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Projeto CNPQ 22 Presentismo e Direito Ao Futuro
Projeto CNPQ 22 Presentismo e Direito Ao Futuro
Proponente:
Juliana Neuenschwander Magalhães
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Walter Benjamin
2
RESUMO
ABSTRACT
The present research project starts from the conclusions of the project still under
development “Global State of Exception and the Future of Democracy” to deepen the
theme of presentist temporality as a characteristic of the self-described society, since
the late 80s of the last century. , as a society in permanent process of “globalization”.
This approximation with the changes in the temporal dimension and in the way
temporality is perceived and experienced in global society has raised a concern with
the impact of presenteeism on legal and political systems, leading to a questioning, in
the research project that we propose, entitled “Presentism, Democracy and the Right
to the Future”, about the future of democracy and law in a society that experiences
the present as a permanent time. The proposed analysis, focused on the temporal
dimension of the production of meaning in communication, allows a redescription of
3
current themes and problems of law and politics, such as the state of Exception,
populism, democracy, the future of law and the right to the future.
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5
SUMÁRIO
1. Título do Projeto........................................................................................ 7
2. Proponente................................................................................................ 7
3. Apresentação ............................................................................................ 7
4. Objeto ........................................................................................................ 25
5. Objetivos .....................................................................................................25
6. Justificativa teórica ..................................................................................... 25
7. Metodologia ................................................................................................39
8. Cronograma .................................................................................................39
9. Plano de aplicação dos recursos da Taxa de Bancada..................................41
10. Resultados pretendidos .............................................................................42
11. Bibliografia ...............................................................................................42
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1. Título do Projeto:
Presentismo e Direito ao Futuro
2. Proponente:
Juliana Neuenschwander Magalhães
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direito numa sociedade que experimenta o presente como um tempo permanente. A
análise proposta, voltada para a dimensão temporal da produção de sentido na
comunicação, permite uma redescrição de temas e problemas atuais do direito e da
política, como estado de Exceção, populismo, democracia, o futuro do direito e o
direito ao futuro.
Irei, antes de apresentar no item “Justificativa Teórica” a fundamentação da
presente proposta, um breve relatório da pesquisa em curso, com seus principais
resultados, que constituem ponto de partida da presente proposta.
Nos últimos anos, tenho me interessado, como pesquisadora do CNPq e
docente do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFRJ, por temas como
soberania, direitos humanos, Justiça de Transição, globalização e Estado de exceção.
Soberania foi tema de minha tese de doutorado na UFMG, defendida em junho de
2000. A pesquisa sobre Direitos Humanos, com bolsa de produtividade do CNPq, teve
seu início também naquele ano, com o projeto “Direitos Humanos e Sociedade do
Mundo: estrutura e semântica na era da Globalização” que teve como sequência uma
pesquisa voltada ao aprofundamento no debate mais contemporâneo sobre a
fundamentação dos direitos humanos e sua construção nos meios da arte, com o
projeto de pesquisa “Multiculturalismo e Direitos Humanos: a reconstrução dos
direitos humanos na Arte e na Cultura”. O tema da ditadura e da justiça de transição
é objeto de meu interesse desde meados dos anos 90, período em que fui membro
primeiro da Comissão de Indenização às Vítimas da Tortura no Estado de Minas Gerais
(CEVIT/CONEDH) e, mais tarde, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (2002).
Em 2004, com o projeto intitulado “Representações do Direito sob a Ditadura no
Cinema”, inauguramos na UFRJ, em parceria com o Professor Rainer Maria Kiesow
(EHSS/Paris) os estudos sobre Direito e Arte que depois deram origem a uma linha de
pesquisa de nosso PPGD. No âmbito desta pesquisa realizaram-se VIII Seminários
Direito e Cinema, sendo o último em caráter virtual durante o ano de 2020, bem como
foram publicados dois livros: “Construindo Memória: Seminários Direito e Cinema”,
em 2009 e Black Mirror Law, em 2020.
Desde 2010 direcionei de forma mais direta minhas pesquisas para o tema da
Justiça de Transição e das políticas de memória e do esquecimento. Em razão do
julgamento pelo Supremo Tribunal Federal da Ação de Descumprimento de Preceito
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Fundamental n. 153, interposta pelo Conselho Federal da OAB, proferi palestras,
publiquei artigos em jornais e um capítulo de livro sobre Anistia e Justiça de Transição.
Ao mesmo tempo, passei a participar, junto a docentes da UnB, do Projeto de Pesquisa
“Direito e História: Políticas de Memória e Justiça”. O projeto sinaliza a aproximação
de Direito e História, como campos do saber que se entrecruzam e se implicam
reciprocamente e faz desta aproximação uma base para a discussão sobre a
construção da memória da ditadura militar enquanto política pública de Justiça de
Transição.
Em 2013 apresentei ao CNPq o projeto de pesquisa, intitulado “A Justiça de
Transição e as narrativas sobre Direitos Humanos, Memória e Esquecimento”, que
inicialmente voltava-se para uma colaboração Brasil-Argentina na investigação de
seus diferentes modelos de transição política. Entretanto, por não se ter alcançado o
financiamento internacional pretendido, que permitiria a colaboração com docentes
da Universidade de Buenos Aires, a pesquisa redirecionou-se para outros aspectos
relevantes da transição política, com aprofundamento da pesquisa sobre Direito e
Memória, inicialmente desenvolvida entorno ao tema da “Justiça Autoritária”, em
parceria com a Comissão Estadual de Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio) e com
financiamento da FAPERJ.
