rendimento, conforme atesta a tabela
abaixo.

Tabela 11. Número de estruturas habitacionais e de negócios nos AF entrevistados ao longo da linha

Tipo de Infraestrutura Total de estruturas Percentagem


Casa principal 83 23.85%
Casa secundária 41 11.78%
Dependência 27 7.76%
Capoeira/galinheiro 27 7.76%
Casa para tomar banho externa 26 7.47%
Cozinha externa 25 7.18%
Celeiro 22 6.32%
Casa de banho exterior com Sanita 15 4.31%
Obra/casa em construção 13 3.74%
Alpendre 13 3.74%
Pocilga 11 3.16%
Quartos de dormir externo 9 2.59%
Cercado para cabrito 8 2.30%
Cercado para gado 7 2.01%
Poço de Água 3 0.86%
Latrina exterior 3 0.86%

59
Tipo de Infraestrutura Total de estruturas Percentagem
Barraca/ loja na habitação 3 0.86%
Armazém 3 0.86%
Pombal 1 0.29%
Vedação 1 0.29%
Tanque de água 2 0.57%
Copa 1 0.29%
Empreendimentos
Currais 2 0.57%
Barraca/ loja isolada 1 0.29%
Aviário Comercial 1 0.29%
Total 348 100.00%

Com base na tabela acima, verifica-se que predominam mais casas principais (83 casas) nas parcelas
habitacionais afectadas, seguindo se de casas secundárias, e outros compartimentos. Por outro lado,
observou-se diferentes configurações da casa principal em cada agregado familiar. A figura abaixo
mostra que 49 % dos AF tem casas principais do tipo 1, 29% dos AF tem casas do tipo 2, 20% dos AF
tem casas do tipo 3 e por fim, apenas 2% dos AF tem casas do tipo 4.

Figura 29. Tipo de casa principal

As estruturas habitacionais dos diferentes agregados familiares apresentam diferenças no tipo de


material de construção usado, sendo algumas feitas de material convencional e outras de material
precário. A figura abaixo mostra o tipo de material (convencional ou precário) nas diferentes
infraestruturas dos agregados familiares entrevistados durante a validação dos dados do censo. 43
casas principais foram constituídas por material convencional e 37 por material precário. Por outro
lado, 19 casas secundárias foram constituídas por material convencional e outras 19 por material
precário. No entanto, para a cozinha externa, o celeiro, cercados de cabrito e gado, pocilga e o
alpendre o material precário é predominante, enquanto que para a construção da casa de banho
externa, poço de água assim como para a vedação o material convencional é predominante.

60
Figura 30. Tipo de construção em diferentes tipos de infraestruturas do AF

A figura abaixo mostra diferentes tipos de casas principais, construídas de material convencional e de
material precário.

Figura 31. Fotografia de Casas principais de alguns dos AF entrevistados

61
Segundo os dados do levantamento socioeconómico os principais materiais de construção usados na
casa principal, desde as paredes, tecto, chão e até o material usado na vedação são apresentados na
tabela abaixo (dados não actualizados na validação dos dados).

Tabela 12: Materiais usados na construção da casa principal e vedação

Material de construção da casa principal


Material usado na Material usado na Material usado na Material usado na
construção das Paredes construção do Tecto construção do Chão construção da Vedação
Barro 3 Chapas de zinco 43 Cimento 33 Não tem vedação 50
Blocos de cimento
sem reboco 3 Capim 17 Terra batida 26 Plantas /arbustos 4
Plástico/ outro
Blocos de cimento material Murro de blocos de
com reboco 9 sintético 1 Tijoleira 2 cimento 4
Tijolo Sem reboco 12 Colmo/ caniço 1 Pedras 1 Pau a pique 2
Tijolo queimado
com reboco 16 Madeira /estacas 2
Pau a pique e barro 19
Total 62 62 62 62

Com base nos dados colhidos durante a validação de dados socioeconómicos constatou-se que 98.9%
AF tem casas próprias e 1.1% AF tem casa herdada.

Figura 32. Formas de Obtenção da casa pelo CAF

Mesmo com 98.9% dos chefes dos agregados familiares com casas próprias, os dados mostram que
74% dos agregados familiares não tem Titulo de DUAT, o que significa que têm direitos adquiridos
através de práticas costumeiras ou por ocupação de boa-fé sobre a terra. Por outro lado, apenas 20%
dos agregados familiares tem DUAT e 6% dos agregados familiares não sabe o que é DUAT.

62
Figura 33 AF com DUAT

Ao observar o tamanho da casa principal, o levantamento socioeconómico revelou que a maioria das
estruturas principais (80%) é inferior a 70 m2. Note-se que, de acordo com o Regulamento de
Reassentamento, o tamanho mínimo para as habitações de compensação é de 70 m 2. O pacote de
compensações para todas as casas principais com uma área inferior a 70 m 2 será assim melhorado,
para considerar como mínimo o valor de uma casa de 70 m2. Isso também significa que, durante o
processo de reassentamento, as casas com uma estrutura principal com área superior a 70 m2 (20%
dos AFs afectados) deverão ter um pacote de remunerações diferente do das casas com menos de 70
m2. A figura abaixo mostra o tamanho das casas principais que estão localizadas dentro da ZPP.

Figura 34. Dimensão da casa principal

6.5.2 Energia, Água e Saneamento


6.5.2.1 Energia
A tabela 13 mostra as fontes de energia usadas por cada agregado familiar para iluminar a casa e para
cozinhar de dados colhidos durante a fase socioeconómica. Desta forma, verifica-se que dos 168 AF,
67,8% afirmaram que para iluminação da casa usa a lanterna e 23,3% usa a energia da EDM. Para
cozinhar, 76,2% dos AFs usam a madeira/lenha como fonte de energia. Este cenário é explicado pelo
facto da maior parte dos AFs dos distritos de Marara e Songo viver no meio rural, onde a maior fonte

63
energética disponível é a energia de biomassa (combustível lenhoso e carvão), e sem muito acesso a
energia eléctrica da EDM.

Tabela 13. Fonte de energia para iluminar a casa e para cozinhar

Fonte de energia Para iluminar a casa Para Cozinhar


Madeira/ Lenha 1,2% 76,20%
Electricidade (EDM) 23,2% 7,10%
Petróleo/Parafina/Querosene 0,6% 0,6%
Carvão 14,30%
Velas 0,6%
Bateria/ painel solar 1,2%
Capim 0,6%
Lanterna 67,9%
Outra 4,8%

6.5.2.2 Água
O provimento de água nas estruturas habitacionais e machambas afectadas pelo projecto é muito
fraco e precário, com cerca de 90% dos AFs a captarem nos furos ou fontenárias da região. A figura a
seguir mostra as fontes de água para o consumo humano. Desta forma, é notável que maior parte dos
AFs obtém água nos poços, furos públicos ou fontenárias, com cerca de 91% de 168 AFs. Por outro
lado, o uso da água proveniente do rio/lado/barragem, água canalizada na casa, água canalizada de
vizinhos, água do poço/furo no quintal não ultrapassa 15% de uso por cada AFs na área impactada
pelo projecto. Adicionalmente, os AFs tem a mesma tendência do uso maioritário da água do
poço/furo público/fontenária (cerca de 91%) para a confeção dos alimentos.

Figura 35. Fontes de água para o consumo humano.

64
Figura 36. Fonte de água das comunidades impactadas pelo projecto em algumas áreas do projecto

Ademais, mesmo com cerca de 91% de água ser retirada de fontes não potáveis para o consumo
humano (furos ou fontenárias) apenas 2% do AF fazem uso do Cloro/Certeza e 5% dos AFs fervem a
água para desinfeção. O que significa que cerca de 93% dos AFs na área afectada pelo projecto não
desinfetam a água antes do consumo, o que de certa forma acaba agravando a ocorrência de doenças
como por exemplo Diarreias (21% dos AFs reportaram a ocorrência de Diarreias no AF).

65
Figura 37. Tratamento de água para beber

Devido ao facto de haver pouca disponibilidade da água canalizada na casa dos AFs e nos vizinhos,
80% dos 168 AFs percorrem todos os dias a busca de água para o consumo humano e para a
confecção de alimentos, fora da casa, como mostra a figura abaixo.

Figura 38. Periodicidade do AF na busca de água fora da habitação

6.5.2.3 Saneamento
A figura 40 mostra os tipos de instalações sanitárias usadas no AF na zona afectada. 41% dos 168 AFs
usam Latrinas não melhoradas individuais construídas no quintal, que geralmente são feitas de uma
cova e colocadas paus na superfície para apoiar os pés, 26% dos agregados familiares usam latrina
melhorada individual no quintal coberta por uma laje. 9% dos AFs usam a latrina do vizinho e 3% dos
AFs usam latrina colectiva. 3% dos AFs detém de casas de banho dentro de casa principal. 22% dos
AFs inseridas na categoria “outro” recorrem as zonas montanhosas ou a matas para a satisfação das
suas necessidades.

Figura 39. Tipo de instalações sanitárias na casa do AF

66
Os resíduos produzidos nos talhões dos 168 AFs são maioritariamente queimados ou enterrados. A
figura a seguir mostra que cerca de 37% dos AFs enterram o lixo no quintal e 17% dos AFs queimam o
lixo também no quintal. Por outro lado, 26% dos AFs jogam o lixo na lixeira comum e 3% dos AFs
recolhe o lixo para o contentor fora de casa. 13% dos AFs depositam o lixo na rua.

Figura 40. Destino do lixo produzido na casa do AF

6.5.3 Comunicações e Transportes


Os dados colhidos durante a fase socioeconómica indicam que o sistema de estradas nos distritos
abrangidos pelo projecto é composto por estradas secundárias e terciárias, parcialmente
classificadas. A população tem acesso aos transportes colectivos e semi-colectivos para aceder a vila
mais próxima através de estrada maioritariamente de terra batida (84%) conforme apresentado na
figura 43. Também se faz presente o transporte fluvial através do qual as populações usam para
atravessar do rio Zambeze para o distrito de Moatize (perfil do distrito).

Figura 41. Tipo de estrada para aceder a vila mais próxima

A análise dos dados socioeconómicos mostrou que a maioria dos AFs não possui qualquer meio de
transporte, viajando principalmente a pé, ou utilizam o transporte público (chapa 100), quando
querem percorrer longas distâncias.

67
A comunicação destes distritos é assegurada pela rede de telefonia móvel das 3 operadoras
presentes no país, nomeadamente TMcel, Vodacom e Movitel, estando a cobertura do território dos
distritos dependente da rede de cada operadora.

Durante o trabalho de campo, observou-se que a maioria das comunidades afectadas está coberta
pelo sinal das três redes móveis que operam em Moçambique. Quando os agregados familiares foram
inquiridos sobre qual era o principal canal utilizado para receber e transmitir informações, a maioria
declarou o líder local e amigos/familiares conforme mostra a tabela a seguir. Do mesmo modo
quando inquiridos sobre questões de resolução de conflitos a maioria respondeu que recorrem ao
líder local.

Tabela 14. Canais para receber e dar informação

Formas confiáveis de dar Formas confiáveis de


Meios de informação
informação receber informação
Jornal 0 1
Televisão 1 3
Rádio 7 16
Líder Religioso 42 43
Amigos/Familiares 85 66
Chefe do posto/Secretário do
81 99
Bairro
Total Geral 216 228

6.6 Actividades económicas e estratégias de subsistência


6.6.1 Actividades de Subsistência e Rendimento
A análise dos dados socioeconómica e de validação desses dados mostrou que a agricultura é a
principal actividade de subsistência (70.8%). Também foram mencionadas outras actividades de
subsistência como pequenos negócios, mineração, pecuária e pesca e uma pequena parte (2.9%) não
desenvolvem qualquer actividade de subsistência.

Figura 42. Actividades de subsistência dos agregados familiares

68
Os chefes dos AFs durante a validação dos dados foram questionados sobre qual a sua principal fonte
de rendimento, 20.2% mencionaram a venda dos produtos produzidos nas suas machambas, 17.3%
mencionaram que dependem do corte e venda da lenha e/ou carvão para venda, 7.7% de mineração.
Uma pequena parte dos chefes dos AFs (3.6%) mencionaram que estavam empregados no sector
formal público e 6% disseram que operavam em actividades comerciais no sector informal, assim
como por conta própria. 16.1% disseram que praticavam trabalhos de curandeirismo e ganho-ganho
nas machambas, outros informaram ainda que dependiam da venda de bebidas alcoólicas, aluguer de
casa, venda de espécies de animais, etc.

Figura 43. Principal actividade de rendimento do AF

Ao olhar para o nível de rendimento dos AFs pesquisados, verificou-se que a maioria deles (79.8%)
tem um rendimento baixo, isto é, a maioria dos AFs tem rendimento inferior a 5.000,00 meticais/mês.
A figura abaixo mostra o nível de rendimento dos AFs inquiridos na ZPP do Projecto.

Tendo em conta que cada agregado familiar tem uma média de 5.31 membros, significa que a maioria
dos AFs tem um rendimento aproximado de 941.6mt/membro/mês (rendimento per capita), isto é,
31.4 Meticais, por membro do AF, por dia ou, em dólares, inferior a 0.5 USD por pessoa, por dia. Este
valor está abaixo da linha de pobreza de 5,50 USD, por pessoa, por dia, estipulado pelas Nações
Unidas. Isto torna estas PAPs vulnerável e requer que a recuperação e a melhoria dos seus meios de
subsistência sejam uma prioridade no âmbito do PAR.

69
Figura 44. Nível de rendimento do AF

6.6.2 Pecuária
A pecuária é uma actividade económica mais praticada nestes distritos e constitui uma grande fonte
de renda para a população. Existem boas condições naturais para a prática de pecuária (existem
pastagens de gado bovino e caprino). O distrito de Marara constitui a maior zona de criação animal do
que o distrito de Cahora Bassa.

As famílias impactadas pelo projecto afirmaram durante a validação dos dados socioeconómicos ter
no total 712 animais e que os animais domésticos mais importantes para o consumo familiar são
galinhas, cabritos, porcos e patos enquanto, para a comercialização são bois, cabritos, porcos e
coelhos. A figura abixo indica que a 34.27% de AF produzem galinhas, 26.4% produzem cabritos,
seguindo-se da produção de bois, porcos, coelhos e outros.

Figura 45: Quantidade de animais produzidos pelos AF na ZPP

6.6.3 Agricultura
Com base na validação dos dados socioeconómicos, foi constatado um total de 147 parcelas de
machambas dentro da ZPP, sendo 69 delas no distrito de Marara e 78 no distrito de Cahora Bassa.
Salientar que nas 87 parcelas de habitações mencionadas no capitulo 6.5.1, 30 dessas parcelas, tem
também machambas ( o que totaliza 177 parcelas com machambas).

A tabela abaixo apresenta as principais culturas cultivadas na área afectada pelo projecto. Algumas
dessas culturas, como milho, mapira, amendoim, feijão nhemba, pepino, cana-de-açúcar, gergelim e
quiabo, são destinadas ao consumo e venda. Ou seja, são vendidas quando há excedente após a
subsistência da família e também são destinadas a comercialização e à troca de produtos nas feiras
realizadas na comunidade.

Tabela 15. Culturas agrícolas praticadas pelos AF afectados

Destino
Culturas
Consumo Consumo e Venda Venda
Milho 23.20% 1.60%

70
Destino
Culturas
Consumo Consumo e Venda Venda
Mapira 14.40% 2.80%
Amendoim 15.80% 2.60% 0.40%
Feijão Nhemba 15.80% 1.80%
Pepino 4.40% 0.80%
Abobora 1.60%
Batata doce 2.00%
Cana de açúcar 0.20%
Couve 0.40%
Feijão Boer 2.00%
Gergelim 0.60% 0.20%
Mandioca 0.40%
Melacia 1.60% 0.40%
Mexoeira 0.80% 0.20%
Piripiri 0.40%
Quiabo 1.40% 0.20%
Tomate 0.80%
Total 88.40% 10.60% 1.00%

A figura abaixo mostra a forma de obtenção das machambas dos agregados familiares. 43,5% dos AFs
herdaram as suas machambas, ao passo que 21% compraram as machambas. Por outro lado, 17%
recebeu de oferta. Menos de 15% dos AFs obtiveram as suas machambas através de empréstimo e
aluguer.

Figura 46. Obtenção da Machamba

Desta forma, mesmo que 75% dos agregados familiares tenham machambas próprias (herdadas,
compradas ou ofertadas) apenas 7% dos AFs tem o Titulo de DUAT dessas machambas, o que significa
que tem direitos costumeiros sobre as machambas. Por outro lado, a área média das machambas do

71
AF é de 0.06 ha, que está directamente associada à fonte de energia disponível para o cultivo, isto é,
energia humana ou animal (junta de bois/burros).

Figura 47. AF com DUAT da área da Machamba

Na província de Tete, concretamente nos distritos de Marara e Cahora Bassa, a agricultura é uma
actividade que desempenha um papel importante na economia. Nas comunidades afectadas pelo
projecto, a agricultura é praticada em regime de sequeiro, envolvendo mais o sector familiar através
de pequenas explorações, maioritariamente numa única época, com início entre Outubro e
Dezembro, dependendo da queda das primeiras chuvas. No entanto, como base na figura abaixo,
verifica-se que 28% dos 168AFs tem fontes de água nas proximidades da machamba. Por outro lado,
em algumas zonas (46%) é possível a prática numa segunda época, através do aproveitamento da
humidade das baixas existente principalmente nas margens dos rios e saliências no solo.

A B

Figura 48. A: fonte de água nas proximidades da machamba, B: Zona onde se localiza a machamba

6.6.4 Árvores com Valor Económico


Durante o processo de levantamento físico, socioeconómico e validação, foram identificadas árvores
com valor económico dentro da ZPP, sendo que 60% (100) dos AFs possuem árvores com valor
económico nas suas parcelas. A tabela abaixo mostra o número na área habitacional e nas parcelas
agrícolas dos AF, o tipo de árvores e o destino dos frutos colhidos.

72
Tabela 16. Árvores com valor económico identificadas dentro da ZPP

Destino
Frutas Totais
Consumo Consumo e Venda Venda
Manga 292 76 368
Massanica 367 76 443
Papaia 103 11 150 264
Bananeira 94 603 2 699
Malambi 57 12 69
Limào 58 32 3 93
Abacate 20 6 26
Amora 5 5
Ata (anona, coracao de boi, etc) 44 44
Coqueiro 2 2
Fruta silvestre 38 38
Goiaba 45 45
Laranja 5 34 39
Lictis 2 2
Maçã 6 6
Mafurra 3 3
Maracuja 12 12
Outro 65 5 70
Pêssego 5 5
Romã 2 2
Tangerina 2 9 11
Videira (uva) 1 1
Total 1223 869 155 2247

6.6.5 Posse de Activos Duráveis


A posse de bens duráveis é um indicador de bem-estar e riqueza dos AFs em áreas rurais. Esses
activos são símbolos de estatuto social/riqueza e são facilmente negociados por troca com outros
activos, alimentos ou dinheiro para resolver problemas nos momentos de crise.

A seguinte tabela mostra um resumo das informações recolhidas do estudo socioeconómico sobre
activos duráveis dos AFs.

Tabela 17. Bens duráveis do agregado familiar

Bens Quantidade % dos AF que possuem o bem


Enxada 676 36,3%
Machado 443 23,82%
Telefone/celular 218 11,72%

73
Bens Quantidade % dos AF que possuem o bem
Rádio/aparelhagem de música 83 4,46%
Cama 72 3,87%
Bicicleta 42 2,26%
Charrua 41 2,20%
Televisão 40 2,15%
Motorizada 37 1,99%
Vídeo/Leitor de DVD e CD 36 1,94%
Fogão eléctrico/gás 30 1,61%
Ferro de engomar 27 1,45%
Outro 25 1,34%
Carroça 25 1,34%
Congelador 23 1,24%
Geleira 13 0,70%
Computador 9 0,48%
Veiculo ligeiro 7 0,38%
Maquina de costura 6 0,32%
Bomba de água 4 0,22%
Veiculo pesado 3 0,16%
Total geral 1860 100%

De acordo com as percentagens da tabela, conclui-se que, os s bens como enxada, machado e
telefone são os bens duráveis que a maioria dos AFs possuem e que os activos com alto valor
económico, como automóveis, motorizadas, geleira até computadores e máquina de costura, são
insignificantes.

6.6.6 Grupos Vulneráveis


Segundo a PO 4.12 do Banco Mundial, deve ser dada prioridade e especial atenção aos grupos mais
vulneráveis a saber:

• Agregados familiares liderados por mulheres;


• Agregados familiares liderados por idosos (indivíduo com idade igual ou maior que
55anos para o sexo feminino e 60 anos ou mais para o individuo de sexo masculino);
• Agregados familiares liderados por crianças;
• Agregados familiares com membros mentalmente incapacitados ou doentes crónicos;
• Familiares liderados por pessoas analfabetas;
• Agregados familiares com rendimento abaixo da linha de pobreza.

Na área do ZPP foram identificados os seguintes grupos vulneráveis:


Agregados familiares liderados por mulheres

De forma geral as mulheres que são chefes de família dependem frequentemente do apoio de outros
membros da família para a sua subsistência. No total, foram identificados 63 agregados familiares
liderados por mulheres, das quais 36 são solteiras e/ou divorciadas, 5 são viúvas, 22 idosas, as
restantes são casadas ou vivem em união de facto.

