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WBA0920_v1.

APRENDIZAGEM EM FOCO

HABILIDADES VISUOESPACIAIS,
PRAXIAS E GNOSIAS: ASPECTOS
TEÓRICOS E INSTRUMENTOS DE
AVALIAÇÃO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Aline Monique Carniel
Leitura crítica: Elisangela Toth

Nessa disciplina, você poderá conhecer algumas funções cerebrais


que possibilitam a relação entre o homem e o mundo ao seu redor:
as habilidades visuoespaciais, as praxias e as gnosias.

As habilidades visuoespaciais estão presentes na maioria das


atividades cotidianas e permitem a identificação de tamanho,
dimensão, forma e distância dos lugares e dos objetos. Por meio
dessas habilidades, é possível posicionar o corpo com relação ao
ambiente, desviar de obstáculos, fazer esportes, estacionar o carro,
imaginar um lugar ou traçar uma rota.

As praxias são responsáveis pela capacidade de realizar movimentos


organizados com uma finalidade, como pentear os cabelos, escovar
os dentes ou colocar os sapatos. Essa capacidade é necessária para
a execução de atividades simples e complexas, para a compreensão
da funcionalidade dos objetos e para o uso adequado desses
utensílios.

As gnosias garantem ao homem a identificação do mundo utilizando


seus sentidos: visão; audição; olfato; paladar; e tato. Tornam
possível o reconhecimento de imagens; cores; rostos; sons; sabores;
texturas; formas; e cheiros.

Os órgãos dos sentidos e as estruturas cerebrais relacionadas


à percepção são fundamentais, para que essas habilidades se
desenvolvam de forma saudável. Quando ocorrem alterações
nessas estruturas, tais capacidades também são afetadas, causando
diversos prejuízos para a funcionalidade e qualidade de vida das
pessoas.
2
Por isso, nessa disciplina você poderá aprender quais os transtornos
relacionados às habilidades visuoespaciais, praxias e gnosias,
além de conhecer os testes neuropsicológicos mais utilizados
para mensurar tais distúrbios como o Teste da Figura Complexa
de Rey, o Teste de Retenção Visual de Benton (BVRT), o Teste
Gestáltico Viso-Motor de Bender, o Instrumento de Avaliação
Neuropsicológica Breve NEUPSLIN nas versões adulto e infantil, a
Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III) e a Escala de
Inteligência Wechsler para Crianças (WISC-IV).

Convidamos você a conhecer mais sobre como a neuropsicologia


pode atuar na avaliação de funções indispensáveis para o nosso
cotidiano, será um prazer tê-lo conosco!

INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira


direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática
abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar
reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática
profissional. Vem conosco!

3
INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 1

Conceito de habilidades
visuoespaciais e alterações
relacionadas
______________________________________________________________
Autoria: Aline Monique Carniel
Leitura crítica: Elisangela Toth
DIRETO AO PONTO

As habilidades visuoespaciais estão presentes na maioria das


atividades cotidianas e atuam como um mediador na relação
entre o ser humano e o mundo. São responsáveis pela percepção
e orientação espacial, permitem a identificação de tamanho,
dimensão, forma e distância dos lugares e dos objetos. Por meio
dessas habilidades, é possível posicionar o corpo com relação
ao ambiente, desviar de obstáculos, praticar esportes, estimar a
distância entre dois objetos, estacionar o carro, imaginar um lugar,
traçar e memorizar rotas.

O primeiro passo para que essas atividades sejam executadas


é a captação de estímulos disponíveis no ambiente, realizada
pelos órgãos dos sentidos. Eles atuam na detecção e codificação
das informações do ambiente e possibilitam que as informações
cheguem até o cérebro, onde serão interpretadas pelo processo de
percepção. Esse processo permite identificar, planejar e executar
comportamentos adequados frente às situações.

A seleção dos estímulos visuoespaciais, também está relacionada


ao controle atencional, que pode ser executado pelos sistemas
bottom-up (de baixo para cima) e top-down (de cima para baixo). A
rede bottom-up é classificada como ascendente, pois diz respeito
à atenção aos estímulos instintivos e involuntários. Ela permite
elaborá-los como realmente se apresentam, envolve a região
temporoparietal e o córtex frontal ventral.

Já o circuito top-down é considerado como descendente, pois


se origina no córtex cerebral e sobrepõe-se aos mecanismos
instintivos. Abrange os campos oculares frontais e o lobo parietal
superior. Viabiliza direcionar a atenção de acordo com o desejo,
escolher os estímulos que são relevantes para uma tarefa e ignorar
aqueles que não são necessários.
5
Os processos executivos também são responsáveis pela seleção
desses estímulos. Organizam as informações para a identificação
e interpretação visuoespacial, além da retenção e manipulação
de representações mentais. Assim, são partes integrantes do
sistema de memória operacional, que consiste na capacidade de
apreender as informações por um breve período, para posterior
processamento da memória e formulação de resposta.

O modelo de Baddeley (2012) propõe que esse tipo de memória


abarca o componente executivo central (diretor dos recursos
atencionais), a alça fonológica (responsável por reter o conteúdo
verbal e importante para a aquisição de palavras, coerência e
compreensão de discursos), o esboço visuoespacial (encarregado
pela manipulação e armazenamento de estímulos visuais e
espaciais, imprescindível para a orientação espacial, localização
geográfica, movimentação dos olhos e representação da página
durante a leitura) e por fim, o buffer episódico (integrador das
funções verbal e espacial, e de ambas com a memória de longo-
prazo).

O esboço visuoespacial também foi subdividido em dois


armazenadores, o visual cache (armazenador visual passivo) e o
innerscribe (armazenador espacial ativo). O primeiro, visual cache,
guarda os conteúdos visuais estáticos, como formas, texturas
e cores de uma cena. O segundo, innerscribe, retém as relações
espaciais da cena, armazenamento da sequência dos eventos no
campo visual e associação das informações mantidas no visual
cache.

6
Figura 1 – Modelo de Baddeley

Fonte: elaborada pela autora.

Dessa forma, é possível o desenvolvimento das habilidades


visuoespaciais como a busca visual, a organização visual, a
orientação espacial e a visuoconstrução. A busca visual permite
localizar informações do campo visual e avaliá-las de forma rápida e
eficiente. Por sua vez, a organização visual consiste na organização
de figuras completas ou incompletas. Quando a orientação espacial,
localizar no espaço com base nas informações visuais. Por fim, a
visuoconstrução diz respeito à manipulação manual de informações
espaciais a fim de criar um design ou reproduzir um modelo.

