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ISBN 978-85-68242-46-9

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo

EIXO TEMÁTICO:
( ) Acessibilidade e Mobilidade Urbana
( ) Arborização Urbana
( ) Espaços Livres de Uso Público
( ) Geração de Renda e o Desenvolvimento Sustentável
( ) Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos
( ) Gestão de Riscos e Desastres Urbanos
( ) Gestão Qualitativa de Obras Públicas
( ) Governança Pública
( ) Habitação e a Gestão de Territórios Informais
( ) Participação Popular e o Direito à Cidade
(x) Planos e Projetos Urbanísticos
( ) Políticas Públicas e o Meio Ambiente
( ) Rios Urbanos e a Infraestrutura Verde
( ) Saneamento Ambiental

Songdo: Inteligente e Sustentável? Críticas e perspectivas

Songdo: Smart and Sustainable? Criticism and perspectives

Songdo: Inteligente y sostenible? Criticas y perspectivas

Francisco Moraes Gomes


Discente de Mestrado, UNINOVE, Brasil.
ochicao@ig.com.br

Alexandre de Oliveira e Aguiar


Professor Doutor, UNINOVE, Brasil.
aaguiar@uni9.pro.br

Valéria Nagy de Oliveira Campos


Professora Doutora, UNINOVE, Brasil.
valeria_nagy@uni9.pro.br

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RESUMO
Este artigo tem como objetivo apontar temas-chave e estratégias para que a cidade de Songdo (Coreia) incorpore
progressivamente elementos de uma cidade inteligente e sustentável no seu processo de desenvolvimento. As
características da cidade são analisadas com base na ferramenta SWOT, utilizando dados bibliográficos. Songdo tem-
se mostrado um projeto inovador em diversos aspectos, principalmente nos tecnológicos. Entre as tecnologias de
destaque estão o sistema automatizado de coleta de lixo, o reuso de água em várias atividades, geração
descentralizada de energia em alguns edifícios e o uso intensivo de tecnologias de informação e monitoramento. As
possibilidades de mobilidade e sua localização geográfica também são aspectos positivos da cidade. Por outro lado,
alguns dos indicadores de sustentabilidade de destaque como consumo de energia, consumo de água e geração de
resíduos estão acima do esperado. Além disso a curta história da cidade e a potencial falta de ligação afetiva dos
moradores com ela; a gentrificação, a escassez local de recursos hídricos, a dependência de fontes externas de
energia, e a proximidade da Coreia do Norte são aspectos que tornam Songdo uma cidade menos atraente do ponto
de vista de uma cidade inteligente e sustentável. Os empreendedores e o poder público já tem elementos
suficientes para reavaliar e aperfeiçoar o projeto de modo a torna-lo mais atrativo em termos de qualidade de vida e
sustentabilidade.

PALAVRAS-CHAVE: Cidade Inteligente, Sustentabilidade, estratégia

ABSTRACT
This paper aims at identifying key themes and strategies for the city of Songdo (Korea) to progressively incorporate
elements of an intelligent and sustainable city into its development process. The characteristics of the city are
analyzed based on the SWOT tool, using on bibliographic data. Songdo has shown itself to be an innovative project
in several aspects, mainly in the technological ones. Prominent technologies include the automated garbage
collection system, water reuse in several activities, decentralized power generation in some buildings, and the
intensive information and monitoring technologies. The possibilities of mobility and its geographical location are
also positive aspects of the city. On the other hand, some of the outstanding sustainability indicators such as energy
consumption, water consumption and waste generation are higher than expected. In addition to the short history of
the city and the potential lack of affective bond of the residents with her; Gentrification, local shortage of water
resources, dependence on external sources of energy, and proximity to North Korea are all aspects that make
Songdo a less attractive city from the point of view of a smart and sustainable city. Entrepreneurs and public
authorities already have enough elements to re-evaluate and refine the project to make it more attractive in terms
of quality of life and sustainability.

KEYWORDS: Smart City, Sustainability, Strategy

Este articulo tiene por objeto señalar los problemas y las estrategias clave para la ciudad de Songdo (Corea)
incorporar gradualmente elementos de una ciudad inteligente y sostenible en su proceso de desarrollo.
Características de la ciudad son analizadas en base a la herramienta SWOT, utilizando datos bibliográficos. Songdo
presenta un proyecto innovador en muchos aspectos, sobre todo en la tecnología. Entre las tecnologías destacadas
estan la recolección automatizada de basura, el reuso de agua en varias actividades, la generación descentralizada
de energía en algunos edificios y el uso intensivo de las tecnologías de información y monitoreo. Las posibilidades
de movilidad y su ubicación geográfica son también aspectos positivos de la ciudad. Por otro lado, algunos de los
principales indicadores de sostenibilidad, como el consumo de energía, consumo de agua y generación de residuos
son más altos que lo esperado. Por otra parte, la corta historia de la ciudad y la posible falta de conexión emocional
de los residentes con ella; la gentrificación, la escasez local de los recursos hídricos, la dependencia de la energía
procedente de fuentes externas, y la proximidad de Corea del Norte son aspectos que hacen Songdo una ciudad
menos atractiva desde el punto de vista de una ciudad inteligente y sostenible. Los empresarios y el gobierno ahora
tienen suficientes elementos para volver a evaluar y mejorar el diseño para hacerlo más atractivo en términos de
calidad de vida y la sostenibilidad.