74
Agregados familiares liderados por idosos

A maior parte dos AFs liderados por idosos dependem da agricultura de subsistência e têm baixa
produtividade. Geralmente, dependem do apoio da família para as suas necessidades diárias e para
lavrar as suas machambas. No total, foram identificados 49 agregados familiares liderados por idosos,
dos quais 22 são mulheres e 27 são homens.

Agregados familiares com membros mentalmente incapacitados ou doentes crónicos

Os AFs que tem membros com doenças crónicas ou mentalmente debilitadas são apoiadas por vários
programas de saúde e com reassentamento podem ser isolados ou interditados de aceder aos
programas de apoio devido à relocalização geográfica e podem ter mais dificuldades em iniciar uma
nova vida por conta própria. No total, foram identificados 29 AFs com pelo menos um membro
portador de uma doença crónica.

Agregados familiares liderados por crianças

Os AFs liderados por crianças dependem de redes sociais e de outras famílias para a sua
sobrevivência. Durante o processo de Levantamento Físico e Socioeconómico não foram identificados
AF liderados por crianças.

Agregados familiares liderados por pessoas analfabetas

• 80 chefes de AF analfabetos
o 34 são mulheres (14.91%)
• 80 têm instrução primária
o 13 são mulheres (5.7%)

Agregados familiares com rendimento abaixo da linha de pobreza

Os resultados do Levantamento Físico e socioeconómico revelam que 134 AFs estão abaixo dos níveis
da linha de pobreza.

6.7 Resumo das questões chave do perfil socioeconómico da população afectada


O Processo de Levantamento Físico e Socioeconómico foi realizado nos distritos de Marara e Cahora
Bassa, com potenciais AFs afectados. Foram inquiridos 168 AFs físicos o que corresponde a 873
pessoas dentro da ZPP. Por outro lado, durante a validação dos dados colhidos durante o
levantamento Físico e socioeconómico foram entrevistados 232 AF com parcelas afetactadas, dos
quais 57 AF são proprietários de 57 habitações, 141 AF são proprietários de 147 machambas, 30 AF
são proprietários de 30 habitações e machambas na mesma parcela, 1 AF é proprietário de 1 aviário
comercial, 2 AF proprietários de currais e 1 AF proprietário de uma barraca isolada.

Os níveis de escolaridade na área afectada pelo projecto são muito baixos, 41.5% dos AFs são
analfabetos, 34% com nível primário, 8.8% com nível secundário, 0.6% com nível técnico profissional
e 1% com nível superior. Em todos os distritos afectados têm unidades de saúde e os AFs têm acesso
a serviços básicos de saúde, no entanto em alguns pontos as comunidades são obrigadas a percorrer
grandes distâncias ou recorrer a outros tipos de assistência.

75
Foram registadas 177 machambas (sendo que 147 estão em parcelas de machambas e 30 estão em
parcelas de habitações). O milho, mapira, amendoim e feijão nhemba são as principais culturas
predominantes nessas machambas. A maior parte dos AFs tem a agricultura como actividade principal
de subsistência. Embora existam membros de AF que participam na economia formal e informal em
algumas das localidades, verificou-se que aproximadamente 80% das PAPs tinham níveis de
rendimento mensal inferiores a 5000,00 MZN (31.4MZN por dia, por membro da família) e apenas
8.3% das PAPs tem rendimentos mensais acima dos 10 000,00MZN.

O acesso à água é geralmente precário, em que 1.2% têm acesso a água canalizada e apenas 23.2%
têm acesso a electricidade.

As infraestruturas habitacionais da área são muito diversificadas (pau a pique com ou sem barro,
blocos de cimento ou tijolo com ou sem reboque) em termos do material de construção, na sua
maioria com vedação o que poderá resultar em vários modelos de compensação. De um modo geral,
verificou-se que 80% das PAPs com infraestruturas habitacionais afectadas tem uma dimensão menor
que 70 m2.

76
7. INVENTÁRIO ACTUALIZADO DOS BENS AFECTADOS

7.1 Estruturas e Locais Comunitários Afectados


Como mencionado anteriormente, durante o levantamento das estruturas e património cultural foi
identificado 1 lugar sagrado (Nhau) dentro da faixa de servidão no distrito de Cahora Bassa na
comunidade de Cateta.

7.2 Bens Privados Afectados


Foram identificadas terras/talhões agrícolas, habitações, currais, aviários, culturas e árvores, através
de um inventário das propriedades afectadas realizado durante os levantamentos de campo. Estes
bens serão parcialmente ou totalmente afectados devido à sua localização geográfica na faixa de
servidão do Projecto. As secções seguintes detalham essas propriedades privadas.

7.2.1 Habitações
Durante a realização do levantamento socioeconómico e inventário patrimonial foram identificadas
87 parcelas de habitações parcial ou totalmente localizadas dentro da faixa de servidão e que,
portanto, terão que ser transferidas. Dessas parcelas de habitações, 23 pertencem ao distrito de
Marara e 64 ao distrito de Cahora Bassa. Como mencionado anteriormente, 30 dessas parcelas
apresentam habitações e machambas, sendo que 3 localizam-se no distrito de Marara e 27 no distrito
de Cahora Bassa. Como mencionado anteriormente, 4 parcelas habitacionais não apresentem casas
principais, mas sim obras ou quartos e/ou dependências.

A tabela abaixo apresenta o número e o tipo de habitações dos AFs nos dois distritos. Verifica-se que
o distrito de Cahora Bassa apresenta um maior número de cada tipo de habitação em relação ao
distrito de Marara, sendo a casa principal a habitação predominante, com 60, unidades no distrito de
Cahora Bassa e apenas 23 no distrito de Marara. As casas principais apresentam diferentes
configurações, com 40 unidades do tipo I, 23 do tipo II, 16 do tipo II e 2 do tipo IV. Além disso, no
distrito de Cahora Bassa foram afectadas 4 infraestruturas comerciais (barracas), 1 delas isolada e 3
delas no mesmo talhão da habitação. Em Marara um aviário comercial e dois currais, que são
descritos no subcapítulo a seguir.

Tabela 18. Estruturas localizadas na faixa de servidão

Distrito
Tipo de infraestrutura
Cahora Bassa Marara Total
Casa principal 60 23 83
Casa secundária 30 11 41
Dependência 27 27
Capoeira/galinheiro 21 6 27
Casa para tomar banho externa 24 2 26
Cozinha externa 19 6 25
Celeiro 13 9 22
Casa de banho exterior com Sanita 15 15

77
Distrito
Tipo de infraestrutura
Cahora Bassa Marara Total
Obra/casa em construção 12 1 13
Alpendre 2 11 13
Pocilga 6 5 11
Quartos de dormir externo 6 3 9
Cercado para cabrito 6 2 8
Cercado para gado 3 4 7
Poço de Água 3 3
Latrina exterior 3 3
Barraca/ loja na habitação 3 3
Armazém 3 3
Currais 0 2 2
Vedação 1 1
Tanque de Agua 2 2
Pombal 1 1
Copa 1 1
Barraca/ loja isolada 1 0 1
Aviário comercial 0 1 3
Total 261 87 348

7.2.2 Infraestruturas de rendimento


Durante o inventário, no distrito de Marara, foram identificados duas parcelas de currais na
comunidade de Cassoca, e uma parcela com um aviário comercial na comunidade de Matambo
Bridge que funciona como estrutura de rendimento. Os dois CAF proprietários dos currais, produzem
cabritos e bois para consumo próprio e venda. Os cabritos são vendidos a um preço médio de
2,500.00MT cada, enquanto os bois são vendidos por um preço que varia de 6,000.00MT a
22,000.00MT. É importante ressaltar que os currais foram construídos com material precário,
utilizando pau-a-pique. Além disso, os proprietários dos currais não possuem o direito de uso e
aproveitamento da terra em que os currais estão localizados.

Em relação ao aviário comercial identificado em Matambo Bridge, na parcela foram encontradas duas
infraestruturas em funcionamento (2 alas de engorda) e uma em construção, cada uma com
dimensões de 60 m². Além disso, há um armazém que serve para reservar rações e outros insumos, e
uma casa tipo 1 com dimensões de 30 m² para acomodar os trabalhadores do aviário. A parcela
também possui um tanque de água, uma casa de banho e um muro de vedação. Para construir essas
habitações, foi utilizado tijolo rebocado. Nas duas infraestruturas em funcionamento (alas de
engorda), são colocados em média 500 frangos por ciclo e por ano 6400 frangos, que são todos
destinados à comercialização por um preço de 250.00MT cada.

A figura abaixo ilustra as habitações e instalações complementares presentes na parcela do aviário.

78
Figura 49. Fotografia do aviário afectado pelo projecto

Ao longo da linha de servidão foram identificadas quatro (4) barracas comerciais, das quais, três (3)
estão localizadas em parcelas de habitações e uma (1) está isolada. Todas barracas estão situadas no
distrito de Cahora Bassa. As 4 barracas geram um rendimento mensal médio de 6 000, 00 MT devido
à venda de produtos alimentícios e bebidas. Em relação às dependências, foram identificadas 27 ao
longo da linha, todas localizadas no distrito de Cahora Bassa. Essas dependências geram um
rendimento mensal médio declarado de 1 875,00 MT.

7.2.3 Machambas e árvores afectadas


A partir da revisão dos dados socioeconómicos, foi possível constatar que 171 agregados familiares
praticam agricultura em 177 parcelas situadas na área de servidão (147 parcelas de machambas e 30
parcelas de habitação e machamba). 72 machambas estão no distrito de Marara (sendo que 2 estão
em parcelas de habitações) e 105 estão no distrito de Cahora Bassa (sendo que 27 estão em parcelas
de habitações). Algumas das famílias afectadas tem mais que 1 machamba a explorar. As principais
culturas produzidas pelos AFs nas machambas dentro da ZPP são Milho, Amendoim, Feijão Nhemba,
Mapira e Pepino. A tabela abaixo apresenta as culturas produzidas pelos AFs nos dois distritos
afectados pelo projecto.

Tabela 19. Tipo de culturas produzidas pelas PAP no distrito de Marara e Cahora Bassa

Distrito

79
Culturas Cahora Bassa Marara Total
Milho 95 29 124
Amendoim 55 39 94
Feijao Nhemba 51 37 88
Mapira 27 59 86
Pepino 5 21 26
Feijão Boer 7 3 10
Melacia 10 10
Batata doce 9 1 10
Quiabo 5 3 8
Abobora 5 3 8
Mexoeira 5 5
Tomate 3 1 4
Gergelim 4 4
Piripiri 2 2
Mandioca 2 2
Couve 1 1 2
Cana de açúcar 1 1
Outro 12 4 16
Total 279 221 500

Embora a área cultivada sob a faixa de servidão seja significativa, é importante destacar que a
agricultura poderá continuar após a construção da linha de transporte de energia elétrica. Apenas as
machambas com as culturas localizadas debaixo das torres serão permanentemente perdidas. Foram
identificadas 30 parcelas de machambas localizadas debaixo das torres e 4 parcelas de infraestrutura
com machamba , conforme descrito nas tabelas de parcelas afectadas por torres no capítulo 8.

Além disso, foram contabilizadas 2247 árvores na faixa de servidão como parte deste projecto,
destacando-se as fruteiras, como Bananeira, Maçaniqueira, Mangueira, Papaeira, Limoeiro e
Embondeiro. A tabela abaixo apresenta o tipo e quantidade de árvores produzidas nos dois distritos
afectados pelo projecto. De forma geral, os AFs do distrito de Cahora Bassa possuem mais árvores do
que os AF do distrito de Marara.

Tabela 20. Tipo e numero de arvores dos agregados familiares afectadas pelo projecto

Distrito
Árvores de Cahora Bassa Marara Total
fruta
Bananeira 656 43 699
Maçaniqueira 145 298 443
Mangueira 319 49 368
Papaeira 97 167 264
Limoeiro 87 6 93

80
Distrito
Árvores de
Embondeiro 9 60 Total 69
fruta
Goiabeira 43 2 45
Ateira (anona, 37 7 44
coração de
boi, etc)
Abacateiro 26 26
Amoreira 5 5
Coqueiro 2 2
Frutas 11 27 38
silvestre
Laranjeira 39 39
Lichieira 2 2
Macieira 5 1 6
Mafurreira 1 2 3
Maracujazeiro 12 12
Outro 15 55 70
Pessegueiro 5 5
Romãzeira 2 2
Tangerineira 11 11
Videira 1 1
Total 1530 717 2247

81
8. IDENTIFICAÇÃO DE POTENCIAIS ÁREAS HOSPEDEIRAS

A identificação de uma área hospedeira para futuros reassentamentos terá um impacto significativo
nas famílias afectadas. Como forma de minimizar esses impactos, recomenda-se que os AF afectados
sejam relocalizados nas mesmas comunidades em que residem actualmente.

Este projecto prevê a construção de uma extensão de 118 km que passará por 10 comunidades nos
distritos de Marara e Cahora Bassa. As comunidades de Matamo Bridge, Matamo Sede, Mitsanha,
Cassoca e Nhamatua, em Marara, e Cateta, Julius Nherere, Bairro Jack, Cancoma e Nhantalala, em
Cahora Bassa, serão afectadas pelo projecto, sendo que algumas são de natureza urbana, como é o
caso da vila de Songo nas comunidades de Cateta e Julius Nherere, enquanto outras são de natureza
rural.

No entanto, caso ocorra o reassentamento dos afectados muitos deles poderão ficar distantes de
suas residências actuais, bem como de suas áreas de trabalho, membros da família, terras agrícolas e
aspectos da vida quotidiana. Isso pode gerar perdas significativas para essas pessoas. Reassentar os
AFs nas proximidades da área de actual residência é uma forma de minimizar o impacto de
reassentamento, uma vez que estes poderão continuar a ter acesso às mesmas infra-estruturas
sociais, locais sagrados e espirituais, o mesmo emprego e as terras agrícolas.

Durante a segunda ronda do processo de participação pública, foi discutida em cada distrito a
disponibilidade de terras para acomodar as famílias realojadas. As comunidades, confirmaram que há
espaço suficiente. Para o distrito de Cahora-Bassa foi apontada a vila sede do distrito (Chitima),
contudo os mesmos lamentaram ser distante, como solução o governo do distrito e os
representantes dos PAPs, identificaram uma segunda área localizado em Maroeira a qual fica
aproximadamente 10 km da vila sede de Songo. Esta área foi aprovado pela unanimidade pelos PAPs.
E para Marara as 6 famílias que poderão ser reassentadas, apontaram dentro da vila sede de Marara.
No entanto, durante a fase do PAR, será necessário trabalhar directamente com cada autoridade do
distrito para definir a área hospedeira ou talhões hospedeiros em cada comunidade.

Com relação às actividades agrícolas, as discussões foram baseadas nas restrições e limitações das
actividades na faixa de servidão, tais como a proibição do cultivo de quaisquer culturas/árvores com
altura superior a cinco metros, ou a proibição de construir quaisquer estruturas dentro do limite da
faixa de servidão. Confirmou-se que os agregados familiares afectados poderiam continuar com as
suas actividades agrícolas sob a faixa de servidão da linha de transporte, dentro destes limites. Foi
acordado que estas limitações não implicariam mudanças significativas para as actividades das PAP,
dado que nenhuma das culturas que estas cultivam cresce mais do que o número de metros de altura
permitidos. Assim, concordou-se que os agregados familiares afectados poderiam continuar com as
suas actividades agrícolas, da mesma maneira do que têm vindo a fazer até agora, pois a sua
preferência é permanecer nas mesmas parcelas de terra após a construção da linha de transporte,
embora com algumas restrições.
Para garantir que as PAP mantêm a posse e autonomia sobre as suas terras, será elaborado um
contracto entre a EDM e as pessoas afectadas, afirmando que as PAP podem usar a terra, e se a EDM
ou qualquer outra instituição governamental exigirem o uso da terra, ou colocarem restrições
adicionais numa data posterior ou em qualquer outra altura, as PAP terão de ser compensadas com

82
parcelas de terra de, pelo menos, a mesma dimensão e com o mesmo valor de mercado. Para este
efeito, deverá ser assinado um acordo, e qualquer licença ou formalização terá de ser completada
pela EDM como exigido pela Lei de Terras.

83
8.1 Distrito de Cahora Bassa
No distrito de Cahora Bassa, das 143 parcelas, verificou-se que 24 AF tiveram suas parcelas afectadas
pelas torres de energia, sendo 6 de habitações, 18 de machambas, como mostra a tabela abaixo. No
total, 83 AF serão reassentados de forma permanente, isto é AFs com parcelas de habitações (64), AF
com parcela de empreendimento (1 barraca isolada) e parcelas de machambas afectadas por torres
(18) e 60 AF serão reassentados de forma provisória (AF proprietários de Machambas na zona de
servidão).
As necessidades totais de terrenos para infraestruturas no distrito de Cahora Bassa são de 18
hectares. Por outro lado, as necessidades totais para as machambas são de 102 hectares. A área
agrícola pode ser considerada como rural, o que implica que, em conformidade com o Decreto de
Reassentamento Moçambicano 31/2012 de 8 de agosto de 2012 e respeitando os desejos dos
afectados, cada parcela de reassentamento deve ter pelo menos 5.000 m² de área.

Tabela 21. Numero de parcelas afectados por torres no distrito de Cahora Bassa

Número de Percelas com Torres


Total
Distrito Comunidade
Habitações Machambas

Bairro Jack 1 4 5
Cancoma 0 5 5
Cahora Nhantalala 0 5 5
Bassa
Cateta 3 4 7
Julius
2 0 2
Nyerere
Total 6 18 24

Durante o Processo de Participação Pública e interacção com as autoridades locais, distritais e com as
PAPs, ficou acordado que as comunidades do distrito de Marara e a de Maroeira no distrito de
Cahora Bassa, num total de 24 têm espaço suficiente para transferir internamente enquanto que as
63 agregados familiares fisicamente afectados na vila de Songo serão realocados para Maroeira.
Assim, a maioria dos PAP serão reassentados dentro da comunidade onde residem actualmente e
apenas foi escolhida uma área hospedeira de reassentamento no Distrito de Cahora Bassa para as
famílias da vila de Songo. Esta mudança surge no âmbito de Plano de Remodelação da Vila de Songo,
cujo o objectivo é manter a vila como estaleiro dos trabalhadores da Hidroelétrica de Cahora Bassa.
Essa área de reassentamento foi apresentada às partes interessadas na terceira ronda de consultas,
onde uma nova sugestão foi feita pela comunidade para mover a área de reassentamento para um
novo local dentro de Maroeira, um terreno que se encontra mais próximo de um hospital, fonte de
água e energia. A área de reassentamento foi, portanto, modificada em conformidade. Está localizado
a aproximadamente 2 km da localização actual da comunidade.
8.2 Distrito de Marara
No distrito de Marara, das 95 parcelas, verificou-se que 14 AF terão suas parcelas afectadas pelas
torres de energia, sendo 2 de infraestrutura, 12 de machambas, como mostra a tabela abaixo. No
84
total, 38 AF serão reassentados de forma permanente, isto é AFs com parcelas de habitações (23), AF
com parcela de empreendimento (3) e parcelas de machambas afectadas por torres (12). No entanto
60 AF serão reassentados de forma provisória (AF proprietários de Machambas na zona de servidão).
Em relação às necessidades de terrenos para reassentamento, foram identificadas necessidades
totais de 3 hectares para infraestrutura habitacionais nas mesmas comunidades e 30 hectares para
expansão das Machambas nas suas mesmas áreas de cultivo, por forma a dar espaço a construção da
linha e implantação das torres. Isto acontece porque as machambas não estão em blocos, mas sim,
machambas isoladas dentro das matas. É importante ressaltar que a área agrícola é considerada rural
e, portanto, em conformidade com o Decreto de Reassentamento Moçambicano 31/2012, de 8 de
Agosto de 2018, cada parcela de reassentamento deve ter pelo menos 5.000 m² de área, respeitando
os desejos dos afectados.
Tabela 22. Numero de parcelas afectadas por torres no distrito de Marara

Número de Percelas com Torres


Total
Distrito Comunidade
Habitações Machambas

Cassoca 2 0 2
Nhamatua 0 5 4
Mitsanha 0 1 1
Marara
Matamo
0 6 6
Bridge
Matamo
0 0 0
Sede
Totais 2 12 14

Durante o Processo de Participação Pública e interacção com as autoridades locais e distritais e


pessoas afectadas pelo projecto ficou acordado que as comunidades têm espaço suficiente junto as
suas machambas para alargar as suas parcelas, sem que seja necessário a sua realocação para novas
áreas. Para se verificar este aspecto as famílias terão de abrir estas áreas, foi com este intuito que as
PAPs durantes a terceira consulta e na fase de negociação solicitaram apoios monetários para
aumentar estas áreas.