As áreas de associação sensorial são responsáveis pelo


funcionamento visuoespacial. No entanto, quando lesionadas,
podem causar danos significativos nessas habilidades. Lesões no
córtex primário podem provocar a chamada cegueira cortical, ou
seja, incapacidade de receber informações dos estímulos visuais.
Lesões no córtex secundário podem produzir agnosia visual que
consiste em não reconhecer objetos do cotidiano ao vê-los, somente
7
ao tocá-los; cegueira verbal que diz respeito à dificuldade de
reconhecer as palavras; e a alexia que é a perda da capacidade de
compreender a linguagem escrita ou impressa.

Outras alterações podem ser encontradas no sistema visuoespacial


como: 1) prosopagnosia, inabilidade de reconhecer faces de
pessoas familiares; 2) desorientação geográfica, déficits no senso
de localização, apesar de identificar o ambiente; 3) desorientação
topográfica, dificuldade de se relacionar com o espaço externo; 4)
apraxia construtiva, falhas para elaborar desenhos e construções
tridimensionais; 5) ataxia óptica: prejuízos na integração visual
e motora, acarretando a perda do controle muscular durante os
movimentos voluntários; 6) heminegligência, falência ao orientar-
se ou responder a estímulos gerados do lado contralateral à lesão
cortical; 7) discalculia, secundária às alterações visuais, na qual o
indivíduo apresenta dificuldade de calcular operações no papel ou
mentalmente.

Referências bibliográficas
BADDELEY, A. D. WorkingMemory: theories, models andcontroversies. Annual
Review of Psychology, v. 63, p. 1-29, 2012.

PARA SABER MAIS

A discalculia é um transtorno específico de aprendizagem


relacionado a déficits nas habilidades matemáticas. Pessoas que
possuem o diagnóstico desse transtorno apresentam dificuldades
em conceitos numéricos simples, noção abstrata dos números,
tempo, medida, cálculo e resolução de problemas.

A etiologia desse fenômeno está ligada a alterações neurológicas


que podem ser ocasionadas, por exemplo, por distúrbios no Sistema
8
Nervoso Central, desenvolvimento neurológico (hereditariedade)
e memória operacional. Todavia, essas disfunções não estão
relacionadas ao coeficiente intelectual, deficiência visual, deficiência
auditiva ou lacunas na escolarização.

Na literatura, são encontradas diversas classificações quanto às


manifestações de discalculia. A obra de Cunha (2015) discorre sobre
a pesquisa de Senzer (2001) que aponta para cinco subtipos: 1)
Gráfica: dificuldade na escrita dos números; 2) Léxica: dificuldade
na leitura de símbolos matemáticos; 3) Operacional: dificuldade na
realização de cálculos; 4) Practográfica: dificuldade na manipulação
de números ou representações matemáticas; 5) Espacial: dificuldade
para organizar números de acordo com uma estrutura espacial,
pode estar relacionada à avaliação e organização visuoespacial.

Desse modo, compreende-se que os déficits observados na


discalculia vão além da identificação do número e execução de
cálculos, pois também abarcam a percepção visual, organização da
informação e resolução de problemas. Tais características envolvem
as habilidades visuoespaciais, visto que elas atuam no processo de
representação mental dos números e de grandezas matemáticas.

Alguns sintomas da discalculia que podem sofrer impacto de


alterações nas funções visuoespaciais são a dificuldade na avaliação
de tamanho, forma, quantidade e distância; os erros na integração
entre o número e a quantidade; problemas para posicionar os
números em uma operação (utiliza espaço exacerbado ou limitado
para a realização das contas); erros na cópia dos algarismos como
confusão entre números parecidos; e dificuldades na percepção e
reprodução de noções espaciais e temporais.

É importante ressaltar que vários mecanismos estão envolvidos


na manifestação desse transtorno de aprendizagem. Disfunções
executivas, prejuízos no conhecimento semântico numérico, déficits

9
na memória operacional verbal e visual, também podem estar
relacionados à discalculia. Logo, o reconhecimento do impacto das
alterações visuoespaciais e a identificação do tipo de discalculia, são
procedimentos relevantes para intervenções que visam melhorar a
aprendizagem dos discálculos.

Referências bibliográficas
CUNHA, A. E. Práticas pedagógicas para a inclusão e diversidade. Rio de
Janeiro: Wak Editora, 2015.

TEORIA EM PRÁTICA

A família de um homem de 82 anos procurou o consultório para


avaliação neuropsicológica, devido ao encaminhamento do médico
neurologista. Referem buscar o atendimento após vários episódios
de desorientação do paciente. O idoso reside há 20 anos no mesmo
bairro e sempre manteve o hábito de realizar sua caminhada
matinal, encerrando-a com um cafezinho em uma padaria no
meio do caminho. Há duas semanas, a família foi procurada por
conhecidos do bairro que encontraram o senhor no centro da
cidade, procurando a padaria próxima à sua casa. Situações como
essa também aconteceram há 1 mês, quando o senhor, ao sair de
uma celebração religiosa, não conseguiu seguir o caminho para
sua casa. Foi encontrado pela família nos arredores da igreja,
acreditando que estava caminhando em direção à sua residência.
Esse paciente possui critérios para a realização de uma avaliação
neuropsicológica? Qual hipótese diagnóstica pode estar por trás das
queixas apresentadas? A investigação das habilidades visuoespaciais
seria válida nesse caso?

10
Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,
acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

Trata-se de uma revisão de literatura, que aborda a importância


dos processos cognitivos visuoespaciais na aprendizagem de
crianças em idade escolar. Inicialmente, apresenta as definições e os
principais mecanismos funcionais, bem como evidências de várias
pesquisas que abordam a importância dos processos de atenção,
inibição e memória operacional nas tarefas visuoespaciais. Defende

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que o ambiente visual externo, deve ser analisado de acordo com
os processos cognitivos básicos, concluindo com a identificação da
necessidade de estudos sistemáticos sobre a relação entre estes
dois elementos (cognição e ambiente).

RODRIGUES, P. F. S. Processos cognitivos visuoespaciais e ambiente visual


circundante: implicações educacionais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília,
v. 32, n. 04, 2016.

Indicação 2

Este trabalho apresenta conceitos da memória de trabalho


visuoespacial, descreve o funcionamento do esboço visuoespacial
e a dissociação entre memória espacial e visual. Discriminando
cada conceito a partir de uma revisão de estudos neurológicos,
apresentando suas características e métodos avaliativos. O artigo
pretende discutir o fracionamento da memória visuoespacial em
seus componentes visuais e espaciais.

GALERA, C., GARCIA, R. B.; VASQUES, R. Componentes funcionais da memória


visuoespacial. Estudos Avançados, São Paulo, v. 27, n. 77, p. 29-44, 2013.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

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1. Escolha a alternativa com a sequência de palavras que completa
corretamente o texto abaixo.

