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Agua 2.1 Interagbes fracas em sistemas aquosos. 47 2.2 lonizagio da Sgua ede écidose bases fracos 58 2.3. Tamponamento contra mudancas no pH em sistemas bioligios 63 24 Aaguacomoreagente 69 25 Oajustedo meio aquosoem organismosvivos 69 ‘gua 6a substancia mais abundante nos sistemas vivos, ‘constituindo mais de 70% do peso da maioria dos seres vivos. O primeiro organismo vivo na Terra, sem divida, apareceu em um ambiente aquoso, ¢ 0 curso da evoluga foi oldado pelas propriedades lo meio aguas mb qual vida comegou. Este capitulo inicla com deserigdes das propriedades fisicas e quimicas da dua, a qual, em todos os aspectos, a estrutura e a fungao da eélula estao adaptadas, As forcas de atragao entre as moléculas da égua e a pequena tendéncia da sgua em ionizar sao de erucial importaneia para a estru- tura e a fungao das biomoléculas. Sera revisado 0 tépico da fonizagao em termos das constantes de equilibria, pH e cur vas de titulacio e discutido como as solugées aquosas de elds fracos ou bases fracas e seus sais agem coro tampa {que se contrapde a mudangas de pH em sistemas bioligicos. A molecula de agua e seus produtos de ionizagao, H” e OH influenciam profundamente a estrutura, a organizagao © as propricdadles de todon oo componentce eclulareo, ineluin do proteinas, écidos nucleicos ¢ lipideos. As interacOes no covalentes responsdveis pela intensidade e especificidade do reconhecinento entre as biomoléculas sao influenciadas decisivamente pelas propriedades da dgua como solvente, ncuuido a capaciuate de formar lyayoes de Ludrogere ‘com cla meama ¢ com soliton. 2.1 Interagdes fracas em sistemas aquosos As ligagdes de hidrogénio entre moléculas de gua forne- ccem as forcas coesivas que fazem da dgua um liquido & tem- peratura ambiente e um solido cnstalmo (gelo) com arraryo altamente ordenado de moléculas ern temperaturas fias, As biomoléculae polaras discolvom.co facilmento om gua, uma vez que elas podem substitu interacoes entre as moléculas de igua (igua-gua) por interagoes energeticamente mais, avordvels entre a dgua e o soluio (agua-suluto). Por utr lado, ao biomoléculas apolarea ato rauito pouce seltveio cma gua, uma vex que elas interforem nas interagies da tipo 4gua-daua, mas sZo incapazes de formar interagoes gua “soluto. Em solugées aquosas, moléculas apolares tender a formar agregados. Ligagdes de hidrogénio e interagbes id nicas, hidrofobicas (do grego, “medo de agua") e forgas de van der Waals sfo individualmente fracas, mas quando em conjunto elas term influéncia signifieativa Sobre as estrutu- tas tridimensionais de proteinas, acidos nucleicos, polissa- carideos e lipideos de membranas. Ligagées de hidrogénio sao responséveis plas propriedades incomuns da agua A gua tem ponto de fusio, ebuligao e calor de vaporizacaio ‘mais altos que os outros solventes comurs (Tabela 2-1). BS- sas propriedades incomuns sio uma consequéneia da atra- ‘eo que ocorre entre moléculas de gua adjacentes © que ‘oferece & gua liqisa uma grancle coesio interna. A visua- lizagio da estrutura eletronica da molécula de H,0 revela a origem dessas atragoes intermoleculares, Cada atomo de hidrogémo de uma motécula de agua ccompartitha um par de elétrons com o étomo central do oxiginio. A geometria da molécula 6 ditada pela forma dos orbilais eletronicos mais externos do stomo de oxigé que sao similares aos orbitais sp’ da ligago ao earbono (ver Figura 1-16). Esses orbitais podem ser descritos como ten- «do um formato aproximaco ce tetraedro, com um atomo de Inturogenio en cata wi de dots das vertices pares de ele trons nao compartilhados nos outros dois (Figura 2-1a). (0 fing de ligagio H—O—H & ce 104,5°. Isso & levemnen- te menor que o Anulo 109.5° de um tetraedro perfeito em consequéncia do agrupamento des orbitais nao ligantes do tomo de oxigénio. ‘© mucleo do atomo de oxigenio atrat eletrons mats for- temente que o miicleo de hidrogénio (um préton); ou se, © doxidnie 6 mais olatronegative Assim, os elteons compar. tihados geralmente estao mais nas vizinhancas do tomo de ‘oxigénio do que nas vizinhangas do atomo de hidrogénio. 0 resultado desse compartltamento desigual de elétrons 6 a formagao, na molecula de agua, de dos cipolos eletricos, un av Tongo le eal ligayav O- Ti, cada hidiogeiv varregs ‘carga parcial postiva (5°) 0 0 oxigénio carrega carga parcial negativa igual em magnitude a soma das duas eargas par- bas cy 23 80 394 05 a1 61 7 "Ameria, na forma de calor, necessiriap tica entre 0 dtomo de exigénio de ua snokécua de yun eo hhidrogénio de outra (Figura 2-1b),chamada de ligagao de Ihidroggnia. Ao longo dest Tivo, as ligagdes de hidrogénio serio representadas com tréslinhas paralelas zis, como na Figura 2b Ligagdes de hidrogénio sio relativamente fracas, As lt szagoes ce hidrogénio em dua liquida tém energia de dis- socingio de ligagio (a cncrsia roqucrida para qucbrar ima ligagin) de eerea se 23 kml, em comparagan cam 470 ki/mol para uma ligacdo covalente O—H{ em sua e 2348 kl/mol para uma ligacao covalente O—C. A ligaclo de hidrogénio ¢ cerca de 10% covalente, devido as sobreposi- 40es nos orbitals de ligagao,e cerca de 90% eletrostitica. Ligaco dehisrogtio ‘O17 om . 