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“CURSO DE PRIMEIROS

SOCORROS PEDIÁTRICOS”

FORMADOR:
FRANCISCO PEIXOTO

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1. O SIEM – Sistema Integrado de Emergência Médica

O SIEM é representado pela estrela da vida com seis pontas


as quais simbolizam cada uma das fases deste sistema.

Figura ainda um bastão e uma serpente representativos das


ciências da saúde.

Objectivos do SIEM

Alguns dos principais objectivos do SIEM, são:

• Promover um rápido socorro;

• Estabilizar as lesões;

• Transporte adequado;

• Tratamento hospitalar.

O INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) detém o papel de organismo


regulador das actividades de emergência médica.
Quem intervém no SIEM
O SIEM tem vários intervenientes, tais como:

• Público;

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• Operadores de Central;

• Agentes de Autoridade;

• Bombeiros;

• Tripulantes Ambulância;

• Médicos;

• Enfermeiros;

• Técnicos dos hospitais;

• Técnicos de Telecomunicações;

Subsistemas que funcionam permanentemente no INEM


O INEM tem permanentemente outros subsistemas a funcionarem, dos quais
identificamos os mais importantes:

• CIAV – Centro de Informação Anti-Venenos;

• Transporte de Recém-Nascidos;

• CODU – Centro de Orientação de Doentes Urgentes;

• CODU-MAR - Centro de Orientação de Doentes Urgentes no Mar.

2. Cadeia de Sobrevivência
A cadeia de sobrevivência pode ser resumida no seguinte diagrama.

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INEM

• Instituto Nacional de Emergência Médica


• Organismo regulador das actividades de emergência médica
• 112

Informações fundamentais para o INEM:

• Quem – idade, sexo, gravidez;

• O quê – produto, animal, planta, cogumelo;

• Quanto – quantidade de produto, tempo de exposição;

• Quando – há quanto tempo;

• Onde – em casa, no campo, na fábrica;

• Como – em jejum, com alimentos, com bebidas alcoólicas.

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6. Caixa de Primeiros Socorros
É a caixa, ou armário, de primeiros socorros que deve estar organizada, presente e
acessível em todos locais.

O conteúdo mínimo básico que deve conter uma caixa de primeiros socorros depende
das necessidades, alguns exemplos:

• Compressas embaladas individualmente e de tamanhos variados;

• Luvas esterilizadas de vários tamanhos;

• Adesivo hipoalergénico;

• Pensos rápidos de vários tamanhos;

• Ligaduras elásticas de vários tamanhos;

• Ligaduras não elásticas de vários tamanhos;

• Solução dérmica de Iodopovidona, (antiséptico=bactericida+fungicida).

• Soro fisiológico;

• Álcool a 70º (antiséptico);

• Pinças;

• Tesoura forte para roupa;

• Termómetro clínico;

• Gelo Químico;

• Pocket mask.

O material utilizado deve ser sempre reposto e verificado o seu estado e a sua
validade.

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PARTE - II
EXAME À VITIMA

1. Exame à vitima
Antes de qualquer procedimento relacionado com o exame da vítima é essencial
garantir a sua segurança, bem como a equipa da equipa e da vítima.

Asseguradas as condições de segurança no local, o socorrista deve então iniciar a


avaliação do estado da vítima, de forma a poder socorrer por ordem de prioridade e de
gravidade as lesões que esta apresente, nunca esquecendo que não deve avançar no
exame se não tiver corrigido uma alteração anteriormente detectada.

O socorrista deve efectuar um rápido e minucioso exame primário para avaliar a


existência de alterações das funções vitais. Estas colocam em risco imediato a vida da
vítima.

Uma criança não é um adulto em miniatura, mas sim uma vitima com características
próprias, que sofrem modificações consoante a faixa etária.

Quanto mais pequena é a criança mais incompleto é o seu desenvolvimento e a sua


maturidade.

Na abordagem à vítima pediátrica dever-se-á ter sempre em conta que tudo que ela
desconhece, pode construir uma ameaça.

Quando ocorre uma situação de doença ou acidente com crianças, elas podem ou não
ser capazes de nos transmitir tudo aquilo que as incomoda ou o que sentem na altura,
pelo que é fundamental a recolha de informação através dos pais, educadores ou
familiares, utilizando para tal a nomenclatura CHAMU. Mas, nunca se deve
menosprezar a informação da criança.

1.1. Exame primário


O exame primário tem como finalidade detectar a existência de situações que possam
pôr em perigo imediato a vida da vítima, ou seja, situações de compromisso das
funções vitais (aquelas que colocam em risco imediato a vida da vítima) sendo então,
fundamental a sua correcção e a prestação dos cuidados de emergência adequados.

No exame primário da vítima o socorrista deve seguir a seguinte lista de prioridades:

1. Avaliar o estado de consciência;

2. Avaliar sinais de vida;

3. Detectar hemorragias externas graves;

4. Detectar sinais evidentes de choque.

No caso de acidente ou de situação desconhecida, suspeite sempre que a vítima


possa ter lesões crânio-encefálicas e ou vertebro-medulares.
A abordagem inicial deverá cumprir com os passos ABCDE:

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A nomenclatura AVDS é a seguinte:

PARTE - III
SUPORTE BÁSICO DE VIDA

1. Introdução
O suporte básico à vida (SBV) é um conjunto de procedimentos e manobras bem
definidas e com metodologias padronizadas, cuja aplicação tem por finalidade a
manutenção das principais funções vitais da vítima (cardíaca e respiratória) até à
chegada do socorro diferenciado; estes procedimentos sucedem-se de forma
encadeada e impõem uma sequência de atitudes em que cada elo articula o
procedimento anterior com o seguinte.

O conceito de suporte básico de vida significa que não é utilizado qualquer


equipamento. A utilização de uma máscara facial ou qualquer outro artefacto, implica a
designação de suporte básico de vida com via aérea auxiliar.

Este conjunto de metodologias tem como objectivo:

• reconhecer as situações de perigo de vida iminente,


• saber como e quando pedir ajuda,
• saber iniciar de imediato as manobras que contribuem para a
preservação/restabelecimento da ventilação e da circulação (principais funções
vitais) até que a vítima possa ser medicamente assistida.

Quando a vítima passa a ser assistida pelos profissionais de saúde que dispõe de
meios de salvamento adequados por ex.: VMER (desfibriladores, ventiladores,
medicação, etc) passamos a estar perante o que se designa como Suporte Avançado
de Vida.

As manobras de SBV não são, por si só, suficientes para recuperar a maior parte das
vítimas de paragem cárdio-respiratória.

O SBV tem por objectivo manter a ventilação e circulação adequadas, até que se
consigam obter os meios que revertam da causa da paragem.
É uma “situação de suporte”, embora em certas ocasiões, como quando a patologia
primária é uma falência respiratória, pode por si só reverter a causa e permitir a
recuperação total.

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Se a falência circulatória durar mais de 3 a 4 minutos, acarreta dano cerebral e é por
isso que o atraso em iniciar SBV reduz as hipóteses de sucesso.

Nunca é demais realçar a importância de iniciar rapidamente as manobras de SBV, o


que obriga a treinar e organizar socorristas capazes de cumprir correctamente os
procedimentos recomendados.

No indivíduo com paragem cardio-pulmonar as reservas de energia e de oxigénio do


cérebro esgotam-se ao fim de cinco minutos. A partir desse momento o sofrimento
cerebral vai-se agravando de tal forma que, se a paragem persiste, diminui
exponencialmente com o tempo decorrido a probabilidade de recuperação cerebral
compatível com uma vida de relação comparável à que existia antes da paragem.

1.1. SBV
O conceito de SBV pressupõe um conjunto de procedimentos encadeados com o
objectivo de fornecer oxigénio ao cérebro e coração, sem recurso a equipamentos
diferenciados, até que o suporte avançado de vida o substitua.

2. Procedimentos em SBV
O socorrista deve ter presente quais são os passos e observar a sua ordem de
sucessão antes de iniciar a sua actuação.

