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Material Curso Engenharia Eletrica 2
Material Curso Engenharia Eletrica 2
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre condutores elétricos e fios, os quais
são primordiais para o sistema elétrico de distribuição de energia no Brasil.
Estudá-los é fundamental para todos aqueles que almejam trabalhar
como engenheiros eletricistas, projetistas e técnicos elétricos, portanto,
a seguir, apresentaremos conceitos referentes à constituição dos cabos e
dos fios elétricos, sua formação, características técnicas, aplicações, tipos
de condutores e principais métodos de dimensionamento.
Ao longo do texto, será possível especificar e definir as seções e
conhecer quais materiais são utilizados para a fabricação, do que são
constituídos e as normas técnicas aplicáveis para esse assunto. Você ainda
vai visualizar, por meio de figuras, tabelas e gráficos, as especificidades
e características.
Conceitos básicos
Os condutores elétricos são responsáveis pelo transporte da energia elétrica, ou
seja, são produtos metálicos cuja a propriedade é conduzir sinais elétricos. De
forma geral, o condutor é circular e de comprimento extenso. São classificados
2 Condutores de circuitos e seções de fios
Isolação
A isolação é um termo utilizado para isolar eletricamente, confinando o campo
elétrico gerado pelo condutor, com a finalidade de proteger mecanicamente
4 Condutores de circuitos e seções de fios
o fio do meio que o circunda, do contato com outros condutores, com a terra,
toques acidentais ou do ambiente em que esteja instalado.
Para realizar a isolação, são utilizados materiais isolantes com alta resisti-
vidade e devem ter alta rigidez dielétrica, especialmente quando empregados
em tensões elétricas superiores a 1 kV. Como exemplo, podemos observar a
Figura 1 a seguir. Nela, podemos observar que o condutor, além de apresentar
a isolação, tem também uma cobertura externa com a função de proteger o fio
ou o cabo contra influências externas. Esse invólucro externo é não metálico e
contínuo. O fio que apresentar apenas a cobertura é chamado de cabo coberto,
pois não tem a camada de isolação.
Denominamos condutor isolado o fio ou o cabo dotado apenas de isolação.
Observe-se que a isolação não precisa necessariamente ser constituída por
uma única camada (p.ex., podem ser usadas duas camadas do mesmo material,
sendo a camada externa especialmente resistente à abrasão) de acordo com a
fabricante Prysmian (Figura 2).
Borracha de silicone
Fibra de vidro
Outros materiais
Verniz
Tabela 1. Temperaturas
Tensão de isolamento
Os sistemas elétricos são previstos para várias classes de tensão. Conforme:
Blindagem
Conforme os autores Cavalin e Cervelin (2006), a blindagem são as camadas
de materiais semicondutores, aplicada sobre o condutor ou as partes metálicas
aplicadas sobre a segunda camada semicondutora que recobre a isolação,
cuja finalidade é concentrar o campo elétrico ou facilitar o escoamento das
correntes de curto-circuito e das correntes induzidas. Existem dois tipos de
blindagem: a interna e a externa.
A blindagem interna, cuja aplicação do material semicondutor é direta-
mente sobre o condutor por meio de processos de extrusão e vulcanização,
tem as funções de uniformizar a distribuição das linhas de campo elétrico e
impedir a ionização.
8 Condutores de circuitos e seções de fios
Tabela 2. Dimensão de um cabo de acordo com a isolação térmica, a partir de sua tensão
de isolamento
Tensão de isolamento
Tensão Tensão máxima
do cabo Vo (kV)
nominal do de operação do
sistema (kV) sistema (kV)
Categoria 1 Categoria 2
1 1,2 — 0,6
3 3,6 — 1,8
6 7,2 3,6 6
10 12 6 8,7
15 17,5 8,7 12
20 24 12 15
25 30 15 20
35 42 20 27
Figura 3. Blindagem. (1) condutor; (2) blindagem do condutor; (3) isolação; (4) blindagem da
isolação (camada semicondutora); (5) blindagem da isolação (fios de cobre nu); (6) cobertura.
Fonte: Adaptada de Walpa (2018).
Para cabos de baixa tensão, a isolação mais utilizada é o PVC, por ser mais econômico,
apesar de suas características serem apenas regulares. Para cabos de média tensão,
em que se deseja maior confiabilidade, se utiliza EPR e XLPE. Nos cabos de alta tensão,
a escolha recai sobre o XLPE, por apresentar melhor desempenho (elevado gradiente
de descarga e baixas perdas dielétricas) e melhor viabilidade econômica.