O esboço __________ também foi subdividido em dois


armazenadores, o visual cache e o innerscribe. O __________,
guarda os conteúdos visuais estáticos, como formas, texturas
e cores de uma cena. O __________, retém as relações espaciais
da cena, armazenamento da sequência dos eventos no campo
visual e associação das informações mantidas no __________.

a. Visuoespacial; visual cache; innerscribe; visual cache.


b. Visuoespacial; innerscribe; visual cache; visual cache.
c. Heminegligência; innerscribe; visual cache; visuoespacial.
d. Visuoespacial; visual cache; innerscribe; visual cache.
e. Visuoespacial; visual cache; innerscribe; innerscribe.

2. Assinale a alternativa que apresenta corretamente as


funções das habilidades visuoespaciais.

a. São responsáveis por posicionar o corpo com relação


ao ambiente, desviar de obstáculos e relembrar os
acontecimentos.
b. São responsáveis pela captação de estímulos auditivos
disponíveis no ambiente.
c. São responsáveis pela orientação temporal, que permite
posicionar o corpo com relação ao ambiente, desviar de
obstáculos, praticar esportes, estimar a distância entre dois
objetos e identificar cheiros agradáveis.
d. São responsáveis pela percepção e orientação espacial,
permitem a identificação de tamanho, dimensão, forma e
distância dos lugares e dos objetos.

13
e. São responsáveis pela percepção e orientação espacial,
dificultando que o sujeito identifique o tamanho, dimensão,
forma e distância dos lugares e dos objetos.

GABARITO

Questão 1 - Resposta A
Resolução: Baddeley dividiu o esboço visuoespacial em dois
armazenadores, sendo o visual cache responsável pela guarda
dos conteúdos visuais estáticos, e o innerscribe pela retenção
das relações espaciais da cena e da associação das informações
mantidas no visual cache.
Questão 2 - Resposta D
Resolução: As habilidades visuoespaciais estão presentes na
maioria das atividades cotidianas e atuam como um mediador
na relação entre o ser humano e o mundo. São responsáveis
pela percepção e orientação espacial, permitem a identificação
de tamanho, dimensão, forma e distância dos lugares e dos
objetos. Por meio dessas habilidades, é possível posicionar o
corpo com relação ao ambiente, desviar de obstáculos, praticar
esportes, estimar a distância entre dois objetos, estacionar o
carro, imaginar um lugar, traçar e memorizar rotas.

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 2

Conceitos e tipos de praxias


______________________________________________________________
Autoria: Aline Monique Carniel
Leitura crítica: Elisangela Toth
DIRETO AO PONTO

A sobrevivência do ser humano depende intrinsecamente de sua


relação com o mundo. Para interagir com seu ambiente e adaptar-se
às demandas do meio, o corpo humano precisa estar em constante
movimento sejam eles voluntários ou involuntários.

As respostas reflexas são movimentos involuntários diante de um


estímulo, como a diminuição da pupila frente à luz, o reflexo da
patela após a estimulação do joelho ou a retirada imediata da mão
de um objeto que está quente. Já os padrões motores rítmicos,
determinam o começo e o fim de uma sucessão de movimentos
que, depois de estabelecidos, continuarão a ser realizados de forma
automática, como comer e andar.

Os movimentos voluntários são distintos por serem executados


mediante a um objetivo. Eles podem ser eliciados por estímulos
externos ou pela motivação do indivíduo, tem um propósito
estabelecido e são aprendidos durante a vida, por exemplo, ler,
tocar um instrumento musical ou digitar no computador.

A habilidade de realizar movimentos organizados em torno de uma


meta é definida como praxia. Essa habilidade é imprescindível para
o cotidiano, pois está envolvida na execução de atividades simples
e complexas, direcionadas a determinado fim, como sorrir, escrever
ou dançar. As praxias abarcam a compreensão da funcionalidade
dos objetos, para que possam ser manipulados para a realização de
uma ação.

As regiões cerebrais envolvidas no início, manutenção e finalização


das ações são chamadas de córtex motor. Situado principalmente
no lobo frontal na frente do sulco central, integra diversas áreas
cerebrais para possibilitar a realização dos movimentos. O córtex
motor é subdividido em diversas áreas: córtex motor primário; área
16
motora suplementar; áreas pré-motoras; área de Broca; e córtex
parietal posterior.

O córtex motor primário pode ser considerando como o


comandante dos movimentos, isso porque origina os impulsos
elétricos que atuam como mensageiros, que levam para os
músculos as ordens para a produção das ações voluntárias. A área
motora suplementar funciona como o maestro dos movimentos,
pois cria e organiza as sequências das ações a serem executadas.

Enquanto isso, as áreas pré-motoras são as guardiãs das memórias


dos movimentos executados durante a vida. Auxiliam o córtex
motor primário na coordenação das ações e estão relacionadas
como alguns movimentos necessários para a fala. Considerando
a linguagem oral, ressalta-se a área de Broca como a principal
encarregada pelos movimentos necessários para a fala.

Outra área muito importante para a execução dos movimentos é o


córtex parietal posterior. No entanto, nem sempre é considerado
como uma área motora, devido ao fato de funcionar como um
intermediário entre os estímulos visuais e os estímulos motores.
Por isso, também pode ser considerado como parte integrante do
sistema sensorial.

17
Figura 1 – Formação do córtex motor

Fonte: elaborada pela autora.

Quando o funcionamento dessas áreas é alterado seja por lesões,


tumores ou sangramento craniano podem ser observados déficits
na efetivação dos movimentos, como o uso de objetos (por exemplo,
escovar os dentes e utilizar talheres) e a realização de atividades
motoras familiares (por exemplo, fazer sinal de positivo).

Tais dificuldades recebem o nome de apraxia, distúrbio que gera


prejuízos na realização de atividades motoras orientadas para uma
finalidade, limitando a prontidão para a execução das ações mesmo
que o indivíduo mantenha as áreas sensoriais, a aptidão física, a
compreensão da ação e a motivação para realizá-las preservadas.
Existem diversas classificações para as apraxias, e essas divisões são
estabelecidas de acordo com as capacidades afetadas.

Problemas para efetuar gestos direcionados por um pedido


ou orientação, são classificados como apraxia ideomotora. As
pessoas que possuem esse acometimento conhecem a ação
solicitada, entretanto, não conseguem fazê-la de forma motora.
Essas perturbações estão relacionadas especialmente a danos
no córtex parietal. Já as alterações na organização dos estímulos,
para reproduzir uma imagem e fazer desenhos em mais de uma

18
dimensão, são chamadas de apraxia visuoconstrutiva, que também
estão associadas a lesões no córtex parietal.

A apraxia ideatória é definida pela inabilidade na execução das


tarefas complexas, como o manuseio dos objetos. Está ligada
a perturbações têmporo-parietais e pode ser vista a partir da
sequência de atos desorganizados diante de um objeto. Deve
atentar para a diferença entre a dificuldade de reconhecimento
visual e tátil e os prejuízos na manipulação dos itens. Por outro lado,
a apraxia reflexiva diz respeito aos prejuízos na efetivação de ações
desconhecidas, acarretando dificuldades para aprender e repetir
novos gestos abstratos.

