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BACIA DE CAMPOS, BACIA DE SANTOS E A FORMAÇÃO DOS


CLUSTERS DO SEGMENTO DE E&P NO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO: um ensaio exploratório

Resumo
Até 2018, a Bacia de Campos foi a principal produtora de petróleo e gás natural do país
e um importante vetor de crescimento para a economia fluminense nas últimas décadas.
Desde 2011, entretanto, a Bacia de Campos vem perdendo capacidade de produção,
enquanto que a Bacia de Santos, recém descoberta, iniciou sua rápida trajetória de
crescimento. Essa transição tem gerado rebatimentos territoriais importantes no litoral
fluminense, em que a região de influência da Bacia de Campos vem se deparando com a
fase declinante do ciclo do petróleo, enquanto uma nova região de influência da Bacia de
Santos emerge como novo eldorado. Tais rebatimentos, porém, têm apresentado
tendências diferentes entre os municípios dependentes dos royalties e os municípios que
de fato hospedam as estruturas da economia do petróleo. Nesse sentido, o artigo apresenta
um ensaio exploratório sobre esse processo, considerando em especial as implicações nos
processos de clusterização da economia do petróleo, que é o principal vetor da dinâmica
regional.
Palavras-chave: Bacia da Campos; Bacia de Santos; clusters do petróleo

Abstract
Until 2018, the Campos Basin was the leading producer of oil and natural gas in the
country and an important growth vector for the Fluminense economy in recent decades.
Since 2011, however, the Campos Basin has been losing production capacity, while the
recently discovered Santos Basin began its rapid growth trajectory. This transition has
generated important territorial repercussions on the Rio de Janeiro coast, in which the
Campos Basin's region of influence has been facing the declining phase of the oil cycle,
while a new region of influence of the Santos Basin emerges as a new Eldorado. Such
rebound, however, has presented different tendencies between the municipalities
dependent on royalties and the municipalities that actually host the structures of the oil
economy. In this sense, the article presents an exploratory essay on this process,
considering in particular the implications in the clustering processes of the oil economy,
which is the main vector of the regional dynamics.
Keywords: Campos Basin; Santos Basin; oil clusters
2

Résumé
Jusqu'en 2018, le bassin de Campos était le premier producteur de pétrole et de gaz naturel
du pays et un important vecteur de croissance pour l'économie de Fluminense au cours
des dernières décennies. Depuis 2011, cependant, le bassin de Campos perd de sa capacité
de production, tandis que le bassin de Santos, récemment découvert, a entamé sa
trajectoire de croissance rapide. Cette transition a généré d'importantes répercussions
territoriales sur la côte de Fluminense, où la région d'influence du bassin de Campos a
fait face à la phase de déclin du cycle pétrolier, tandis qu'une nouvelle région d'influence
du bassin de Santos émerge comme un nouvel Eldorado. Ce rebond a toutefois présenté
des tendances différentes entre les municipalités dépendant des redevances et celles qui
accueillent effectivement les structures de l'économie pétrolière. Dans ce sens, l'article
présente un essai exploratoire sur ce processus, en considérant en particulier les
implications dans les processus de regroupement de l'économie pétrolière, qui est le
principal vecteur de la dynamique régionale.
Mots clés: Bassin de Campos ; Bassin de Santos ; clusters pétroliers

Introdução

A Bacia de Campos foi nos últimos 40 anos o mais importante vetor de crescimento
econômico e transformações territoriais no Estado do Rio de Janeiro (ERJ). Sem a
produção de petróleo e gás natural na Bacia de Campos, é difícil imaginar qual teria sido
a evolução da economia fluminense nas últimas décadas, dados os problemas estruturais
que faziam definhar a economia metropolitana na década de 1980 e o profundo grau de
estagnação e esvaziamento que caracterizava a maior parte do interior fluminense ao
longo do século XX.

Isso é, entretanto, um mero exercício especulativo. Empiricamente se verificou que o


sucesso da exploração de petróleo na Bacia de Campos contribuiu de maneira definitiva
e incontornável para o revigoramento da economia fluminense a partir de meados da
década de 1990 e impulsionou uma nova dinâmica econômica, urbana, social e
institucional orientada para o litoral norte do interior fluminense. Ainda, toda uma
reestruturação territorial que se deu impulsionada por um setor de alto conteúdo
3

tecnológico que recolocou a região Norte Fluminense e, em certa medida, a faixa


setentrional da Baixada Litorânea entre as regiões mais dinâmicas do país1.

Não obstante, há de se matizar essas afirmações. Esse processo foi também


profundamente desigual, pois rigorosamente somente um município da região
experimentou uma completa subversão de sua estrutura econômica: Macaé2. Os
municípios do entorno foram polarizados pelo crescimento da economia macaense, que
se tornou o mais poderoso polo de geração de empregos do interior fluminense. Por outro
lado, o advento das rendas petrolíferas a partir de 1999 garantiu orçamentos bastante
aquinhoados aos municípios da região de influência da Bacia de Campos, alguns dentre
os mais ricos do país. Por isso o acerto da categorização feita por Pessanha (2015) ao se
distinguir os dois fenômenos, no caso, a economia do petróleo que até recentemente era
basicamente concentrada em Macaé, e a economia dos royalties, que era espraiada
principalmente entre os municípios da chamada zona de produção principal da Bacia de
Campos3. Utilizar-se-á neste ensaio a mesma nomenclatura.

Nos últimos anos, porém, se iniciou e vem se acelerando uma mudança estrutural na
geografia da produção de petróleo e gás natural na plataforma continental. Após a
descoberta de hidrocarbonetos na camada pré-sal na Bacia de Santos, que se inicia ainda
defronte ao litoral fluminense a partir do esporão de Búzios, começou uma nova trajetória
de sucesso tecnológico que permitiu a produção a um custo relativamente baixo das
gigantescas reservas de petróleo leve. A nova província apresentou em poucos anos uma
produtividade com características exponenciais, de modo que em 2018 superou a
produção da Bacia de Campos, que desde 2011 iniciou uma trajetória de queda na
produção. É evidente que isso terá implicações territoriais no litoral fluminense, já que
uma nova “região petrolífera” começa a despontar ao redor do norte da região

1
Neste ensaio, ir-se-á referir a essa área como região de influência da Bacia de Campos, que se confunde
com os municípios da chamada Zona de Produção Principal, ou os municípios mais beneficiados pelo rateio
das rendas petrolíferas.
2
Sendo menos rigoroso, pode-se talvez incluir o município de Rio das Ostras que ao longo do tempo se
tornou uma extensão do cluster de petróleo e gás natural de Macaé. O leitor atento vai observar que se
ignorou aqui o impacto do Porto do Açu no município de São João da Barra. Isso deve-se a dois fatores: o
primeiro que o porto já é um caso emblemático da nova etapa que se iniciou no final dos anos de 2010; o
segundo é que ainda não está claro até que ponto o Porto do Açu vai realmente modificar a estrutura
econômica local ou se vai funcionar como mero enclave com pouca capacidade de alavancagem da
economia municipal.
3
Como se verá adiante, todos os municípios fluminenses receberam, em algum momento desde 1999,
alguma participação na renda petrolífera.
4

metropolitana, enquanto que o Norte Fluminense se depara com o início do declínio de


um ciclo.