2.1 Prevenir - proteger


O socorrista antes de iniciar a reanimação deve avaliar rapidamente os riscos e
verificar se estão reunidas as condições de segurança que permitam iniciar a sua
actuação.

Ex: Tráfego, desmoronamento, fumos, gases tóxicos, envenenamento, intoxicações,


doenças, etc.

2.2 Avaliar a situação.


Depois de assegurar que estão garantidas as condições de segurança, devemos fazer
avaliação da vítima. E, para isso usamos a seguinte sequência:

1. Avaliar o estado de consciência;

2. Avaliar sinais de vida;

3. Detectar hemorragias externas graves;

4. Detectar sinais evidentes de choque.

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2.3 Actuar
Os 3 elementos básicos (ABC) do suporte básico de vida são:
• AIRWAY (Via aérea)

• BREATHING (respiração)

• CIRCULATION (circulação)

Reanimação
Perante uma pessoa inerte e inconsciente, deve:
• Procurar descobrir e eliminar a causa da situação

• Verificar se ventila e se tem pulso

Se a Vítima Respira:
• Desapertar a roupa

• Colocar a vítima em PLS

• Mantê-la confortavelmente aquecida

Se a Vítima Não Respira, mas tem pulso:


• Certifique-se que as vias aéreas se encontram desobstruídas

• Se estiverem obstruídas, deverá desobstrui-las

• Iniciar Ventilação artificial 5 insuflações

• Manter a ventilação artificial até que a vitima respire por si

Se a Vítima Não Respira, nem tem pulso (ou pulso < 60):
• Iniciar Ventilação artificial

• Iniciar compressões torácicas

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3. Algoritmo do SBV
O algoritmo de suporte básico de vida sistematiza o que deve ser feito.

No entanto, para que estes gestos possam ser executados correctamente é


necessário fazer um curso de Suporte Básico de Vida (SBV).

O esquema que desenvolvemos na página seguinte discrimina o essencial dos


procedimentos a efectuar.

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4. Paragem Respiratória e Ventilação Artificial
As causas mais frequentes são a obstrução da laringe, afogamento, choque eléctrico e
traumatismo craniano.

O que deve fazer:

• Certifique-se de que as vias respiratórias se encontram desobstruídas


• Em caso afirmativo, deve:
o Deitar a vitima de costas
o Ajoelhar-se ao lado da vítima
o Fazer 5 insuflações eficazes

• Em caso negativo, deve:


o Desobstruir as vias aéreas
o Deitar a vitima de costas
o Ajoelhar-se ao lado da vítima
o Fazer 5 insuflações eficazes

5. Compressões torácicas
Compressões no Bebé:

Deve:
• Deitar o Bebé de costas sobre uma superfície dura

• Colocar os 2 dedos polegares sobrepostos sobre a ponta do esterno,


pressionando-o

• Manter um ritmo de cerca de 100 vezes por minuto (max 120)

Observações em Crianças:

• Observar a força a ser exercida, utilizar apenas uma mão de acordo com o
tamanho da criança. (4 cm no recém-nascido a 5 cm na criança)
• Utilizar os dedos indicador e médio ou uma mão para a realização da
compressão cardíaca dependendo da estrutura da vitima

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• Para a respiração, não insuflar demais, apenas o necessário para que haja
elevação do tórax.

Compressões na Criança:
Deve:
• Deitar a Criança de costas sobre uma superfície dura

• Colocar a ponta dos seus dedos indicador e médio um pouco acima da ponta
do esterno, pressionando-o

Compressões no Jovem Adulto:


Deve:
• Deitar o Jovem Adulto de costas sobre uma superfície dura

• Apoiar a palma da mão um pouco acima da ponta do esterno, pressionando-o

Atenção!!!
Se estiver só terá de executar ambas as manobras:

• 2 Insuflações eficazes

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• 15 Compressões torácicas

• 2 Insuflações eficazes

• 15 Compressões torácicas

• … e assim, sucessivamente.

Quando o coração começar a bater suspender a compressão torácica, mas manter a


ventilação até que a vítima respire por si.

Logo, que a vítima respire normalmente, coloque-a em PLS e deverá mantê-la


confortavelmente aquecida.

Em qualquer situação, mesmo que aparente recuperação total, a vítima deverá ser
enviada ao Hospital.

É uma situação Grave que necessita de transporte urgente para o Hospital.

5. Obstrução da Via Aérea


A Obstrução da Via Aérea é o que vulgarmente chamamos de Asfixia, que não é mais
do que, qualquer situação em que o ar não chegue aos pulmões. Como consequência,
o sangue fica sem oxigénio.

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Se não se actuar prontamente, as células do cérebro são privadas de sangue
oxigenado provocando de 4 a 6 minutos a morte da vítima ou lesões cerebrais
irreversíveis.

A Obstrução da Via Aérea nas crianças é muito frequente. A maioria das vezes ocorre
quando estão a ser alimentados ou quando se encontram a brincar com objectos de
pequena dimensão.

Assim, a obstrução da via aérea poderá ser provocada pelos seguintes elementos:

• Objectos de pequenas dimensões


• Alimentos
• Choque anafilático (edema da glote)
• Liquido / secreções nos pulmões (o qual se não sair espontaneamente com a
tosse, deverá ser aspirado).

Atenção: Se o indivíduo tossir não está a sufocar, mas a reagir.

Classificação da Obstrução da via aérea


A Obstrução da via aérea pode dividir-se em:
• Parcial
Se a obstrução for parcial, permite a emissão de sons, deve-se recomendar a
calma e incentivar a vítima a tossir (há passagem de algum fluxo de ar).

• Total
Se a obstrução for total, não permite a emissão de sons, devem-se iniciar de
imediato as tentativas de desobstrução (não há passagem de ar para os
pulmões).

Sinais e Sintomas
Conforme a gravidade da obstrução da via aérea, pode ir desde:
• Estado de agitação
• Lividez

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• Dilatação das pupilas (olhos)
• Respiração Ruidosa
• Tosse
• Estado de inconsciência com paragem respiratória
• Cianose da face e extremidades (Tonalidade azulada)

Forma de Actuar
Corpos estranhos nas vias respiratórias de crianças, deve-se:
• Abri a boca
• Tentar extrair o corpo estranho, se este estiver visível
o Usar o dedo indicador em gancho ou uma pinça, para retirar o objecto
o Mas, CUIDADO para não empurrar o objecto

Se a obstrução se mantiver:

DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS


5.1. Desobstrução da Via Aérea

5.1.1. Pancadas Interescapulares


PANCADAS INTERESCAPULARES

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• Sente-se numa cadeira ou ajoelhe-se num joelho só, deitando a criança sobre
o outro, de cabeça para baixo;

• Segure o peito com uma das mãos e, com a outra, dê até 5 palmadas entre as
omoplatas;

• Se não resultar, efectuar compressões abdominais (manobra de Heimlich) –


exercer pressão só com uma mão.

5.1.2. Manobra de Heimlich (compressões abdominais)

• Coloque-se ao nível da criança;

• Sente a criança no colo ou coloque-se de pé, atrás dela, com um braço à volta
do abdómen;

• Feche o punho e coloque-o, com o polegar voltado para dentro, no centro da


parte superior do abdómen. Ampare-lhe as costas com a outra mão.;

• Com o punho fechado, exerça uma pressão no abdómen, fazendo um


movimento rápido para dentro e para cima. A pressão deve ser muito menor do
que a usada para um adulto;

• Cada compressão deve ser suficientemente forte para, por si só, deslocar a
obstrução;

• Se necessário, repita a operação, até 5 tentativas;

• Intercalar entre 5 pancadas e 5 manobras até à desobstrução;

• Em caso de inconsciência, aplicar SBV.

6. Posição Lateral de Segurança (PLS) e Posição de Repouso


A posição lateral de segurança, poderá ser considerada uma posição anatomicamente
perfeita. Em abono disso, podemos referir o comportamento do recém-nascido que,
imediatamente após o nascimento e uma vez colocado sobre uma determinada
superfície, automaticamente e de forma instintiva se posiciona na PLS.

