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ase mur te “Crate” contribution & UNatere Gata pense. de ‘Platon, Champion, 199 Cagoad, Les Datgues de Pleton, etractare of mithode dtectiqe, Pret ise Universairee de rane, T04, Priv PoulcPeliot Obra pre Shp Aiton ts Seen ‘Le Paradigme dane la dialecique platnilenne. Presses Uni ‘Ber Grectues ‘La Religion de Plato, Presse Universes do France, 180 “Le Swetime soilen et Pdce de temps J. Vein, 158 Obras cottons: Sts Ps. ole, channel Ler Pipe texans er Br, Stee 8 Pld, al (© retento das obrat dp Autor, contante de sttgne, vert incedo nos Pépnan Hnis sine volume VICTOR GOLDSCHMIDT A RELIGIAO DE PLATAO es ‘OSWALDO PORCHAT PEREIRA ‘Tratugso de TEDA ¢ OSWALDO PORCHAT PEREIRA DIFUSAO EUROPEIA DO LIVRO Rua Bento Freitas, 362 Rua Marguis de Tu, 79 SAO PAULO ‘itlo do orginal La Religion de Paton 1963 Dizeits cetuivar pare a Magu porto: Difusto Buropdia do Live, Sé0 Paulo Conyieht by reste Univeroatve de France, Pais Preric1o Ismoouromo J no tempo em que éramos aluso de V. Goldschmidt na Faculté des Letres de Rennes, tinhamos tomado a decito de apee sentar, um dia, sua obra, em traducto, aos leitores brasieiros Eis que surge a primeira oportunidade, © gracas & Difusdo Eu. ropéia do Livro, os tradutores podem ofrecer aos estudosos do pensamento antigo, edo platonismo em particular, e sobretado Sor nosso estudantes do’ Departamento de Filosofia da USP, ‘Ste primeito contato, em lingua portuguesa, com a obra do feminante historiador, de quem 4 se disse consttuiem suas Pesquisas sbbre 0 platonismo acontecimento tal, que a hist Fa dos estudos pltbnices ser4, no futuro, considorada segundo (duos grandes elapes: antes © depois de Viclor Goldschmidt Enquanto esperamos, para traduzir as principals obras. do autor (Les Dialogues de Pleton e Le systeme stolien et Tidée de temps), que os Grados oficais se disponham a subvencionr, fentre ns, também no dominio da flosofia, ae publicagdes de flo nvel para as quais 0 nosso mereado lvrlro ainda no conta com condigtes comerciais suficientes, oferecemos 0 pica festa pequenina e adimiravel obra, publicada em Franc, em 1948, ‘sob 0 ttulo La Religion de Platon, na colegio "Mythes et Re Tiron” das’ Presses Universitsires de France. Nov exigvas é- ‘mensdes impostas pelo padrio da colecio, V. Goldschmidt es Crovea, de foo, no obstante a resriedo sugerida pelo tal, Uma magnifica Introdusio eo penstmento platdnico, uma vez que “a inlea maneira de estudar a Teliglio de Platio segundo o te pinto e propria intengSo do autor vedanos sublrafla a sea Contexto propriamente platonico e prescrevenos compreendéa ‘na sua relagdo com 0 préprio pensamento de Plato, iso é com ‘ua Moria". O mesmo poderia dizerse vilidamente, als, de 5 qualquer outro tema platénic. Era um verdadciro desalo, 0 fivtor nolo confersa ‘nat primeiras lihas do. precio, tolar jum tal ascunto num Tivro to pequeno. O desifio fol enfrem tedo; nfo enganem o Teitor as pequenas dimensbes da obra: ele pofndidade que no tolera concesstes, 0 rewultado de anos anos de pesqulsa sObre a fosofiaplatonla, por um dos mao- es historiadores da flosofia de nosso tempo. Escrta © publi ade dois anos depois da grande tese sobre os Dialogs, A Rel ido de Platdo ndo pretende, certamente, rsumir o platonismo ‘tee ser apenas ima introdugSo. Ser Iida, com provelt, an fes daguela outra obra, de bom mals dificil acesto. Uma. in ‘roducio, entetante, em que a referdncla constante aos textos platnieos, a comparasio fretiente dos textos, a concisio do pensamento tomam enganoss qualquer aparéncia de facitidade, ‘Tal como nos Didlogos de Patio, onde a profundidade daltica se cculta sob a forma literdria e a inguagem familiar Citamos, algumas linhas atris, wma frase do autor sobre a nocessdade de eomprecndcrse a rciso, em Plato, na sua Ine fereio natural no contento flosfico, isto é, po seu cardter de ‘momento interno a ser apreendido segundo as articulssies de tama esrulura global, de que recebe su plona sgnficac. Estas fonsideragées permitem-nes abordar ripidamente tm tem caro 8 V. Goldschmidt, elisado indssolivelmente a seus estudos: 0 da ‘todo om histria da files. Outra nbo foi a razio por que {radusimos, em apéadice, a comunicario que apresentou a0 XIL Congreseo Intemecional de Flosfia (Brvxelss, 1983), inttulada “Tempo histérco e tempo ligico na interpretacio dos sistemas filsiticas”. Consderamos essa comunicacao, juntament fo artigo de Martial Gucroult sre "Le probleme de In lpitimité de Thistoie de In philosopbie” (in La philosophic de Thistoire {e ta plilesophie, 3. Vrin, Peis, 1985, como os dais momentos ‘ais altos da metodologia