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SUMÁRIO

RESUMO 2
ABSTRACT 2
INTRODUÇÃO 3
ACESSO À JUSTIÇA COMO DIREITO FUNDAMENTAL 4
2. SISTEMA JUDICIAL EM ANGOLA 5
2.1. Uma visão geral breve sobre o sistema judicial angolano 5
2.2.. 5
2.2.1. Tribunal Supremo: 5
2.2.2. Tribunal Constitucional 5
2.2.3. Tribunais de Comarca 5
2.2.4. Tribunal de Contas 5
2.3. CATEGORIAS DE TRIBUNAIS : 6
2.3.1. TRIBUNAIS DE PRIMEIRA,SEGUNDA E TERCEIRA INSTÂNCIA. 6
2.3.1.1. Tribunal de Primeira Instância: 6
2.3.1.2. Tribunal de Segunda Instância: 6
2.3.1.3. Tribunal de Terceira Instância: 6
3. O ACESSO AOS TRIBUNAIS 8
4. AS PROBLEMÁTICAS DO ACESSO À JUSTIÇA E AOS TRIBUNAIS 9
5. O PRINCÍPIO DA TUTELA JURISDICIONAL EFECTIVA 10
5.1. Análise do Artigo 29º da Constituição 11
6. A DEMORA NA TOMADA DAS DECISÕES EFETIVA 12
1- DEFESA PÚBLICA 14
7.1.1. JURIDICAL CARE SYSTEM 14
7.1.2. DEFENSORIA PÚBLICA 14
7.1.3. ADVOCACIA VOLUNTÁRIA . 15
CONCLUSÃO 16
REFERÊNCIAS 17
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RESUMO

Este trabalho tem como objectivo abordar de forma sucinta sobre o Acesso aos Tribunais e
a Tutela jurisdicional efectiva, e de igual modo, falar como funciona o nosso sistema
judicial, apresentar as problemáticas do acesso à justiça,e possíveis soluções através da
defesa pública. E apresentar o nosso parecer após adquirir esse tanto de novas matérias.

ABSTRACT

This work aims to briefly address Access to the Courts and effective jurisdictional
protection, and likewise, talk about how our judicial system works, present the problems
of access to justice, and possible solutions through public defense. And present our
opinion after acquiring this much new material.
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INTRODUÇÃO

O acesso aos tribunais é um dos pilares fundamentais do Estado de Direito e da


democracia em qualquer sociedade. Em Angola, país localizado no continente africano,
a questão do acesso à justiça tem sido objeto de discussão e reflexão, visando promover
a igualdade de direitos e oportunidades para todos os cidadãos.

É interessante observar as reflexões de grandes pensadores ao longo da história sobre a


importância do acesso aos tribunais e à justiça. Dentre esses pensadores, destaca-se
Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., cuja obra “POLÍTICA” aborda questões
relacionadas à organização do Estado e à administração da justiça.

Aristóteles dedicou parte de seus estudos ao tema da justiça e ao papel dos tribunais na
sociedade. Em sua obra "Política", ele defende a ideia de que a justiça é um elemento
central para a harmonia social e o bem-estar coletivo. Segundo o filósofo, a existência
de tribunais e de um sistema judicial eficiente é essencial para garantir que todos os
cidadãos possam ter seus direitos protegidos e assegurados. Nesse sentido, a análise da
obra de Aristóteles traz contribuições valiosas para compreender a importância do
acesso aos tribunais em Angola. Através de seus escritos, podemos refletir sobre a
necessidade de um sistema jurídico justo e acessível, que permita a todos os cidadãos
angolanos o pleno exercício de seus direitos e a resolução de conflitos de maneira
imparcial.

O presente trabalho tem como objetivo abordar sobre: ``o acesso aos tribunais e a tutela
jurisdicional efectiva´´ , e nele aprofundaremos os seguintes tópicos:

1. -Acesso à Justiça como Direito Fundamental;


2. Os tribunais e a sua organização;
3. O Acesso aos Tribunais;
4. As problemáticas do Acesso à justiça e aos
Tribunais
5. O Princípio da Tutela Jurisdicional Efectiva;
6. Demora na tomada de decisões.
7. Defesa pública
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ACESSO À JUSTIÇA COMO DIREITO


FUNDAMENTAL

A justiça deve buscar igualdade e o bem-estar de toda e qualquer sociedade.