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A PLS é protectiva, salvaguarda o bom funcionamento da função respiratória nas
situações que possam vir a desencadear o vómito ou a expulsão de secreções,
comprometendo deste modo, uma das mais nobres funções vitais.

Do exposto, claramente se depreende que, a importância da manutenção de uma


pessoa em PLS varia consoante a capacidade que essa pessoa manifesta para reagir
perante a ocorrência de uma eventual complicação ventilatória.

Nestes termos, será fácil concluir que, serão os bebés, as pessoas portadoras de
anomalia psíquica ou motora, as pessoas inconscientes ou muito debilitadas que mais
poderão beneficiar com a adopção deste posicionamento.

A PLS deverá ser utilizada em toda a pessoa inconsciente porque permite uma melhor
ventilação, libertando as vias aéreas superiores.

Forma de actuar
Com a vítima deitada, colocar a cabeça em hiper-extensão (Excepção do Bebé) e de
lado (para impedir a queda da língua para trás e a sufocação por sangue, vómitos ou
secreções).

Colocar o braço do lado para onde virou a cabeça ao longo do corpo.

Flectir a coxa do outro lado.

Rodar lentamente o bloco cabeça-pescoço-tronco.

Manter a posição da cabeça para trás e para o lado, mantendo a boca aberta.

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Posição de Repouso

PARTE - IV
EMERGÊNCIAS PEDIATRICAS

0. Particularidades Pediátricas
Anatómicas:
Cabeça grande e pescoço curto;
Língua volumosa;
Traqueia curta e mole;
Respiração diagramática;
Menor quantidade de sangue;

Fisiológicas:
Peso médio por idade Frequência respiratória Frequência cardíaca
IDADE PESO (Kg)
Idade FR Idade FC
RN 3,5
1 a 6 meses 7 < 1 ano 30 – 40 < 1 ano 110 – 160
6 a 12 meses 7 - 10 95 – 140
2 a 5 anos 25 – 30 2 a 5 anos
1 a 2 anos 10 -12
2 a 6 anos 12 - 20 5 a 12 anos 20 – 25 5 a 12 anos 80 – 120
6 a 12 anos 20 - 40
> 12 anos 15 – 20 > 12 anos 60 – 100
> 12 anos > 40

Psicológicas
– Medo de pessoas e ambientes estranhos;

– Só quem conhece nos pode dizer a gravidade;

– Reduzir o medo para obter colaboração;

– A ansiedade dos familiares assusta a criança;

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1. Falências Iminentes
a. Falência Respiratória
Sendo a patologia respiratoria a mais frequente nem sempre será um estado
de gravidade, podendo no entanto pôr em risco a vida da criança.
Sinais e sintomas
Esforço respiratório:
- Aumento da frequência respiratória / respiração irregular
- Tiragem
- Adejo nasal
- Balanceio da cabeça
- Gemido expiratório
- Estridor inspiratório (tipo guincho)
Alteração da ventilação:
- Apneia
- Palidez
- Cianose (camuflada pela palidez em alguns casos)
- Taquicardia que pode passar a Bradicardia (antecede a PCR)
- Alteração do estado de consciência (agitação, sonolência e nos
casos mais graves o coma)

b. Falência Circulatória
Em pediatria raros são os casos em a falência circulatória e resultante de uma
defeciencia cardíaca sendo este défice provocado por falta de oxigénio e falta de
sangue circulante. Uma frequência cardíaca inferior a 60/min, num recém-nascido,
corresponde a uma circulação ineficaz.

São sinais indirectos de gravidade:


- Pele marmoreada e fria
- Alteração do pulso
- Dificuldade respiratória, principalmente taquipneia
- Agitação, sonolência, coma
- Diminuição acentuada da urina (anuria)
- Hipotenção e pulso filiforme são sinais de maior gravidade

c. Falência do sistema nervoso central


Este tipo de falência, para ser reconhecido, teremos que fazer uma avaliação
neurológica seguindo alguns critérios:

Estado de consciência:
A Alerta
V Reage á Voz
D Reage á Dor
S Sem resposta

Reflexo pupilar:
- Midriase
- Não reactivas
- Anisocoria

Resposta á dor:
- Hipotonia (sem reacção ou sem força )
- Assimetrias

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2.Estado de choque

“Desequilíbrio violento na engrenagem da vida.” Definição do séc. XIX

Choque, é a perfusão inadequada dos tecidos corporais.

Não é uma doença em si, resulta de um trauma ou de uma enfermidade. Normalmente


resulta de grandes hemorragias, danos cardíacos, lesão pulmonar ou na espinal-
medula, vasodilatação acentuada ou desidratação grave.

A circulação sanguínea só é eficaz quando o coração funciona bem, e o sistema


vascular está em bom estado e o volume de sangue é adequado.

2.1. Sinais e sintomas:


• Pele pálida e fria
• Extremidades frias
• Suores
• Sede
• Agitação
• Pulso rápido e filiforme
• Respiração superficial rápida e irregular
• Estado de inconsciência
• Pode levar a colapso, coma ou morte.

2.2. Tipos de choque

- Hemorrágico: Quando a circulação sanguínea é deficiente devido a uma perda de


sangue.

- Neurogénico: Resulta de lesão medular ou cefálica que provoca de perda do


controle nervoso com consequente aumento do calibre dos vasos sanguíneos e
consequente carência de volémia.

- Cardiogénico: Quando músculo cardíaco não bombeia com eficiência suficiente ou


os vasos estão obstruídos.

- Metabólico: Choque insulínico, coma diabético, vómitos e diarreias intensos, com


consequente perda de líquidos e alteração grave do equilíbrio bioquímico.

- Séptico: É uma infecção generalizada que se propaga por via sanguínea.

- Anafilático: Reacção alérgica intensa, geralmente a medicamentos, picadas de


insectos e alimentos.

Além destes tipos de choque, existe o choque emocional ou psicológico, quando


algo psicológico afecta a vítima, a tensão emocional reduz a irrigação cerebral
originando desmaios.

2.3. Caracterização e Causas:


2.3.1. Caracterização
O Choque caracteriza-se por insuficiência circulatória aguda com deficiente
oxigenação dos órgãos vitais.

Se o estado de choque não for tratado poderá conduzir à MORTE.

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2.3.2. Causas:
As causas podem ser variadas, tais como:
• Traumatismos
• Perfuração súbita de órgãos
• Emoção
• Frio
• Queimaduras
• Intervenções Cirúrgicas
• Etc…

2.4. Forma de actuar


Se a vítima está consciente, deve:
• Deitá-la em local fresco e arejado
• Desapertar as roupas
• Tentar manter a temperatura normal do corpo
• Levantar as pernas a 45º
• Ir conversando para a acalmar

Se a vítima está inconsciente, deve:


• Colocar a vítima em PLS
• Transportar para o Hospital

3. Feridas
É o rompimento da pele, podendo atingir camadas mais profundas do organismo,
órgãos, vasos sanguíneos e outras áreas.

Pode ser provocado por vários factores, dentre eles: faca, arma de fogo, objectos
perfuro-cortantes, arames, pregos, pedaços de metais, etc.
3.1. Caracterização
As Feridas podem ser classificadas em:

Feridas Abertas: Facilmente identificáveis, contacto do sangue com o exterior, sendo


quebras da pele.

Feridas Fechadas: Ocorrem com tecidos debaixo da pele, incluindo órgãos internos -
fígado, baço, etc. (equimoses e hematomas “pisaduras”, “negras”).