PALABRAS CLAVE: Ciudad Inteligente, Sostenibilidad, Estrategia

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1 INTRODUÇÃO

A população urbana global evoluiu de 30% em 1950 para 54% em meados de 2014 e há a
expectativa de que chegue a 66% em 2050 (UN, 2015). Entretanto, os níveis de urbanização são
significativamente diferentes entre as regiões do planeta, sendo que algumas delas, como as
Américas, já atingiam em 2014 a marca de 80% da população vivendo em áreas urbanas.
As cidades normalmente enfrentam problemas em oferta de habitação e infraestrutura, em
especial para a população de baixa renda, com dificuldades em proporcionar mobilidade, altos
índices de poluição do ar e de esgotamento dos recursos naturais, bem como impactos sobre o
meio ambiente, reforçados por esse modelo. Em muitas cidades ocorre ainda uma segregação
socioespacial e se verifica baixa qualidade de vida para uma parcela significativa da população,
exacerbando os impactos socioambientais. Se por um lado 80% do Produto Interno Bruto é
gerado nas cidades (GRUBLER; FISK, 2013), por outro cerca de três quartos da poluição global é
gerada nas áreas urbanas (ROGERS, 2008), É no âmbito dessa discussão que entram em pauta
novos modelos de cidade como “cidade inteligente”, “cidade sustentável”, “cidade compacta”.
Cidade Inteligente pode ser definida como uma cidade em que as Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) se fundem com as infraestruturas tradicionais, coordenadas e integradas
utilizando novas tecnologias digitais (BATTY et al., 2012). Pode ser vista como uma cidade que
monitora e integra suas infraestruturas principais, otimiza recursos, planeja sua manutenção e
monitora segurança enquanto maximiza serviços aos cidadãos (BOWERMAN et al., 2000).
1.1 Cidades Inteligentes e Sustentáveis
Uma cidade inteligente, segundo Giffinger et al. (2010), é baseada em seis princípios, a saber:
 Smart Environment (Ambiente Inteligente): Relacionado aos recursos naturais, como .
controle de poluição, proteção do ambiente e gestão sustentável dos recursos;
 Smart Economy (Economia Inteligente): Envolve fatores como espirito inovador,
empreendedorismo, flexibilidade do mercado de trabalho, imagem econômica, marcas
registradas, produtividade, incorporação internacional e capacidade de transformar;
 Smart People (População Inteligente): A essência é o Capital humano e social,
envolvendo qualificação, capacidade de aprendizagem, cosmopolitismo, pluralidade
social e étnica, flexibilidade, criatividade, mente aberta e participação na vida pública;
 Smart Governance (Governança Inteligente): Estimula a participação na tomada de
decisões, serviços públicos e sociais, transparência, estratégias e perspectivas políticas;
 Smart Mobility (Mobilidade Inteligente): A base está na relação entre transporte e TIC.
Envolve acessibilidade local, nacional e internacional, sistemas de transporte
sustentáveis, inovadores e seguros;
 Smart Living (Vida Inteligente): Representa a qualidade de vida. Instalações culturais e
educativas, saúde, segurança individual, habitação, turismo e coesão social.
Como parte do conceito de cidade inteligente, a Cidade Ubíqua é uma cidade onde a TIC é
onipresente, onde o uso dessa tecnologia é natural, como parte das atividades. É uma cidade

