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LÍNGUA PORTUGUESA

E LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Profa. Michelle Moraes


Estilo da 2ª fase

• 8 de Janeiro de 2023 - Prova de 2ª Fase – Português e Redação

Português – 10 questões valendo 50 pontos / 6 questões (interpretação e gramática) e 4


questões (livros).

Redação – valendo 50 pontos.

• 9 de Janeiro de 2023 - Prova de 2ª Fase – Disciplinas específicas de acordo com a


carreira escolhida

12 questões sobre duas, três ou quatro disciplinas, dependendo da carreira escolhida.


ALGUMAS DICAS GERAIS

 LER O ENUNCIADO ANTES;

 GRIFAR OS COMANDOS PRINCIPAIS;

 FAZER AS MAIS FÁCEIS EM PRIMEIRO LUGAR (DAR UMA LIDA GERAL NA PROVA
ANTES);

 FORMULAR RESPOSTAS COMPLETAS, UNIDADES FRASAIS INTEIRAS (COMEÇO, MEIO E


FIM);

 VERIFICAR SE RESPONDEU A TUDO O QUE FOI PEDIDO;

 LETRA LEGÍVEL;

 ATENÇÃO À LEITURA E INTERPRETAÇÃO!


O que mais costuma aparecer nas provas em geral?

 Interpretação de textos verbais e não-verbais (textos jornalísticos, imagens


publicitárias, fotojornalismo, charges, tirinhas);
 Gêneros discursivos (especificidades);
 Os textos de leitura obrigatória;
 Figuras de Linguagem;
 Polissemia /Ambiguidade/Sentidos figurado e literal - SEMÂNTICA
 Variedade linguística e oral, ditados, provérbios;
 Verbos, Pronomes, Estrutura e Formação de palavras e Funções Sintáticas.
O que caiu na 1ª Fase?
 Interpretação de textos, quadrinhos, tirinhas;
 Verbos (uso do “se”/ sentidos formal e informal/sentidos denotativo e
conotativo;
 Adjuntos adverbiais;
 Figuras de Linguagem (trocadilho/metáfora)
 Polissemia (verbo)
 Alguma poesia/ Angústia/ Mensagem.
O que caiu na 2ª Fase 2022?
 Interpretação de textos, imagens, tirinhas;
 Adjunto adverbial;
 Sentidos literal e figurado;
 Figuras de Linguagem (metáfora);
 Orações reduzidas em desenvolvidas;
 Verbos;
 Alguma poesia/ Angústia/Campo Geral/Terra Sonâmbula.
Texto 2
Fuvest 2022
Por respeito à natureza, artista Tikuna levou 16 anos para criar um
cocar As primeiras penas de gavião real que conseguiu chegaram
Texto 1 em 2005. Um amigo o encontrou na aldeia certa vez e ofereceu
algumas penas do animal que tinha encontrado morto no meio do
mato tempos antes. ―Depois, em 2011, um cacique me disse que
tinha algumas também, perguntou se eu queria, eram umas oito.
Juntando com as que eu tinha, já dava para fazer um pedaço do
cocar‖, conta José Tikuna. Para completar a peça, ele precisou
contar com mais doações de amigos e conhecidos. José mesmo
chegou a rodar pela floresta atrás das penas do bicho, mas não
encontrava nada. Os anos passavam, e ele seguia procurando e
esperando. Só em 2014 encontrou novas penas. Dessa vez, um
colega o procurou para que ele usasse seus dotes artísticos para
criar um amarrador de cabelo com pena. José topou fazer e ainda
conseguiu ficar com algumas para colocar em seu cocar. José
lembra das conversas com amigos tocadores de tambor que sempre
falam que se um animal ou uma árvore sofreu ou morreu para que
conseguissem produzir o instrumento musical, o mínimo que eles
deveriam ter é respeito.

Paula Rodrigues. Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/09/08/porrespeito-a-


natureza-tikuna-levou-16-anos-para-criar-um cocar.htm. 08/09/2021. Adaptado.
a) Explique o sentido da expressão ―mais assustador‖ no contexto do anúncio, comparando-a com o
processo de produção do cocar mencionado na notícia.

b) Aponte a função sintática de ―por respeito à natureza‖ e explique como a expressão contribui para o
sentido do título e do texto.

a) A primeira imagem mostra a barbatana de um tubarão ilustrada com o termo ―assustador‖; a segunda,
sem a barbatana, com a expressão ―mais assustador‖. Para o leitor, a presença de um tubarão é algo
―assustador‖, porém seu desaparecimento seria ainda ―mais assustador‖, visto que implicaria a quebra da
cadeia alimentar da vida marinha, que também traria prejuízo aos seres humanos. Com isso, o texto
publicitário alerta para as consequências no meio ambiente de um comportamento humano destrutivo. Já a
atitude do indígena, que levou 16 anos para juntar algumas penas de gavião real de animais que morreram
naturalmente para fazer um cocar, demonstra o respeito pelo tempo da natureza e de seus ciclos.

b) A expressão ―por respeito à natureza‖ é um adjunto adverbial de causa e é utilizada para evidenciar, já
no título, a atitude do indígena em respeitar o tempo da natureza para alcançar seu objetivo: construir um
cocar com penas de gavião real.
Fuvest 2022
Fico imaginando se, em uma visita à casa de amigos, alguém me receber de cara fechada ou demorar para
abrir a porta, sem demonstrar o mínimo de acolhimento. Talvez eu perca o tesão do encontro, deixando toda
minha empolgação do lado de fora. Para mim, não é diferente do serviço em um restaurante. Por mais que a
comida seja meu ponto principal, já perdi literalmente a fome quando fui ignorada, presenciei erros e mais
erros de anotações de pratos, causando estresse nos comensais e na cozinha, sem contar as atitudes
desagradáveis da brigada, quando resolve discutir no meio do salão. De outro lado, criei laços com
restaurantes e bares por conta do atendimento impecável, dos quais os comes e bebes não são
necessariamente maravilhosos. O fato de me sentir acolhida e bem atendida causa um grande peso naquilo
que tanto se fala na gastronomia: a experiência.

