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Presentismo, democracia e Direito ao Futuro

Proponente:
Juliana Neuenschwander Magalhães
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, inverno de 22


A memória longinqua de uma pátria
Eterna mas perdida e não sabemos
Se é passado ou futuro onde a perdemos

Sophia de Mello Breyner Andresen

“A tradição dos oprimidos nos ensina


que o estado de exceção em que vivemos
é na verdade a regra geral”

Walter Benjamin

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RESUMO

O presente projeto de pesquisa parte das conclusões do projeto ainda em


desenvolvimento “Estado de Exceção Global e o Futuro da Democracia” para
aprofundar a temática da temporalidade presentista como característica da sociedade
que se auto-descreve, desde o final dos anos 80 do século passado, como uma
sociedade em permanente processo de “globalização”. Essa aproximação com as
transformações na dimesão temporal e na forma como a temporalidade é percebida
e experimentada na sociedade global fez ganhar relevo uma preocupação com o
impacto do presentismo nos sistemas jurídico e político, levando a um
questionamento, no projeto de pesquisa que ora propomos, intitulado “Presentismo,
Democracia e Direito ao Futuro”, sobre o futuro da democracia e do direito numa
sociedade que experimenta o presente como um tempo permanente. A análise
proposta, voltada para a dimensão temporal da produção de sentido na comunicação,
permite uma redescrição de temas e problemas atuais do direito e da política, como
estado de Exceção, populismo, democracia, o futuro do direito e o direito ao futuro.

ABSTRACT

The present research project starts from the conclusions of the project still under
development “Global State of Exception and the Future of Democracy” to deepen the
theme of presentist temporality as a characteristic of the self-described society, since
the late 80s of the last century. , as a society in permanent process of “globalization”.
This approximation with the changes in the temporal dimension and in the way
temporality is perceived and experienced in global society has raised a concern with
the impact of presenteeism on legal and political systems, leading to a questioning, in
the research project that we propose, entitled “Presentism, Democracy and the Right
to the Future”, about the future of democracy and law in a society that experiences
the present as a permanent time. The proposed analysis, focused on the temporal
dimension of the production of meaning in communication, allows a redescription of

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current themes and problems of law and politics, such as the state of Exception,
populism, democracy, the future of law and the right to the future.

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SUMÁRIO

1. Título do Projeto........................................................................................ 7
2. Proponente................................................................................................ 7
3. Apresentação ............................................................................................ 7
4. Objeto ........................................................................................................ 25
5. Objetivos .....................................................................................................25
6. Justificativa teórica ..................................................................................... 25
7. Metodologia ................................................................................................39
8. Cronograma .................................................................................................39
9. Plano de aplicação dos recursos da Taxa de Bancada..................................41
10. Resultados pretendidos .............................................................................42
11. Bibliografia ...............................................................................................42

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1. Título do Projeto:
Presentismo e Direito ao Futuro

2. Proponente:
Juliana Neuenschwander Magalhães

Professora Titular de Sociologia do Direito e de História do Direito da Universidade


Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/ Pesquisadora 1A do CNPq

3. Apresentação: resultados do estágio atual da pesquisa anterior e seus


desdobramentos na presente proposta:

O presente projeto de pesquisa parte das conclusões do projeto ainda em


desenvolvimento “Estado de Exceção Global e o Futuro da Democracia” para
aprofundar a temática da temporalidade presentista como característica da sociedade
que se auto-descreve, desde o final dos anos 80 do século passado, como uma
sociedade em permanente processo de “globalização”. Ao longo dos quatro anos da
pesquisa realizada no período entre 2019 e 2022 cumpri os objetivos propostos, no
prazo estabelecido, alcançando resultados satisfatórios em termos de inovação e
difusão do conhecimento. Os resultados estão relatados nos seguintes produtos, com
a publicação de 4 artigos em periódicos, um ainda no prelo, sendo dois internacionais,
organização de 4 livros, publicação de 13 capítulos de livros, orientação de teses de
doutorado e de mestrado em diálogo direto com a pesquisa em curso, além de
participação em seminários nacionais e internacionais.

A aproximação com as transformações na dimesão temporal e na forma como


a temporalidade é percebida e experimentada na sociedade global fez ganhar relevo
uma preocupação com o impacto do presentismo nos sistemas jurídico e político,
levando a um questionamento, no projeto de pesquisa que ora propomos, intitulado
“Presentismo, Democracia e Direito ao Futuro”, sobre o futuro da democracia e do

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direito numa sociedade que experimenta o presente como um tempo permanente. A
análise proposta, voltada para a dimensão temporal da produção de sentido na
comunicação, permite uma redescrição de temas e problemas atuais do direito e da
política, como estado de Exceção, populismo, democracia, o futuro do direito e o
direito ao futuro.
Irei, antes de apresentar no item “Justificativa Teórica” a fundamentação da
presente proposta, um breve relatório da pesquisa em curso, com seus principais
resultados, que constituem ponto de partida da presente proposta.
Nos últimos anos, tenho me interessado, como pesquisadora do CNPq e
docente do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFRJ, por temas como
soberania, direitos humanos, Justiça de Transição, globalização e Estado de exceção.
Soberania foi tema de minha tese de doutorado na UFMG, defendida em junho de
2000. A pesquisa sobre Direitos Humanos, com bolsa de produtividade do CNPq, teve
seu início também naquele ano, com o projeto “Direitos Humanos e Sociedade do
Mundo: estrutura e semântica na era da Globalização” que teve como sequência uma
pesquisa voltada ao aprofundamento no debate mais contemporâneo sobre a
fundamentação dos direitos humanos e sua construção nos meios da arte, com o
projeto de pesquisa “Multiculturalismo e Direitos Humanos: a reconstrução dos
direitos humanos na Arte e na Cultura”. O tema da ditadura e da justiça de transição
é objeto de meu interesse desde meados dos anos 90, período em que fui membro
primeiro da Comissão de Indenização às Vítimas da Tortura no Estado de Minas Gerais
(CEVIT/CONEDH) e, mais tarde, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (2002).
Em 2004, com o projeto intitulado “Representações do Direito sob a Ditadura no
Cinema”, inauguramos na UFRJ, em parceria com o Professor Rainer Maria Kiesow
(EHSS/Paris) os estudos sobre Direito e Arte que depois deram origem a uma linha de
pesquisa de nosso PPGD. No âmbito desta pesquisa realizaram-se VIII Seminários
Direito e Cinema, sendo o último em caráter virtual durante o ano de 2020, bem como
foram publicados dois livros: “Construindo Memória: Seminários Direito e Cinema”,
em 2009 e Black Mirror Law, em 2020.
Desde 2010 direcionei de forma mais direta minhas pesquisas para o tema da
Justiça de Transição e das políticas de memória e do esquecimento. Em razão do
julgamento pelo Supremo Tribunal Federal da Ação de Descumprimento de Preceito

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Fundamental n. 153, interposta pelo Conselho Federal da OAB, proferi palestras,
publiquei artigos em jornais e um capítulo de livro sobre Anistia e Justiça de Transição.
Ao mesmo tempo, passei a participar, junto a docentes da UnB, do Projeto de Pesquisa
“Direito e História: Políticas de Memória e Justiça”. O projeto sinaliza a aproximação
de Direito e História, como campos do saber que se entrecruzam e se implicam
reciprocamente e faz desta aproximação uma base para a discussão sobre a
construção da memória da ditadura militar enquanto política pública de Justiça de
Transição.
Em 2013 apresentei ao CNPq o projeto de pesquisa, intitulado “A Justiça de
Transição e as narrativas sobre Direitos Humanos, Memória e Esquecimento”, que
inicialmente voltava-se para uma colaboração Brasil-Argentina na investigação de
seus diferentes modelos de transição política. Entretanto, por não se ter alcançado o
financiamento internacional pretendido, que permitiria a colaboração com docentes
da Universidade de Buenos Aires, a pesquisa redirecionou-se para outros aspectos
relevantes da transição política, com aprofundamento da pesquisa sobre Direito e
Memória, inicialmente desenvolvida entorno ao tema da “Justiça Autoritária”, em
parceria com a Comissão Estadual de Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio) e com
financiamento da FAPERJ.
Ao final de 2013, tem início um novo percurso investigativo, sobre diversidade
cultural e Justiça de Transição, para o qual convergiram tanto a investigação anterior
sobre direitos humanos (sobretudo a pesquisa sobre multiculturalismo) quanto a
temática da ditadura e Justiça de Transição. Esse percurso foi iniciado com minha
participação no evento "Rights, Justice, Cultural Diversity: Dynamics of Legal
Protecttection in Times of Transition", realizado no Instituto Max-Planck de História
do Direito Europeu, no qual apresentei o trabalho “Los limites del multiculturalismo
en las sociedades multiculturales: formas de inclusión y exclusión", publicado em 2014
na Revista Forum Historiae Iuris, do MPIER. Essa participação define como nova
direção de pesquisa a investigação sobre as violações dos direitos humanos dos povos
indígenas na ditadura militar e suas formas de reparação, inserindo dessa forma
minhas investigações no âmbito do projeto de pesquisa de cooperação acadêmica
(PROCAD – CAPES) entre UnB, UFPR e UFRJ, intitulado “Direitos, justiça e
interculturalidade nas fases de transição” e também iniciado em 2013 com

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encerramento em final de 2017. Assim, no período de 2013 a 2017 desenvolvi o
Projeto de Pesquisa “A Justiça de Transição e as narrativas sobre Direitos Humanos,
Memória e Esquecimento”, no curso do qual dediquei especial atenção ao tema da
justiça de transição necessária em face das violações de direitos dos povos indigenas
durante a ditadura militar no Brasil. Publiquei sobre o tema, dentre outros artigos,
capítulos e livros, os seguintes artigos e capítulos de livros, que em breve pretendo
reunir em livro, com publicação ainda em 2022:

Neuenschwander Magalhães, Juliana. Diversidade Cultural e Justiça de Transição. Quaderni


Fiorentini, v. 44, p. 1137-1166, 2015. (Qualis A2)
Neuenschwander Magalhães, Juliana. Los límites del multiculturalismo en las sociedades
multiculturales: formas de inclusión y exclusión. Forum Historiae Iuris - Erste europäische
Internetzeitschrift für Rechtsgeschichte, v. 1, p. 1, 2014. (Qualis A2)

Neuenschwander Magalhães, Juliana . La costruzione giuridica della diversità. Per un dialogo


tra antropologia e diritto a partire dal prospettivismo multinaturalista. In: Massimo Meccarelli.
(Org.). Diversità e discorso giuridico. Temi per un dialogo interdisciplinare su diritti e giustizia
in tempo di transizione. 1ed.Madrid: Universidad Carlos III de Madrid, 2016, v. , p. 41-74.

Neuenschwander Magalhães, Juliana. Ditadura Militar e Judiciário no Brasil: a questão


indigena em aberto. In: José Ricardo Cunha. (Org.). Investigando convicções morais: o que
pensa a população do Rio de Janeiro sobre os Direitos Humanos. 1Red.Rio de Janeiro: Gramma
Livraria e Editora, 2015, v. , p. 203-211.