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onde tudo está interconectado com tudo, a qualquer hora e o tempo todo, ou seja, as
informações são geradas e acessadas de forma simples, fácil e segura, em casa, na escola, no
trabalho, nas ruas e em hospitais (AMOROSO, 2009).
Para Richard Rogers (2008), para que uma cidade seja sustentável ela deve ser compacta,
densa e com diversidade de usos, diminuindo os impactos da expansão da mancha urbana
sobre as áreas rurais e a cobertura vegetal, bem como as interferências em corpos d’água.
Estes conceitos são reforçados por Kenworthy (2006), para quem as cidades sustentáveis, além
de ser compactas e contar com uso misto do solo, oferecem empregos, áreas verdes, produção
de alimento, cultura e lazer, e transporte público coletivo e não motorizado para minimizar o
uso de transportes privados.
Nesse contexto uma cidade inteligente e sustentável deve, por um lado, adotar novos
princípios de desenho urbano: maior densidade, construções sustentáveis, uso misto, sistemas
de áreas verdes, por outro, incorporar novas tecnologias para obter melhor aproveitamento
dos recursos e da infraestrutura instalada: saneamento básico, sistemas de transportes e
fontes mais limpas de energia. (CAMPOS, 2012; EDWARDS, 2008; FARR, 2008; ROGERS, 2008).
Outro tema que permeia esse contexto são as mudanças climáticas. Por um lado, a cidade
como consumidora de energia provoca emissões de gases de efeito estufa, principalmente na
geração de energia elétrica, nos transportes, nas construções e em sistemas de aquecimento,
nos climas em que isso é necessário. Por outro lado, podem ser fortemente afetadas por
mudanças climáticas devido ao aumento da frequência de eventos extremos como chuvas
intensas e furacões; ao prolongamento de períodos de estiagem; ao aumento do nível do mar;
e ao degelo em montanhas, entre outros efeitos (BRAGA, 2012).
Enfim, as cidades inteligentes se inserem no âmbito da discussão sobre a necessidade de se
alcançar um desenvolvimento mais sustentável, o qual implica a necessidade de se adotar
limites à exploração dos recursos naturais e de se refletir sobre os modos de produção e
consumo das sociedades (CAMPOS, 2012). Se essas cidades são inteligentes devem, por
definição, ser também sustentáveis, considerando suas diferentes dimensões – social,
econômica, ecológica, espacial e cultural (SACHS, 1993) – e, se buscam ser mais sustentáveis,
devem, quase que por consenso, ser compactas e densas, diminuindo os impactos no
ambiente e utilizando melhor os recursos. No caso de Songdo, tais conceitos se materializam
como será apresentado a seguir.
1.2 Songdo, Coréia
Nas últimas décadas, vários países têm elaborado projetos que visam tornar as cidades
existentes mais inteligentes e sustentáveis, bem como projetos urbanos com a intenção de
serem inteligentes e sustentáveis desde o princípio, muitas vezes como uma estratégia
territorial para inseri-las no mercado ou na rede mundial de cidades.
Assim é a cidade de Songdo, na Coréia do Sul, parte de um ambicioso projeto do governo sul-
coreano para criar uma zona econômica livre, um importante centro para logística, de negócios
internacionais e de lazer para atrair empresas estrangeiras. O projeto chama-se Incheon Free

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Economic Zone – IFEZ, e é composto pelas regiões de Songdo, Cheongna e Yeongjong,


localizadas a 12,3km do Aeroporto Internacional de Incheon e a 65 km de Seul (“IFEZ”, 2016).
Além disso, a construção de Songdo é um esforço para promover o desenvolvimento dessa
importante área do país, pautando-se em propostas mais “verdes” e em baixa emissão de
carbono, medida essencial tendo em vista os elevados níveis de poluição do país. São 53 km²
de áreas aterradas, sendo essa área dividida em 12 zonas com projetos menores, como Songdo
IBD, que ocupa duas zonas (total de 6 km²), teve seu desenvolvimento concedido a iniciativa
privada, uma joint venture entre a Gale International (USA) e POSCO E&C (Coréia) e é tido
como o maior projeto imobiliário do mundo, sendo ainda um projeto em execução, com
previsão de término para 2020 a um custo de US$ 35 bilhões (GALE INTERNATIONAL, 2015).
Nesse sentido, foi planejada usando vários conceitos de inteligência e sustentabilidade, tais
como a definição do uso do solo, em especial das áreas verdes, a construção de edifícios com
certificado LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), o incentivo a caminhada e a
bicicleta com a redução das distâncias, o apelo aos carros elétricos e transporte coletivo, a
coleta de lixo automatizada, o abastecimento de água potável e não potável, bem como o
reaproveitamento de águas cinza nos próprios edifícios, a redução da emissão de gases efeito
estufa, a adoção de energia limpa e campo visual com muitas áreas abertas (PETERS, 2016).
2 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo apontar temas-chave e estratégias para que a cidade de
Songdo incorpore progressivamente elementos de uma cidade inteligente e sustentável no seu
processo de desenvolvimento. Para atingir esse objetivo geral, os seguintes objetivos
específicos foram buscados: (a) caracterizar a cidade de Songdo como projeto do ponto de
vista do contexto de gestão e das tecnologias utilizadas; (b) identificar elementos de
sustentabilidade e de inteligência da cidade (c) analisar com uma ferramenta de planejamento
estratégico esses elementos buscando identificar potencialidades e necessidades de melhoria;
propondo estratégias.
3 MÉTODOS

O estudo do histórico e das características da cidade foi feito com base em literatura científica
localizada nas bases Scopus e Google Acadêmico, bem como em informações disponibilizadas
na internet pelos empreendedores.
A discussão de potencialidades e necessidades de melhoria foi feita usando a ferramenta
SWOT - do Inglês – strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e
threatens (ameaças). A ferramenta é utilizada frequentemente no âmbito do planejamento
estratégico e permite organizar os elementos de potencial e de fragilidades a fim de discutir
estratégias que facilitem a exploração dos aspectos positivos e permitam o gerenciamento das
fragilidades internas e externas. A ferramenta SWOT permite uma abordagem lógica com base
em fatos e dados documentais e resultados de pesquisas sobre os elementos adotados na