Ao final de 2013, tem início um novo percurso investigativo, sobre diversidade
cultural e Justiça de Transição, para o qual convergiram tanto a investigação anterior
sobre direitos humanos (sobretudo a pesquisa sobre multiculturalismo) quanto a
temática da ditadura e Justiça de Transição. Esse percurso foi iniciado com minha
participação no evento "Rights, Justice, Cultural Diversity: Dynamics of Legal
Protecttection in Times of Transition", realizado no Instituto Max-Planck de História
do Direito Europeu, no qual apresentei o trabalho “Los limites del multiculturalismo
en las sociedades multiculturales: formas de inclusión y exclusión", publicado em 2014
na Revista Forum Historiae Iuris, do MPIER. Essa participação define como nova
direção de pesquisa a investigação sobre as violações dos direitos humanos dos povos
indígenas na ditadura militar e suas formas de reparação, inserindo dessa forma
minhas investigações no âmbito do projeto de pesquisa de cooperação acadêmica
(PROCAD – CAPES) entre UnB, UFPR e UFRJ, intitulado “Direitos, justiça e
interculturalidade nas fases de transição” e também iniciado em 2013 com
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encerramento em final de 2017. Assim, no período de 2013 a 2017 desenvolvi o
Projeto de Pesquisa “A Justiça de Transição e as narrativas sobre Direitos Humanos,
Memória e Esquecimento”, no curso do qual dediquei especial atenção ao tema da
justiça de transição necessária em face das violações de direitos dos povos indigenas
durante a ditadura militar no Brasil. Publiquei sobre o tema, dentre outros artigos,
capítulos e livros, os seguintes artigos e capítulos de livros, que em breve pretendo
reunir em livro, com publicação ainda em 2022:
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de vista dos impactos da globalização nos sistemas jurídico e político e, como um de
seus resultados, apontou novas temáticas, como presentismo, crise da democracia,
novo populismo de direita, “des-razão autoimunológica”, guerras culturais,
negacionismo, fake-news.
A proposta de pesquisa, enviada ao CNPq em 2017, partiu da constatação de
que, enquanto no Brasil as reivindicações pelo aprofundamento da democracia e por
“mais direitos” foram capturadas em prol de um projeto de corrosão da democracia e
dos direitos que teve seu início com o processo de impeachment da Presidente Dilma
Rousseff, no mundo assistiu-se a algo semelhante com o avanço do populismo de
direita em diversos países. Em 2016, o afastamento da Presidente da República foi
colocado como a solução para a crise econômica, que para tal fim foi apresentada
como uma espécie de Razão de Estado, capaz de ultrapassar os limites constitucionais
ou, no mínimo, revelar a fragilidade da distinção entre razões políticas e jurídicas,
decisões políticas e jurídicas, ou seja, capaz de colocar em xeque os delicados
“acoplamentos” entre direito e política no quadro de um Estado Democrático de
Direito.
Pude constatar, ao longo da pesquisa, não apenas que essa desestabilização
do arranjo democrático não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas também
que nessa primeira quadra do século XXI os Estados democráticos de direito,
constitucionalmente fundados, já não mais se apresentam como efetivos garantes da
soberania popular e dos direitos conquistados ao longo do último século. Nos Estados
Unidos da América, a eleição de Donald Trump colocou em xeque o modelo da
fórmula democrática naquele País, capaz de produzir uma escolha aparentemente
não tão democrática assim. Se em agosto de 2017 os conflitos raciais e nacionalistas
em Charlottesville revelaram ao mundo a tensão antidemocrática e racial nos EUA,
essa novamente eclodiu naquele país em plena pandemia de COVID-19, com os
protestos em reação ao assassinato de George Floyd, um homem afro-americano de
46 anos que morreu ao ser detido pela Polícia de Minneapolis. A reação social teve
início com os protestos em Minneapolis e se espalhou por mais de 2000 cidades e 60
países. Mais uma vez pôde-se observar que, se os avanços contra democráticos tem-
se dado em escala global, as formas de resistência também têm se manifestado
globalmente.
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Em diálogo com a obra de Giacomo Marramao, Passaggio all’Occidente, e
revisitando meus próprios escritos sobre globalização, teoricamente referenciados na
Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmann e Raffaele De Giorgi, busquei aprofundar,
entre 2019 e 2020, a pesquisa sobre democracia, exceção e resistência. No que diz
respeito a esse último ponto, utilizei-me das leituras de Costas Douzinas, um dos raros
autores contemporâneos que tem se dedicado ao tema, tendo publicado em 2013 o
livro Philosophy and Resistance in the Crisis” (2013), uma obra extremamente
instigante que parte da crise na Grécia provocada pela política de austeridade
europeia, para examinar o tema da soberania e da resistência, centrais em nossa
pesquisa. Ensaiei, também, em publicações sobre a temática da resistência, um
projeto de uma teoria do direito como resistência.
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País, não são fenômenos isolados, pois dizem respeito aos problemas dos sistemas
jurídico e político da moderna sociedade do mundo.
Não pretendo dizer, com isso, que os problemas da democracia
contemporânea são decorrentes da globalização, mas sim que eles podem ser
globalmente observados como um produto da sociedade mundial, e não de Estados
ou regiões particularmente consideradas. E isso do mesmo modo que a universalidade
dos direitos humanos se apresenta na forma de sua violação (Luhmann, 1993). No
prefácio à segunda edição de Passaggio a Occidente, Giacomo Marramao utiliza a
expressão stato di eccezione globale (Marramao, 2009: 12) para se referir à situação
posterior aos acontecimentos traumáticos do 11 de Setembro.
São problemas do direito e da política da modernidade, e não de regiões do
planeta. Nossa hipótese inicial, nesse passo, foi reformulada: ao invés de pensarmos
num estado de exceção global como a suspensão do direito e o fim da democracia,
passamos a refletir sobre um permanente, e latente, estado de exceção que, uma vez
que é universal, permite observar também a universalidade da democracia na sua
fragilidade e precariedade. Em outubro de 2019, quando participamos dos Diálogos
Cuba-Brasil sobre Democracia, Soberania Popular e direitos sociais na Universidade
de Havana, Cuba, pudemos concluir que:
“Con los años, se ha vuelto cada vez más evidente el fracaso de la
globalización como la promesa de un nuevo mundo o un nuevo orden
mundial para una sociedad que siempre ha sido global. Un fracaso
económico, político y social. Primero, porque el neoliberalismo no
funcionó em ninguna parte del mundo, es un gran fracaso. Y al
contrario de lo que suponían los teóricos más optimistas (o más naïfs),
la democracia no se extendió por todo el mundo y los indicios de una
reacción adversa a la democracia se hizo cada vez más visible.
