You are on page 1of 3

A Era Vargas

Getúlio Vargas assume o controle do país durante a chamada Revolução de 30, que marca o
fim da República do Café com Leite (quando São Paulo e Minas Gerais se alternavam no
controle do país).

Durante a Revolução de 30, o presidente Washington Luís foi deposto e exilado do país.

A Revolução de 30 teve o apoio das oligarquias mineiras, dos tenentistas, dos caudilhos do Rio
do Sul, todos capitaneados por Getúlio Vargas para “purificar” a República.

Após a deposição do presidente, o poder do país ficou a cargo de uma Junta Governativa, que
governou o país enquanto os revolucionários (inclusive Getúlio Vargas) se deslocavam até o
Rio de Janeiro.

Suspeitou-se que esta junta não daria o poder a Vargas, pois tinha o controle da capital. Após
avisos “poucos amigáveis” do general Góes Monteiro (braço direito de Vargas e chefe militar
do golpe), que comandava 30 mil homens, a junta cedeu normalmente o poder a Vargas, que
assumiria o controle do país por 15 anos.

Como resultado desta revolução, desapareceram também por um tempo os ideais do


liberalismo e da descentralização política. Entraria um regime de alta centralização estatal
liderada por Getúlio Vargas, seguindo as tendências dos regimes que estavam se
estabelecendo na Europa.

O Governo Provisório (1930-1934)


Para articular os nomes do primeiro governo, haviam interesses a serem conciliados de dois
grupos que apoiaram a Revolução de 30:

Estes grupos eram os tenentistas e os liberais. Os tenentistas eram militaristas e autoritários.


Os liberais desejavam fazer do Brasil um país liberal e constitucional e haviam apoiado a
revolução para livrá-lo das oligarquias agrárias.

Nomes de ambos os grupos foram nomeados para compor o governo, o que causaria
problemas a Getúlio mais a frente.

Com o poder nas mãos, Getúlio incorporou para si – como chefe do Governo Provisório – os
poderes Executivo e Legislativo. Dissolveu o Congresso Nacional, assim como os poderes
legislativos estaduais e municipais, e demitiu todos os governadores dos estados (à exceção de
Minas Gerais), trocando-os por interventores federais, que não eram eleitos, mas nomeados
pelo chefe do Executivo.

Também limitou as esferas de atuação dos estados (obrigando-os a requerer autorização


federal para contrair empréstimos no exterior), decretou anistia aos militares envolvidos em
“movimentos revolucionários” e decretou a censura da imprensa contrária ao governo
revolucionário.

Passada a euforia da revolução, o governo começa a ter problemas devido ao antagonismo e


conflitos de interesses entre tenentistas e liberais.

Tenentistas: Queriam a ditadura de um “homem honroso” e dariam apoio irrestrito a Getúlio


se caso ele se comprometesse a governar o país com rédeas firmes.
Liberais: Defendiam a permanência de um sistema liberal democrático, onde não deveria
haver espaço para conluios oligárquicos.

Em 25/02/1932, o jornal Diário Carioca (frequentemente censurado) foi atacado por ordem de
um grupo chamado Clube 3 de Outubro, cuja liderança concentrava figurões do governo
(ligados aos tenentistas). Getúlio repreendeu o ataque, mas ninguém foi punido.

O ataque foi a gota d’água para os liberais, que foram um a um se retirando o governo.

Getúlio até tentou conter a debandada promulgando ainda em 1932 o Código Eleitoral, que
instituía: voto secreto, participação feminina e justiça eleitoral independente.

O código, porém, não trazia provisões verificáveis para a elaboração de uma Constituição,
apenas promessas em forma de lei.

Nada foi suficiente para conter a debandada dos liberais. A oposição crescia, principalmente
em São Paulo.

Movimento Constitucionalista em São Paulo


Esse movimento pedia a constitucionalização do país e o retorno da autonomia federativa.

Na capital, se formara, em 17 de fevereiro de 1932, a Frente Única Paulista, uma coalização


entre classe média, cafeicultores e industrialistas, que marchavam sob o lema “São Paulo livre,
civil e paulista”.