Alguns tipos de apraxia podem interferir diretamente na realização


de atividades de vida diária. A apraxia facial (disfunção na
movimentação de órgãos e músculos do rosto); a apraxia de marcha
(incapacidade de efetuação dos passos); e apraxia do vestir (erros
na atividade de colocar roupas de forma adequada), são alguns
exemplos dos transtornos causados por tal alteração, além dos
impactos na funcionalidade e qualidade de vida dos sujeitos.

Referências bibliográficas
GIL, R. Neuropsicologia. 2. ed. São Paulo: Livraria Santos, 2002.

PARA SABER MAIS

As apraxias motoras podem ser diferenciadas segundo Luria (1978),


precursor da neuropsicologia atual, como apraxias melocinética e
cinestésica. Essa distinção ocorre devido ao fato de que na apraxia
ideomotora, os movimentos automáticos são mantidos, enquanto,
que na apraxia melocinética ocorre a preservação somente de

19
gestos isolados e na apraxia cinestésica a perda de controle durante
a realização da ação.

Os impactos observados como consequência da apraxia


melocinética atingem principalmente, a coordenação motora fina,
seja para movimentos voluntários ou involuntários. Indivíduos com
tal comprometimento encontram problemas para a realização de
sequências de gestos finos como abrir e fechar as mãos diversas
vezes, unir dedos da mesma mão ou dedilhar.

Nesses quadros, quando ocorrem tentativas para a execução


dos movimentos, notam-se reproduções sem ritmo ou destreza,
rapidamente interrompidas. Assim, é comum que a sucessão de
gestos seja substituída por repetições do mesmo gesto por um único
membro, por exemplo, uma pessoa com dificuldade para abrir e
fechar todos os dedos de uma mão pode fazer o movimento de abrir
e fechar somente um único dedo.

Essa apraxia pode ser caracterizada por alterações nos padrões


dinâmicos das ações e lesões na área pré-motora, impedindo
aefetivaçãodos atos motores finos.

Por sua vez, a apraxia cinestésica está associada a lesões na


área sensório-motora do córtex pós-central, gerando déficits na
captação de impulsos aferentes (recepção de informações das áreas
sensoriais) e na efetivação dos movimentos (quando os impulsos
eferentes não possuem as informações do ambiente, reproduzem
movimentos descontrolados).

Dessa forma, a apraxia cinestésica ocasiona alterações na habilidade


de reproduzir gestos necessários para o uso de um objeto ou
para colocar as mãos em uma determinada posição. As imitações
também podem ser realizadas de forma incorreta quando as lesões

20
alcançam o controle visual, diminuindo a sensibilidade cinético-
postural.

Referências bibliográficas
LURIA, A. R. Fundamentos de Neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos
e Científicos/EdUSP, 1981.

TEORIA EM PRÁTICA

Uma neuropsicóloga recebe em seu consultório um paciente com o


seguinte histórico: homem de 56 anos, casado, tem 3 filhos, possui
ensino superior completo e trabalha como contador. Destro, sempre
demonstrou muita facilidade com cálculos matemáticos. Há 2 meses
estava em seu escritório quando começou a sentir formigamento
no braço e na perna esquerdos. Quando se levantou para chamar
por ajuda, percebeu que também tinha prejuízos para caminhar e
logo em seguida, perdeu a consciência. No hospital foi informado
que sofreu um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi), no
hemisfério esquerdo do cérebro. Após o evento, o paciente notou
limitações que impactaram diretamente suas atividades cotidianas.
Não consegue mais fazer uso de objetos do dia a dia, como escova
de dente, talheres e chaves. Considerando a descrição do caso, é
viável que esse paciente realize uma avaliação neuropsicológica,
tendo em vista que os déficits se iniciaram após o AVCi? Existe a
possibilidade de estar apresentando um quadro de apraxia? Se sim,
qual tipo de apraxia poderia ser esse?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

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LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

A pesquisa apresentada buscou compreender se pacientes


com Alzheimer em fase inicial demonstravam apraxia desde o
diagnóstico da doença. Para tanto, os participantes foram divididos
em dois grupos: idosos com doença de Alzheimer e idosos sem o
diagnóstico. Após avaliação dos padrões de movimento, concluíram
que o grupo com doença de Alzheimer manifestou dificuldades nas
atividades que envolviam praxia ideomotora e reflexiva.

ANDRADE, T. S. S. Análise de execução de movimentos em indivíduos


diagnosticados com doença Alzheimer na fase inicial. 2020. 63 p.
Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde) - Instituto Universitário
da Maia, Portugal, 2020.

22
Indicação 2

Este trabalho discorre sobre a elaboração de um protocolo que


possibilita a identificação de sinais de apraxia da fala, em crianças de
3 a 6 anos de idade. O estudo apresenta os índices de confiabilidade
do instrumento e as categorias que devem ser analisadas para
auxiliar a confirmação da hipótese diagnóstica de apraxia da fala em
pré-escolares.

SANTOS, T.R. Elaboração de um checklist para identificação de sinais de


apraxia de fala na infância. 2019. 111 p. Dissertação (Mestrado em Ciências
no Programa de Fonoaudiologia) - Universidade de São Paulo, Bauru, 2019.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Os movimentos involuntários são realizados pelo ser humano de


forma automática, independentemente de seu desejo. Podem
ser considerados como movimentos involuntários, somente:

a. Piscar, bocejar, espirrar e falar.


b. Piscar, bocejar, soluçar e falar.
c. Respirar, piscar, dançar e falar.
d. Respirar, piscar, bocejar e soluçar.
23
e. Respirar, piscar, espirrar e pular.

2. Existem diversas classificações para as apraxias, e essas


divisões são estabelecidas de acordo com as capacidades
afetadas. Assinale a alternativa que menciona corretamente
tipos de apraxias.

a. Ideatória, ideomotora, visuoconstrutiva e reflexiva.


b. Ideatória, ideomotora, visuoconstrutiva e ativa.
c. Ideatória, ideomotora, apraxia de marcha e apraxia de
velocidade.
d. Ideatória, ideomotora, apraxia de marcha e apraxia de parada.
e. Ideatória, ideomotora, apraxia de vestir e apraxia de parada.

GABARITO

Questão 1 - Resposta D
Resolução: Os movimentos de respirar, piscar, bocejar, soluçar
e espirrar acontecem de forma automática no organismo
humano, e não dependem de sua vontade ou decisão, por isso
são considerados involuntários. Enquanto, falar, dançar e pular
são ações que requerem a intenção do sujeito para serem
realizadas.
Questão 2 - Resposta A
Resolução: As apraxias são classificadas como: ideatória,
ideomotora, visuoconstrutiva, reflexiva, apraxia de marcha,
apraxia de vestir e apraxia facial.