Podemos reunir esta evidencia a partir de tres aspectos: 1) el uso
creciente de medidas excepcionales por parte de los estados que
ahora están abusando de la noción de urgencia; 2) el aumento de la
corrupción político-económica en la sociedad global, en la que opera
como un reductor de la incertidumbre (OLIVEIRA, 2018: 101) frente a
la “aceleración de la aceleración” (OLIVEIRA, 2018: 131) y 3) la crisis
de legitimidad democrática (FRASER, 2016) que produjo una mayor
inestabilidad en los gobiernos y, en países latinoamericanos,
constantes roturas democráticas con la destitución de presidentes
legítimamente elegidos.” (Neuenschwander, Globalización,
presentismo y corrosión de la soberanía popular en Brasil, 2021, p.
186)
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No percurso investigativo sobre a crise da democracia e o Estado de exceção
global, produzi os seguintes artigos/capítulos de livros:
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exceção” dirigido a todos, pois há uma seletividade da exceção, que atinge os
estrangeiros nos campos, os presos, os pobres, os “inimigos” de cada momento. A
exceção passa a ser uma técnica de governo. É preciso conhecer esse dispositivo que
desconecta direito e política e que, sobretudo desconecta o sentido do direito,
fazendo desse um instrumento da exceção, ou seja, colocando este à serviço da
estabilização de situações de exceção.
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*VIII Seminário Internacional Direito e Cinema*
*Emergência²*
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Expositores: Bethânia de Albuquerque Assy (UERJ), Vera Karam de Chueiri (UFPR) e Marcelo Andrade
Cattoni de Oliveira (UFMG)
Mediador: Fredson Oliveira Carneiro (UFRJ).
*6º Encontro – 21 de maio de 2020*
Filme: Filhos da esperança. Diretor: Alfonso Cuarón.
Expositores: Cristiano Paixão (UnB), Jorge E. Douglas Price (Universidade Nacional del Comahue) e
Margarida Camargo (UFRJ)
Mediador: Lusmarina Campos Garcia (UFRJ).
*7º Encontro – 28 de maio de 2020*
Filme: Sétimo selo. Diretor: Ingmar Bergman.
Expositores: João Ricardo Dornelles (PUC-Rio), Rogério Dultra dos Santos (UFF) e Pedro Hussak
(UFRRJ).
Mediador: Pedro Amorim (UFRJ).
*8º Encontro – 04 de junho de 2020*
Filme: A Onda. Diretor: Dennis Gansel
Expositores: José Geraldo de Sousa Júnior (UNB), Katya Kozicki (UFPR) e Sara da Nova Quadros Côrtes
(UFBA)
Mediador: Fredson Oliveira Carneiro (UFRJ).
*9º Encontro – 11 de junho de 2020*
Filme: Parasita. Diretor: Bong Joon-Ho
Expositoras: Flavia Oliveira (UFRJ), Julia Franzoni (UFRJ) e Rosangela Cavallazzi (PUC-Rio)
Mediador: Pedro Amorim (UFRJ).
*10º Encontro – 18 de junho de 2020*
Filme: Citizenfour. Diretora: Laura Poitras
Expositores: Luciano Nuzzo (UFRJ)
Debatedores: Estela Aranha (Instituto Joaquín Herrera Flores) e Marilia Kairuz Baracat (Di Blasi &
Parente Associados e doutoranda PPGD/UFRJ)
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Mediadora: Gisele Ricobon (UFRJ).
*11º Encontro – 24 de junho de 2020*
Filme: Dois dias e uma noite. Diretores: Jean Pierre e Luc Dardenne
Expositores: Magda Barros Biavaschi (UNICAMP), Rodrigo Carelli (UFRJ) e Sayonara Grillo (UFRJ)
Mediador: Manuel Gándara Carballido (UFRJ).
*12º Encontro – 02 de julho de 2020*
Filme: Infiltrado na Klan. Diretor: Spike Lee.
Expositores: Adilson José Moreira (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Philippe Oliveira de
Almeida (UFRJ) e Vantuil Pereira (UFRJ)
Mediador: Fredson Oliveira Carneiro (UFRJ).
*13º Encontro – 09 de julho de 2020*
Filme: O labirinto do Fauno. Diretor: Guilhermo Del Toro.
Expositores: Argemiro Cardoso (UnB), Marcus Giraldes (Fiocruz) José Ramón Hernández Narváez
(UNAM, México).
Mediador: Manuel Gándara Carballido (UFRJ).
*14º Encontro – 16 de julho de 2020*
Filme: O Processo. Diretora: Maria Augusta Ramos
Expositores: Andrea França (PucRio), Beatriz Vargas (UnB) e Maria Augusta Ramos (diretora do filme)
Mediador/a: Lusmarina Garcia (UFRJ).
*15º Encontro – 22 de julho de 2020*
Filme: Eles Não Usam Black-tie. Diretor: Leon Hirszman
Expositores: Daniela Mendes (MPT e MP Transforma), Gisele Cittadino (PUC Rio e ABJD) e Luiz
Werneck Vianna (PUC Rio)
Mediador: Juliana Neuenschwander Magalhães (UFRJ).
*16º Encontro – 30 de julho de 2020*
Filme: A Fita Branca. Diretor: Michael Haneke
Expositores: Cristiane Brandão (UFRJ), David Gomes (UFMG) e João da Mata (UFF)
Mediador/a: Rober Corrêa (UFRJ).
*17º Encontro – 06 de agosto de 2020*
Filme: Hijos de la revolución. Produtora: Luciana Sérvulo da Cunha.
Expositores: Lucas Gontijo (PUC-MG), Ester Saturnino (PUC-MG) e Luciana Sérvulo da Cunha
(Produtora)
Mediador: Manuel Gándara Carballido (UFRJ).
*18º Encontro – 20 de agosto de 2020*
Filme: Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia. Diretora: Teona Strugar Mitevska.