A insatisfação contra o governo se manifestava na pessoa de João Alberto, nomeado


interventor do estado de São Paulo, pernambucano e tenentista.

Em 25/01/1932, uma multidão entre 50 e 100 mil pessoas se reuniu na Praça da Sé, pedindo a
constitucionalização do país.

Getúlio até tentou controlar a crise nomeando outros 3 interventores para o Estado. O último
(Pedro de Toledo) era “civil e paulista”, mas não agradou por ser muito idoso e alheio à política
nacional.

No dia 23/05/1932, um grupo enfurecido de estudantes atacou a sede da Legião


Revolucionária, uma agremiação militar fundada durante a Revolução de 30, leal ao governo.

No ataque, 13 pessoas morreram, mas ganharam destaque na imprensa os nomes de Euclides


Miragaia, Antônio Américo Camargo Andrade, Mário Martins de Almeida e Dráusio Marcondes
de Souza

Juntas, suas iniciais passaram a representar o Movimento Constitucionalista em São Paulo:


MMDC (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo).

A situação para incitou a população contra o governo, sob as bandeiras da constitucionalização


e autonomia estatal paulista, que fora violada devido à nomeação de interventores alheios aos
interesses do estado.

Os líderes da revolta paulista acusavam o chefe do Governo Provisório de não cumprir suas
promessas de renovação política da nação.

Para evitar que a situação piorasse, em 13/05/1932, Getúlio prometeu a convocação de uma
Assembleia Nacional Constituinte para o dia 03 de maio de 1933. A mensagem não recebida
com ceticismo e não surtiu efeito.
Em 09 de Julho de 1932, São Paulo se rebela contra o governo, iniciando a Revolução
Constitucionailsta de 1932. Ao se rebelarem os paulistas esperavam o apoio dos gaúchos e do
general Bertoldo Klinger, estacionado no Mato Grosso.

O apoio dos gaúchos não veio e o general Klinger trouxe menos homens do que havia
prometido. São Paulo se vê lutando sozinho contra o restante do Brasil.

Calcula-se que as tropas federais tivessem em torno de 50 mil homens, enquanto os paulistas,
apenas 20 mil.

Os paulistas estavam confiantes. O “Movimento MMDC”, formado por voluntários, havia


montado barracas em vários cantos da cidade para alistar quem quisesse se juntar às fileiras
revoltosas; elas foram insuficientes para atender a enorme quantidade de voluntários. São
Paulo vivia dias de festa e transbordava otimismo.

Os paulistas lutaram com afinco, especialmente considerando o desequilíbrio de forças entre


as partes em conflito. Mas não eram páreo para a guerra de desgaste infligida pelas tropas do
governo.

Quando as tropas legalistas obtiveram o controle das cidades de Itu e Jundiaí, às portas de São
Paulo, a cidade percebeu que não poderia mais resistir. Desse modo, capitulou em 2 de
setembro de 1932.

O número de mortos do lado paulista chegou aproximadamente a mil. As baixas do lado


legalista não são conhecidas até hoje.

Consequências da Revolução
Armando Sales de Oliveira foi nomeado interventor do estado de São Paulo, ele atendia às
demandas dos paulistas.

A maior consequência da Revolução Constitucionalista foi a realização da Assembleia Nacional


Constituinte, cujo pleito para a escolha dos parlamentares responsáveis por elaborar a
Constituição ocorreu na data prometida anteriormente, 3 de maio de 1933.

A Constituição de 1934 foi promulgada em 16 de julho, mais de um ano depois do início de sua
elaboração. Paralelamente à promulgação da Carta, uma eleição indireta (ou seja, realizada
pela própria assembleia) escolheu Getúlio Vargas presidente, em um mandato que se
estenderia de 1934 a 1938.

A partir de 1938, o Brasil retornaria a um regime liberal democrático, com eleições diretas.
Segundo o calendário, a primeira ocorreria em 1937.

You might also like