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3.2. Forma de Actuar
Perante uma ferida deve:

• Antes de tudo, lavar as mãos e calçar luvas descartáveis;


• Proteger provisoriamente a ferida com uma compressa esterilizada;
• Limpar a pele à volta da ferida com água e sabão ou soro fisiológico;
• Lavar do centro para os bordos da ferida, com água e sabão ou soro
fisiológico, utilizando compressas e nunca utilizar o algodão;
• Secar a ferida com uma compressão com pequenos toques para não destruir
qualquer coágulo de sangue já existente;

• Desinfectar com solução dérmica ou antiseptica (Tipo “Betadine”);

• Se a ferida for superficial e de pequenas dimensões, deixá-la ao ar, depois de


limpa ou então aplicar uma compressa esterilizada;
• Se a ferida for mais extensa ou mais profunda, com tecidos esmagados ou
infectados, ou se contiver corpos estranhos, deverá proteger apenas com uma
compressa esterilizada;

• É uma situação grave que necessita de transporte urgente para o Hospital.

Perante uma ferida não deve:

• Tocar nas feridas sangrantes sem luvas;


• Utilizar o mesmo material (luvas, compressas, etc.) em mais que uma pessoa;
• Soprar, tossir ou espirrar para cima da ferida;

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• Utilizar Mercurocromo ou Tintura de metiolato;
• Fazer compressão directa em locais onde haja suspeita de fracturas ou de
corpos estranhos;
• Tentar tratar de uma ferida mais grave, extensa ou profunda com tecidos
esmagados ou infectados ou que contenham corpos estranhos.

3.2.1. Forma de Actuar – Ferida nos olhos

O que pode e deve fazer:

• Cobrir o olho com compressas esterilizadas;


• Lavar com soro fisiológico;
• É uma situação grave que necessita de Transporte para o Hospital.

Atenção!!!
Deve pensar sempre na possibilidade de existir uma ferida no olho, sempre que haja
uma ferida grave na face

4. Hemorragias
Os processos vitais dependem de um fornecimento adequado e ininterrupto de
sangue.

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4.1. A Hemorragia e os seus efeitos
A gravidade da hemorragia depende de vários factores:
• Do tipo de vaso que esta a sangrar (artéria, veia, capilar).
• Da rapidez com que flui o sangue.
• Do local onde tem origem a hemorragia.
• Do local para onde vai sangrando.
• Da idade, do peso.
• Do estado geral da vítima.
• Se hemorragia compromete a respiração.

4.2. Hemorragia Interna


O sangramento interno pode não causar sinais e sintomas por horas ou dias, contudo,
geralmente são semelhantes aos do choque.

Deve-se suspeitar de hemorragia interna quando não se vê correr sangue, mas a


vítima apresenta um ou mais dos sintomas seguintes:

• Sede
• Sensação de frio (arrepios)
• Pulso progressivamente mais rápido e mais fraco

Em casos mais graves, pode surgir:


• Palidez
• Arrefecimento, sobretudo das extremidades
• Zumbidos
• Alteração do estado de consciência

4.2.1. Forma de actuar


O que deve fazer:

• Acalmar a vítima e mantê-la acordada


• Desapertar a roupa
• Manter a vítima confortavelmente aquecida
• Colocá-la em PLS
• Pedir socorro e transporte rápido para o hospital

Atenção!!!
É uma situação grave, deve ser a vítima deve ser transportada para o Hospital.

O que não deve fazer:

• Dar de beber ou de comer

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4.2. Hemorragia Externa
O sangramento externo causa sinais e sintomas visíveis.

4.2.1. Forma de actuar

O que deve fazer:

• Deve usar luvas descartáveis


• Deitar horizontalmente a vítima
• Aplicar sobre a ferida uma compressão esterilizada ou, na sua falta, um pano
lavado (que não largue pêlo), exercendo uma pressão firme com uma ou as
duas mãos, com um dedo ou ainda com uma ligadura limpa, conforme o local
e a extensão do ferimento

• Se o penso ficar saturado de sangue, deve colocar outro por cima, mas sem
retirar o primeiro
• Fazer durar a compressão até a hemorragia parar
• Se a hemorragia parar, aplicar um penso compressivo sobre a ferida
• Evitar comer e beber

4.2.1.1. Forma de actuar – Palma da mão


O que deve fazer:

• O ferido deve fechar fortemente a mão sobre um rolo de compressas


esterilizadas ou, na sua falta, um rolo de pano lavado (que não largue pêlo), de
modo a fazer compressão sobre a ferida
• Colocar de seguida uma ligadura ou um pano dobrado à volta da mão
• Colocar o braço ao peito com a ajuda de um lenço grande mantendo a mão
ferida bem levantada e encostada.

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Atenção!!!
Pode ser uma situação grave, deve ser a vítima deve ser transportada para o Hospital.

4.2.1. Sangramento Nasal


O sangramento nasal é relativamente comum, sendo intensos podem originar choque.

O Sangramento nasal é a ruptura de vasos sanguíneos da mucosa do nariz e podem


resultar de:

• Lesão
• Doença
• Actividade
• Calor, etc.

Os sinais são a saída de sangue do nariz, por vezes abundante e persistente. Se a


hemorragia for grande, o sangue pode também sair pela boca.

Atenção!!!
Quando houver suspeita de que o sangramento nasal resulta da fractura do crânio,
não se deve tentar interromper o fluxo de sangue, pois isso elevaria a pressão intra-
craniana. Deve-se cobrir o orifício nasal com compressa estéril seca para absorver o
sangue, sem apertar muito.

4.2.1.1. Procedimentos
• Sentar a vítima;
• Fazer compressão;
• Aplicar frio no nariz e na face;
• Se necessário, poder-se-á colocar uma compressa pequena no interior da
narina;

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• Antes de qualquer procedimento deve usar luvas descartáveis;
• Se a hemorragia persistir, transportar a vitima para o Hospital.

5. Queimaduras
Queimaduras são lesões da pele, que podem ser provocadas por chama, objectos
quentes, produtos químicos, corrente eléctrica, radiação, líquidos quentes e gases a
altas temperaturas.

A gravidade de uma queimadura não se mede apenas pelo grau da lesão (superficial
ou profunda), mas também pela extensão da área atingida, localização e idade da
vítima. Nas queimaduras, é de temer o aparecimento do estado de choque, quer
provocado pela dor, pela infecção ou pela perda de plasma (hipovolémico).

5.1. Classificação
De acordo com a profundidade atingida, as queimaduras classificam-se em 3 graus:

• Queimaduras de 1º Grau

• Queimaduras de 2º Grau

• Queimaduras de 3º Grau

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Queimadura do 1º grau
São as menos graves. Apenas a camada externa da pele (epiderme) é afectada. A
pele fica vermelha e quente e há a sensação de calor e dor.

Queimadura do 2º grau
Às características da queimadura de 1º grau junta-se a existência de bolhas com
liquido (flictenas). Esta queimadura já atinge a derme e é bastante dolorosa.

Queimadura do 3º grau
Às características das queimaduras de 1º grau e 2º grau junta-se a destruição de
tecidos. Atinge tecidos mais profundos provocando uma lesão grave e a pele fica
carbonizada. A vítima pode entrar em estado de choque.

5.2. Forma de actuar


Se a roupa estiver arder, deve envolver a vítima numa toalha molhada ou, na sua falta,
fazê-la rolar pelo chão ou envolvê-la num cobertor (Cuidado: evitar tecidos sintéticos).

Se a queimadura for de 1º grau (queimadura simples):

• Deve arrefecer a região queimada com soro fisiológico ou, na sua falta, com
água fria corrente, até a dor acalmar

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Se a queimadura for de 2º grau (queimadura com bolhas):

• Deve arrefecer a região queimada com soro fisiológico ou, na sua falta, com
água fria corrente, até a dor acalmar
• Lavar cuidadosamente com um antiséptico (não aplicar álcool)
• Se as bolhas não estiverem rebentadas, não as deve rebentar. Mas, se as
bolhas estiverem rebentadas, não cortar a pele da bolha rebentada e tapar com
uma compressa esterilizada, e o tratamento final deve ser realizado no Hospital
• Transportar para o Hospital.

Se a queimadura for de 3º grau (queimadura com bolhas):

• Deve arrefecer a região queimada com soro fisiológico ou, na sua falta, com
água fria corrente, até a dor acalmar
• Transportar imediatamente para o Hospital.