Expositores: Fabiana Galera Severo (Defensora Pública Federal), Lusmarina Garcia (UFRJ) e Sandra
Elena Sposito (Psicóloga e Professora na FUNEPE e IMES-SM)
Mediador/a: Gisele Ricobon (UFRJ).
*19º Encontro – 10 de setembro de 2020*
Filme: Distrito 9. Diretor: Neill Blomkamp.
Expositores: Flávia Guth (Comissão de Direito de Defesa da OAB/DF e Instituto de Garantias Penais) e
Ney Bello (UnB)
Mediador/a: Juliana Neuenschwander Magalhães (UFRJ).
*20º Encontro – 22 de outubro de 2020*
Filme: O índio cor de rosa contra a fera invisível: a peleja de Noel Nutels. Diretor: Tiago Carvalho.
Expositores: Paulo Felix Friggeri (UNILA); Rubens Caixeta de Queiroz (UFMG); Tiago Carvalho (diretor).
Mediador/a: Juliana Neuenschwander Magalhães (UFRJ).
*21º Encontro – 17 de dezembro de 2020*
Sessão de encerramento: Um outro mundo é possível?
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na pesquisa em curso. No período, além dos seminários Direito e Cinema, que
coordenei, participei de muitos outros eventos sobre a pandemia e seus efeitos na
política e no direito.
Destaco, dentre eles, o seminário Law, Theory, Virus, realizado em caráter
virtual pela Universidade de Londres, Birkbeck College, sob a coordenação de Adam
Geary. O evento, que foi realizado em seis sessões entre dezembro de 2020 e abril de
2021, envolveu docentes da Inglaterra, China, EUA, Brasil e Colômbia. O evento trazia
questões relevantes para nossa pesquisa:
“how is it possible to think the crisis that we are living through? What new horizons
does thinking about the pandemic open up? Are the existing ways of framing ‘the
human being’ adequate to our troubled times? What new vocabularies, and new
ideas are required to plot the changing terrains defined by the pandemic?”.
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Perseguindo a ideia de que outros mundos são possíveis (Krenak, 2019), ou de
que nesse mundo cabem muitos mundos (Baschet, 2021), na etapa final de nossa
pesquisa, já em 2022, retomamos nosso interesse na pesquisa antropológica e jurídica
sobre os povos indígenas e refletimos sobre a imaginação sobre o fim do mundo no
pensamento do Ocidente e no pensamento ameríndio, buscando colher da
experiência da resistência dos povos indígenas ideias para adiar o fim do mundo. O
artigo “A Dimensão Ontológica do Antropoceno: Pensamento Ameríndio e Algumas
Ideias para Adiar o Fim do Mundo” em fase de publicação na Rivista Italiana di
Filosofia Política.
Referido texto foi enviado à publicação cerca de dois meses antes dos brutais
assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips no Vale
do Javari, na floresta amazônica.
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20
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JUSTIÇA AUTORITÁRIA E AS BOMBAS DA DITADURA: PARA UMA COMPREENSÃO DAS PERMANÊNCIAS
AUTORITÁRIAS NO SISTEMA JUDICIÁRIO BRASILEIRO. In: Marjorie Corrêa Marona; Andrés Del Rio.
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13. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Giraldes, Marcus . Resistência e Direitos Humanos. In: Carol
Proner, Héctor Olasolo, Carlos Villán Durán, Gisele Ricobom, Charlotth Back y otros. (Org.). 70º
ANIVERSARIO DE LA DECLARACIÓN UNIVERSAL DE DERECHOS HUMANOS La Protección Internacional
de los Derechos Humanos en cuestión. 1ed.Valencia: Tirant lo Blanch, 2018, p. 407-416.
e) Apresentações de Trabalho
21
e) Assessoria e consultoria
1. Neuenschwander Magalhães, Juliana ; Ventura, Deisy . Membro do Comitê Assessor CA-CS CNPq.
2020.
2. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer Programa de Bolsas CAPES-DAAD. 2020.
3. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Programa Bolsas para Pesquisa Capes/Humboldt. 2019.
4. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer Programa Bolsas para Pesquisa Capes/umboldt.
2019.
5. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer Programa Bolsas para Pesquisa Capes/Humboldt.
2019.
6. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer Programa PIPC Edital nº 39/2018 CAPES. 2019.
7. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Avaliador Externo Programa CAPES-Print UFMG. 2019.
8. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer para Editora Tirant Lo Blanch (Espanha) sobre obra a
ser publicada. 2019.
9. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer para a Revista Veredas. 2019.
10. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer para a CAPES Programa de Pós-Doutorado no
Exterior. 2018.
11. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer para IEAT-UFMG Programa Professor Residente.
2018.
12. Neuenschwander Magalhães, Juliana . Parecer ad hoc CNPq - Participação em Eventos. 2018.
13. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Consultoria Ad Hoc CNPq - Apoio a Participação em Eventos
no Exterior. 2018.
14. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Parecer Ad hoc CNPq Pós-Doutorado Júnior. 2018.
15. Neuenschwander Magalhães, Juliana. Consultoria na realização do filme 'O Processo', de Maria
Augusta Ramos. 2018.
22
13. Seminario de la Cultura Juridica.Pandemia y Cultura Juridica. 2020. (Seminário).
14. 20 Anos do PPGD da PUCPR.O financiamento à pesquisa jurídica no Brasil. 2019. (Seminário).
15. 81o Simpósio Letaci. Globalização, Neoliberalismo e Populismo de Direita. 2019. (Simpósio).
16. Ciclo de Seminários de Análise de Conjuntura Mundial. 2o Seminário Democracia em xeque e a
onda neoconservadora.Democracia em Xeque e a onda conservadora. 2019. (Seminário).
17. Direito, Memória, Democracia e Crimes de Lesa-Humanidade. Anistia e Memória como construção
de vínculos com o futuro. 2019. (Congresso).
18. International Seminar Cycle Rethinking Luhmann and the socio-legal research: an empirical
agenda for the social systems theory?.Teoria dos Sistemas ao Sul do Equador. 2019. (Seminário).