Pontuar algumas implicações desse processo na dinâmica territorial das “regiões


produtoras de petróleo” e indicar algumas hipóteses de pesquisa é o objetivo central deste
ensaio exploratório. Para tanto, se irá discutir, como já foi adiantado nesta introdução
tanto os rebatimentos passados das décadas de hegemonia da produção petrolífera na
Bacia de Campos, quanto os fatores de mudança com o advento da nova hegemonia na
Bacia de Santos. Quanto a isso não há nada de muito novo a se apresentar. A estatística
de produção e da nova distribuição da renda petrolífera é inexorável e incontornável.
Porém, o busílis da questão é como irá se reconfigurar a economia do petróleo a partir
do que já existe no território e do que virá a existir. Considerando a importância que o
cluster de petróleo e gás natural localizado em Macaé teve para o processo de
transformação territorial do eixo norte do território fluminense nas últimas décadas, é
central para a compreensão dos processos que apenas se iniciaram se haverá a formação
de novos clusters para atender a Bacia de Santos e qual será o papel que desempenhará o
cluster original em Macaé nessa nova etapa do ciclo petrolífero.

O ensaio está estruturado em três partes, além da introdução e das considerações finais.
A primeira parte é dedicada a um balanço resumido do impacto da produção de petróleo
e gás natural na Bacia de Campos na economia e no território fluminense, a partir de
algumas das principais publicações sobre o tema ao longo dos últimos 30 anos. A segunda
parte contém a análise da evolução da produção de petróleo nas bacias de Campos e
Santos e seus rebatimentos nas “regiões produtoras” no litoral fluminense. Por fim, na
terceira parte faz-se uma análise inicial das implicações desse processo de mudança no
cluster de petróleo e gás natural de Macaé, tendo como indicador de referência do
mercado de trabalho formal. Nas considerações finais são apresentadas algumas hipóteses
de trabalho para o aprofundamento das questões que apenas se esboçam neste ensaio.

A Bacia de Campos e seus rebatimentos na economia e no território fluminenses

Para se ter ideia do que representou o sucesso comercial da Bacia de Campos para o ERJ,
é necessário se levar em conta o teor das discussões sobre a economia fluminense no final
da década de 1980. Consideremos o que dizia Sulamis Dain (1990), no seminário para
5

tratar do “Rio de Todas as Crises”4, que a crise era longeva e profunda. Anos mais tarde,
fazendo um balanço dessa discussão, Natal (2005) diz que havia naquele momento uma
superposição de muitas crises, no caso, econômica, social, política (federativa) e, em
especial, de autoestima.

A história da decadência fluminense é longa e tortuosa. Conforme pesquisou Silva (2004)


ao longo do século XX a economia fluminense, principalmente a fração carioca,
apresentou, em média, taxas de expansão econômica menores que a média nacional,
apesar de ter sido muito beneficiada pelo processo de industrialização e modernização da
economia brasileira. Isso faria com que a economia fluminense apresentasse perdas
consistentes da participação na renda nacional. O quadro seria agravado na década de
1980, quando a economia brasileira enfrentou uma forte recessão num quadro de
hiperinflação, e a economia fluminense passou a apresentar perdas que poderiam ser
consideradas como parte de um processo de esvaziamento econômico.

Além disso, o ERJ ainda não havia se recuperado de uma sequência de fraturas
institucionais derivadas da transferência da capital em 1960 seguida do esvaziamento da
maior parte das funções da capitalidade5, e de um atabalhoado processo de fusão imposta
pelo governo Geisel em 1974. Essas fraturas institucionais colocaram o ERJ em uma
complicada situação governativa e institucional, pois por quase 200 anos os cariocas e
fluminenses se acostumaram com as vantagens de estar geograficamente próximos ao
poder político central do país e, também, de estarem por 140 anos institucionalmente
separados6. Com isso, a crise econômica da década de 1980 foi enfrentada em um quadro
de imaturidade institucional somada a um processo estrutural de perda de participação
econômica e estranhamentos políticos e culturais dass identidades distintas entre o carioca
e o fluminense.

Os diagnósticos pessimistas a respeito do município do Rio de Janeiro poderiam ser


adaptados ao interior fluminense. Ao longo do século XX, o cenário não foi nem um

4
Que a bem da verdade, se tratava tão somente do município do Rio de Janeiro, sintomático de certa visão
ensimesmada que persiste em contaminar o pensamento de certa intelligentsia carioca.
5
Isso se acelerou a partir dos governos militares, que passaram a cada vez mais centralizar o poder político
em Brasília. Até então, havia um jargão para a caracterizar a situação: Brasília seria a Novacap, oficial; o
Rio de Janeiro (então Estado da Guanabara) seria a Belacap, capital de fato.
6
Em 1834 o Governo Provisório separou o atual município do Rio de Janeiro da então Província
Fluminense, por meio da criação do Município Neutro. Com a primeira constituição da República, o
Município Neutro foi transformado em Distrito Federal. Em 1960, perdendo a condição de capital, o Rio
de Janeiro virou o Estado da Guanabara, até que em 15 de março de 1975 foi oficialmente incorporado ao
Estado do Rio de Janeiro como capital.
6

pouco alvissareiro para a maior parte dos municípios do interior. Com exceção da área
industrializada do Médio Paraíba (Volta Redonda e Barra Mansa), dos municípios
serranos de Petrópolis e Nova Friburgo, e Campos dos Goytacazes no Norte Fluminense,
restava ao interior fluminense pequenas cidades estagnadas e sem perspectivas de
crescimento econômico, em grande parte órfãs de uma cafeicultura que colapsou no início
do século. A irrelevância do interior era tamanha, que foi quase totalmente ignorada pela
produção científica universitária concentrada no Rio de Janeiro até recentemente.7

A descoberta petróleo na Bacia de Campos em 1974, mesmo ano da lei complementar


que impôs a fusão, foi de fundamental importância para anos mais tarde ajudar de modo
decisivo na reversão das sombrias expectativas que rondavam o ERJ naqueles anos. Essa
se deu em meados da década de 1990, quando começava-se a falar que a economia
fluminense vinha dando “uma melhorada” (NATAL, 2005; SANTOS, 2003).