O Direito e a Justiça são valores estritamente correlacionados .A justiça está para o


Direito tal como o bem está para ética a beleza para estética.
O Fundamento moderno sobre o problema da justiça é a ideia da dignidade da pessoa
humana.O Homem digno como um valor ético absoluto.O homem com o Direito cujo
a violação à justiça reprova,são estes os direitos fundamentais previstos na
CRA,sendo esta lei magna do Estado.

A constituição define que o acesso ao Direito e à justiça enquanto um direito


fundamental e”um direito charneira, um requisito crucial para efetivação dos
restaurantes direitos e, por conseguinte, um indicador da democratização dos
tribunais,do estado e da sociedade.

No artigo 29º da CRA estipula”acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos
seus direitos e interesses legalmente protegidos,não podendo a justiça ser denegado
por insuficiência dos meios econômicos “O mesmo artigo no seu número 2 afirma
que “todos têm direito nos termos da lei,à informação e consultas jurídicas ao
patrocínio judiciário e fazer-se acompanhar por advogado perante a qualquer
autoridade “
A constituição consagra,assim numa acepção mais ampla,que o acesso ao direito e
à justiça engloba:
Acesso aos tribunais ;
Á informação jurídica e a consulta jurídica.
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2. SISTEMA JUDICIAL EM ANGOLA

2.1. Uma visão geral breve sobre o sistema judicial angolano

O sistema judicial em Angola é baseado no sistema de direito civil, influenciado pela


tradição jurídica portuguesa. A Constituição de Angola é a lei fundamental que
estabelece a estrutura e os princípios gerais do nosso sistema judicial. Além disso,
várias leis e decretos regulamentam o funcionamento dos tribunais e asseguram a
proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos.
Um marco importante no sistema judicial angolano é a independência do poder
judiciário, que é garantida pela Constituição. Os tribunais são responsáveis pela
aplicação das leis, a administração da justiça e a proteção dos direitos e liberdades dos
cidadãos, estas “tarefas” estão consagradas no art.174º da CRA que tem como epígrafe
" Função Jurisdicional”.

2.2. Descrição dos principais tribunais em Angola

Os principais tribunais em Angola são o Tribunal Supremo, Tribunal


Constitucional,Tribunal de Comarca e Tribunal de Contas, como podemos observar na
seção II do Capítulo IV da CRA que aborda sobre os Tribunais.

2.2.1. Tribunal Supremo:


A luz do art 180º da CRA e outras leis, o Tribunal Supremo é o mais alto tribunal de
Angola e é responsável por garantir a aplicação correta e uniforme das leis em todo o
país. É composto por várias secções especializadas, como a Secção do Contencioso
Administrativo, a Secção do Contencioso Constitucional, a Secção do Contencioso
Eleitoral e a Secção Criminal.

2.2.2. Tribunal Constitucional


O Tribunal Constitucional é responsável por proteger e interpretar a Constituição de
Angola. Tem como função principal a fiscalização da constitucionalidade das leis e a
resolução de conflitos constitucionais. O tribunal é composto por juízes nomeados pelo
Presidente da República (art.181º da CRA).

2.2.3. Tribunais de Comarca


Os Tribunais de Comarca são responsáveis por julgar casos de natureza civil, penal e
administrativa em uma determinada área geográfica. Eles têm jurisdição sobre questões
de menor complexidade e importância(lei nº29/22 29 de Agosto)

2.2.4. Tribunal de Contas


O Tribunal de Contas é responsável pela fiscalização das finanças públicas e pela
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auditoria das contas do Estado. Sua principal função é garantir a transparência e a


legalidade na gestão dos recursos públicos.(lei orgânica e do processo do tribunal de
contas)

2.3. CATEGORIAS DE TRIBUNAIS

No sistema judicial angolano temos as seguintes categorias de


tribunais de jurisdição comum:
● Tribunal Supremo;

● Tribunal da Relação;

● Tribunal de Comarca.