19. IV Diálogos Cuba-Brasil sobre Estado Social, Democracia, Soberania Popular y Derecho : poder
judicial y democracia: encriptación del poder, legitimidad y rieso. Globalización y corrupción de la
soberanía popular. 2019. (Congresso).
20. IVR Congress 2019. Democracy without People:the new right-wing populism in Brazil and the
paradox of democracy. 2019. (Congresso).
21. Palestra Globalização e Corrosão da Soberania Popular.Globalização e Corrosão da Soberania
Popular. 2019. (Encontro).
22. Convegno Internazionale Ecologia del Non Sapere. Raffaele De Giorgi e il paradossi del diritto.
2018. (Congresso).
23. Global 68. 2018. (Congresso).
24. Past, Present, Future. Critical Legal Postgraduate Research. 2018. (Simpósio).
23
7. Tiago Pires Cotias Villas.. Carandiru: uma análise da construção da realidade no Direito e na
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(PPGD/UFRJ), . Orientador: Juliana Neuenschwander Magalhães/ concluída.
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Tese (Doutorado em Diritto e Innovazione) - Universita Degli Studi Di Macerata.
(Coorientador/ em andamento)
2. Marília Kairuz Baracat. ?A proteção de dados pessoais no Brasil: desafios e perspectivas?..
Início: 2019. Tese (Doutorado em Curso de Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em
Direito (PPGD/UFRJ). (Orientadora/ em andamento).
3. Lusmarina Campos Garcia. A complexa relação entre direito e política no Brasil: o
impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. 2022. Tese (Doutorado em Doutorado em
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Magalhães/ concluída.
4. Rômulo Filizzola Nogueira. DIREITOS HUMANOS E LITERATURA NA DIÁSPORA AFRICANA
BRASILEIRA. 2022. Tese (Doutorado em Curso de Doutorado) - Programa de Pós-Graduação
em Direito (PPGD/UFRJ), . Orientador: Juliana Neuenschwander Magalhães/ concluída.
5. Fredson Oliveira Carneiro. FORMAS TRANSVESTIGÊNERES DA ESCRITA DA LEI ERICA
MALUNGUINHO E A MANDATA QUILOMBO NA OCUPAÇÃO DA POLÍTICA E NA
TRANSFORMAÇÃO DO DIREITO. 2021. Tese (Doutorado em Doutorado em Direito) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa
do Estado do RJ. Orientador: Juliana Neuenschwander Magalhães/ concluída.
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Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD/UFRJ), Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Juliana Neuenschwander
Magalhães/ concluída.
4. Objeto
Presentismo como forma de experiência da temporalidade que caracteriza a
sociedade global e produz espaços de exceção (a exceção do presente). O futuro do
direito e da democracia na sociedade global e o direito ao futuro.
5. Objetivos
24
5.1 Aprofundar a reflexão sobre o presentismo como forma característica da
experiência da temporalidade na sociedade da globalização;
5.2 Caracterizar o Estado de Exceção global desde a noção de presentismo e
crise do tempo;
5.3 Discutir a relação entre democracia e exceção na sociedade global;
5.4 Compreender os mecanismos de ativação do Estado de Exceção e de
desacoplamento de direito e política na sociedade contemporânea, como
negacionismo, fake-news e a emergência de uma des-razão autoimunológica;
5.5 Discutir o futuro do direito e o futuro da democracia na sociedade
presentista: formas de reconstrução da razão no contexto de uma sociedade plural
como dispositivo imunológico; direito de resistência e direito ao futuro.
6. Justificativa Teórica
a) Globalização/Presentismo
Entre o final dos anos 80 e início dos anos 90, a globalização foi proclamada
como sinônimo de triunfo do capitalismo e como uma “espécie de chave com a qual
se pretende abrir os mistérios do presente e do futuro” (BAUMAN, 1998:3). Tal já fora
previsto em 1848 por Marx e Engels, nas belas páginas do Manifesto Comunista,
quando afirmaram que a burguesia construiria um mundo à sua imagem e semelhança
25
(Marx & Engels, 1998, p. 44). Aceleração, avanço da técnica e autodestruição já são
antecipados por Marx como características desse mundo capitalista. No Livro I do
Capital, escreve Marx que “a produtividade do trabalho também está ligada a condições
naturais, que frequentemente se tornam menos férteis na mesma proporção em que a
produtividade – à medida que ela depende de condições sociais – aumenta” (Marx,
2013, p. 141).
26
fator da globalização e de um sentido de efemeridade, volatilidade, que leva “a perda
de sentido do futuro, exceto e na medida que o futuro possa ser descontado do
presente”, diz Harvey, nesse passo referindo-se à obra O choque do futuro, de Alvin
Toffler (Harvey, 1992, p. 263). Harvey lembra, ainda, o relato que Italo Calvino faz da
sua própria condição de romancista: “os romances longos escritos hoje são talvez uma
contradição: a dimensão do tempo foi abalada, não podemos viver bem pensar exceto
em fragmentos do tempo, cada um dos quais segue sua trajetória e desaparece
imediatamente”, diz Calvino (Harvey, 1992, p. 263). E lembra também Virilio, que em
sua Esthétique de la disparition explora as consequências culturais “do
desaparecimento do tempo e do espaço como dimensões materializadas e tangíveis
da vida social”. Finalmente Harvey explica esse processo como “aniquilação do espaço
por meio do tempo” como a característica da “condição pós-moderna”. Giacomo
Marramao recusa o termo “pós-moderno” e prefere falar nessas “manifestações de
uma época” como hipermodernas. Essa “patologia”, que Octavio Paz havia referido
como “colonização do futuro” é dada por uma “ipertrofia dell’aspettativa, cui fa
riscontro um restringimento progressivo dello spazio di esperienza” (Marramao, 2020,
p. 17).