85
9. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E DIREITO À COMPENSAÇÃO
9.1 Critérios de Elegibilidade
Os agregados familiares que residem na faixa de servidão, proprietários de machambas, currais,
barrancas, dependências, aviários e diferentes benfeitorias são elegíveis para compensação. A
elegibilidade para a compensação e apoio ao reassentamento requer que habitações, terras agrícolas
e benfeitorias afectados se localizem dentro da área que é directamente afectada pelo projecto, ou
seja dentro da área de servidão de 50 metros. A área directamente afectada pelo Projecto inclui a
linha da faixa de servidão que sai da subestação de Songo para a subestação de Matambo, bem como
qualquer terra aproveitada para as estradas de acesso, e outras estruturas ou equipamentos
associados com o Projecto.
Como apresentado na tabela abaixo, há diferentes tipos de impacto que podem afectar os agregados
familiares afectados.

Tabela 23. Distribuição dos AF por Tipo de Impacto do reassentamento (excepto impactos físicos)

AF por Distrito
Tipo de Impacto do reassentamento Total de AF
Marara Cahora Bassa
CAF Mulher 10 26 36
CAF Viúva 0 5 5
CAF Idoso mulher 10 12 22
TOTAL CAF mulher 20 43 63
Vulnerabilidade
CAF Idoso homem 10 17 27
CAF tomar conta de órfãos 2 2 4
Nenhum 60 75 135
TOTAL CAF 72 94 166
Parcelas com culturas
72 105 177
afectadas
Culturas e/ou Árvores
Parcelas com árvores afectadas 57 103 160
afectadas
Parcelas com Culturas e árvores
55 69 124
afectadas
Machambas afectadas de baixo
Parcelas de machambas 12 18 30
da base das Torres
Habitações afectadas debaixo
Parcelas com habitações 2 6 8
da base das Torres
Parcelas com
Infraestruturas afectadas
infraestruturas de 0 0 0
debaixo da base das Torres
rendimento
Menos de 20% 2 1 3
Parcelas afectadas por
Entre 20% e 79% 10 17 27
torres
Mais de 80% 2 6 8
Menos de 20% 16 22 38
Machambas afectadas na
Entre 20% e 79% 51 71 122
Área de Servidão
Mais de 80% 5 12 17
Parcelas de Habitações Menos de 20% 3 7 10
afectadas na Entre 20% e 79% 12 30 42
Área de Servidão Mais de 80% 8 27 35

86
Nota: O mesmo agregado familiar pode enquadrar-se em mais de uma categoria (tipo de impacto).
Por exemplo um CAF idoso inclui, alguns dos CAF a tomar conta de orfãos. No total temos 63 CAF
mulheres, algumas delas Idosas ou viúvas.

Os agregados familiares cujos terrenos serão abrangidos pela construção de torres irão perder a parte
de terra sob as bases das torres, e, portanto, também serão considerados como economicamente
afectados. O número de torres é estimado em 316 com uma área de 529 m2, porém, apenas 34
parcelas de Machambas é que serão afectadas por torres, 12 no distrito de Marara e 22 no distrito de
Cahora Bassa.
9.1.1 Estimativa dos PAPs com Perdas de Terra de 20% e 80%
Das 38 parcelas afectadas pelas torres, 3 parcelas pertecem igualmente a 3 AFs (2 em Marara e 1 em
Cahora Bassa), estas perderão menos de 20% das suas parcelas, pois estão sob as bases de torres. 27
AF (10 em Marara e 17 em Cahora Bassa) perderão entre 20% à 79% das suas parcelas que estão sob
as bases de torres e cerca de 8 AF (2 em Marara e 6 em Cahora Bassa) perderão mais de 80% das suas
parcelas que estão que estão sob a base das torres. Desta forma, os PAPs que perderem 20% ou mais
de suas terras sob as bases de torres irão beneficiar de medidas de restauração dos meios de
subsistência, como assistência na busca de terras de substituição, registo de DUAT para as terras de
substituição, bem como compensação pela actualização das suas parcelas de substituição. Aqueles
que perderem 80% ou mais sob bases das torres, por outro lado, serão considerados PAPs
vulneráveis, uma vez que uma proporção muito alta de seus meios de subsistência será afectada.
Por outro lado, das 117 parcelas com machambas, 38 (16 em Marara e 22 em Cahora Bassa) perderão
menos de 20% das área de machambas, 122 AF (51 em Marara e 71 em Cahora Bassa) perderão
entre 20% à 79% das áreas de machambas e 17 AF (5 em Marara e 12 em Cahora Bassa) perderão
mais de 80% das suas áreas de machambas. E das 87 parcelas habitacionais, 10 AF ( 3 em Marara e 7
em Cahora Bassa) perderão menos de 20% das suas áreas, 42 AF (12 em Marara e 30 em Cahora
Bassa) perderão entre 20% à 79% das suas áreas e 35 AF ( 8 em Marara e 27 em Cahora Bassa)
perderão mais de 80% das suas áreas de habitações.
9.2 Categorias de Pessoas Afectadas
Com base nas observações de campo decorrentes a quando do censo realizado entre Novembro e
Dezembro de 2022 e da validação realizada entre Fevereiro e Março de 2023, consultas às partes
interessadas e levantamentos socioeconómicos, as seguintes categorias de Pessoas Afectadas pelo
Projecto (PAP) são consideradas elegíveis para compensação e apoio ao reassentamento:
➢ Proprietários de habitações e estruturas auxiliares;
➢ Proprietários com título de Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) registados;
➢ Proprietários de direitos consuetudinários de uso da terra;
➢ Proprietários de machambas (Agricultores);
➢ Terras emprestadas/ alugadas;
➢ Proprietários de árvores;
➢ Outros ocupantes de terras sem direito formal;
➢ Comunidades (para perdas de bens comunitários e áreas produtivas).

O número de parcelas habitações a ser afectado pela faixa de servidão é de 87. Estas encontram-se
todas ocupadas pelos proprietários. Nestas parcelas, para além da casa principal (83) foram

87
identificadas estruturas secundárias, tais como cozinhas, casas de banho, quartos, dependências,
celeiros, galinheiros, currais, pocilgas, alpendres, etc. Por outro lado, foram encontradas parcelas com
obras para habitação (4) e outras com estruturas comerciais (4) no traçado da linha proposta.
Os agricultores em terras consuetudinárias constituem, de longe, o grupo mais importante das PAP’s.
Esta categoria compreende as famílias a quem foi atribuída terra ou que herdaram terra sob o
sistema tradicional de posse de terra.
No que diz respeito às pessoas que possuem título de direito de uso e aproveitamento de terra
(DUAT) registados e que são afectados pelo traçado preliminar da linha, estas representam 20% das
PAP com infraestruturas afectadas.

9.3 Matriz de Elegibilidade e Compensação


Tendo em consideração o aparente desfasamento entre a legislação moçambicana sobre políticas de
reassentamento e a PO 4.12 do Banco Mundial, este RAP foi elaborado de acordo com a legislação
moçambicana e com a Política Operacional do Banco Mundial, que, de modo geral, indica as
melhores práticas para a reabilitação dos meios de subsistência das pessoas afectadas pela
implementação do Projecto.
No entanto, os requisitos da legislação nacional foram escolhidos nos casos em que são mais
favoráveis. As estratégias de elegibilidade e compensação para os diferentes tipos de perdas e
categorias das PAP’s, são apresentados na Tabela 24 utilizando uma matriz de elegibilidade e
compensação. Estas medidas de compensação foram revistas por especialistas em socioeconómia e
em recursos naturais e aplicadas para as várias estruturas, terras, árvores e culturas afectadas.
Tabela 24. Estratégias de Elegibilidade e Compensação para os Diferentes Tipos de Perdas e
Categorias dos PAP

Perdas Incorridas Natureza da


Tipo de Perda PAP Elegibilidade
(detalhes) compensação
- Perda de estrutura Compensação pelo custo total de
Em espécie (casa
como um bem e de substituição de estruturas primárias
melhorada)
alojamento; (casas)
- Despesas de mudança;
Ocupantes da Subsídio de Mudança ($200 por família) Dinheiro
- Perda de receita / meios
habitação, excepto Subsídio de perturbação ($200 por
de subsistência durante o Dinheiro
para arrendatários família)
processo de mudança;
-Se a estrutura é alugada:
Cesta de alimentos para três meses ($100
perda de receita de Em espécie
por família / por mês)
aluguel.
Estruturas
primárias Subsídio de Mudança (abrangendo dois
- Perda de Dinheiro
(residências) meses de aluguer)
alojamento
(legítimo) Subsídio de perturbação ($200 por
Inquilinos - Despesas de mudança família) e assistência na localização de
propriedade adequada ;
Perda de receita / meios Dinheiro
de subsistência durante o Em caso de alta vulnerabilidade, uma
processo de mudança opção a ser incluída no reassentamento
da habitação.
Assistência na localização de propriedade
Ocupantes ou Perda de alojamento Em espécie
adequada
utilizadores informais (ilegítimo)
Subsídio de mudança (200 USD por Dinheiro

88
Perdas Incorridas Natureza da
Tipo de Perda PAP Elegibilidade
(detalhes) compensação
agregado familiar)
Custo total de substituição para
Ocupantes da
Estruturas Perda de estrutura como compensação de estruturas secundárias
habitação, excepto Dinheiro
secundárias um bem associadas com alojamento ou uma
para arrendatários
actividade de produção
Compensação pelo custo total de
- Perda de estrutura Dinheiro
substituição
como um bem e
Estruturas Proprietários do localização de actividades Subsídio de Mudança ($200 por negócio) Dinheiro
comerciais negócio geradoras de receita; Subsídio por Perda de lucro (que abrange
- Despesas de mudança; três meses de rendimento de negócio ou
Dinheiro
- Perdas nos lucros o tempo necessário para restabelecer o
negócio)
Indemnizações por despedimento (até
que um novo trabalho seja encontrado, Dinheiro
até seis meses de salário)

Perda de Perda Permanente Ajuda na procura de um novo emprego


Perda permanente de
rendimento (encerramento de receita de emprego
(melhoria da técnica de procura de Em espécie
devido negócios) emprego, entrevista, etc.).
à perda de Apoio na reorientação (formação para
emprego em melhorar ou adquirir novas Em espécie
Empresas oportunidades de trabalho
afectadas
Perda temporária de
Perda temporária
receita de emprego Perda temporária igual a três meses de
(deslocamento de Dinheiro
durante a realocação do salário médio
negócios)
negócio
Compensação para melhoramentos da
terra (investimentos na preparação e Dinheiro
desenvolvimento de terra)
Para agricultores que percam 20% ou
mais da sua terra produtiva (terra perdida
sob as bases das torres): assistência na
- Perda de terra como um procura de terras agrícolas de
bem gerador de meios de substituição + subsídio para cobrir as
subsistência; taxas associadas com a busca, aquisição e
Em espécie
- Perda dos meios de limpeza de terrenos de substituição de
(assistência) e
subsistência durante a características semelhantes na mesma
dinheiro
procura de terra de área (e com um mínimo de 5 ha na área
(subsídio)
Proprietários (direitos substituição e da rural). Se não for encontrada terra de
Direito de uso de uso da terra preparação para a substituição a tempo para garantir a
da terra registados ou produção. próxima colheita, será necessária uma
consuetudinários) compensação em dinheiro pela perda de
colheita. Terras de substituição a serem
registadas através de um DUAT.
Assistência e formação através de
serviços de extensão agrícola durante um Em espécie
período de transição de três anos
Para os proprietários com direitos de
Em espécie
terra registados ou de uso
Perda os meios e (registo de um
consuetudinário (DUAT): para além do
subsistência durante o novo DUAT) ou
acima referido, a assistência no registo de
processo de registo do em dinheiro,
um DUAT equivalente e a compensação
DUAT como preferido
de todos os custos de transacção e
pela PAP
registo

89
Perdas Incorridas Natureza da
Tipo de Perda PAP Elegibilidade
(detalhes) compensação
Perda dos meios de
Agricultores e
subsistência durante a A assistência na procura de novas terras
Produtores/utilizadores Em espécie
procura da terra de para exploração
informais
substituição
Compensação ao valor de mercado para
qualquer perda na produção de culturas Dinheiro
anuais
Para culturas e árvores perenes, a
Colheitas e compensação pelo valor de mercado
Proprietários (formais Perda de receita agrícola
árvores (custo total de substituição) durante o Dinheiro
ou informais) / meios de subsistência
produtivas período necessário para as novas culturas
ou árvores alcançarem a maturidade
Apoio para o retorno das actividades
(assistência no melhoramento da terra - Dinheiro
preparação e desenvolvimento)
Bens comunitários
Locais Custo do deslocamento Taxas para rituais e cerimónias Em dinheiro ou
Sagrados do local sagrado necessárias em espécie

Notas: Pessoas Vulneráveis, além dos direitos acima enumerados, têm direito a assistência especial
em espécie e em numerário por parte da EDM, de acordo com as necessidades (abertura de conta
bancária, ajuda na gestão bancária, novo registo de um título de propriedade, etc.) e apoio ao
rendimento do agregado familiar de $2/dia/membro do agregado/30 dias). Além disso, todas as
mulheres destas famílias reassentadas serão informadas dos benefícios de compensação disponíveis
especificamente para elas.
As taxas são apresentadas separadamente para cada categoria/entidade familiar afectada. Alguns
agregados familiares podem ser elegíveis em mais de uma categoria (por exemplo, um agregado
afectado física e economicamente pode-se qualificar pela perda de estrutura residencial e pela perda
de terras agrícolas).
Embora a compensação em espécie seja preferível, as PAP’s poderão receber compensação em
dinheiro, se assim o desejarem.

90
9.4 Metodologia de Avaliação da Taxa de Compensação
Foi realizado um rigoroso processo de avaliação para obter taxas de compensação justas, equitativas
e actuais para todos os bens afectados. As taxas foram desenvolvidas a partir de uma combinação de
métodos de avaliação decorrentes de trabalhos de campo e consultas das partes interessadas.
9.4.1 Terra
A Lei de Terras em Moçambique estabelece que a terra pertence ao Estado e que não pode ser
vendida, hipotecada ou de outra forma alienada. O direito de uso e aproveitamento de terra é
conferido pelo Estado e as condições para esse efeito são determinadas por lei. A escritura de título
conferida pelo Estado através da Lei de Terras é conhecida como "Direito de Uso e Aproveitamento
de Terra (DUAT).

Por outro lado, a Lei de Terras reconhece as práticas costumeiras como fonte legítima para atribuir
direitos de uso e aproveitamento de terra. Por consequência, as pessoas que ocupam e utilizam de
boa-fé a terra nas áreas rurais, individualmente ou como parte de uma comunidade e de acordo
com as normas e práticas consuetudinárias, tais como a herança dos seus ancestrais ou atribuição
pelos chefes locais, têm direitos legais sobre a terra em questão (Artigo 12) através da figura
jurídica da Ocupação. Essas pessoas podem solicitar o título oficial de terra, (Artigo 13)11, mas a
falta de escritura oficial não prejudica o seu direito à terra.

Todos os agregados familiares afectados e identificados têm o direito de ocupação estatutária. Em


todos os casos, na área pesquisada, a posse da terra foi obtida através da lei consuetudinária, à luz
da qual a terra pertence à comunidade e é administrada pela liderança da comunidade local.

Deste modo, no que diz respeito às terras residenciais e agrícolas dos agregados familiares
afectados, a ocupação teve a anuência do líder tradicional/comunitário local, através da atribuição a
um novo agregado familiar, herança dos antepassados, ocupação informal ou mesmo por
empréstimo de outro ocupante.

Os terrenos adquiridos por interesse público são compensados por terrenos alternativos fornecidos
pelo Estado.

9.4.2 Estrutura
As taxas de compensação para habitações no presente relatório são valores aproximados baseados
em taxas calculadas nos últimos projectos de reassentamento. Acreditamos que estas taxas não
divergem significativamente da realidade, pois as casas de reassentamento em Moçambique devem
ser projectadas de acordo com as especificações aplicáveis a nível nacional, que incluem uma área
de superfície de 70 m2 com três quartos e feitas de materiais convencionais, bem como uma casa
de banho exterior e uma cozinha. Note-se que este modelo de casa é apenas uma referência. As
casas serão construídas de acordo com as preferências das PAP e da comunidade na fase de
implementação. O fornecimento de água também será planeado durante a fase de implementação
do PAR.
As versões finais do PR/PAIR incluirão uma avaliação final conforme exigido pelo MTA, ou seja, irão
incluir uma avaliação realizada por um arquitecto, na sequência de consultas específicas com as
populações afectadas sobre o projecto das casas de reassentamento. Por essa razão, um arquitecto
preparou um projecto final de casas de reassentamento, que inclui um caderno de encargos. Esta

91
informação foi enviada para os engenheiros para a preparação de um plano de execução, bem
como para um orçamentista de quantidades para conseguir informações detalhadas dos preços das
casas de reassentamento. Deve notar-se que a AIAS recomenda a interacção com a Direcção
Provincial das Obras Públicas e Habitação para a avaliação de estruturas. Contudo, para este PAR,
foi decidido ir directamente para avaliação final, de modo a poupar tempo e evitar problemas em
fases de implementação do projecto mais avançadas.
9.4.3 Culturas
As pessoas terão permissão para fazer o plantio de culturas dentro da faixa de servidão após a fase
de construção. Por conseguinte, a perda de terras agrícolas pode ser considerada como temporária
ou de âmbito limitado. Durante o trabalho de campo, foram identificados um total de 177 campos
agrícolas, totalizando uma área de 220.8 ha, o que dá uma média de 0.06 ha por machamba. As
culturas mais comuns cultivadas nas machambas afectadas são o Milho, Mapira, Amendoim, Feijão
nhemba e Feijão Jugo.
A fim de calcular ou estimar um valor de compensação pela perda de culturas, foram analisados os
preços de mercado da província de Tete das culturas produzidas pelos AF em relação ao
rendimento médio por hectare dessas culturas e associado a produção obtida por eles. Contudo, é
importante notar que quando o reassentamento tiver lugar, estes serão avaliados de acordo com o
valor de mercado actual e o que for maior servirá de base para os níveis de compensação.
Por fim, a produtividade para cada cultura foram obtidos a partir da base de dados da FAOStat para
Moçambique para o ano de 2018 (os dados disponíveis mais recentes). Por outro lado, os preços das
culturas foram colectadas no mercado da província de Tete.
Tabela 25. Estimativa de compensação pela perda de colheitas (em Mt por hectare)

Preço de
Produtividade
Cultura Mercado MT
(kg/ha) *
(MT)
Abobora 50 10000 500 000
Amendoim 25 800 20 000
Batata doce 30 10000 300 000
Cana de açúcar 30 68000 2 040 000
Couve 60 14000 840 000
Feijão Boer 80 500 40 000
Feijão Jugo 100 500 50 000
Feijao Nhemba 25 400 10 000
Gergelim 65 200 13 000
Mandioca 40 13000 520 000
Mapira 20 500 10 000
Melacia 20 15000 300 000
Mexoeira 20 1000 20 000
Milho 15 1200 18 000
Pepino 15 11000 165 000
Piripiri 50 11000 550 000
Quiabo 90 6000 540 000
Tomate 70 13000 910 000
*FAO (2018). FAOSTAT. [online] http://www.fao.org/faostat/en/#data/QC

92
9.4.4 Árvores
A determinação dos custos de compensação pela perda de árvores de fruto vai baseou-se na tabela
de Compensações da Direcção Provincial da Agricultura de Tete. A tabela seguinte apresenta a
quantidade e os custos das árvores com valor económico afectadas pelo projecto. As taxas que não
foram definidas pelo governo foram estabelecidas calculando a perda de produção que o abate de
árvores implicará. As taxas foram calculadas com base na quantidade de árvores e no valor de
compensação de cada uma delas. Como parte da compensação também deverão ser fornecidas
duas mudas por cada árvore perdida, assumindo que isso irá ajudar a melhorar os seus meios de
subsistência.

Tabela 26. Estimativa de compensação pela perda de cada tipo árvores (em Mt)

Tipo de Árvores Custo Unitário (Mt)


Abacateiro 4,500.00
Amoreira 600.00
Ateira (anona, coração de boi, etc) 4,500.00
Bananeira 12,000.00
Cajueiro 12,000.00
Coqueiro 12,000.00
Goiabeira 3,500.00
Laranjeira 1,500.00
Lichieira 15,000.00
Limoeiro 7,500.00
Macieira 7,200.00
Mafurreira 7,600.00
Embondeiro 20,000.00
Mangueira 10,000.00
Maracujazeiro 6,000.00
Maçaniqueira 4,500.00
Papaeira 900.00
Pessegueiro 7,200.00
Romãzeira 7,600.00
Tangerineira 1,200.00
Videira 12,000.00
Frutos silvestres 800.00

9.5 Compensações
9.5.1 Terra cultivada
Em Moçambique a terra pertence ao Estado. Assim, estritamente falando, os terrenos afectados
pelo projecto não são elegíveis para compensação, porque o proprietário continua a ser o Estado.
Os impactos de reassentamento para os utilizadores de terra são tratados como restauração da
agricultura e meio de subsistência no Capítulo 11.