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 3

Conceitos e tipos de gnosias


______________________________________________________________
Autoria: Aline Monique Carniel
Leitura crítica: Elisangela Toth
DIRETO AO PONTO

A gnosia garante ao homem a identificação do mundo utilizando


seus sentidos. Para que esse processo ocorra de forma intacta,
conta com a participação dos órgãos dos sentidos e das
estruturas cerebrais relacionadas à percepção. Quando essa
capacidade é afetada seja por lesões cerebrais, tumores, doenças
neurodegenerativas ou acidentes vasculares cerebrais, ocorrem às
chamadas agnosias.

Esse transtorno pode causar problemas no reconhecimento de


objetos, cores, rostos, sons, sabores, texturas, formas e cheiros.
Nas agnosias o funcionamento dos órgãos dos sentidos não é
impactado, mas a localização das lesões cerebrais é um fator
importante para determinar quais habilidades serão alteradas.

Os danos cerebrais que provocam as agnosias são considerados


intermediários, isso porque acontecem entre as áreas de captação
sensorial e o centro da percepção. As áreas unimodais conectam as
vias sensoriais e motoras as regiões do cérebro responsáveis pela
associação dos estímulos, pela memória e pelas emoções.

As áreas unimodais de associação visual são divididas em duas


vias: a dorsal que analisa onde a informação visual se encontra, e
a ventral, que decifra as características da informação como cores,
formas e tamanhos. Um processo semelhante ocorre nas áreas
de associação auditiva, também segmentadas em duas vias. A via
ventral é a responsável pela distinção dos sons e das vozes e a via
dorsal pela localização e interpretação do conteúdo dos sons. Já as
áreas de associação somatossensoriais têm a função de localizar,
explorar e manipular os estímulos de forma tátil, além de guardar as
memórias táteis. Seria interessante dizer que esse acesso acontece
por alguma lesão ligada ao córtex visual – nós temos o córtex
sensorial, auditivo.
26
Outros locais envolvidos no reconhecimento das informações do
ambiente são as áreas de associação supramodais. Essas áreas se
comunicam com diversas regiões unimodais e integram os estímulos
sensoriais.

Figura 1 – Áreas de associação sensorial

Fonte: elaborada pela autora

Deterioração em qualquer uma dessas estruturas pode levar a


quadros de agnosia. As agnosias visuais dizem respeito a problemas
para identificar figuras, objetos, (alexia) – percepção da escrita
e letras, cores (acromatopsia) e faces (prosopagnosia) somente
com o auxílio da visão. Pessoas com esse comprometimento,
necessitam de auxílio de outros caminhos sensoriais para efetuar o
reconhecimento dos estímulos.

Essa alteração pode afetar os dois hemisférios ou estar presente em


apenas um hemisfério. Nesse caso, recebe o nome de hemiagnosia
ou heminegligência. As agnosias visuais ainda podem ser divididas
em agnosias aperceptivas e associativas.

27
Na primeira, aperceptiva, ocorrem distúrbios na percepção
visual, assim, o indivíduo sabe que está diante de um objeto, tem
consciência sua dificuldade em nomeá-lo, porém, não consegue
classificar, reproduzir ou manusear o estímulo ao qual está diante.
Um tipo de agnosia aperceptiva é a simultagnosia, caracterizada
pela dificuldade de reconhecer as figuras como um todo, permite
compreender somente partes isoladas ou um objeto por vez.

Na segunda, associativa, os sujeitos também não podem diferenciar


os objetos, no entanto, conseguem reproduzi-los e utilizá-los. Pode
atingir todas as modalidades visuais ou somente algumas classes
de estímulos (preservação do reconhecimento de seres humanos,
comprometimento do reconhecimento de objetos).

Outras agnosias que afetam um aspecto da visão são a


acromatopsia e a prosopagnosia. A acromatopsia refere-se a déficits
da percepção das cores, enquanto a prosopagnosia à inabilidade
de distinguir fisionomias familiares, seja de parentes, amigos,
conhecidos ou personalidades famosas. Nesses casos, o paciente
faz a distinção por meio de outras características pessoais, como
roupas, timbre da voz ou forma de andar.

Além das capacidades visuais, as agnosias podem afetar a percepção


espacial. A agnosia topográfica é marcada pela desorientação
do indivíduo no espaço, mesmo que ele esteja em um ambiente
previamente conhecido. A agnosia espacial unilateral, também está
relacionada à localização espacial, nesse caso, acomete a capacidade
de identificar os dois hemisférios (direito e esquerdo), seja no corpo
ou no espaço.

Considerando os impactos no esquema corporal a autotopoagnosia


configura-se pela dificuldade de especificar as partes do
próprio corpo, mesmo frente a um espelho. Em contrapartida, a
heterotopoagnosia é marcada pela inabilidade de relatar as partes

28
do corpo de outra pessoa. A anosognosia diz respeito à habilidade
de reconhecer as próprias limitações, em quadros de anosognosia,
o paciente não admite os déficits proeminentes, mesmo que lhes
sejam evidenciados.

Na agnosia somatossensorial é o reconhecimento dos utensílios


por meio do tato que é afetado. Pessoas que possuem esse tipo de
agnosia, não conseguem saber o que estão tocando, até poderem
avaliar o objeto por meio de outros sentidos. O mesmo fenômeno
acontece na agnosia gustativa com os sabores, que são sentidos,
contudo, não são diferenciados, enquanto na agnosia olfativa com
os cheiros, que são captados pelo olfato, mas são não diferenciados.

Por fim, nas agnosias auditivas, ocorre a perda da capacidade de


distinção dos sons. Podem ser especificadas em agnosia auditiva
aperceptiva (problemas na ligação de sons semelhantes como notas
musicais, por exemplo) e em agnosia auditiva associativa (déficits
para associar os sons que são produzidos).

Referências bibliográficas
CAIXETA, L.; TEIXEIRA, A. L. Neuropsicologia Geriátrica: neuropsiquiatria
cognitiva em idosos. Porto Alegre: Artmed, 2014.
GIL, R. Neuropsicologia. 2. ed. São Paulo: Livraria Santos, 2002.

PARA SABER MAIS

A capacidade de gnosia é fundamental para a autonomia e


realização das atividades de vida diária. Essa habilidade pode sofrer
alterações devido às lesões cerebrais, neoplasias, sangramentos
intracranianos e doenças neurodegenerativas, como as demências.

29
Não é possível afirmar que todos os quadros de demência
produzirão impactos gnósticos para o paciente, por isso, é
necessário o conhecimento do perfil neuropsicológico de cada
doença e a realização de uma avaliação cuidadosa com testes
neuropsicológicos adequados, a fim de contemplar os critérios
diagnósticos corretos para todos os casos.