Estas serão organizadas segundo o seu nível de jurisdição.

2.3.1. TRIBUNAIS DE PRIMEIRA,SEGUNDA E


TERCEIRA INSTÂNCIA.

Os tribunais de primeira, segunda e terceira instância são


elementos fundamentais do sistema judicial em muitos países,
incluindo Angola. Eles representam diferentes níveis de jurisdição
e desempenham funções específicas dentro do sistema judiciário.
Aqui está uma explicação geral sobre cada um desses tribunais:

2.3.1.1. Tribunal de Primeira Instância:


O tribunal de primeira instância, também conhecido como tribunal de base ou tribunal
de primeira linha, é o primeiro nível de jurisdição em que são julgados casos judiciais.
Ele tem competência para lidar com uma ampla gama de disputas, incluindo questões
civis, penais, administrativas, entre outras. Normalmente, é nesse tribunal que ocorre o
julgamento inicial do caso, com a apresentação de provas e argumentos pelas partes
envolvidas. Sua decisão pode ser objeto de recurso para os tribunais de instâncias
superiores. Ex.:Tribunal de Comarca

2.3.1.2. Tribunal de Segunda Instância:


O tribunal de segunda instância é o nível seguinte de jurisdição, superior ao tribunal de
primeira instância. Também conhecido como tribunal de apelação ou tribunal de
recurso, sua função principal é revisar as decisões tomadas pelos tribunais de primeira
instância. Neste tribunal, as partes insatisfeitas com a decisão de primeira instância
podem apresentar um recurso, argumentando erros processuais, interpretação incorreta
da lei ou outras questões relevantes. O tribunal de segunda instância reexamina o caso e
emite uma nova decisão, que pode ser vinculante ou sujeita a recurso para a instância
seguinte. Ex.:Tribunal da Relação.
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2.3.1.3. Tribunal de Terceira Instância:


O tribunal de terceira instância é o mais alto nível de jurisdição em um sistema
judiciário hierárquico. Geralmente, é conhecido como tribunal superior, tribunal
supremo ou tribunal de cassação. Sua principal função é revisar as decisões proferidas
pelos tribunais de segunda instância, com foco na análise de questões de direito e não
em questões de fato. O tribunal de terceira instância tem a autoridade final para decidir
sobre um caso e suas decisões normalmente não podem ser contestadas. No entanto, em
alguns sistemas judiciais, existem instâncias superiores adicionais, como tribunais
constitucionais ou tribunais internacionais. Ex.:Tribunal Supremo.

Vale ressaltar que a estrutura e os nomes dos tribunais podem variar de acordo com o
país e o sistema jurídico adotado.

A estrutura e as competências dos tribunais de primeira, segunda e terceira instância são


definidas principalmente pela Lei dos Tribunais Judiciais (Lei nº 2/05) e pela
Constituição da República de Angola.
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3. O ACESSO AOS TRIBUNAIS

O acesso aos tribunais em Angola é reconhecido como um direito fundamental,


garantido tanto pela Constituição da República de Angola quanto por legislações
específicas. De acordo com o artigo 29º da CRA, todos os cidadãos têm o direito à
justiça e à tutela judicial efetiva, sem impedimentos injustificados. Além disso, o artigo
194º da CRA estabelece o direito ao acesso à justiça gratuita para aqueles que não
possuem recursos suficientes para arcar com as despesas processuais. Essas disposições
legais asseguram que os cidadãos angolanos tenham o direito de buscar reparação legal,
participar de processos judiciais e defender seus direitos perante os tribunais.

A legislação angolana também prevê a existência de tribunais de comarca, que são


responsáveis por julgar casos de menor complexidade em uma determinada área
geográfica. A Lei dos Tribunais Judiciais (Lei nº 2/05) estabelece a organização e o
funcionamento desses tribunais, garantindo que os cidadãos tenham acesso à justiça em
suas próprias comunidades. Essa abordagem descentralizada dos tribunais de comarca
contribui para facilitar o acesso aos serviços judiciais, tornando-os mais acessíveis e
próximos das populações locais.