Atenção!!!
O que não deve fazer:
• Retirar qualquer pedaço de tecido que esteja agarrado à zona queimada;
• Rebentar as bolhas ou retirar a pele das bolhas que rebentaram;
• Aplicar sobre as zonas queimadas outros produtos além dos referidos.

5.3. Lesões em Temperaturas Extremas


A temperatura ambiente, tanto o Frio como o Calor excessivos, podem provocar
lesões em diversos tecidos do corpo, ou até…
A Morte…

As reacções químicas desenvolvidas no nosso corpo atinge a sua eficácia máxima


numa faixa estreita de temperatura.

5.3.1. Lesões em Temperaturas Extremas – Ambiente Quente


A permanência em Ambiente Quente provoca várias reacções no nosso corpo, tais
como:
• Dilatação dos capilares da pele
• Aumento da circulação sanguínea
• Aumenta actividade das glândulas sudoríparas
• Aumenta a frequência ventilatória

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5.3.1.1. Insolação ou Golpe de calor
O golpe de calor ou Insolação resulta da exposição prolongada ao calor, num local
fechado e sobreaquecido (por ex.. dentro de uma viatura fechada, ao sol, etc…) ou da
exposição prolongada ao Sol.

Sinais e Sintomas
Os principais sinais e sintomas são:
• Dores de cabeça
• Tonturas
• Vómitos
• Excitação
• Inconsciência

A Insolação é sempre Grave, em especial nas crianças, pode provocar hemorragia


cerebral.

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Deitar a vítima em local arejado e à sombra
• Desapertar-lhe a roupa
• Colocar compressas de água fria
• Dar de beber água fresca, em pequenos goles, se a vítima se encontrar
consciente
• Se a vítima estiver inconsciente, a vítima deve ser colocada em PLS.

5.3.2. Lesões em Temperaturas Extremas – Ambiente Frio

Efeitos do Ambiente Frio


A temperatura corporal tende a cair, mas depende de:

• Preparação de cada um
• Aclimatização individual
• Reacção individual

O corpo reage contraindo os pequenos vasos sanguíneos da pele para:

• Reduzir a Circulação à superfície


• Conservar o calor no interior do corpo
• Protegendo os Órgãos Vitais

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5.3.2.1. Hipotermia
É uma situação resultante da exposição excessiva ao frio.

A Hipotermia é agravada pelo frio húmido, calçado apertado, posição de pé e ingestão


de bebidas alcoólicas.

Sinais e Sintomas
Os principais sinais e sintomas (embora variem com a gravidade da situação) são:
• Arrepios
• Torpor (sensação de formigueiro e adormecimento dos pés, mãos e orelhas)
• Cãibras
• Baixa progressiva de temperatura
• Extremidades geladas
• Insensibilidade às lesões
• Dor intensa nas zonas enregeladas
• Necrose
• Estado de choque ou coma

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Envolver a vítima em cobertores
• Manter a vitima aquecida.
• Transportar ao Hospital
• Evitar dar de comer e beber

O que não deve fazer:


• Mexer nas zonas do corpo congeladas
• Iniciar o aquecimento por um banho quente
• Dar de beber bebidas alcoólicas

6. Choque eléctrico
É também conhecido como electrocussão.

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Forma de actuar
O que deve fazer:
• É uma situação que necessita de transporte urgente para o Hospital

• Desligar o disjuntor, quadro eléctrico, etc… de forma a cortar imediatamente a


corrente eléctrica
• Não tocar na vítima sem ter a certeza que a corrente eléctrica se encontra
desligada
• Afastar os cabos eléctricos com um pau seco ou com equipamento isolante
• Prevenir a queda do sinistrado
• Aplicar o primeiro socorro conforme a situação que for mais conveniente:
 Reanimação cardio-respiratoria
 Queimaduras
 Etc…

O que não deve fazer:


• Tocar na vítima se estiver em contacto com a corrente eléctrica
• Tentar afastar fios de alta tensão

7. Afogamento
Convém lembrar que uma criança pequena pode afogar-se em alguns centímetros de
água, até mesmo na banheira durante o banho ou num tanque quase vazio.

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Retirar a vitima imediatamente de dentro de água
• Verificar se está consciente, se respira e se o coração bate
• Se não respira, deve deitá-la de costas e iniciar imediatamente a respiração
artificial e, se necessário, fazer também compressões torácicas. Assim, que a
vitima respire normalmente, coloca-la em PLS
• Se respira, coloca-la em PLS
• Mantê-la confortavelmente aquecida
• Em qualquer das situações, deve ser sempre transportada ao Hospital

O que não deve fazer:


• Lançar-se à água de mar ou de rio se não souber nadar muito bem
• Procurar salvar um afogado que está muito longe de terra
• Deixar-se agarrar pela pessoa que se está afogar, é preferível lançar uma bóia.

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8. Mordeduras e Picadas
8.1. Mordeduras
Os tipos de mordeduras mais comuns são as de cães, gatos e de outros animais.
Menos comuns, mas, geralmente, mais perigosas, são as mordeduras de cobras e
roedores. Os problemas de saúde consequentes de uma mordedura dependem do tipo
de animal e da gravidade da mordedura, e incluem:

• Raiva: infecção grave, causada por um vírus que ataca o [sistema nervoso
central] e que geralmente, é fatal;
• Veneno;
• Hemorragia;
• Infecção;
• Perda de tecido, em ferimentos desfigurantes;
• Tétano: Doença em que ocorre uma libertação de uma toxina, que causa
endurecimento persistente do maxilar inferior e que pode ser prevenida pela
vacina contra o tétano;
• Reacções alérgicas;

8.1.1. Mordeduras de cão


As mordeduras de cão serão as mais frequentes em crianças.

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Desinfectar o local da mordedura
• Informar-se se o cão está correctamente vacinado
• É uma situação que necessita de transporte para o Hospital

Atenção!!!
A mordedura de cão envolve o Risco de Infecção.

8.2. Picadas
As crianças, devido à sua enorme curiosidade e devido ao facto de lhes agradar as
actividades ao ar livre, estão muitas vezes susceptíveis a picadas de insectos,
nomeadamente de abelhas e vespas e também a picadas de peixes venenosos,
ouriços e alforrecas, quando as crianças frequentam a praia.

8.2.1. Picadas de Abelhas e Vespas

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Forma de actuar
O que deve fazer:
• Retirar o ferrão com uma pinça
• Desinfectar com álcool ou com um antiséptico
• Aplicar localmente gelo
• Transporte urgente para o Hospital, em caso de:
o Picadas múltiplas
o Pessoas alérgicas
o Picadas na boca ou garganta

8.2.2. Picadas de Peixes venenosos, Ouriços ou Alforrecas

Estas picadas podem provocar dores muito intensas.

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Aplicar no local cloreto de etileno ou, na sua falta, álcool ou gelo
• Transporte urgente para o Hospital

9. Estrangulamento

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Cortar imediatamente a corda ou o que estiver a fazer pressão em torno do
pescoço da vítima
• Executar respiração artificial se houver sinais de asfixia
• Se for grave ir rapidamente para o Hospital.

10. Traumatismos
Uma fractura é uma solução de continuidade no tecido ósseo. Em caso de fractura ou
suspeita de fractura, o osso deve ser imobilizado. Qualquer movimento provoca dores
intensas e deve ser evitado.

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Sinais e Sintomas
Deve-se pensar na possibilidade de fractura sempre que haja um ou mais dos
seguintes sinais ou sintomas:
• Dor intensa no local
• Inchaço
• Perda total ou parcial dos movimentos
• Encurtamento ou deformação do membro lesionado

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Expor a zona da lesão
• Desapertar ou cortar a roupa
• Verificar se existem ferimentos
• Tentar Imobilizar as articulações que se encontram antes e depois da fractura
utilizando talas apropriadas ou, na falta, improvisadas
• Transporte para o Hospital

Atenção!!!
As fracturas têm de ser tratadas no Hospital.
As talas devem ser sempre previamente almofadas e bastante sólidas. Quando se
utilizam talas insufláveis, que actuam por compressão sobre o membro lesionado por
efeito de ar, deve-se deixar sair um pouco e ar do interior de 15 em 15 minutos para
aliviar a pressão que pode dificultar a circulação de sangue.