De fato, na década seguinte, a economia fluminense foi beneficiada pela boa conjuntura
econômica verificada no país, em parte, em razão do chamado boom das comodities no
mercado internacional, que teve rebatimentos, naturalmente, nos preços internacionais do
petróleo. Verificava-se no ERJ uma conjuntura extremamente positiva alavancada pela
Bacia de Campos, tanto pela economia do petróleo que vinha revitalizando setores antes
deprimidos da indústria de transformação, como a naval e química, quanto pela injeção
de recursos da renda petrolífera nos orçamentos municipais e do próprio estado. O papel
do município do Rio de Janeiro como centro de gestão empresarial e financeira foi
também fortalecido pela instalação das sedes das principais operadoras na cidade. Para
celebrar o novo momento de prosperidade, que incluiria o aparo das arestas junto ao
governo federal, foi lançado no Rio de Janeiro o projeto de preparação da cidade para os
megaeventos esportivos, que logrou êxito com o Pan Americano em 2007, a Copa do
Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016.

A retomada econômica, porém, apresentava um fenômeno novidadeiro: os novos


impulsos de crescimento econômico tinham como protagonistas municípios do interior e
da periferia metropolitana. Historicamente, o ERJ é um dos estados territorialmente mais
desiguais do país, se configurando em um caso clássico de macrocefalia urbana no
município do Rio de Janeiro. Nas últimas décadas, no entanto, verificou-se um discreto,

7
Com algumas exceções, em especial Alberto Ribeiro Lamego e Lysia Bernardes, que apresentaram uma
consistente obra de investigação que considerava o território fluminense como um todo. Somente na década
de 1990 começou a ocorrer um interesse mais significativo em estudar o ERJ e o interior fluminense.
7

porém firme processo de desconcentração econômica e populacional, de modo que o


município do Rio de Janeiro vem perdendo participação tanto em relação à região
metropolitana, quanto em relação ao interior fluminense.

Na verdade, esse processo fortaleceu laços entre a capital e o interior. Oliveira (2003)
avaliou que estava então em curso uma nova regionalização do desenvolvimento no
território fluminense, que passava necessariamente pelo “caminho da roça”, no caso, no
novo ciclo de investimentos industriais no Médio Paraíba e, principalmente, no rápido
crescimento que então se verificava no Norte Fluminense. Um pouco antes, Fany
Davidovich (2001) apontava que estava se estruturando uma integração da capital com o
interior por meio de quatro eixos seguindo as principais rotas de saída da metrópole: o
eixo da BR 116 (Rodovia Presidente Dutra), integrando com o Médio Paraíba; o eixo da
BR 040, integrando com Petrópolis e o entorno de Três Rios; o eixo da BR 101 sul
(Rodovia Rio-Santos), integrando com Angra dos Reis; e o eixo da BR 101 norte,
integrando com a Baixada Litorânea (por meio das rodovias estaduais que costeiam o
litoral), Macaé e Campos dos Goytacazes. Mais recentemente, Lencioni (2015)
delimitava a maior parte desses eixos na parcela fluminense da megarregião São Paulo-
Rio de Janeiro8.

Se for se levar em conta a dinâmica do mercado de trabalho formal, que tem um impacto
direto na renda da população, é possível verificar as teses apresentadas por essas análises.
Na Figura 1, abaixo, está mapeada a síntese da evolução do emprego formal nos
municípios fluminenses durante a fase expansiva da economia fluminense9. Os
municípios em azul foram aqueles que no ínterim considerado cresceram mais do que a
média nacional. Pode-se verificar que a maior parte desses municípios se concentrou nos
dois eixos litorâneos, ao norte e ao sul, assim como nos municípios da faixa oeste e leste
da região metropolitana. Com isso, confirma-se, no indicador de emprego formal, a tese
apresentada por Davidovich (2001). Por outro lado, é possível verificar que os eixos da
BR 040 e da BR 116 não apresentaram o mesmo dinamismo10. No entanto, se for

8
Sandra Lencioni exclui o Norte Fluminense do seu mapa, mas não seria exagero levar esse recorte até
Campos e São João da Barra, passando por Macaé.
9
Segundo Dias (2021), no que tange ao mercado de trabalho formal, desde 1985 o ERJ apresentou o
seguinte padrão de evolução: durante as conjunturas de crise econômica nacional, o mercado de trabalho
formal fluminense figura entre os mais impactados, de modo que as taxas de suas perdas são superiores à
média das perdas nacionais. Por outro lado, durante as fases expansivas, o ERJ se posiciona entre os estados
de menor dinamismo relativo.
10
Considerando, por exemplo, que os municípios do Médio Paraíba, que recebeu importantes investimentos
no período, a expansão de seus estoques de emprego foi mais modesta que a média nacional. Algumas
hipóteses podem ser feitas a respeito disso, como o fato de que as novas plantas industriais são mais enxutas,
8

considerar uma outra variável, que são os principais estoques municipais de trabalho
formal, destacado pelo pontilhado, os quatro eixos estão presentes, absorvendo a maior
parte dos empregos gerados durante o período.

De qualquer maneira, se verifica que tanto numa faceta quanto na outra, o eixo interiorano
mais dinâmico e de maior importância numérica de produção de empregos formais entre
2000 e 2014 foi a da área de influência da Bacia de Campos, em especial em Macaé e
Campos dos Goytacazes, o primeiro e segundo maiores estoques de emprego formal do
interior fluminense no período.

Figura 1: Síntese da dinâmica do mercado de trabalho formal entre 2000 e 2014

Fonte: Dias (2021)


Esse ciclo de expansão da região de influência da Bacia de Campos foi minuciosamente
estudado principalmente por pesquisadores oriundos da própria região, mais precisamente
no arranjo institucional de pesquisa que se formou em Campos dos Goytacazes a partir
de meados da década de 1990. Esse fato também foi novidadeiro no período, pois se
caracterizou pela emergência de um novo polo de produção de conhecimento, alternativo
ao existente no Rio de Janeiro e em Niterói. Tendo como marco fundamental a
inauguração da UENF, em 1994, ao longo dos anos foram se formado grupos de pesquisa
e pós-graduação nas principais instituições públicas (UENF, IFF e UFF) e privadas

ou mesmo que tais investimentos geraram encadeamentos econômicos modestos no território, funcionando
como enclaves.
9

(UCAM-Campos, principalmente) que se debruçaram em compreender os rebatimentos


territoriais que emergiram a partir da economia do petróleo e dos royalties.

Não é o caso aqui de se fazer um balanço sobre a literatura que emergiu dessas pesquisas,
mas é possível se identificar pelo menos cinco temas chave nos estudos sobre a produção
de petróleo na Bacia de Campos e a região confrontante: (1) a transição econômica de
uma decadente economia agroindustrial para uma economia petrodependente (PIQUET,
2003; SILVA e CARVALHO, 2004; CRUZ, 2003; CRESPO, 2003); (2) a questão do
rateio das rendas petrolíferas e os impactos nos orçamentos municipais (LEAL e SERRA,
2003; SERRA e PATRÃO, 2003; SERRA, 2004; SERRA, 2007); (3) os impactos
territoriais da economia do petróleo no espaço regional (MONIÉ, 2003; CARVALHO e
TOTTI, 2004; SILVA NETO, 2006; CARVALHO et al, 2006); (4) a formação e
desenvolvimento do cluster de petróleo e gás natural em Macaé (TERRA, 2003; FAURÉ,
2004; SILVA, 2004; SILVESTRE, 2006; DIAS, 2013); (5) os impactos da construção do
Porto do Açu na economia regional (PESSANHA et al, 2014; CRUZ e TERRA, 2020;
MONIÉ, 2021; RANGEL, 2021), nesse caso, já na transição para a nova etapa do ciclo
do petróleo, que será discutido adiante.