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construção da cidade que contribuem para conduzir a cidade rumo a sustentabilidade e


inteligência, proporcionando um ambiente propício à qualidade de vida para seus habitantes.
Embora seja uma ferramenta com amplo uso no planejamento estratégico de organizações, é
utilizada na administração pública e no planejamento estratégico temático de cidades. Entre os
exemplos de trabalhos que a utilizaram estão Melo, 2011 e Galvão e Melo; 2008 , no
planejamento da cidade voltada para o turismo; Silveira et al, 2015 em planos regionais de
desenvolvimento; Srivastava et al; 2005 no gerenciamento de resíduos. Essa abordagem pode
trazer insights tanto para o empreendedor quanto para o poder público em suas respectivas
atividades.
e pode trazer insights tanto para o empreendedor quanto para o poder público em suas
respectivas atividades.
A organização das informações e a discussão forças, fraquezas, oportunidades e ameaças foi
feita em grupo num ambiente de estudos entre alunos e professores.
4 RESULTADOS

4.1 Songdo e seu contexto


O planejamento da cidade de Songdo se iniciou em 1979 com o plano básico para a
recuperação das águas superficiais públicas pelo governo. Em 1986, foi estabelecido um
projeto piloto para a cidade, cujo plano básico teve início em 1992 e terminou em 1999
(“IFEZ>History”, 2016). A Figura 1a apresenta as três novas cidades que farão parte de IFEZ:
Songdo, com foco em negócios e financeiro; Youngjong que tem no aeroporto sua principal
atividade e Cheongna que tem como foco a alta tecnologia (“IFEZ”, 2012).
Figura 1a: Cidades do projeto IFEZ. Figura 1b: Lotes de Songdo.

Fonte: Editado pelos autores sobre Google Maps.


O governo coreano fez o aterro no mar e cedeu lotes a diversas empresas ou finalidades, como
fez com a área de Songdo IBD, marcada como zonas 1 e 3 na Figura 1b. Outras referências são:
a ponte para o aeroporto internacional de Incheon; o Knowledge & Information Industry
Complex (Indústrias de TI, nas zonas 2 e 4); o Bio Complex (Pesquisa Médica, na zona 4); o

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Songdo International Complex (Universidade, nas zonas 5 e 7); o High-tech Industrial Cluster
(Centros de Pesquisa, nas zonas 5, 7 e 11); o Songdo Landmark City (Lazer, Turismo e
Residência, nas zonas 6 e 8); e a construção de 2 Centros Logísticos/Portos (“IFEZ”, 2012).
Em 2001 foi feito o acordo com a iniciativa privada para a construção de Songdo IBD
(Internacional Business District), que é uma parte inicial e importante do projeto e que
frequentemente é confundida com o projeto global, quer por seu nome ou por sua amplitude.
O desenvolvimento de Songdo IBD ficou a cargo da Gale Internacional (USA) e POSCO E&C
(Coreia do Sul) com custo previsto de US$ 35 bilhões, sendo o maior projeto imobiliário privado
do mundo, confiado ao escritório do arquiteto Kohn P. Fox. No início das operações, em 2009,
Songdo IBD contava com 33.293 habitantes; depois, em 2014, esse número passou para 79.395
habitantes, um crescimento de mais de 130% em cerca de cinco anos (“Songdo IBD”, 2016).
4.2 Propostas adotadas: necessidades, tecnologias e infraestrutura
Segundo os investidores, a infraestrutura de Songdo foi pensada tanto para os moradores
quanto para as pessoas que irão apenas trabalhar no local, de modo que ambos os grupos
tenham qualidade de vida; para isso, foram adotadas tecnologias, recursos e inovação. Entre
elas pode-se destacar: sistema de transportes (LEE; HEIN, 2012); Sistemas de Informação e
Comunicações (SONGDO U.LIFE, 2016); Sistema de águas, esgotos e resíduos (BAEK, 2015);
e Preocupação com consumo energético (GALE INTERNATIONAL, 2015).
Destaca-se a inclusão de um parque central uma Escola Internacional em que inglês é o
idioma oficial, e um hospital de alta tecnologia no que diz respeito a diagnósticos médicos e
tecnologias de tratamento (AMOROSO, 2009). (GALE INTERNATIONAL, 2015).
Importante destacar que, além da definição quanto aos equipamentos educacionais, culturais e
de lazer, e de saúde, o projeto também recomendou adotar: 40% de espaços abertos; sistema
de áreas livres, com vários parques e ruas pensadas para pedestres, maximização do uso da luz
solar, bem como uso de plantas nativas, ou adaptadas, que consumam pouca água, devido à
escassez local (SONGDO IBD, 2016b).
4.2.1 Sistema de Transportes
Em Songdo incentiva-se o uso de transportes públicos. O sistema é baseado em ônibus
movidos a gás natural, que conta com sistema de informações sobre a localização dos veículos,
e no metrô estendido até Incheon. Além disso, estimula-se disponibilidade de serviço de taxi
em barcos pelos canais, o uso de 45km de ciclovias, o compartilhamento de carros ou
transporte solidário, estacionamentos no subsolo, e é disponibilizada infraestrutura para carga
de veículos elétricos. Adicionalmente, também se adotou como critério de projeto a criação de
percursos exclusivos para pedestres (GALE INTERNATIONAL, 2014; LEE; HEIN, 2012).
Outras obras que são referência para o transporte em Songdo são: a construção da ponte de
Incheon que liga Songdo ao Aeroporto Internacional; a conexão com o sistema de metrô de
Incheon e de Seul; a inclusão da cidade no sistema Seoul Metropolitan Rapid Transit (SMRT); as
conexões com a rede nacional ferroviária. Com isso facilitando o acesso a outros grandes