Neuenschwander Magalhães, Juliana. Political Transition, Continuities and Permanences: The


Rights of Indigenous Peoples and Political Transition in Brazil. In: Cristiano Paixão; Massimo
Meccarelli. (Org.). Comparing Transitions to Democracy. Law and Justice in South America and
Europe. 1ed.Cham: Springer, 2021, v. 18, p. 31-48.

Entre 2019 e 2023 (vez que em 2018 realizei pós-doutorado no Birkbeck


College da Universidade Londres, sob supervisão de Costas Douzinas), tenho
desenvolvido o projeto de pesquisa “Estado de Exceção Global e o Futuro da
Democracia”. Esse projeto, como se pode ver do itinerário acima descrito e dos
resultados obtidos, constituiu-se num momento de adensamento de pesquisas que
vinham sendo desenvovidas desde muito, em face à uma realidade empiricamente
dada, de uma sociedade global em crise (o que se torna evidente com a pandemia de
COVID-19), na qual a “crise” da democracia (não só no Brasil) apresentou-se como
uma nova faceta da globalização.
A pesquisa retomou, portanto, temas desde muito investigados, como o
debate sobre globalização e soberania, mas que passaram a ser revistados do ponto

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de vista dos impactos da globalização nos sistemas jurídico e político e, como um de
seus resultados, apontou novas temáticas, como presentismo, crise da democracia,
novo populismo de direita, “des-razão autoimunológica”, guerras culturais,
negacionismo, fake-news.
A proposta de pesquisa, enviada ao CNPq em 2017, partiu da constatação de
que, enquanto no Brasil as reivindicações pelo aprofundamento da democracia e por
“mais direitos” foram capturadas em prol de um projeto de corrosão da democracia e
dos direitos que teve seu início com o processo de impeachment da Presidente Dilma
Rousseff, no mundo assistiu-se a algo semelhante com o avanço do populismo de
direita em diversos países. Em 2016, o afastamento da Presidente da República foi
colocado como a solução para a crise econômica, que para tal fim foi apresentada
como uma espécie de Razão de Estado, capaz de ultrapassar os limites constitucionais
ou, no mínimo, revelar a fragilidade da distinção entre razões políticas e jurídicas,
decisões políticas e jurídicas, ou seja, capaz de colocar em xeque os delicados
“acoplamentos” entre direito e política no quadro de um Estado Democrático de
Direito.
Pude constatar, ao longo da pesquisa, não apenas que essa desestabilização
do arranjo democrático não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas também
que nessa primeira quadra do século XXI os Estados democráticos de direito,
constitucionalmente fundados, já não mais se apresentam como efetivos garantes da
soberania popular e dos direitos conquistados ao longo do último século. Nos Estados
Unidos da América, a eleição de Donald Trump colocou em xeque o modelo da
fórmula democrática naquele País, capaz de produzir uma escolha aparentemente
não tão democrática assim. Se em agosto de 2017 os conflitos raciais e nacionalistas
em Charlottesville revelaram ao mundo a tensão antidemocrática e racial nos EUA,
essa novamente eclodiu naquele país em plena pandemia de COVID-19, com os
protestos em reação ao assassinato de George Floyd, um homem afro-americano de
46 anos que morreu ao ser detido pela Polícia de Minneapolis. A reação social teve
início com os protestos em Minneapolis e se espalhou por mais de 2000 cidades e 60
países. Mais uma vez pôde-se observar que, se os avanços contra democráticos tem-
se dado em escala global, as formas de resistência também têm se manifestado
globalmente.

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Em diálogo com a obra de Giacomo Marramao, Passaggio all’Occidente, e
revisitando meus próprios escritos sobre globalização, teoricamente referenciados na
Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmann e Raffaele De Giorgi, busquei aprofundar,
entre 2019 e 2020, a pesquisa sobre democracia, exceção e resistência. No que diz
respeito a esse último ponto, utilizei-me das leituras de Costas Douzinas, um dos raros
autores contemporâneos que tem se dedicado ao tema, tendo publicado em 2013 o
livro Philosophy and Resistance in the Crisis” (2013), uma obra extremamente
instigante que parte da crise na Grécia provocada pela política de austeridade
europeia, para examinar o tema da soberania e da resistência, centrais em nossa
pesquisa. Ensaiei, também, em publicações sobre a temática da resistência, um
projeto de uma teoria do direito como resistência.

Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Amorim, Pedro . Bicho Brabo: a poética da resistência


em Bacurau. LawArt Journal of Law, Art and History, v. 2, p. 295-332, 2021.
Neuenschwander Magalhães, Juliana . Resistência como Direito e Direito Como Resistência.
In: CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; GOMES, David F. L.. (Org.). 1988-2018: o que
constituímos? Homenagem a Menelick de Carvalho Netto nos 30 anos da Constituição de
1988. 2aed.Belo Horizonte: Conhecimento, 2020, v. , p. 261-276.

Se a hipótese central da pesquisa proposta era a de que, no contexto de uma


sociedade global, o Estado de Exceção é global, o que demanda a reflexão sobre a
legitimidade e as formas da resistência, no curso do desenvolvimento da pesquisa
verificamos que esse já não é o Estado de Exceção clássico, pensado como uma
ocasião excepcional de (auto)suspensão do direito, mas sim uma situação que se
tornou regra e permanece latente (e permanente às modernas democracias).
Explicando melhor, pude concluir que, passados vinte anos da onda da
globalização, a exceção foi a universalização que se alcançou. Quero com isso expor
que os problemas que se manifestam na Europa, com o incremento descontrolado
dos fluxos migratórios, a crise grega e o possível fracasso de um projeto de União
Europeia; no Oriente, com o esfacelamento de estados pela guerra fratricida; nos
Estados Unidos, com a recente eleição de Donald Trump a colocar em xeque o modelo
democrático daquele País e no Brasil, com o recente impeachment da Presidente
Dilma Rousseff e a grave crise entre os poderes que lhe sucedeu, com forte ameaças
aos direitos da população e ao desenvolvimento humano, científico e tecnológico do

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País, não são fenômenos isolados, pois dizem respeito aos problemas dos sistemas
jurídico e político da moderna sociedade do mundo.
Não pretendo dizer, com isso, que os problemas da democracia
contemporânea são decorrentes da globalização, mas sim que eles podem ser
globalmente observados como um produto da sociedade mundial, e não de Estados
ou regiões particularmente consideradas. E isso do mesmo modo que a universalidade
dos direitos humanos se apresenta na forma de sua violação (Luhmann, 1993). No
prefácio à segunda edição de Passaggio a Occidente, Giacomo Marramao utiliza a
expressão stato di eccezione globale (Marramao, 2009: 12) para se referir à situação
posterior aos acontecimentos traumáticos do 11 de Setembro.
São problemas do direito e da política da modernidade, e não de regiões do
planeta. Nossa hipótese inicial, nesse passo, foi reformulada: ao invés de pensarmos
num estado de exceção global como a suspensão do direito e o fim da democracia,
passamos a refletir sobre um permanente, e latente, estado de exceção que, uma vez
que é universal, permite observar também a universalidade da democracia na sua
fragilidade e precariedade. Em outubro de 2019, quando participamos dos Diálogos
Cuba-Brasil sobre Democracia, Soberania Popular e direitos sociais na Universidade
de Havana, Cuba, pudemos concluir que:
“Con los años, se ha vuelto cada vez más evidente el fracaso de la
globalización como la promesa de un nuevo mundo o un nuevo orden
mundial para una sociedad que siempre ha sido global. Un fracaso
económico, político y social. Primero, porque el neoliberalismo no
funcionó em ninguna parte del mundo, es un gran fracaso. Y al
contrario de lo que suponían los teóricos más optimistas (o más naïfs),
la democracia no se extendió por todo el mundo y los indicios de una
reacción adversa a la democracia se hizo cada vez más visible.
Podemos reunir esta evidencia a partir de tres aspectos: 1) el uso
creciente de medidas excepcionales por parte de los estados que
ahora están abusando de la noción de urgencia; 2) el aumento de la
corrupción político-económica en la sociedad global, en la que opera
como un reductor de la incertidumbre (OLIVEIRA, 2018: 101) frente a
la “aceleración de la aceleración” (OLIVEIRA, 2018: 131) y 3) la crisis
de legitimidad democrática (FRASER, 2016) que produjo una mayor
inestabilidad en los gobiernos y, en países latinoamericanos,
constantes roturas democráticas con la destitución de presidentes
legítimamente elegidos.” (Neuenschwander, Globalización,
presentismo y corrosión de la soberanía popular en Brasil, 2021, p.
186)

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No percurso investigativo sobre a crise da democracia e o Estado de exceção
global, produzi os seguintes artigos/capítulos de livros:

Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Lawfare, ou "Para os Inimigos, a


Lei!". In: Larissa Ramina. (Org.). Lawfare e América Latina. 1ed.Curitiba: Íthala, 2022, v. II, p.
464-473.
Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Garcia, Lusmarina Campos . A memória da Anistia no
Brasil: 40 anos de história e de esquecimento. In: TOSI, Giuseppe; FERREIRA, Lúcia de Fátima
Guerra; ZENAIDE, Maria de Nazaré Tavares (ORGS.). (Org.). 40 anos de Anistia no Brasil. Liçoes
de Tempos de Lutas e Resistências. Homenagem a Lelio Basso e Linda Bimbi.. 1ed.Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2021, v. , p. 56-
Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Democracy without People. The
new right populism in Brazil and the paradox of democracy. In: Stephan Kirste; Norbert Paulo.
(Org.). Populism. perspectives from Legal Philosophy. 1aed.Stuttgart: Franz Steiner Verlag,
2021, v. , p. 211-232.
Neuenschwander Magalhães, Juliana . Globalización, Presentismo y Corrosión de la Soberania
Popular en Brasil. In: Lucas Gontijo; Marciano Godoi; Mariana Bicalho; Paulo Baptista; Yazmín
Orti; Yuri Martínez. (Org.). Cuba Brasil: diálogos sobre democracia, soberania popular e direitos
sociais. 1aed.Belo Horizonte: Editora D'Placido, 2020, v. III, p. 185-200.
Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Garcia, Lusmarina Campos . 'Toda sua História', Brasil.
In: Juliana Neuenschwander Magalhães; Manuel Gandara Carballido; Gisele Ricobom e Carol
Proner. (Org.). Black Mirror Law: o direito em tempos de neoliberalismo. 1ed.Petropolis:
Editora Pimore, 2020, v. , p. 25-46.
Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Captura de la soberanía popular,
estado de excepción y juridicinismo. In: Carol Proner, Gisele Cittadino, Gisele Ricobón e João
Ricardo Dornelles. (Org.). Comentarios a una sentencia anunciada: el processo Lula.
1ed.Buenos Aires: Clacso, 2018, v. 1, p. 369-376.
Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Costa, Alexandre Bernardino ; Garcia, Lusmarina
Campos . JUSTIÇA AUTORITÁRIA E AS BOMBAS DA DITADURA: PARA UMA COMPREENSÃO DAS
PERMANÊNCIAS AUTORITÁRIAS NO SISTEMA JUDICIÁRIO BRASILEIRO. In: Marjorie Corrêa
Marona; Andrés Del Rio. (Org.). ustiça no Brasil: às margens da democraci. 1ed.Belo Horizonte:
Arraes, 2018, v. , p. 39-71.