73 zn covalente mote 0965 H e + o o FIGURA2-1 Estrutura da molécula de dgua. (a) 4 natrez dipolar da molécula de agua mostrade em mode de eserae bastao es Inhas Stacie ipreatinimi lils G bi Aion nee ie be _tadciea da nar de elérons da camada maicextema aa rede do tema, de ogra. Os das somos de hicragénio tem carga parcial postva O") feo atomo de axgenio tem carga parcal negatia 1 (b) Das mae {ls Ue unidas priya Ue Iikheyenio epreentode aga eau Legnaro inact nm ita me leculade dua mals acima e um stoma de hidiogerio da molécula mais abaiv. As igagBes de hidrogério s3o mals longas e mas fracas que as yas evaleies OH Bin temperatura ambiente, a energia térnica de wa so- Jugdo aquosa (a enorgia cinética do movimento de étomos individuais e moléeulas) & da mesma ordem de magnitu- de que a necessria para quebrar lizagbes de hidrosénio. Quando a égua 6 aquecida, © aumento da temperatura se reflote em um aumento da velocidade individual das molé- clas de égua, im qualquer momento dado, a maioria das ‘noléculas a gu quia € liga por ligagdes de hidroe- rio, mas cada ligacdo de hidrogénio dura somente de 1 a 20 picossegundos (1 ps = 10-2); quando uma ligagio de hhidrogénio quebra em 0,1 ps, uma outra lio de hidro- sGnio se forma coma mesma molécula ou nto com outra rmolécula de dgua. A expressio agrupamentos oscilantes ‘vem seni aplicada aos grupos de moléeulas de agua in- terlgadas por ligagoes de hidrogénio de vida curtana égua liquida, A soma de todas as ligagdes de hidrogenio entre as moléculas de gua confere & Agua iquida uma grande coesiio interna, Redes estendidas de moléculas de égua ‘unidas por ligagbes de hidrogénio também formam pontes ‘entre solutos (proteinas e cides nucleicos) que permitem ‘que as moléculas maiores interajam umas com as outras Dor aistaneias de varios nanomettos sem se Tocarem 1st ‘camente. 0 arranjo aproximadamente tetraéatico dos orbitas 20 rodor do stomo de oxigénio (Pigura 2 La) porto que cada moléeula de Agua forme lignes de hidrogénia com até quatro moléculas de gua vzinhas. Na gua iquida, em temperatura ambiente e pressio atmosférica, entretanto, as rmoléculas de égua esto desorganizadas e ém movimento contunuo, assim cada molecula forma ligagao de maroge- sso cow sonwete 3 outias mwokéculas, en xia, No geo, por outro lado, cada maléeula de dua cet fxa no copage ¢ forma ligagies de hideogéni com quate onstras moléer Jas, formando uma estrutura de rede regular (Figura 2-2) As ligagbes de hidrogenio sio responsiveis pelo ponto de fusto relativamente alto da égua, pois € necesséria muita ‘enenga termica para quebrar uma proporcao sutciente de ligagbes de hidrogénio para desestabilizar a rede cristina FIGURA22 Ligagdesde hidrogénio no gelo. No clo, caca molecu lade gua forma quatro lgaces de hidrogénia,o maximo possive para ‘uma malécula de gua, clando uma estutura de rede crstaline regula. or out lado, na Agua iquida em temperatura ambiente e press at- ‘mesféica coda molécula de Sgua faz uma mca de 34 lige de B crogénio com outras moléculs Esa rede cstalina regular faz0 gel ser ‘menos nso que gua aud portanto,o gel Mutua na dqua quia, do gelo (Tabela 2-1). Quando o gelo fund ou a égua evapo- 1a, 6 retirado calor do meio, pelo sistema: H,0 (26lido) —+H,0 (guido) AH = +5,9 ki/mol HO (liquide) —+H,0 (gasoso) AH = +440 kimol Durante a fuso ou a evaporacio, a entropia do sistema aquoso aumenta a medida que as disposigbes mais ordenadas das moléculas de gua em forma de geo passam a assumir dis posicdes menos ordenadas no estado lquido ou completamen- te desordenadas no estado gasozo. Em temperatura ambien- te, tanto fusain do gela quanto a evaparagio da agua ocorrem, espontaneamente. A tendéncia das moléculas de dua em se associarem por meio de ligagbes de hidrogénio é compensada pela tendéncia energetica para a desordem. Lembre-se que, para um processo ocorrer espontaneamente, a energia livre (AG) deve ter um valor negativo: AG = Al7 ~ TAS, em que AG roprosonta a forga mots, Al a roudanga de ontalpia para for ‘mar e romper ligacbes e AS a mudanca no nivel de desordem. Como AH ¢ positivo para a fusao e a evaporagao, fica evidente que ¢ o aumento na entropia (AS) que torna AG negativo e :mpuulsiona a mudanga de estado, ‘Agua forma ligagées de hidrogénio com solutos polares Pormar ligagSes de hidrogénio nao ¢ uma exclusividade da ‘moléeula do gua. Else so formam prontamente entre um tomo eletronegativo (aceptor de hidrogénio, geralmente ‘oxigénio ou nitrogénio) e um tomo de hidrogénio ligado covalentemente a outro atomo eletronegativo (doadar de ‘udrogerio) na mesma molecula, ou em outra (Figura 2-5), Atomos de hidrogénio covalentemente ligados a dtonus de 2.1 INTERAGOES