Beatriz Marques. ―A arte de servir‖. Revista Menu. Março/2019. Adaptado.

a) Explique o sentido do termo ―literalmente‖ no trecho ―Por mais que a comida seja meu ponto principal, já
perdi literalmente a fome quando fui ignorada‖.

b) Reescreva o excerto ―causando estresse nos comensais e na cozinha, sem contar as atitudes
desagradáveis da brigada‖, substituindo os termos grifados por outros de sentido equivalente.
Resolução

a) O termo ―literalmente‖ foi utilizado em sentido denotativo, real, e expressa o fato de que a
autora realmente perdeu a vontade de fazer uma refeição diante do péssimo atendimento do
estabelecimento.

b) Reescrevendo a passagem dada, tem-se ―causando estresse nos frequentadores habituais


do restaurante e na cozinha, sem contar as atitudes desagradáveis de seus funcionários‖. O
termo ―comensal‖, cujo sentido original é ―cada um dos que comem juntos, seguindo definição
dada no dicionário Houaiss, refere-se, no texto, aos frequentadores de um restaurante;
enquanto o termo ―brigada‖, cujo sentido original é ―grupamento de pessoas voltado à
execução de certo serviço ou tarefa‖, refere-se aos trabalhadores (garçons, cozinheiros etc)
do local.
Fuvest 2022

Ela desatinou Ela desatinou


Ela desatinou Viu chegar quarta-feira
Viu chegar quarta-feira Acabar brincadeira
Acabar brincadeira Bandeiras se desmanchando
Bandeiras se desmanchando E ela inda está sambando
E ela inda está sambando
Ela desatinou
Ela desatinou Viu morrer alegrias
Viu morrer alegrias Rasgar fantasias
Rasgar fantasias Os dias sem sol raiando
Os dias sem sol raiando E ela inda está sambando
E ela inda está sambando Quem não inveja a infeliz
Feliz no seu mundo de cetim
Ela não vê que toda gente Assim debochando
Já está sofrendo normalmente Da dor, do pecado
Toda a cidade anda esquecida Do tempo perdido
Da falsa vida da avenida onde Do jogo acabado

Chico Buarque de Hollanda, 1968.


a) Explique quais são os universos em oposição apresentados na letra da canção e
exemplifique com dois versos.

b) Considerando a ambiguidade presente no verso ―Os dias sem sol raiando‖, transforme a
oração reduzida de gerúndio em duas possíveis orações desenvolvidas, contemplando os
diferentes sentidos do verso.

a) Os universos presentes na canção são a vida fantasiosa e a vida real. A fantasiosa, ou


falsa, está ligada aos dias de folia de carnaval, enquanto a vida real está ligada ao cotidiano
nos demais dias do ano, marcado pelo sofrimento e pela dor: ―Toda a cidade anda esquecida,
da falsa vida, da avenida‖. O universo da realidade não é compactuado pela personagem, que
se nega a abandonar a vida de fantasia, ―ela desatinou‖. Enquanto os outros retornam à vida
habitual, ela permanece num festejar interminável: ‖Os dias sem sol raiando e ela inda está
sambando.‖

b) A oração reduzida de gerúndio ―raiando‖ pode significar ―brilhando‖ ou ―nascendo‖.


Desenvolvendo-as, tem-se: ―Os dias sem sol que brilha (que raia)‖ e ―os dias sem sol que
nascem‖; em ordem direta seria ―os dias que nascem sem sol‖.
Fuvest 2022

a) Como as formas verbais ―gostaria‖ e ―acho‖


contribuem para a construção de sentido dos quadros 1
e 2?

b) Considerando o contexto da tirinha, como o


enunciador se vê no último quadro?
Resolução

a) A forma verbal ―gostaria‖ está no futuro do pretérito do modo indicativo e indica hipótese, possibilidade
e desejo. Seu uso pela autora da tirinha indica que ela se vê como uma bela mulher e gostaria que os
outros a vislumbrassem assim. A forma verbal ―acho‖, no presente do indicativo, indica uma ação
frequente e seu sentido pressupõe a imagem corporal negativa que a cartunista acredita que os outros
tenham dela.

b) No segundo quadrinho, Laerte (a cartunista) já sugere que os outros a veem de forma negativa, por
isso o pronome ―eles‖, empregado no último quadrinho, refere-se aos que a criticam. Essa reação dos
outros não é problematizada por ela, pois as críticas em relação a sua aparência ―passarão‖, ou seja, são
efêmeras, enquanto ela continuará livre como um ―passarinho‖, mantendo sua essência apesar da opinião
alheia.
(FUVEST 2021) Leia o texto e responda à questão.

―Eu só quero a minha liberdade de volta‖. O pedido é um dos mais comuns entre as crianças e os
adolescentes que viram suas vidas se transformarem há mais de quatro anos, quando a barragem de
Fundão, da mineradora Samarco, se rompeu, formando um tsunami de rejeitos de minério que engoliu o
vilarejo rural de Bento Rodrigues, em Mariana (Minas Gerais), e atingiu outros distritos da região. Após a
tragédia, as famílias dos atingidos foram alocadas em casas alugadas em Mariana. Recomeçar uma
nova rotina, no entanto, não tem sido fácil para os jovens. Além da adaptação ao novo território, as
crianças também sofrem com o preconceito e o bullying. ―Ainda há uma hostilização por parte dos
moradores de Mariana. No início, quando eles frequentavam as mesmas escolas, eles eram chamados
de pé de lama e marilama. Muitas vezes, eram culpados pelo encerramento das atividades da Samarco.
Grande parte das falas das crianças são uma reprodução das dos adultos‖, explica a psicóloga. Apesar
de os jovens das cidades atingidas estarem estudando em instituições de ensino próprias, havia relatos
de que eles evitavam circular na cidade com o uniforme da Escola Municipal de Bento Rodrigues, por
exemplo.