Com a pesquisa, pude chegar a uma compreensão do significado do Estado de


Exceção global como uma estrutura parasitária das democracias contemporâneas, o
que foi desenvolvido em artigo em vias de publicação como capítulo de livro. Nele,
observo a estrutura dessa exceção e de que modo ela se tornou parasitária das
democracias contemporâneas, “normalizando-se” como um terceiro excluído na
relação entre direito e política. Isso porque a exceção contemporânea já não é o
momento exclusivamente político schmittiano, de “suspensão do direito”. A exceção
contemporânea é normalizada como negação do direito, é aquela exceção que, “na
tradição dos oprimidos”, para lembrar Walter Benjamin, se fez regra. Essa é um
Estado de Exceção que não é declarado, não é formalizado, que é ativado e desativado
de acordo com o momento, com a situação, com os envolvidos. Não é um “estado de

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exceção” dirigido a todos, pois há uma seletividade da exceção, que atinge os
estrangeiros nos campos, os presos, os pobres, os “inimigos” de cada momento. A
exceção passa a ser uma técnica de governo. É preciso conhecer esse dispositivo que
desconecta direito e política e que, sobretudo desconecta o sentido do direito,
fazendo desse um instrumento da exceção, ou seja, colocando este à serviço da
estabilização de situações de exceção.

A partir de março de 2020, com a emergência da pandemia de COVID-19 e a


declarada emergência sanitária dela decorrente, em caráter global, o tema da exceção
adquire novos contornos, gerando novos impulsos à pesquisa. Cabe aqui destacar
uma importante iniciativa, no âmbito do Grupo de Pesquisa Direito e Cinema da UFRJ,
que foi a realização, entre 16 de abril de 2020 e 17 de dezembro de 2020, do VIII
Seminário Internacional Direito e Cinema – Emergência², que ocorreu de forma
virtual, pela Plataforma ZOOM, em 21 sessões, disponibilizadas no YouTube no canal
do referido grupo de pesquisa
(https://www.youtube.com/channel/UCD8bDx3cerTedrs30u-cplw).
Nos 21 encontros foram debatidos 20 filmes, com a presença de 58
convidados, nacionais e internacionais, que representaram 19 universidades, do Brasil
e do exterior e 9 países. Em três sessões estiveram presentes os diretores das
películas discutidas.
É interessante observar que o seminário acabou por consistir em verdadeiro
campo da pesquisa proposta, já que a emergência pandêmica tornou ainda mais
evidentes os problemas que eram objeto de investigação. É importante ainda registrar
que, entre abril e agosto de 2020 as atividades na UFRJ estiveram suspensas, tanto
em caráter presencial quanto remoto e que, nessa situação, o seminário Emergência²
teve um caráter pioneiro, com a mobilização do grupo de pesquisa e o envolvimento
de grande número de estudantes na continuidade das atividades sob a pandemia.
Nesse passo, é oportuno aqui relatar as sessões realizada e seus participantes, de
modo a tornar visível o impacto e abrangência do seminário, que irá em breve ser
convertido em livro.

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*VIII Seminário Internacional Direito e Cinema*
*Emergência²*

Realização: Grupo de Pesquisa Direito e Cinema – PPGD/UFRJ


*1º Encontro – 16 de abril de 2020*
Filme: “Ensaio sobre a Cegueira”. Diretor: Fernando Meirelles
Expositor: Raffaele De Giorgi (Universidade de Lecce/Salento - Itália)
Debatedores: Ney Bello (UNB) e Lucas Gontijo (PUC-Minas)
Mediadora: Juliana Neuenschwander Magalhães (UFRJ).
*2º Encontro – 23 de abril de 2020*
Filme: V de Vingança. Diretor: James McTeigue
Expositor: Oscar Guardiola-Rivera (Birkbeck College, University of London) e Menelick de Carvalho
Netto (UNB).
Debatedor: Marcus V. A. B. de Matos (Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região -
TRT/RJ)
Mediador: Pedro Amorim de Souza (UFRJ).
*3º Encontro – 30 de abril de 2020*
Filme: “O preço do amanhã”. Diretor: Andrew Niccol.
Expositor: Pedro Cláudio Cunca Bocayuva (UFRJ)
Debatedores: Carol Proner (UFRJ) e Alexandre Bernardino Costa (UNB).
Mediador: Manuel Gándara Carballido (UFRJ).
*4º Encontro – 07 de maio de 2020*
Filme “O oficial e o Espião”. Diretor: Roman Polanski.
Expositoras: Deisy Ventura (USP) e Maria José Fariñas Dulce (Universidade Carlos III de Madrid).
Mediadora: Gisele Ricobom (UFRJ).
*5º Encontro – 15 de maio de 2020*
Filme: “Bacurau”. Diretor: Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

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Expositores: Bethânia de Albuquerque Assy (UERJ), Vera Karam de Chueiri (UFPR) e Marcelo Andrade
Cattoni de Oliveira (UFMG)
Mediador: Fredson Oliveira Carneiro (UFRJ).
*6º Encontro – 21 de maio de 2020*
Filme: Filhos da esperança. Diretor: Alfonso Cuarón.
Expositores: Cristiano Paixão (UnB), Jorge E. Douglas Price (Universidade Nacional del Comahue) e
Margarida Camargo (UFRJ)
Mediador: Lusmarina Campos Garcia (UFRJ).
*7º Encontro – 28 de maio de 2020*
Filme: Sétimo selo. Diretor: Ingmar Bergman.
Expositores: João Ricardo Dornelles (PUC-Rio), Rogério Dultra dos Santos (UFF) e Pedro Hussak
(UFRRJ).
Mediador: Pedro Amorim (UFRJ).
*8º Encontro – 04 de junho de 2020*
Filme: A Onda. Diretor: Dennis Gansel
Expositores: José Geraldo de Sousa Júnior (UNB), Katya Kozicki (UFPR) e Sara da Nova Quadros Côrtes
(UFBA)
Mediador: Fredson Oliveira Carneiro (UFRJ).
*9º Encontro – 11 de junho de 2020*
Filme: Parasita. Diretor: Bong Joon-Ho
Expositoras: Flavia Oliveira (UFRJ), Julia Franzoni (UFRJ) e Rosangela Cavallazzi (PUC-Rio)
Mediador: Pedro Amorim (UFRJ).
*10º Encontro – 18 de junho de 2020*
Filme: Citizenfour. Diretora: Laura Poitras
Expositores: Luciano Nuzzo (UFRJ)
Debatedores: Estela Aranha (Instituto Joaquín Herrera Flores) e Marilia Kairuz Baracat (Di Blasi &
Parente Associados e doutoranda PPGD/UFRJ)

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Mediadora: Gisele Ricobon (UFRJ).
*11º Encontro – 24 de junho de 2020*
Filme: Dois dias e uma noite. Diretores: Jean Pierre e Luc Dardenne
Expositores: Magda Barros Biavaschi (UNICAMP), Rodrigo Carelli (UFRJ) e Sayonara Grillo (UFRJ)
Mediador: Manuel Gándara Carballido (UFRJ).
*12º Encontro – 02 de julho de 2020*
Filme: Infiltrado na Klan. Diretor: Spike Lee.
Expositores: Adilson José Moreira (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Philippe Oliveira de
Almeida (UFRJ) e Vantuil Pereira (UFRJ)
Mediador: Fredson Oliveira Carneiro (UFRJ).
*13º Encontro – 09 de julho de 2020*
Filme: O labirinto do Fauno. Diretor: Guilhermo Del Toro.
Expositores: Argemiro Cardoso (UnB), Marcus Giraldes (Fiocruz) José Ramón Hernández Narváez
(UNAM, México).
Mediador: Manuel Gándara Carballido (UFRJ).
*14º Encontro – 16 de julho de 2020*
Filme: O Processo. Diretora: Maria Augusta Ramos
Expositores: Andrea França (PucRio), Beatriz Vargas (UnB) e Maria Augusta Ramos (diretora do filme)
Mediador/a: Lusmarina Garcia (UFRJ).
*15º Encontro – 22 de julho de 2020*
Filme: Eles Não Usam Black-tie. Diretor: Leon Hirszman
Expositores: Daniela Mendes (MPT e MP Transforma), Gisele Cittadino (PUC Rio e ABJD) e Luiz
Werneck Vianna (PUC Rio)
Mediador: Juliana Neuenschwander Magalhães (UFRJ).
*16º Encontro – 30 de julho de 2020*
Filme: A Fita Branca. Diretor: Michael Haneke
Expositores: Cristiane Brandão (UFRJ), David Gomes (UFMG) e João da Mata (UFF)
Mediador/a: Rober Corrêa (UFRJ).
*17º Encontro – 06 de agosto de 2020*
Filme: Hijos de la revolución. Produtora: Luciana Sérvulo da Cunha.
Expositores: Lucas Gontijo (PUC-MG), Ester Saturnino (PUC-MG) e Luciana Sérvulo da Cunha
(Produtora)
Mediador: Manuel Gándara Carballido (UFRJ).
*18º Encontro – 20 de agosto de 2020*
Filme: Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia. Diretora: Teona Strugar Mitevska.
Expositores: Fabiana Galera Severo (Defensora Pública Federal), Lusmarina Garcia (UFRJ) e Sandra
Elena Sposito (Psicóloga e Professora na FUNEPE e IMES-SM)
Mediador/a: Gisele Ricobon (UFRJ).
*19º Encontro – 10 de setembro de 2020*
Filme: Distrito 9. Diretor: Neill Blomkamp.
Expositores: Flávia Guth (Comissão de Direito de Defesa da OAB/DF e Instituto de Garantias Penais) e
Ney Bello (UnB)
Mediador/a: Juliana Neuenschwander Magalhães (UFRJ).
*20º Encontro – 22 de outubro de 2020*
Filme: O índio cor de rosa contra a fera invisível: a peleja de Noel Nutels. Diretor: Tiago Carvalho.
Expositores: Paulo Felix Friggeri (UNILA); Rubens Caixeta de Queiroz (UFMG); Tiago Carvalho (diretor).
Mediador/a: Juliana Neuenschwander Magalhães (UFRJ).
*21º Encontro – 17 de dezembro de 2020*
Sessão de encerramento: Um outro mundo é possível?

A reflexão sobre o tempo da pandemia de COVID-19, que se tornara uma


imposição do momento em que vivemos, uma imposição do tempo presente, veio ao
encontro dos temas que já vinham sendo objeto de nossa curiosidade e investigação

18
na pesquisa em curso. No período, além dos seminários Direito e Cinema, que
coordenei, participei de muitos outros eventos sobre a pandemia e seus efeitos na
política e no direito.
Destaco, dentre eles, o seminário Law, Theory, Virus, realizado em caráter
virtual pela Universidade de Londres, Birkbeck College, sob a coordenação de Adam
Geary. O evento, que foi realizado em seis sessões entre dezembro de 2020 e abril de
2021, envolveu docentes da Inglaterra, China, EUA, Brasil e Colômbia. O evento trazia
questões relevantes para nossa pesquisa:
“how is it possible to think the crisis that we are living through? What new horizons
does thinking about the pandemic open up? Are the existing ways of framing ‘the
human being’ adequate to our troubled times? What new vocabularies, and new
ideas are required to plot the changing terrains defined by the pandemic?”.