Além disso, o DECRETO - LEI Nº 15/95, 10 DE NOVEMBRO DA ASSISTÊNCIA


JUDICIÁRIA é outra legislação relevante que garante o acesso à justiça para pessoas
economicamente desfavorecidas. Esse decreto estabelece o direito à assistência jurídica
gratuita, permitindo que aqueles que não têm recursos financeiros para arcar com
honorários advocatícios e custas judiciais possam receber apoio jurídico adequado para
a proteção de seus direitos.

Essas referências legais destacam o compromisso do sistema jurídico angolano em


garantir o acesso aos tribunais como um direito fundamental. Por meio da Constituição
e de leis específicas, Angola busca assegurar que todos os cidadãos possam buscar a
justiça e defender seus direitos perante os tribunais, independentemente de sua situação
econômica. O estabelecimento de tribunais de comarca e a disponibilização de
assistência jurídica gratuita contribuem para tornar o acesso aos tribunais mais inclusivo
e acessível a todos os angolanos.
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4. AS PROBLEMÁTICAS DO ACESSO À
JUSTIÇA E AOS TRIBUNAIS

A falta de meios financeiros para constituir um advogado é a primeira razão apontada


por Salvador Freire, presidente da Associação Mãos Livres, uma das poucas
organizações que prestam assistência jurídica gratuita aos cidadãos em quase todo o
país.

A segunda é a falta de consciência jurídica dos cidadãos, "para que quando tenham os
seus direitos violados possam recorrer, possam reivindicar às instituições de direito para
serem resolvidos estes diferendos. Mas, infelizmente, há ainda um nível baixo de
consciência jurídica", diz Freire.

E mesmo quando há consciência jurídica, muitos cidadãos ficam sem acesso à Justiça
em algumas províncias devido à escassez de advogados. De acordo com um relatório da
ONG Justiça Paz e Democracia (AJPD), publicado em 2017, há regiões angolanas onde
existe apenas um advogado.

"Há províncias que nem sequer têm advogados, é preciso ter isso em conta", sublinha
Salvador Freire. "Há advogados que são passageiros, não estão fixados nestas
províncias e vão, de vez em quando, para resolver alguns conflitos", explica.

A Ordem dos Advogados de Angola, outra instituição que presta assistência gratuita aos
cidadãos, recebe mais de 10 casos por dia. Mas queixa-se da falta de capacidade
financeira para prestar o serviço. (Luamba, 2018)
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Em Angola a falta de tribunais é uma questão que tem sido levantada como um
problema enfrentado pelo nosso sistema judicial. Em certas regiões pode levar a atrasos
nos processos judiciais, longas distâncias devem ser percorridas para ter acesso a um
tribunal e isso leva a uma maior dificuldade para a resolução de disputas legais.

Além disso, a escassez de tribunais pode sobrecarregar os tribunais existentes,


aumentando assim a carga de trabalho dos juízes e dificultando a rápida resolução dos
casos, o que consequentemente contribuirá para demora na tomada de decisões.

Problemas levantados em nosso sistema judicial..

● Falta de pessoal suficiente no poder judicial

● Falta de instalações com condições de trabalhos ideais.

Como foi acima referido, com a existência desses problemas será difícil lidar com a
enorme quantidade de processos que diariamente são apresentados aos tribunais e afeta
o funcionamento do poder judicial em pleno para o povo.

5. O PRINCÍPIO DA TUTELA JURISDICIONAL


EFECTIVA

O princípio da tutela jurisdicional efetiva é um importante princípio do direito em


Angola, que garante o direito de todos os cidadãos de terem acesso a um processo
judicial justo, imparcial e eficaz. Esse princípio está respaldado por referências legais
atualizadas, como a Constituição da República de Angola e outras legislações
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relevantes. Em seguida iremos mostrar algumas referências legais pertinentes:

1. Constituição da República de Angola (2010):


- O artigo 29º da Constituição estabelece o direito de todos à justiça e à tutela judicial
efetiva, sem impedimentos injustificados.