FRACAS EM SISTEMAS AOUOSOS 49 é eat) oy we Wy Doodorde 9 of A fo & Rae FT Go Ff Ff BAS FIGURA23 _Ligacbes de hidrogénio comuns em sistemas bioléai- 95, O aceptorde hidrogénio geralmente€ 0 cigénio cu onitogénig, ‘8 baGor Ge idrogenio € outro aromoeletronegatva, carvono nao partcipam de lgacoes de hidrogento, uma ver que 0 étome de carbon € apenas levenwente iain cle- tronegativo que o hidrogénio e, portanto, a ligago C—H é muito pouco polar. Bssa diferenca explica nar que o buta- no (CH,(CH,),CH,) tem um ponto de ebuligdo de apenas =0,5°0, ao passo que o butanol (CH,(CH,),CH,OFD ter un onto de ebuligaoreativamente alto, 117°C. O butanol tem lum grupo hidrosila polar ¢, assim, pode haver ligagoes de hidrogénio entre suae moléculas, Biomoléeula polares no carregadas, como os aeticares, dissolvem-se rapidamente. em gua devido ao efeito estabilizador das ligagdes de hidro- aGnio enize os grupos hidroxila ou o osigénio da carbonila do agicar com as moléculas polaes da gua. Aleobis, ade dos, cetonas e compostos cantendo ligagdes N—H formar ligngdes de hidrogénio com moléculns de agua (Figura 2-4) ce tendem a ser soldvels em Agua. fyeounme —eteoguge tage Sccclespis” — Gaonaeigan” pepe é \ I ° é ; a 4 %o 3 a wy i eins SeDNA FIGURA2~4 Algumas gages de hidrogénio deimportinciabio- legica. 50 CAPITULO2 + AGUA R i a | hidrogtio so masta FIGURES. Oriontagin dae gage da hidragéinia. racine tre as crgaselicas paras (ver gua 2-1) 6 méxdma quando os tes tomes envolvdos na igagio (nese caso, 0, H €O) esto dispstos em Innate Quarb gs partes areca ye azeriiyayes edi aye=| ri ertia cubmotidae a esther arrutuse(p a, quando & parte do ua molécula de protena) esta eometia de! ino mas possvele Iso fa as igagdes de hichogéni serem mais fracas. As ligacdes de hidrogénio so mais fortes quando as rmoléculas ligadas esto orientadas de forma a maximizar as interagoes elelrostatieas. Isso geurre quando 9 atone de 1idrogénio ¢ o8 dois dtomos que o eompartilham esto em linha reta — isto 6, quando 0 sitomo aceptor esté alinhado ‘com a ligagao covalente entre o tomo doador e o hidrogé- nio (Figura 2-5), Esse arranjo dispde as cargas positivas do on hidrogénio diretamente entre as duas cargas parciais, negativas. As ligagdes de hidrogento sao, portanto,altamen- te direcionais e eapazes de manter duas moléculas ou gru- _pos unidos por ligagdes de hidrogénio em um arranjo eam ‘eometria especifica, Como seri visto posteriormente, essa proptiedade das ligagoes de hidrogénio confere estruturas Iridimensionais muito precisas a moléeulas de proteinas & de acidos nucleicos, pois elas posstem multas lgagoes de hidrogénio intramoleculares, ‘Aagua interage eletrostaticamente ‘com solutes carregados A gua 6 um solvente polar. Ela dissolve prontamente a mmajoria das biomoléculas, que, em seral, slo compostos car- ragndoe ou polars (Tubela 2.2); compostor que 0 dies vem facilmente em gua so hidrofilicos (do ¢rego. “aue ama a ua), Bm eontrapartida,solventes apolares, como cloroférmio e benzeno, sao solventes inadequados para bio- moleculas polares, mas dissolvem prontamente moleculas hidrotobieas— w0ievalasapulanesy cow lipilews © vere ‘Agua diosolvecaig como o NaCl pola hidratagio ov tabilizagio dos fons Na’ e CI”, enfraqnecendo as interagies eletrosttica ene eles ¢, portato, neutralzando a tendén- cin dese associarem em uma rede cristina (Figura 2-6). ‘A dgua amber dissolve prontamente biomoléculsscarrega- thas cl composios com rupos fan, conto poe carbontlcesionisedoo (COO), emvinae protonadas (CONT) e éteros de onto on ani. A gua sbtit a ligagoes de hidrogénio solute-soluto, conectando essas biomoléculas umas com as outras por ligagdes de hidrogénio soluto-dgua, blindando as interagdes eletrostaticas entre as. roléeulas de sotto. 4 gua efetiva na blindagom de ineragses eletros téticas entre fons disolvidos eevco sin alla constante dieleria, uma propredade fisica que refleteo nimeno de dipolos ce um solvent. A intensidade, ou forga (F), das interagoes inicas depen ca magnitude das eargas (Q), da distancia entre os grupescarregadas (F) eda constante Alleria (, que €adimensional) do solvente no qual a in- toragdes ccorren 2122 or Para dgua a 25°C, ¢ € 78,5, e para o solvente muito apolar benzeno, ¢ € 4.6, Portanto, as interagoes ionicas entre os {ons dissolvidos séio muito mais fortes em ambiente menos polar. A dependéncia do r” tal que a atracao ou repulsto ‘onica opera somente a pequenas disténcias ~ na faixa de 10 1.40 nm (dependendo da concentra do eletrlito) quan. do osolvente é agua, figns exemple onl polars aplaresatpasmesradas nas sas fas nz emp) Polar ‘polar : Geom 7 Cera comum —— cHcHiy=CH=CH=(CHE=CH)—C WAL Non Y HONK Hd . Anfipatica 7 Glicina FH. c00= Fenlalaina O e Apparat oe boc, —000 Fosftiileoina a Taetatn ——_chy-g4-€00" scaxetnnct C0 eH, oH ee sets 4 = 8 bo Fe oy bs & q Hock, Ch, 08 [ Grpes potas [a Goes spoaes ‘entropia aumenta quando uma substancia crstalina se dissolve [Logo que um sal como 0 NaCl se dissolve, os fons Na‘ e CI” abandonam a rede crstalina ¢ adquirem uma liberdade mui to maior de movimento (Figura 2-0). 