Nesse seminário apresentei a palestra “Presentism, Pandemic and Crisis”.


Foram publicados ou estão no prelo, sobre o tema da crise da pandemia, os seguintes
textos:

Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . 'Amanhã vai ser outro


dia?. In: Cristiane Brandão Augusto; Rogerio Dultra dos Santos. (Org.).
Pandemias e Pandemônio no Brasil. 1ed.São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2020, p. 45-
59.
Neuenschwander Magalhães, Juliana . A Dimensão Ontológica do Antropoceno:
Pensamento Ameríndio e Algumas Ideias para Adiar o Fim do Mundo. Rivista
Italiana di Filosofia Politica, 2022.
Neuenschwander Magalhães, Juliana. Soberanias Limitadas e a Soberania do
Vírus. Capítulo de livro a ser publicado na Colômbia, 2022.

Nesses artigos desenvolvi a ideia da pandemia como uma “crise do tempo”


capaz de abrir aquilo que Hartog chamou de “brecha do tempo” (Hartog, 2014). Na
brecha do tempo, desencadeada pelas situações de crise, é o tempo em que as
transformações podem ocorrer. Esse impulso abre a possibilidade de que, em face de
um “estado de exceção global”, ser adotada aquilo que Giacomo Marramao propôs
como uma atitude não-conformista, contra o conformismo despolitizante e a
“passione del disincanto”, capaz de desmistificar a noção de identidade, tão cultuada
no Ocidente, e re-encantar a política. Essa e outras formas de resistência (Costas
Douzinas) consistem no maior desafio do pensamento filosófico-político da
atualidade.

19
Perseguindo a ideia de que outros mundos são possíveis (Krenak, 2019), ou de
que nesse mundo cabem muitos mundos (Baschet, 2021), na etapa final de nossa
pesquisa, já em 2022, retomamos nosso interesse na pesquisa antropológica e jurídica
sobre os povos indígenas e refletimos sobre a imaginação sobre o fim do mundo no
pensamento do Ocidente e no pensamento ameríndio, buscando colher da
experiência da resistência dos povos indígenas ideias para adiar o fim do mundo. O
artigo “A Dimensão Ontológica do Antropoceno: Pensamento Ameríndio e Algumas
Ideias para Adiar o Fim do Mundo” em fase de publicação na Rivista Italiana di
Filosofia Política.
Referido texto foi enviado à publicação cerca de dois meses antes dos brutais
assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips no Vale
do Javari, na floresta amazônica.

Assim, são produtos da pesquisa realizada entre 2018 e 2023:

a) Artigos publicados/no prelo em periódicos científicos:


1. Neuenschwander Magalhães, Juliana. A Dimensão Ontológica do Antropoceno: Pensamento
Ameríndio e Algumas Ideias para Adiar o Fim do Mundo. Rivista Italiana de Filosofia Politica, no prelo.
2. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Amorim, Pedro . Bicho Brabo: a poética da resistência em
Bacurau. LawArt Journal of Law, Art and History, v. 2, p. 295-332, 2021.
3. Neuenschwander Magalhães, Juliana . Os paradoxos do direito e da democracia. REVISTA DA
FACULDADE MINEIRA DE DIREITO, v. 22, p. 1-18, 2019.
4. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Marielle Franco. NEW LEFT REVIEW ,
v. 110, p. 131-134, 2018.

b) Livros publicados/organizados ou edições:

1.Gontijo, Lucas de Alvarenga (Org.) ; Bicalho, Mariana F. (Org.) ; Meyer, Emilio P. N. (Org.) ;
Neuenschwander Magalhães, Juliana (Org.) . Direito, memória, democracia e crimes de lesa-
humanidade. 1. Ed. Belo Horizonte – São Paulo: D’Plácido, 2020. 270p .
2. Neuenschwander Magalhães, Juliana (Org.) ; CARBALLIDO, M. G. (Org.) ; Ricobom, Gisele (Org.) ;
Proner, Caroline (Org.) . Black Law Mirror: o direito em tempos de neoliberalismo. 1. Ed. Petrópolis:
Pimore Editora, 2020. V. 1. 162p .
3. Neuenschwander Magalhães, Juliana (Org.) ; Figueira, Luiz Eduardo (Org.) ; Neuenschwander
Magalhães, Juliana (Org.) . Direito e Antropologia. 1. Ed. Rio de Janeiro: E-papers, 2018. 266p .

c) Capítulos de livros publicados:

1. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Lawfare, ou "Para os Inimigos, a Lei!". In:
Larissa Ramina. (Org.). Lawfare e América Latina. 1ed.Curitiba: Íthala, 2022, v. II, p. 464-473.
2. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Garcia, Lusmarina Campos . A memória da Anistia no Brasil:
40 anos de história e de esquecimento. In: TOSI, Giuseppe; FERREIRA, Lúcia de Fátima Guerra;
ZENAIDE, Maria de Nazaré Tavares (ORGS.). (Org.). 40 anos de Anistia no Brasil. Liçoes de Tempos de

20
Lutas e Resistências. Homenagem a Lelio Basso e Linda Bimbi.. 1ed.Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2021,
v. , p. 56-.
3. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Democracy without People. The new right
populism in Brazil and the paradox of democracy. In: Stephan Kirste; Norbert Paulo. (Org.). Populism.
perspectives from Legal Philosophy. 1aed.Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2021, v. , p. 211-232.
4. Neuenschwander Magalhães, Juliana . Political Transition, Continuities and Permanences: The
Rights of Indigenous Peoples and Political Transition in Brazil. In: Cristiano Paixão; Massimo
Meccarelli. (Org.). Comparing Transitions to Democracy. Law and Justice in South America and
Europe. 1ed.Cham: Springer, 2021, v. 18, p. 31-48.
5. Neuenschwander Magalhães, Juliana . Resistência como Direito e Direito Como Resistência. In:
CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; GOMES, David F. L.. (Org.). 1988-2018: o que constituímos?
Homenagem a Menelick de Carvalho Netto nos 30 anos da Constituição de 1988. 2aed.Belo
Horizonte: Conhecimento, 2020, v. , p. 261-276.
6. Neuenschwander Magalhães, Juliana . Systems t\heory between theory and praxis. In: Marco
Antonio Loschiavo Leme de Barros; Lucas Fucci Amato; Gabriel Ferreira da Fonseca (eds.)--. (Org.).
World Society?s Law: rethinking systems theory and socio-legal studies. 1ed.: , 2020, v. , p. 119-142.
7. Neuenschwander Magalhães, Juliana . Globalización, Presentismo y Corrosión de la Soberania
Popular en Brasil. In: Lucas Gontijo; Marciano Godoi; Mariana Bicalho; Paulo Baptista; Yazmín Orti;
Yuri Martínez. (Org.). Cuba Brasil: diálogos sobre democracia, soberania popular e direitos sociais.
1aed.Belo Horizonte: Editora D'Placido, 2020, v. III, p. 185-200.
8. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Garcia, Lusmarina Campos . 'Toda sua História', Brasil. In:
Juliana Neuenschwander Magalhães; Manuel Gandara Carballido; Gisele Ricobom e Carol Proner.
(Org.). Black Mirror Law: o direito em tempos de neoliberalismo. 1ed.Petropolis: Editora Pimore,
2020, p. 25-46.
9. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Resistência e Direitos Humanos.
Pensamento Crítico: Direitos Humanos na Perspectiva Intercultural. 1ed.Rio de Janeiro: Instituto
Ensaio Aberto, 2020, p. 159-168.
10. Neuenschwander Magalhães, Juliana . Resistência como Direito e Direito como Resistência. In:
Marcelo Andrade Cattoni de Oliveira; David F. L. Gomes. (Org.). 1988-2018: O que Constituímos?
Homenagem a Menelick de Carvalho Netto nos 30 anos da Constituição de 1988. 1aed.Belo
Horizonte: Conhecimento Livraria e Distribuidora, 2019, v. , p. 261-276.
11. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Captura de la soberanía popular, estado
de excepción y juridicinismo. In: Carol Proner, Gisele Cittadino, Gisele Ricobón e João Ricardo
Dornelles. (Org.). Comentarios a una sentencia anunciada: el processo Lula. 1ed.Buenos Aires: Clacso,
2018, v. 1, p. 369-376.
12. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Costa, Alexandre Bernardino ; Garcia, Lusmarina Campos .
JUSTIÇA AUTORITÁRIA E AS BOMBAS DA DITADURA: PARA UMA COMPREENSÃO DAS PERMANÊNCIAS
AUTORITÁRIAS NO SISTEMA JUDICIÁRIO BRASILEIRO. In: Marjorie Corrêa Marona; Andrés Del Rio.
(Org.). Justiça no Brasil: às margens da democracia. 1ed.Belo Horizonte: Arraes, 2018, p. 39-71.
13. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Resistência e Direitos Humanos. In: Carol
Proner, Héctor Olasolo, Carlos Villán Durán, Gisele Ricobom, Charlotth Back y otros. (Org.). 70º
ANIVERSARIO DE LA DECLARACIÓN UNIVERSAL DE DERECHOS HUMANOS La Protección Internacional
de los Derechos Humanos en cuestión. 1ed.Valencia: Tirant lo Blanch, 2018, p. 407-416.

d) Textos em jornais de notícias/revistas

1. Neuenschwander Magalhães, Juliana; Proner, Caroline . La justice brésilienne a étè


instrumentalisée à des fins politiques. Le Monde, Paris, p. 27 - 27, 18 jun. 2019.

e) Apresentações de Trabalho

1. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Democracy without People. 2019.


(Apresentação de Trabalho/Congresso).
2. Neuenschwander Magalhães, Juliana . Teoria dos Sistemas ao Sul do Equador. 2019. (Apresentação
de Trabalho/Seminário).