Na doença de Alzheimer, os sintomas de agnosia são mais


frequentes em quadros moderados. Nessa fase, são notados
prejuízos no reconhecimento de pessoas, no uso de objetos
familiares e na orientação espacial. Em estágios iniciais, essas
funções geralmente são preservadas, exceto em casos que se
iniciam com agnosia visual ou de atrofia cortical posterior (subtipo
raro da doença de Alzheimer que afeta as funções visuais).

A doença de Parkinson, transtorno no Sistema Nervoso Central que


compromete a execução dos movimentos, pode manifestar-se como
uma demência em seus estágios mais graves. Entre as principais
alterações encontradas em demências na doença de Parkinson está
a prosopagnosia, incapacidade de identificação facial.

A demência com corpos de Lewy, resultante do acúmulo indevido


de proteínas cerebrais, também produz problemas relacionados
à agnosia topográfica (desorientação espacial devido à falta
de integração da percepção espacial), alterações nos testes de
visuoconstrução e no sono REM. Essas alterações podem estar
relacionadas à baixa irrigação sanguínea no córtex occipital, devido
aos corpos de Lewy.

Demências vasculares também têm como sintomas impactos


perceptivos. Nesse tipo de demência é importante observar quais
áreas foram lesionadas, a fim de prever os danos ocasionados.

30
Lesões na região parietal e occipital dominante, geralmente
acarretam agnosia digital (inaptidão para diferenciar os dedos
das mãos), alterações na região parietal e occipital bilateral
desencadeiam a chamada simultanagnosia (inabilidade de distinguir
mais de um objeto ao mesmo tempo). Danos no lobo parietal não
dominante podem produzir a incapacidade de distinção das partes
do corpo. Já lesões no lobo occipital não dominante ou bilateral
podem causar a prosopagnosia.

Em outras doenças neurodegenerativas, como as demências


frontotemporais, a afasia progressiva primária e a demência
semântica, geralmente não são observados danos no processo de
gnosia.

Referências bibliográficas
CAIXETA, L.; TEIXEIRA, A. L. Neuropsicologia Geriátrica: neuropsiquiatria
cognitiva em idosos. Porto Alegre: Artmed, 2014.

TEORIA EM PRÁTICA

Paciente do sexo feminino, 27 anos, canhota, casada, com formação


superior em Letras, trabalha com professora. Iniciou quadro
de alterações visuais e foi encaminhada pelo oftalmologista ao
neurologista, que após exames, identificou um adenoma hipofisário.
A paciente foi submetida à ressecção do tumor e no pós-operatório,
uma tomografia identificou alterações próximas à região da
cirurgiafronto-têmporo-parietal esquerda. Dois meses após os
exames de imagem, realizou uma avaliação neuropsicológica
que evidenciou déficits atencionais, executivos, motores e
visuoespaciais. Além disso, apresentou prejuízos significativos na
habilidade de identificar e nomear os objetos quando não podia
vê-los, principalmente ao usar a mão direita. No entanto, quando
31
o teste foi aplicado com a possibilidade de visualizar e nomear
cada objeto, reconheceu e classificou corretamente cada um deles.
Os resultados da avaliação neuropsicológica estão relacionados
às áreas alteradas durante a cirurgia neurológica? As alterações
apresentadas demonstram algum tipo de agnosia? Durante a
avaliação neuropsicológica, podem ser encontradas mais de uma
região cerebral alterada?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

32
Indicação 1

Neste livro é possível encontrar a definição, sintomas e


características de diversos tipos de agnosia. Além disso, apresenta
os principais instrumentos de avaliação utilizados para avaliar a
manifestação desse transtorno na população de adultos e idosos.

FLUENTES, D. et al. Neuropsicologia: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre:


Artmed, 2014.

Indicação 2

Essa dissertação buscou caracterizar a percepção do esquema


corporal de pessoas com acidente vascular cerebral (AVC). Para
tanto, avaliaram um grupo de paciente que possuíam tal diagnóstico
e outro grupo que não havia vivenciado a doença. Constataram que
os pacientes que sofreram um acidente vascular cerebral, possuíam
menor precisão na percepção do seu esquema corporal.

PICADO, S. P. Percepção da imagem corporal e esquema corporal em


pacientes pós-acidente vascular cerebral. 2018. 90 f. Dissertação (Mestrado
em Psicomotricidade) – Universidade de Évora, Portugal, 2018.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de

33
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Sobre aagnosia somatossensorial, assinale a alternativa


correta:

a. Altera a capacidade de somatização dos sentimentos para as


doenças físicas.
b. Altera a capacidade de somatização dos sentimentos para
membros do corpo.
c. Altera a capacidade de reconhecimento dos objetos por meio
do tato.
d. Altera a capacidade de tocar os objetos por meio do tato.
e. Altera a capacidade de reconhecimento dos objetos por meio
da visão.

2. Existem diversas classificações para a agnosia, essas


divisões são estabelecidas de acordo com as capacidades
afetadas. Assinale a alternativa que menciona corretamente
alguns tipos de agnosias.

a. Visual, auditiva, olfativa, gustativa e sensitiva.


b. Visual, auditiva, interpretativa, ilustrativa e criativa.
c. Visual, auditiva, olfativa, interpretativa e somatossensorial.
d. Visual, auditiva, olfativa, gustativa e interpretativa.
e. Visual, auditiva, olfativa, gustativa e somatossensorial.

34
GABARITO

Questão 1 - Resposta C
Resolução: A agnosia somatossensorial se manifesta por meio
de perturbações no reconhecimento dos utensílios pelo tato.
Pessoas que possuem esse tipo de agnosia, não conseguem
saber o que estão tocando, até poderem avaliar o objeto por
meio de outros sentidos como a visão e audição.
Questão 2 - Resposta E
Resolução: Alguns tipos de agnosia que interferem no
processamento dos sentidos são: agnosia visual, agnosia
somatossensorial, agnosia gustativa, agnosia olfativa e agnosia
auditiva.

35
INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 4

Avaliação das habilidades


visuoespaciais, praxias e gnosias
______________________________________________________________
Autoria: Aline Monique Carniel
Leitura crítica: Elisangela Toth
DIRETO AO PONTO

A avaliação neuropsicológica é um procedimento composto por


diversos recursos e instrumentos. Conta com etapas, como a
entrevista clínica, a avaliação neurológica e/ou psiquiátrica, análise
da funcionalidade e testes psicológicos. Alguns parâmetros devem
ser observados durante a escolha dos instrumentos da avaliação,
como a padronização, a validade e a fidedignidade dos testes.