0 aumento resultan- te na entropia do sistema (grau de desordem) & em grande parte responsivel pela facilidade da dissolugio de sais como ‘NaCl em agua. Em termos termodinémicos, a formacao de ‘uma solugdo ocorre com uma variagio favorsvel de energia livre: AG = AH ~ TAS, em que AH tem um valor positivo pe- queno e TAS um valor positive grande; entao AG € negativo. Gases apolares so fracamente solves em agua ‘As moléculas de gases biologicamente importantes como €O,, 0, eN, slo apolares. No caso de O, eN,, os eltrons slo comparthados igualmente por ambos 08 dtomos da ligagao. No CO,, cada ligagao C=O é polar, mas os dois di- polos esto em diregdes antagenicas e antlam un ao outro (Tabela 2-3) 4 adigao de moleculas da fase gasosa desor- enada a uma sologde aquosa restringe o movimento do gis «das moléculas de agua o, portanto, lova a um decréscimo de entropia. A combinacio entre a natureza apolar desses gases e o deeréscimo de entropia quando eles entram na Solubilidade de alguns gases na agua 2.1 INTERACOES FRACAS EM SISTEMAS AQUOSOS 51. FIGURA 2-6 A dgue come solventes 4 Sau dixolve ‘muitos as cristina pela hidratacao de seus ons. rede cristalna do NaC se desfaz quando maléculs de agua se ‘aglomeram ao redor ds ions Ce Na’. As carga oncas sie pariolmente neutlzades, <0 atagées cletrosttins necesiias nara formacs da ede so enfaquecidas foc Disepemeiee aoslestia doe mole de agua solugdo 08 tora muito pouco soluvers em agua (Tudela 2-3), Alguns organisiius ten “proteus tansportadoras” sokiveis em gua (p. ex, hemoglobin © mioglobina) que facltam 9 transporte le 0.0 diéxido de earbono forma 6 ficido earbnico (H,CO,) em solucio aquosa que étrans- portado como fon bicarbonato (HCO, )tivre— bicarbonato € muito solivel em égua (~ 100 g/L 25°C) ~ ou ligado & hhemoglobina. Tres outros gases, NI, NO e 1,5, também tém paps bioligicos em alguns organismos; esses gases 40 polares,dissolvemse facilmente em aga @ onizam ora solugo aauosa, ‘Compostas apolares forcam mudancas energeticamente desfavoraveis na estrutura da qua (Quand 4gua é misturada com hersmeno on hexano, so for rmadas das fases; nenhum dos liquidos 6 solve! no outro. ‘Compostos anolares como benzeno e hexano so hidrofébi- cos = incapazes de fazer interagdes energeticamente favo- raves com moléculas de agua, podendo interferit com as ligagies de hidrogenio entre as moléculas de Agua. Todas as rmoléculas ou fons om sohig2o aquosa interferem coma liga- ‘es de hidrosénio de algumas moléculas de égua das suas vizinhangas, mas solutos polares ou carregados (como NaCl) Gis Nitrogen. Oxigenio Tideide ie carton Aménia Sulfeto de hidrosénio Poladade Selebildede emgua(g Apolar 0,018 (40°C) Apolar £9,085 (50°C) peice a7 (ase) Polar 900 (10°C) Polar 1.800 40°C) “a seas represanam pas elerieos na una carga negara pal (0) na pon da Sec ua carga os area sae) marta dat *Opsorve que as moléuls polaresdsslvem melhay, mesmo em temperatura balxas, do que as meus apolar em temperatura elativamente alas 52 CAPITULO2 + AGUA rasp” hidrtlico “Agrupamentos osclantes' de aoa SS Moléculas de Sguaatamente ordenada formam “gaoas” ‘a0 edor das cates de grupos alqala hrototicas @ FIGURA27 Compostos anfipsticos.em solucio aquosa. (a) cdo: rac de cadela tanga tem cadeas de grupos alqula mult histo a5 cada uma enalta pr ua camada de moléculas de dgua atamente ‘otdenadas. (bl Pla aglomeracSo conjunta em melas. as moéculas de ‘cid gros expdem 2 menor ea superficial possiel para agua, e ‘menos moléculas de qua serdonecessiias na camada de gua ote ‘ada energia gaa pela Iberago das moléuas de Agua até entio ‘mnailradacetabiizaamicla, compensam as ligagdes de hidrogénio fgua-dgua perdidas pela formacdo de novas interagbes dgua-soluto, A variagdo liquida em entalpia (AZ1) para a dissolucao desses solutos ‘eralmente é pequena. Solttos hidrofbicos, entretanto, no Oferecem essa compensagao, e sua adicao a agua pode resul- tar em um pequene ganho de entalpia, a quebra das ligactes| de hidrogénio entre as moléeulas de Agua retira energia do sistema, 0 que requer entrada de energia das vizinhancas. Além da entrada da energia necesséria, a dissolucdo dos ccompostos hidrofebicos em ggua produz um decréscimo ‘mensuravel na entropia. AS moléculas de dgtua na vizinhan ‘ga nvediata de ain soluty apolar sav restrngldas nw que 9 refere is orientagdes possives,jé que formam um envoltério altamente ordenado na forma de tima eamada ao redor de ‘cada molécula do soluto. Essas moléculas de dsqua nao esto allamente orientadas como aquelas em elatratos, compos- ‘os cristalinos de solutos apolares e gua, mas 0 efeito & 0 "mesmo em ambos os casos: o ardenamento das moleculas de dgua redur a entropia, O nimero de moléeulas de gua ordenadas &, portanto, a magnitude da redugao da entropia slo proporcionais area da superficie clo