Tipos de condutores
Temperatura
Seção mínima
A seção mínima é o critério mais simples e é utilizado para determinar a seção
mínima do condutor a ser empregado em uma determinada aplicação. Esse mé-
todo é mais utilizado em situações em que a capacidade de corrente necessária
é pequena, geralmente em instalações residenciais, porque, se observarmos
a tabela definida pela norma NBR 5410 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2004), na prática os valores mais utilizados são: a
seção mínima para condutores em circuitos de iluminação ser de cobre e de
1,5 mm² e a seção mínima para circuitos de força, que incluem tomadas de
uso geral, ser de cobre e de 2,5 mm².
Queda de tensão
Para calcular a seção do condutor por esse critério, devemos compreender
que no valor da tensão de ponto de entrega (p.ex., entrada de energia) até o
ponto de utilização, isto é, o circuito terminal, ocorre uma redução do valor
de tensão em relação à tensão nominal da instalação, ocasionada por diversos
motivos, dentre eles a própria passagem de corrente nos demais componentes
da instalação, tais como chaves, interruptores, conexões, disjuntores, dis-
tância a ser percorrida, etc. Para que essa queda de tensão não interferisse
no funcionamento dos equipamentos elétricos e na própria instalação como
um todo, a norma NBR 5410 (ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2004) definiu, por meio de tabela, valores máximos para essa
queda de tensão, conforme apresentado na Tabela 4.
Conforme Cavalin e Cervelin (p. 252), pode-se adotar este roteiro para o
cálculo da queda de tensão:
e(%) · V
∆Vunit =
Ip · ℓ
Ib≤In≤Iz
I 2 ≤ 1,45 I z
Onde:
I b: corrente de projeto do circuito
I z: capacidade de condução de corrente dos condutores
Condutores de circuitos e seções de fios 17
Exemplo
Dimensionamento dos condutores para um chuveiro.
Dados:
P = 5400 W
V = 220 V
fator de potência = 1
isolação de PVC
eletroduto de PVC embutido em alvenaria
temperatura ambiente em 40 ºC
comprimento do circuito = 30 m
18 Condutores de circuitos e seções de fios
Solução:
Pelo critério da capacidade de condução de corrente, utilizando as tabelas
da norma NBR 5410 (ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
NICAS, 2004).
S 5400
Obtendo a corrente de projeto: Ip = = = 24,5 A
V 220
Seções A1 A2 B1 B2 C D
nominais
Número de condutores carregados
mm2
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13)
Cobre
0,5 7 7 7 7 9 8 9 8 10 9 12 10
0,75 9 9 9 9 11 10 11 10 13 11 15 12
1 11 10 11 10 14 12 13 12 15 14 18 15
4 26 24 25 23 32 28 30 27 36 32 38 31
(Continua)
Condutores de circuitos e seções de fios
19
20
(Continuação)
Tabela 5. Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D
Seções A1 A2 B1 B2 C D
nominais
Número de condutores carregados
mm2
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3
6 34 31 32 29 41 36 38 34 46 41 47 39
Condutores de circuitos e seções de fios
10 46 42 43 39 57 50 52 46 63 57 63 52
16 61 56 57 52 76 68 69 62 85 76 81 67
50 119 106 110 99 151 134 133 118 168 144 148 122
70 151 136 139 125 192 171 168 149 213 184 183 151
95 182 164 167 150 232 207 201 179 258 223 216 179
120 210 188 192 172 269 239 232 206 299 259 246 203
150 240 216 219 196 309 275 265 236 344 299 278 230
185 273 245 248 223 353 314 300 268 392 341 312 258
(Continua)
(Continuação)
Tabela 5. Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D
Seções A1 A2 B1 B2 C D
nominais
Número de condutores carregados
mm2
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3
240 321 286 291 261 415 370 351 313 461 403 361 297
300 367 328 334 298 477 426 401 358 530 464 408 336
400 438 390 398 355 571 510 477 425 634 557 478 394
500 502 447 456 406 656 587 545 486 729 642 540 445
630 578 514 526 467 758 678 626 559 843 743 614 506
800 669 593 609 540 881 788 723 645 978 865 700 577
1000 767 679 698 618 1012 906 827 738 1125 996 792 652
Isolação
Temperatura (°C)
PVC EPR ou XLPE
Ambiente
10 1,22 1,15
15 1,17 1,12
20 1,12 1,08
25 1,06 1,04
35 0,94 0,96
40 0,87 0,91
45 0,79 0,87
50 0,71 0,82
55 0,61 0,76
60 0,50 0,71
65 — 0,65
70 — 0,58
75 — 0,50
80 — 0,41
(Continua)
Condutores de circuitos e seções de fios 23
(Continuação)
Tabela 6. Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30°C para linhas
não subterrâneas e de 20°C (temperatura do solo) para linhas subterrâneas
Isolação
Temperatura (°C)
PVC EPR ou XLPE
Do solo
10 1,10 1,07
15 1,05 1,04
25 0,95 0,96
30 0,89 0,93
35 0,84 0,89
40 0,77
Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004).