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centros financeiros asiáticos a partir de voos de curta distância, junto com as redes expressas
de ônibus que facilitam o acesso ao aeroporto e outras cidades(“IFEZ”, 2012).
4.2.2 Sistemas de abastecimento de água e manejo de águas residuárias
Outro requisito considerado na construção de Songdo foi a necessária eficiência na produção e
utilização de água, tendo em vista que esse é um recurso escasso na Coreia do Sul. A água
utilizada em Songdo tem origem no município de Paldang, situado a 40km de distância. Em
2013, Songdo consumiu 10 bilhões de litros de água, 146 mil litros por pessoa (BAEK, 2015).
Assim, para minimizar esse problema, foi instalada em Songdo uma estação de tratamento de
reutilização de águas residuais e um sistema de coleta de chuva para usos menos nobres da
água, como a limpeza urbana e a irrigação de áreas verdes.
Basicamente, a água potável de Songdo que entra nas edificações é usada para fins nobres, as
águas cinza geradas são tratadas na própria edificação e retorna para fins menos nobres,
quando são dispensadas para o esgoto público, que as trata e disponibilizaria para limpeza
urbana e irrigação, assim como a água de chuva.
Em relação ao manejo de águas residuárias, uma das ações de destaque é reuso delas após
tratamento. São sete estações de tratamento que transformam as águas residuárias em água
com qualidade para uso Industrial, residencial, fontes, e manutenção dos rios, a um custo de
50% da água potável. Uma limitação é que a água de reuso tem excesso de sais e não pode ser
usada para irrigação e jardinagem, frustrando a ideia inicial de ser também usada para irrigar
campos de golfe e outros espaços verdes. Além disso, edifícios públicos também deveriam
estar usando esgoto reciclado para fins de saneamento estão relutantes em fazê-lo porque o
alto nível de sal na água pode causar corrosões nas tubulações (BAEK, 2015).
No Central Park, para diminuir o consumo de água potável, a água salgada do mar é utilizada
em seu canal. O parque também dispõe de sete reservatórios subterrâneos para água de
chuva, com capacidade para 5,4 milhões de litros. A finalidade, nesse caso, é usar em irrigação
e limpeza pública. Esses reservatórios também servem para evitar inundações. (BAEK, 2015).
4.2.3 Energia e Emissão de Carbono
Na Coréia do Sul houve aumento do consumo de energia de 1980 e 2013, que passou de 37 mil
GWh/ano para 517 mil GWh/ano, quase 14 vezes mais em 33 anos, devido ao crescimento
econômico e populacional no período. Em 2013, 889 milhões kWh de eletricidade foi
consumida em Songdo, cerca de 0,2% do consumo de energia do país (BAEK, 2015).
Ações feitas em Songdo para minimizar o consumo energético ou reduzir a emissão de gases
de efeito estufa foram: seguir padrões ASHRAE (ser eficientes em termos de energia, calor,
ventilação, ar, iluminação etc.) em construções, usar instalações centralizadas de gás natural
que fornecerá energia, calor e água quente, usar semáforos e iluminação LED, com sensores de
presença, usar bombas e motores de maior eficiência energética (GALE INTERNATIONAL,
2015).

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4.2.4 Coleta de Resíduos e Reciclagem


Um sistema pneumático de coleta de resíduos elimina a necessidade de veículos de coleta e de
recipientes que atraem vetores e mau cheiro. O lixo é depositado em máquinas apropriadas
que enviam via tubulação a vácuo para a central de processamento onde é selecionado e
destinado adequadamente, para reciclagem, compostagem ou incineração (PETERS, 2016)
Com esse sistema de coleta, é possível fazer uma melhor triagem e aproveitamento dos
resíduos residenciais, maximizando a reciclagem e reduzindo a incineração e a necessidade de
aterros, inclusive devido à falta de terrenos para tal fim. O sistema pneumático tem um custo
maior que o tradicional, de US$ 6,00 para US$ 11,00, por residência por mês, e se houver
menos de 20 mil casas servidas pelo sistema o lucro será baixo, desestimulando ampliações
(BAEK, 2015). Quanto aos resíduos da construção, tem como meta a reciclagem de 75% dos
resíduos de construção (GALE INTERNATIONAL, 2015).
4.2.5 Áreas Verdes e Parques
A publicidade em torno de Songdo vende uma cidade com forte apelo ecológico e grandes
áreas abertas e verdes, com parques, ciclovias, passeios públicos e telhados verdes. Isso vai de
encontro às politicas públicas do governo sul coreano que tem focado no “crescimento verde”,
que é o crescimento econômico aliado a proteção ambiental, chamando os empresários e a
população a colaborar com esse processo, pois o país tem sérios problemas ambientais e esta
entre os dez maiores emissores de CO2 do mundo (KIM, 2010).
Songdo pretende ser uma das cidades mais verdes do planeta, foi concebida para maximizar
seu uso por pedestres, com 40% da área reservada a parques e praças. O Central Park tem 100
acres e foi inspirado no de Nova Iorque, existem lagos e uma rede de canais aquáticos de água
salgada, que é reciclada a cada 24h por turbinas movidas a vento. (“KPF: New Songdo City”,
2016). Há ainda diversos pequenos parques através das áreas comerciais e residenciais, com o
intuito de conectar os pedestres ao espaço aberto e uma grande área verde destinada ao
campo de golfe, o primeiro Jack Nicklaus Golf Club da Coréia (LEE; HEIN, 2012). A Figura 2
mostra em linhas gerais a distribuição das áreas verdes.