soluto hidrofabico retido dentro da camada de moléculas de sgua que o envol- ve, A variagio de energia livre paraa dissolugio de um soluto apolar e, portanto, destavoravel: AG = aH ~ TAS, em que Al ‘em um valor positivo, A um valor negative e AG é positivo. Compostoo anfipaticas contém regidee polarco (ou carrpgadas) 0 rogines apolares (Tahola 2-9) Quando nm. ‘composto anfipdtico é misturado com gua, @ regio polar Grupo alga Dieporeso do Uipideos om gua ‘Asmoléculs de lipieo foream as elses dct ‘reundantes ase 2 tomarem stamente cordensdas, ‘Aslomerados de ‘molécuasipidicas Somente as porgbes Tpilicas de centremidades do _aglomerao forcam Sordenamento das ‘netted, Menos moléculs de ‘gua so ordenades, eaentropa aumenta ices Tedos.ossrupos idrebicos 0 statados da agua; 3 superici orcenada de moécuis de ‘gua éminimizads, ‘idromica interage favoravelmente com a agua e tende a se disgolver, mas a regio apolar hidrofdbica tende a evitar eontato com a 4gua (Figura 27a), Ae rogides apolares ‘das moléculas aglomeram-se para expor a menor érea hi- {drofébica possivel ao solvente aquoso, e as regides polares ‘io arranjasas de forma a maximizar as interagdes com 0 solvente (Iigura 2-/b). Esse fenomeno @ charwado de efer- ty Iidrufibiew, Essas eslsulutas estaveis de conpusius ‘onfipsticoo em dguo, chamadas de mieelas, podem conter ‘contenas on milhanes de moléenlas As foreas que mantém ‘regides nao polares juntas sfo, algumas vezes, denominadas é. vo \> of Yr ob v > b. Ay 2.1 INTERACOES FRACAS EM SISTEMAS AQUOSOS 53 ere ee interaco ete ensima esubsato pread nt ¢ Ww tera rama sett ‘Stablzeca hirano © Intragbestoncas FIGURA2-€ © desprencimento da agua ordenada favorece a formato de complexos enzima-substrato, & enzima eo subststo, quando ‘separados forgam at molecular de aqua visnhae a formar uma camada ordenada. gas30 do subsrato com 3 ensa libra algumas desea uae ‘rdenadas, eo aumento resultant na enon favorece ermadinaicamerte a formacao do complexo enaima-subsrato (erp 196). interagdes hidrofébicas, embora essa terminologia possa ceautsar confusion porque a forca das interagies naa casa dda por qualquer atracio intrinseca entre resides apolares. Em parte, isso é 0 resultado da maior estabilidade termodi- nimica que o sistema atinge pela minimizacao do niimero de moléculas de agua necessdrias para envolver as porcoes hhidrofébiens das moléeulas de soluto Muitas biomoléculas sio anfipsticas; proteinas, pigmen- tos, certas vitaminas e esteroides e fosfolipideos de mem- bbranas apresentam regides polares e apolares. As estruturas formadas por essas moléculas sfo estabilizadas por intera- (oes hidrofobicas entre as repioes apolares. As iteragoes hi rofobicas entre os lipileos, e entre ipideos e protesnas, a0 as mais importantes para doterminar a estrutura de mem- branas biol6gicas. A agregacao de aminoscidos apolares 10 interior de proteinas, impulsionada pelo efeito hidrofébico, também estabiliza a estrutura tridimensional das proteinas. As ligacdes de hidrogénio entre a égua e os solutos po- Jares também causam um ordenamento das moléculas de ‘gun, mas o cfeito energético é menos significativo que com. solutes apolaros. A ruptura de ardenamonte de maléeulas de agua faz parte da forca motriz da ligacao de um substrato polar (reagente) a uma superficie polar complementar de ‘uma enzima: a entropia aumenta quando a enzima deslo- camoleculas de agua ortenadas do substrato, eo substrate desloca moléculas de 4gua ordenadas da superficie da enzi= ma (Figura 2-8), Forcas de van der Waals sao atracdes interatémicas fracas Quando dois Atomns nao earregados slo coloeadas bem prs ximos um do outro, as suas nuvens eletrOnicas influenciam. ‘uma a outra, Variacbes aleatérias nas posigies dos elétrons a redor do nicleo podem criar um dipolo elétrico transito- iy, que hd a forimayay de wt dipoly transient de carga opesta no tomo que até maic préximo. Oo doio dipolos alraem.e fracamente, aproximandla os dais miieleas. Pssas alracdes fracas so chamadas de forcas de van der Waals, (ambém conheeidas como forgas de London). A medida ‘que os dois miclens se aproximam, as nuvens eletetnicas co- ‘mecam a repelir uma a outra, Nesse ponto, no qual a atracao liquida é maxima, diz-se que o micleo esta em contato de van der Waals, Cada stomo tem um raio de van der Waals ccaracterfstico, una medida do qua préximo um tomo per- rite que outro sc uproxime (Tabcla 2-4). No caso dos mo- 0 pK. = 960 FIGURA2-16 _Paresconjugados dcido-base consistem em um doador de protons eum aceptor de protons. Algunscompostas como. seiso actico eons aménio do monopréicos eles s6 podem doar um protan. Cuts S80 dipeics (Sido carbonico e glicn) ou tripricos (ido os Ui) Asreaces de isiuiaiuUevalape! su nstadas unica inion avkiyudeuiiulcuionede fALrplaite Uecyuliiv uu siasayas Uemceulngartmnnegstn pi extn mentarin para rca rare eC anata pgs A? pasa micas eh 2 patentee rape ds valores depX, do scido carbonico (HC) 62 