Tais estudos, representativos de uma fase que já se esgota, possuirão no futuro um enorme
valor histórico e analítico, pois a Bacia de Campos iniciou sua trajetória de redução na
produção de petróleo. Com efeito, será possível se verificar alguns alertas e previsões
sobre os riscos da era pós petróleo numa região que historicamente se caracterizou por
depender de ciclos econômicos baseados em um único produto. O petróleo da Bacia de
Campos provavelmente será comercial por alguns anos, porém certamente em condições
muito distantes dos vividos até 2014.

Entre o crepúsculo da Bacia de Campos e o nascedouro reluzente da Bacia de


Santos: impactos nas regiões “produtoras”

A descoberta das jazidas de hidrocarbonetos no pré-sal na Bacia de Santos foi a maior


notícia em anos na indústria de petróleo mundial naquele momento. Além da quantidade
e qualidade do petróleo, o desenvolvimento das novas reservas era uma área de fronteira
tecnológica na exploração e produção da commodity. Antes do pré-sal, o país começava
a se preparar para a chegada do auge da produção na Bacia de Campos, que se seguiria a
busca de alternativas para minorar o impacto que a redução da produção geraria na
balança de pagamentos.
10

Para o ERJ o quadro seria ainda mais gravoso, pois a maturidade da Bacia de Campos
significaria a necessidade da preparação para o ciclo pós petróleo. Não se precisou chegar
a tanto. O início da produção da Bacia de Santos praticamente coincidiu com o auge na
produção na Bacia de Campos, o que na perspectiva da economia fluminense significa
que o petróleo continuará sendo, provavelmente, o principal vetor de crescimento11. O
mesmo, entretanto, não pode ser dito com relação às “regiões produtoras de petróleo” no
território fluminense, como se indicará à frente.

Vejamos em dados a trajetória de produção de petróleo12 entre a Bacia de Campos e a


Bacia de Santos.

Na Figura 2 está demonstrada a série histórica da produção de petróleo no Brasil, a partir


da média diária de barris de petróleo produzidas pelas bacias sedimentares com
exploração comercial. A produção de petróleo na Bacia de Campos se iniciou em 1977,
mas foi somente em 1984 que sua produção superou as demais bacias em operação na
época. Notar que, na média, ao longo de três décadas, entre 1977 e 2011, somente a Bacia
de Campos conseguiu manter um ritmo de expansão na produção de petróleo,
principalmente depois de meados da década de 1990, quando as descobertas do final da
década de 1980 começaram a ganhar escala, estimulando ainda a chegada de novas
operadoras com a abertura do mercado em 1997. As demais bacias, por outro lado,
mantiveram em seu conjunto uma média de produção estável até meados da década de
2010. O pico de produção na Bacia de Campos foi em 2011, quando alcançou a média
diária pouco superior a 1 milhão e 778 mil barris de petróleo, a partir do qual iniciou sua
trajetória de perda de produtividade, principalmente após o colapso dos preços

11
Parte da literatura do desenvolvimento vem apontando que o petróleo e gás natural podem ser, ao fim,
um problema para a economia fluminense em razão do fenômeno da “doença holandesa” ou “maldição dos
recursos naturais”, que é a supressão de setores industriais pelo setor extrativo. Há porém outras
interpretações que consideram que o petróleo e gás natural pode servir de indutor do processo de
industrialização. Um fato passível de ser verificado é que ao longo do boom da produção na Bacia de
Campos que o ERJ vem se tornando cada vez mais especializado nos setores da indústria extrativa de
petróleo e gás natural, conforme pode ser verificado nos índices de especialização do emprego. Por outro
lado, a indústria de transformação fluminense vem perdendo densidade, principalmente após a crise de
2014/2015 (DIAS, 2021). Nesse sentido, é importante sempre levar em conta a tese central de Sobral
(2013), que identificou na economia fluminense uma estrutura “oca”, resultado da falta de
complementariedade entre os setores das cadeias produtivas que atuam no estado.
12
Optou-se por demonstrar apenas a produção de petróleo e não incluir a de gás natural. Isso deveu-se a
dois motivos. O primeiro é para simplificar a exposição dos dados. A segunda é o fato de que o petróleo é
a commodity efetivamente utilizada no país, enquanto que o uso do gás natural se deu apenas
marginalmente. Durante a maior parte do período de produção na Bacia de Campos, o gás natural foi sendo
ou reinjetado nos poços ou simplesmente queimado. Somente recentemente começou-se a falar na formação
de uma economia do gás natural no país. Ainda assim, a maior parte do gás natural produzido ainda
descartado pela falta de estrutura produtiva suficientemente robusta para seu aproveitamento.
11

internacionais em 2014. A queda da produção da Bacia de Campos foi rapidamente


compensada pelo crescimento exponencial da produção na Bacia de Santos, que no
espaço de uma década superou o pico de produção alcançado pela Bacia de Campos,
alcançando a média diária de mais de 1 milhão e 940 mil barris em 2020.
Figura 2: Evolução da produção de petróleo por bacias

Produção média - barris por dia


3.500.000
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
0
1986
1980
1982
1984

1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
2018
2020
2022
Bacia de Campos Bacia de Santos Outras Bacias Total

Fonte: ANP
Na Figura 3 está demonstrada a participação das bacias sedimentares no total da produção
brasileira de petróleo. A Bacia de Campos representou, por mais de uma década, mais de
80% da produção de petróleo do país, sendo que em 2009 a área correspondeu a quase
88% do total. A sincronia entre a queda da produtividade da Bacia de Campos e o aumento
exponencial da Bacia de Santos rapidamente reconfigurou esse quadro, de modo que em
2022 a Bacia de Santos representou 75% da produção brasileira, enquanto que a Bacia de
Campos abocanhou minguantes 22% de participação.
12

Figura 3: Participação relativas das bacias na produção de petróleo

Participação relativa
100,0%
90,0%
80,0%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
1984