21
e) Assessoria e consultoria

1. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Ventura, Deisy . Membro do Comitê Assessor CA-CS CNPq.
2020.
2. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer Programa de Bolsas CAPES-DAAD. 2020.
3. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Programa Bolsas para Pesquisa Capes/Humboldt. 2019.
4. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer Programa Bolsas para Pesquisa Capes/umboldt.
2019.
5. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer Programa Bolsas para Pesquisa Capes/Humboldt.
2019.
6. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer Programa PIPC Edital nº 39/2018 CAPES. 2019.
7. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Avaliador Externo Programa CAPES-Print UFMG. 2019.
8. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer para Editora Tirant Lo Blanch (Espanha) sobre obra a
ser publicada. 2019.
9. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer para a Revista Veredas. 2019.
10. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer para a CAPES Programa de Pós-Doutorado no
Exterior. 2018.
11. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer para IEAT-UFMG Programa Professor Residente.
2018.
12. Neuenschwander Magalhães, Juliana . Parecer ad hoc CNPq - Participação em Eventos. 2018.
13. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Consultoria Ad Hoc CNPq - Apoio a Participação em Eventos
no Exterior. 2018.
14. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer Ad hoc CNPq Pós-Doutorado Júnior. 2018.
15. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Consultoria na realização do filme 'O Processo', de Maria
Augusta Ramos. 2018.

f) Entrevistas, mesas redondas, programas e comentários na mídia

1. Neuenschwander Magalhães, Juliana . Entrevista para a TV Justiça. 2021. (Programa de rádio ou


TV/Entrevista).

g) Participação em eventos, congressos, exposições e feiras

1. II Congresso Latino Americano Direito, Memória, Democracia e Crimes de Lesa Humanidade.


Memória, Esquecimento, Negacionismo e Guerras Culturais. 2022. (Congresso).
2. VIII Jornada Brasileira de Filosofia e Sociologia do Direito. A invenção dos conceitos iluministas e is
perigos da ascenção do dark enlightment. 2022. (Congresso).
3. A Luta em Defesa do Estado Democrático de Direito no Brasil.A Luta em Defesa do Estado
Democrático de Direito no Brasil. 2021. (Outra).
4. Congreso Internacional La razón inmunitaria. El derecho de las democracias a soberanía viral.
Soberanias Limitadas e a Soberania do Vírus. 2021. (Congresso).
5. Distanze e coesione sociale: il contributo del diritto alla innovazione.Il Diritto e le sisegualianze in
tempo di pandemia. 2021. (Seminário).
6. Law, Theory, Virus. Presentism, Pandemic and Crisis. 2021. (Seminário).
7. Seminario Internacional de Pensamiento Crítico y Derechos Humanos. PAN - TIERRA ? TRABAJO ?
JUSTICIA ? LIBERTAD.Sem Justica não ha Paz. 2021. (Seminário).
8. Simpósio - As razões da razão imunitária/Las razones de la razón imunitaria/Le ragioni della ragione
immunitaria/IV Congresso Internacional do DHJUS: Justiça, Democracia, Reconstrução.DIREITOS
HUMANOS COMO SISTEMA IMUNOLÓGICO DA SOCIEDADE MODERNA. 2021. (Simpósio).
9. VIII Vozes.Vozes da (Re)Existência. 2021. (Seminário).
10. VII Jornada de Filosofia do Direito da ABRAFI. Democracia no Limite: violência, emergência e lutas
por direitos. 2021. (Congresso).
11. 27.º Congreso de la Rede Iberoamericana de Cine y Derecho. Emergência no Cinema e no Direito.
2020. (Congresso).
12. Congresso Direito, Futuro e Risco: Ressignificação de conceitos jurídicos e políticos. Pandemia,
Crise e Presentismo. 2020. (Congresso).

22
13. Seminario de la Cultura Juridica.Pandemia y Cultura Juridica. 2020. (Seminário).
14. 20 Anos do PPGD da PUCPR.O financiamento à pesquisa jurídica no Brasil. 2019. (Seminário).
15. 81o Simpósio Letaci. Globalização, Neoliberalismo e Populismo de Direita. 2019. (Simpósio).
16. Ciclo de Seminários de Análise de Conjuntura Mundial. 2o Seminário Democracia em xeque e a
onda neoconservadora.Democracia em Xeque e a onda conservadora. 2019. (Seminário).
17. Direito, Memória, Democracia e Crimes de Lesa-Humanidade. Anistia e Memória como construção
de vínculos com o futuro. 2019. (Congresso).
18. International Seminar Cycle Rethinking Luhmann and the socio-legal research: an empirical
agenda for the social systems theory?.Teoria dos Sistemas ao Sul do Equador. 2019. (Seminário).
19. IV Diálogos Cuba-Brasil sobre Estado Social, Democracia, Soberania Popular y Derecho : poder
judicial y democracia: encriptación del poder, legitimidad y rieso. Globalización y corrupción de la
soberanía popular. 2019. (Congresso).
20. IVR Congress 2019. Democracy without People:the new right-wing populism in Brazil and the
paradox of democracy. 2019. (Congresso).
21. Palestra Globalização e Corrosão da Soberania Popular.Globalização e Corrosão da Soberania
Popular. 2019. (Encontro).
22. Convegno Internazionale Ecologia del Non Sapere. Raffaele De Giorgi e il paradossi del diritto.
2018. (Congresso).
23. Global 68. 2018. (Congresso).
24. Past, Present, Future. Critical Legal Postgraduate Research. 2018. (Simpósio).

h) Organização de eventos, congressos, exposições e feiras

1. VIII Seminário Internacional Direito e Cinema - Emergência 2. 2020. (Outro), em 21 sessões,


de 16/04/2020 a 17/12/2020
2. Rodriguez, José Rodrigo ; Coelho, André ; Lacombe, Margarida ; Neuenschwander
Magalhães, Juliana . Democracia, Diversidade e Multinormatividade. 2019. (Outro).
Neuenschwander Magalhães, Juliana, Campilongo,Celso ; De Giorgi . Convegno
Internazionale Ecologia del Non Sapere. 2018. (Congresso).

i)Orientação de dissertação de mestrado

1. Vanessa Magalhães Tocantins. Terrorismo e movimentos de protesto: um olhar sobre as


manifestações e o grupo ANTIFA no Brasil. Início: 2020. Dissertação (Mestrado em Mestrado
em Direito) - Pró Reitoria de Graduação da UFRJ. (Orientador) / em andamento
2. Sávio Martins de Mello. A história do conceito de família e o papel do direito nas
transformações atuais. Início: 2019. Dissertação (Mestrado profissional em Mestrado) -
Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD/UFRJ). (Orientador)/ em andamento
3. Stefany Coimbra Schmidt. Povos Indígenas e Memória: o genocídio do povo Waimiri-Atroari
e a (não) reparação por parte do estado brasileiro. 2021. Dissertação (Mestrado em
Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD/UFRJ), Fundação de Amparo a
Pesquisa do Estado do Amazonas. Orientador: Juliana Neuenschwander Magalhães/
concluida.
4. Maíra da Costa Fernandes. Um olhar constitucional e processual penal sobre a fixação da
competência nas fases iniciais da "Operação Lava-Jato"e uma análise crítica dos
maxiprocessos e da instrumentalização da opinião pública. 2019. Dissertação (Mestrado em
Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD/UFRJ), . Coorientador: Juliana
Neuenschwander Magalhães/concluída.
5. Pedro de Oliveira da Cunha Amorim de Souza. Tropical melancolia: medo, esquecimento e
exceção no Brasil contemporâneo. 2019. Dissertação (Mestrado em Mestrado em Direito) -
Faculdade de Direito da UFRJ, . Orientador: Juliana Neuenschwander Magalhães/ concluída
6. Roberson Hoberdan Corrêa. Direito e Construção do Real no cinema de Maria Augusta
Ramos: uma observação desde a teoria dos sistemas de Niklas Luhmann. 2019. Dissertação
(Mestrado em Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD/UFRJ), Fundação
Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do RJ. Orientador: Juliana
Neuenschwander Magalhães/ concluída

23
7. Tiago Pires Cotias Villas.. Carandiru: uma análise da construção da realidade no Direito e na
Arte. 2018. Dissertação (Mestrado em Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Direito
(PPGD/UFRJ), . Orientador: Juliana Neuenschwander Magalhães/ concluída.

j) Orientação de tese de doutorado

1. Matteo Pgnocchi. Il diritto al reddito di base in un percorso sociologico giuridico. Início: 2020.
Tese (Doutorado em Diritto e Innovazione) - Universita Degli Studi Di Macerata.
(Coorientador/ em andamento)
2. Marília Kairuz Baracat. ?A proteção de dados pessoais no Brasil: desafios e perspectivas?..
Início: 2019. Tese (Doutorado em Curso de Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em
Direito (PPGD/UFRJ). (Orientadora/ em andamento).
3. Lusmarina Campos Garcia. A complexa relação entre direito e política no Brasil: o
impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. 2022. Tese (Doutorado em Doutorado em
Direito) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, . Coorientador: Juliana Neuenschwander
Magalhães/ concluída.
4. Rômulo Filizzola Nogueira. DIREITOS HUMANOS E LITERATURA NA DIÁSPORA AFRICANA
BRASILEIRA. 2022. Tese (Doutorado em Curso de Doutorado) - Programa de Pós-Graduação
em Direito (PPGD/UFRJ), . Orientador: Juliana Neuenschwander Magalhães/ concluída.
5. Fredson Oliveira Carneiro. FORMAS TRANSVESTIGÊNERES DA ESCRITA DA LEI ERICA
MALUNGUINHO E A MANDATA QUILOMBO NA OCUPAÇÃO DA POLÍTICA E NA
TRANSFORMAÇÃO DO DIREITO. 2021. Tese (Doutorado em Doutorado em Direito) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa
do Estado do RJ. Orientador: Juliana Neuenschwander Magalhães/ concluída.
6. Diego de Paiva Vasconcelos. O que garante(m) as garantias? A formação do conceito de
garantias fundamentais no constitucionalismo moderno. 2020. Tese (Doutorado em Curso de
Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD/UFRJ), Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Juliana Neuenschwander
Magalhães/ concluída.

4. Objeto
Presentismo como forma de experiência da temporalidade que caracteriza a
sociedade global e produz espaços de exceção (a exceção do presente). O futuro do
direito e da democracia na sociedade global e o direito ao futuro.

5. Objetivos

A presente pesquisa tem por objetivo geral a investigação do impacto da


globalização presentista na política e no direito, contexto no qual se pretende
desenvolver a temática do “direito ao futuro” como forma de criação de vínculos com
o futuro na sociedade presentista.

De forma mais específica, a pesquisa pretende:

24
5.1 Aprofundar a reflexão sobre o presentismo como forma característica da
experiência da temporalidade na sociedade da globalização;
5.2 Caracterizar o Estado de Exceção global desde a noção de presentismo e
crise do tempo;
5.3 Discutir a relação entre democracia e exceção na sociedade global;
5.4 Compreender os mecanismos de ativação do Estado de Exceção e de
desacoplamento de direito e política na sociedade contemporânea, como
negacionismo, fake-news e a emergência de uma des-razão autoimunológica;
5.5 Discutir o futuro do direito e o futuro da democracia na sociedade
presentista: formas de reconstrução da razão no contexto de uma sociedade plural
como dispositivo imunológico; direito de resistência e direito ao futuro.

6. Justificativa Teórica

O presente projeto de pesquisa pretende aprofundar a análise das noções de


presentismo e crise, como ponto de partida para uma investigação sobre as diferenças
entre direito e política, democracia/estado de exceção e o futuro do direito como
direito ao futuro. Assim, a pesquisa irá ser desenvolver entorno a quatro temas/eixos
teóricos: globalização/presentismo, crise/emergência, democracia (abertura em
relação ao futuro)/exceção (presente permanente) e futuro do direito/direito ao
futuro, que serão desenvolvidos artigos a serem posteriormente reunidos na forma
de livro. Pretende-se, a cada ano do projeto, publicar um artigo (pelo menos) relativo
a cada um dos eixos mencionados, a seguir explicitados.

a) Globalização/Presentismo

Entre o final dos anos 80 e início dos anos 90, a globalização foi proclamada
como sinônimo de triunfo do capitalismo e como uma “espécie de chave com a qual
se pretende abrir os mistérios do presente e do futuro” (BAUMAN, 1998:3). Tal já fora
previsto em 1848 por Marx e Engels, nas belas páginas do Manifesto Comunista,
quando afirmaram que a burguesia construiria um mundo à sua imagem e semelhança

25
(Marx & Engels, 1998, p. 44). Aceleração, avanço da técnica e autodestruição já são
antecipados por Marx como características desse mundo capitalista. No Livro I do
Capital, escreve Marx que “a produtividade do trabalho também está ligada a condições
naturais, que frequentemente se tornam menos férteis na mesma proporção em que a
produtividade – à medida que ela depende de condições sociais – aumenta” (Marx,
2013, p. 141).