O que não deve fazer:


• Tentar fazer a redução da fractura, isto é, tentar encaixar as extremidades do
osso partido
• Provocar apertos ou compressões que dificultem a circulação do sangue
• Procurar, numa fractura exposta, meter para dentro as partes dos ossos que
estejam visíveis

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Alguns exemplos de Imobilização
Imobilização do Braço

Imobilização da Mão e do Antebraço

Imobilização da Coxa
Se a fractura for no fémur (coxa) as talas devem ser colocadas do lado de fora, desde
a axila até à planta do pé e do lado de dentro desde a virilha até à planta do pé.

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Imobilização da Perna e Tornozelo

Se a fractura for nos ossos da perna – tíbia e/ou perónio – as talas devem ser
colocadas desde a anca até à planta do pé.

Se a fractura for no tornozelo as talas devem ser colocadas desde a parte de cima do
joelho até à planta do pé.

Imobilização do Pé e do Maxilar

11. Politraumatismos
Politraumatizado é um sinistrado que sofreu traumatismos múltiplos.

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Forma de actuar
O que deve fazer:
• Se a vítima estiver consciente tentar acalmá-la
• Mantê-la confortavelmente aquecida
• Vigiar a respiração e o pulso
• Fazer o primeiro socorro indicado para cada um dos traumatismos
• Transportar a vitima urgentemente ao Hospital, escolhendo a posição de
transporte mais aconselhável de acordo com as lesões

O que não deve fazer:


• Deslocar a vítima. Se houver absoluta necessidade de a remover do local deve
proceder como o indicado para traumatismos de coluna

11.1. Tipos de Traumatismos


Traumatismo Craneano
Deve-se suspeitar de traumatismo craneano se a vitima apresentar um ou mais dos
seguintes sinais:
• Ferida do couro cabeludo ou hematoma
• Perda de conhecimento
• Diminuição da lucidez
• Sonolência
• Vómitos
• Perturbações do equilíbrio
• Uma das pupilas mais dilatada
• Paralisia de qualquer parte do corpo
• Saída de sangue ou liquido séfalo-raquidiano pelo nariz ou ouvidos
• TVM

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Acalmar a vítima
• Colocar a vítima sobre uma superfície dura (se possível um plano duro), sem
almofada
• Transporte urgente para o Hospital

Traumatismo na face
Forma de actuar
O que deve fazer:
• Acalmar a vítima
• Limpar cuidadosamente o nariz e os olhos da vítima para que não haja
obstrução das vias respiratórias e da visão
• Colocá-la em posição semi-sentada
• Se houver suspeita de fractura do maxilar, procurar imobilizá-lo
• Transporte urgente para o Hospital

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Traumatismo Torácico
Pode ser grave ao afectar a ventilação se houver perfuração do pulmão. Nesse caso a
vítima pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas:
• Dificuldade respiratória
• Lábios e unhas roxa
• Pulso fraco e rápido
• Agitação
• Confusão e Delírio

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Acalmar a vítima
• Colocá-la em posição semi-sentada
• Transportar urgentemente para o Hospital

Traumatismo da Coluna Vertebral


Deve-se suspeitar de lesão da coluna vertebral se a vítima após traumatismo,
apresenta um ou mais dos seguintes sintomas:
• Impossibilidade de fazer movimentos
• Dor no local do traumatismo
• Sensação de formigueiro nas extremidades (mãos / pés)
• Insensibilidade de qualquer parte do corpo
• TCE

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Acalmar a vítima
• Com a ajuda de outra pessoa, colocá-la num plano horizontal respeitando o
eixo do corpo
• Transportar urgentemente para o Hospital

Traumatismo Abdominal
É uma lesão provocada por acção mecânica sobre o abdómen (queda ou pancada)
capaz de causar fractura ou ruptura de vísceras.

Os sinais podem ser:


• Dor local
• Sede
• Pulso progressivamente mais rápido e mais fraco

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Em casos graves:
• Palidez
• Suores frios
• Arrefecimento, sobretudo das extremidades
• Zumbidos
• Alterações do estado de consciência

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Acalmar a vítima
• Mantê-la acordada
• Colocá-la em posição semi-sentada com as pernas flectidas
• Mantê-la confortavelmente aquecida
• Transportar urgentemente para o Hospital

O que deve fazer:


• Dar de Beber ou Comer

12. Entorse
A entorse é uma lesão nos tecidos moles (cápsula articular e/ou ligamentos) de uma
articulação. Manifesta-se por uma dor na articulação, gradual ou imediata, um edema
na articulação lesada e pela incapacidade do lesado para mexer a articulação.

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Evitar movimentar a articulação lesionada;
• Aplicar gelo sobre a articulação;
• Consultar o médico posteriormente;

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13. Corpos Estranhos
São corpos que entram no organismo através de qualquer orifício ou após uma lesão
de causa variada.

Os corpos estranhos podem encontrar-se mais frequentemente nos olhos, ouvidos ou


vias respiratórias.

Olhos
Os objectos mais frequentes são:
• Grãos de areia
• Insectos
• Limalhas

Sinais e Sintomas:
• Dor ou picada local
• Lágrimas
• Dificuldade em manter as pálpebras abertas

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Abrir as pálpebras do olho lesionado com muito cuidado
• Fazer correr soro fisiológico ou água sobre o olho, do lado de dentro, junto ao
nariz, para fora
• Repetir a operação 2 ou 3 vezes
• Se não obtiver resultado, fazer um penso oclusivo, isto é, colocar uma gaze e
adesivo e Transportar ao Hospital

O que não deve fazer:


• Esfregar o olho
• Tentar remover o olho estranho com um Lenço, Papel, Algodão, ou qualquer
outro objecto

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Ouvidos
Os objectos mais frequentes são:
• Insectos
• Objectos pequenos

No caso de Insectos pode existir Surdez, Zumbidos e Dor, sobretudo se o insecto


estiver vivo.

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Deve ir logo ao Hospital

O que não deve fazer:


• Tentar remover o objecto ou insecto

Vias respiratórias
Os corpos estranhos podem causar perturbações de várias naturezas, de acordo com
a sua localização.

Pode existir:
• Dificuldades respiratórias
• Dores
• Vómitos

Nos casos mais Graves:


• Asfixia, que pode conduzir à morte

Nas crianças, os mais frequentes são feijões ou objectos de pequenas dimensões,


introduzidos no Nariz.

Forma de actuar, objectos no Nariz


O que deve fazer:
• Pedir à criança que assoe o nariz com força
• Comprimir com o dedo a narina contrária, tentando que o corpo seja expelido
• Se não obtiver resultados, deve ir logo ao Hospital

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PARTE - V
SINAIS E SINTOMAS DE GRAVIDADE

1. Febre e Convulsões
1.1. Febre
A febre constitui uma resposta fisiológica do organismo perante agressões externas.
As crianças, são mais sensíveis às alterações de temperatura.

Sinais e Sintomas:
• Pele quente e rosada
• Sudorese
• Temperatura axilar superior a 37,5ºC ou rectal superior a 38,5ºC
• Convulsões nos casos mais graves

Forma de actuar
A melhor forma de actuar é baixar a febre e evitar o aparecimento de convulsões
provocadas pelo aumento da temperatura.

O que deve fazer:


• Manter a calma e acalmar a criança
• Retirar toda a roupa à criança e cobri-la com uma toalha embebida em água
tépida. NUNCA USAR ALCOOL OU AGUA FRIA
• Proteger a criança de correntes de ar
• Transportar para o Hospital

Atenção!!!
No transporte para o Hospital deve-se tapar a criança e evitar as correntes de ar.