clentifica em historia da filsofin, Nem todos se dio conta de quanto é jovem essa ciéncia chamada His {Grin da Filosofia, Nao nos idem 0 volume ou @ quantidade as publicgées: a maior parte delas ressentese quase sempre de graves defiidaclas de método a comprometer iemediavel mente seus resultados. Eis por que jt ut fost um pouco sGbre aquéle texto, em que se patentela a preccupasio de 6 fazer da Histria da Filosofia uma cigncia rigotoss, © em que se buscam as regras que permitem alcansar, na exposicio e i Terpretapto dos sistemas Medios, uma rea objetiidade, a salvo das istorgdes freqlientemente produzidas pelos prejuizos dour teinfrios dos que erigem seus proprios dogmas em cinon para luma andlise Interpretative, protensamente erties, do. pensar ‘mento flosético. Objetividade que consste ‘na. reconstituisio explicita do movimento do pensampenio do autor, retazendo seus ‘mesmos caminhos de argumentaglo e descoberta, segundo seus fiversos nivel, respeltanda tOdes a8 suas artiulagoes estratr ls, recicrevendo, por assim diver, xegndo a orden das ra ‘ules, a sua obra, sem Bada ajuntar, entretano, que 0 fldsafo ‘lo pudesss e devesso assumir expictamente como seu, E sem squecer um 8 nstante que "9s assergdes de um sistema no podem ter por causts, a0 mesmo tempo préximar ¢ adequads, Sendo raaies, eraxbes conhecidas do fldsofo © slegadss por tle” B certo que uma tal atude, propria a quem no quer Jub ‘ar um autor, mas eomprosndélo,exige um esfOrgo penctrante de intelgéncia, uma rigoresa distiplina intelectual, 2 austael {de todo preconcito e dogmatisme. Exige que o intérprete se faga disctpulo — ainda que provisivamente — dsciplo fel 0 que ¢ lamentivel, entretanto, & que sob a influéncia de cer to Telativsmo em moda, mal compreendido alld, se veja te usar por alguns a propria possbilidade teres doses objetive ade desejvel para todo historiador. Langando mio de arg ‘mentos capciosos ou salstices, um historicismo superficial tor nase apenas comodo pretexto para dogmatismos feels ¢ into lerantes: “refutase’, “julgose™, critcase um autor e sua daw ‘tins, sem terse levado a cabo a exaéneia de compreensio obje tiva, e postulandose paradoxalmente 0 carer irtealrivel da pretensdo a uma tal compreensio, Goldschmidt reduz a dols os mélodos tradicionais de inter pretagdo dos sistemas filosfices, que denomina respectivamente dogmtico e genético. O primero pretende, é cero, abordar uma outrina segundo a intengéo de seu autor accitar a pretensto os dégmaza a serem verdadicos. Examina um sistema sObre Sua verdade, subtraio ao tempo para fale, lola as tses de Sou contexte filséfico, ito gd estrutura que a8 engendrou © Sistenta: tal método freglentemente se converte em critica © 7 ‘em refutagdo. Desoobre contradigdes nos sistemas, sem danse fonts de que isso implica quate sempre uma teora particular da ontradigio, que J4'€ ums posiedo dogmatica, Ignora no mals ar vézes tm perigs fundamental que cspreita sempre 0 inter prete: o de assumir uma posigio polémica em face da obra Estudade — a melhor mancira de no compreendél ‘Nao & genio em aparincia que 0 outro método, 0 genético, cscapa a ésse pergo. Ble basea descrever a etilogia (fatos eco Dpomicos, socials e politicos, constituleto pslcofsiolégica do atr {or sua formagio etc.) dos dégmata considerados,ent2o, como mers eel désesfatSres. Ucito, sem divida,e cientificamen fe interesante, eetudae tm sulor do panto de vista socioldgic, Psleoogico ou psicanaltio, Nada haveria dizer contra tal em preendimento se nfo fora sua freqiente tentagso de “eaquccer” { pretensio das doutrinas &verdade, de desprezar a especifcida te propriamente floséfica,e de reir filowfia X eondlgto de ‘mero resto, gontlcamente roconsticuvel a partir de elemen- {os frsestritrnis conhecidos. Tomemos o exemplo de cer ta sociolgia do conhecimento stualmente em voga: escofhemse Cras feses ou formulagdes de ta doutrina, rliradas de sou ontexto esinutural prdprio, apentamse clas como a sintese fu ‘damental da doutrina em qiestio e cnvertese esta entio em sim ples reflexo idcoligico de dterminadas condigbes historicas, Gulturals, © principalmente sécioeconémicas do tempo que a ‘lu formarse. Ore, nfo sbmente essa slesto e isolamento de teses artificial e implica numa deformagso fundamental da ‘doatrisa (tal como acontece com o metodo dogmético: no é 8 tere ov 0 dogma que distingue o Hldsofo do hamem comin as 9 movimento metSdico de um pensamento estruturado), mas fambim, de outro lado, tais estudos genéticos repousam, no mals das izes, sbbre proconceitos doutrindies mal disfargr fos a que esta subjacent, por mals que se qucira nego, uma