2. Lei dos Tribunais Judiciais (Lei nº 2/05):

- Essa lei regulamenta a organização e o funcionamento dos tribunais judiciais em


Angola, garantindo a implementação do princípio da tutela jurisdicional efetiva.
- Ela estabelece procedimentos para garantir o acesso à justiça, como o direito às
partes de serem ouvidas, o direito de apresentar provas e o direito a um julgamento
justo.

As referências acima citadas demonstram o compromisso de nosso Estado em assegurar


a tutela jurisdicional efetiva para todo seu povo. O acesso à justiça, a igualdade perante
a lei, a imparcialidade dos tribunais e o direito a um julgamento justo são pilares
fundamentais do princípio da tutela jurisdicional efectiva.

O princípio da tutela jurisdicional efectiva implica por fim, que a sentença emanada
pelo tribunal competente obtenha plena concretização, satisfazendo cabalmente os
interesses materiais de quem obteve vencimento, nomeadamente que a decisão tenha
sido tomada em prazo razoável (artigo 29º, nº 4º da C.R.A), que seja respeitado o caso
julgado (artigo 67º, nº2º da C.R.A) e que a sentença seja efectivamente executada
(artigo 177º, nº 2 e 3 da C.R.A)

5.1. Análise do Artigo 29º da Constituição

Em análise ao artigo 29º da Constituição da República de Angola, que nos remete ao


título de “Acesso ao direito à tutela jurisdicional efetiva”.

Como o tema sugere, é a garantia apresentada pelos devidos tutelares dotados da


capacidade de aplicação da lei em nome da justiça de salvaguardar o direito de proteção
de interesses de todo e qualquer cidadão independente de sua condição social ou
financeira atribuindo a todos a capacidade de serem defendidos legalmente

No artigo 29º, encontramos plasmados vários direitos interligados entre si, embora
distintos, que são:
O direito de acesso ao Direito;
O direito de acesso aos tribunais;
O direito à informação e consulta jurídicas;
O direito ao patrocínio judiciário e;
O direito à assistência de advogado. (Pereira, 2022)
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6. A DEMORA NA TOMADA DAS DECISÕES


EFETIVA

A observância do referido conjunto de actos invariavelmente e por uma série de razões,


verifica-se num período de tempo excessivamente longo, se comparado com as
expectativas das partes num processo, se tivermos em conta a necessidade da conclusão
dos casos que as partes submetem à apreciação para ulterior decisão dos poderes com
competência para o efeito, sublinhando-se aqui os Tribunais Comuns sitos nas grandes
urbes, como Luanda, por exemplo. A morosidade processual é um dos males que assola
um sem número de pessoas físicas e jurídicas, tendo em conta que as sociedades
modernas, por via dos respectivos contratos sociais, confiaram o monopólio do emprego
da força à mais acabada forma, que se conhece, de organização social e política da
humanidade, o Estado.

A natureza da vida em sociedade nos dias de hoje impele os cidadãos para uma
competição sem par, que, por sua vez, desencadeia situações conflituosas que demandam a
intervenção do Estado nas suas vestes de poder judiciário para compor os litígios para os
quais os particulares não logram soluções conciliáveis. No recurso aos órgãos de justiça
do Estado os cidadãos sujeitam-se a regras e a prazos que escapam ao seu controle, bem
como a taxas que em última instância podem servir para limitar o uso abusivo do
mecanismo judicial para questões de menor importância ou que podem ser tratadas fora do
foro.

Os Estados, no caso concreto o Estado Angolano, debate-se com problemas que vão desde
a falta de pessoal suficiente para, no poder judicial, lidar com a quantidade de processos
que diariamente são apresentados aos seus tribunais, à falta de instalações com as
condições de trabalho ideais para que o poder judiciário a que o povo acorre directamente
funcione em pleno. Associam-se a estes dois problemas o crescente volume de litigância
por conta de uma cultura deficiente de diálogo que inviabiliza cada vez mais as soluções
consensuais, retirando até mesmo a importância a vários mecanismos de conciliação,
mediação e de arbitragem que, em condições normais, deveriam ter um papel de maior
protagonismo, principalmente nos casos de jurisdição voluntária e nos casos de conflitos
laborais, bem como o conhecimento popular da morosidade processual.
O conhecimento popular da morosidade processual, mais do que um constrangimento
alheio às partes, tem sido utilizado como verdadeira arma para pessoas de má fé, que,
mesmo sabendo da impossibilidade material ou objectiva de obtenção de um veredicto
favorável, usam do processo judicial para castigar a outra parte somente pela demora que,
de regra, torna inútil a decisão judicial quando esta é proferida no final de um processo
que leve muito mais tempo do que o normal.