2010
1980
1982

1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008

2012
2014
2016
2018
2020
2022
Bacia de Santos Bacia de Campos Outras Bacias

Fonte: ANP
A Figura 4 compõe duas descrições diferentes, o índice de evolução e a taxa percentual
de crescimento da produção na Bacia de Campos desde 1980. O índice de evolução pode-
se observar com maior sutileza a curva de produção de petróleo na fase expansiva até
2011 e sua curva de decrescimento posterior. Vê-se que a queda na produção até 2017 foi
bastante discreta, se acentuando desde então. Em 2018, a redução foi superior de 22% e
em 2020 outra queda acentuada ocorreu de 14% sob uma produção já bastante reduzida.
É pouco provável que a queda acentuada que vem ocorrendo desde 2018 se deva a fatores
da comercialidade ou técnicos dos poços da Bacia de Campos, mas se deva a mudanças
de estratégia das operadoras frente ao conjunto de crises que vem ocorrendo desde o
contrachoque de 2014 (AZEVEDO e SILVA NETO, 2021). A política de venda de ativos
da Petrobras atingiu em cheio a Bacia de Campos, que deixou de ser prioridade para a
estatal. Nos últimos anos, porém, novas operadoras de menor porte, especializadas em
recuperação de campos maduros têm adquirido ativos na área, o que pode melhorar a
produção no futuro.
13

Figura 4: Índice de evolução e taxa de crescimento anual da Bacia de Campos

Índice de evolução e taxa percentual anual de


crescimento - média diária
7000 250%

6000 200%
5000
150%
4000
100%
3000
50%
2000

1000 0%

0 -50%

2020
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
2018

2022
Fonte: ANP Índice: 1980 = 100
Como afirmado anteriormente, para o Brasil e mesmo para o ERJ, a transição entre a
Bacia de Campos e a Bacia de Santos aponta para uma extensão por mais algumas décadas
do ritmo expansivo da produção de petróleo e gás natural. Por outro lado, o mesmo não
pode ser dito a respeito das “regiões produtoras” no litoral fluminense. Ao contrário, ela
significa a mudança para uma etapa de redução dos efeitos positivos na região de
influência da Bacia de Campos e a formação de uma nova região impactada pela formação
de uma região de influência da Bacia de Santos. Esse processo pode ser verificado por
meio do mapeamento da distribuição da renda petrolífera, que apresenta um impacto
quase imediato da transição em curso.

Nos mapas abaixo, apresenta-se o retrato de dois momentos diferentes do rateio da renda
petrolífera entre os municípios fluminenses: em 2011, que foi o ano de maior produção
alcançada pela Bacia de Campos; em 2021, que é o último ano completo na base de dados
da ANP. Como recorte metodológico para balisar o mapeamento, utilizou-se uma
adaptação do princípio de Pareto13 para identificar o grupo de municípios que mais
receberam a renda petrolífera nos anos selecionados. No caso, em ambos os anos 12
municípios (13% dos 92 municípios fluminenses) concentraram 80% da renda petrolífera
paga pelas operadoras, o seja, uma taxa de concentração superior ao princípio de Pareto.
Além desse primeiro recorte, realizou-se um segundo, separando dentre os 12 principais
aqueles que concentram 60% do rateio, que nos dois anos selecionados se limitaram a 4
municípios (5% do total do ERJ). Desse modo, identificou-se 3 categorias de municípios:

13
O princípio de Pareto ou princípio da escassez do fator, também conhecida como regra 80/20, se refere a
hipótese que prevê que 80% dos efeitos devem-se a 20% das causas.
14

o primeiro grupo que concentra 60% da renda petrolífera, o segundo grupo que concentra
os 20% restantes para alcançar a regra de 80%, e o terceiro grupo dos demais municípios
que dividem os 20% restantes.

Em 2011 se observa que 8 dos 12 municípios que concentram 80% do rateio estão
localizados no litoral do Norte Fluminense e das Baixadas Litorâneas. Esses municípios
concentram 73% do total da renda petrolífera distribuída naquele ano, enquanto que os 4
restantes acumularam um pouco mais que 7%, todos no segundo grupo. Campos dos
Goytacazes, Macaé, Rio das Ostras e São João da Barra formaram o primeiro grupo,
concentrando cerca de 59% do total. Assim, verifica-se que no auge da produção da Bacia
de Campos, o litoral do Norte Fluminense e das Baixadas Litorâneas (na sua parte
setentrional) era efetivamente a principal área beneficiada pela renda do petróleo. Caso
se recue para alguns anos antes, essa concentração seria ainda maior, pois a presença de
Maricá, Niterói e Rio de Janeiro no segundo grupo no rateio de 2011 já é resultado da
produção na Bacia de Santos.

Figura 5: Rateio da renda petrolífera entre os municípios fluminenses em 2011

Em 2021, por sua vez, o quadro já é bastante diferente. Três dos municípios do primeiro
grupo estão localizados na região metropolitana (Maricá e Niterói) ou nas suas margens
(Saquarema), enquanto que no Norte Fluminense somente Macaé se manteve nesse
15

grupo, porém com uma participação bem menor (7% em 2021, enquanto que em 2011 foi
12%). Somente Maricá e Niterói concentraram 46% da renda petrolífera distribuída, que
se somada com o Rio de Janeiro, do segundo grupo, a participação se eleva para quase
51% do total. Os municípios da região de influência da Bacia de Campos que pertencem
ao primeiro e segundo grupo, por outro lado, viram reduzidas sua participação reduzida
a 21%. É um cenário que tende a se acentuar no futuro.

Figura 6: Rateio da renda petrolífera entre os municípios fluminenses em 2021

É, portanto, um cenário que irá se acentuar no futuro e dado o novo padrão espacial que
está redefinindo o fluxo da renda petrolífera, é possível se inferir que a nova etapa do
ciclo do petróleo no ERJ irá impulsionar uma nova atratividade econômica e populacional
para a região metropolitana, enquanto que o eixo norte tende a perder poder de atração
pela perda de capacidade financeira de seus municípios. Essa é uma hipótese que deverá
ser verificada nos próximos anos.

Não obstante, por mais importante que a economia dos royalties seja enquanto
rebatimento territorial, ela é apenas uma parte do fenômeno, e talvez não seja o mais
importante. Foi a economia do petróleo enclavada no cluster em Macaé, que impulsionou
os mais importantes impactos do ciclo do petróleo na região de influência da Bacia de
Campos, em um processo que antecedia o novo rateio da renda petrolífera para os
16

municípios. Nesse caso, esse processo de mudança que se apontou acima não está ainda
muito clara, apesar de alguns indícios apontarem para um processo análogo ao caminho
da renda petrolífera, mas que envolve questões mais complexas. Nesse caso, o busílis é
analisar a evolução do cluster do petróleo em Macaé e se as novas estruturas e
investimentos derivados da produção na Bacia de Santos criarão novos clusters na sua
região de influência.