H. Mendonça. ‗Filhos e órfãos de Mariana e Brumadinho enfrentam a infância interrompida por uma tragédia que não acabou‘.
Adaptado.
a) Explique o processo de formação da palavra ―marilama‖, sublinhada no texto,
identificando as semelhanças sonoras entre as formas originárias que se
sobrepõem nessa nova formação.

b) Identifique uma atitude dos jovens do vilarejo rural de Bento Rodrigues que
revele a tentativa de apagamento de suas identidades. Justifique sua resposta.
a) O vocábulo ―marilama‖ é formado pela junção do substantivo próprio ―Mariana‖, do qual
Bento Rodrigues faz parte, com o substantivo ―lama‖, portanto, trata-se de composição por
aglutinação. Os termos ―Mariana‖ e ―lama‖ têm, em sua formação, a assonância em ―a‖ e a
tônica na penúltima sílaba, configurando ambas palavras paroxítonas, gerando semelhança
com a expressão ―mar de lama‖.

b) Segundo o texto, as crianças e jovens de Bento Rodrigues, que perderam suas casas
pelo derrame de lama da Samarco, frequentam as escolas de Mariana e, para não sofrerem
discriminação e bullying, optaram por não usar os uniformes da Escola Municipal de Bento
Rodrigues, como tentativa de apagamento de suas identidades, pois ―muitas vezes‖ foram
responsabilizados pelo encerramento das atividades da mineradora.
(FUVEST 2021)

O texto a seguir é fragmento de um artigo de divulgação científica.

A preferência pela mão esquerda ou direita provavelmente é resultado de um processo complexo, que
envolve fatores genéticos e ambientais. O novo estudo, fruto de uma colaboração internacional, é a maior
análise genética focada em canhotos da história: utilizou dados de 1,7 milhão de pessoas, extraídos de
bancos como o UK Biobank e a empresa privada 23andMe. Comparando os genomas de destros,
canhotos e ambidestros, a equipe descobriu que há 41 pares de bases ligados às chances de uma
pessoa ser canhota, e sete relacionados a ambidestros. Um ―par de bases‖ é, grosso modo, uma letrinha
do DNA (A, T, C ou G). Cada gene contém as instruções para fabricar uma proteína. Uma mudança em
uma única letrinha do gene é capaz de mudar a sequência de tijolinhos que constroem essa proteína, e,
por tabela, sua função. Ou seja: o que os geneticistas encontraram foram 41 letrinhas de DNA que
aparecem só em pessoas canhotas. Daí até saber o que exatamente essas letrinhas mudam é outra
história.

B. Carbinatto, ―Estudo identifica 41 variações no genoma associadas a pessoas canhotas‖. Adaptado.


a) Retire do texto duas características linguísticas que permitem classificá-lo
como artigo de divulgação científica.

b) Quais os sentidos, no texto, gerados pelo emprego do diminutivo nas palavras


―letrinha(s)‖ e ―tijolinhos‖? Explique.
a) Há várias características que podem ser destacadas: função referencial, por expor
informações acerca de um estudo sobre a prevalência da mão esquerda ou direita; citação de
dados estatísticos que embasam o estudo; uso de uma analogia didática para explicar o que
é ―um par de bases‖, conceito específico da área da genética; linguagem acessível a leigos e
menos técnica; a impessoalidade no emprego 3.a pessoa, o que garante efeito de
objetividade etc. Todos esses fatores revelam o objetivo de divulgar para o público em geral
(não especializado) a descoberta acadêmica a respeito do complexo processo que define
canhotos e destros.

b) O diminutivo em ―letrinhas‖e ―tijolinhos‖ é uma estratégia do autor para se aproximar do


leitor leigo, ou seja, daquele que não tem muita afinidade com a linguagem técnica
empregada nos textos de divulgação científica. Outra possibilidade de uso do diminutivo é o
fato de se tratar de moléculas, fazendo alusão às suas minúsculas estruturas.
Texto 2

Uma dentre as várias equações que fundam o Brasil


enquanto país é: governar é produzir incêndios.
Marcado por uma ideia de modernidade
impulsionada pela crença de que modernizar é tomar
posse de um terreno baldio, amorfo, pretensamente
sem culturas autóctones ditas desenvolvidas, a fim
de torná-lo ―produtivo‖, o Brasil foi criado por
incêndios. Diante das queimadas que agora
retornam, devemos nos lembrar que a destruição
pelo fogo é nossa maior herança colonial.

V. Safatle, ―Governar é produzir incêndios‖. Adaptado.

(FUVEST 2021) a) Reescreva o fragmento ―pretensamente sem culturas autóctones ditas desenvolvidas‖,
substituindo as palavras sublinhadas por outras de sentido equivalente.

b) Explique por que tanto o enunciado ―É fogo!‖, no texto 1, quanto ―governar é produzir incêndios‖, no texto
2, apresentam mais de um sentido no contexto em que foram empregados.
a) O advérbio ―pretensamente‖ pode ser substituído sem alterar o sentido do texto por
―supostamente, hipoteticamente, presumivelmente‖; ―ditas‖ tem sentido de ―tachadas de,
referidas como, reputadas, julgadas‖.

b) A expressão ―é fogo!‖ pode ser entendida de forma literal, como o incêndio na Amazônia
e no Pantanal, ou ser empregada coloquialmente em sentido conotativo, quando se quer dar
a entender que uma situação é difícil de resolver, conseguir ou realizar. No texto 2,
―governar é produzir incêndios‖, pode ser entendida em sentido literal, referindo-se ao fato
de que desde a época do Brasil Colônia criou-se o hábito de colocar fogo na mata virgem ―a
fim de torná-la ‗produtiva‘‖. Esse hábito estende-se às políticas governamentais que apoiam
a prática de queimadas. Em sentido figurado, a expressão ―governar é produzir incêndios‖
sugere, ao contrário de ―apagar incêndios‖, que seria resolver problemas, a incapacidade
governamental de lidar com questões problemáticas, agravando-as, demonstrando, com
isso, habilidade de gerar outras piores.
(FUVEST 2021)

Considere o texto a seguir para responder à questão.

No Brasil, a educação a distância só estava autorizada para o ensino superior (de maneira completa ou
até 40% dos cursos presenciais) e uma parte do ensino médio (até 30% da carga horária do período
noturno e 20% do diurno). A legislação brasileira atual não permite que a educação infantil e o ensino
fundamental sejam feitos por EAD. Porém, diante da emergência de saúde pública e da situação atípica
na educação, diversas flexibilizações foram adotadas para que os alunos pudessem dar prosseguimento
às aulas de maneira remota. Marcio Kowalski, professor do curso de Rádio, TV e Internet da Metodista,
calcula que entre 30% e 50% dos seus alunos têm dificuldade para acompanhar o curso. Quando está
dando aula, por exemplo, diz que alguns estudantes ficam repetidamente caindo e entrando na chamada
de vídeo. ―Não são todos que podem ter aquele clichê do computador com a estante de livros bonita
atrás‖, brinca.