cAPiTULO2 + AGUA MAS ut 4 para a qual eee Keg [HAL As constantes de equifbrio para as reagdes de ionizacao sap comuente chasnadas de constantes de Yonizagao ou conatantes de dissociagho Scidas,frequentemente Ancignariae por K, As constantee de dlenciagto de agune dcidos esto apresentadas na Figura 2-16, Acidos mais for tes, como os dcidos fosfrico e carbénico, tém constantes de ionizagio maiores: dcidos mais fracos, como 0 fosfato mono-hidrogenado (HPO, ) tém constants de ionizacio Aprosontados na Figura 2-16 eetdo 0° valoree de PK, «ae € andlogo ao pl e€ defini pela equacio n= = Quanto mais forte a tendéncia de dissociar um proton, mais forte sera o dcido e mais baixo seré o seu pK, Como sera ‘isto agora, 0 pK, de qualquer acido fraco pode ser determi nado facilmente, Curvas de titulacao revelam o pk, de dcidos fracos ‘A titulagio 6 usada para determinar a quantidade de um. 4cido em determinada solugao. Um dado volume do did €titulado com uma solucio de base forte, geralmente hidr6- ‘xido de s6dio (NaOH), de concentracdo conhecida. O NaOH @ adicionado em pequenos inerementos até dcido ser con io (weutralizado), » que & detertnado corm um i ‘dor ou umm pH metro, A concentragio do dcido na sohigao original pode ser ealenlada a partir do volume e da concen- tracdo de NaOH adicionado. A quantidade de dcido e base na titulagao 6 comumente expressa em termo de equivalen- tes, em que um equivalente é a quantidade de substancia, ‘que reagira com, ou suprita, um mol de fons de hidrogenio €em uma reagao acido-bésica, Uma curva de valores de pH contra a quantidade de NaOH adicionada (uma eurva de titulagao) revela o DK, do dcido fraco. Considere a titulagao de uma solucao 0,1 x. de dcido acético com 0,1 w de NaOH a 25°C (Figura 2-17). Duas reagoes reversiveis de equilibrio estao envolvidas no processo (aqui, pr simplicidade, 0 cide accticu sera desig nado por Hc) HO = Ht + 0H es) as) (0 equiliono deve ocorrer stmultaneamente, obedecendo as caracteristicas das constantes de equilfbrio, que $30, 1e5- poctivamente, HAc = Ht + Aer Ke = (H*)[OH7] = 1 x 10 en (MIL es (cH,coo reryeoorn —(en3c00 9] pase pH temperaments [cH,coon| ‘0-01 02 03 OA 05 06 07 08 09 10 (OH adconado equivalents) i Percent de tuagso FIGURA2-17 A curva de titulagio do Scido acco. Depois dad ‘Gu de cada incementa de NaOH 2 sulugao de dela acco pH a Triste & medida, Ese valor é colocado em um grfico em fungso a ‘quantidade de NaOH adiconada, expresso como afragto da concentra ‘fo total necessria para converter todo o dco acetca (CH,COOH) na Sua forma desproronada, acetato (Cr,COO").Os Pontos entdo obticos {geram 3 curva de titlagio. Nos retingulos etic motradae 3: formas idnicaspredominantes nos pontos desqnados. No ponto central da tt lacie. as cancentacBes de doadores de pons e aceptores de protons ‘80 iquais € 0 pt € numercamente igual 0 pk Az0raSombead3 € 3 ‘eo tcom poder tamponante,gesimente ente 10 « 90% tls «Bo deum dcidoftaco. No nico da ttulagio, antes da adigho de NaOH, daa tico jf encontra-s parcialmente ionizado, em um valor que pode ser calculado a partir de sua constante de ionizagio (auacao 2-8. ‘A medida que NaOH for gradualmente sendo adicto- zado, 0 fon OH adicionado combins-se com os fons livres HY na solngao para formar H.O, ema urna quantidade que satisfaz a relacio de equilforio da Eauacio 2-7. Como 0s fons H" sio removidos, o HAc dissocia-se um pouco mais para satisfazer a sua prépria constante de equilbrio (Equagao 2-8). A utulagao prossegue, de forma que uma maior quantidade de IIAc ioniza, formando Ac”, na me- dda om quo o NaOH ¢ adicionado. No ponto central da titulacio. no qual exatos 05 equivalentes de NaOH foram adicionados por equivalente do acido, metade do deido avético original se dissociou, de forma que a concentragio de doadores de protons Ac] agora é igual a do aceptor de pistons [Av"] Neste pouty central, uses relay auld importante 6 eetabelecida: 0 pH da solugao equimolar de fiida acétien © de acetata & exatamente ignal aa pK, da fcido actico (pK, = 4,76; Fguras -16,2-17). Abase des- sa relagio, que ¢ vélida para todos os deidos fracos, ficara clara em breve A medida que a ututagao continua pela aaigao de mats NaOH, o écido acctico no dissociado remancacente & 2.3 TAMPONAMENTO CONTRA MUDANCAS NO PH EM SISTEMAS BIOLOGICOS 63 Pee : cs : we 1” ere : bases 9 [HPOS | ae JL as 8] [tH.POa] = (HPO2"1| ap 786 sft I a A aL m= 476 fr am TE (CH;COOT] 1 Peco 0 Gy 02 vs 04 US 08 07 OB ae 10 OI” acionad (equivalents) ——— ° 30 700% Pecentual de tulagto FIGURA218 Comparagio das curvas de Utulagio de rs cidos fracas. Ac esto mostadas a curs de tuagdo par CH,COOR, HPO, Nt As formas nica predominates nos ports desinados ua eco destacadasnos tangles Aseqioescom cpacade tamponsnte esto ineads 3 esque Os pres conugatosdo-b Seo tamodesefetios ent aproxmadamente 10 ¢90% de neta (fo do epecies dotoresde preston convertido em acetato, 0 ponto final da titulagio oeor- re em pH proximo de 