1.2. Convulsões
É muitas vezes conhecida por “ataque”.

Sinais e Sintomas
Os mais frequentes são os seguintes:
• Movimentos bruscos e descontrolados da cabeça e/ou extremidades
• Perda de consciência com queda desamparada
• Olhar vago, fixo e/ou “revirar os olhos”
• Espumar da boca
• Perda de urina e/ou fezes
• Morder a língua e/ou lábios

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Afastar todos os objectos onde a pessoa se possa magoar
• Afastar os “Mirones”
• Anotar a duração da convulsão
• Acabada a fase de movimentos bruscos, colocar a pessoa em PLS
• Manter a criança/jovens num ambiente tranquilo e confortável
• Avisar os pais
• Deve ir logo ao Hospital

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• Na criança com idade inferior a 5 anos a convulsão pode ser provocada ou
acompanhada por febre. Quando a crise terminar, deverá verificar a
temperatura e anotá-la.

O que não deve fazer:


• Tentar imobilizar durante a fase de movimentos bruscos
• Tentar introduzir qualquer objecto na boca, nomeadamente dedos, espátulas,
colheres, etc…
• Estimular a pessoa a cheirar aromas fortes
• Dar de Beber ou molhar a pessoa

2. Desmaio
É provocado pela falta de oxigénio no cérebro, a que o organismo reage de forma
automática, com perda de consciência e queda brusca e desamparada.

Normalmente, o desmaio demora 2 a 3 minutos.

As causas são diversas, como por exemplo:


• Excesso de calor
• Fadiga
• Falta de alimentos
• Permanência em pé durante muito tempo

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Sinais e Sintomas
Os mais frequentes são os seguintes:
• Palidez
• Suores frios
• Falta de forças
• Pulso fraco

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Se a pessoa está prestes a desmaiar, deve-se sentá-la e colocar a cabeça
entre as pernas
• Se já está desmaiou, mantê-la confortavelmente e verificar se ela desperta

3. Desidratação
Desidratação é a perda excessiva de líquidos e sais minerais do organismo.
As causas podem ser variadas, como:
• Vómitos
• Diarreia
• Febre
• Queimaduras
• Insolação
• Transpiração abundante
• Reduzida ingestão de líquidos

Sinais e Sintomas
Os mais frequentes são os seguintes:
• Sede
• Lábios e língua secos
• Saliva grossa e branca
• Pele seca
• Olhos mortiços e sem brilho
• Apatia
• Diminuição na quantidade de urina
• Extremidades (mãos/pés) frias e transpiradas
• Prega cutânea

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Dar água em pequenos goles, se a criança estiver consciente, se não,
humedecer os lábios várias vezes
• Avaliar e registar os sinais vitais
• Transportar ao Hospital

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3.1. Diarreia
A diarreia consiste no aumento do número de evacuações (fezes não
necessariamente líquidas) e/ou a presença de fezes amolecidas ou até líquidas nas
evacuações. Normalmente não são graves e prolongam-se pelo máximo de sete dias.

A diarreia é classificada em Aguda, quando dura até 4 semanas e Crônica, quando


leva mais tempo do que isso para melhorar. Essa classificação tem importância
porque o tratamento e a investigação de cada um dos tipos é diferente.

Sinais e Sintomas
Uma diarreia pode conduzir à ocorrência de desidratação, que consiste na perda
acentuada de água e sais minerais do corpo. Esta pode ser identificada a partir dos
seguintes sintomas:
• Olhos encovados e amarelados
• Pele seca
• Boca seca
• Fralda seca por mais de três horas
• Criança sem urinar por mais de seis horas
• Fraqueza e choro fraco
• Irritabilidade e indisposição
• Prega cutânea

Forma de actuar
O tratamento da diarreia consiste essencialmente, em ter alguns cuidados com a
alimentação.

• No caso dos bebês, deve-se diminuir a ingestão de leite. Assim, uma


boa opção será fazer as papas com água fervida.
• Em crianças, são permitidos alimentos como:

• Alimentos sólidos e secos como: o arroz, as batatas, os cereais (sem


açúcar) e as bolachas salgadas e torradas.
• Sopa de arroz e cenoura
• Banana
• Frango e Peru
• Iogurte natural
• Água de côco (soro natural)

• Devem evitar alimentos fritos e gordurosos.


• Deve-se aumentar a ingestão de água, evitando a ingestão de bebidas
muito doces como sumos.

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4. Intoxicação
O contacto com tóxicos constitui uma realidade que se generaliza nos lares e campos,
cidades, indústrias, etc.

O contacto com tóxicos é inevitável, pois na sua grande maioria estes produtos
trouxeram benefícios à nossa civilização e ao esquema de vida que adoptámos que
não podemos suprimir.

Vias de Contacto:

• Via digestiva;
• Via respiratória;
• Via cutânea;
• Via ocular;
• Via parentérica ou Por injecção;
• Picada de animal;
• Via rectal e vaginal;

Actuação do tóxico:

• Por contacto directo;


• Quando é absorvido;
• Na fase de eliminação;

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Actuação - via inalatória:

• Remover a vítima do ambiente contaminado


• Retirar roupas;
• Manter temperatura corporal;

Actuação - via cutânea:

• Retirar roupas;
• Lavar abundantemente com água e sabão;
• Manter temperatura corporal;
• Não aplicar produtos químicos;

Actuação - via ocular:

• Lavar abundantemente com soro fisiológico ou água;


• A lavagem deve ser feita do canto interno para o canto externo do olho,
mantendo as pálpebras afastadas;
• Manter a lavagem até à diminuição dos sinais e sintomas

Actuação - injectável:

• Imobilizar o intoxicado;
• Mais frequente a intoxicação por opiáceos;
• Alteração do estado de consciência;
• Pupilas contraídas ou dilatadas e diminuição da frequência ventilatória –
estimular vigorosamente;

Actuação - via digestiva:

• Via mais comum nas intoxicações;


• A actuação baseia-se no esvaziamento gástrico, por indução do vómito;

4.1. Tipos de Envenenamentos por via digestiva

Produtos Alimentares
Provocam:
• Arrepios e transpiração abundante
• Dores abdominais
• Náuseas
• Vómitos
• Diarreia
• Vertigens
• Prostração
• Sincope
• Agitação
• Delírio

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Forma de actuar
O que deve fazer:
• Interrogar a vítima para saber a origem do envenenamento
• Manter a vítima confortavelmente aquecida
• Transportar com urgência para o Hospital

Medicamentos
Os Sinais e Sintomas dependem do medicamento ingerido. No entanto, alguns dos
exemplos são:
• Vómitos
• Dificuldade respiratória
• Perda de consciência
• Sonolência
• Confusão mental
• Etc…

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Interrogar a vítima para saber a origem do envenenamento
• Telefonar de imediato para o CIAV (808 250 143)
• Manter a vítima confortavelmente aquecida
• Transportar com urgência para o Hospital

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Produtos tóxicos
Os Sinais e Sintomas variam consoante a natureza do produto ingerido. No entanto,
podem ser:
• Vómitos e diarreia
• Espuma branca na boca
• Face, lábios e unhas azuladas
• Dificuldade respiratória
• Queimaduras à volta da boca
• Delírio e convulsões
• Inconsciência

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Interrogar a vítima para saber a origem do envenenamento
• Telefonar de imediato para o CIAV (808 250 143)
• Em caso de ingestão de álcool, e apenas neste caso, dar uma bebida
açucarada
• Em caso de queimaduras nos lábios, molhar suavemente com água, mas não
deixar engolir
• Transportar com urgência para o Hospital

O que não deve fazer:


• Dar de beber à vítima, porque pode favorecer a absorção do veneno
• Provocar o vómito, porque pode causar queimaduras ainda mais extensas e
profundas

4.2. Tipos de Envenenamentos por via respiratória


Os mais frequentes são por gás carbónico (fossas sépticas), oxido de carbono
(braseiras) e gás propano/ butano (gás de uso doméstico).