Um exemplo claro desta utilização de má fé do processo judicial ocorre nos conflitos de


terras onde pessoas com títulos fundiários emitidos pelo Estado são obrigadas a conviver
com ocupações ilegais de parcelas de terrenos por terceiros que conhecendo a inércia das
municipalidades na aplicação da lei sobre embargos extrajudiciais, tudo fazem para que a
parte lesada instaure uma acção judicial contra si (ocupante ilegal), por saber que o
processo em Tribunal poderá não andar, mantendo-se a situação incómoda para o cidadão
cujo direito é violado.
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Uma outra situação em que a morosidade processual é usada como arma é a que ocorre na
jurisdição voluntária onde as pessoas, sabendo que os Tribunais demoram em média 2
anos para decidirem sobre o reconhecimento de uma união de facto, sobre um divórcio ou
sobre a regulação do poder paternal sobre menores, considerando a carga emocional que
normalmente uma separação ocasiona nas pessoas, não raras vezes uma das partes,
despeitada, nos casos de separação, por exemplo, quer inviabilizar até onde puder a
celebração de um novo casamento pelo cônjuge.

Os efeitos nefastos da morosidade processual estão à vista e, no caso de Angola, tem sido
causa idónea para o agudizar da situação de pobreza de muitos cidadãos, principalmente
viúvas, que não têm acesso aos subsídios da segurança social durante o período em que se
aguarda pela decisão judicial do reconhecimento da união de facto por morte de um
contribuinte do sistema da protecção social obrigatória, ou menores, que ficam privados
de alimentos por conta da espera pela decisão judicial de consignação de rendimento do
progenitor faltoso. (Pereira, 2022)
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1- DEFESA PÚBLICA

Segundo o art.196º da CRA, a constituição define que o Estado deve garantir às


pessoas com insuficiência meios financeiros os mecanismos de defesa pública com
vista a assegurar a assistência jurídica e o patrocínio forense oficioso a todos níveis.
Este princípio tem como objectivo a concretização do art. 29º DA CRA, que tem
como epígrafe " ACESSO AO DIREITO E TUTELA JURISDICIONAL
EFECTIVA".

7.1. MODELOS DE ACESSO AOS TRIBUNAIS POR VIA DE DEFESA


PÚBLICA:

● JURIDICAL CARE SYSTEM

● DEFENSORIA PÚBLICA

● ADVOCACIA VOLUNTÁRIA.

7.1.1. JURIDICAL CARE SYSTEM

Como se explica no relatório e Proposta da Lei de Acesso ao Direito e a Justiça, o


primeiro caso, que está em vigor em Angola, assim como no Botswana e Portugal, estipula
que a prestação de serviços jurídicos de patrocínio judiciário é assumida por advogados,
que mantendo a sua condição de profissionais liberais, são remunerados pelo Estado.

7.1.2. DEFENSORIA PÚBLICA

Vigora em quase todos os países do continente americano e em Timor- Leste. No Brasil, a


Constituição conferiu ao defensor especial prerrogativas e exigências, nomeadamente a da
inamovibilidade e da interdição ao exercício da advocacia fora das atribuições da
instituição . A sua acção centra-se, particularmente, nas regiões com maiores índices de
exclusão social e densidade populacional. O ingresso na carreira de defensor público
ocorre mediante concurso público de provas e títulos, após contarem com, no mínimo,
dois anos de prática forense, não necessitando de inscrição na Ordem dos Advogados do
Brasil(OAB).
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7.1.3. ADVOCACIA VOLUNTÁRIA