feterminads filowofia (wma certa “coneepeio Glsstiea da histria, por exemple), sendo t0da uma metafsca, Bo dee tino de téda tentativa de erigr um método centifico em inter Dretagio iltima da flosoia (como se as definigdes principals fa clincia e sua meladologia fOssem independentes de uma jwstlicagto Tilostica) o abandonar inadvertdamente a esfera Droprin & cincia que se assim privilegia, para transforméia em sistema filossfico dogmético, ainda que inconfessado: no explica ‘ ‘ ciénca & filosofin senlo em se substitund la ¢ em se foe endo Filosofia, por sua vez, isto &, em so nogando como cléncia, conveniente lemtrar, aqui, que a prépria nogio de His: ‘ria da Psolia ¢ eminentemente smbigus. NSo fate 9 tra ‘igio a que nov seostumames, methor fOra que ss obras que levam aqiéle titulo eat citedras universitiras dltas de Hs triads Filosofia se inilasvem “Sistemas e Doutrinas Filo séleas". Afar, a prior, que a filsofia se constitu em his {oria, e pretender “siuar” e explicer por essa perspectva “his ‘rca um sistema particular, J& € abandonar a HsengGo neces ‘ria & exporiio interpretativa rigorosa, i € tomar — mas bi ‘quem mio’ veja! — uma posigfo ilosifica bem precisa e de ferminads, uma entre oulras tanlas possvels, dogmatica como clas, intreduzindo na apreccgio da. dovtring estudada um ele ‘mento "ertico” a ela freqientes vézes estranho © dependente ‘iosdmente da perspectiva propria ao Intérprete segundo suas convicgies filoéficar pessnale. O que dizer, entdo, desses belos romances histérleofosdfeos em que se expie io sei que evolugio” des sistemas ¢ do pensamento Mlsofic, conceb ds como uum progresso gradual e inelutivel, on mesmo neces lo, em direglo. da Verdade, sto é... da "verdads" do. autor fo romance?! Nio € seafo extremamente fil, para quem se re detentor da Verdade filosica ou hitdrica, reeserever 8 histéria” do pensamento flosfico a encontrar fenta mas pro" sgressiva e fresistivelmente a "boa" doutrina. Bastamihe a se Jepio dos “erdadsiros” problemas, tuma escolha adequada dos textos, e devida qualiflasdo ou desqualificagse dos autores f doutrinas, segundo se tenham sproximado ou afestado, do ‘amino "coreto™. Uma tal apresentagio ses “romancistay” Se ‘in cariatural se no fOsse exatamente ésse © metodo empregs do em tantas reconstrugdes "histéicas” da “evlucio” df losotia. Todos ésses métodos, que Goldschmidt denuncia em seus cscritos ¢ em suas aula, tém isto de comum, que les disso ‘iam método ¢ estrutura, e ignoram a ordem das razbes, 1st | & precisumente ewa solidaredade estratural entre as tees © os | rmovimentas de pensamento que nelas culminam. Nao véem ‘que, sendo.a filowofia explicitagio e discureo, oF filsofos os ‘io um pensamento desaavoludo, onde as "tases" no valem por ° | cous de seu conteddo materal, mas protendemse verdadeiras fem rasio dos movimentos e processos de investigasto de que fsultaram, Se hi um pressoposto no mtodo estuturlita — e Go unico. €-0 que caracteria a sa total fencdo — 6 ave © {ilesofo e considerado responséve! pela totalidade de sia. dou. frine, assumida como tal por éle, © que é portato, na sua com presto dela, explicitada ou implicla nels, que’ se deve bur far & intligincla do suas assergbes, Se chegow a esta, gragas ‘a0: método de investigacao c pesquisa que adotou, separslas fiste ¢ subtririhes thea condigho de inteligliidad, Percotrer essa estrutura que se const 0 longo da. pro- sgresslo metédica da obra e que define sua arquitetiniea € sb fare num tempo que mao ¢ dos relogios nem vital nem psi Coico, mas_puramente ligco. Essa. temporalidade das "ra dies, independents das temporaidades em que as Investlgaghes fgendticas encadciam 0s sistemas, é a em que nos siuames 20 Fefazzr os camishos do autor e Yepor em movimento a. estru tra de sun br. A incitiva désse temp, isis Goldschmidt, ilo é do intérprete, mas do flésof. ‘Abordando répidamente ésses tdpicos, temos a esperanga de rio haver deformado 0 pensamento de V. Goldschmidt. Tendo Sseavido durante visio anos stus cursos ¢ estudado sob sua dl Tevlo, devemosihe o essencial de nossa formagso flostien. A Inlciaiva de tornio conhecido do publica brasileiro no spe Cializado © a consegdente publiccio desta traducio, em que cola boramos, e que revimos cuidadosamente, possam exprimi um pouco dé nossa grande gratdio, Que o maior Inteésse pela fk foeofia antigs, quo I de resultar da eitura de sua obra entre ris, no se dissoie da compreensio profunda de que as file Sofie de Pltio ou de Aristtcles ow a estlea ou qualquer ott ta sbmente ve comprecnderdo lesltimamente e sem prejuizs se Consideradss, lo como momentos "antigos” do pensamento hi ‘mano, mas