A economia do petróleo e os processos de clusterização: entre a mudança e a inércia

O circuito espacial que apoiava a produção na Bacia de Campos era relativamente simples
de descrever: o parque fornecedor de serviços e produtos industriais era concentrado em
Macaé, enquanto que a gestão das principais empresas era compartilhada com o Rio de
Janeiro14. A partir do cluster se organizavam outras atividades no entorno regional. O
parque universitário de Campos dos Goytacazes, por exemplo, foi impulsionado pela
demanda de formação profissional de trabalhadores nas plataformas e no cluster, o que
gerou um movimento pendular de milhares de estudantes entre os dois municípios. Além
disso, ocorreu também o fenômeno da dinamização das economias locais a partir do
salário dos trabalhadores que optaram por morar nos municípios vizinhos de Macaé. Com
a inauguração do Porto do Açu, essa relação de complementariedade se tornou ainda mais
fortalecida, pois passou a compartilhar com o Porto de Imbetiba o suporte logístico às
plataformas offshore.

No final da década de 1970 a Petrobras instalou sua base de apoio operacional em razão
da maior proximidade em relação do Rio de Janeiro e da disponibilidade de um pequeno
porto que poderia ser aproveitado pela estatal. A repentina chegada ao município de uma
população de engenheiros e técnicos especializados foi um choque para uma população
acostumada com a vida pacata de um balneário economicamente estagnado há décadas.
A partir daí o processo de urbanização foi intenso. O município que em 1980 possuía
pouco mais de 59 mil habitantes alcançou em 1991 mais de 91 mil habitantes15. A

14
Para evitar confusões aqui. O Rio de Janeiro sempre exerceu o papel principal como centro gestor da
economia do petróleo, onde ficam as sedes das operadoras, da ANP, do Instituto Brasileiro de Óleo e Gás
(IBP), da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), das parapetroleiras e do sistema de
inovação, principalmente o CENPES da Petrobrás. Ainda assim, parte da função de gestão é realizada
também em Macaé, inclusive uma parte da inovação (ver Silvestre, 2006), por meio dos escritórios
descentralizados de várias dessas organizações.
15
Oficialmente, em 1980 o município Macaé possuía 75.863 habitantes. Porém, nesse ano Quissamã e
Carapebús também faziam parte do município. A população de 59.403 seria a equivalente ao território atual
de Macaé.
17

população de empresas também teve um salto, de modo que entre 1985 e 1991, o número
de estabelecimentos cresceu de 924 para 1401.

Assim, a instalação da base de operações da Petrobras deu impulso a um processo


perrouxiano de alavancagem econômica a partir de uma grande empresa motriz, dando
origem ao cluster de petróleo e gás natural de Macaé.

Segundo Silva e Brito (2009), o cluster de Macaé é do tipo centrorradial, ou seja, a


Petrobras é a empresa âncora que determinou a evolução do arranjo, atraindo por meio de
seus contratos, fornecedores de primeiro nível formados pelas parapetroleiras
multinacionais e grandes empresas de engenharias nacionais, e fornecedores de segundo
nível, formados principalmente por pequenas e médias empresas nacionais e locais,
muitas das quais em regime de subcontratação. O cluster é formado por uma complexa
teia de atividades de alta especialização tanto nas fases de exploração (sísmica 3D,
perfuração de poços, transporte e aluguel de plataformas etc), quanto na fase de
desenvolvimento da produção (colocação de árvores de natal, instalação de dutos de óleo
e gás, manifolds, bombas elétricas, instalação de plataformas fixas e flutuantes, reparos
navais, etc), que são executadas por empresas industriais e prestadoras de serviços. Além
dessas atividades do núcleo da exploração e produção, o arranjo fomentou ainda um
extenso tecido de atividades de comércio de produtos industriais, assim como serviços de
menor exigência tecnológica, como hotelaria e catering.

Com efeito, o cluster de petróleo e gás natural de Macaé é altamente especializado e


concentrado, possuindo uma participação elevada no estoque de empregos formais de
várias atividades que compõem o segmento upstream da cadeia produtiva de petróleo e
gás natural. Segundo Hasenclever et al (2015), as atividades de exploração e produção de
natureza offshore são altamente intensivas em capital, mas que geram efeitos
multiplicadores no emprego modestos se comparados com os valores dos investimentos
envolvidos. De fato, as principais atividades que são concentradas no cluster em Macaé
são atividades que possuem estoques pequenos no país se comparados com outras
atividades da indústria. Não obstante, a alta especialização numa região anteriormente
periférica gerou um impacto local e regional imenso, de sorte que, além de ter se tornado
o principal mercado de trabalho do interior fluminense, o estoque total de empregos
formais somou mais de 70% da população em idade ativa do município. Obviamente,
parte considerável dessa demanda por mão de obra foi atendida por trabalhadores de
outras localidades do estado e mesmo do Brasil.
18

Conforme demonstrado na Figura 7, abaixo, em diversas atividades (segundo a


classificação CNAE 95) possuem graus muito elevados de especialização no cluster de
Macaé, com destaque nas duas principais atividades do segmento upstream: a extração
de petróleo e gás natural, com grau de especialização em 2020 153 vezes maior do que a
média brasileira e 37% do estoque total do país; e as atividades de serviços relacionados
à extração de petróleo e gás, que possuiu em especialização 199 vezes maior do que a
média e concentrou 48% dos empregos do país. Cabe destacar, ainda que essas duas
atividades têm alta participação (respectivamente terceira e segunda atividades que mais
empregam no município) no estoque local.

Figura 7: Quociente Locacional em Macaé


Macaé - CNAE 95 grupo de atividades - Ano 2020
Atividades Estoque QL % Brasil % Macaé % ERJ
Atividades de serviços relacionados com a extração de petróleo e
gás exceto a prospecção realizada por terceiros 10.550 199,009 48,3% 9,4% 61,6%
Extração de petróleo e gás natural 8.294 153,057 37,1% 7,4% 66,4%
Construção e reparação de embarcações 2.813 43,036 10,4% 2,5% 21,6%
Transporte marítimo de cabotagem e longo curso 280 27,782 6,7% 0,2% 10,9%
Aluguel de outros meios de transporte 548 25,071 6,1% 0,5% 33,2%
Transporte dutoviário 373 22,322 5,4% 0,3% 8,3%
Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos industriais 4.960 21,747 5,3% 4,4% 43,0%
Transporte aéreo, não regular 295 21,525 5,2% 0,3% 13,5%
Fabricação de máquinas e equipamentos de uso na extração
mineral e construção 782 13,715 3,3% 0,7% 18,4%
Ensaios de materiais e de produtos 838 11,184 2,7% 0,7% 20,8%
Fonte: RAIS

Quando se fala, portanto, em economia do petróleo na região de influência na Bacia de


Campos, durante todo o período entre 1979 e 2014, quando se iniciaram as operações do
Porto do Açu, está-se a referir basicamente do cluster de Macaé. Porém, com as mudanças
em curso, duas questões surgem: (1) qual tem sido o impacto da transição na produção de
petróleo e gás natural no cluster em Macaé? (2) Com o advento da Bacia de Santos, outros
clusters surgirão na sua região de influência? A resposta a essas duas questões permitirá
prever os cenários que se abrem na dinâmica territorial do litoral fluminense.

Apesar de ainda não ser possível responder a essas duas questões, alguns indícios
apontam para algumas hipóteses.