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Figura 2: Áreas Verdes em Songdo IBD

Fonte: Songdoibd.com

4.2.6 Construções Sustentáveis


Construções sustentáveis são aquelas que se integram com o seu entorno, reduzindo impactos
ao meio ambiente, por meio da escolha de materiais, redução de consumo energético,
destinação de resíduos, gestão da água e preocupação com conforto ambiental, com o
aproveitamento da ventilação e iluminação natural (GONDEK, 2016).
As construções em Songdo buscam ser aderente a certificação LEED (Leadership in Energy and
Environmental Design) e já possui 118 edifícios certificados, cerca de dois milhões de metros
quadrados (GALE INTERNATIONAL, 2015), incluindo o Golf Clube, o Central Park, o Centro de
Convenções, a Escola Internacional, a torre residencial Central Park I e o hotel Sheraton
(“Songdo IBD”, 2016).
Songdo também é um dos primeiros lugares fora dos Estados Unidos e Canada a ter a
certificação LEED-ND (Neighborhood Development), que além das construções, verifica o
entorno, o ambiente, a proteção à saúde, a qualidade de vida e a comunidade (BAEK, 2015).
4.2.7 Cidade ubíqua
Em Songdo foi criada a Songdo u-Life para desenvolver e gerenciar a infraestrutura e o
ambiente que permitam essa onipresença. Os serviços podem ser fornecidos em áreas de
residências, de escolas, de trabalho e de lazer, permitindo acesso a qualquer hora, em qualquer
lugar e otimizado para cada pessoa, de forma que Songdo seja a primeira cidade
verdadeiramente ubíqua. Existem serviços nas áreas de educação, saúde, compras, mídia,
comunicações, transporte, segurança e gerenciamento do ambiente, nos diversos ambientes
como residências, lojas, veículos, escolas, ruas, hospitais, bancos, escritórios e administração
pública. Para isso conta com uma ampla gama de sensores, redes de banda larga e móvel,

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seguindo o padrão IPv6. No centro dessas ações esta o UMC (u-Life Management Center),
gerenciando e controlando a cidade inteira, seus serviços e infraestrutura(“songdou.life”,2016).
4.2.8 As Críticas ao Projeto
O desenvolvimento de uma cidade costuma ser um processo longo e complicado, com desafios
que surgem com o crescimento, as vezes desordenado e que pedem por novas infraestruturas,
tecnologias e serviços que atendam à população (DETROZ; PAVEZ; VIANA, 2014).
Songdo não teve esse desenvolvimento padrão, ela está surgindo do nada, onde nem havia
terra, utilizando vários conceitos atuais de sustentabilidade e inteligência em seu projeto e
existem urbanistas (SENNETT, 2012;O’CONNELL, 2005;SWAIN, 2013) que argumentam que a
construção planejada de cidades gera um resultado inferior ao desenvolvimento urbano lento,
tendo entre as principais questões: a padronização da população, principalmente, classe média
alta, e onde não se encontram idosos ou população de baixa renda; a sensação de artificial e
falta de vínculo afetivo, pois falta diversidade arquitetônica e história ao lugar; o risco ao usar
muitas tecnologias inovadoras sem que sejam validadas e incorporadas pela população; e o
excesso de controle e monitoramento leva a sensação de falta de privacidade.
No tema da sustentabilidade, Songdo enfrenta alguns paradoxos. O primeiro deles se deve ao
extenso impacto ambiental decorrente de sua implantação. A região onde foi feito o aterro e a
cidade foi construída, conhecida como Flat-tides (zonas de maré), é usada por aves migratórias
e vem sendo usada frequentemente como extensão de território na Coréia do Sul. Eram
extensas áreas (> 5000 ha) que foram reduzidas a 800 ha mais 400 ha de águas rasas na maré
baixa, resultando numa grande diminuição desse habitat (SAVE INTERNATIONAL, 2010). Outros
problemas ambientais não foram localizados nas pesquisas realizadas, porém o simples fato de
surgir uma cidade onde antes era uma área natural, aumentando uma metrópole como
Incheon, mesmo com todas as preocupações ambientais, já é um problema ambiental e isso é
ainda agravado pelo o padrão de consumo esperado em Songdo (SAVE INTERNATIONAL, 2010).
Em consumo energético, se comparado com a outras cidades como Incheon e Seul (Tabela 1), o
consumo de eletricidade de Songdo foi muito maior, contrariando previsões. A explicação para
esses números são de que a cidade está em construção, o número de trabalhadores não entra
no cálculo demográfico, a coleta de resíduos pneumática gera grande consumo e como os
moradores são de classe mais alta, tendem a consumir mais (BAEK, 2015).
Tabela 1: Consumo de Energia
População Eletricidade Gás