como setemas entre outros sistemas, & cuja interpre {ago e exporigio a cronologia © o tempo histrico no podem fomecer criterion vilidos de. sprecagao filostia Oswaldo Porchat Pereira 0 (ora bo AvTOR raRA 4 roIgko BRASILIA A eipio brasitira déste tvro é conforme a edigdo original de 1985, aunmentada apenas de sim apendlee, por iniiativa ee otha dos tradutores Reproduciuse, pol, iqualmente, 0 Prefdcio em gue tnhamas efinido, 120 exatamente quanto possvel, 0 assanto tal como 0 hvlamos concebido e cuja formula nos parece aida vida, Sem ontestar de modo algiom a teitimidade cientifca de wma pes ‘isa que olasse certos aspectos do platonismo, para integralo ha histria das relsies, comtinuamos « pensar que « tnica me tira de extudar a rligigo de Platao septndo 0 esprto © a pro- Dra tntengia de sou autor vedanos subtratia a set contexto r= Drigmente pletonico e prescrevenas compreendéla na sua Te Iapio com 0 proprio paneamento de Plat, isto ¢, cm sua fil sofia, A ase resptto, ao dar como subtitio a esia obra “Intro ‘dagSo 0 Plstonismo”, ox traduares interpretaram perfeltamen eo que cla visave ‘Uma tl tentesiva nao pretende absolutamente ser exautive e, propondose precsamente inrodusir & teitura dos Dislogos, no Doderia ter a ambioio de redusilor @ sistema. Aperece, entre fant, wm ertico a emprestarnas uma tal ambigao, sob pretesto de que nossas refednelas nas notas de rodapé eam tomadas indistintamente de todos os Dislogos, sem que fosse levada em Cconsideragio sua cronologia, suposta ou real. Mas nossa descon flange pera com 0 preconcoto “evolucionsia" (contra 0 qual, Ltimamonte, H. Chemin, in astra (1959/31, 1960, pag. 200) de tnenhum modo era uma razio para fazernos cair na cilada, is versa simeirica, do “sistema” (cf. Rit. Cut. Storia Flos, 5, 1950, pan 1178). E se asergdes de Platdo se harmonica, de wm didlogo « outro, por pouco que 0 intérprete consinia em a Das em evidéncia e emt parateto, Isso € apenas wm testemur Iho da constancia do pensamento’ patonico, a qual 0 unico “ipesnuposto” que nor permilims, porgue nos parece fer a eae lo do autor. Restame exprimir meus agradscimentos ao Profesor Oswa- do Porchat Pereira c a sua espOse por sua traducdo notdvet Trento fie na medida em que posso. julgéla. me Ito agraddvel reafirmar, nesta ocasito, os Tapas de am {ade e de trabalho que unom, desde 196, 0 Departamento do Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciéncas Letras da Unt sersldade de Sto Paulo € a Sepdo de Filosofia da Faculté des Lettres de Rennes. Estou onge de esquecor 08 dols anos ent qua (0 Sr. Osvaldo Porchat Percia trabalho em nossa Faculdade ¢ ‘logrome ao penser que, por su vec, dle ensina atuaimente em ‘Sip Pando. O trabalto que teve em colaborar na tradupio desta ‘bra me sensibilize tonto mais que ele se acha atuabmente er tregue a estudos sdbre a flosofa antiga, de que no tardaremos, espero, a ter 0s frutos Rennes, feverero de 1963 ¥. GoLpscHnior 2 PREFACIO ‘Tratar um assunto tio importante mum livro tio pequeno é um duplo desafia. Porque esea prdpria desproporcio cons tirut uma poderora condicio de fracasso; mas, por outro lado, fhada prova que se teria obtido melhor éxito mum espago me ido com mais larguera, No so. deve, pls, contar com estas Digines suplementares. do preficio para suprir fisuras ele fcunae, na va esperanga de prevenir, assim, criticas que, em Imuitos pontos,o autor & 0 primeiro a fazorse. Ao menos, ser ypovd permitido ovientar esas cites, indicando como se cance bbew o assunto e de que moncira se féz a tantatva de tratélo. to vale muito @ pena justficar logamente o titulo Aste ensaio. Atualmente, nlo se cr® mais que tudo aquilo que, nos Diaiogos, merece 0 eiteto de roligso se roduza h critica (Fut front, Rep, Hl, TK) 04 & poliiea (Rep, Leis) religiosas. 2 ert iin at ees popu cmap, iit divas, as Leis contém, tanto quanto © ainda mais que uma police relgosa, uma relslo polica E, acima de tudo, © Pensumento religoso de Plato mantém relagtes,dlffeis de pre sar, com seu pensamento filosifico. Sobre essa formula ge tal, os interpreter se poriam de acbrdo, sem dificuldade, Mas feaguanto, para tune, a religido de Plato’ tem principalmente un Crater politico e, sobretudo, cdsmico*, para outros, cla expe imese, pelo menos em seus comeyos, aa tooria das Formas’ (Assim, em timo tage, F.Solmsen, Plato's Theoloy, Heb cx Nova Torque), 19 (@) Posiio afimeds algtmente contra two de Solmaea por WW, Jeoger, Poel pig 208 415, Ovford, 14, elo Rev. PoE, G6 Guperer, Antiguté’ Claigue, © Vi, 1H, bége 1880, a emia, exercer autordade sbbre o tirano, nem, em Slracuss, fermar segundo 1 filsofia; nfo era