93
9.5.2 Infraestruturas
9.5.2.1 Casas Principais e Casas secundárias

O levantamento indicou que na área de ZPP tem um total de 83 casas principais que serão afectadas
pelo projecto (das quais 26 no distrito de Marara e 57 no distrito de Cahora Bassa) e 41 casas
secundárias que serão afectadas pelo projecto (das quais 11 no distrito de Marara e 30 no distrito
de Cahora Bassa). Como recomendado pela PO 4.12 do Banco Mundial, é preferível a reconstrução
de habitações com um padrão melhor que as anteriores. As PAP receberão no mínimo, casas de
substituição com padrões de vida sustentáveis, o que equivale a uma casa de 70m2 com três
quartos e feita de material convencional. O Projecto não construirá abaixo deste padrão.
O valor estimado para uma casa na província de Tete é de cerca de $35 000.00. No entanto, além
de considerar o plasmado no Decreto 31/2012, na reconstrução das novas casas deve ser levado
em conta o desejo dos afectados, esta deve incluir uma cozinha e uma casa de banho, e deve seguir
as características sociais e culturais do local de reassentamento. Preve-se a construção de 87 casas
principais para 87 agregados familiares directamentes afectactados.
Tendo em conta estes valores, foi calculado um orçamento de $3,045,000.00 para a reconstrução de
todas as estruturas primárias afectadas, como mostra a tabela abaixo.

Tabela 27. Compensações das casas principais e secundárias (em USD)

Distrito
Habitações Total (USD)
Marara Cahora Bassa
Casas principais $805,000.00 $2,240,000.00 $3,045,000.00

Este número, como de todos os outros bens, terá que ser reavaliado antes da construção do Projecto.

Nota: O montante da compensação inclui a substituição da estrutura principal e a construção de uma


casa de banho e uma cozinha interna e externa.

Se possível, as casas afectadas serão reconstruídas a poucos metros da sua localização actual (fora
da faixa de servidão). As estruturas terão de ser mudadas para outra parcela de terra pertencente à
mesma família, ou numa nova parcela de terra que será encontrada pela EDM junto com as
autoridade competentes. Em cada caso, a nova parcela deve estar localizada próxima da área do
projecto. No caso de um agregado familiar, se apenas for afectada uma estrutura primária,
recomenda-se ainda assim que se mudem todas as estruturas. A organização da estrutura será
discutida com cada família para determinar a disposição dos quartos.
A prática de reassentamento em Moçambique é tal que as casas de reassentamento devem ser
construídas por um empreiteiro contratado para esta tarefa. Essa prática garante altos padrões de
construção com eventuais períodos de atraso mais curtos. O PAP terá de concordar com a
qualidade do trabalho antes de tomar posse da casa. Em todos os casos, as estruturas terão de ser
reconstruídas antes do início da construção da linha. Recomenda-se iniciar a reconstrução
aproximadamente seis meses antes do início da construção da linha, para dar tempo suficiente às
PAP para reconstruírem as suas casas.

94
Em relação as casas secundárias (41) associadas a uma estrutura primária afectada de acordo com a
lei, não têm de ser compensadas em espécie. Durante as fases de consulta as PAPs e suas
lideranças solicitaram a compensação monetárias por estas benfeitorias.

9.5.2.2 Outras habitações (casa de banho, cozinha, dependência, etc)

De acordo com o Decreto 31/2012, cada reconstrução de casas novas (87 casas) devem incluir uma
cozinha e uma casa de banho. Assim, deverão ser construídas 87 novas casas de banho e 87
cozinhas novas para os agregados familiares. Os montantes de compensação para estas casas de
banho e cozinhas estão incluídos no valor total da compensação de estruturas principais.
As estruturas secundárias tais como dependências, quartos, galinheiros, etc. associadas com
alojamento ou uma actividade de produção deve ser compensadas em dinheiro, segundo as PAPs e
os seus líderes. Esta decisão partiu dos exemplos dos reassentamento na provincia

9.5.2.3 Infraestruturas de negócio (CURRAL, AVIÁRIO, BARRACAS)

De acordo com a legislação Moçambicana a compensação por infraestruturas comerciais como


currais, barracas e aviários deve ser feita mediante a construção de novas infraestruturas em uma
área adequada e segura. Em caso dos animais (bois, aves, cabritos, etc) para possam ser realocados e
continuar sua produção sem interrupções, o mesmo procedimento é valido para as barracas para
que a fonte de renda seja continuo. Esses novas infraestruturas devem ser construídos com as
mesmas especificações e condições de higiene e segurança dos aviários/currais antigos, e devem ser
equipados com os mesmos recursos, como alimentação e água.

Além disso, a EDM será responsável por oferecer compensações financeiras aos AF’s com
infraestruturas de rendimento afectados incluindo o pagamento de indenizações pelos
infraestruturas que precisam ser abandonados ou destruídos, e/ou o pagamento de perturbação pelo
uso da terra e dos recursos naturais. Ademais, é fundamental que a compensação seja monitorada e
avaliada constantemente, para garantir que os PAPs e as comunidades estejam recebendo os
recursos e as condições adequadas para a sua sobrevivência e desenvolvimento. A tabela abaixo
mostra os valores de compensação para cada infraestrutura de rendimento obtidas consoante os
custos de construção das infraestruturas.

Tabela 28: Compensações das infraestruturas de rendimento (em MT)

Infraestrutura de Distrito (MT)


Rendimento Marara Cahora Bassa
Aviário Comercial 820.800,00 ----------
Curral 1 120.000,00 ---------
Curral 2 60.000,00 ----------
Barraca Isolada ------- 6.000,00
Total

No decurso da reunião de consulta as comunidades e liderança propuseram que a EDM pudesse


pagar em valor Monetários para as barracas, e os proprietários identificariam áreas para a realocação

95
destas barracas dentro da vila sede de Songo e na vila sede do distrito de Marara (locais considerados
com Mercado).

9.5.3 Produção Agrícola


A compensação por perdas de culturas será calculada durante a fase de implementação do
projecto, com base nas colheitas. Como mencionado anteriormente, um total de 177 agregados
familiares têm uma machamba cultivada na faixa de servidão do projecto. A lei de terra de
Moçambique estabelece que a substituição das parcelas afectadas permanentemente, incluindo
aquelas com machambas debaixo das torres, dever ser feita mediante a atribuição de nova terra de
igual valor e qualidade aos seus titulares. Portanto, a compensação financeira não é uma forma
aceitável de substituição das parcelas afectadas permanentemente.
De acordo com a legislação moçambicana, a compensação financeira pode ser utilizada apenas
como uma medida de mitigação temporária para a perda de uso ou rendimento da terra afectada
durante o período de construção da torre ou instalação da infraestrutura correspondente. Após a
conclusão dessas obras, a substituição permanente da terra deve ser feita por meio da atribuição
de nova terra, conforme estabelecido na Lei de terra de Moçambique.
As infraestruturas temporárias do projecto, tais como estradas de acesso, áreas de armazenamento
e acampamentos de trabalhadores (entre outros), poderão causar perdas de culturas na faixa de
servidão, mas isso só será confirmado quando os trabalhos de construção começarem. O presente
PR, portanto, assume conservadoramente que todas as áreas agrícolas afectadas localizadas na
faixa de servidão terão que ser compensadas pelas perdas de culturas.
A compensação pela perda da produção agrícola foi calculada baseando-se na soma do produto da
produção agrícola de cada cultura, da área de produção de cada cultura e do preço estipulado no
mercado de Tete. A compensação associada à perda de produção agrícola é estimada em
13,207,937.81 MT ($220 133). Espera-se que as perdas reais sejam menores do que a estimativa
actual, uma vez que é improvável que os empreiteiros precisem de toda a faixa de servidão para a
construção. Além disso, como já mencionado, de acordo com a Lei de Terra de Moçambique, a
substituição das parcelas afectadas permanentemente (como as machambas debaixo das torres)
não pode ser feita através de compensação.
Como medida de restauração agrícola e dos meios de subsistência, a EDM irá ajudar as PAP, devido
à implementação das torres, a encontrar novas parcelas. Por outro lado, as PAP serão totalmente
compensadas por todas as suas outras perdas (colheitas, árvores, casas, etc.), mas não pela terra,
uma vez que esta pertence ao estado.

9.5.4 Árvores
O custo de compensação de árvores foi calculado tendo em conta a quantidade de árvores de cada
AF com o valor de compensação de cada árvore. Desta forma, todas estas árvores terão de ser
cortadas e compensadas, e não podem ser replantadas na faixa de segurança. Esta será uma perda
permanente ao longo dos anos, e foram registadas para compensação nos valores indicados na
tabela abaixo.
Tabela 29. Compensações pelas árvores (em Mt)

96
Distritos
Árvores de Fruta Cahora Bassa (MT) Marara (MT) Total (MT)
Abacateiro 117 000,00 117 000,00
Amoreira 3 000,00 3 000,00
Ateira (anona, coração de boi, etc) 166 500,00 31 500,00 198 000,00
Bananeira 7 872 000,00 516 000,00 8 388 000,00
Cajueiro 24 000,00 24 000,00
Coqueiro 24 000,00 24 000,00
Fruta Silvestre 16 800,00 67 200,00 84 000,00
Goiabeira 150 500,00 7 000,00 157 500,00
Laranjeira 58 500,00 58 500,00
Lichieira 30 000,00 30 000,00
Limoeiro 652 500,00 45 000,00 697 500,00
Macieira 36 000,00 7 200,00 43 200,00
Mafurreira 7 600,00 15 200,00 22 800,00
Embondeiro 180 000,00 1 200 000,00 1 380 000,00
Mangeira 3 190 000,00 490 000,00 3 680 000,00
Maracujazeiro 72 000,00 72 000,00
Maçaniqueira 652 500,00 1 341 000,00 1 993 500,00
Papaeira 87 300,00 150 300,00 237 600,00
Pessegueiro 36 000,00 36 000,00
Romãzeira 15 200,00 15 200,00
Tangerineira 13 200,00 13 200,00
Videira 24 000,00 24 000,00
Total 13.428.600,00 3.870.400,00 17.299.000,00

9.6 Assistência
9.6.1 Cesta Básica
Com base na cesta básica do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), será fornecido um apoio
transitório consistindo de cestas básicas para os agregados familiares fisicamente afectados durante
um período de três meses. O tamanho e a composição da cesta básica serão ajustados para se
adequar às preferências locais e ao perfil demográfico dos agregados familiares. Esta será fornecida
pelo Projecto como parte de seu apoio de transição e é equivalente a 100 USD por agregado
familiar / por mês durante três meses (total de 300 USD). Novamente, este valor é o preço mais
baixo aceitável e pode aumentar dependendo dos itens da cesta de alimentos que deverão ser
acordados com a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM, UIP e Comissões Técnicas de
Acompanhamento e Supervisão.
9.6.2 Subsídio de Mudança
O Projecto deve fornecer transporte para os materiais recuperados dos PAP, para o novo local
residencial, dentro da comunidade local. A EDM apoiará todas as pessoas a serem reassentadas em
termos de transporte. Usar o transporte da EDM será muito mais seguro do que alocar dinheiro
para pessoas que, no final do dia, podem não fazer o uso adequado desse dinheiro e que pode
causar conflitos entre as pessoas da comunidade.
Um subsídio de mudança de 200 USD está incluído no pacote de reassentamento, como despesas
de mudança. Não é feita a avaliação do subsidio de mudança com base na distância, pois as
distâncias geralmente não serão longas. Se não houver locais disponíveis, o subsídio de transporte

97
deve cobrir todos os custos de mudança para os locais disponíveis mais próximos que sejam
comparáveis à parcela afectada.

10. PLANO DE HABITAÇÃO PARA O REASSENTAMENTO


Foram elaborados planos preliminares de habitação para o reassentamento como parte do PR/PAR
por uma equipa de arquitecto profissional pertencentes a empresa Atelier. Primeiramente foram
elaboradas versões preliminares e em seguida foram realizadas consultas específicas para validar
esses planos na área do projecto.
Depois de várias reuniões com grupos focais e famílias que as suas casas serão afectado pelo
projecto, onde era apresentado o projecto preliminar de habitação para o reassentamento. Como
mencionado no Capítulo anterior (modelo de casa é apenas uma referência). As PAPs solicitaram
que as casas tivesse o mesmo modelo de casas do projecto Jindal ou EDM projecto de reabilitação
da subestação de Matambo, no âmbito do projecto Moçambique – Malawi.

Figura 50. Modelos de casa solicitado com casa de banho e cozinha fora

98
11. PLANO AGRÍCOLA E DE RESTAURAÇÃO
O Proponente do Projecto (EDM) é incentivado a usar as directrizes abaixo e envolver as
comunidades afectadas, os líderes locais, ONGs e outras partes interessadas na recolha de opiniões
para avaliar os procedimentos para a restauração dos meios de subsistência.
A PO 4.12 ponto (6c) do Banco Mundial, afirma o seguinte:

“As pessoas deslocadas devem receber apoio após o deslocamento, durante um período de
transição, com base numa estimativa razoável do tempo que poderá ser necessário para
restaurar os seus meios de subsistência e os padrões de vida; e receber assistência para o
desenvolvimento, como a preparação de terra, facilidades de crédito, formação, para além
das compensações que recebem ” (Banco Mundial, 2001).
Por outro lado, o parágrafo (2c) da PO 4.12 do BM requer que seja dada assistência às pessoas
deslocadas para melhorar o seu padrão de vida ou, pelo menos, restaurá-lo com o padrão mais alto
entre padrões pré-deslocamento ou existentes antes do início da implementação do projecto.
Utilizando estas orientações, o proponente deverá envolver as comunidades afectadas, os líderes
locais, ONGs e outras partes interessadas para definir estratégias para restaurar o rendimento e
meios de subsistência adequados. O processo para definir essas estratégias será, em grande
medida, participativo para promover a sua propriedade. A assistência será especialmente
importante para o indivíduo que está a ser transferido para longe de sua localização actual, devido
aos custos de reconstrução que de outra forma poderiam ser evitados.

11.1 Restauração e Melhoria dos Meios de Subsistência a Nível dos Agregados


Familiares
Serão necessários diferentes pacotes de restauração para cada uma das diferentes categorias dos
PAP e irão depender do tipo e magnitude da perda sofrida, do nível de vulnerabilidade do agregado
das PAP, das preferências indicadas associadas às suas características familiares e de outras
circunstâncias relevantes.
No desenvolvimento das medidas para a restauração e melhoria dos meios de subsistência, foram
considerados alguns princípios orientadores:
➢ Planear e negociar as actividades de restauração e melhoria dos meios de subsistência
com pessoas deslocadas;
➢ Implementar actividades-piloto sempre que possível;
➢ Focar em investimentos, em vez de intervenções directas;
➢ Dar prioridade à substituição das actuais actividades de subsistência;
➢ Criar, promover e reforçar redes com o governo, organizações da sociedade civil
existentes e com as partes interessadas;
➢ Fornecer transporte, se solicitado, para transportar os bens afectados;
➢ Apoiar nos procedimentos bancários, avaliação de mercados, administração do dinheiro,
desenvolvimento de negócios etc.;
➢ Garantir a ligação à electricidade gratuitamente;
➢ Acompanhamento e desenvolvimento de negócios em áreas rurais.

99
Também foram considerados os vários tipos de impactos causados pelo projecto.

11.1.1 Campos Agrícolas e Culturas


11.1.1.1 Processo de Procura de Terras

Conforme referido no Capítulo anteriores, toda a terra em Moçambique é de propriedade do


Estado. As terras afectadas pelo projecto não são, portanto, elegíveis para compensação, a rigor,
porque o proprietário permanece o Estado. Além disso, as consultas revelaram que a
disponibilidade de terras na área do Projecto é suficiente para permitir que todos os PAPs
continuem nas suas parcelas de terras apenas com ampliação das mesmas para as áreas que não
passará a linha, sem que seja necessário a procura de novas áreas fora das suas comunidades de
origem. Os impactos do reassentamento para os utilizadores da terra serão, portanto,
compensados por meio de medidas de restauração agrícola e de subsistência. As etapas a serem
seguidas são descritas abaixo:
➢ Os PAPs que perderem 20% ou mais de suas terras produtivas sob as bases da torre
irão receber assistência da Unidade de Implementação do Projecto (UIP) e da EDM para
encontrar novas terras de reassentamento e fazer o registo dos DUATs (38 PAPs têm as
suas parcelas ocupadas pelas bases das torres). Os PAP que já forem detentores de DUAT
também são elegíveis para esta assistência.
➢ Ao fazê-lo, será dado tempo suficiente aos PAPs para encontrar e avaliar as suas
opções e possível terra de substituição. A UIP organizará audiências para os PAPs
envolvidos com seus chefes locais, para alocação de terras de substituição. Os chefes locais
alocarão os PAPs com parcelas de qualidade e tamanho equivalentes e a uma distância
adequada das outras actividades dos PAPs. Essas alocações devem ser validadas pelo
distrito.
➢ A EDM apoiará os PAPs no processo de alocação: ajudar os PAPs a fazer o registo dos
DUATs das suas novas parcelas nos Serviços distritais de Planeamento e Infra-estruturas;
lidar com todos os aspectos legais desta operação, com a colaboração do PAP; pagamento
directo de todos os “custos de transacção”, como taxas de registo, taxas de transferência
ou cerimónias tradicionais.
➢ O controle adequado pela EDM do acesso à terra pelos PAPs, será facilitado pelo papel
activo que a EDM irá desempenhar na realocação de terras. O facto de a EDM lidar com
questões legais, registo de DUAT e custos de transacção, permitirá que estes tenham
conhecimento em primeira mão da situação das alocações de terras.
➢ Os PAPs que perderem menos de 20% do total das suas terras sob as bases das torres
não serão elegíveis para esta assistência, mas serão completamente compensados por
todas as suas outras perdas: culturas, árvores, habitações etc., no entanto, considerando a
disponibilidade de terras na área do Projecto, os PAPs desta categoria que decidem
procurar novas terras através das autoridades tradicionais poderão fazê-lo sem qualquer
tipo de entrave.

100
11.1.1.2 Medidas de Restauração dos Meios de Subsistência

A fim de limitar o risco de empobrecimento, é essencial que se estabeleçam condições de


implementação adequadas. As condições discutidas nos Capítulos 8 e 9 devem ser apresentadas
aos PAPs e são resumidas abaixo.
Será fornecido um subsídio cobrindo os custos associados à busca, aquisição e limpeza das terras de
substituição com características semelhantes na mesma área. Além disso, se a terra de substituição
não for encontrada a tempo de garantir a próxima colheita, será necessária uma compensação em
dinheiro pela colheita perdida. A parcela de reposição será melhorada (limpa, lavrada, fertilizada,
etc.) para alcançar a condição produtiva da terra original. Sempre que for possível, os agregados
familiares afectados serão pagos pelo Projecto para realizar esse trabalho, a fim de oferecer
oportunidades de emprego para as pessoas afectadas; caso contrário, a UIP coordenará a
implementação dessas etapas para os PAPs que não são capazes ou não desejam fazê-lo. No
entanto, a fertilização será concedida durante a implementação do PR somente se, após a testagem
do solo, a qualidade do solo for inferior ao da parcela de terra anterior.
O subsídio de procura/melhoria de terras é estimado em 300 USD para todos os PAPs que
perderem 20% ou mais das suas terras: 100 USD pela procura de terra, 100 USD pela melhoria da
terra e um orçamento preliminar de 100 USD em média para a fertilização (para os que
necessitarem). Os PAPs cujas culturas serão impactadas receberão mudas e sementes, na época do
ano adequada para a sua sobrevivência/crescimento, para os seus campos e culturas nas suas terras
de substituição.
Será fornecido às PAP uma cesta provisória de alimentos durante um ano após o reassentamento,
para compensar o tempo que leva até que as culturas cresçam novamente e produzam o mesmo
rendimento. Este pacote será equivalente a 100 USD por mês por agregado familiar, por um
período de 12 meses (total de 1.200 USD por família). Deve-se observar que esse valor é o menor
preço aceitável e pode aumentar dependendo dos itens da cesta de alimentos que deverão ser
acordados com a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM, UIP e as Comissões Técnicas de
Acompanhamento e Supervisão.
Além disso, a assistência técnica será prestada durante pelo menos, um período de três anos para
ajudar as famílias impactadas a melhorar a sua situação. A Unidade de Implementação de Projecto
terá um perito em desenvolvimento com experiência. O especialista da UIP irá igualmente
assegurar a coordenação com departamentos agrícolas governamentais para a coordenação e
eficácia do trabalho. Este especialista irá avaliar as preocupações, necessidades e aspectos mais
relevantes da melhoria dos meios de subsistência com as PAP e a administração local, bem como
propor actividades de melhoria e de apoio.
Esta ajuda pode incluir o seguinte:

➢ Cursos de formação prática sobre técnicas agrícolas melhoradas;


➢ Variedades de culturas melhoradas;
➢ Adubação e gestão de pestes;
➢ Irrigação em pequena escala e desenvolvimento de agro-negócios;
➢ Formação em horticultura;
➢ Tracção Animal e equipamentos relacionados;
➢ Outros equipamentos como enxadas, catanas e machados;

101
➢ Formação em cuidados pecuários;
➢ Conservação de cereais após a colheita;
➢ Agro-silvicultura, outras técnicas pertinentes (como parcelas de demonstração);
➢ Formação em gestão de dinheiro de modo a garantir que os PAP façam uso adequado do
dinheiro da compensação.
De modo a garantir que os PAP compreendem o âmbito do trabalho, deverá ser dada formação e
serviços de apoio por uma empresa, organização ou indivíduos experientes com presença
permanente na área.
As mulheres serão orientadas como um grupo de interesse específico, com metodologias
específicas de envolvimento. Para este efeito, será incluída uma assistente social na UIP e dedicar-
se-á às mulheres. A assistente irá informar as mulheres dos aspectos técnicos do PR, tais como o
pagamento da compensação, oportunidades de formação, programas de produção agrícola, e
outros subsídios específicos para as mulheres.