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Sinais e Sintomas
A vítima começa por sentir um vago mal-estar, seguido de dor de cabeça, zumbidos,
tonturas, vómitos e uma apatia profunda que a impede de fugir do local onde se
encontra. Depois, deste estado segue-se o coma.

Forma de actuar
O que deve fazer:
• Desligar a fonte de gás
• Entrar no espaço onde ocorreu o acidente, contendo a respiração e abrir portas
e janelas
• Voltar ao exterior para respirar fundo
• Entrar de novo e arrastar a vítima para fora
• Colocar a vítima em local arejado
• Pedir transporte urgente para o Hospital

O que não deve fazer:


• Se o acidente for numa fossa séptica ou poço, não deve entrar para retirar a
vítima sem uma máscara anti-gás

4.3. Procedimento
Tente sempre manter os produtos perigosos fora do alcance das crianças. E, em caso
de intoxicações proceda assim:
• Telefonar para 112

• Telefone para o centro de informação anti-venenos;

• Transporte a vítima para o Hospital o mais rápido possível e leve o tóxico


responsável;

• Não administre líquidos, principalmente se a pessoa estiver sonolenta ou


inconsciente;

• Não tente provocar vómitos, especialmente se o produto ingerido for cáustico;

• Certifique-se de que a criança consegue respirar.

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PARTE - VI
DOENÇAS

1. Diabetes
O açúcar é essencial para que as células produzam energia. Para que o açúcar possa
ser utilizado a nível celular tem primeiro que ser digerido. Na digestão do açúcar é
essencial a presença de insulina, produzida pelo pâncreas.

Quando a produção de insulina é afectada, o açúcar não é digerido circulando


livremente no sangue embora não possa ser utilizado pelas células. Este quadro
clínico denomina-se Diabetes Mellitus.

A Diabetes Mellitus classifica-se em dois tipos: Diabetes Mellitus Tipo I ou Insulino


Dependente Diabetes Mellitus Tipo II ou Não Insulino Dependente.

Ao nível de açúcar no sangue dá-se o nome de glicémia.

Ao aumento da quantidade de açúcar no sangue dá-se o nome de Hiperglicémia.

Á diminuição acentuada da quantidade de açúcar no sangue dá-se o nome de


Hipoglicémia.

Não confundir vítima com Hipoglicemia ou Hiperglicemia com vítima etilizada.

1.1. Hiperglicémia

Resulta habitualmente da insuficiente quantidade de insulina e a sua instalação é lenta


e progressiva. Estamos perante uma hiperglicémia sempre que o valor de açúcar no
sangue é superior 200 mg/dl.

Sinais e Sintomas:

Náuseas e vómitos;
Fraqueza muscular e tonturas;
Pele avermelhada e seca;
Sensação de sede;
Hálito cetónico;
Aumento da frequência ventilatória;
Sonolência e/ou Agitação;
Confusão mental;
Desorientação;
Inconsciência - Coma Hiperglicémico;

Actuação:

Manter uma atitude calma e segura;


Avaliar e registar sinais vitais;
Recolher o máximo de informação;
Manter vigilância dos sinais vitais e evolução do estado de consciência;

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1.2. Hipoglicémia

Resulta da baixa acentuada de açúcar no sangue e a sua evolução é normalmente


rápida e súbita.
Estamos perante uma Hipoglicemia se o valor da glicemia é inferior a 50 mg/dl.

Este quadro clínico ocorre normalmente quando:

Existe jejum prolongado;


Os alimentos não são digeridos;
Existe um incumprimento da terapêutica/dieta;

Situação mais frequente nos doentes diabéticos mas pode acontecer a qualquer
indivíduo.

Sinais e Sintomas:
Ansiedade, irritabilidade ou agitação;
Fraqueza muscular;
Sensação de fome;
Pulso rápido e fraco;
Pele pálida, húmida e viscosa;
Tonturas;
Náuseas e dor abdominal;
Tremores e convulsões;
Desorientação;
Confusão mental;
Inconsciência - Coma hipoglicémico;

Actuação:
Manter uma atitude calma e segura;

Se Glicemia capilar inferior a 50 mg/dl:

• Água açucarada - Vítima consciente;


• Papa de açúcar - Vítima inconsciente;
• Avaliar e registar sinais vitais;
• Recolher o máximo de informação;
• Manter vigilância apertada dos sinais vitais e evolução do estado de
consciência;

1.3. Diabetes

A Diabetes é uma doença em que o pâncreas não produz uma quantidade suficiente
de insulina e há açúcar aumentado no sangue e urina.

A Diabetes da criança e do jovem requer tratamento com insulina.

A complicação mais grave e frequente do diabético jovem é a crise de Hipoglicemia


(Baixa de açúcar no sangue).

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Ocorre habitualmente depois da realização de exercício físico, por jejum prolongado
ou por exagero de dose de insulina, surgindo alguns destes sinais:

• Palidez
• Suores
• Tremores das mãos
• Fome intensa ou Enjoo e Vómitos
• Confusão mental
• Bocejos repetidos
• Voz entaramelada
• Alterações de humor
• Palpitações
• Pulso rápido
• Perda de fala e dos movimentos activos
• Desmaio
• Convulsão
• Coma

1.3.1. Forma de Actuar

O que deve fazer:

• Lidar com a pessoa com calma, meiguice e delicadeza


• Dar açúcar: 1 colher de sopa cheia ou 2 pacotes. Aguardar 2 a 3 minutos e
repetir a operação até melhoria dos sintomas
• O açúcar deve ser misturado com algumas gotas de água
• Se a pessoa não consegue engolir é uma situação grave e tem de ser
transportada ao hospital

O que não deve fazer:

• No inicio da crise, dar a beber líquidos, mesmo que açucarados.

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2. Crise Asmática
A criança jovem com asma é capaz de responder com uma crise de falta de ar em
situações de exercício intenso, conflito ansiedade, castigos, etc…

2.1. Sinais e Sintomas


Os sintomas mais comuns são:
• Tosse seca e repetitiva
• Dificuldade em respirar
• Respiração sibilante, audível e ruidosa
• Ar aflito e ansioso
• Respiração rápida e difícil
• Pulso rápido
• Palidez
• Suores
• Prostração
• Apatia

Na fase de agravamento da crise a respiração é muito difícil, lenta e as unhas e os


lábios ficam arroxeados. É uma situação grave que necessita transporte urgente para
o Hospital.

2.2 Forma de actuar


O que deve fazer:
• Desdramatizar a situação. É importante ser capaz de conter a angústia e a
ansiedade da criança/jovem, falando-lhe calmamente e assegurando-lhe rápida
ajuda médica
• Deve ficar com a criança/jovem num local arejado onde não haja pó, cheiros ou
fumos
• Colocá-la numa posição que facilite a respiração
• Contactar e informar a família
• Se souber o tratamento aconselhado pelo médico para as crises, pode
administra-lo
• Se não houver melhoria a criança deve ser transportada para o Hospital

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3. Epilepsia
Contracção involuntária e incontrolável de alguns grupos musculares ocasionada por
um aumento da actividade eléctrica numa determinada região cerebral.

Várias situações poderão estar na origem destas crises convulsivas:


Epilepsia, a mais comum;
Lesões cerebrais;
Hipotermia, etc.
Actuação:
Manter uma atitude calma e segura;
Evitar traumatismos associados;
Desviar objectos;
Proteger extremidades e crânio da vítima;
Nunca tentar contrariar as contracções;
Desapertar roupas justas;
Registar a duração, tempo de intervalo, zona atingida e características das crises
convulsivas;

Após a crise convulsiva:

Colocar a cabeça da vítima de lado;


Despistar a hipotermia;
Avaliar e registar sinais vitais;
Recolher o máximo de informação;
Actuar em conformidade com os traumatismos associados;
É frequente a recusa do transporte, pois muitas vezes a crise tem origem no
incumprimento da terapêutica;

Existem alterações do comportamento em que os indivíduos conseguem simular


quase na perfeição as Crises Convulsivas à excepção de:

Não existir incontinência de esfíncteres;


Não existir lesões ou traumatismos associados;

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