I. Paz, ―Desafios do ensino remoto na pandemia‖. Adaptado

a) O que o professor quis dizer ao proferir a frase ―Não são todos que podem ter aquele clichê do
computador com a estante de livros bonita atrás‖?

b) No período ―Quando está dando aula, por exemplo, diz que alguns estudantes ficam repetidamente
caindo e entrando na chamada de vídeo‖, explique o emprego da expressão sublinhada.
a) A frase proferida pelo professor revela que muitos de seus alunos apresentam
dificuldade para acompanhar o ensino a distância, não só por causa da instabilidade
da conexão da internet, como também pela falta de ambiente adequado para estudo.
Assim, em sentido literal, ao dizer que nem todos ―podem ter aquele clichê do
computador com a estante de livros bonita atrás‖, segundo crê o senso comum, o
docente evidencia a desigualdade social, porque nem todos os alunos têm acesso ao
―clichê‖, ou seja, às condições materiais como escrivaninha e estante de livros atrás,
como seria ideal, para acompanhar as aulas virtuais.

b) A expressão ―por exemplo‖ é uma locução denotativa de explicação, utilizada para


introduzir uma evidência, para ilustrar o argumento apresentado no texto de que ―os
alunos têm dificuldade para acompanhar o curso por causa da internet‖. A falta de
acesso a estruturas adequadas para o ensino remoto gera um prejuízo no processo de
ensino-aprendizagem, como é exemplificada pelo professor Marcio Kowalski ao
mencionar a ―queda‖ frequente da conexão dos alunos.
A reinvenção da vírgula

No começo de 1902, Machado de Assis ficou desesperado por causa de um erro de revisão no prefácio da
segunda edição de suas Poesias completas. Dizem que chegou a se ajoelhar aos pés do Garnier implorando
para que o editor tirasse o livro de circulação. O aristocrático e impoluto Machado, quem diria. Mas a gralha
era mesmo feia. O tipógrafo trocou o E por A na palavra cegara, o revisor deixou passar, e vocês imaginam
no que deu.

No nosso caso, o erro não foi nada de mais, nem erro foi para falar a verdade, apenas um acréscimo besta de
pontuação, talvez dispensável, ainda que de modo algum incorreto. Vai o revisor, fiel à ortodoxia da gramática
normativa, e espeta duas vírgulas para isolar um adjunto adverbial deslocado, coisa de pouca monta, diria
alguém, mas suficiente para o autor sair bradando aos quatro ventos que lhe roubaram o ritmo da sentença.
Um editor experiente traria um cafezinho bem doce, a conter o ímpeto dramático do autor de primeira viagem,
talvez caçoando, ―deixa de onda‖, a lembrá-lo – valha-me Deus! – que ele não é nenhum Bruxo do Cosme
Velho*. E assim lhe cortando as asas antes do voo.

*Referente a Machado de Assis.


Disponível em https://jornal.usp.br/artigos/areinvencaodavirgula/. Adaptado.

(FUVEST 2020)
a) Qual o sentido da palavra ―espeta‖, destacada no texto, e qual o efeito que ela produz?
b) Explique o significado, no texto, da expressão ―cortando as asas antes do voo‖.
a) A palavra ―espeta‖ foi empregada em sentido figurado: ―incluir, inserir‖. O termo foi
empregado em uma alusão à reação de contrariedade do autor que se sentiu
desrespeitado por ter o seu texto ―corrigido‖ pelo revisor.

b) A expressão metafórica ―cortando as asas antes do voo‖ refere-se a uma forma de


atividade por parte do editor para conter o ímpeto de supercorreção do ―autor de primeira
viagem‖, que não era ―nenhum Bruxo do Cosme Velho‖.
(FUVEST 2020) Examine a capa da revista Superinteressante, publicada em julho de 2019.

a) Indique o duplo sentido presente na manchete de


capa da revista, explicitando os elementos linguísticos
utilizados.

b) Explique como a imagem e o texto se combinam na


construção do sentido.
a) A ambiguidade ocorre em função do ―para‖ ter sido empregado primeiro como verbo no
imperativo, seguido do vocativo ―noia‖, que significa, segundo o subtítulo, uma doença
ligada aos transtornos mentais; e numa segunda leitura, as duas palavras formarem um
único substantivo, ―paranoia‖, também relacionado a distúrbios mentais. A possibilidade
dessas duas leituras constrói a ambiguidade e configuram, pela sonoridade, uma
paronomásia (palavras parecidas no som, mas diferentes no sentido). Separadas
(para/noia) remetem ao sentido de enfrentamento de episódios de ansiedade e
depressão, além de outros transtornos. ―Paranoia‖ é um termo introduzido na psiquiatria
para designar problemas psíquicos, usado popularmente na forma abreviada ―noia‖.

b) A imagem sugere uma sessão de terapia, em que o paciente, sentado, é retratado com
linhas circulares no lugar da cabeça, representando a confusão mental do paciente
acometido por paranoia.
Lista de Livros 2023
Poemas escolhidos – Gregório de Matos.
Quincas Borba – Machado de Assis.
Mensagem – Fernando Pessoa.
Romanceiro da Inconfidência – Cecília Meireles.
Alguma poesia – Carlos Drummond de Andrade.
Angústia – Graciliano Ramos.
Campo Geral – Guimarães Rosa.
Terra Sonâmbula – Mia Couto.
Nove Noites – Bernardo Carvalho.
Lista de Livros 2023
Barroco
 Cultismo X Conceptismo
 Dualidades (figuras de linguagem)
 Poesia Satírica (Boca do Inferno) Realismo
 Poesia Religiosa (culpa x perdão)  Narrativa em 3a. pessoa e onisciente
 Poesia Amorosa (carne x espírito)  Humanitismo/Borbismo/Humanitas
 Narrativa não linear - Técnica do Flashback
 Conversa com o leitor
 Ironia
 Digressão
 Metalinguagem e Intertextualidade (com
ele mesmo e com Shakespeare)
 Psicologia
 Local: Rio de Janeiro e Barbacena
Lista de Livros 2023
Modernismo Português - 1934
 44 poemas divididos em três
Modernismo Brasileiro – 2ª Fase
partes:
 85 poemas
 Brasão
 Inconfidência Mineira – 1789 -
 Mar português
século XVIII.
 Encoberto
 Publicação – 1953 - século XX
 Intertextualidade com
– necessidade de resgate do
Camões: ―Os Lusíadas‖.
nacionalismo.
 Crença no 5º Império.
 Vida e destino dos
 História de Portugal.
inconfidentes.
 Mito Sebastianista.
 Linguagem lírica e ritmada.
 Tiradentes = Mártir = Cristo.
 Ouro = vilão.
Lista de Livros 2023
Modernismo Brasileiro
 1930 – livro que lembra os ideais da
―Semana de arte moderna‖. Modernismo Brasileiro

 Ironia.  Publicado em 1936

 Vocabulário popular.  Romance de confissão.