27
e, portanto, de identificarem as transformações históricas indicadas como
globalização como uma mudança que ocorre no tempo. Com base nessas leituras
assinalo como hipótese de partida da pesquisa a de que o acidente dos acidentes, a
grande catástrofe da globalização, seria essa onipresença do presente, que implica na
supressão do passado como horizonte da experiência e no futuro como horizonte da
expectativa, tomando aqui as expressões de Reinhardt Koselleck.
28
presente) impossível de ser imaginado (Neuenschwander-Magalhães, 2020, p. 148).
Aquilo que se tem chamado de “presentismo” é, exatamente, a negação do presente
como diferença entre passado e futuro, porque para o eterno presente não existe
passado, não existe memória e, da mesma forma, não existem expectativas em
relação ao futuro, sejam elas utópicas ou catastróficas.
O presentismo ignora a iminência das catástrofes. É nesse espaço do “eterno
presente” que a razão moderna cede espaço à desrazão presentista. A razão
imunológica da modernidade dá lugar à desrazão autoimunológica. Por
autoimunidade pode-se entender as operações sistêmicas mediante as quais um
sistema coloca em marcha um processo de destruição de si mesmo (Mascareño, 2020,
p. 99).
29
pesquisa pretendemos aprofundar. Nossa hipótese, nesse passo, é que em sua
evolução “crise” é invocada como forma de se lidar com o não-saber do futuro.
Na sua origem, está ligada à palavra crítica, tendo ambas como raiz a palavra
grega krinein, que significa, tanto distinguir, separar, quanto julgar e decidir. O termo
chega à modernidade derivando do léxico médico, em que era utilizado para indicar o
ponto em que um paciente deve sofrer uma intervenção, ou seja, o estágio da doença
em que uma decisão sobre a cura deve ser tomada (Koselleck, Crítica e Crise, 1999, p.
145). Portanto, nesse uso moderno o emprego do termo crise traz consigo um
diagnóstico e, também, um prognóstico. No século XVIII, o termo adquire um
significado político e indica o momento em que o projeto traçado pelos iluministas,
de crítica ao Estado e à Igreja, ameaçando a soberania estatal. Rousseau inaugura o
uso político do termo para se referir ao “état de crise” como “la crise de l’Ëtat”, o
momento da ruptura da ordem e da anarquia. Com a ameaça à soberania do príncipe,
é reconhecida a crise política: “a certeza dá lugar à insegurança, e a situação crítica
invoca a questão do futuro” (Koselleck, Crítica e Crise, 1999, p. 149).
O futuro, no qual se projeta a modernidade, é incerto e não sabido. A noção
de crise veio assinalar essa abertura e incerteza frente ao futuro e, nesse sentido, a
crise é a “assinatura da modernidade” (Koselleck, Crisis, 2006) e aponta para um
“estado de decisão latente”. Diante da incerteza, Diderot diz: “beiramos uma crise que
levará à escravidão ou à liberdade”, enquanto Thomas Paine deu a seu jornal o nome
The Crisis (Koselleck, Crítica e Crise, 1999, p. 149). A crise é diagnosticada como
anarquia e mesmo como guerra civil, diagnóstico que traz consigo também um
prognóstico e, portanto, a necessidade de uma decisão. Nesse passo o termo crise
emana tanto uma filosofia da história quanto um prognóstico do futuro. A crise pode
significar um momento de transição, como anotou Goethe, para quem todas as
transições são crises (Koselleck, Crisis, 2006, p. 367). Em Marx a crise reflete uma
concepção cíclica da história, deixando de ser vista como uma patologia para ser
percebida como algo revestido de fatalidade, pois que expressa uma contradição
inexorável do capitalismo. Mas também em Marx as épocas de crise são épocas de
relativa indeterminação, quando surge então a oportunidade das mudanças radicais
e das revoluções (Grespan, 2021, p. 76). Mais tarde, Gramsci dirá que “a crise consiste
30
justamente no fato de que o velho morre e o outro não pode nascer: nesse interregno,
verificam-se os fenômenos patológicos mais variados” (Gramsci, 2000, p. 184).
Hartog utilizou-se da expressão “crise do tempo” para indicar o momento em
que perdem evidência as articulações entre passado, presente e futuro. (Hartog, 2014,
p. 37). Na presente pesquisa, pretendo relacionar a crise da democracia com o
presentismo enquanto experiência da temporalidade que caracteriza a sociedade
global (Neuenschwander-Magalhães, 2020; Neuenschwander & Giraldes, 2020;
Neuenschwander & Giraldes, 2021). Desta perspectiva as sucessivas crises que
marcam nosso tempo podem ser observadas como expressão da desarticulação
temporal presentista.
Numa sociedade condenada a viver no eterno presente, as situações de crise,
como a crise simbolizada pela pandemia de COVID-19, instauram uma “brecha do
tempo”, para usar a expressão de Hannah Arendt recordada por Hartog, que nos
permite tanto refletir sobre a indeterminação do tempo presente, quanto tomar
decisões. O vocabulário da crise pode ser, dada sua dimensão dupla de diagnóstico e
prognóstico, “o indicador da nova consciência” (Koselleck, Crítica e Crise, 1999, p.
139). Apontar a crise é, simultaneamente, colocar a necessidade de que decisões
sejam tomadas no sentido de superá-la. A crise antecede a intervenção e, portanto, a
cura.
A hipótese que irei trabalhar é que a crise, como crise do tempo, é constitutiva
e latente na sociedade global. Refiro-me não apenas às crises cíclicas do capitalismo,
mas também as crises políticas e constitucionais, nas quais os arranjos constitucionais-
democráticos que ocultavam a velha tensão de direito e democracia sucumbem
diante de novas catástrofes. Também aqui é preciso chamar a atenção: se a crise
chama à decisão, essa pode tanto levar à maior liberdade, quanto à escravidão, já dizia
Diderot. As situações de crise revelam a dimensão de contingência e incerteza
inerentes à própria democracia, que nesse sentido pode ser compreendida não como
o governo do povo pelo povo, mas como a permanente abertura, no sistema político,
para a alternância do poder. A democracia é a garantia de um grau de instabilidade
do sistema político capaz de responder às situações de crises com mudanças no
próprio sistema político. Enquanto isso, a constituição é promessa de estabilidade na
31
medida em que constitui vínculos com o futuro, nas condições de um futuro que é
sempre não sabido e contingente.