11.1.1.3 Actividades agrícolas na Faixa de Servidão durante a Operação

Para além de se beneficiar das medidas acima, quando relevante, a EDM compromete-se a permitir
que os PAPs com terra na faixa de servidão, mas fora das bases das torres, possam continuar com as
suas actividades agrícolas em curso na faixa de servidão, com algumas limitações motivadas pela
segurança da operação da linha. Esse compromisso será formalizado em um Memorando de
Entendimento (MoU) assinado com cada PAP com terrenos nessa categoria, onde serão detalhadas
as regras aplicáveis ao uso da terra na faixa de servidão.
11.1.1.4 Árvores

Existe um total de 2249 árvores plantadas e naturais na faixa de servidão. Estas serão destruídas
durante a construção da linha de transporte, uma vez que não poderão existir árvores com mais de
cinco metros de altura na faixa de servidão. A compensação aos agregados familiares será atribuída
até um total de 17.299.000,00MT (consultar o Capítulo 9 para mais detalhes).
A UIP irá apoiar os agregados familiares afectados a plantar árvores de modo a restaurar as suas
fontes de rendimento e meios de subsistência.

11.1.1.5 Modalidades de Pagamento da Compensação em Dinheiro

Com base nos resultados do inventário dos PAPs, nos impactos previstos do projecto e nas
preferências expressas pelos PAPs, algumas compensações provavelmente serão pagas em
dinheiro. As compensações em dinheiro representam um risco de empobrecimento nos casos em
que o dinheiro é mal administrado ou mal utilizado. A fim de minimizar esse risco, a EDM deve
aplicar as seguintes medidas para pagamento de todas as compensações em dinheiro, a todos os
PAPs elegíveis:
➢ As compensações em dinheiro serão pagas apenas em contas bancárias. Não serão feitos
pagamentos em dinheiro vivo;
➢ A EDM irá dar apoio os PAPs na abertura de contas bancárias, quando necessário;
➢ A EDM procurará ter o consentimento total das mulheres nos agregados familiares e
explicar-lhes-á as opções de compensação propostas;

102
➢ Tanto o marido quanto a esposa devem ser signatários da conta bancária que será
aberta. Fazer as mulheres co-assinarem as compensações é uma forma de empoderar as
mulheres e de poderem expressarem sobre as compensações;
➢ A formação referente à abertura de contas bancárias e administração financeira será
oferecido a cada PAP (vulnerável ou não, maridos e esposas). Essa formação também irá
abordar a gestão de entradas e saídas de dinheiro tanto do marido como da mulher,
enfatizando que, uma vez acordado, os pagamentos das compensações são finais. A
formação insistirá no facto de que gastos excessivos empobrecerão as famílias;
➢ O pagamento de grandes quantias de compensação (acima de 500 USD) será feito
através de prestações cuidadosamente distribuídas (pode levar vários meses) para reduzir o
potencial de uso indevido de dinheiro.

11.1.2 Grupos Vulneráveis


Deve ser dada uma atenção especial na melhoria dos meios de subsistência dos agregados
familiares vulneráveis antes do início do projecto de construção. Grupos vulneráveis incluem
agregados familiares chefiados por uma mulher, idoso, criança ou portador de deficiência, bem
como famílias com um ou mais membros portadores de deficiência. Os agregados familiares mais
vulneráveis serão consultados no início da operação, a fim de avaliar as suas preocupações e
necessidades. Um tipo de ajuda especial que poderá ser dada inclui, entre outros:
➢ Apoio para abrir uma conta bancária;
➢ Ajuda para operações administrativas (aquisição de título de DUAT);
➢ Logística do reassentamento;
➢ Assistência no transporte;
➢ Conselhos de reconstrução (materiais, tipo de estruturas, etc.) para garantir a
qualidade da construção;
➢ Apoio psicológico (aconselhamento, informações e discussões);
➢ Fundos de transição especiais específicos para as famílias mais vulneráveis.

Os membros dos agregados familiares afectados também serão beneficiados com os programas de
formação (cursos de formação prática em melhores técnicas agrícolas, abertura de contas bancárias
e gestão financeira, etc.). Os membros dos agregados familiares vulneráveis terão prioridade na
atribuição de projectos relacionados com emprego e outros benefícios.
A UIP avaliará a aplicabilidade das lições aprendidas com projectos anteriores com relevância para
as actividades de reassentamento e compensação previstas. A UIP irá, portanto, propor uma
compensação em espécie (reconstrução da casa, o equivalente em alimentos comprados
localmente para os danos das colheitas), pois este tipo de compensação tende a proteger os mais
vulneráveis na comunidade (mulheres e crianças e pessoas vulneráveis), enquanto já foi
comprovado que a compensação em dinheiro lhes é prejudicial.
122 agregados familiares vulneráveis receberão um apoio ao rendimento de 2 USD/dia para cada
membro do agregado familiar durante 30 dias. De notar que a compensação de um membro que
vive com uma ou mais vulnerabilidades será ajustada de acordo com o número de categorias de
vulnerabilidades às quais este corresponde (ex.: uma mulher chefe de agregado familiar que toma
conta de orfãos irá receber 4 USD/dia). Este montante é atribuído devido à inconveniência e
constrangimentos de tempo relacionados com o reassentamento das suas estruturas primárias.

103
Dado o actual lugar das mulheres nas comunidades rurais, quando as compensações em dinheiro
forem a única opção aceitável, sempre que for possível também serão examinadas e
implementadas as seguintes medidas de mitigação:
➢ Tanto o marido como a esposa devem ser signatários da conta bancária que será aberta;
➢ Nos agregados familiares chefiados por crianças, tanto a criança mais velha como os
seus irmãos podem ser signatários da conta bancária. No entanto, os Lideres/ Comités
Comunitárias poderão avaliar e escolher quais dos irmãos serão responsáveis pela gestão
do dinheiro, note que nãi foram identificadas famílias chefiadas por menores de idade;
➢ Programas de sensibilização sobre questões dirigidas às autoridades, administradores e
comunidades locais;
➢ Assistência da UIP para informar e ajudar as pessoas e grupos vulneráveis;
➢ Procurar o pleno consentimento das mulheres nos agregados familiares e explicando-
lhes as opções de compensação propostas. As mulheres devem ser consultadas para avaliar
as suas perdas especificas e controlar as suas compensações;
➢ Abertura de conta bancária conjunta para o marido e a esposa para receber e utilizar o
dinheiro da compensação;
➢ Monitoria rigorosa.

De salientar que será providenciada a cada PAP formação sobre abertura de conta bancária e gestão
financeira (vulnerável ou não, maridos e esposas). Essa formação também abordará a gestão de
entradas e saídas de dinheiro para ambos, marido e mulher. O pagamento de grandes quantias de
compensação em dinheiro (acima de 500 USD) será feito por meio de prestações cuidadosamente
distribuídas (poderá ser distribuído em vários meses) de modo a mitigar o potencial uso indevido do
dinheiro.

11.1.3 Medidas Adicionais: Componentes Não-Agrícolas


11.1.3.1 Emprego e Outros Benefícios

A prioridade deve ser dada a todos os membros fisicamente aptos dos agregados familiares
reassentados durante o processo de recrutamento de mão-de-obra. Isto aplica-se para os seguintes
empregos e oportunidades de contracto: limpeza do caminho da faixa de servidão; serviço de
transporte de matérias e equipamentos, para a construção/implantação das torres de transporte e
outros locais, construção de estradas de acesso e estaleiros de obra, reconstrução de casas e
estruturas comunitários, provisão de bens e serviços para os trabalhadores; administração do
programa de compensação, actividades de monitoria, etc.
Além disso, todos os agregados familiares e comunidades afectados receberão toda a madeira
cortada no seu terreno para seu próprio uso ou venda. Os materiais recuperados das estruturas
afectadas também poderão ser usados pelos agregados familiares e comunidades afectadas.

Todos os bens e serviços que forem necessários para as obras e os seus técnicos (areia, cimento,
alimentos, etc.) devem ser comprados localmente sempre que for possível. Isto aplica-se a todos os
empreiteiros e devem ser incluídas disposições específicas para esse efeito na elaboração dos
Termos de Referência.

104
11.2 Restauração dos meios de subsistência a nível comunitário
É recomendado informar as comunidades afectadas e os PAP pelo menos um ano antes do início da
construção, e alocar 500 USD para a realocação do local sagrado comunitário afectado. Além disso,
deve mencionar-se que muitas comunidades ao longo da faixa de segurança têm trabalhadores
experientes na matéria de obras de construção de linha de transporte de energia e limpeza de
servidão, experiência que estes adquirem fazendo trabalhos para a Hidroeléctrica de Cahora Bassa
(HCB), daí poderão ser contratados durante a fase de construção. Deverá ser dada prioridade a
trabalhadores locais e prestadores de serviços com a experiência e capacidade necessária na
atribuição de oportunidades de trabalho, se aplicável. Além disso, como sugerido nas consultas, o
empreiteiro geral deverá estabelecer contactos com os líderes comunitários para maximizar a
contratação local, bem como a aquisição de materiais e serviços locais relevantes. Este requisito
deve ser especificado no caderno de encargos do concurso público para empreiteiros e deve
constar nos contractos.
O Programa Nacional de Energia para Todos, que pretende electrificar todas as áreas comunitárias
com um objectivo-chave claro e imutável, o de estabelecer a ligação de forma gratuita a todos os
agregados familiares até ao ano 2030, sendo esta considerada uma medida de restauração da
subsistência da comunidade. Esse projecto é considerado realista pelo Governo de Moçambique e a
sua implementação já iniciou. O projecto é bem conhecido pelos Parceiros Financeiros e o mesmo
está a ser liderado actualmente pelo Banco Mundial.
Durante o levantamento socioeconómico, nas comunidades que serão atravessadas pela linha de
transporte, mencionaram alguns projectos de desenvolvimento que gostariam de poder beneficiar
do projecto, como medidas de restauração dos meios de subsistência ao nível da comunidade.
Desta feita, deverão ser planificados encontros adicionais com essas comunidades, de modo a levar
em consideração as suas necessidades de desenvolvimento no momento da implementação do PR.
Esses tipos de projectos podem ser utilizados para compensar indirectamente as pessoas afectadas
das comunidades atravessadas pelo Projecto, melhorando as infra-estruturas e serviços
comunitários existentes, financiando a construção ou reforma de edifícios públicos (escolas),
serviços (farmácias) e infra-estrutura (abastecimento de água e estradas). A melhoria da
infraestrutura de desenvolvimento deve ser feita de forma equitativa entre as comunidades
atravessadas, dependendo dos impactos ocorridos (uma vez que as comunidades não sofrerão os
mesmos impactos).
Pode haver disputas na comunidade devido á dimensão das novas casas (por exemplo, alguns PAPs
podem pedir uma nova casa da mesma dimensão que a deles para o líder da comunidade). Se
solicitado, a Unidade de Implementação do Projecto (UIP) terá que negociar um alojamento, mas
será resolvido caso a caso. Isso fará parte do orçamento de contingências.

105
12. PROCESSO DE CONSULTA PUBLICA
O envolvimento das partes interessadas é parte integrante do processo de desenvolvimento do PR.
É definido como um processo interactivo em que a visão das pessoas sobre questões que lhes
dizem respeito é procurada e incorporada no planeamento do projecto o mais cedo possível.
Este capítulo descreve o processo de informação e consulta pública realizado em Moçambique para
apoiar o desenvolvimento do PR do Projecto de linha de transporte da energia elétrica da
substanção de Songo à Substanção de Matambo. Primeiramente será descrito o processo
implementado pelo consultor para permitir a consulta informada e a participação das partes
interessadas no desenvolvimento do estudo. As partes interessadas foram abordadas nas diferentes
fases e foram questionadas sobre as suas preocupações, expectativas e recomendações tendo em
vista o processo de reassentamento e compensação, que são relatadas. Por último, são fornecidas
indicações sobre como a visão das partes interessadas têm influenciado as recomendações finais do
estudo.

12.1 Objectivos do Envolvimento e Planeamento Geral


Os objectivos gerais para o envolvimento das partes interessadas para o PR são:
• Respeitar os requisitos e práticas nacionais e internacionais, assim como as expectativas para
o processo de compensação e reassentamento;
• Informar e permitir a participação de todos os níveis de governação e de outras partes
interessadas, durante todas as fases da preparação do PR;
• Desenvolver uma compreensão aprofundada das leis, práticas e expectativas nacionais
relativas ao processo de compensação e reassentamento;
• Garantir um processo de elaboração do PR transparente, inclusivo e participativo;
• Fornecer às pessoas deslocadas e às suas comunidades, e a todas as comunidades
hospedeiras que os receberem, informações relevantes e atempadas sobre as opções de
reassentamento, e dar a oportunidade de participar no planeamento do PR;
• Mobilizar os intervenientes para a implementação e etapas seguintes da elaboração do PR.

Estão previstas actividades de envolvimento, de acordo com principais fases durante a preparação
do PR, onde a participação informada das partes interessadas é provavelmente a mais significativa
contribuição para as actividades em curso e de análise. A Tabela abaixo identifica essas fases, ou
"rondas de consulta", e apresenta, para cada uma delas, os objectivos de envolvimento específicos,
grupos-alvo, e prazos de execução.

106
Tabela 30. Objectivos de Envolvimento Específicos e Grupos Alvo, de acordo com as etapas de
preparação do PR – Moçambique

Actividades do PR Objectivos do envolvimento Grupos-alvo Cronograma


Ronda de Consulta 1 • Estabelecimento de • Ministérios e
Início do processo de Comissões de entidades
preparação do PR, Reassentamento; nacionais;
informação e mobilização • Revisão do projecto e • Autoridades
das principais partes actividades anteriores feitas administrativas
interessadas durante a elaboração do regionais e
Plano de Restauração do serviços
Meios de Subsistência; técnicos
• Validação de questões Autoridades
territoriais levantadas administrativas
durante o processo de AIAS distritais e
e identificar potenciais serviços
novas questões; técnicos;
• Informação às principais • Autoridades
partes interessadas dos tradicionais;
passos de preparação e • Comunidades
actividades do PR para que afectadas
possam informar e mobilizar
os seus constituintes;
• Discussão sobre censo;
• Apresentação do
programa de envolvimento
das partes interessadas;
• Recolher preocupações
e expectativas associadas
com o PR
• Validar ou aprimorar
elementos do plano de
envolvimento das partes
interessadas
Ronda de Consulta 2 •Realização de um
Censo e consultas e levantamento: agregados
participação da comunidade familiares e comunidades;
afectada • Envolver as partes
interessadas na identificação
de elementos sensíveis ou,
no que diz respeito ao PR,
incluir o deslocamento de
locais de património e

107
Actividades do PR Objectivos do envolvimento Grupos-alvo Cronograma
projectos de
desenvolvimento futuro;
• Melhorar elementos-chave
do Plano de Restauração de
Meios de Subsistência, tais
como a matriz de direitos e
compensação/opções de
reabilitação dos meios de
subsistência, mecanismo
para reclamações e
procedimentos; Permitir que
os agregados familiares
potencialmente deslocados
expressem as suas
preferências, preocupações
e sugestões em relação às
opções de compensação e
necessidades de assistência
de reassentamento,
incluindo a identificação de
novos locais de
reassentamento e
comunidades de
acolhimento;
• Identificar os grupos
vulneráveis e as suas
necessidades específicas;
• Organizar discussões de
grupos focais com as partes
interessadas específicas, tais
como mulheres, anciãos,
autoridades fronteiriças, etc.
para lista suas opiniões,
preocupações e propostas.
Ronda de Consulta 3 • Apresentar os resultados • Autoridades
Resultados preliminares do preliminares actuais do administrativas
censo, validação dos levantamento às principais provinciais e
principais conteúdos do PR partes interessadas; serviços
e PAIR • Validar e concordar sobre os técnicos;
elementos-chave para o • Autoridades
relatório final do PR e PAR, administrativas
incluindo: distritais e
o Critérios de Postos

108
Actividades do PR Objectivos do envolvimento Grupos-alvo Cronograma
elegibilidade; Administrativo
o Matriz de direito e e serviços
compensação; técnicos;
o Medidas de • Autoridades
restauração dos tradicionais e
meios de líderes
subsistência; comunitários −
o Procedimentos e ONGs
mecanismo de
resposta a
Reclamações;
o Comunidades
hospedeiras e
potenciais locais de
reassentamento
alternativos;
o Programas de
capacitação;
o Enquadramento
institucional e
responsabilidades
organizacionais;
• Discussão sobre custos de
substituição da terra,
culturas e estruturas;
• Discutir os grupos
vulneráveis identificados e
as necessidades específicas
de assistência e chegar a
acordo sobre medidas de
reassentamento para cada
grupo, incluindo grupos
transfronteiriços.

109
Actividades do PR Objectivos do envolvimento Grupos-alvo Cronograma
Ronda de Consulta 4 • Apresentação da versão • Consultas
Apresentação da versão preliminar do Relatório Final públicas
preliminar do relatório final do PR e PAIR e todos os seus abertas
do PR e PAIR e consulta componentes;
pública • Apresentação de uma
revisão da descrição do
Projeto;
• Recolher preocupações,
comentários sobre os
principais componentes do
PR e PAIR, tais como: matriz
de direito e compensação /
restauração dos meios de
subsistência, mecanismo e
procedimentos para
reclamações, comunidade
hospedeiras, locais
potenciais de
reassentamento, etc.
• Apresentar e discutir sobre
o quadro institucional e
responsabilidades
organizacionais

12.2 Grupos de Partes Interessadas


Os grupos de partes interessadas visados no Plano de Envolvimento das Partes Interessadas (PEPI)
estão descritos na tabela abaixo.

Tabela 31. Grupos visados pelo Plano de Envolvimento das Partes Interessadas do PR

Grupos de partes interessadas Moçambique


Departamentos social e ambiental da EDM e os ministérios com
Ministérios e entidades
o pelouro do ambiente, agricultura, pecuária, terras, turismo,
relevantes a nível nacional
género, estradas, e património cultural.
Autoridades Autoridades administrativas e direcções provinciais relevantes
Regionais/provinciais e serviços (planeamento, terras, agricultura, ambiente, assuntos sociais,
técnicos etc.) da província de Tete.
Autoridades distritais e serviços Administradores e funcionários técnicos relevantes, dos
técnicos Distritos de Cahora Bassa e Marara.
Líderes tradicionais conhecidos como influentes na área de
Autoridades tradicionais
estudo (primeiro, segundo e terceiro escalões)

110
Grupos de partes interessadas Moçambique
Todas as comunidades (vilas e aldeias) afectadas pelo traçado
Comunidades afectadas da linha. Foram identificadas 10 comunidades ( 5 em cada
distrito)
Agregados familiares Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAP), que são susceptíveis de
potencialmente afectados ser física ou economicamente deslocadas pelo projecto
ONGs relevantes nos domínios do desenvolvimento social e
ONGs
direitos humanos, a nível nacional ou provincial

12.3 Resultados das Rondas de Consulta


Quatro rondas de informação e consulta das partes interessadas são realizadas durante o
desenvolvimento do estudo do PR. Estas são planeadas de acordo com as principais fases ou
momentos decisivos ao longo do estudo onde a participação informada das partes interessadas é
muito provavelmente a mais significativa contribuição para a análise em curso, ou seja, a fase Inicial
do PR (1ª ronda), a fase do Levantamento (2ª ronda), a fase do Relatório Preliminar (3ª ronda) e a
fase do Relatório Final (4ª ronda) como foi anteriormente mencionado na tabela acima. Entre as
fases, realizaram-se actividades definidas de forma a assegurar a participação dos diferentes níveis
de partes interessadas.

12.3.1 1ª Ronda de Consulta - Início do Processo de Preparação para o PR, Informação e


Mobilização das Principais Partes Interessadas
12.3.1.1 Organização e Metodologia

• Reunião com as autoridades provinciais e distritais

• Utilização de mapas impressos da área alargada de estudo com as restrições ambientais e


sociais conhecidas como material e apoio às discussões.
• As ferramentas de comunicação utilizadas durante a consulta foram os folhetos e as cartas de
apresentação.
• As listas de presenças não estão disponíveis para esta ronda de reuniões devido à sua
natureza formal: o consultor e a EDM foram convidados pelas partes interessadas com que
se reuniram e não lhes foi permitido recolher assinaturas.

12.3.1.2 Actividades Realizadas e as Partes Interessadas Contactadas

A primeira ronda de consultas serviu para apresentar o projecto e as actividades anteriores


realizadas durante a elaboração do relatório de levantamento do perfil socioeconómico.
Foram realizadas no total seis reuniões nas comunidades por onde a linha passará, entre os meses
de Outubro a Dezembro de 2022. As reuniões serviram para informar as principais partes
interessadas dos passos de preparação e actividades do PR (ex.: próximo levantamento, consultas,
etc.) e servindo para dar aos participantes a oportunidade de expor as suas questões.

111
Foram distribuídos pelos participantes, relatórios resumos do projecto, também entregue a
apresentação. O Documento de Informação Pública e as actas das reuniões de consulta encontram-
se no documento de partes interessadas.