possvel defender “a religlio Ge Cidade” e, 20 mesmo tempo, combater com wma admicivel Constancia, desde 0 Gortias a as Leis, o "imperialisno atenien- So's a causa das dvindades polindes era bem melhor sustentada por Deméstenes, que ndo era lino de Patio e que seu adversé- Ho pide tratar de Sepio)? Endo era, também, porque os ho- mens nio fo, como of filésofos, "as eviangas", que jamais que fem "os dois", mas que querem a decisio dramdtlca e/a esclha? Dal entéo, eada ver que, no plano politico ou reigioso, uma rea Teaco se inspires ou se prefendeu autoriar por Plato, fot pre feo que, a0 mesmo tempo, cla optasse conta Platio. Pelo me fos, se 20 concede 0 prdprio principio da iatengio de Plato, ‘aue & jamaie separar flosofia e rollgto, pode achanse nile Inspiragao, sono os elements, de uma doutina. Se, 20 cntriio, ‘so admite —e mio 6 absurdo decides dése modo — quo tod ‘rente-opta fora, em dla instals, opin contra a filsota, hnada haa aprender de Plato, mas nada tampouco, parece, & Spreender” dle, a no ser uma tentagso intelectual. © que quer fdzcr que o platonlsmo autfntico é, para a f@, bem menos que futras correntes do pensamento antigo e, em particular, que 0 ‘slocisme (Malebranche nfo. se engano @ ¢sse respite), um strativa temivel a ‘TEMPO HISTORICO E TEMPO LOGICO NA INTERPRETACAO DOS SISTEMAS FILOSOFICOS: ares gue vera don mania tints de nterpear om sitemap nog sre fa vad ‘tte nn eis poseve poe gue sb ns sa ‘sts iy nn feces cmndcoee etc cae tm cj dss de dopa. © pimao meg ese char dogmatic, sty sob role = prs dat ‘Bam neon rds eth separ (A Ll) trent seg qu 20 rode Chama toca cots {© dopmar como ete int, Seguro ston Sve Saree cng (ne can cpolicen comtuete f Sips uty else won Cpt ue Move He {Stel ou coil st). 0 prime mide ¢ nine tent Maonse tors una Sting ceforee 3 erga teu autre a0 fim conv, oo princi sano, protic ia ah ern om copes, gua etm de ta em rind pote penne maid nfs ‘Sdn da comprednso A incrrcingo etc sb Was Situ forma, ou pte sr unio Cmts pore ‘nore ln, em cmpraco, tuscan cad iS avn a expla 9 set acu por ine ines i Se mu ls root Hesetonene slept ae trentnente doa amine tegnecae tp "No clrentam a dation exude pra ets com te, mas te esbetcem, de rt por ie cae seven fo cot ‘sina mua "Enino mas Son Sins tim sens tie fun verdad tt oo tomo; seme Sic qu edo acuta nro Se usta oss 139 ‘anarqula dos sistemas sucesivos, provém, precsamente, de que {das as tess de‘uma doutrin © de thdas &8 doutrinas preter ddem ser conjuntamente verdadeiras, "ao. mesmo. tompo 0 inciodo genético, pelo contri, plo, com a causelidade, o tem or além disco, 0 Tecuso ao tempo ¢ a uma “evolugio” permite: “hh, precisamente, explicare disslvereseas contratiqoes:— Ora, a histdria da filosotia, assim como Hsserlo exigra da prépria flosois, deveria, © a0 mesmo tempo, ser “lénciarigorosa” € eniretant, permanecer fleséfica. M. Guéroult, comentando obra de B. Brehier, lembrou, nfo fax multe, que “a historia da flosofa & antes de tudo, Mosaia, mat que ela alo tem voor para a flowofa sento permanccendo intransigente sSbre a verdae histrica"s. — para a elaboragfo de um método, 20 mesmo tempo, cientific © filosfico, que quereriam coatribuir ne nota seguintes A losotia & explicitasgo ¢ discurso, Ela se explicta em ‘movimentos sucesivos, no curso dos quals prod, bandon © ‘ltrapassa teses ligadas umas as outras numa ordem por artes, [A progressio (méode) désss movimentos dé bob escrita su fsruiura e efetuase num tempo Ico. A interpretagao concls {inf em reapreender, conform i lntengio do autor, eh orem ‘ot razies © em jamais separar as teses dos movimentos que a Droduziram. Precisemos esses diferentes pontos, A Iilosofia ¢ expictagdo. Que esta explicitacéo proceda do tuicho original”, que haja, por trés do que cet “desem ‘olvido © exteririzado", “um mucleo, uno, simples, wolntrio livre que The (80 historador) revelaré um sujeit""®, € coisa fue se pode, certamente, conceder, Ms tendo 0 filésofo pre- tendido darnos um pensamento dosenvolvdo, 0 ofcio do inter rete nio pode consist em reduzir A forga éase desemvolvimen to a aus fose embriondris, nem em sugerir, por imagens, uma Interpretagdo que 0 filésfo julgou dever formular em rides, © primeiro motor de um sistem, que se chame intuigio, sw jelto* peosamento central, nfo permansces na inagio. Rede GM. Giro, Row. de Métaph, ot de Mor, jan-moure, 186% pie is (Hersch illusion phlosphique, Paris, 186, ph. 7. (9), Sulzmor eonventente tends ue ner alta hele Cone texto: ni shen” porgue pose extn expresio ser cortcamento 0 se te a sso, cada vez que se toma um sistema assim, ds aves: ‘85; ora, a intugéo, to bem “denominada “orginal, tend, quanto a els, a expicitaree. ‘Alm disso, recorese a uma ‘causa intelgiel que teria isto de paradoral, que, permanccendo aula, como ¢ preciso, os olhos do filésfo, se entegarta 0 I ‘iprete, # que, tanto aqui como em outras’ pesqulsas etiolog ‘as, 0 intérprete se cloea acima do sistema em real a0 Filsofo, 20 invés de adotar primeiramente & atitude de disee pula, fase anaista, médica, confessor. O sistema, entretanto, ‘fo é escrito para fornccersintomas e indices destinados numa esvalrizagéo radical, em troca de sun causa produtera cul ta, que éles teriam permitido infers, mas, inversamente, pars ‘mostrar © para fazer compreender as prodvvtes desta causa, qualquer que seja cla. Ora, as assersdee de um sistema no po: dem ter por causas, tanto préximas quanto longinguas, senio rates conhcldas do filsofo e alegadas por dle. possve, fem divida, colocar, na erigem de um sistema, qualquer folsa como ‘um cariter inteligvel; ma, para 0 interpret fe cardter sdmente & dado no seu comportamento e nor ses ats, isto é nos seus movimentos floséties e nas teses que Ges Droduzem. 0 que & precio estudar é esa “estrutura do eompor lamento”, © referir cada asserefo scu movimento, proctor, © que significa, finalmente, a doutrina 20 metode, outria © método, cam efeito, no so elementos scparndos. © método se encontra em ato nos prépris movimientos do pent samento filos6tico,e a prineipal tarefa do lntérprete €restitalt a lunldade indissokivel diste pensamento que inventa teses, pratt fando um método, “Quando wm siitor consagrou a seu me. ‘odo uma exposigio tedrca, & preciso evitar interretar esta lltima como um conjuto de normas dogmiticas, shee cl. sifleadas ao lado dos dogmas pripriamente dito Podese ge- neralizar, a ése respeito, 0 que Descartes diz de seu proprio me. todo, qué “le consiste mals em pritca que em teora” (a Mer senne, margo de 1657); e quando, a propéslto dos "Ensaon deo © metodo", Descartes precisa “que as coisas que les contém ‘ada, Gm poruguts, como sindnimo de “tome”, “etunto", mas ‘breads por entsn dae ae om mbt", "hypoktimenon, que € conveniente Seager, o') Mt ‘mio puderam ser ochadas sem dle, e que se pode conhecer por les © que tle vale", € preciso acrescentar que, som éles, nem ‘mesmo se pode conhiecet 0 que éle ¢. Inversamente, tampouco fe conhecem a tests, so abstraldas do metodo de que resultam, "A pesqulss, cm matéria de filostia, nlo procede somente 4a verdade, mas faz corpo com ela. Asim, para compreender ‘uma doutrins, no ¢ sufleente nio scparar a leis da crenge, regra, de sua pritica; € preciso, apés'o autor, rtazer os movi ‘mentes concretos,aplicando as repras e chegando a resultados ‘ue, nio por causa de seu contedo material, mas em Tezi0 dts. es movimento, xe pretendem verdadcitos. Ora, &sses movimen- {os se nos apretentam na obra escrta- Seria ainda separar método e doutrina o achar na obra um método sdmente de exposgdo, ¢ nlo de descoberta. Mas, na opo- sito entre ésses dois métodos, pensada até o fim, ou bem 0s dais {érmos acabam por coincidir, ou entio 9 tlie destedise por x mesmo, porque sustentar, com E. Le Roy, que "a invengso s° fumpre no nebuloso, no obscure, no ininteigive, quase no cone Iradltério",€ dizer que ela nio é, de modo algum, um método. E-é possvel, sem divida, na exegese dos sistemas, dedicarse 8 reconstituigdo de uma tal "invencaa, sto é, abandomar 0 for slico peo pslcolépco e pelo biogrifep, e a razies peas causas. Sem divide, precio também feconhecer que un Sulor poss, sob certa forma, ideas, antes de poder pensar em expOas. Mas fess idéias nfo terfo sua forma cera, sua descobertanio estar 171 prdpelamente concluida seo com otrago final da obra, Crem fo 0 contririo, correse © rsco de ceder & ihsio retrégada denunciads por Bergson; admitese que uma doutrina procs te 8 sua exposicdo, qual um conjunto de verdades intiramente constituidas indiferentes a seu modo de expliitasdo (e nfo se dove ter o temor de preciar: A sua expressdo verbal). Mas a ‘pinido mio se éonfunde com 2 cléncia: 9 tese simplemente ‘descoberia, Isto &, entrevista e que Mutua ivremente dante do ‘espiito, no estaréinventada, de verdade, senfo quando for "ex posta’, Isto é, “encadeada por um raciocinio’ (Mendo, 98 8). este ensaio", esereve Condillac, “estava acabado, c,entretanto, cu ainda nio conhects, em tOda n sua extent, priafplo da tho das ideas, Tso provinha Unicamente de vm fragmento de jétea de duas pégins, que nfo estava no lugar onde deveria star (Essai sur Forig. des conn. hur, Il, Ul, 4) 12 0s movimentos do pensamento losin estio insritos 8 strutura da obra, nada mals sendo esta estrutor,iaversamente, ‘que as artculagses do metodo em ato; mais exatamente: ¢ ume ‘mesma estrutura, que se constr a0 longo da progressio met dca e que, uma vee terminada, define a arguitetira da obra. Ora, falar de movimentos de progressio. é, a, do ser” gue fique em metifores, supor um tempo, e wm tempo esr ‘mente metodalilco ou, guardando pars 0 térmo sua etimologia, lum tempo tqico %. Em ada se code, com isto, 8 um “psicoor tismo" qualquer. 