A padronização representa a uniformidade dos procedimentos


de aplicação e interpretação dos resultados, a fim de que os
desempenhos sejam comparáveis. A validade é representada
pelas tabelas normativas que permitem uma análise nomotética
do sujeito, comparando o seu desempenho aos demais indivíduos
da população. A fidedignidade é definida pela consistência interna
do teste, permite avaliar sua margem de erro e se os escores dos
sujeitos se mantêm estáveis em comparação à média normativa.

Os testes neuropsicológicos voltados para a avaliação das


habilidades visuoespaciais, praxias e gnosias, oferecem aos
profissionais subsídios importantes para a avaliação desses
constructos. O teste da Figura Complexa de Rey é amplamente
utilizado para avaliação da percepção visual, visuoconstrução e
memória visual. É dividido em dois formatos, de acordo com a faixa
etária de interesse. A Figura A pode ser aplicada a partir dos 5 anos
de idade e estende-se até a população idosa, enquanto a Figura
B é específica para crianças de 4 a 7 anos de idade. Em ambos os
formatos, o tempo médio de duração do teste está entre 5 e 25
minutos (REY, 2010).

O teste de Retenção Visual de Benton (BVRT) também avalia a


percepção visual, a praxia visuoconstrutiva e a memória visual.
Elaborado para participantes de 7 a 30 anos e idosos de 60 a 75

37
anos. Sua execução é realizada de forma individual, com duração de
aproximadamente 20 minutos (SALLES et al., 2016).

As tarefas executadas durante o BVRT baseiam-se em duas formas


de administração. Na forma A, a memória visual é avaliada a partir
da exposição do testando por 10 segundos, a figuras que devem
ser reproduzidas imediatamente após a visualização. Na forma C,
o paciente realiza a cópia dos estímulos observados (SALLES et al.,
2016).

O Teste Gestáltico Viso-Motor de Bender foi formulado para a


investigação da maturação percepto-motora, de crianças de 6 a 10
anos. Os exercícios consistem na apresentação de nove figuras, que
devem ser copiadas da maneira mais precisa possível. Os modelos
desenhados recebem de 0 a 3 pontos, considerando a qualidade da
reprodução gráfica ou a presença de distorções nas formas (SISTO;
NORONHA; SANTOS, 2006).

O Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve NEUPSLIN foi


desenvolvido para o rastreamento das funções neuropsicológicas.
A versão infantil, NEUPSLIN-Inf, foi delineada para crianças de
6 a 12 anos. Durante a execução do instrumento são aplicados
26 subtestes que avaliam, entre outras funções, a orientação, a
percepção visual e as habilidades construtivas (SALLES et al., 2016).
A escala NEUPSLIN destinada a adolescentes, adultos e idosos,
abrange a faixa etária dos 12 aos 90 anos. É formada por 32
subtestes que também avaliam as oito funções neuropsicológicas
(FONSECA et al., 2009).

A Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III) apresenta


uma medida da capacidade cognitiva do paciente, o chamado
quoeficiente de inteligência (QI). Para tanto, é composta de diversos
subtestes que são organizados para compor o QI verbal e o QI
de execução. Os subtestes contidos no QI execução, auxiliam a

38
avaliação das habilidades visuoespaciais, pois mensuram raciocínio
fluido, processamento espacial, atenção a detalhes e integração
visuomotora (WECHSLER, 2016).

O QI de execução é composto pelos subtestes: completar figuras,


códigos, cubos, raciocínio matricial, arranjo de figuras, procurar
símbolos (suplementar) e armar objetos (opcional). Por sua vez, o
QI verbal é formado pelos subtestes: vocabulário, semelhanças,
aritmética, dígitos, informação, compreensão, sequências de
números e letras (suplementar).

A Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC-IV), propõe-


se a mensurar o QI de crianças de 6 a 16 anos, a partir de índices
fatoriais que representam a performance do indivíduo em
determinado domínio ou área de conteúdo (WECHSLER, 2013).

Os índices fatoriais que compõem o WISC-IV são: Compreensão


Verbal (raciocínio verbal, compreensão e conceituação), Organização
Perceptual (formação de conceitos não verbais, percepção visual,
organização, coordenação visual e motora), Memória Operacional
(retenção das informações por um breve período, para posterior
processamento da memória e formulação de resposta) e Velocidade
de Processamento (habilidade de processar informações visuais)
(WECHSLER, 2013).

A Figura 1 contém um breve indicativo sobre os principais testes


utilizados para a avaliação das habilidades visuoespaciais, praxias e
gnosias.

39
Figura 1 – Testes neuropsicológicos para avaliação das
habilidades visuoespaciais, praxias e gnosias

Fonte: elaborada pela autora.

40
A avaliação neuropsicológica é composta por diversos
procedimentos que possibilitam mensurar as funções cognitivas.
O conhecimento dessas funções, permite compreender os sinais
e sintomas, que geram prejuízo ao cotidiano do paciente, orienta
intervenções direcionadas à recuperação e reabilitação dos déficits
apresentado.

Referências bibliográficas
FONSECA, R. P.; SALLES, J. F.; PARENTE, M. A. M. P. Instrumento de Avaliação
Neuropsicológica Breve Neupsilin. São Paulo, Brasil: Vetor, 2009.
REY, A. Figuras Complexas de Rey. São Paulo: Editora Casa do Psicológo, 2010.
SALLES, J. F. et al. Manual do Teste de Retenção Visual de Benton. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2016.
SALLES, J. F. et al. Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve
Infantil: NEUPSILIN-Inf – Manual. São Paulo: Editora Vetor, 2016.
SISTO, F. F.; NORONHA, A. P.; SANTOS, A. A. A. Manual Bender – Sistema de
Pontuação Gradual (B-SPG). São Paulo: Vetor, 2006.
WECHSLER D. Escala Wechsler de Inteligência (WAIS). São Paulo: Pearson
Clinical Brasil; 2016.
WECHSLER D. Escala Wechsler de Inteligência para Crianças – Quarta
Edição (WISC IV). São Paulo: Editora Casa do Psicológo, 2013.

PARA SABER MAIS

O termo perfil neuropsicológico é utilizado para descrever diversas


alterações cognitivas comuns a um diagnóstico. A definição
desse perfil permite ao clínico observar os achados da avaliação
neuropsicológica sob a ótica das disfunções cerebrais apresentadas
e dos resultados geralmente encontrados nos testes de sujeitos com
determinado tipo de transtorno.

Dessa forma, é possível verificar os principais diagnósticos que


acarretam déficits nas funções visuoespaciais, praxias e gnosias.

41
Considerando os idosos a população mais suscetível a essas
disfunções e à Doença de Alzheimer – uma das doenças que mais
acometem essa população –, segue o perfil neuropsicológico desses
pacientes.