12.3.1.3 Preocupações, Expectativas e Recomendações apresentadas

Os representantes do governo provincial referiram o seguinte:

• Foi recomendado que durante os inventários do PR, um técnico da Direção do Planiamento e


Desenvolvimento Territorial e Ambiental de Tete que acompanhasse a equipa da pesquisa de
campo durante o trabalho nos dois distritos afectados pelo projecto (Sr Taero).

Os representantes do Província de Tete referiram o seguinte:

• A província já tem uma comissão de reassentamento, por isso não é necessária uma
comissão para este projecto específico.
• Foi questionado se já tinham sido identificadas áreas hospedeiras para o reassentamento. Ao
que foi respondido que as áreas ainda não haviam sido identificadas, mas que como o
projecto é linear, será feito um esforço para reassentar os afectados nas mesmas
comunidades, a fim de minimizar os impactos sobre essas famílias.
• Foi recomendado que os administradores distritais e líderes locais acompanhassem todo o processo de
pesquisa de campo.
• Afirmou-se que a implementação do reassentamento deverá ser realizada antes da construção do
projecto.

12.3.2 - 2 ª Ronda de Consulta: Levantamento, Consultas e Participação das Comunidades


Afectadas 12.3.2.1 Organização e Metodologia

Antes da segunda ronda de consulta começar, foram feitas consultas públicas com os chefes e
pessoas das comunidades para garantir que as etapas seguintes de consulta fossem devidamente
explicadas e compreendidas. Foram apresentados o projecto de construção e os objectivos do
trabalho de campo com as datas de consulta. Houve também um fórum próprio para exposição de
questões e preocupações durante as entrevistas, levantamentos e grupos focais.

A segunda ronda de consultas teve lugar durante o levantamento socioeconómico e inventário dos
bens afectados na comunidade e a nível de agregados familiares. Estes levantamentos, em que um
órgão consultivo foi integrado, tiveram lugar de 1 de Dezembro de 2022 a 8 de Março de 2023.

Os Chefes e os seus conselheiros foram informados da proposta de traçado da linha e os locais


seleccionados para as posições. Estes últimos foram questionados sobre quais as alterações previstas
que poderiam ser causadas pela construção da nova linha, bem como suas preocupações sobre a
mesma. Em relação a estes aspectos, os conselhos comunitários também foram questionados sobre
as medidas de mitigação ou melhorias que poderiam ser aplicadas para evitar ou optimizar os
potenciais impactos previstos

112
12.3.2.2 Principais Observações e Preocupações levantadas pelos Chefes das Comunidades
atravessadas pelo Projecto

As preocupações levantadas nas diferentes comunidades são apresentadas abaixo. As medidas que
têm sido sugeridas (sempre que possível) para atenuar ou aumentar estes efeitos também são
descritas.
Uma das preocupações mencionadas foi a a necessidade de manter as famílias impactadas de
Songo dentro da Vila de Songo sem que os movimentasse, por forma a garantir melhores condições
sociais. De forma imediata o governo do Distrito de Cahora Bassa e representantes de HCB
informaram que Songo era estaleiro e o governo está planificar retirar aqueles que não tem vinculo
contratual com HCB e outras instituições internas para Chitima.
Nesta discussão, ficou acordado no fim que as famílias seriam reassentada em Maroeira, numa
comunidade, mais próxima a Vila de Songo, assim eles tinha a possibilidade de irem desenvolver os
seus negócios.
Para as comunidades impactadas também tocaram aspectos relacionados com as medidas de
compensação, e ficou claro que as comunidades querem garantir a compensação das suas terras.
As casas devem ser melhoradas, num novo bairro, com as infra-estruturas anteriormente
mencionadas.

12.3.2.3 Principais Observações e Preocupações levantadas pelos Agregados Familiares


afectados

Além das informações sobre as diferentes características socioeconómicas e demográficas dos


agregados familiares, os chefes dos agregados familiares falaram sobre as suas preocupações
relativamente ao reassentamento durante o levantamento socioeconómico e inventário dos bens
afectados.
Os comentários feitos, na maioria dos casos, destacam as preocupações das PAP em relação ao
pagamento de compensações pelos seus bens afectados e a perda dos rendimentos que poderão
sofrer, como resultado do projecto, para as famílias residentes em Songo.
Quando perguntados como preferiam que as suas casas fossem reconstruídas, todas as famílias
disseram que queriam novas casas e em condições.
Quanto a outras benfeitorias, culturas e arvores pediram que fossem compensados com dinheiro, e
porque seriam os melhores para construir as suas novas benfeitorias em locais de comercio ou
pastorícia.
Quanto as machambas, solicitaram a compensação monetária ou assistência agrícola para que estas
expandissem as suas áreas de cultivo.

12.3.2.4 Principais Observações e Preocupações levantadas na Discussão dos Grupos Focais

Embora várias técnicas sejam utilizadas para se comunicar e consultar o público em geral e as PAPs
em particular, a estratégia propõe e descreve com detalhe o principal meio que será usado. Estas
técnicas incluem, entre outras, as seguintes: reuniões individuais e entrevistas com informantes-

113
chave, discussões em grupos focais, anúncios de imprensa, reuniões abertas de consulta pública,
reuniões com os comités locais de reassentamentos, reuniões com governo e a comunicação entre
partes ocorrida por via do mecanismo de gestão de reclamações do Projecto.
Os Grupos Focais de Discussão, Entrevistas com Informantes-Chave e reuniões de consulta e
participação pública que foram realizadas em função da sua necessidade e importância, decorreram
entre os meses de dezembro de 2022 e Fevereiro de 2023, tendo uma diversidade de objectivos
que incluíam a apresentação formal do projecto, recolha de dados qualitativos, discussão sobre as
áreas de reassentamento, apresentação dos pacotes de compensação, consulta pública, entre
outros aspectos relevantes para o reassentamento.
Os produtores afectados identificaram de forma participativa através do inquérito sócio-económico
e Grupos Focais de Discussão, as suas necessidades ou alternativas sustentáveis para restauração
de meios de subsistência tendo destacado dentre outras, as seguintes: (i) Gestão de valor de
compensação; (ii) Assistência na identificação e aconselhamento sobre ideias de negócio; (iii)
Treinamento de produção de mudas; (iv) Provisão de um it de Iniciação diverso (ex. Agrícola,
Pecuário, etc.); (v) Comércio formal em mercados e feiras locais.

12.3.3 3ª Ronda de Consulta: Resultados Preliminares do Levantamento e Validação dos Principais


Conteúdos do PR E PAR
12.3.3.1 Organização e Metodologia

Os objectivos da 3ª ronda de consultas teve como objectivo apresentar os resultados preliminares


do censo, bem como os principais conteúdos do PR e do PAR às principais partes interessadas do
projecto, que são as autoridades locais e a população afectada, para validar esses mesmos
resultados e explicar os próximos passos a serem seguidos durante o processo do PR e recolher os
comentários.
Previamente à terceira ronda de consultas públicas, foram enviadas cartas-convite formais às
autoridades distritais de todos os distritos envolvidos. Além disso, foram realizadas visitas formais
em cada uma das comunidades, a fim de informar os líderes locais sobre o local e o horário das
consultas pública e assim como dos seus objectivos. Os líderes locais foram solicitados a informar
todas as partes interessadas e afectadas sobre as consultas públicas e os detalhes da reunião.
Foram realizadas reuniões nas comunidades afectadas de forma a garantir a presença das pessoas
afectadas. Da experiência local no que concerne a realização de reuniões públicas nos centros das
cidades advém a dificuldade da participação das pessoas afectadas, o que muitas vezes gera
reclamações, afirmando que elas não foram consultadas e que as decisões são mantidas nos “locais
urbanos” sem a sua contribuição.
Além disso, uma apresentação e um resumo não técnico do projecto de plano de reassentamento
foram preparados e impressos para serem entregues aos participantes durante as consultas
públicas.

12.3.3.2 Actividades realizadas e Partes Interessadas e Afectadas

12.3.3.3 Principais Preocupações e Observações

Um resumo das principais preocupações e observações feitas durante as reuniões de consulta é


fornecido abaixo.
114
LOCAIS DE REASSENTAMENTO

Os locais de reassentamento apenas foram discutidas nas primeiras duas reuniões e grupos focais.
Esta foi a principal questão discutida em Songo, onde a comunidade manifestou discordância com o
local preliminar que lhes foi apresentado, uma vez que estava localizado distante da vila de Songo.

O Governo do Distrito e o consultor tomaram nota dos comentários e as partes interessadas


sugeriram outra área, em Maroeira, localizada a poucos quilómetros de um hospital. O local de
reassentamento foi revisto e aprovado pela unanimidade. Quanto as comunidades do distrito de
Marara em todas reuniões comunitárias concordaram ser viável e preferível fazer o reassentamento
dentro das mesmas comunidades do que escolher os locais de reassentamento noutra localização.

USOS AUTORIZADOS EM PARCELAS INVENTARIADAS ATÉ AO INICIO DO PROJECTO

As PAPs de Marara levantaram a questão de saber se podem continuar com as suas actividades
agrícolas enquanto o PR estiver a ser elaborado. O Consultor confirmou que o Projecto ainda está a
ser estudado e que os PAPs devem continuar com as suas machambas até novo aviso.

SERVIÇOS, DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO E EMPREGO

As PAPs em todas as comunidades afectadas solicitaram emprego local durante a construção, além
de fontes de água e electrificação. O consultor tomou nota de todas as sugestões. Os representantes
da EDM também esclareceram que a electricidade ao longo da linha de transmissão deste Projecto
não será directamente utilizável, mas mencionou os futuros projectos de electrificação em vista.

CASAS DE REASSENTAMENTO

Em Songo, os participantes pediram que fossem pagas em valor os seus anexos, por forma a
garantirem a construção de anexos para as crianças, porque estes já não aceitam dormir na mesma
casa. Foi-lhes confirmado que também seriam compensados em dinheiro, uma vez que estes são
estruturas secundárias

ELEGIBILIDADE PARA COMPENSAÇÃO

Em todas consultas e grupos focais, surgiram muitas questões relacionadas com a elegibilidade geral
à compensação por terras e culturas. Foi explicado que tudo o que será afectado pelo Projecto deve
ser compensado com um valor adequado.

De entre as questões que surgiram Cassoca, é que as comunidades terão assistência nas terras em
expansão para o cultivo. A equipe de consultores explicou que, será elaborado o Plano de
Restauração de meios de subsistência.

RESTAURAÇÃO DOS MEIOS DE SUBSISTÊNCIA

O administrador de Cahora Bassa, confirmou que qualquer pagamento em dinheiro será feito por
meio de contas bancárias, será providenciada ajuda para abri-las e para as despesas relacionadas
com as mesmas. O processo aplicável às compensações de terras em espécie também foi explicado.
Quanto a actividade agricola a nossa lei, preconiza a assistência técnica as famílias.

115
12.3.4 4ª Ronda de Consulta: Apresentação do Relatório Final do PR e PAIR e Consulta Publica
12.3.4.1 Organização e Metodologia – Consultas preparatória

O objectivo desta última ronda de informações e consultas às partes interessadas foi duplo:

• divulgar o relatório preliminar Final do PR e todos os seus componentes para as principais


partes interessadas, tais como instituições governamentais e comunidades afectadas. Foram
recolhidas as suas preocupações e comentários sobre os principais componentes do PR,
como: critérios de elegibilidade e direitos de compensação / restauração dos meios de
subsistência, mecanismo e procedimentos de reclamações, etc.

• divulgar a largura actualizada da faixa de servidão do Projecto, que foi reduzida para 50 m
após acordo com o Ministério da Terra e Ambiente (MTA), conforme descrito abaixo.

As reuniões foram realizadas nas comunidades afectadas de forma a garantir que as pessoas
afectadas estivessem presentes. De acordo com a experiência local, a realização de reuniões públicas
nos centros das cidades dificulta a participação das pessoas afectadas, o que muitas vezes gera
reclamações por parte destas, afirmando que não foram consultadas e que as decisões são mantidas
nos “locais urbanos” sem a sua contribuição. Além disso, muitas comunidades estão localizadas longe
das capitais de distrito, fazendo com que seja ainda mais importante realizar as reuniões localmente.

12.3.4.2 Actividades Realizadas e Partes Interessadas Alcançadas

As reuniões foram realizadas separadamente para homens e mulheres em cada comunidade. As


reuniões de mulheres foram sempre conduzidas por uma mulher, e todas as reuniões tinham um
tradutor de forma a garantir que as informações fossem comunicadas na língua local.

Os consultores informaram os presentes que, devido à natureza linear do Projecto, a maioria dos
agregados familiares fisicamente afectadas distribuídos pelas comunidades atravessadas pela linha
de transmissão serão reassentadas dentro de suas comunidades, continuando assim com os mesmos
serviços sociais etc. Os participantes que não tiveram presentes em nenhuma das reuniões
anteriores foram também informados de que após a construção do Projecto, os agregados familiares
economicamente afectados poderão continuar com as suas machambas, excepto na área sobre a
qual forem colocadas as torres. Foi feita uma breve descrição das compensações elegíveis para os
agregados economicamente afectados.

Em seguida foi apresentado o número de agregados familiares afectados pelo Projecto, no total e
discriminado por distrito. Os locais comunitários e os bens produtivos afectados também foram
apresentados. Ao final da apresentação, foi aberto um espaço para os presentes exporem as suas
questões, dúvidas e comentários. Os presentes foram encorajados a fazer os seus comentários sobre
todos os pontos da apresentação.

Ao final da apresentação, a reunião foi aberta para perguntas, dúvidas e comentários, os quais estão
registados em acta. As cartas-convite, anúncio no jornal, o resumo-não-técnico usado como apoio
para as apresentações. No final foram apresentados os agradecimentos e tendo informado que
devido a interação ao longo do processo muita coisa estava clara.

116
13 PROTOCOLO DE GESTÃO DE RECLAMAÇÕES E SUGESTÕES
Os Mecanismos de Resposta às Reclamações são ferramentas essenciais para permitir que as
Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAP) expressem as suas preocupações sobre o processo de
reassentamento e compensação à medida que surjam e, se necessário, para que acções correctivas
sejam tomadas, nos casos em que qualquer valor de compensação não tenha sido calculado
correctamente, e que devem ser reavaliados em tempo útil. Tais mecanismos são fundamentais
para que haja transparência no processo de reassentamento. O procedimento de resposta a
reclamações inclui o uso de registos para determinar a validade das reclamações.
É essencial (e um requisito da ESS5) que todos os projectos de reassentamento incorporem um
Mecanismo de Resposta a Reclamações que seja acessível, livre, de fácil compreensão,
transparente, responsivo e eficaz, que não restrinja o acesso aos canais oficiais de reclamação
(como os tribunais, incluindo tribunais tradicionais) e que não cause receio de consequências
negativas pelo seu recurso entre os utilizadores. Os Indivíduos e agregados familiares afectados
devem ser informados sobre a existência de um mecanismo de resposta às reclamações.
Informações gerais sobre a existência de tais mecanismos serão tornadas públicas através da
terceira e quarta ronda de consultas comunitárias.
Normalmente, as dificuldades encontradas podem ser classificadas em duas categorias: as
reclamações relacionadas com o processo e as relacionadas com a propriedade. As reclamações e
conflitos durante o processo são tipicamente associados às seguintes causas:
➢ Omissões de património nos inventários;
➢ Registros errados de dados pessoais ou da comunidade;
➢ Erros nas identidades das pessoas afectadas;
➢ Impressões de subavaliações;
➢ Condições de reassentamento;
➢ Desentendimentos sobre limites de parcelas, machambas entre as pessoas afectadas
da mesma localidade ou com a comissão do censo de propriedade ou entre dois vizinhos;
➢ Disputas sobre a partilha de compensação;

As reclamações e disputas pelo direito de propriedade geralmente referem-se aos seguintes casos:
➢ Recente mudança na apropriação do bem;
➢ Sucessão de herança;
➢ Apropriação de um bem comum ou capital de produção posto em prática por várias
pessoas;
➢ Divórcio;
➢ Propriedade da terra (ex.: o utilizador de terra é diferente do proprietário do terreno,
o que pode levar a conflitos sobre a partilha dos bens da terra, como, por exemplo,
árvores);
➢ Casos de violência de género (VG) também podem ocorrer durante o processo de
reassentamento, uma vez que o deslocamento de pessoas e o pagamento de
compensações representam um risco de VG. Isso é particularmente verdade quando a
compensação é paga em dinheiro aos homens. O retorno da experiência mostrou que, em
alguns casos, os homens gastam o dinheiro em vez de investi-lo no reassentamento do
agregado familiar ou que procuram casar novamente com outra mulher e abandonar a
família. As mulheres muitas vezes são contornadas quando as compensações são

117
negociadas e distribuídas. Para as mulheres solteiras chefes do agregado familiar, alguns
membros da família também podem tentar receber o dinheiro da compensação porque as
ajudaram a construir a casa no passado.

13.1. Objectivos
Os objectivos do mecanismo de resposta a reclamações são os de responder às reclamações das
PAP’s de forma rápida e transparente, e garantir que tenham meios de apresentar e abordar as
suas reclamações relacionadas a qualquer aspecto do PR.

O protocolo de gestão de reclamações fornece orientações à EDM para a gestão das reclamações
da comunidade e das partes interessadas ao longo das diferentes fases do Projecto, incluindo a
elaboração do Plano de Reassentamento e da fase de implementação do reassentamento. Este
protocolo ajuda a:
➢ Compreender a percepção da comunidade dos riscos e impactos do projecto, e ajustar
as suas medidas e acções para resolver as preocupações da comunidade;
➢ Informar as comunidades e as partes interessadas afectadas sobre o processo que será
seguido em resposta as reclamações;
➢ Elaborar um mecanismo de reclamações eficaz, e que seja disponível para as
comunidades e partes interessadas afectadas;
➢ Mapear as sugestões da comunidade como uma oportunidade para a melhoria
contínua, como criar ou alterar um sistema existente e o processo de aprendizagem.
O mecanismo de resposta a reclamações proposto terá em consideração a Violência Baseada no
Género (VBG) que pode ser criada pelo processo de reassentamento e compensação. Todas as
reclamações relacionadas a esse assunto serão cuidadosamente examinadas e tratadas de forma
adequada.

13.2. Princípios Gerais


De modo a apoiar as PAP a encaminhar as suas reclamações seguindo os princípios orientadores do
Mecanismo de Resposta a Reclamações ou, pelo menos, de forma prática e concisa, estas deverão
saber a quem recorrer quando quiserem apresentar uma queixa. A questão será resolvida, dando
prioridade à negociação/conciliação.
O sistema de reparação por danos pode exigir várias etapas, a saber: um procedimento informal, o
sistema administrativo e o processo judicial. Por razões de eficácia, é sempre desejável resolver um
problema localmente e de forma amigável. A dependência de sistemas locais de resolução de
conflitos oferece soluções eficientes e duráveis e evita acrescentar peso ao conflito através de uma
estrutura que necessita de recurso judicial.
No entanto, todas as queixas relacionadas com o não-cumprimento de contractos, níveis de
compensação, ou apreensão de bens sem indemnização devem ser levadas ao conhecimento dos
agentes relevantes dentro da Comissão Distrital de Reassentamento incluindo autoridades locais
(na comunidade e ao nível de vizinhança) e resolvidas. Todos os pagamentos de queixas e
reclamações serão feitos de acordo com as regras de compensação (por exemplo, através de uma
conta bancária) como descrito nos capítulos 9 e 11.

118
A nível da base, principalmente de bairro e de vizinhança, o país não tem estruturas unificadas para
gerir assuntos comuns que afectam aqueles que lá vivem.
No entanto, em todos os casos, há sempre alguma forma de organização e/ou representação das
famílias por entidades como o "Chefe das Dez Casas", Líderes Tradicionais, Líderes Religiosos, etc.
que representam as pessoas que vivem em determinadas jurisdições. Dependendo dos casos
específicos, estes serão escolhidos para representar e organizar os agregados em todo o processo
do PR e, em especial, durante a apresentação e a reparação de queixas. Devem, por si e/ou com a
ajuda de outros, ser capazes de realizar todo o trabalho de secretariado envolvido no processo, tal
como preparar/escrever as queixas quando necessário, recolhê-las, apresentá-las, enviá-las, traduzi-
las, etc., no entanto, é importante notar que a representação não pode ser imposta; pessoas
afectadas que queiram lidar com todo o processo por si, serão autorizadas a fazê-lo.
Formulários de reclamação geral a ser utilizados serão preparados por uma Unidade de Gestão
Ambiental e Social da EDM e apresentados e disponibilizados a todos os potenciais utilizadores. As
PAP’s que são analfabetos ou que não compreendem o português devem ser capazes de apresentar
queixas tendo alguém que haja como seu representante.
A Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM não deve desencorajar a apresentação de uma
queixa. A queixa será registada no Registo de Queixa/Problemas. A Unidade de Gestão Ambiental e
Social também ajudará as PAP’s (se necessário) a preencher e assinar os formulários e os seus
representantes devem ser incluídos no formulário.