 Poemas leves, curtos e bem humorados.  Luís da Silva – jornalista

 Crítica social e política. frustrado, compulsivo.

 Menção às cidades mineiras,  Julião Tavares – rico hipócrita.

em especial, Itabira, onde ele  Luta de classes: rico X pobre

nasceu.  Dinheiro como vilão.

 Interior mineiro x Rio de Janeiro.  Marina – moça fútil.


 Neorrealismo/neonaturalismo.
 Contexto histórico.
Lista de Livros 2023
Modernismo Brasileiro – 3ª Fase
 Linguagem diferenciada (neologismos)
 Ditados, provérbios, sabedoria popular. Literatura africana
 Figuras de linguagem.  Moçambique – 1992.
 Óculos = metáfora para o crescimento de  Independência em 1975 e
Miguilim. Guerra Civil (1977 – 1992).
 Perdas e sofrimento.  Muidinga = novo Moçambique.
 Livro de aprendizagem e  Tuahir = velho Moçambique
descoberta.  Kindzu = intermediário.
 Foco narrativo em 1ª e 3ª
pessoas.
 Livro simbólico, metafórico.
 Linguagem diferenciada.
Lista de Livros 2023
Literatura Pós Moderna – 2002
 Dois narradores (Investigador e Manoel Perna).
 Muitas referências históricas, geográficas, sociológicas – Interdisciplinar.
 Citações de muitos escritores – intertextualidade.
 Obra que mistura fatos reais e ficcionais.
 1939 – Estado Novo (vigilância absoluta por parte do governo) – Buell
Quain no Brasil.
 1973 – Viagens do narrador com seu pai para as regiões indígenas.
 2001 e 2002 – Quando a investigação acontece e a história é escrita.
 Desconstrução do índio idealizado como era comum na literatura
romântica.
 Questões ligadas às comunidades indígenas e relacionadas ao homem
branco e o índio.
Questões de Literatura em Língua Portuguesa

 Perguntas que comparam uma obra com a outra (mais frequente na 1ª Fase).

 Perguntas pontuais, querem saber do enredo ou de personagens específicos.

 Algumas são mais de interpretação de texto.

 Atenção para o contexto histórico das obras, intenções e perspectivas históricas, sociais,
políticas dos autores.
Algumas comparações que podem ser feitas...
 Romanceiro da Inconfidência; Quincas Borba; Alguma Poesia e Campo Geral –
Minas Gerais;

 Terra Sonâmbula e Campo Geral – meninos, livro de descoberta, aprendizagem,


linguagem diferenciada (prosa poética, neologismos, ditados, sabedoria popular...);

 Poemas escolhidos, Quincas Borba, Romanceiro da Inconfidência, Alguma


poesia e Angústia – dinheiro como vilão, ambição, ganância, exploração do povo
brasileiro;

 Luís da Silva = Buell Quain = gauche de Drummond = homem desestruturado,


que não se encaixa em lugar algum, poucos amigos. Transita entre sertão e centro
urbano. Drummond transita entre Itabira e Rio de Janeiro. Quain entre os índios
brasileiros e seu país.
Algumas comparações que podem ser feitas...

 Quincas Borba e Angústia – pessimismo machadiano, ceticismo;

 Quincas Borba e Angústia – loucura, mente perturbada;

 Angústia – mostra que, apesar de tudo, ainda há esperança;

 Mensagem – o que é o homem sem a loucura? Cadáver adiado que procria...

 Alguma Poesia - Minas deitada, adormecida;

 Terra sonâmbula - Moçambique adormecido;

 Terra sonâmbula, Nove noites, Romanceiro da Inconfidência – polifonia.


(FUVEST 2020) Observe as seguintes capas que o artista Santa Rosa desenhou para o livro
Angústia, de Graciliano Ramos:
Capa da 2ª edição, 1941 Capa da 3ª edição, 1947

a) Comente o episódio figurado na capa de 1941, analisando a posição de Luís da Silva na cena.
b) Comente o episódio figurado na capa de 1947, analisando a posição de Luís da Silva na
cena.
a) A ilustração que Santa Rosa faz para a segunda edição de Angústia, vinda a público em
1941, representa o episódio que o narrador-protagonista qualificou como a sua desgraça: a
aproximação e posterior noivado de Luís da Silva com Marina. Percebe-se o gesto sedutor
da moça, prendendo a atenção do vizinho Luís da Silva, cuja posição, nessa imagem é
cabisbaixa, observadora, índice de passividade e submissão, característica que é fruto tanto
de uma tensão erótica daquele instante (limitada pela cerca que separa o casal) quanto de
uma problemática sexual mal resolvida, resultado do histórico de vida problemática e
traumatizada do protagonista. A cerca conota a irrealização do casamento de Luís com
Marina.

b) A ilustração que Santa Rosa fez para a capa da edição de 1947 de Angústia apresenta o
episódio em que Julião Tavares é enforcado por Luís da Silva. Há, nessa imagem, a
expressão aflita da vítima. Nesse ato de assassinato, Luís da Silva tem uma postura ativa,
mata quem lhe tirou a noiva, mas nem por isso deixa de ser uma personagem problemática,
psicótica e irresolvível.
(FUVEST 2022)
O que me espanta não é a traição que dá na vista, não é o tolice que brilho em público: é
a decência que se mantém, é a dignidade que se preserva, é a honradez que se resguarda, é o
sacrifício obscuro e cotidiano que se continua. Eu lhe digo, porque tenho vivido em muitos cantos
do Brasil e mexido com muita gente — eu posso lhe dizer que, entre milhares de homens tão
diferentes de caráter e mesmo de ideias, sempre se tem conservado, através de todas as
tribulações e contingências, um patrimônio comum. E você, Graciliano Ramos, faz parte deste
nosso patrimônio.
O que senti vontade de lhe dizer hoje, e fica dito agora, é o seguinte: que tanto quanto
eu, há milhares de pessoas no Brasil que não estão presentes ao banquete mas que desejam que
você fique sabendo que estão ao seu lado. Conte conosco, não apenas na hora de beber e de
comer, como também na hora de ter ódio de Julião Tavares, de lutar contra Julião Tavares — e de
matar Julião Tavares.
Rubem Braga — ―Discurso de um ausente‘, mensagem do cronista a seu amigo Graciliano Ramos por ocasião do jantar em
homenagem aos cinquenta anos do autor de Angústia.