Paul Valéry , no texto Orient et Occident, publicado em Regards sur le monde


Actuel (1945) relacionou aceleração, que se tornou “uma lei evidente da sociedade”,
com a relação de interdependência global, mas todavia viu no que mais tarde seria
chamado de globalização uma situação bem diversa daquele que efetivamente tem
se verificado que levará a uma : ”(...) tout mène les populations du globe à um état de
dépendance reciproque si étroit et de communications si rapides qu’elles ne pourront
plus, dans quelques temps, se méconnaître assez pour que leurs relations se
restreignent à de simples manoeuvres intéressées. Il y aura place pour une autre chose
que les actes d’exploitation, de pénétration, de coercition e et de concurrence” (Valèry,
1945, p. 129). Também em Paul Virilio a globalização é relacionada com a aceleração
e o avanço da técnica, mas numa visão oposta àquela de Valèry. Em Cibermundo: a
política do pior, Virilio descreve a globalização como uma “violenta sucessão de
acidentes, no qual a invenção e adoção de uma nova tecnologia é também a invenção
e adoção de um novo acidente. O maior de todos acidentes, diz Virilio, é o “acidente
do tempo”: a hiperconcentração do tempo real que reduz todas as trajetórias a nada,
as trajetórias temporais se tornam um presente permanente (Virilio, 2000).

O que Virilio chamou de “hiperconcentração do tempo real” é indicado por


Zygmunt Bauman como “compressão do espaço e do tempo”, e “indica o caráter
indeterminado, ingovernável e autopropulsivo dos negócios mundias; faz pensar,
ainda, na ausência de um centro, de uma sala de comando, de um conselho de
administração, de uma sala de direção”. Bauman conclui que “a globalização é a nova
“desordem mundial” (BAUMAN, 1998:67). Já David Harvey referiu-se à “compressão
espaço-tempo” e seu impacto “desorientado e desruptivo sobre as práticas político-
econômicas, sobre o equilíbrio do poder de classe, bem como sobre a vida social e
cultural” (Harvey, 1992, p. 257). A aceleração dos tempos de giro do capital é o grande

26
fator da globalização e de um sentido de efemeridade, volatilidade, que leva “a perda
de sentido do futuro, exceto e na medida que o futuro possa ser descontado do
presente”, diz Harvey, nesse passo referindo-se à obra O choque do futuro, de Alvin
Toffler (Harvey, 1992, p. 263). Harvey lembra, ainda, o relato que Italo Calvino faz da
sua própria condição de romancista: “os romances longos escritos hoje são talvez uma
contradição: a dimensão do tempo foi abalada, não podemos viver bem pensar exceto
em fragmentos do tempo, cada um dos quais segue sua trajetória e desaparece
imediatamente”, diz Calvino (Harvey, 1992, p. 263). E lembra também Virilio, que em
sua Esthétique de la disparition explora as consequências culturais “do
desaparecimento do tempo e do espaço como dimensões materializadas e tangíveis
da vida social”. Finalmente Harvey explica esse processo como “aniquilação do espaço
por meio do tempo” como a característica da “condição pós-moderna”. Giacomo
Marramao recusa o termo “pós-moderno” e prefere falar nessas “manifestações de
uma época” como hipermodernas. Essa “patologia”, que Octavio Paz havia referido
como “colonização do futuro” é dada por uma “ipertrofia dell’aspettativa, cui fa
riscontro um restringimento progressivo dello spazio di esperienza” (Marramao, 2020,
p. 17).

A observação da globalização como uma mudança na experiência da


temporalidade permite que, “globalização” possa ser observado como um conceito
histórico, no sentido em que Reinhart Koselleck e depois Niklas Luhmann utilizam o
termo, para se referirem à noção de Estado: “(...) the notion of the state became an
historical concept. By this term I mean not only a concept that has been used in history.
Historical concepts are concepts that make a difference in history. They thereby move
history. This historical difference, then, becomes part of their meaning” (Luhmann N. ,
Essays on Self-Reference, 1990, p. 168). Parece que com a globalização aconteceu algo
semelhante. Se por um lado o conceito parece ter produzido uma diferença na
história, por outro lado essa diferença faz parte de seu sentido: a sociedade sempre
em vias de se globalizar é já global.

Mas qual é essa diferença? Os autores aqui mencionados têm em comum o


fato de relacionarem a globalização com o avanço da técnica e com a aceleração social

27
e, portanto, de identificarem as transformações históricas indicadas como
globalização como uma mudança que ocorre no tempo. Com base nessas leituras
assinalo como hipótese de partida da pesquisa a de que o acidente dos acidentes, a
grande catástrofe da globalização, seria essa onipresença do presente, que implica na
supressão do passado como horizonte da experiência e no futuro como horizonte da
expectativa, tomando aqui as expressões de Reinhardt Koselleck.

Desde essa perspectiva, transformações no sistema político e no sistema


jurídico muito frequentemente atribuídas causalmente à globalização, como a erosão
da soberania estatal, adquirem uma nova dimensão de análise. É precisamente sob o
ponto de vista da temporalização do direito e da política que pretendo observar essas
transformações. Se, por um lado, conforme observou Raffaele De Giorgi, globalização
não é algo novo, pois a sociedade é uma só, por outro é importante compreender a
sociedade como uma máquina histórica para, então entender qual é a diferença, na
história, que o conceito de globalização termina por apontar. “Se a sociedade é este
sistema global, então existe somente uma sociedade e o mundo constitui somente o
horizonte de sua expansão. Por isso falamos de sociedade do mundo. Enquanto é uma
máquina histórica, esta sociedade é resultado da própria evolução e pressupõe
somente a si mesma (DE GIORGI, 1998b:208).

Essa diferença intercepta e corrompe a razão moderna, que projetou-se


futuro, fazendo deste o horizonte das expectativas indicadas por palavras como
direitos humanos, fraternidade, democracia, soberania popular. Numa sociedade que
experimenta sua temporalidade como um “eterno presente” tais projeções perdem
sua força de convencimento. O acontecer no presente é sempre experiência de uma
temporalidade construída como a diferença entre passado e futuro e que, por sua vez,
produz essa diferença. Porque passado e futuro existem apenas em relação ao
presente e, nesse sentido, tudo aquilo que acontece, acontece no presente. Mas na
sociedade da globalização experimenta-se uma outra temporalidade.
O presentismo é uma forma de experimentar a temporalidade centrada no
presente, experimentado como duração, como eterno presente, de forma que o
passado se torna demasiado distante para ser lembrado e o futuro (que é sempre já

28
presente) impossível de ser imaginado (Neuenschwander-Magalhães, 2020, p. 148).
Aquilo que se tem chamado de “presentismo” é, exatamente, a negação do presente
como diferença entre passado e futuro, porque para o eterno presente não existe
passado, não existe memória e, da mesma forma, não existem expectativas em
relação ao futuro, sejam elas utópicas ou catastróficas.
O presentismo ignora a iminência das catástrofes. É nesse espaço do “eterno
presente” que a razão moderna cede espaço à desrazão presentista. A razão
imunológica da modernidade dá lugar à desrazão autoimunológica. Por
autoimunidade pode-se entender as operações sistêmicas mediante as quais um
sistema coloca em marcha um processo de destruição de si mesmo (Mascareño, 2020,
p. 99).

“Presentismo é o tempo das viagens sem trajeto, só partidas e chegadas. No


romance The Road, de Cormac McCarthy, o futuro já começou, não há de onde vir
nem para onde ir, só existe o trajeto: um homem e seu filho que, após uma
catástrofe de proporção mundial, vagam por uma estrada, numa fuga
desesperada de nada para ir a lugar algum. O que eles buscam é simplesmente
sobreviver num mundo desolado, onde se instala um novo Estado de natureza
sem natureza, apenas humanos vagando pelas ruinas do planeta. Como inscrito
em todas as narrativas apocalípticas ocidentais, não há mundo para além do
homem. Nem mesmo natureza. O mito apocalíptico trazido por McCarthy é
expressão de um sentimento de “fim de mundo” que se espraia na atualidade,
não como uma experiência apocalíptica, que envolvia, desde a escatologia cristã,
a possibilidade de regeneração, mas como o encontro com um mundo finito. “Não
o fim do mundo apocalíptico, mas o mundo como finito”, diz Paul Virilio, que cita
Paul Valéry: “o tempo de um mundo finito começa.” Ou seja, dessa vez, não tem
redenção e tudo terá mesmo um fim. Como disse Luhmann, ‘a evolução sempre
agiu em grande parte de maneira autodestrutiva’” (Neuenschwander-Magalhães,
A dimensão ontológica do Antropoceno, no prelo)

b) Tempo da emergência e a noção de crise como crise do tempo: Estado de


exceção como presente permanente (a exceção de que se torna regra)

Nesse eixo assumimos que “crise” e “emergência” são expressões, no campo


da política e do direito, do presentismo. No discurso político-jurídico contemporâneo,
a noção de crise vem sendo utilizada, nas suas múltiplas variações, para sinalizar o
ponto da degeneração da democracia constitucional. A palavra “crise”, que traz
consigo uma longa trajetória semântica (Koselleck, Crisis, 2006), que ao longo da

29
pesquisa pretendemos aprofundar. Nossa hipótese, nesse passo, é que em sua
evolução “crise” é invocada como forma de se lidar com o não-saber do futuro.
Na sua origem, está ligada à palavra crítica, tendo ambas como raiz a palavra
grega krinein, que significa, tanto distinguir, separar, quanto julgar e decidir. O termo
chega à modernidade derivando do léxico médico, em que era utilizado para indicar o
ponto em que um paciente deve sofrer uma intervenção, ou seja, o estágio da doença
em que uma decisão sobre a cura deve ser tomada (Koselleck, Crítica e Crise, 1999, p.
145). Portanto, nesse uso moderno o emprego do termo crise traz consigo um
diagnóstico e, também, um prognóstico. No século XVIII, o termo adquire um
significado político e indica o momento em que o projeto traçado pelos iluministas,
de crítica ao Estado e à Igreja, ameaçando a soberania estatal. Rousseau inaugura o
uso político do termo para se referir ao “état de crise” como “la crise de l’Ëtat”, o
momento da ruptura da ordem e da anarquia. Com a ameaça à soberania do príncipe,
é reconhecida a crise política: “a certeza dá lugar à insegurança, e a situação crítica
invoca a questão do futuro” (Koselleck, Crítica e Crise, 1999, p. 149).
O futuro, no qual se projeta a modernidade, é incerto e não sabido. A noção
de crise veio assinalar essa abertura e incerteza frente ao futuro e, nesse sentido, a
crise é a “assinatura da modernidade” (Koselleck, Crisis, 2006) e aponta para um
“estado de decisão latente”. Diante da incerteza, Diderot diz: “beiramos uma crise que
levará à escravidão ou à liberdade”, enquanto Thomas Paine deu a seu jornal o nome
The Crisis (Koselleck, Crítica e Crise, 1999, p. 149). A crise é diagnosticada como
anarquia e mesmo como guerra civil, diagnóstico que traz consigo também um
prognóstico e, portanto, a necessidade de uma decisão. Nesse passo o termo crise
emana tanto uma filosofia da história quanto um prognóstico do futuro. A crise pode
significar um momento de transição, como anotou Goethe, para quem todas as
transições são crises (Koselleck, Crisis, 2006, p. 367). Em Marx a crise reflete uma
concepção cíclica da história, deixando de ser vista como uma patologia para ser
percebida como algo revestido de fatalidade, pois que expressa uma contradição
inexorável do capitalismo. Mas também em Marx as épocas de crise são épocas de
relativa indeterminação, quando surge então a oportunidade das mudanças radicais
e das revoluções (Grespan, 2021, p. 76). Mais tarde, Gramsci dirá que “a crise consiste