0 tempo necessirio para esefever um liv © para I6lo & medio, sem dvida, pelos relgios,ritmado Tor fevemtos de todos os tipes,encurtado ou alongado por toda expe ce de eausas; a €5se tempo, nem o autor nem 0 lltarescapam intciramente, assim coma. sos outros. dados”(estudados pelos Imctodos penticos) que candiconam a filosofia, mas nio s cons: ttuem. Porém, como escreve G. Bachelard, "o pensamento rit ‘ional se estabelecer num tempo de total nfowit, recusando 0 vital. Que a vida, por seu lado, se derenvolva e traga suas ne. cessidades, 6, som Alvida, wma faalidade corporal. Mas iso nao suprime a’ possibildade de rerrarse do tempo vivido, para en ‘cadcar pensamentos numa ordem de una nova temporalidade” Esta "temporalidade” esta contida, como crlstalizada, na estrus ‘ura da obra, como © tempo musiel na partitur. Admitr umm tempo légico ¢ bem menos formular uma ter ria, por sua vez, dogmétic, que uma regra de interpretacto, de fave € preciso, a0 menos, assinalar algumas_aplcagies. Em regra, em primeiro lugar, concerne & propria exegese dos métodos. ‘Refazer, apd 0 autor, of movimentor de que & fstrutura da obra guarda o tracado, ¢ repor em movimento 9 strata e, désse modo, situarse num tempo lic. Assim, o m0. vimento inicisl do. método cartesiano da 8s duas primeiras Meditagies sua estratura; esta estrutura, da maneira mals spa rente, exprimese no fato que ha duns; a razto déstefato & auc, para cumprir és movimento, é preciso 0 tempo. Descartes c= reve sdbre a divida universal: “Eu no pade (entetanto) die Tl Gh ¥. Goldschmist. "Ser te protime du “apetime de Pla- tom's tn Reo, vt or dele ilo. joc 3850, ars, 108-18 @) 6. Bacheard, Le rvionaliome appliqué, Pa IMO, pg, 28 8 pensarime de darthe wma Mcditacio intera; ¢ ou gostarla que (0s leltores nao empregassem apenas © poco de tempo nee ‘ssfo para lela, mas alguns meses, ou, 20 menos, algumss sema- is, aconsideraras coisas de que ela trata, antes de pasar sdan- te", e, sobre o modo de conhecer 0 espirto: "F preciso exam ‘bio freqientemente © considerslo longamente.."@ que the Po rece uma razio suflcientemente Justa para no tater outa ‘matéria, na segunda Meditagaa" (See. Resp, com). Esse tempo, sem divida, varia segundo o letor; le dura “alguns meses” oa “algumas semanss”. Mas a estrutura das MeditagSes dada bjetivamente, © método que a subtende tem pretenses a um valor universal, ¢ 0 tempo onde se desenvolve ésse método & lum tempo. ligico, apreendide pelo lellarilésfo, ainda. que {se Ieitor, so le se chama Pedro, possa aster com isso menos tempo fisio que se tle se chama Paulo. O tere de interpretosio, ‘que Descartes censura em Gassend, coasiste em arrancar 8 dik ‘ida universal ao movimento estrutural e ao tempo logico. No método platinico, 0 quarto e lima movimento carscterizase ‘nfo sbmente por sua certer, seu descmbarago mas, ainda, de uma mancira correspondente, pelo pouco tempo que ela’ si pict. — Em certas flsotias, 6 metodo em ato, nio somente fe move mum tempo lipo, mas mantm relagoe, implcitas ox fexplcitas, com uma doutrina do tempo em gota isto, tent remos mostrilo alhures, acontece em Bergson, squilo, nos Ee ‘ico De um modo mais gers, repor os sistemas num tempo 16 ico é compreender sua ind-pendéncia, eativa talvez, mas e sencial, em relagio aos outros tempor em que as pesqulss pe néticas os encadalam. A histia dos fatos ecandmicos © pol tices, a histria das cigncas, a histéria das idéias geval (Que so a6 de ninguém) fornecem um quadro comodo, talvez indi Densivel, em todo o caso, nfofllossica, para a exposicio das filosofias; eis a, escreve F. Brébier, “tempo exterior a0 si femal"*.— A blogafia, sob tOdas as suas formas, supe um tem ‘Po vvido e, em titima instinca, adofllosfico, porgue & 0 (DV, Gottechmiat, Les datoues de Paton racture ot me ‘ode aateciqne, Bar OH, phe’ ho. We () E.Bréhir, La philosophie t som pote, Pacis, 160, pi. 4. 