Total Per Capita Total Per Capita

Cidade (mil) MWh/ano kWh/ano 1000m³ m³

Seul 10.442 47.234.102 4.523 4.173.311 396

Incheon 2.891 22.590.002 7.813 1.014.085 356

Songdo 62 889.807 14.443 21.835 396


Fonte: os autores baseados em BAEK(2015).

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No caso do abastecimento de água, deve haver uma preocupação, além das fontes, com o
volume consumido. O consumo per capita em Songdo é superior à média global de 57 mil litros
por pessoa e ao consumo de água em outras regiões sul coreanas, os valores são apresentados
na Tabela 2 (BAEK, 2015). Estas médias no consumo mostram que as abordagens sustentáveis
para a gestão dos recursos hídricos ainda não influenciam o consumo de água em Songdo.
Tabela 2: Consumo de água e geração de resíduos
Água Esgoto Lixo
Per Capita Per Capita
Gerado Incinerado Reciclado Aterro

Cidade kl/ano kl/ano kg/pessoa % % %

Seul 110 181 327 25 63 12

Incheon 123 117 261 32 62 6

Songdo 147 131 338 28 72 ---


Fonte: os autores baseados em BAEK(2015).

Vale citar que a ênfase em tecnologia pode inibir formas mais simples de lidar com problemas,
bem como levar a privatização dos espaços públicos e criar automatizações que sirvam melhor
às empresas que à população. Deve haver discussão politica sobre o uso da TIC, de forma que
ela estimule a criatividade e a crítica, necessárias a uma cidade inteligente (LEMOS, 2013).
Alguns autores (SENNETT, 2012; O’CONNELL, 2005; SWAIN, 2013) argumentam que a
construção planejada de cidades gera um resultado inferior ao desenvolvimento urbano lento,
tendo entre as principais questões a padronização da população, que é, principalmente, classe
média alta, onde não se encontra idosos ou população de baixa renda, a sensação de artificial
e sem vínculo afetivo, pois falta de diversidade arquitetônica e história ao lugar, o risco ao usar
muitas tecnologias inovadoras sem que sejam validadas e incorporadas pela população e o
excesso de controle e monitoramento pode levar a sensação de falta de privacidade.
Do lado do empreendedor, Jonathan Thorpe, presidente da empresa americana Gale
International, que construiu Songdo, argumenta: "São os moradores que fazem uma cidade”,
“Estamos tentando adicionar diversidade e vitalidade (a Songdo), algo que o desenvolvimento
orgânico (de uma cidade) garante”. Replicar isso em um ambiente planejado é um grande
desafio, bem como planejar a infraestrutura de uma cidade para 50 anos, ainda mais na Coréia
do Sul, um pais em constante mudança e evolução. (WILLIAMSON, 2013, s.p.)
4.2.9 Sugestões de Melhoria: Aplicação do Modelo SWOT
A aplicação da ferramenta SWOT resultou na identificação de forças, fraquezas, oportunidades
e ameaças conforme descrito no Quadro 1.
Alguns temas precisam ser destacados. Songdo tem planejados e implantados sistemas para
enfrentar algumas das ameaças externas, tais como reservatórios para armazenar água de
chuva para abastecimento e ao mesmo tempo absorver excesso de água em caso de
tempestades. Não foram encontradas informações sobre preparação para outros eventos

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como terremotos e maremotos, nem referências ao aumento do nível do mar como


consequência de mudanças climáticas, apesar da Coréia do Sul estar classificada como risco
baixo para catástrofes naturais (PIVETTA, 2016).
Um dos motivos dos atrasos de prazos deve ter sido a crise econômica global. Não foram
localizadas informações de como o governo e os investidores estejam fazendo para contrapor a
crise. Um dos elementos do planejamento que possivelmente contribui é o esforço em atrair
sedes de empresas e centros tecnológicos para a cidade.
Nota-se, em diversos documentos e publicações relativas à cidade, uma transição da
responsabilidade pelos aspectos tecnológicos da cidade ubíqua da empresa Cisco (grupo norte-
americano) para a empresa do grupo LG (coreano). Não foi possível aprofundar esse tema
devido a ausência de documentos em outro idioma que não o coreano sobre o tema.
Quadro 1: Análise SWOT
Ajuda Atrapalha