a) Como os valores éticos descritos por Rubem Braga constituem a resistência (e logo a tensão)
que forma o ponto de vista em Angústia?
b) Caracterize o perfil de Julião Tavares, de modo a explicar por que o cronista o considera um
inimigo do ―patrimônio comum‖.
a) No trecho de Rubem Braga, destacam-se os seguintes valores éticos: ―decência‖, ―dignidade‖,
―honradez‖ e ―sacrifício obscuro‖. Tais valores, dentro do romance Angústia, são pertinentes ao
narrador, protagonista, Luís da Silva que vive numa sociedade corrompida moral e
sociopoliticamente. A figura de Julião Tavares representa o oposto de tais valores: ele é oportunista,
sedutor de mulheres que depois as abandona impune. Julião Tavares simboliza a burguesia
hipócrita, pedante, fútil e ociosa. A dinâmica do romance opõe tensamente a relação dessas
personagens de característica psíquicas, morais e socioeconômicas antitéticas. Luís da Silva resiste
e luta contra esse status quo, ainda que o assassinato de Julião não lhe traga a redenção. O texto de
Rubem Braga corrobora o combate ao falso moralismo e a pseudocultura do estrato social burguês.

b) A personagem Julião Tavares é hipócrita, traiçoeira, reacionária, pedante, prolixa, sedutora


contumaz, desfruta dos privilégios da classe burguesa, vivendo no ócio. Esse perfil é oposto ao que
Rubem Braga define como ―patrimônio comum‖: a ―decência‖ ―a dignidade‖, ―a honradez‖, ―o sacrifício
obscuro e cotidiano‖.
(FUVEST 2021) Leia o texto e responda à questão.

Só a Rosa parecia capaz de compreender no meio do sentir, mas um sentimento sabido e um


compreendido adivinhado. Porque o que Miguilim queria era assim como algum sinal do Dito morto
ainda no Dito vivo, ou do Dito vivo mesmo no Dito morto. Só o Rosa foi quem uma vez disse que o Dito
era uma alminha que via o Céu por detrás do morro, e que por isso estava marcado para não ficar
muito tempo mais aqui. E disse que o Dito falava com cada pessoa como se ela fosse uma, diferente;
mas que gostava de todas, como se todas fossem iguais. E disse que o Dito nunca tinha mudado,
enquanto em vida, e por isso, se a gente tivesse um retratinho dele, podia se ver como os traços do
retrato agora mudavam. Mas ela já tinha perguntado, ninguém não tinha um retratinho do Dito. E disse
que o Dito parecia uma pessoinha velha, muito velha em nova.

João Guimarães Rosa, Campo Geral.

a) Sabendo que o quiasmo é uma figura de estilo formada por uma dupla antítese cujos termos se
cruzam, identifique um exemplo de quiasmo no texto e explique a sua construção.

b) Nas palavras do crítico Paulo Rónai, o escritor Guimarães Rosa sonda as suas personagens ―num
momento de crise, quando, acuadas pelo amor, pela doença ou pela morte, procuram
desesperadamente tomar consciência de si mesmas e buscam o sentido de sua vida‖. Como a
ausência de Dito desperta a inquietação de Miguilim?
a) Quiasmo é ―disposição cruzada da ordem das partes simétricas de duas frases, de modo que formem
uma antítese ou um paralelo (p.ex. (...) meu filho abraçou-me carinhosamente, carinhosa - mente o
abracei) (Houaiss). Há uma estrutura sintática em xis, invertem-se as palavras e a função delas na
frase, como se nota em ―do Dito morto ainda no Dito vivo ou Dito vivo mesmo no Dito morto‖. Percebe-
se uma construção em xis envolvendo ― Dito morto‖ e Dito vivo‖.

b) O enredo de Campo Geral configura um mito universal: o rito de passagem da infância para a
maturidade. Dito, mais novo que Miguilim, é o irmão sábio, que não tem medo da morte e compreende o
mundo adulto e com ele se relaciona bem. É o norte da existência do intuitivo e impulsivo Miguilim, pois
soluciona as dúvidas do protagonista. A morte de Dito acarretará para Miguilim não só o trauma
profundo do luto, mas também mais uma experiência existencial que o levará a conhecer mais um dos
fatos que o conduzirão gradativamente à maturidade. Na sublimação da perda do irmão querido, é
importante o ritual religioso promovido por Mãitina, mulher negra agregada, que leva Miguilim para
enterrar os brinquedos de Dito. A partir deste evento, aos poucos, o protagonista vai atenuando a dor e
incorporando o legado emocional e existencial de Dito, como se nota no fecho da novela, na partida de
Miguilim do Mutum, quando lembra o que Dito lhe disse ao morrer: ―Sempre alegre, Miguilim‖.
(FUVEST 2021) Considere o texto para responder à questão.

A ficção começou no dia em que botei os pés nos Estados Unidos. A edição do
The New York Times, de 19 de fevereiro de 2002, que distribuíram a bordo,
anunciava as novas estratégias do Pentágono: disseminar notícias — até mesmo
falsas, se preciso — pela mídia internacional; usar todos os meios para ‗influenciar
as audiências estrangeiras‘.