4 tor da blograia, nto o autor do sistema, que comanda seu de senrolarse; mss 0 sistema, qualquer que sea seu condiciona: mento, € uma promordo; como diz M. Guéroult, 2 propésito de Fichte: “Bem se pode (pos) transpor na ordem do especulative (9 que se passou na alma do filésofo""; seguindose o camiho lnverso,impdcse ao sistema uma desqualificagio. E bastante notivel que seja Bergson quem tenha afirmado a independéncia fssencial de uma doutriaa em relasJ0 ao tempo histrico em fave la aparece.” “Tais ueronias fazer yer que 0 que € coseu rum peasamento floséfio ¢ wma cert extratura Pondo em primeiro plano “a preocupacio pela estrutura” que, ‘para citar sinda E. Brier, “domina deciddamente a dae hese, caja pesquisa tantas dovepedes soa" a interpretagso ‘metodeldgica pode, pslo menos, quanto a seu Princip, preten erse “cletifla”; além disso, do mesmo modo que ae otras cexepeses cientitias, as qutis cla nio visa substituirse, la sw ‘Be um devir, mas que Sea interior ao sistema, e busca as ea S25 de uma doutrina, aqulas polas quais 0. proprio autor & engendra, diante dem Filosifics, ela © é na medida em que tonta comproender ‘um sistema, conforme a intengo de seu autor. Indo mais além, | fla poder fornecur inicapiee, 0 menos, para 0 que concerne ‘0 problema da verdade formal de uma doutrina. — Que os mo- imentos fioséficos se cumpram num tempo préprio, 30 sig nifica, essencialments, quo a tllsoia ¢ discuso, que a verdade rio The dada em boro © de uma sO vez, mas sucessivamente © progressivamente isto ¢, om tempos em nivels diferentes. Se'assim é, nio parece, entlo, que se possa cxigr de um le tema, 0 acérdo simultineo, resultando de uma consplragio in temporal, de seus dogmas considerados, tnicamente, em. seu fontesido material. "Eo mesmo desconhecimenta do tempo 1 ico que esté na raiz destas duas exigencas, a nosso ver, iiss: "iss: medi a coeréncia de um sistema pela concordinca, efe fwada num presente eterno, dos dogmas que © compéem, € rea GD MM. Golrout, t'éolution ot te structure de ta doctrine de ta scence ehee Pchie, Pasiy 140 4h Joe 18 (@) Brier, le. cit, pa. 4 @ Bedher, Revue philwophiqu, out-dee, 199, pig. 388 M5 lizar 0 esforgo Mloséico por uma intuigéo Unica e total, este belecendose, também ela, a eternidade, © “pleroma” das flosofis jamais poder constituirse pela concordinciaintemporal dos dogmas; eis af 0 contrasenso fan. damental de tOda tentatha de ecletsmo, Para constitulo sl ‘damente, seria preciso unificar os diferentes tempos logos, mas sem recorrer a0 tempo histrico (que nSo pode conttlos), nem ‘2m tempo universal & maneira hepciana (que os desregra © fsmaga). ste tempo nico englobantc, nto se. pode conecber le seno b manera da idsia Kantian tentandose, inicamente, ‘ranspondo uma indicagdo dada por Bergson, resttlr fragmen tos déle que sejam comuns « duas conscitnlas (ilosétics) "su ficientemente aproximadas umas das outras”, para ter "0 mes ‘mo ritmo de duragio” (Durée e Simultandié 2, pag. $8); this comparagces, institulas4 istriador, sem evar, neces Ariamente, em conta o tempo histric, entre pensadates ajo ‘comportamento" flos6ico ofereca estruturas sparentadas. Ay pesqlsss sdbre as “Tormas de pensamenta”, ou “estados argu fetGnicos"» vao nesse sentido, © problema da verdade material dos dogmas, considerados fem si mesmo, no esti, com isso, reolvido- Mas, pelo menos, parece que nfo se pode fle colocar em si mesmo sepamda, ‘mente; tOda flosfts ¢ uma totalidade, onde se juntam, Indio: livelmente, as tests ¢ 0s movimentos’ Psses movimento, efe fmandose mum tempo léglo, implicam. meméria e previsio; mesmo se les se apresentam como rupturas, 830 fete em cone cimento de causa; sio decisdes (batalhar”, dia Descartes); 0 ‘ave, 20 mesmo tempo, mede a eoeréncia de ‘um sistema © seu acdrdo com 0 real, nio é'0 principio de no contradiglo, mas ‘responsabiidade flection E 0 que explica o recurso nocessrio, da parte do historie: or, 8 obra assumida. Seja qual fr 0 valor dos inédios, cles “AD, CL. Souriau, Linstevation philoophigue, Pais, 10, Cconlge phissopique, sobre “Alls de seta an Mowe 01 formuladae jrectsoda, Ge outro pont do vars pr Che Berean, in Hues de philovophie de reences, mn omierage Ferdinand Gonset Neuchte, 100, ig 1 M5 ‘io sto, enquanto coneebides mum tempo Gnicamente vivido, Cconstrufdos no tempo Tigo, que € o Unico a permitir 0 exer cleio da responsabilidade flsdties. Notas preparatiras, onde © pensamento se experimenta se langa, sem ainda determinarse, ‘io leis som crenca e, filosoficemente, rresponsives; elas na podem prevaleer contra a obra, para corvgsls, prolong, ou Corola? muito freqientemente, nao sever seno pare gover Ila, e, désse modo, false la. Ora, 0 hstorisdor nia 6, ein pri Imeiro lugar, eritco, médio, diretor de conscinela; ee’ & quem deve aceltar ser dirigdo,e isso, consentindo em eolocarse nesse tempo ligico, de que pertence ao flésofo a inilativa, i

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