13.3. Assistência às PAP


Para permitir que as populações afectadas sejam plenamente informadas dos procedimentos, pode
ser necessário dar assistência jurídica a algumas pessoas. Esta assistência é particularmente
importante para as PAPs vulneráveis, que muitas vezes têm menos conhecimento e recursos para
avançar com as suas queixas. Esta assistência será providenciada pela ONG (Universidade /
Consórcio testemunha que irá ajudar a UIP (que poderá ser o consultor da implementação do PR). A
UIP, com a ajuda da ONG, manterá um registo das diferentes reclamações para todos os níveis do
processo. Eles garantirão que seja respeitado o tempo necessário para responder às reclamações
(nos segundo e terceiro níveis do processo).
O objectivo desta assistência é informar as populações afectadas dos seus direitos para aumentar a
sua confiança no processo de expropriação. O orçamento para a assistência aos PAP, em particular
os mais vulneráveis, está incluído no orçamento previsto para a organização da implementação do
PR. Espera-se que esta assistência seja pontual e apenas reservada para os casos mais complexos ou
casos contenciosos.

13.4. Processo do MRR


13.4.1. Primeiro Nível: Líderes Comunitários e NGO/Universidade/Consórcio Testemunha
Podem surgir litígios em resultado da incompreensão das políticas de reassentamento do projecto, e
muitas vezes podem ser resolvidos através de arbitragem, utilizando as regras de mediação
tradicional. Muitas disputas podem ser resolvidas através de:
• Explicações adicionais (ex.: explicar em detalhe como o projecto calculou a compensação
do queixoso e mostrar-lhe que as mesmas regras se aplicam a todos);

119
• Arbitragem, apelando aos mais velhos ou a pessoas respeitadas na comunidade, embora
não pertencendo à mesma.
O primeiro nível é ilustrado na figura a seguir e é explicado nas secções seguintes.

Figura 51. Primeiro nível do MRR

A primeira acção a implementar é disponibilizar aos PAPs um registro de questões frequentemente


colocadas (FAQs) e respostas. Isto é feito para evitar ficar sobrecarregado com reclamações gerais,
é recomendado que este registo seja desenvolvido pela Unidade de Gestão Ambiental e Social da
EDM e disponibilizado para consulta em locais da comunidade (por exemplo, escritório distrital,
etc.) no início do processo de reassentamento. Este registo deve incluir informações gerais sobre o
Projecto, tais como:

➢ Cronograma detalhado do projecto, incluindo início do trabalho, método de


construção, cronograma do reassentamento e detalhes como os critérios de elegibilidade,
compensação e pacotes de assistência;
➢ Fotografias de torres e locais de trabalho típicos;
➢ Decisões quanto ao uso da faixa de servidão pelas comunidades e apresentação das
actividades permitidas e proibidas na linha de transporte.

Durante a primeira fase do processo, os PAP’s devem reportar as suas reclamações tanto:

120
➢ Ao líder da sua comunidade para uma revisão imediata e resolução, se a reclamação
for relacionada com a terra ou disputa de terra a menos que a disputa envolva os líderes
locais: nesse caso, a disputa passará directamente para o nível 2, ou
➢ Para a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM se a reclamação não estiver
relacionada à terra ou disputa de terra, mas estiver relacionada ao pagamento de
compensação e assunto relacionado ao reassentamento.

Os PAP devem apresentar reclamações por escrito aos líderes da aldeia/comunidade. Ficará claro no
programa de comunicação da implementação do PR que as mulheres e outras pessoas vulneráveis
são incentivadas a apresentar as suas queixas. A ONG/Universidade/consórcio testemunha vai ajudar
todas as PAP, especialmente as PAP vulneráveis, a apresentar as suas reclamações, sempre que for
necessário, e esta será responsável por lidar com as reclamações anónimas a pedido dos reclamantes.
Envolver activamente uma ONG / universidade / consórcio testemunha é a chave para o sucesso do
MRR e conformidade com a ESS5 porque:

➢ As práticas internacionais recomendam que todas as reclamações sejam registadas numa


base de dados. Fazer o seguimento das reclamações é a chave para o sucesso do mecanismo
e os líderes das comunidades estão acostumados a trocas verbais e geralmente não se
consideram responsáveis perante o dono do Projecto;
➢ Os PAP’s podem temer discutir certos assuntos com os líderes comunitários. O MRR deve
permitir que as pessoas façam uma reclamação anonimamente, sem medo do estigma social;
- dado o número de intermediários envolvidos antes da reclamação chegar aos escritórios da
EDM, se nenhuma ONG / universidade / consórcio testemunha estiver envolvida, levará a
atrasos antes que seja empreendida alguma acção;
➢ É importante evitar a captura de elite, pois por vezes os interesses dos líderes
comunitários são diferentes dos membros da comunidade.
A ONG/universidade /consórcio testemunha deve:

➢ Ser apresentado às comunidades e líderes das comunidades durante uma consulta


pública especifica como parte do processo do PR;
➢ Explicar o MRR as PAP’s;
➢ Documentar a reclamação sempre que exigido pelo PAP porque os líderes da
comunidade não estão familiarizados com reclamações escritas e muitos dos PAP’s não
sabem escrever. É, portanto, responsabilidade da ONG / universidade / consórcio
testemunha registar todas as reclamações. Para esse propósito, a ONG /universidade
/consórcio testemunha deve ter um formulário onde podem ser preenchidas as perguntas,
ou queixas ou reclamações podem ser documentadas. No entanto, a experiência obtida
demonstrou que a maioria das reclamações são transmitidas verbalmente ou escritas em
folhas de papel, portanto, o MRR deve ser flexível (por exemplo, submissões em pessoa,
por telefone ou mensagem de texto). A ONG / universidade / consórcio testemunha irá
transcrever as reclamações e registá-las numa base de dados e comunicar as respostas de
maneira razoável e oportuna. A ONG / universidade / consórcio testemunha deve ter uma
atitude de “casa aberta”;
➢ Perguntar as PAP’s se desejam permanecer anônimos. Caso desejem manter o
anonimato, o número de telefone, nome e informações de identificação não devem ser
transmitidos. Isto é particularmente relevante se a reclamação se relacionar com VG;

121
➢ Reunir com a parte interessada que pode ser a Unidade de Gestão Ambiental e Social
da EDM, o Consultor responsável pela implementação do RAP ou o líder da comunidade (ou
todos eles) para discutir possíveis respostas e acções. Em seguida, é fornecida uma resposta
ao reclamante no prazo de cinco dias úteis. Se a resposta exigir uma actividade ou decisão
específica, como uma reavaliação de bens ou compensação, o reclamante terá que aceitar
ou rejeitar a actividade ou decisão proposta. Em casos de disputas de terras, a ONG /
universidade / consórcio testemunha deve organizar negociações entre os reclamantes e
envolver as autoridades tradicionais. O líder da comunidade deve tentar resolver a
reclamação amigavelmente com a participação activa da parte prejudicada no prazo de
cinco dias úteis a partir da data de apresentação da reclamação. Como último recurso, a
ONG / universidade / consórcio testemunha deve fornecer orientação sobre os recursos
legais disponíveis para reivindicações de propriedade e reivindicações sobre avaliação de
bens e no segundo nível deste MRR.
➢ Fornecer as PAP’s uma notificação por escrito como prova.
➢ Manter a base de dados das reclamações, o que significa incluir todas as respostas e
resultados das reclamações, acompanhamento das reclamações e respeitar o prazo para as
respostas.
Se a queixa for resolvida e a parte prejudicada estiver satisfeita com a decisão, deve ser preparado
um relatório pela ONG / Universidade /consórcio testemunha e incluído na base de dados. Uma
cópia do relatório deve ser entregue à PAP e uma cópia deve ser submetida à Unidade de Gestão
Ambiental e Social da EDM e para registo. Se a queixa não for resolvida, a PAP deve passar para o
segundo nível. A Figura mais abaixo apresenta o processo específico para cada tipo de queixa.
Além da ONG/universidade/consórcio testemunha, a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM,
o Consultor responsável pela implementação do PR e os líderes comunitários também terão um
papel a desempenhar no MRR:
➢ A Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM tem a responsabilidade de
supervisionar o MRR e auxiliar os vários actores do Projecto durante as reuniões com as
comunidades. Em muitos casos, a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM necessita
de fornecer respostas às reclamações e deve ter uma pessoa dedicada para fazer o
seguimento e registar todas as respostas e decisões na base de dados. Qualquer acção a
empreender durante a preparação do Projecto deve ser realizada pela Unidade de Gestão
Ambiental e Social da EDM.
➢ A Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM tem a responsabilidade geral de
garantir o cumprimento do MRR e aplicá-lo.
➢ A Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM deve relatar externamente os
resultados do mecanismo e se comunicar com as partes interessadas do Projecto, incluindo
o financiador do projecto.
➢ O consultor responsável pela implementação do PR (UIP) deve monitorar a eficiência do
MRR e participar da discussão sobre as acções correctivas a serem implementadas.
➢ Líderes comunitários: Os conflitos relacionados às reivindicações de propriedade de
terras devem ser tratados pelos líderes comunitários que são responsáveis por chegar a um
acordo entre os reclamantes. Os líderes comunitários também devem estar envolvidos nas
comunicações com a ONG/universidade/consórcio testemunha e devem ser consultados a
fim de encontrar soluções combinadas para os conflitos de terra.

122
➢ A ONG/universidade/consórcio testemunha deve ser auxiliada por promotores
baseados na comunidade compostos por membros respeitados da comunidade.

13.4.2. Critérios para a selecção de uma ONG/Universidade/Consórcio Testemunha


A selecção da ONG/universidade/consórcio testemunha deve ser feita com base nos seguintes
princípios:
➢ A selecção deve ser feita por meio de licitação e visar pessoas com experiência como
oficiais de ligação com a comunidade, sociólogos ou funcionários distritais locais. A
ONG/universidade /consórcio testemunha deve ser do distrito e compreender a cultura local
e deve ser flexível ao tomar nota de reclamações;
➢ Devem compreender o MRR e ser capazes de apresentá-lo às comunidades afectadas
numa língua que entendam;
➢ O seu papel estender-se-á ao longo das fases de preparação e construção do Projecto
porque o MRR não cobre apenas o reassentamento;
➢ O envolvimento deve basear-se em visitas semanais a cada comunidade e requer
transporte;
➢ A ONG/ universidade/consórcio testemunha deve compreender totalmente os impactos
do
projecto e as comunidades afectadas e deve ser capaz de investigar reclamações e queixas;
➢ A ONG/universidade/consórcio testemunha deve reunir-se com promotores baseados
na comunidade que são membros respeitados da comunidade selecionados especificamente
para o MRR. Durante as reuniões, a ONG/universidade/consórcio testemunha irá discutir
com estes, recolher as reclamações e reunir com os reclamantes e líderes comunitários para
avaliar e descrever as reclamações;
➢ A ONG /universidade /consórcio testemunha deve garantir que os membros da
comunidade, incluindo mulheres e pessoas vulneráveis, não enfrentem obstáculos ao usar o
mecanismo.
➢ Promotores baseados na comunidade estariam envolvidos voluntariamente.

13.4.3. Segundo Nível: Comissão Técnica para o Acompanhamento e Supervisão do


Reassentamento a nível distrital
Se a PAP não estiver satisfeita com a decisão do primeiro nível, o caso deve ser encaminhado para a
Comissão Técnica para o Acompanhamento e Supervisão de Reassentamento a nível distrital com um
relatório preliminar preparado pela ONG/Universidade/Consórcio testemunha. O relatório deve ter os
detalhes da reclamação, a descrição da avaliação efectuada pelos líderes comunitários de 1º nível,
uma data de audiência e a decisão.

Se a disputa envolver um líder local, o mecanismo de reclamações começa neste nível (é apenas
excluído o primeiro nível). Após a recepção da reclamação, a comissão, se desejado, pode instruir a
ONG /universidade/consórcio testemunha a recolher mais informações relacionadas à queixa e
submetê-las à comissão para seu uso enquanto estiver a ouvir a queixa. A audiência deve ser
concluída no prazo de 10 dias úteis a contar da data do encaminhamento do caso. A data, a hora e o
local da audiência devem ser comunicados à PAP pela comissão, com pelo menos cinco dias de
antecedência.

123
Se a reclamação for resolvida e a PAP estiver satisfeita com a decisão, um relatório da mesma
deverá ser preparado pela ONG /universidade/ consórcio testemunha. Uma cópia do relatório deve
ser entregue ao PAP e uma cópia deve ser submetida à UIP para registo. Se a queixa não for
resolvida, a PAP deve passar para o terceiro nível.

13.4.4. Terceiro Nível: Comissão Técnica para o Acompanhamento e Supervisão do


Reassentamento a nível provincial
Se a PAP não estiver satisfeita com a decisão do segundo nível, o caso deve ser encaminhado para a
Comissão Técnica para o Acompanhamento e Supervisão de Reassentamento a nível provincial com
um relatório preliminar preparado pela ONG/universidade/consórcio testemunha que irá servir de
ponto focal. O relatório deve fornecer detalhes da reclamação, uma descrição da avaliação feita
pela Comissão Técnica para o Acompanhamento e Supervisão do Reassentamento de Nível Distrital,
a data da audiência e a decisão tomada pelo governo local.
A audiência deve ser concluída no prazo de 20 dias úteis a contar da data do encaminhamento do
caso. A data, hora e local da audiência devem ser comunicados à PAP pela comissão, com pelo
menos sete dias de antecedência.
Se a reclamação for resolvida e a PAP estiver satisfeita com a decisão, um relatório da mesma
deverá ser preparado pela ONG / universidade/ consórcio testemunha. Uma cópia do relatório deve
ser entregue ao PAP e uma cópia deve ser submetida à UIP para registo. Se a queixa não for
resolvida, a PAP deve passar para o último nível.
Se todas as possibilidades tiverem sido esgotadas sem sucesso, então o assunto será levado ao
sistema judiciário local existente para a administração da justiça pela PAP com a ajuda da ONG
/universidade/consórcio testemunha. Todas essas decisões devem ser tomadas em quatro meses, a
partir do dia em que a reclamação é apresentada pela PAP a um sistema de reparação de queixas.

13.4.5. Quarto Nível: Tribunais e/ou Sistema Judicial


Se os tribunais locais e os tribunais da terra não puderem resolver o assunto, irão ao Supremo
Tribunal para resolução. A EDM vai lidar com tais apelos, mesmo após o período de implementação
do PR ter terminado. A decisão do tribunal é final.

124
Figura 52: Mecanismo de Resposta a Reclamações

13.4.6. Monitoria de Reclamações


Os indicadores de desempenho a serem monitorados pelo Consultor responsável pela implementação
do PR são apresentados em seguida:
➢ Número de reclamações externas registadas (comunidades), número de respostas
fornecidas às partes interessadas e número de casos resolvidos;
➢ Número de reclamações indicadas para o segundo, terceiro e quarto nível.

As reclamações não resolvidas também devem ser monitoradas e analisadas.

125
13.4.7. Divulgação
Durante a implementação do reassentamento, a ONG/universidade/consórcio testemunha deve
relatar regularmente o desempenho do MRR e entregar a base de dados das reclamações à
Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM e ao Consultor responsável pela implementação do
PR. Em última análise, é a Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM que deve manter a base
de dados.

O Consultor responsável pela implementação do PR deve incluir no relatório de monitoria os


resultados do MRR. Os relatórios devem ser integrados ao processo de monitoria (que no início do
processo de implementação do PR devem inclui relatórios de monitoria de desempenho mensais,
seguidos de relatórios de monitoria de desempenho trimestrais).

13.4.8. Reforço de Capacidades


Os líderes comunitários devem ser sensibilizados para o MRR e seu funcionamento. Recomenda-se
que a implementação do MRR seja gerida pela ONG/universidade/consórcio testemunha e seja
assistida por promotores baseados na comunidade compostos por membros respeitados da
comunidade. No entanto, eles podem não estar familiarizados a um MRR formal, onde as
reclamações devem ser registadas numa base de dados e onde os procedimentos devem ser
implementados. Para tal, é importante que realizada a capacitação da ONG/universidade/consórcio
testemunha e que sejam atribuídos fundos para o seu bom funcionamento (transporte e
combustível). A ONG / universidade / consórcio testemunha também deve ser formada no âmbito das
possíveis questões que podem ser levantadas, como violência de gênero e disputas de terra.

13.5. Acções especificas para a Violência de Género


Os casos de VG podem variar, aqueles que estão relacionados ao reassentamento (apropriação de
terras, homens que gastam o dinheiro, separações familiares com maridos à procura de outras
mulheres, etc.) devem ser tratados através da sensibilização dos líderes da comunidade e de todos
as PAP’s durante os acordos de compensação. Além disso, para reduzir os riscos, as mulheres
devem participar do processo de negociação e estar cientes do tipo de compensação oferecida aos
agregados familiares. Ambos homens e mulheres devem assinar os acordos da compensação. Isso é
feito para encorajar os casais a tomarem decisões juntos.
Os outros casos de VB não relacionados com o reassentamento que podem ocorrer dentro das
famílias, também precisam de ser identificados e tratados. Regra geral as formas tradicionais de
lidar com a VG não são a favor das mulheres e uma vez que a confidencialidade das mulheres deve
ser garantida, não é recomendado envolver as autoridades tradicionais para lidar com as queixas de
VG, mas envolver um Provedor de Serviços de VG (clínicas locais, centros de atendimento ou ONGs
que trabalham com VG). Os prestadores de serviços de VG oferecem apoio psicológico à vítima e
fazendo o aconselhamento e encaminhamento para os serviços de saúde dando apoio psicológico e
jurídico. O Provedor de Serviços também faz a ligação com o centro de saúde local e a polícia para
casos graves, como abuso e violação sexual.
A Unidade de Gestão Ambiental e Social da EDM é responsável por identificar um potencial Provedor
de Serviços de VG no início do processo para lidar com os casos potenciais de VG. Este Provedor de

126
Serviços de VG deve ser apresentado às comunidades durante uma consulta pública especifica como
parte do processo do PR.

A ONG /universidade /consórcio testemunha também deve ser formada para recolher alegações de
Violência de Género através do MRR e deve anunciar que as vítimas de Violência de Género podem
transmitir as suas queixas ou reclamações a estes ou a um Provedor de Serviços de Violência de
Género.

127
14. MONITORIA E AVALIAÇÃO
O objectivo principal da monitoria é fornecer informação de retorno ao proponente do projecto sobre
a implementação do PR, bem como de identificar os problemas e sucessos o mais rapidamente
possível de forma que atempadamente possa permitir ajustes das disposições relativas à
implementação do projecto. Deste modo, devem ser feitas avaliações qualitativas e quantitativas para
determinar se as pessoas afectadas alcançaram, no mínimo, o padrão de vida que tinham antes da
implementação das actividades do projecto e reassentamento como determinado nos dispositivos
legais em vigor sobre o reassentamento.

O proponente do projecto deverá estabelecer um sistema de relatórios/notificação que irão:

• Fornecer informação ao projecto, em função dos prazos determinados, sobre todas as


questões relacionadas com o reassentamento e o processo de compensação que tenham
surgido como resultado das actividades relacionadas com o PR;

• Identificar quaisquer queixas e/ou reclamações, especialmente as que ainda não foram
resolvidas a nível local e que podem necessitar de resolução a níveis mais altos;

• Documentar a finalização do reassentamento e pagamento da compensação no âmbito do


projecto que porventura estiverem por solucionar, incluindo todas as perdas permanentes e
temporárias por conta da implementação do projecto;

• Avaliar se todos os afectados foram compensadas em conformidade com os requisitos do


presente PR;

• Identificar as medidas de mitigação, conforme necessário, onde existam mudanças


significativas nos indicadores que possam necessitar de intervenções estratégicas (ex., grupos
vulneráveis que não estão a receber apoio suficiente por parte do projecto, entre outras).

O Projecto vai estabelecer um sistema de monitoria e avaliação, consistente com os 5 (cinco) critérios
de Padrão de Desempenho da International Finance Corporation, nomeadamente: (i) Avaliação de
Impacto Ambiental e Social e Gestão de Risco; (ii) Aquisição de Terra e Reassentamento Involuntário;
(iii) Saúde, Segurança e Protecção Comunitária; (iv) Comunidades indígenas e (v) Herança cultural. O
processo de monitoria compreende dois níveis a saber:

• Monitoria interna - a ser realizado pelas equipas de implementação e supervisão do


reassentamento com a participação activa, tanto quanto possível, das comunidades
afectadas;

• Monitoria externa - a ser realizada por uma entidade independente, que será contratada para
o efeito, pelo proponente do projecto.

14.1. Monitoria Interna


O processo de monitoria interna da implementação do PR será efectuado pela Comissão Técnica de
Acompanhamento e Supervisão de Reassentamento (CTASR) em coordenação com o proponente do
projecto (EDM) na qualidade de supervisor geral. A monitoria interna deverá ser realizada, o quanto
possível, em coordenação e conjuntamente com uma equipe técnica do governo provincial
envolvidos, nomeadamente os distritos Marara e Cahora Bossa, incluindo sempre que possível, os
representantes do Posto Administrativos dos dois Distrito, assim como as autoridades tradicionais.
Adicionalmente, deverá ser convidada uma entidade independente, no caso concreto uma
128
Organização Não Governamental (ONG) que advoga pelos direitos económicos dos produtores e/ou
acesso a terra para fazer o acompanhamento e monitoria do processo de reassentamento.