7.0: todo 0 acido acctico perdeu seus protons para. os fons OH, para formar H,0 e aceato Por meio da titulagio, os dois equilbrios (Equagoes 25, 2-6) corxistem, carla tm obedacenvo A sua constante de cauiloro A Figura 2-18 compara as curva de titlagio de trés fcidos fracos com constantes de ionizacio bem diferen- tes: deido acétieo (pK, = 4,76); dcido fosforico, H,P0, (Px, = 6,88); € ion anno, NH,” (Pp, = 9,25). Enbora as cutras de titulo dase dco tenham a cama forma, elas slo deslocsay wn lng defen dla Hl devi no tra ‘cis possuirem diferentes forcas. O écido acético, com 0 maior K, (menor pK,) dos trés, é 0 mais forte entre esses, fcidos ffacos (perde’seu proton mais prontamente); ele i se encontra aissociado pela metade no pit 4,70. 0 dl-nucro- _sénio-foafato perde um préton menos prontamente, etan- do dissociado pola motado no pH 6,86. 0 fon aménio 6 0 fio mais fraco dos trés e $6 se encontra dissociado pela rmetade em pH 9,25 ‘A curva de titulagio de um écido fraco mostra grafica- mente que um dcido fraco e seu anion — um par conjugado aexdo-base — podem aglr com ut tarpay, confor sera eacrto na préxima sesao. RESUMO 2.2 _lonizacéo da équa ¢ de dcidos ¢ bases fracas ‘A agua pura se toniza levememe, formando numero igual de fons hidrogénio (ions hidrénio, 110°) ¢ ions Nidréxido. A oxtonsto da ionizagao 6 daserta pola cons HOH) 1HoOl * proto inico da gua, K,. A 25°C, K, (6551) (K.) = 10" "ae 10 pi de uma solugdo aquosa rflete, em escalalogartt- mica, a coneentragao de fons hidrogénio: tante de equitiro, Ky, ia qual resulta o [HOH] = pit 1 108 = —top 118 Ty 7 BEN] Quanto malor a avidez de una sutuay, sas Daisy € 0 DH. Acicoa fracos oc ionizam parcialmente para liberar tum fon hidrogénio, baixando, portanto, o pH de uma so- Igdo aquosa. Bases fracas aceitam uum fon hidrogénio, aumentando o pH. A extensao desses processos € carac: teristica de cada dcido ou base fraca e € expressa como uma constante de dissociagaa act (HA (Hay OPK, expressa, em tuma escala logaritmica, a forga rela tiva do um scido ou base fraca: il DK. = log f= ~loe Ke Quanto mais forte o deido, menor ¢ 0 valor do seu pK; quanto mais forte a base, maior 6 0 valor do pK, O pk, pode ser determinado experimentalmente; ¢ 0 pH no ‘Ponto central da curva de titulagao para odd oua hase, 2.3 Tamponamento contra mudancas no pH em sistemas biolégicos uaze todos os processos biolégicos dependem do pH; uma Deqwena midanca no pH produ ma grande rudaa na velocidade do processo. Isso é valido néo somente para as imuitas reagdes nas quais os fons H” participam diretamen- te, mas também para aquelas reagdes nas quais aparen- ‘temente nao ha participagio de fons H. As enzimas que catalisam reagées celulares, ¢ muitas das moléculas sobre fe quale olae seem, contém grapas fonirdvete nam valor de pK. earacteristics. Os grupos amino carboxila proto- nados de aminodcidos e os grupos fosfato de nucleotideos, por exemplo, agem como dcidos fracos; 0 seu estado fonico € determnado pelo pH do meio ctreundante. (@uando um s1upy ionizdvel fica preso no meio de uma proteina, longe do solvente aquoso, © s0u pK, ou 6 PK, aparente, pode sor significativamente diferente do seu nH ern ua.) Como ob- servado anteriormente, as interagdes idnicas esto entre as forgas que estabilzam as moléeulas de proteina e permitem que uma enama reconhega ese igue ao seu substrato. Gelulas v uryatisiios wautéan uuu pH eitusdlicy es peeffico © constante, em goral porto de pH 7, mantendo 64 —capiTULO2 + AGUA biomoléoulae om tum estado iénico étimo. Em organiemoe ‘multicelulares, 0 pH dos liquidos extracelulares também & rigorosamente regulado. A constdncia do pH 6 atingida prin- ipalmente por tampdes biolégicos: misturas de dcidos fra- cos e suas bases conyugadas, Tampées sio misturas de dcidos fracos ‘esuas bases conjugadas Os tampBes sau sistenuas ayuusus yu laude a veins & rudangoo do pH quando pequenes quantidades de écido GH") on hase (OH) sa aicionadas: Tm sistema tampa cconsiste em um dcido fraco (0 doador de protons) e a sua base conjugada (0 aceptor de protons). Exemplificando, ‘uma mistura de conceniragies iguais desc aesticoe fons aceiato, encuntrada no porto central da duly ta Fgura 2.17, € um oiatema tampGo. Observe que a curva de titu lan do cdo action tem uma zona telativamente plana due se estende por cerca de uma unidade de pHi em am- ‘os 0s lads do pH do ponto central de 4,76. Nessa zona, ‘uma dada quantidade de H” ou OH” adicionada ao siste- ‘ma tem muito menos efetto no pH que a mesma quantidade adicionada fora da zona, Essa zona relativamente plana é a regido de tamponamento do par tampio cide aeéticn’ acetato, No ponto central da regio de tamponamento, no {qual a concentragao do doador de prétons (Acida acético) € exatamente igual A do aceptor de prétons (acetato), a {orga de tamponamento do sistema ¢ maxima; isto 6, pH rmuida menos pela adigao de II’ ot OHO plT nesse ponto na curva de titulagao do Acido acétio ¢ igual a0 seu pi 0 pH df sistema tampao acetato muda levemente quando ‘uma pequena quantidade de H” ou OH’ € adicionada, mas essa mudanga é muito pequena comparada com a mudanca de pH que resultana se a mesma quantidade de Ho OH {osse adicionado & gua pura oua uma solugio de um sal de tum dcido forte « de uma hase forte, como 0 NaCl, que nie tem poder tamponante. 