Saúde Financeira (“IFEZ - Investment Project”, Falta história, cultura própria e identidade da
2016).Idioma Inglês reconhecido como idioma oficial população (SWAIN, 2013). Dificuldades em cumprir
(AMOROSO, 2009)Mobilidade entre Songdo e as prazos e orçamentos (KIM, 2010). Inconvenientes
cidades vizinhas (“Songdo IBD”, 2016)Planejado para de um projeto ainda em construção (canteiros de
sustentabilidade na operação – construções, obras, ruídos, interrupções temporárias de tráfego).
eficiência energética, saneamento, áreas verdes Resistência de estrangeiros quanto a perda de
Interno

(“Songdo IBD”, 2016). Uso intensivo de tecnologia privacidade (O’CONNELL, 2005). Escassez local de
pensado desde o projeto (O’CONNELL, 2005)Área recursos hídricos (BAEK, 2015). Dependência de
Econômica Livre, que oferece apoio fiscal, atividades fontes externas de energia (BAEK, 2015).
econômicas gratuitas e serviços de qualidade (“IFEZ”, Gentrificação – ambiente não receptivo para idosos
2012).Centros de Pesquisa Avançados em várias e população de baixa renda, incluindo não absorção
áreas – informática, biotecnologia (“IFEZ”, da mão-de-obra das construções (KEETON, 2015).
2012).Construções com geração de energia Consumos de água e de energia acima da média
fotovoltaica (geração descentralizada) coreana (BAEK, 2015).

Localização Geográfica – a meio caminho entre China Crise Econômica global: menor ritmo de
e Japão, potencial para Hub de tráfego aéreo para investimentos globais, menor atratividade da cidade
atender 1/3 da população do globo terrestre (LEE; (KIM, 2010).
HEIN, 2012). Região em Desenvolvimento: é parte Catástrofes Naturais: sujeita a maremotos,
de um programa maior do governo coreano de zonas tempestades, estiagem e outros eventos extremos
de economia livres (“IFEZ”, 2012) (PIVETTA, 2016).
Apelo a Sustentabilidade é um atrativo para pessoas Coréia do Norte: vizinho hostil politica e
Externo

com interesse em viver numa cidade com o tipo de militarmente muito próximo
qualidade de vida oferecido (KIM, 2010). Abastecimento de Energia (BAEK, 2015).
Fonte: Elaborado pelos autores

Como sugestões para minimizar os problemas entre tecnologia e pessoas seria interessante a
regulamentação do monitoramento eletrônico, bem como campanhas e treinamentos para
ambientação das pessoas à tecnologia.
Outras preocupações deveriam ser a produção energética local para reduzir a dependência de
energia externa, porem não foram encontradas na literatura quais são as fontes de geração em

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Songdo, e a pesquisa na geração de água potável a partir da agua do mar ou da chuva, que
poderia ser uma boa opção para minimizar a dependência da água potável vinda de Pandang.
Para criar um clima cultural e uma identidade para os moradores da cidade poderiam
promover eventos e shows de forma a melhorar o bem-estar em relação a cidade. Para isso a
cidade tem infraestrutura como o Centro de Convenções e o Central Parque. Com o potencial
tecnológico da cidade, uma possibilidade interessante seria desenvolver lado nerd e geek em
eventos.
5 CONCLUSÃO

Songdo tem-se mostrado um projeto inovador em diversos aspectos, principalmente


tecnológicos, tanto no incentivo a implantação de tecnologias na cidade quanto na perspectiva
de se tornar um centro de desenvolvimento. Entre as tecnologias de destaque estão o sistema
automatizado de coleta de lixo, o reuso de água, geração descentralizada de energia em alguns
edifícios e as tecnologias de informação e monitoramento. Por outro lado, alguns dos
indicadores de sustentabilidade de destaque como consumo de energia, consumo de água e
geração de resíduos estão acima do esperado, particularmente quando comparado a outras
cidades coreanas, mostrando que por ora a cidade não é um destaque em termos de
resultados de sustentabilidade. Seria necessário rever essas ações ou achar formas de
compensar esses indicadores menos satisfatórios. A análise SWOT mostrou que, nesse sentido,
a questão da escassez hídrica predomina como tema mais importante.
Outras estratégias sugeridas a partir da análise SWOT e que deveriam ser estudadas pelos
empreendedores e pelo poder público são: reduzir a dependência energética; diminuir a
distância entre tecnologia e pessoas; minimizar a dependência de água potável; criar
envolvimento entre a cidade e as pessoas.
Embora Songdo fique na Coréia e talvez se esperasse uma avaliação de maior vulnerabilidade
quanto a desastres naturais como terremotos, maremotos, tsunamis, chuvas e secas muito
intensas, pouca ênfase vem sendo dada na divulgação das questões de Songdo.
Um tema que não foi aprofundado no presente estudo e que é um desafio que pesquisadores
poderiam aceitar no futuro é entender a população local – qual a composição, como são os
hábitos, sua identidade, e sua relação com o ambiente local e o funcionamento da cidade.
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