Na Doença de Alzheimer, a percepção encontra-se prejudicada nos


estágios moderados e graves da doença. Nessas etapas, o paciente
pode perder a capacidade de identificar até mesmo objetos de uso
pessoal. Em casos iniciais os problemas visuoespaciais são raros,
estabelecendo-se somente em quadros iniciados com agnosia visual
ou na atrofia cortical posterior.

As principais alterações visuoespaciais encontradas na Doença de


Alzheimer contemplam a síndrome de Balint, agnosia topográfica,
agnosia visual e prosopagnosia. Inicialmente, esses pacientes
têm dificuldades para orientar-se em locais novos ou pouco
frequentados, evoluindo posteriormente para desorientação em
lugares que lhes são familiares.

Desordens nas praxias são menos frequentes em quadros iniciais


da doença. Em estágios avançados é possível observar portadores
da doença de Alzheimer que apresentam apraxia ideomotora
(problemas para efetuar gestos direcionados por um pedido ou
orientação), apraxia ideatória (inabilidade na execução das tarefas
complexas, como o manuseio dos objetos), apraxia visuoconstrutiva
(alterações na organização dos estímulos, para reproduzir uma
imagem e fazer desenhos em mais de uma dimensão) e apraxia do
vestir (erros na atividade de colocar roupas de forma adequada).

Essas disfunções podem ser observadas a partir de testes


neuropsicológicos como a Figura Complexa de Rey, o Mini Exame
do Estado Mental (na atividade de cópia dos pentágonos), o Teste
do Desenho do Relógio, o Teste de Hooper e os Subtestes Cubos e
Arranjo de Figuras na Escala Wechsler de Inteligência para Adultos.

42
Além disso, podem ser utilizados recursos como entrevistas
para levantamento da queixa e sintomatologia com familiares e
cuidadores, questionários de funcionalidade como o Questionário
de Atividades Funcionais de Pfeffer, questionários de rastreio
cognitivo como o IQCODE (Informant Questionnaire on Cognitive
Decline in the elderly), observação clínica e relatórios de outros
profissionais que acompanham o paciente.

Outros prejuízos que completam o perfil neuropsicológico na


Doença de Alzheimer são: diminuição do quoeficiente intelectual
(com relação a resultados pré-mórbidos); déficits na atenção
(principalmente no spam atencional e na atenção dividida);
problemas nas funções executivas como julgamento, inibição e
resolução de problemas; erros de nomeação e comprometimentos
na memória episódica e semântica.

Referências bibliográficas
CAIXETA, L., TEIXEIRA, A. L. Neuropsicologia Geriátrica: neuropsiquiatria
cognitiva em idosos. Porto Alegre: Artmed, 2014.

TEORIA EM PRÁTICA

Paciente do sexo masculino, 79 anos, viúvo, aposentado, reside com


a filha e dois netos. Está em acompanhamento neurológico há três
anos desde que iniciou quadro de tremor intenso, lentidão para
movimentar-se e dificuldade para caminhar. Na primeira avaliação
com o neurologista foi diagnosticado com sintomas da Doença
de Parkinson. No último ano, sua filha observou que os sintomas
iniciais se acentuaram, tornando mais difícil para o paciente
a realização de atividades como comer, vestir-se e realizar as
atividades cotidianas. Além disso, notou que o paciente está apático
para na interação com os familiares, não se recorda de conversas
43
recentes, e no período da noite apresenta desorientação espacial,
perdendo-se na própria casa. Qual a hipótese diagnóstica para as
alterações apresentadas por esse paciente? Quais testes poderiam
ser utilizados para confirmar ou refutar essa hipótese? Por que
esses testes seriam escolhidos?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

44
Indicação 1

O estudo apresentado aborda as características da Figura Complexa


de Rey, teste utilizado para a avaliação de habilidades visuoespaciais,
visuoconstrução, planejamento e memória episódica visual. Buscou
investigar as estratégias utilizadas por crianças de 7 a 13 anos, na
etapa de evocação da figura. Além disso, descreveu e analisou as
técnicas adotadas para a reprodução da memória, em cada uma das
etapas do método de Osterrieth (sistema qualitativo, que classifica a
capacidade de planejamento na execução da cópia da figura). Essa
pesquisa produziu novas adaptações do método de Osterrieth, que
em sua forma original restringe-se ao detalhamento da fase de cópia
da figura.

PEÇANHA, E. et al. Estratégias de evocação tardia na Figura Complexa de Rey


por crianças. Revista Neuropsicologia Latinoamericana, v. 11, n. 1, p. 48-57,
2019.

Indicação 2

Esse artigo investigou a validade do Teste Gestáltico de Bender


em amostras de idosos saudáveis, com diagnóstico de doença de
Alzheimer e de Demência Vascular. A partir do acompanhamento
longitudinal, verificou que o teste apresenta dados psicométricos
satisfatórios para ser administrado em idosos com demência.
Trata-se de um estudo de ampla aplicabilidade, considerando que
o Teste Gestáltico de Bender avalia a organização perceptual e a
praxia visuoconstrutiva, funções cognitivas comumente afetadas nas
demências.

CECATO, J.; FLUENTES, D. E.; MARTINELLI, J. E. Evidências de validade para o


Teste Gestáltico de Bender: dados normativos na avaliação neuropsicológica
de idosos brasileiros na doença de Alzheimer e Demência Vascular. Revista
Neuropsicologia Latinoamericana, v. 12, n. 2, p. 31-43, 2020.

45
QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Três parâmetros devem ser considerados durante a escolha


dos testes neuropsicológicos, garantido o uso de instrumentos
adequados durante a avaliação. Assinale a alternativa que
apresenta corretamente quais parâmetros devem ser
observados:

a. Apresentação, facilidade e complexidade.


b. Apresentação, facilidade e idoneidade.
c. Padronização, validade e fidedignidade.
d. Apresentação, validade e fidedignidade.
e. Padronização, facilidade e fidedignidade.

2. O Teste de Retenção Visual de Benton (BVRT) foi elaborado


para avaliar:

a. Memória visual, funções executivas e gnosia auditiva.


b. Memória visual, funções executivas e linguagem.
c. Memória visual, linguagem e gnosia auditiva.
d. Memória visual, percepção visual e gnosia auditiva.

46
e. Memória visual, percepção visual e praxia visuoconstrutiva.

GABARITO

Questão 1 - Resposta C
Resolução: Os parâmetros a serem observados durante
a escolha dos instrumentos da avaliação contemplam a
padronização, a validade e a fidedignidade dos testes. A
padronização consiste na uniformidade dos procedimentos,
a validade representa a consistência dos resultados obtidos e
a fidedignidade comprova se o teste mede o que se propõe a
avaliar.
Questão 2 - Resposta E
Resolução: O Teste de Retenção Visual de Benton avalia a
percepção visual na fase de apresentação dos estímulos,
a memória visual e a praxia visuoconstrutiva na fase de
reprodução das figuras.

47
BONS ESTUDOS!

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