Na pesquisa irei buscar observar, também, como direito e política reagem às
situações de crise. A reação à situação de crise é sempre uma tentativa de superação
da crise? Ou eventualmente pode levar ao seu aprofundamento, na forma de uma
ruptura catastrófica? A hipótese que pretendo aqui abraçar é de que o que se
descreve como crise (e, portanto, como uma situação excepcional) é inerente à
democracia, como produto e ao mesmo tempo motor da crítica e, nesse passo, como
o momento em que a democracia pode reencontrar sua força emergencial (tanto no
sentido de resistência à crise que demanda por decisões, quanto no sentido de fazer
emergir novas formas políticas). Assim, a crise não é vista como o ponto no qual uma
intervenção mais drástica e muitas vezes excepcional é feita, mas como o motor das
transformações, da realização e, esse o risco sempre presente, também da
autodestruição da democracia.
O mesmo pretendo fazer ao visitar o vocabulário da emergência e da excessão.
A hipótese a ser investigada é de que situações de emergência, como aquela da
pandemia de COVID-19, ativam um “o presente concentrado” do qual se torna
necessário escapar (o que é sinalizado pela referência à noção de crise). Mas o que
significa emergência? É o presentismo da sociedade global na sua expressão máxima
e, ao mesmo tempo, é aquilo que coloca em cena novamente o problema do futuro.
A emergência impõe a tomada de decisões, recoloca em cena o soberano acantonado
pelo discurso da globalização. Mas, ao mesmo tempo, subtrai da política o tempo
necessário para a tomada de decisões. O soberano já não pode decidir, porque as
decisões já estão, de toda forma, tomadas. A estratégia da emergência portanto não
é isenta de riscos e o maior deles talvez seja a normalidade de uma série de
emergências contínuas.
Outro risco é o de se confundir a adoção de medidas emergenciais com a velha
noção de “Estado de Exceção”. A noção de “Estado de Exceção” é abusiva para indicar
a posição de governos que adotaram medidas emergenciais para enfrentar uma
situação que é, de fato, excepcional. Medidas como a restrição de circulação de
pessoas ou mesmo o lockdown são certamente excepcionais, mas não se confundem
com o Estado de Exceção, em que o direito fica suspenso in totum como diria Carl
32
Schmitt. Mas sempre há também o risco de que se usar as medidas de emergência
sanitária necessárias para conquistar poderes excepcionais de ditadura, como ocorreu
na Hungria, por exemplo (Giraldes & Neuenschwander, 2020) .
Torna-se necessário, nesse passo, redescrever a noção de Estado de Exceção
no contexto de uma sociedade presentista. E nossa hipótese, nesse passo, é de que a
exceção não consiste numa suspensão do direito, mas sim numa suspensão do tempo.
Democracia, entendida como abertura de um horizonte de expectativas para a política
e exceção, como a sombra que se projeta nesse horizonte e impede o futuro, podem
ser compreendidos como diferentes modalidades de se experimentar a diferença
entre presente e futuro, no presente.
Giorgio Agamben, na sua obra “Estado de Exceção” aponta que “a criação de
um estado de emergência permanente (ainda que, eventualmente, não declarado no
sentido técnico), tornou-se uma das práticas essenciais dos Estados contemporâneos,
inclusive dos chamados democráticos.” (AGAMBEN, 2003:13). Mas o que se entende
por Estado de Exceção?
Na pesquisa iremos revisitar Carl Schmitt, que em 1921 discute o conceito de
exceção na obra Die Diktatur, bem como a noção de exceção na Theologie Politische
de 1922, que relaciona a noção de exceçãp àquela de soberania: pois é soberano, diz
Schmitt nas páginas da Teologia Política, “aquele que decide sobre o Estado de
Exceção” (Schmitt, 1996). Schmitt parece colocar a exceção, tal como a soberania, no
lugar da fundação do direito – uma fundação que é dada por uma decisão e, portanto,
é política. O ponto central da exceção é exatamente o seu caráter paradoxal: ela está
fora e dentro do direito. O direito está suspenso, mas paradoxalmente se funda na
exceção soberana. Ela não está na ordem, mas como escreveu Schmitt não se
confunde com o caos e a anarquia, por que ainda existe uma ordem, mesmo não
sendo uma ordem jurídica, mesmo estando suspenso o direito. Para Agamben, “o
estado de exceção não é nem exterior nem anterior ao ordenamento jurídico e o
problema de sua definição diz respeito a um patamar, ou a uma zona de indiferença,
em que dentro e fora se excluem mas não se determinam” (Agamben, 2004:39). Desta
forma o paradoxo da exceção é, novamente, o paradoxo da soberania.
Na pesquisa irei rediscutir esse paradoxo como o paradoxo da temporalidade,
ou seja, da unidade da diferença entre passado/presente/futuro. A referência ao
33
presentismo, como ponto de partida, permitirá a construção da hipótese da exceção
como suspensão do tempo.
Mas, para além disso, pretendo “levar a sério” e “tomar pela raiz” a ideia
benjaminiana de que a exceção pertence “à tradição dos oprimidos”, ou seja, de que,
naquela tradição, a exceção tornou-se a regra. Isso porque vivemos tempos
(presentistas) em que a exceção parece ter se normalizado como regra, tempos de
um Estado de Exceção que, independentemente de ser formalmente declarado ou
previsto pelo ordenamento jurídico, opera “como produção e representação
discursiva de uma situação de fato que permite um exercício extralegal do poder em
nome de exigências governamentais”(Nuzzo, 2016), tais como segurança ou também
“governabilidade”.
É esse o Estado de Exceção que emerge no contexto de uma sociedade global
presentista, que se fez o espaço de uma governance neoliberal “como um dispositivo,
uma rede de conexões entre saberes, poderes, instituições, que interveem na vida
cotidiana, que a administra, modelando corpos e produzindo sujeitos” (Nuzzo, 2016).