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justamente no fato de que o velho morre e o outro não pode nascer: nesse interregno,
verificam-se os fenômenos patológicos mais variados” (Gramsci, 2000, p. 184).
Hartog utilizou-se da expressão “crise do tempo” para indicar o momento em
que perdem evidência as articulações entre passado, presente e futuro. (Hartog, 2014,
p. 37). Na presente pesquisa, pretendo relacionar a crise da democracia com o
presentismo enquanto experiência da temporalidade que caracteriza a sociedade
global (Neuenschwander-Magalhães, 2020; Neuenschwander & Giraldes, 2020;
Neuenschwander & Giraldes, 2021). Desta perspectiva as sucessivas crises que
marcam nosso tempo podem ser observadas como expressão da desarticulação
temporal presentista.
Numa sociedade condenada a viver no eterno presente, as situações de crise,
como a crise simbolizada pela pandemia de COVID-19, instauram uma “brecha do
tempo”, para usar a expressão de Hannah Arendt recordada por Hartog, que nos
permite tanto refletir sobre a indeterminação do tempo presente, quanto tomar
decisões. O vocabulário da crise pode ser, dada sua dimensão dupla de diagnóstico e
prognóstico, “o indicador da nova consciência” (Koselleck, Crítica e Crise, 1999, p.
139). Apontar a crise é, simultaneamente, colocar a necessidade de que decisões
sejam tomadas no sentido de superá-la. A crise antecede a intervenção e, portanto, a
cura.
A hipótese que irei trabalhar é que a crise, como crise do tempo, é constitutiva
e latente na sociedade global. Refiro-me não apenas às crises cíclicas do capitalismo,
mas também as crises políticas e constitucionais, nas quais os arranjos constitucionais-
democráticos que ocultavam a velha tensão de direito e democracia sucumbem
diante de novas catástrofes. Também aqui é preciso chamar a atenção: se a crise
chama à decisão, essa pode tanto levar à maior liberdade, quanto à escravidão, já dizia
Diderot. As situações de crise revelam a dimensão de contingência e incerteza
inerentes à própria democracia, que nesse sentido pode ser compreendida não como
o governo do povo pelo povo, mas como a permanente abertura, no sistema político,
para a alternância do poder. A democracia é a garantia de um grau de instabilidade
do sistema político capaz de responder às situações de crises com mudanças no
próprio sistema político. Enquanto isso, a constituição é promessa de estabilidade na

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medida em que constitui vínculos com o futuro, nas condições de um futuro que é
sempre não sabido e contingente.
Na pesquisa irei buscar observar, também, como direito e política reagem às
situações de crise. A reação à situação de crise é sempre uma tentativa de superação
da crise? Ou eventualmente pode levar ao seu aprofundamento, na forma de uma
ruptura catastrófica? A hipótese que pretendo aqui abraçar é de que o que se
descreve como crise (e, portanto, como uma situação excepcional) é inerente à
democracia, como produto e ao mesmo tempo motor da crítica e, nesse passo, como
o momento em que a democracia pode reencontrar sua força emergencial (tanto no
sentido de resistência à crise que demanda por decisões, quanto no sentido de fazer
emergir novas formas políticas). Assim, a crise não é vista como o ponto no qual uma
intervenção mais drástica e muitas vezes excepcional é feita, mas como o motor das
transformações, da realização e, esse o risco sempre presente, também da
autodestruição da democracia.
O mesmo pretendo fazer ao visitar o vocabulário da emergência e da excessão.
A hipótese a ser investigada é de que situações de emergência, como aquela da
pandemia de COVID-19, ativam um “o presente concentrado” do qual se torna
necessário escapar (o que é sinalizado pela referência à noção de crise). Mas o que
significa emergência? É o presentismo da sociedade global na sua expressão máxima
e, ao mesmo tempo, é aquilo que coloca em cena novamente o problema do futuro.
A emergência impõe a tomada de decisões, recoloca em cena o soberano acantonado
pelo discurso da globalização. Mas, ao mesmo tempo, subtrai da política o tempo
necessário para a tomada de decisões. O soberano já não pode decidir, porque as
decisões já estão, de toda forma, tomadas. A estratégia da emergência portanto não
é isenta de riscos e o maior deles talvez seja a normalidade de uma série de
emergências contínuas.
Outro risco é o de se confundir a adoção de medidas emergenciais com a velha
noção de “Estado de Exceção”. A noção de “Estado de Exceção” é abusiva para indicar
a posição de governos que adotaram medidas emergenciais para enfrentar uma
situação que é, de fato, excepcional. Medidas como a restrição de circulação de
pessoas ou mesmo o lockdown são certamente excepcionais, mas não se confundem
com o Estado de Exceção, em que o direito fica suspenso in totum como diria Carl

32
Schmitt. Mas sempre há também o risco de que se usar as medidas de emergência
sanitária necessárias para conquistar poderes excepcionais de ditadura, como ocorreu
na Hungria, por exemplo (Giraldes & Neuenschwander, 2020) .
Torna-se necessário, nesse passo, redescrever a noção de Estado de Exceção
no contexto de uma sociedade presentista. E nossa hipótese, nesse passo, é de que a
exceção não consiste numa suspensão do direito, mas sim numa suspensão do tempo.
Democracia, entendida como abertura de um horizonte de expectativas para a política
e exceção, como a sombra que se projeta nesse horizonte e impede o futuro, podem
ser compreendidos como diferentes modalidades de se experimentar a diferença
entre presente e futuro, no presente.
Giorgio Agamben, na sua obra “Estado de Exceção” aponta que “a criação de
um estado de emergência permanente (ainda que, eventualmente, não declarado no
sentido técnico), tornou-se uma das práticas essenciais dos Estados contemporâneos,
inclusive dos chamados democráticos.” (AGAMBEN, 2003:13). Mas o que se entende
por Estado de Exceção?
Na pesquisa iremos revisitar Carl Schmitt, que em 1921 discute o conceito de
exceção na obra Die Diktatur, bem como a noção de exceção na Theologie Politische
de 1922, que relaciona a noção de exceçãp àquela de soberania: pois é soberano, diz
Schmitt nas páginas da Teologia Política, “aquele que decide sobre o Estado de
Exceção” (Schmitt, 1996). Schmitt parece colocar a exceção, tal como a soberania, no
lugar da fundação do direito – uma fundação que é dada por uma decisão e, portanto,
é política. O ponto central da exceção é exatamente o seu caráter paradoxal: ela está
fora e dentro do direito. O direito está suspenso, mas paradoxalmente se funda na
exceção soberana. Ela não está na ordem, mas como escreveu Schmitt não se
confunde com o caos e a anarquia, por que ainda existe uma ordem, mesmo não
sendo uma ordem jurídica, mesmo estando suspenso o direito. Para Agamben, “o
estado de exceção não é nem exterior nem anterior ao ordenamento jurídico e o
problema de sua definição diz respeito a um patamar, ou a uma zona de indiferença,
em que dentro e fora se excluem mas não se determinam” (Agamben, 2004:39). Desta
forma o paradoxo da exceção é, novamente, o paradoxo da soberania.
Na pesquisa irei rediscutir esse paradoxo como o paradoxo da temporalidade,
ou seja, da unidade da diferença entre passado/presente/futuro. A referência ao

33
presentismo, como ponto de partida, permitirá a construção da hipótese da exceção
como suspensão do tempo.
Mas, para além disso, pretendo “levar a sério” e “tomar pela raiz” a ideia
benjaminiana de que a exceção pertence “à tradição dos oprimidos”, ou seja, de que,
naquela tradição, a exceção tornou-se a regra. Isso porque vivemos tempos
(presentistas) em que a exceção parece ter se normalizado como regra, tempos de
um Estado de Exceção que, independentemente de ser formalmente declarado ou
previsto pelo ordenamento jurídico, opera “como produção e representação
discursiva de uma situação de fato que permite um exercício extralegal do poder em
nome de exigências governamentais”(Nuzzo, 2016), tais como segurança ou também
“governabilidade”.
É esse o Estado de Exceção que emerge no contexto de uma sociedade global
presentista, que se fez o espaço de uma governance neoliberal “como um dispositivo,
uma rede de conexões entre saberes, poderes, instituições, que interveem na vida
cotidiana, que a administra, modelando corpos e produzindo sujeitos” (Nuzzo, 2016).
Essa normalização, entretanto, não é introduzida no ordenamento jurídico
como normalidade. Ao contrário: aquilo que é “normal” se apresenta como
emergência, dando ensejo a ações de controle excepcionais, que se legitimam e se
estabelecem como ações de emergência. Estabiliza-se um exercicio extralegal do
poder do Estado, estabilizando-se a exceção como regra, exatamente como Benjamin
observara em 1942.
Como ocorre, nesse que é o verdadeiro Estado de exceção, essa combinação
de excepcionalismo e governabilidade? A hipótese que pretendo investigar é que esse
Estado de Exceção se tornou global e é através dele que podemos observar a
universalidade da (frustração) do projeto democrático de inclusão social. Desta
perspectiva é que, na presente pesquisa, pretendo colocar em evidência a relação
entre globalização e corrosão da democracia. com a exclusão da cidadania daquele
que é percebido como potencialmente perigoso, mediante a limitação de seus
direitos. Essa “outra exceção”, bem diferente da declarada exceção schmittiana,
insere-se no contexto da globalização presentista que oferece ao mundo a
necessidade do capitalismo e de uma democracia de fachada, corrompida pela
penetração recorrente da exceção. Essa exceção faz com que o direito corroa a si

34
mesmo por meio de sua desrazão autoimunológica.
O direito, nesse passo, torna-se parasita de si mesmo. A auto suspensão do
direito é controlada pelo próprio direito e é temporária, é motivada, é capaz de se
transformar, dura um tempo. Se não for assim, o direito está aniquilado e destruído.
O direito, de “vacina da sociedade”, passa a inocular em si mesmo seu próprio
remédio, ou seu próprio veneno: o ilícito que era excluído e expulso do direito,
adentra as operações do sistema jurídico e corroem o espaço do lícito. Autodestruição
da razão do direito. Algo que, na linguagem da moda dos juristas, chamou-se de
lawfare.

c) Tempo da Política e democracia porvir

A desrazão autoimunológica se instala e se manifesta no espaço da sociedade


global. Nos anos 90, quando se proclamava a globalização como um processo
inevitável e quase “natural”, concluía-se facilmente a “crise” ou mesmo o “fim” da
soberania. Da mesma forma que se proclamava a global law e um novo pluralismo
jurídico. Mas ao contrário do que se previu, a soberania não entrou em declínio,
embora tenha se colocado à serviço do capitalismo neoliberal. Na segunda metade do
século XX e no início do século XXI, a guerra se tornou um mecanismo de avanço do
capitalismo sob a bandeira da guerra contra o terror. Não era guerra entre Estados
soberanos, era a guerra contra um inimigo invisível (e muitas vezes inventado): o
“terror”. A guerra assume o contorno do warfare ao lawfare, deslocando-se do campo
militar, para os campos econômico e jurídico. No lugar da soberania da vida, ou da
soberania do direito, impõe-se a soberania do capital e das finanças que à medida que
se impõe cobra seu preço em vidas e em direitos.