A crise setorial que se iniciou em 2014 tanto por razões da geopolítica internacional do
petróleo, quanto por razões políticas internas (ver AZEVEDO e SILVA NETO, 2021)
teve um impacto severo em todo o setor de petróleo e gás natural, que evidentemente teve
rebatimentos profundos em Macaé. Entre 2014 e 2017 o município perdeu 33.844
19

empregos formais, atrás apenas das perdas do Rio de Janeiro e correspondendo 26% do
total das perdas de todos os municípios do interior que tiveram saldo negativo no estoque
no período. Em 2018, entretanto, o município iniciou um tímido processo de recuperação
do estoque até 2020, que em razão da pandemia voltou a apresentar perdas, mas seguindo
um fenômeno que foi geral no país.

Mas o que interessa aos propósitos desse ensaio é saber se esse movimento foi apenas
conjuntural ou por trás disso há uma mudança estrutural na distribuição geográfica de
empregos das atividades da cadeia produtiva. Para isso, verificar-se-á a série histórica das
duas atividades mais importantes da cadeia produtiva mencionadas acima.

A atividade de extração de petróleo e gás é aquela exercida pelas operadoras, sendo,


portanto, aquela que impulsiona todas as demais atividades do segmento upstream. Em
Macaé essa atividade passou por aumento de estoque até 2010, a partir de quando
começou a apresentar uma tendência de queda. Em 2020, o estoque foi de 8.294 empregos
formais, uma perda considerável em relação aos 15.007 de 2010. Notar que não houve
ocorreu um impacto perceptível da crise de 2014, o que aponta para uma mudança de
rumo estrutural. Já as atividades de serviços de apoio, por seu turno, tiveram um
crescimento mais acelerado do estoque até a crise, quando passou por uma onda de
demissões. Por outro lado, já em 2016 a situação havia se estabilizado e iniciado uma
discreta recuperação, apontando para uma tendência contrária à atividade de extração de
petróleo e gás.

Figura 8: Série histórica das atividades de extração de PeG e de serviços de apoio

Estoque 2002-2020
18.000
16.000
14.000
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
-

EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL

ATIVIDADES DE SERVIÇOS RELACIONADOS COM A EXTRAÇÃO DE PETRÓEO E GÁS EXCETO


A PROSPECÇÃO REALIZADA POR TERCEIROS

Fonte: RAIS
20

A mudança de trajetória no estoque da atividade extração de petróleo e gás causou


relevante mudança no índice de especialização de Macaé, que continua ser o que possui
maior quociente locacional e participação relativa na atividade, mas com redução
sustentada do índice. Isso significa que a perda de estoque no município foi resultado de
um lento e contínuo processo de desconcentração da oferta de emprego. O auge foi pouco
antes das descobertas do pré-sal, quando em 2005 o município alcançou o QL de 304
pontos e uma participação relativa de 63% do estoque brasileiro. Em 2020, o QL foi de
153 pontos e a participação relativa 37%.

Figura 9: QL extração de petróleo e gás e participação relativa

Extração de Petróleo e Gás - Macaé


350 70%
300 60%
250 50%
200 40%
150 30%
100 20%
50 10%
- 0%
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020

QL EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL PR ATIVIDADE BRASIL

Fonte: RAIS
Nas atividades de serviços de apoio houve também uma redução do QL, porém muito
mais discreta, já que o maior índice foi em 2002, quando atingiu 253 pontos, enquanto
que em 2020 o índice foi de 199 pontos. Houve inclusive um aumento do QL em relação
a 2014, quando o índice foi de 166 pontos. No tocante à participação relativa, o pico foi
em 2013, quando Macaé possuiu 55% do estoque total. Nessa variável, entretanto, a
variação vem se mantendo sempre em torno dos 50%. Com efeito, nessa atividade não há
evidências consistentes de desconcentração nos últimos anos.
21

Figura 10: QL atividades de serviços de apoio e participação relativa

Atividades de Serviços de P e G - Macaé


300 60,0%
250 50,0%
200 40,0%
150 30,0%
100 20,0%
50 10,0%
- 0,0%

2017
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016

2018
2019
2020
QL ATIVIDADES DE SERVIÇOS RELACIONADOS À EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS
NATURAL
PR ATIVIDADE BRASIL

Fonte: RAIS

Diante da redução do índice de especialização do cluster de Macaé na atividade de


extração de petróleo e gás, quais seriam os municípios que estariam recebendo esses
empregos? Conforme demonstrado na Figura 11, o principal beneficiário do processo de
desconcentração tem sido o município do Rio de Janeiro, que vem aumentando sua
participação desde 2005, com um incremente importante a partir de 2017, chegando em
2020 a possuir 18% do estoque nacional. Outro município que vem ganhando
participação é Santos, que em 2020 atingiu mais de 10% do estoque da atividade no
Brasil.

Figura 11: Participação relativa no estoque de extração de petróleo e gás

Extração de PeG - principais municípios


70,0%

60,0%

50,0%

40,0%

30,0%

20,0%

10,0%

0,0%

RJ-MACAE RJ-RIO DE JANEIRO SP-SANTOS ES-VITORIA

Fonte: RAIS
22

Ao se analisar a distribuição da participação relativa dos municípios nas atividades de


serviços de apoio à extração de petróleo e gás, se confirma o dado anterior de que não há
indícios de desconcentração para outros municípios, com a surpreendente exceção de Rio
de Ostras, que acelerou as contratações a partir de 2017. Nesse caso, Rio das Ostras deve
ser considerado como parte do cluster, de modo que somado com a participação de
Macaé, vê-se que o cluster concentrou em 2020 quase 58% dos empregos no país. Há de
se notar que entre 2006 e 2009 o município do Rio de Janeiro superou Macaé na atividade.
Não há respostas neste ensaio para essa súbita mudança, mas nota-se que foi justamente
no período de descoberta do pré-sal, então uma inferência possível é que esses dois
eventos podem estar relacionados.

Figura 12: Participação relativa no estoque de extração de petróleo e gás

Serviços PeG - principais municípios


60,0%

50,0%

40,0%

30,0%

20,0%

10,0%

0,0%

RJ-MACAE RJ-RIO DE JANEIRO RJ-RIO DAS OSTRAS RJ-NITEROI

Fonte: RAIS
Nota-se, portanto, que se na economia dos royalties a transição entre a Bacia de Campos
e a Bacia de Santos tem gerado rebatimentos quase instantâneos nas suas respectivas
regiões de influência, na economia do petróleo esse processo tem sido mais incerto e
difícil de prever. Considerando o caso do processo de clusterização, é possível afirmar,
com base nos dados do emprego formal, a existência de dois processos divergentes. Por
um lado, há evidências consistentes de que esteja ocorrendo uma desconcentração da
atividade indutora do setor, que é a atividade de extração de petróleo e gás, realizada pelas
operadoras. A partir dessa informação, o cenário que se abre para o futuro é que
consolidando esse processo, novos clusters podem se formar no Rio de Janeiro e mesmo
em Santos.
23

Por outro lado, as atividades de serviços de apoio à extração de petróleo e gás indicam
inclusive um reforço do cluster de Macaé, se considerarmos o crescimento recente de Rio
das Ostras e a importância que o Porto do Açu já tem como porto de apoio. Nesse caso,
não há evidência de desconcentração, o que indica que o cluster é também o principal
parque de serviços para o pré-sal na Bacia de Santos16.