Bernardo Carvalho, Nove Noites.

a) Identifique o narrador do excerto e o contexto histórico a que ele faz alusão.

b) A frase ―A ficção começou no dia em que botei os pés nos Estados Unidos‖ diz
respeito ao encontro com uma nova personagem na intriga do romance. Que
personagem é essa e a qual revelação ela está diretamente relacionada?
a) O narrador da passagem do romance Nove Noites é o jornalista-investigador, o qual viaja aos Estados
Unidos para buscar informações que pudessem ajudá-lo a solucionar o mistério em torno dos motivos que
teriam levado Buell Quain ao suicídio. No fragmento, o narrador investigador-jornalista relata que a edição
do New York Times, de 19 de fevereiro de 2002, ―anunciava as novas estratégias do Pentágono‖,
envolvendo a disseminação de notícias falsas (fake news) para ―influenciar as audiências estrangeiras‖
quanto aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, às Torres Gêmeas do World Trade Center.
Essa é a situação histórica a que a pergunta se refere.

b) A ida do narrador-investigador-jornalista está diretamente vinculada ao encontro dele com Schlomo


Parsons, filho de Andrew Parsons. Essa conversa, talvez, trouxesse informações as quais poderiam revelar
os motivos que teriam levado Buell Quain ao suicídio, bem como esclarecer a relação do etnólogo com o
fotógrafo Andrew Parsons. Também poderia ser revelado se houve envolvimento amoroso entre a
hipotética esposa do antropólogo com Andrew Parsons e desse com Buell Quain. A tensa relação amorosa,
segundo o narrador-investigador-jornalista, é uma das possibilidades que poderia ter desencadeado o
desequilíbrio de Buell Quain que culminaria com seu ato tresloucado.
POLÍTICA LITERÁRIA
A Manuel Bandeira

O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal.

Enquanto isso o poeta federal


tira ouro do nariz.

(Carlos Drummond de Andrade, in Alguma Poesia)

ANEDOTA BÚLGARA

Era uma vez um czar naturalista


que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas, ficou muito espantado e
achou uma barbaridade.

(Carlos Drummond de Andrade, in Alguma Poesia)


Costuma-se reconhecer que esses poemas, pertencentes ao Modernismo, apresentam aspectos
característicos do poema-piada, modalidade bastante praticada nesse período literário. Considerando essa
informação, responda ao que se pede.

(FUVEST – adaptada) – Identifique um recurso de estilo tipicamente modernista que esteja presente em
ambos os poemas. Explique-o sucintamente.
RESOLUÇÃO: Ambos os poemas foram compostos em versos livres, contrariando as convenções da
métrica tradicional, isossilábica, isto é, na qual os versos têm o mesmo número de sílabas métricas.
Também se pode mencionar o fato de que, em ambos os poemas, o registro de linguagem é coloquial,
próprio da conversação, despido dos traços retóricos que caracterizam o discurso de registro elevado,
típico da tradição literária de que o Modernismo de então procurava afastar-se.

(FUVEST – adaptada) – O poema-piada visa a um humorismo instantâneo e, por isso, esgota-se em si


mesmo, não indo além desse objetivo imediato. Essa afirmação aplica-se aos poemas aqui reproduzidos?
Justifique brevemente sua resposta.
RESOLUÇÃO: Nos dois poemas, o humor é instrumento de crítica, e de ―crítica de vida‖: em ―Política
Literária‖, trata-se da vida cultural, suas relações com o poder e suas hierarquias espúrias; em ―Anedota
Búlgara‖, trata-se da opressão política, ditatorial e assassina que banaliza a crueldade contra o homem.
(FUVEST – adaptada) – Caracterize brevemente a concepção de
QUERO ME CASAR amor presente nesse poema.
RESOLUÇÃO: A concepção de amor expressa no poema privilegia
Quero me casar a urgência e a concretude da realização do ato amoroso,
na noite na rua eufemisticamente camuflado sob o verbo ―casar‖. O eu poemático
no mar ou no céu projeta com intensidade seu desejo, na reiteração do ―quero me
quero me casar. casar‖. A característica do ser para que se realize esse desejo
importa menos (―loura morena / preta ou azul / uma noiva verde...‖)
Procuro uma noiva do que sua realização urgente: ―Depressa, que o amor / não pode
loura morena esperar!‖.
preta ou azul
uma noiva verde (FUVEST – adaptada) – Compare essa concepção de amor com a
uma noiva no ar que predominava na literatura do Romantismo.
como um passarinho. RESOLUÇÃO: A feição modernista do poema revela-se na
subversão da visão idealizante da mulher e na concentração no ato
Depressa, que o amor volitivo do sujeito, marcado por uma indisfarçável sensualidade.
não pode esperar! Ainda que tenha com o Romantismo o remoto parentesco da
subjetividade, da imposição radical de um ―eu‖ que se afirma com
(Carlos Drummond de Andrade, intensidade, o poema opõe-se ao idealismo amoroso que levava os
in Alguma Poesia) românticos a fazerem da mulher, anjo ou demônio, o centro de sua
inspiração. Nesse poema drummondiano, a mulher idealizada não
aparece, pois isso não importa diante da urgência avassaladora do
desejo.
(FUVEST – adaptada) – Que aspectos da realidade nacional estão
representados nas duas primeiras estrofes do poema ―Cidadezinha
Qualquer‖?
CIDADEZINHA QUALQUER RESOLUÇÃO: Estão representadas a vida das pequenas cidades do interior,
bastante simples, com sua paisagem rural (―bananeiras‖, ―laranjeiras‖,
Casas entre bananeiras ―pomar‖), com lirismo singelo (―pomar amor cantar‖), e a monotonia decorrente
mulheres entre laranjeiras desse cotidiano (―Um homem vai devagar‖). Essas duas estrofes caracterizam
pomar amor cantar. a ―cidadezinha qualquer‖ do interior brasileiro. Deve-se lembrar que os
Um homem vai devagar. poemas de Alguma Poesia foram publicados em 1930, época em que a
Um cachorro vai devagar. maioria da população brasileira era rural.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham. (FUVEST – adaptada) – Que valores estão implícitos no ponto de vista
Eta vida besta, meu Deus. adotado pelo poeta no último verso do poema?
RESOLUÇÃO: O último verso do poema (―Eta vida besta, meu Deus‖) opõe o
(Carlos Drummond de poeta, irônica e criticamente, ao universo provinciano da cidadezinha qualquer,
Andrade, in Alguma Poesia) monótono e singelo. Nesse verso está implícita a ideologia cosmopolita, das
grandes cidades, com vida moderna, informação rápida, valores dinâmicos,
portanto o avesso da mesmice da cidadezinha qualquer. Note-se que o título
do poema e as construções sintáticas paralelas (―Um homem vai devagar. /
Um cachorro vai devagar. / Um burro vai devagar.‖) já têm caráter irônico,
retomado depois, clara e agressivamente, em ―Eta vida besta, meu Deus‖. Na
poética de Drummond, a inadaptação é geral e irrestrita, seja no mundo rural,
seja no mundo da cidade grande.
(FUVEST – adaptada) – A mesma oração repete-se nos versos 4, 5 e 6, mudando apenas o sujeito.
Exponha, com base no próprio poema, a intenção contida tanto na mudança quanto na repetição.