0,85
45 0,71 0,80
50 0,63 0,76
55 0,55 0,71
60 0,45 0,65
65 — 0,60
70 — 0,53
75 — 0,46
80 — 0,38
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Tabela 7. Fatores de correção aplicáveis a condutores agrupados em feixe (em linhas abertas ou fechadas) e a condutores agrupados num mesmo plano,
em camada única
1 Em feixe: ao ar 1,00 0,380 0,70 0,65 0,60 0,57 0,54 0,52 0,50 0,45 0,41 0,38 36 a 39
livre ou sobre (métodos
Condutores de circuitos e seções de fios
superfície; A a F)
embutidos; em
conduto fechado
2 Camada única 1,00 0,85 0,79 0,75 0,73 0,72 0,72 0,71 0,70
sobre parede,
piso ou em
bandeja não 36 e 37
perfurada ou (método C)
prateleira
3 Camada única 0,95 0,81 0,72 0,68 0,66 0,64 0,63 0,62 0,61
no teto
(Continua)
(Continuação)
Tabela 7. Fatores de correção aplicáveis a condutores agrupados em feixe (em linhas abertas ou fechadas) e a condutores agrupados num mesmo plano,
em camada única
4 Camada única 1,00 0,88 0,82 0,77 0,75 0,73 0,73 0,72 0,72 38 e 39
em bandeja (métodos
perfurada E e F)
5 Camada única 1,00 0,87 0,82 0,80 0,80 0,79 0,79 0,78 0,78
sobre leito,
suporte, etc.
Notas:
– Esses fatores são aplicáveis a grupos homogêneos de cabos, uniformemente carregados.
– Quando a distância horizontal entre cabos adjacentes for superior ao dobro de seu diâmetro externo, não é necessário aplicar nenhum fator de redução.
– O número de circuitos ou de cabos com o qual se consulta a tabela refere-se à quantidade de grupos de dois ou três condutores isolados ou cabos unipolares, cada grupo
constituindo um circuito (supondo-se um só condutor por fase, isto é, sem condutores em paralelo), e/ou à quantidade de cabos multipolares que compõe o agrupamento,
qualquer que seja essa composição (só condutores isolados, só cabos unipolares, só cabos multipolares ou qualquer combinação).
– Se o agrupamento for constituído, ao mesmo tempo, de cabos bipolares e tripolares, deve-se considerar o número total de cabos como sendo o número de circuitos e, de
posse do fator de agrupamento resultante, a determinação das capacidades de condução de corrente (ver Tabela 5) deve ser então efetuada na coluna de dois condutores
carregados, para os cabos bipolares e na coluna de três condutores carregados, para os cabos tripolares.
– Um agrupamento com N condutores isolados, ou N cabos unipolares, pode ser considerado composto tanto de N/2 circuitos com dois condutores carregados quanto de
N/3 circuitos com três condutores carregados.
– Os valores indicados são médios para a faixa usual de seções nominais, com dispersão geralmente inferior a 5%.
Leituras recomendadas
CARVALHO, M. R. L. Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: Universidade
Estácio de Sá, 2000. (Apostila).
COTRIN, A. A. M. B. Instalações elétricas. 5. ed. São Paulo: Pearson, 2009.
ELETRICIDADE MODERNA. Guia EM da NBR 5410. Aranda, São Paulo, dez. 2001.
NISKIER, J.; MACINTYRE, A. J. Instalações elétricas. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.