A monitoria interna terá como base o Plano de Acção do Reassentamento (PAR) e tem como
objectivo avaliar o progresso alcançado na realização das actividades propostas neste PR. Esta
monitoria será feita mensalmente e será acompanhada pela elaboração de um relatório de progresso
da implementação do PR. Os relatórios de progresso deverão ser elaborados pela equipa de
implementação do PR e apresentados ao proponente do projecto (EDM), CTASR, partes interessadas
relevantes e agência financiadora do projecto (Banco Africano de Desenvolvimento - BAD).

A monitoria interna deverá analisar as contribuições (inputs), processos, e resultados da


compensação/restauração dos meios de subsistência e outras medidas de mitigação de impactos que
tiverem sido identificadas. As principais metas a serem monitoradas no âmbito da monitoria interna
deverão fazer referência aos seguintes indicadores.

a) Métodos e Estratégias para executar as Actividades de Implementação do PR

• Metodologia e estratégias para a implementação das actividades do PR;

• Licções aprendidas documentadas e recomendações para consolidar o desenho e a


implementação do PR.

b) Desembolso dos fundos

• Número de pessoas afectadas pelo projecto;

• Pagamento das compensações e cumprimento dos respectivos prazos;

• Número de agregados familiares de afectados que não receberam compensação.

c) Resolução de Reclamações

• Estabelecimento e funcionamento dos mecanismos de resolução das reclamações;

• Formação / treinamento dado ao Comité de Gestão de Reclamações (CGR);

• Número de pessoas que apresentaram reclamações com relação ao projecto;

• Número de reclamações resolvidas ou não resolvidas a nível local;

• Número de reclamações processadas em tribunais distritais/provinciais e supremo.

• Número de reclamações resolvidas pelo tribunal judicial.

d) Participação Pública

• O número de reuniões públicas realizadas.

• Nível de participação de quadros do governo local e autoridades administrativas relevantes;

• Nível de participação comunitária no processo de reassentamento, incluindo a sociedade civil.

e) Restauração de meios de subsistência

• Número de PAPs capacitados na gestão valor de compensação (desagregado por género);

129
• Número de produtores afectados que receberam com planos de negócio elaborados e em
implementação.

• Número de produtores com terras alternativas de cultivo adquiridas por meios próprios;

• Número de produtores afectados treinados na produção agrícola e gestão da produção;

• Número de produtores afectados ou seus familiares desenvolvendo actividades nas obras do


projecto;

• Número de produtores afectados ou seus familiares desenvolvendo comércio formal em


Mercados locais;

• Número de produtores afectados desenvolvendo outras actividades alternativas de


restauração de meios de subsistência com recurso aos valores de compensação recebidos.

A equipa de implementação do PR fará a análise de dados estatísticos para determinar o grau de


cumprimento dos indicadores acima, assim como verificar se as estratégias de implementação do
reassentamento, conforme definidas no PR, são eficazes na abordagem das questões relevantes para
o sucesso na implementação do reassentamento. Os registos financeiros serão mantidos pelo
proponente do projecto para determinar o custo final de implementação do PR.

14.2. Monitoria Externa


A monitoria externa será efectuada por um entidade independente que pode ser uma ONG,
Instituição de ensino ou pesquisa, empresas de consultoria ou consultores individuais. Estas entidades
independentes deverão ser contratadas pelo proponente do projecto (EDM) e com anuência da
agência financiadora do mesmo (Banco Africano de Desenvolvimento). A entidade independente com
responsabilidade para realizar a monitoria externa deve ter vasta experiência em levantamentos
sociais e monitoria de reassentamentos, incluindo a restauração de meios de subsistência
particularmente para grupos vulneráveis.

O processo de monitoria externa divide-se em duas grandes actividades a saber:

• Avaliação periódica do progresso da implementação do PR e do PRMS;

• Avaliação final do PR.

Assim, a entidade independente a ser contratada pelo proponente do projecto para realizar a
monitoria externa deverá fazer a verificação dos relatórios periódicos produzidos pela equipa de
monitoria interna, assim como proceder a avaliação do grau de cumprimento dos compromissos
assumidos no presente PR (ex. Pagamento de compensações, assistência adicional e restauração de
meios de subsistência) e avaliar o sistema de divulgação das informações. Adicionalmente, a entidade
independente deverá também monitorar o PRMS, no que concerne ao seu grau de implementação e
eficácia das medidas das componentes do PRMS na melhoria do padrão de vida e meios de
subsistência das PAPs.

Durante o processo de avaliação final do PR, a entidade independente deverá conduzir:

• Uma avaliação da conformidade geral do Projecto baseado nos 10 (dez) Padrões Ambientais e
Sociais do Banco Mundial e na legislação moçambicana;

• Uma revisão do progresso em comparação com a calendarização do PR;

130
• Uma verificação das avaliações internas dos resultados pelo Projecto;

• Entrevistas à amostra representativa de Pessoas Afectadas pelo Projectos com o intuído de:
(i) Medir até que ponto os padrões de vida e meios de subsistência foram restabelecidos ou
melhorados; (ii) Verificar se as Pessoas Afectadas pelo Projecto foram suficientemente
informadas e consultadas; (iii) Recolher as opiniões das pessoas afectadas sobre a observação
dos direitos e gestão de queixas e/ou reclamações; e (iv) Avaliar o grau de satisfação geral
com o processo de reassentamento.

O processo de monitoria externa das actividades do PR deverá ser realizado, no mínimo em cada 3
(três) meses durante o período de implementação do PR para confirmar ou verificar se o
reassentamento está a ser implementado em conformidade com as medidas descritas no PR e no
PRMS, assim como avaliar o grau de cumprimento das actividades nestes dois instrumentos de
orientação do reassentamento, bem como avaliar e propor melhores estratégias para o cumprimento
integral do processo de reassentamento. Enquanto isso, o processo de avaliação final do PR deverá
ser conduzido a partir dos 6 (seis) meses após o fim do processo de implementação do PR, sendo que
o mesmo deverá verificar o impacto do processo de implementação do PR, com enfoque no potencial
que as actividades prescritas no PRM efectivamente conduziram a restauração dos meios de
subsistência dos afectados. Esta avaliação deverá ser participativa, isto é, com o envolvimento dos
PAPs e outras partes interessadas, através de debates, levantamento de questões e observação das
condições das PAPs. A avaliação de impacto deverá ter como base de comparação a condição sócio-
económica inicial dos afectados recolhida durante o levantamento sócio-económico. O processo de
monitoria externa deverá ser conduzido tendo em consideração os seguintes indicadores.

a) Métodos e estratégias usadas para executar as actividades de Implementação do PR

• Avaliar a metodologia e estratégias para a implementação das actividades do PR;

• Avaliar o nível de alcance da metodologia e estratégias em uso e/ou usadas nas actividades
de implementação do PR;

• Medição do nível de alcance da metodologia indicada e das estratégias definidas para


execução das actividades de implementação.

b) Verificar o nível de implementação do PR avaliando o próprio processo, lições aprendidas,


documentadas e recomendações para consolidar a implementação do PR

• Avaliar o nível de desembolso e uso efectivo dos fundos desembolsados;

• Número de pessoas afectadas pelo projecto efectivamente compensadas e reassentadas;

• Compensação paga e os respectivos prazos;

• Número de afectados que não receberam compensação (e razões associadas);

c) Resolução de Reclamações

• Verificação e avaliação do estabelecimento e funcionamento dos mecanismos de gestão das


reclamações;

• Avaliação da formação / treinamento dado ao CGR;

131
• Número de pessoas que apresentaram reclamações com relação ao projecto;

• Número de reclamações resolvidas ou não resolvidas a nível local;

• Número de reclamações processadas em tribunais distritais / provinciais e supremo.

• Número de reclamações resolvidas pelo tribunal judicial.

d) Participação Pública

• A participação dos quadros do governo local, autoridades distritais, autoridades


administrativas relevantes, e das comunidades no processo de reassentamento;

• O número de reuniões públicas realizadas;

• Número e qualidade das intervenções realizadas nas consultas públicas;

• Verificação do acompanhamento dado as questões levantadas nas consultas públicas.

e) Restauração de meios de subsistência

• Número de PAPs capacitados na gestão valor de compensação (desagregado por género);

• Número de produtores afectados que tiveram planos de negócio elaborados e em


implementação;

• Número de produtores com terras alternativas de cultivo adquiridas por meios próprios;

• Número de produtores afectados treinados na produção de mudas de hortícolas e gestão de


estufas;

• Número de produtores afectados ou seus familiares desenvolvendo actividades nas obras do


projecto;

• Número de produtores afectados ou seus familiares desenvolvendo comércio formal em


Mercados locais;

• Número de produtores afectados desenvolvendo outras actividades alternativas de


restauração de meios de subsistência com recurso aos valores de compensação recebidos.

14.3. Auditoria Final do PR


Conforme mencionado, o presente PR tem com principal finalidade orientar a implementação de
acções de reassentamento e as medidas de mitigação de impacto que concorram para melhoria
sustentável ou restabelecimento de padrões de vida e níveis de rendimento das PAPs antes do
projecto. Assim, o processo de reassentamento será considerado como concluído quando estiver
demonstrada que a qualidade de vida e os meios de subsistência das PAPs estão restabelecidos de
forma sustentável.

No âmbito deste PR espera-se que o processo de restabelecimento dos meios de subsistência estejam
finalizado quando:

• Os produtores afectados estejam a desenvolver pequenos negócios como resultado de


implementação dos planos negócios elaborados com apoio do projecto;

132
• Os produtores afectados estejam a desenvolver outras actividades de geração de renda
financiadas com recurso ao valor de compensação;

• Quando todos os programas de restauração de meios de subsistência descritos no presente


PR tiverem sido disponibilizados as PAPs e o padrão de vida restabelecido.

Deste modo, espera-se que o processo de restabelecimento de meios de subsistência seja alcançado
cerca de 1 (um) ano depois da finalização do processo de implementação deste PR, período após o
qual deverá ser realizada uma auditoria de finalização do reassentamento. Esta auditoria deverá
produzir um relatório que será submetido ao proponente do projecto, agência financiadora (Banco
Africano de desenvolvimento) do projecto e outras partes interessadas, sendo que relatório em
referência deve incluir:

• O resumo do desempenho do PR;

• Uma avaliação da conformidade do processo de implementação do PR;

• A qualidade da implementação do PR em termos da aplicação de directrizes conforme


previstas pelo PR.

A auditoria também irá avaliar a eficiência, eficácia, impacto e sustentabilidade das actividades do PR,
assim como extrair lições aprendidas para aplicação em projectos futuros ou em outros projectos no
sector e no país, assim como determinar se a titularidade do reassentamento foi apropriadamente
conferida.

Entretanto, o processo de auditoria do PR deverá decorrer antes da finalização dos compromissos


financeiros relativos ao plano desenhado pelo PR e respectiva implementação, de modo a permitir
maior flexibilidade na execução de qualquer acção correctiva que a entidade independente
responsável pela auditoria possa recomendar antes da finalização do projecto. Após a realização das
actividades correctivas, deverá ser dado por concluído o processo de reassentamento.

O proponente do projecto, deverá responsabilizar a tarefa de condução da auditoria final do PR á


uma outra entidade independente especializada na realização de auditorias desta natureza. Os
termos de referência para a auditoria do PR deverão ser elaborados com apoio da entidade
independente responsável pela monitoria externa e submetidos para aprovação final pela agência
financiadora do projecto (Banco Africano de Desenvolvimento).

14.4. Relatórios
O processo de monitoria do presente PR deverá gerar um conjunto de relatórios que vão ajudar a
documentar o processo de implementação e os resultados alcançados, assim como as lições
aprendidas com implementação deste PR. Assim, deverão ser elaborados relatórios sobre a monitoria
do desempenho pela equipa de implementação a intervalos regulares a começar na data de início de
quaisquer actividades relacionadas com o reassentamento. Estes relatórios serão apresentados ao
proponente e partilhados com as partes afectadas e interessadas relevantes e ainda com a instituição
financiadora. A tabela abaixo mostra o resumo dos principais relatórios que serão produzidos em
resultado da implementação do presente PR.

133
Tabela 32. Relatórios de Desempenho

Tipo de Relatório Periodicidade Responsabilidade Destinatário Comentário

• Reporta o progresso da
Comissão Técnica de implementação em
Provedor de Serviços Acompanhamento e comparação com o
de Implementação Supervisão do Plano;
Relatórios de
Mensalmente de Reassentamento Reassentamento;
Monitoria interna • Eventuais acções
(Oficial de Monitoria Outras partes interessadas
acordadas;
e Avaliação) relevantes e financiadores
do projecto • Actas de consultas ou
reuniões relevantes

Comissão Técnica de
Acompanhamento e • Avaliação de conformidade
Trimestralmente Supervisão do do processo da
Relatórios de durante a Consultor Reassentamento; Implementação do PR
Monitoria externa implementação do independente
PAR Outras partes interessadas • Relatório de Monitoria
relevantes e financiadores externa
do projecto

Comissão Técnica de
Acompanhamento e
Trimestralmente Supervisão do • Reporta o progresso da
Relatório de
durante a Consultor Reassentamento; implementação do Programa
Avaliação de Meios
implementação do Independente de Restauração de Meios de
de Subsistência Outras partes interessadas Subsistência
PRMS
relevantes e financiadores
do projecto

Comissão Técnica de
Provedor de Serviços Acompanhamento e
Relatório de Única vez – até 3 de Implementação Supervisão do • Avalia os resultados da
Conclusão do (três) meses após o de Reassentamento Reassentamento; implementação do Plano de
Reassentamento reassentamento (Oficial de Monitoria Outras partes interessadas Reassentamento
e Avaliação) relevantes e financiadores
do projecto

Comissão Técnica de
Acompanhamento e
Única vez – a Supervisão do • Reporta o impacto da
Relatório de partir de 6 (seis) Consultor Reassentamento; implementação do PR;
Avaliação após o independente
reassentamento Outras partes interessadas • Relatório de Avaliação do PR
relevantes e financiadores
do projecto

• Avaliação da conformidade
Comissão Técnica de
do processo de
Acompanhamento e
implementação do PR; e
Única vez, dezoito Supervisão do
Relatório de Consultor/Auditor Reassentamento; • O relatório sobre a
meses após o
Auditoria do PAR Externo qualidade da implementação
reassentamento Outras partes interessadas
do PR em termos da aplicação
relevantes e financiadores
de directrizes conforme
do projecto
previstas pelo PR.

134
14.5. Métodos para a Recolha de Informação
Para recolha de dados de monitoria e avaliação dos impactos serão utilizados os seguintes métodos:

• Questionários,

• Documentação relevante sobre as PAPs e que se encontra disponível,

• Consultas:

o Consulta directa com as populações afectadas através de reuniões regulares,


discussões em grupos focais, ou fóruns semelhantes estabelecidos;

o Consultas com as partes interessadas através de discussões em grupos focais.

o Consultas com informantes-chave ou seja, líderes locais, empreiteiro, membros da


comissão de reassentamento, etc.

135
15. AVALIAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE MONITORIA INTERNA
As despesas indicativas do PR incluem as seguintes componentes:

• Compensação pelas Culturas, Árvores e Abrigos Temporários;

• Implementação dos Programas de Restauração de Rendimentos;

• Custos Administrativos (Custos de Operação do Projecto)

15.1 Compensação por Habitação Principal e Infraestruturas


A compensação as PAPs pela perda casa será compensada por uma casa T3, uma cozinha externa e
casa de banho externa. Adicionalmente, as infraestruturas adicionais será compensada por valores
monetários. As infraestruturas adicionais serão compensados em valores monetários no valor total
de: 59,515.600.00MT

15.2 Compensação pelas culturas, árvores e melhoramentos na terra


Conforme indicado neste documento, o proponente do projecto vai providenciar um pacote de
compensação as PAPs pela perda de culturas, árvores e no melhoramento da qualidade dos solos nas
áreas actuais de cultivo, uma vez estes terem despendido valores monetários para o melhoramento
da fertilidade de solos na actual área de cultivo. Adicionalmente, um conjunto de subsídios serão
também disponibilizados as PAPs, em particular aos grupos vulneráveis devidamente identificados
neste PR.

Assim, valor total de compensação pelas culturas, árvores e melhoramento da qualidade dos solos,
incluindo os demais subsídios é estimado em 30,506,937.80 MZN.

15.3 Implementação dos Programas de Restauração de Rendimentos


De modo a garantir a restauração efectiva e sustentável dos meios de subsistência das PAPs, vai ser
implementado um conjunto de actividades inseridas nas componentes de restauração de meios de
subsistências mencionadas no neste PR e bem descritas no PRMS. As despesas estimadas para o ciclo
de realização destas actividades é de 18,688,100.00 MZN, sendo que o PRMS apresenta em detalhe o
orçamento para cada componente, incluindo a sua distribuição percentual. Contudo, importar
referência que os items 1 e 2 do orçamento do PRMS relativos a capacitação na gestão de valor da
compensação e/ou de pequenos negócios serão financiados através de fundos alocadas para
contratação dos serviços da BAD, enquanto que a EDM vai financiar todas as outras actividades,
incluindo o pagamento das compensações.

15.4 Custos Totais de Compensação e Restauração da Subsistência


O Orçamento final do presente PR, que inclui a compensação monetária a ser providenciada as PAPs,
subsídios e assistência, restauração de meios de subsistência e contratação de serviços está ilustrado
na tabela abaixo a seguir apresentada.
Tabela 33. Custos da implementação de reassentamento

Valor Total Valor Total


Item
(MZN) (USD)*
Valor de Compensação
Culturas (= 1 Ciclo) 13207937.8 220132.3
Árvores 17299000.0 288316.7

136
Valor Total Valor Total
Item
(MZN) (USD)*
Infraestrutura - Sombreiro 59515600.0 991926.7
Valor Para a construção de Casa Principal
Valor Para a construção de Casa Principal 182700000.0 3045000
Assistência as PAP’s
Subsídio de vulnerabilidade (= Salário Mínimo - 3 Meses) 540000.0 9000.0
Subsídio de distúrbio (=5% Valor da total da compensação) 1092000.0 18200
Subsídio de Mudança 1092000.0 18200
Procura, preparação e fertilização 594000.0 9900
Cesta Básica 1638000.0 27300
Pacote Alimentar 14328000.0 238800
Subsidio de Perda de Lucro 94100.0 1568.333
Subsidio de mudança de negocio 180000.0 3000
Indeminização por despedimento no emprego 162000.0 2700
DUAT 60000.0 1000
Programas de Restauração dos Rendimentos
Capacitação na Gestão de Valor de Compensação
Assistência técnica para elaboração de Planos de Negócio
Provisão de Kit de Iniciação Agrícola/Pecuária
Total 291 962 637.8 4 875 044
*60 MZN equivale a 1 USD

15.5 Procedimento de Desembolso


A BAD tem a responsabilidade financeira e autoridade sobre o PR, sendo que para efeitos de sua
execução parte da autoridade será delegada ao EDM, particularmente nas despesas relativas a
assistência técnica para capacitação das PAPs em matérias de literacia financeira para gestão do valor
da compensação e gestão de pequenos negócios. Para todas as restantes rúbricas financeiras que
constam deste PR, a EDM deverá desembolsar directamente aos beneficiários (ex. PAPs, provedores
de serviços, etc.), sendo reservado ao PROSIR o direito de seleccionar os provedores de serviços para
implementação das componentes do PRMS. Todos os pagamentos a serem efectuados no âmbito do
presente PR (ex. compensações monetárias, serviços de consultoria, etc.) deverão ser providenciados
aos beneficiários por via de transferência bancária, em uma conta bancária devidamente fornecida
pelo beneficiário.

15.6 Ajustes das Despesas e Moeda


As despesas e orçamentos serão analisados pela BAD e acordados com a EDM em um ciclo bimensal
de modo a acomodar factores imprevistos. Entretanto, todo o orçamento deste PR será executado na
moeda nacional, o metical (MZN), de modo a evitar qualquer alteração derivada da variação da taxa
de câmbio

137
16. REFERÊNCIAS
CERNEA M.M. 1988. Involuntary Resettlement in Development projects, Policy guidelines in World
Bank-Financed project, WBTP. Online:
http://documents.worldbank.org/curated/en/699511468325205947/ Involuntary-resettlement-
indevelopment-projects-policy-guidelines-in-World-Bank-financed-projects. Consulted on March 21,
2019.
DEPARTMENT FOR INTERNATIONAL DEVELOPMENT.1999. Sustainable Livelihoods Guidance
Sheets. 26 p. [Online]. http://www.eldis.org/vfile/upload/1/document/0901/section2.pdf. Consulted on
April 30th, 2019.
INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION (IFC). 2002. Handbook for Preparing a Resettlement Action Plan. 79
pages.
INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION (IFC).2007. Stakeholder Engagement: A Good Practice Handbook for
Companies Doing Business in Emerging Markets. 201 p. [Online].
http://www.ifc.org/wps/wcm/connect/938f1a0048855805beacfe6a6515bb18/IFC_StakeholderEng
agement.pdf?MOD=AJPERES. Consulted on May 2nd, 2019.
WORLD BANK. 2001. Operational Policies OP. 4.12: Involuntary Resettlement. 9 p. [Online].
http://siteresources.worldbank.org/INTFORESTS/Resources/OP412.pdf. Consulted on March 8, 2019.

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