Vigora em alguns países, como é o caso de Moçambique. Em 1994, foi criado o Instituto
do Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ), que visa garantir o acesso à justiça pelos
cidadãos economicamente desfavorecidos e que tem como atribuições coordenar o
exercício do patrocínio judiciário e de assistência jurídica pelos seus membros, coordenar
o serviço cívico a realizar pelos advogados estagiários e participar no estudos e divulgação
das leis. O IPAJ integra técnicos superiores em assistência jurídica ( licenciados em direito
que tenham sido aprovados em concursos realizados pelo IPAJ) e técnicos de assistência
jurídica, habilitados com cursos e formação reconhecidos pelo Ministério da Justiça.
Com a revisão dos Estatutos da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), em 2009,
a intervenção do IPAJ na regência dos estágio de advogados aprofunda-se, dispensando-se
do estágio os licenciados em Direito que prestem assistência jurídica pelo período de 16
meses no IPAJ, uma vez que o patrocínio jurídico e judiciário é uma actividade cometida
àquelas duas instituições (IPAJ e OAM). Findo o período de 16 meses, os estagiários que
tiverem prestado assistência jurídica no IPAJ recebem uma declaração para inscrição no
exame nacional de acesso à OAM. PR

Depois de melhor abordar sobre os modelos de acesso à justiça por via de defesa pública
fica claro para nós que a defesa pública, não está só a cargo do Estado como também dos
advogados que enquanto instituição essencial à Administração da Justiça, a luz do
art.195º da CRA compete a eles a assistência jurídica , o acesso ao direito e o patrocínio
forense em todos os graus de jurisdição.
Segundo a lei nº 8/17 de 13 de Março, concretamente no art19º que tem como epígrafe “
Assistência judiciária"
Só podem prestar serviços de assistência judiciária os Advogados inscritos na Ordem dos
Advogados de Angola, cuja remuneração é regulamentada em diploma próprio. (Araújo,
2018)
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CONCLUSÃO

Concluindo, podemos observar que o acesso aos tribunais no território angolano é um


direito fundamental protegido pela Constituição da República de Angola. Nós temos uma
estrutura judicial baseada no sistema de direito civil e que conta com vários tribunais,
como por exemplo o Tribunal Supremo e o Tribunal Constitucional. Algumas medidas
como a assistência jurídica gratuita , a existência de juízes de garantia e tribunais de
comarca, são adotadas para tornar a justiça mais acessível à população. Angola procura
promover a tutela jurisdicional efetiva, garantindo que os processos judiciais sejam
conduzidos de uma forma justa, imparcial e eficaz, respeitando os direitos e garantias dos
cidadãos.

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REFERÊNCIAS

Araújo, R. C. (2018). Introdução ao Direito Constitucional Angolano. Centro de Estudos


de Direito Público da Universidade Agostinho Neto.

Aristóteles. (s.d.). Política

Luamba, M. (23 de Janeiro de 2018). Angola acesso a justiça não é para todos. Fonte:
DW Made for minds: https://www.dw.com/pt-002/angola-acesso-%C3%A0-justi
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Ordem dos Advogados de Angola. (13 de Março de 2017). Lei da Advocacia. Fonte:
ORDEM DOS ADVOGADOS DE ANGOLA: http://www.oaang.org/content/lei-
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Pereira, A. d. (Abril de 2022). Acesso aos tribunais e a tutela jurisdicional efectiva. Fonte:
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Tribunal de contas. (2014). Lei orgânica e do processo do tribunal de contas (2º ed.).
whereangola book publisher.

Constituição da República de Angola, Luanda, Fevereiro 2010, 1º Edição;

Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. (2015). ‘’Lei da organização dos Tribunais
nº2/15’’. Diário da República 1º série, 17 (Fevereiro).

Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. (2011).’’Lei orgânica do Tribunal Supremo


nº13/11’’. Diário da República 1º série,163 (Março).

Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. (2022). ‘’Lei orgânica dos Tribunais da
Relação nº2/22 ’’. Diário da República 1º série, 48 (Março).

Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. (2022). ‘’Lei orgânica sobre a organização
e funcionamento da jurisdição comum nº29/22 ’’. Diário da República 1º série, (Agosto).

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