A noção de democracia, que os antigos admitiam ser a melhor dentre as piores


formas de governo e a pior dentre as melhores, na modernidade está ligada ao
legitimidade, ou melhor, da legitimação jurídica do exercício do poder político que
“produz” o direito. As modernas constituições, nesse passo, domesticam a soberania
“primitiva” e fundacional. O “povo” depositário dessa soberania desponta como um
referente externo que permite ao direito e à política operarem sem, a cada vez,
confrontarem a questão de sua ausência de fundamento. O povo, que é um referente

35
externo ao direito e à política, desde fora desses sistemas espera que sua soberania
seja real e material. Mas a função do paradoxo da soberania não é permitir que o povo
decida ou participe da tomada de decisões políticas, nem que o povo “dê a si mesmo
uma constituição”.

Na pesquisa ora proposta, irei investigar em que medida é possível, numa


sociedade presentista, que o exercício da soberania cumpra sua função de legitimar
uma técnica de temporalização das decisões políticas e dos procedimentos jurídicos.
É essa tecnologia, tipicamente moderna, que permite que, em nome do povo,
decisões legítimas sejam negadas por decisões legítimas e que vínculos legitimamente
constituídos possam ser despedaçados por outros vínculos legitimamente
constituídos (NEUENSCHWANDER MAGALHÃES, 2016:239). Interessa-me observar
sobretudo como a chamada globalização impactou (ou não) os vínculos jurídico-
políticos que se legitimaram, na modernidade, com apelo à noção de soberania
popular. Como o presentismo impacta as democracias? A hipótese aqui, é que o
presentismo da globalização não matou o “pai da soberania”, mas tanto corroeu as
democracias quanto transformou a outrora praticada soberania popular num poder
de “vida e morte” entregue nas mãos do governante de ocasião.

Nos últimos anos, colhendo-se a contribuição de Michel Foucault e sua noção


de biopolítica, o tema da soberania tem sido abordado desde categorias como
biopolítica e sido sempre mais conectado à problemática do Estado de Exceção – com
referência à tríade Schmitt, Benjamin e Agamben - para se pensar uma soberania que
se pratica na forma da mais radical exclusão dos indivíduos, como “vida nua”, da
sociedade. Uma soberania que é praticada de maneira violenta, não mais para fundar
ou manter o direito, mas para erguer muros que delimitam espaços, ou situações, da
ausência do direito.

No século XXI, a erosão da razão imunológica se deixa vislumbrar na profusão


de expressões como “post-democracy” (Fraser, 2015), “façade-democracie”, “zombie-
democracy”; “democratic rollback” ou “de-democratization” (Brown, 2006)
tornaram-se frequentes na literatura. Sob a globalização neoliberal o retrocesso
democrático foi necessário para que decisões que afetam a vida de milhões de

36
pessoas se tornassem possíveis e fossem tomadas nos círculos que reúnem políticos,
tecnocratas e os donos do grande capital, sobretudo financeiro. As finanças globais
corrompem o sistema político e, como são um poder que cria e viola suas próprias
regras, sem prestar contas à democracia (Neuenschwander & Giraldes, 2021 ). Em que
medida esses processos relacionam-se com o presentismo?

d) Tempo do Direito: o futuro do Direito e o Direito ao Futuro

Democracia e direito se referem ao futuro e, só por isso, estão na contramão


de uma sociedade sob o signo do presentismo. Mas o futuro é incerto e não sabido.
Do futuro, sabemos que o que acontecerá depende das decisões que são tomadas no
presente, nas condições do não saber que caracterizam todo e qualquer presente.
Sabemos que na complexidade do presente a causalidade é limitada, assim como toda
forma da velha racionalidade e das velhas teleologias. Que mesmo a razão moderna,
voltada para o futuro e para a produção de vínculos com o futuro, na forma de
constituições, princípios, planejamento e “escolhas racionais” vê-se limitada pela
ontológica impossibilidade de antecipar o futuro. As decisões são tomadas hoje, mas
suas consequências, desejadas ou não, serão conhecidas apenas no futuro.
Por isso, a sociedade experimenta o seu futuro como risco. O risco é a forma
como a sociedade constrói o futuro, de modo a tomar decisões no presente. Risco,
portanto, é algo relacionado à ideia do não-saber, assim como à necessidade de
escolher. Paradoxalmente, também está relacionado ao saber. De fato, quanto maior
a extensão do saber, maior a extensão do não-saber. Por isso, não há razão universal
que possa evitar e aniquilar o risco como um vínculo temporal na produção do futuro.
Cada sistema social, como o direito a política, produz suas decisões nas condições do
não saber sobre o futuro. Nesse passo, todos os sistemas sociais estão expostos a
operações arriscadas. O risco, portanto, é uma característica estrutural da
complexidade da sociedade moderna, de sua temporalização, da simbiose com o
futuro, da natureza paradoxal do presente. e da ecologia do não-saber.
Se o lugar no qual se constrói o risco é o presente, é relevante perguntar em
que medida é possível construir um vínculo com o futuro, na forma de decisões sob
risco, quando só se consegue observar o presente. É certo que temos um excesso de

37
informações sobre o presente que sempre é necessário selecionar. Mas como
podemos selecionar se não somos capazes de observar como se produz, no presente,
a diferença entre passado e futuro. A hipótese aqui, é que o presentismo impede,
paradoxalmente, a observação do presente. A questão é observar o presente.
O presente enquanto tal é inobservável porque observar o presente é,
simultaneamente, construir a diferença entre presente e passado, presente e futuro.
Apenas desde uma perspectiva não-presentista se pode observar o presente, como o
ponto desde o qual é possível representar o futuro e construir um passado. O futuro
é o tempo para o qual todas as escolhas estão orientadas. Nesse ponto devemos
sempre dizer futuros. Que se reduzem a um futuro como consequência de cada
escolha, mas cada redução de futuros possíveis abre outros futuros que não existiam
antes.
Essas reflexões irão motivar, nesse quarto eixo de nossa pesquisa, pensar na
função do direito na sociedade presentista. Seria essa, ainda, aquela de criar vínculos
com o futuro? Ou estaríamos passando por uma fase, como já sinalizou Franz
Neumann em outras épocas, de “mudança de função do direito”? Nessa etapa de
nossa pesquisa, irei trabalhar com Raffaele De Giorgi na Cátedra Ecologia do não
saber: espaços jurídicos do futuro, junto ao Colégio Brasileiro de Altos-Estudos da
UFRJ. A cátedra consiste num esforço conjunto de se pensar o futuro do direito e o
direito ao futuro, no contexto de criação, na UFRJ, de um Instituto do Futuro, de
natureza transdisciplinar.
Se o instituto e a própria pesquisa reproduzem o desejo de um futuro, pretende-
se levar em consideração que, para descrever amanhãs desejáveis, pensamos em uma
ecologia do não-saber. Nessas condições, escreveu De Giorgi no projeto da Cátedra, a
“desejabilidade é a liberdade de agir na complexidade e de reproduzir sempre novas
possibilidades de escolha para cada futuro que se descarrega no passado”. Levando
em conta essa liberdade é que pretendemos pensar num direito ao futuro como forma
de resistência no contexto de uma sociedade presentista. Um direito que incorpore o
sonho e a utopia, nas condições de complexidade da sociedade moderna.

7. Metodologia

38
A metodologia a ser adotada é a indutiva, apoiada na pesquisa bibliográfica no
campo da Sociologia do Direito, da Filosofia Política, da Teoria do Direito e da
literatura.
Será realizada pesquisa de campo com realização de entrevistas e coleta de
dados na mídia escrita e na filmografia que aborde a temática.

8. Cronograma de Desenvolvimento

2023 1a Fase – Levantamento Bibliográfico e desenvolvimento do Eixo Globalização/Presentismo

Atividade/ Mês mar abr mai jun Jul ago set out nov dez jan fev

Levantamento bibliográfico

Leitura e fichamento das obras

Revisão da proposta de pesquisa

Síntese, conclusão e redação de


relatórios de resultados
preliminares
Apresentação de trabalho

Redação e envio para publicação


de artigo científico

2024 - 2a Fase – Desenvolvimento do Eixo Crise/Emergência

Atividade/ Mês mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

Revisão Bibliográfica do Eixo


Crise/Emergência/Estado de
exceção

Leitura e fichamento das obras

39
Preparação e Realização de
Seminário

Síntese, conclusão e redação de


relatórios de resultados
preliminares
Redação e envio para publicação
de artigo científico

2025 3a Fase – Desenvolvimento do eixo Democracia (abertura em relação ao futuro)/Exceção


(presente permanente)

Atividade/ Mês mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

Revisão Bibliografica e
preparação da pesquisa de campo

Preparação e realização da
Pesquisa de Campo, com
entrevistas e observação de
situações de exceção
Análise dos resultados e
elaboração de relatórios sobre a
pesquisa de campo
Elaboração de artigo cientifico e
envio para publicação

2026 4a Fase – Desenvolvimento do eixo Futuro do Direito/Direito ao Futuro

Atividade/ Mês mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

Revisão Bibliografica e
preparação da pesquisa de campo

Análise dos resultados e


elaboração de relatórios sobre a
pesquisa de campo

Realização de Seminário – O
futuro do Direito e o Direito ao
Futuro
Redação de artigo e envio para
publicação

40
9. Plano de aplicação dos recursos oriundos da taxa de bancada

Itens Valor (R$)


Material Permanente (computador, impressora, câmera 10.000,00
digital e câmera de vídeo)
Material Permanente (livros) 5.000,00
Material de Consumo 2.750,00
Passagens aéreas nacionais e internacionais 25000,00
Diárias Nacionais (20 x R$ 320,00) 6.400,00
Diárias Internacionais (15 x USD 200) 16.020,00
Diárias Internacionais (10x USD 250) 13.350,00
Total: 78.520,00

10. Resultados pretendidos

Ao longo da pesquisa serão produzidos pelo menos (4) quatro artigos


científicos que serão, no período, enviados para publicação preferencialmente em
periódico internacional qualificado.
A pesquisa pretende envolver alunos de mestrado e doutorado e resultar na
produção de dissertações e teses sobre o tema. Além disso serão produzidos artigos
em co-autoria com os estudantes e outros participantes da pesquisa.
Ao longo dos quatro anos de pesquisa serão realizados dois seminários para
apresentação dos resultados alcançados e submissão das conclusões da pesquisa ao
debate com a comunidade científica.

11. Bibliografia Preliminar

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