0 tamponamento resulta do equilorio entre duas rea- «es reversiveis ocorrendo em uma soluggo na qual as con- lagao e ingestio de bicarbonato de sédio, o que os deixou com diffeuldade respiratéria e uma cefaleia muito forte. Bles tentaram se aciificar ingerindo écido clorfarico, mas calcularam que teriam de tomar quatro litros de cide cloridrico ciluido para chegar ao efeito desejado, e meio litro j seria suffciente para dssolver os denies & queitar 1 garganta, Finalmentc, Haldane chegou & conclusio de {que se comesse cloreto de amdnio, ele seria degradado no organising, Mberano deido cloridrice & anol, 8 Dig do, a aménia podria acr convertida cm urcia, um produto {nfenin 0 4eidn larilren se enmiinaria crim 0 hiearhnna- to de s6dio, que existe em todos 0s tecidos, produzindo cloreto de sédio e didxido de carbon, Esse experimento levaria a uma respiracdo ofegante que mimetizaria a aci- ‘dose aianeticae 0 estagio tinal da doenca renal ‘Simultaneamente, Ernst Freudenberg « Paul Gydrgy;, podiatras om Heidelberg, astavam ostudando a totania, ccontracdes musculares que ocorrem nas mos, nos bra- ‘cos, nos pés e na laringe em criangas. Eles sabiam que al- gumas vezes ocorria tetania em pacientes que perderam ‘grandes quantidades de acido clonidnco por vortuto cons- ‘ante e raciocinaram que se a alcalinizagao dos tecidos| produzia totania a aeidificagio poderia curé-la. Quando Jeram a publicacao de Haldane sobre os efeitos do cloreto de amonio, eles tentaram administré-o a bebés com teta- nia ¢ ficaram maravilhados ao ver que a tetania passava ‘em poucas horas. isse tratamento nio removeu a causa rina at Veta, rs leu sobrevia para a ering © tempo para 0 médico investigar as eausas. Em individuos com diabetes melito ndo tratado, a falta de insulina, ou a insensibilidade & insulina (dependendo do tipo de diabetes), interrompe a captacao de glicose do ssangue para dentro das tecidos e os forca a usar os fcidos 4graxos armazenados como principal combustivel, Devido {@ razdes que serao deseritas em detalhes posteriormente (vor Figura 24-31), a dependéneia de dcidos graxos leva 0 acrimulo de altas concentragées de dois Acids carbo- xilicos, 0 dcide f-hidroxibutirico e 0 dcido avetoacético (hivel de 90 mg/100 mL no plasma sanguineo, comparada ‘com < 3 mg/100 mL. nos individuos saudaveis; excre¢a0 uurindria de 5 y24 Ny, commparada com < 125 my/24 Ie tos controles snudaveis). A dissocingio deases écidos diminui ‘6 pH do plasma sanginea para valores menares que 75, ‘causanido acidose. Acidose grave leva a sintomas como ce- faleia, vomitos e diarteia, seguido de estupor, convulsoes € coma, provavelmente porque em pH mais baixos algu- ‘mas enzimas ja nao funcionam otimamente. Quando um paciente apresenta glicose alta no sangue, baixo plT plas uitico oaltoo nivair de deido f hidroxibutitico 0 écide aco toacético na urina e no sangue, o diagnstico mais provvel 6 diabetes melito, Outras condigdes também podem produzir acidose. Je- jum e inanigao forcam o uso dos estoques de acids graxos Para produgao de energia, com as mesmas consequencias geiatlas pelo Wiabetes, Bsforyy fsicy exageradu, oviwy wi ida para atlotae ou oiclistac,lova a um actimulo temaporsrio de Acido léctico no sangue. A defieiéneia renal leva a uma ‘diminuigdo da capacidade de regular os niveis de bicarbo- nato. Doengas do pulmo (como enfisema, pneumonia e sma) reduzem a capacidade de eliminar 0 CO, produzido ‘por oxiklagao ds eonibustives Hus welds, eo resulta te actimulo de H,CO,. 0 tratamento da acidose feito de acordo com a condicao apresentada ~ insulina para pessoas ‘com dliahetes; esteroides ou antibisticos para pessoas com ‘doencas pulmonares. Acidose grave pode ser revertida pela _arlmunistragao intravenosa de solugao de bicarbonato. PROBLEMA 2-7 Tratamento de acidose com bicarbonato Por que a administragio intravenusa de wa sulugao de bie ‘carbonato aumenta o pH do plasma sanguineo? Solugi: a razio entre [HCO] e (CO,(A)] determina 0 pH do tampio de biearbonato, de acordo com a equago lHcOs 1004) pH = 6,1 + log em que [H,C0,] esta diretamente relacionada com pCO,, ‘pressio parcial de CO, Entao, se [HCO}] aumentar sean danga na pOO;, 0 pH aumentané RESUMO 2.3 Tamponamento contra mudancas no pl em sistemas boligicos ‘= Uma mistura de um dcido fraco (ou base) e seus sais resiste a mudancas de pH causadas pela adigéio de H” ou OH . Amistura, portanto, funciona como tampio, 0 pl de uma solugio de um deido ou base fraca e seus sas € dado pela equacao de Henclerson-Hassetbate: o 141 pit = pk + bog tat

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