Verifica-se, assim, que no que tange à economia do petróleo, existem elementos de


mudança e permanência na nova etapa do ciclo do petróleo. Ou seja, a região de influência
da Bacia de Santos pode se estender até uma parte da região de influência da Bacia de
Campos, indicando que a economia do petróleo no Norte Fluminense pode sobreviver ao
declínio da Bacia de Campos, ainda que a economia dos royalties torne-se cada vez mais
minguante.

Considerações finais

A descoberta das reservas de hidrocarbonetos no pré-sal da Bacia de Santos garantiu a


continuidade do ciclo petrolífero no ERJ, que nas últimas 4 décadas foi a atividade mais
importante a impulsionar a economia fluminense e evitar a trajetória decadente que se
anunciava na década de 1980. Entretanto, os rebatimentos territoriais dessa atividade no
litoral fluminense será um tanto mais complexo do que a etapa anterior de domínio da
Bacia de Campos, agora em fase de declínio. A região de influência da Bacia de Santos
somente iniciou sua trajetória de transformações derivadas da produção de petróleo e gás
natural, enquanto que há ainda alguma indefinição sobre como a região de influência da
Bacia de Campos irá se inserir nessa nova etapa do ciclo petrolífero.

Se no âmbito da economia dos royalties esses rebatimentos se manifestam de maneira


quase imediata, no que concerne à economia do petróleo ainda se verifica um papel
preponderante do cluster de petróleo e gás natural localizado em Macaé como base de
operações do segmento upstream da cadeia produtiva de petróleo e gás natural, ainda
reforçado regionalmente pela expansão dos investimentos na área do Porto do Açu, Por
outro lado, existem indicações que os empregos formais ligados às operadoras estão
sendo pouco a pouco transferidos para outros municípios, em especial para o Rio de
Janeiro, que sempre exerceu o papel de centro gestor das principais empresas, mas que
pode, no futuro, também exercer papeis operacionais mais relevantes.

16
Essa é uma informação que pode ser corroborada por pessoas que trabalham nas empresas parapetroleiras.
24

Como esse artigo é apenas um ensaio exploratório, ir-se-á nestas considerações finais
apontar algumas questões e hipóteses de pesquisa para a melhor compreensão fenômeno,
considerados os limites de que se trata de um processo ainda em curso.

A principal questão que se coloca é que com o deslocamento das áreas mais produtivas
para o sul do estado, quais serão os rebatimentos territoriais que ocorrerão com a
consolidação da Bacia de Santos, que ainda está no começo de sua trajetória. Se com o
desenvolvimento da Bacia de Campos e a formação do cluster em Macaé criou-se um
poderoso vetor de reestruturação urbana e regional do eixo norte do ERJ, que
transformações ocorrerão com o declínio da produção na bacia e quais serão as novas
configurações que o circuito espacial do petróleo e os impactos na regionalização dos
fluxos econômicos?

Nesse sentido, há de se prestar a atenção na possibilidade de se estar em formação novos


clusters do petróleo e gás natural na região de influência da Bacia de Santos, assim como
na trajetória que se desenha para o cluster principal da Bacia de Campos a partir das
mudanças em curso.

Nossa hipótese é que, em razão da Bacia de Campos ainda se manter produtiva nos
próximos anos, com a entrada de novas operadoras especializadas na recuperação de
poços maduros, a emergência da economia do gás natural, e os custos logísticos da
transferência de infraestrutura e mão de obra, o cluster de Macaé somado ao Porto do Açu
manterá importante papel de fornecedor de serviços especializados tanto à Bacia de
Campos quanto à Bacia de Santos. Por outro lado, haverá uma gradual transferência de
funções operacionais para o Rio de Janeiro e, talvez, Santos, de modo que se criem
condições para o surgimento de clusters emergentes. Com efeito, a tendência é que a
logística de apoio à nova etapa do ciclo petrolífero se torne mais descentralizada e
integrada territorialmente.

A confirmação ou não dessa hipótese depende de fatores internos e externos à indústria


do petróleo e gás natural. Dentre os fatores internos está a estratégia locacional das
principais empresas do setor, principalmente as operadoras, com destaque à Petrobras.
Assim como foi a instalação da base de apoio operacional da Petrobras que determinou a
formação do cluster em Macaé e a pedra fundamental do circuito espacial do petróleo e
gás natural, serão as decisões das operadoras que determinarão se haverá novos clusters
e, se for o caso, a velocidade de sua formação, assim como a trajetória do cluster do Norte
Fluminense.
25

Por outro lado, essas decisões não se dão isoladas das trajetórias políticas e institucionais
do setor de petróleo no Brasil e no mundo, que são os fatores externos a orientar as
decisões das empresas. No caso da Petrobras as influências políticas são ainda mais
decisivas na definição do planejamento estratégico da empresa e, consequentemente, seu
papel no desenvolvimento da indústria do petróleo e gás natural no país. Desde 2016, a
empresa vem adotando uma estratégia de redução de tamanho, focalização na exploração
e produção e de concessão de maiores retornos financeiros a seus acionistas. É uma
orientação que pode mudar a partir de 2023 com o provável início de um governo de
oposição ao atual grupamento político. Outras influências políticas fundamentais estão
no campo da regulação, em especial na exigência maior ou menor de conteúdo local nos
contratos de fornecimento da cadeia produtiva.

Na escala internacional, a trajetória da indústria do petróleo é fortemente condicionada


por fatores geopolíticos, visto se tratar da mais importante commodity do mercado
internacional. Esses fatores são determinantes na formação dos preços internacionais, que
orientam a viabilidade ou não de investimentos de fronteira no setor. Além disso, há a
questão do aquecimento global, que irá pressionar cada vez mais o uso dos
hidrocarbonetos como fonte energética. Apesar de não haver no horizonte nenhum
substituto viável na matriz energética mundial aos hidrocarbonetos, as perspectivas de
piora do quadro climático pode se intensificar de modo a tornar inviável a continuidade
do uso em massa dos combustíveis fósseis, não só para automóveis, mas também na
geração de eletricidade. E é possível que até lá novas fontes de energia se tornem
tecnologicamente viáveis, tornando obsoletos os hidrocarbonetos. Isso está, porém, muito
além do escopo da pesquisa proposta neste ensaio.

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socioeconômico e político no Brasil a partir de 2014: contrachoque do petróleo, mudanças
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26

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