RESOLUÇÃO: As repetições (―Um... vai devagar‖) sugerem a monotonia presente no cotidiano da


cidadezinha. Não há variação e tudo é muito lento na vida provinciana. Na mudança dos sujeitos
oracionais (―Um homem‖, ―Um cachorro‖, ―Um burro‖), percebe-se que há uma generalização. A mesmice
e a lentidão são atributos de seres racionais e irracionais, envolvem a tudo e a todos, homem e animais.
Além disso, os termos da enumeração contida nesses versos permitem interpretações irônicas: por um
lado, homens e animais aparecem nivelados; por outro, a palavra ―burro‖ pode, além de designar o
animal, referir-se à vida pouco inteligente da cidadezinha.

(FUVEST – adaptada) – Ainda sobre os versos tratados na questão 7, a oração mantém a mesma ordem
de construção, havendo, porém, inversão no 7.o verso. Explique a consequência dessa inversão na visão
que se oferece da cidadezinha.

RESOLUÇÃO: Em ―as janelas olham‖, há uma evidente metonímia: ―janelas‖ referem-se às pessoas que
olham através delas. Nesse verso, passou-se da ação (―vai‖, nos três versos anteriores) à contemplação
(―olham‖), mas permanece a mesma lentidão, com maior ênfase, agora, no advérbio ―devagar‖,
deslocado para o início da frase. Esse advérbio, afinal, parece abranger tudo: coisas e animais, pessoas
que agem e pessoas que espiam.
SWEET HOME
Quebra-luz, aconchego.
FUVEST 2022
Teu braço morno me envolvendo.
A fumaça de meu cachimbo subindo.
a) Por que a expressão em inglês Sweet home
suscita, no título do poema, um teor de ironia?
Como estou bem nesta poltrona de humorista
inglês.
b) Na circunstância do poema, os termos
―bruto romance‖ e ―folhetins‖, como formas
O jornal conta histórias, mentiras...
literárias, representam diferentes visões de
mundo, estabelecendo entre si um contraste
Ora afinal! a vida é um bruto romance
simbólico. Comente.
e nós vivemos folhetins sem o saber.

Mas surge o imenso chá com torradas,


chá de minha burguesia contente.
Ó gozo de minha poltrona!
ó doçura de folhetim!
Ó bocejo de felicidade!
a) O título Sweet Home é irônico porque conota o sentido que se depreende da leitura do poema: a
alienação da ―burquesia contente‖ em relação ao contexto sociopolítico do Brasil. Essa burguesia
vive fechada em si mesma (―Ó gozo de minha poltrona!‖), é colonizada culturamente, adotando
costumes ingleses (―A fumaça de meu cachimbo subindo.‖ / ―Mas surge o imenso chá com
torradas‖) Essa vida típica da ―doçura de folhetim‖, fútil, vã e plena de ócio, já é indiciada no irônico
título.

b) No verso ―Ora afinal a vida é um bruto romance‖, há alusão à forma literária, predominantemente
narrativa, o romance, gênero em que ocorre um conflito, muitas vezes insolúvel, entre o
protagonista e o contexto bruto da vida (A palavra ―bruto‖ tem o campo semântico, nesse verso, de
irracional, desagradável, tosco, grosseiro, violento). O verso ―E nós vivemos folhetins sem o saber‖
conota o doce tranquilo e alienado viver burguês, que é muito próximo das histórias do gênero
folhetim, narrativa típica do século XIX, publicada geralmente uma vez por semana nos jornais. O
enredo do folhetim tinha peripécias de base sentimental, retratava a vida burguesa e conflitos leves
que desembocavam num final feliz, satisfazendo o gosto do leitor do estrato superior da sociedade
o qual buscava a confirmação da ideologia dominante no folhetim.
Fuvest 2022

Muitos povos indígenas brasileiros costumavam matar os gêmeos antes do contato com os brancos, que
combateram a prática. ―Quando chegamos lá (ao Parque Indígena do Xingu), ainda matavam. Fizemos
uma campanha, mas, apesar da tolerância, os índios ainda recebem com muita reserva os gêmeos. O
repúdio ao duo é muito forte‖, disse à Folha o sertanista Orlando Villas Boas. ―Muitos povos indígenas
têm uma atitude contrária aos gêmeos porque seriam sinal de transgressão. Eles são vistos como
perigosos e, segundo os índios, poderiam trazer males e doenças‖, afirma a antropóloga Betty Mindlin,
autora de ―Terra Grávida‖, antologia de mitos indígenas.

―Índios brasileiros matavam gêmeos‖. Redação. Folha de São Paulo, 30/01/2000.

a) Qual personagem de Terra sonâmbula é estigmatizada pelo mesmo motivo apresentado na matéria?
Justifique a sua resposta.

b) No romance de Mia Couto, como a personagem Romão Pinto representa uma crítica ao dito ―homem
civilizado‖?
Resolução:

a) Farida e Carolinda são irmãs gêmeas, e segundo a crença da região em que se passa o
romance, o nascimento de gêmeos indica grande desgraça futura. Dias depois de nascida e
não alimentada, Carolinda foi tida como morta, para que a maldição não se concretizasse.
Na verdade, a mãe das gêmeas simulou a morte de Carolinda e entregou a menina a uma
viajante que não podia ter filhos. A desgraça, no entanto, chega ao lugarejo e, devido a isso,
foi imposto um ritual de sacríficio à mãe das gêmeas. Farida cumpriu maldição de ter
nascido gêmea, vivendo à margem daquela sociedade.

b) Romão Pinto representa o colonizador português, explorador, materialista, inescrupuloso,


preconceituoso e estuprador, que, mesmo depois de morto, continua na atividade de
negócios ilícitos. Desse modo, Romão Pinto é o avesso do que pretensamete se considera
―homem civilizado‖, uma vez que seus pensamentos e atitudes revelam a irracionalidade
predadora do continente e da mulher africanos . Afastam-se totalmente da atitude de
homem representante da ética.
Isso é tudo
pessoal!
Arrasem na prova!
Sucesso sempre!

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