Essa normalização, entretanto, não é introduzida no ordenamento jurídico
como normalidade. Ao contrário: aquilo que é “normal” se apresenta como
emergência, dando ensejo a ações de controle excepcionais, que se legitimam e se
estabelecem como ações de emergência. Estabiliza-se um exercicio extralegal do
poder do Estado, estabilizando-se a exceção como regra, exatamente como Benjamin
observara em 1942.
Como ocorre, nesse que é o verdadeiro Estado de exceção, essa combinação
de excepcionalismo e governabilidade? A hipótese que pretendo investigar é que esse
Estado de Exceção se tornou global e é através dele que podemos observar a
universalidade da (frustração) do projeto democrático de inclusão social. Desta
perspectiva é que, na presente pesquisa, pretendo colocar em evidência a relação
entre globalização e corrosão da democracia. com a exclusão da cidadania daquele
que é percebido como potencialmente perigoso, mediante a limitação de seus
direitos. Essa “outra exceção”, bem diferente da declarada exceção schmittiana,
insere-se no contexto da globalização presentista que oferece ao mundo a
necessidade do capitalismo e de uma democracia de fachada, corrompida pela
penetração recorrente da exceção. Essa exceção faz com que o direito corroa a si
34
mesmo por meio de sua desrazão autoimunológica.
O direito, nesse passo, torna-se parasita de si mesmo. A auto suspensão do
direito é controlada pelo próprio direito e é temporária, é motivada, é capaz de se
transformar, dura um tempo. Se não for assim, o direito está aniquilado e destruído.
O direito, de “vacina da sociedade”, passa a inocular em si mesmo seu próprio
remédio, ou seu próprio veneno: o ilícito que era excluído e expulso do direito,
adentra as operações do sistema jurídico e corroem o espaço do lícito. Autodestruição
da razão do direito. Algo que, na linguagem da moda dos juristas, chamou-se de
lawfare.
35
externo ao direito e à política, desde fora desses sistemas espera que sua soberania
seja real e material. Mas a função do paradoxo da soberania não é permitir que o povo
decida ou participe da tomada de decisões políticas, nem que o povo “dê a si mesmo
uma constituição”.
36
pessoas se tornassem possíveis e fossem tomadas nos círculos que reúnem políticos,
tecnocratas e os donos do grande capital, sobretudo financeiro. As finanças globais
corrompem o sistema político e, como são um poder que cria e viola suas próprias
regras, sem prestar contas à democracia (Neuenschwander & Giraldes, 2021 ). Em que
medida esses processos relacionam-se com o presentismo?
37
informações sobre o presente que sempre é necessário selecionar. Mas como
podemos selecionar se não somos capazes de observar como se produz, no presente,
a diferença entre passado e futuro. A hipótese aqui, é que o presentismo impede,
paradoxalmente, a observação do presente. A questão é observar o presente.
O presente enquanto tal é inobservável porque observar o presente é,
simultaneamente, construir a diferença entre presente e passado, presente e futuro.
Apenas desde uma perspectiva não-presentista se pode observar o presente, como o
ponto desde o qual é possível representar o futuro e construir um passado. O futuro
é o tempo para o qual todas as escolhas estão orientadas. Nesse ponto devemos
sempre dizer futuros. Que se reduzem a um futuro como consequência de cada
escolha, mas cada redução de futuros possíveis abre outros futuros que não existiam
antes.
Essas reflexões irão motivar, nesse quarto eixo de nossa pesquisa, pensar na
função do direito na sociedade presentista. Seria essa, ainda, aquela de criar vínculos
com o futuro? Ou estaríamos passando por uma fase, como já sinalizou Franz
Neumann em outras épocas, de “mudança de função do direito”? Nessa etapa de
nossa pesquisa, irei trabalhar com Raffaele De Giorgi na Cátedra Ecologia do não
saber: espaços jurídicos do futuro, junto ao Colégio Brasileiro de Altos-Estudos da
UFRJ. A cátedra consiste num esforço conjunto de se pensar o futuro do direito e o
direito ao futuro, no contexto de criação, na UFRJ, de um Instituto do Futuro, de
natureza transdisciplinar.
Se o instituto e a própria pesquisa reproduzem o desejo de um futuro, pretende-
se levar em consideração que, para descrever amanhãs desejáveis, pensamos em uma
ecologia do não-saber. Nessas condições, escreveu De Giorgi no projeto da Cátedra, a
“desejabilidade é a liberdade de agir na complexidade e de reproduzir sempre novas
possibilidades de escolha para cada futuro que se descarrega no passado”. Levando
em conta essa liberdade é que pretendemos pensar num direito ao futuro como forma
de resistência no contexto de uma sociedade presentista. Um direito que incorpore o
sonho e a utopia, nas condições de complexidade da sociedade moderna.
7. Metodologia
38
A metodologia a ser adotada é a indutiva, apoiada na pesquisa bibliográfica no
campo da Sociologia do Direito, da Filosofia Política, da Teoria do Direito e da
literatura.
Será realizada pesquisa de campo com realização de entrevistas e coleta de
dados na mídia escrita e na filmografia que aborde a temática.
8. Cronograma de Desenvolvimento
Atividade/ Mês mar abr mai jun Jul ago set out nov dez jan fev
Levantamento bibliográfico
Atividade/ Mês mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev
39
Preparação e Realização de
Seminário
Atividade/ Mês mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev
Revisão Bibliografica e
preparação da pesquisa de campo
Preparação e realização da
Pesquisa de Campo, com
entrevistas e observação de
situações de exceção
Análise dos resultados e
elaboração de relatórios sobre a
pesquisa de campo
Elaboração de artigo cientifico e
envio para publicação
Atividade/ Mês mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev
Revisão Bibliografica e
preparação da pesquisa de campo
Realização de Seminário – O
futuro do Direito e o Direito ao
Futuro
Redação de artigo e envio para
publicação
40
9. Plano de aplicação dos recursos oriundos da taxa de bancada
41
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