* Autor correspondente. E-mail: jamillefdias@gmail.com
Boana é um dos gêneros mais especioso e amplamente distribuído dentro da família
Hylidae, com espécies descritas ao longo de toda a região Neotropical, sendo muitas endêmicas da Mata Atlântica, como é o caso de Boana pombali. Estudos citogenéticos recentes com hilídeos estão trazendo contribuições significativas à caracterização das espécies do grupo, com a descrição de muitos caracteres diagnósticos e identificação de diversidade críptica. Estas informações são obtidas a partir de estudos comparativos entre populações ao longo de um gradiente geográfico. Assim, no presente estudo descrevemos o cariótipo de B. pombali e comparamos estes dados com a literatura disponíveis para o gênero e espécie, visando estabelecer os possíveis mecanismos de diferenciação cromossômica envolvidos na evolução cariotípica da espécie. Para tanto, coletamos 10 indivíduos de B. pombali no Parque Estadual Serra do Conduru (PESC) e 03 indivíduos na Fazenda Barra do Tijuípe (FBP), ambos localizados em Serra Grande, distrito de Uruçuca-BA, entre os anos de 2015 e 2016. Ambas as subpopulações estudadas de Boana pombali apresentaram 2n = 24 cromossomos, NF = 48 e mesma fórmula cariotípica. Também evidenciamos a ocorrência de Ag-RONs simples nos espécimes da FBT e Ag-RONs múltiplas nos espécimes do PESC. Para a população do PESC o bandamento C mostrou blocos de heterocromatina pericentroméricos e terminais, tanto no braço curto quanto no braço longo e Ag-RONs eucromáticas. Não obtivemos bandamento C para a população da FBP. Provavelmente, a família Hylidea passou por eventos de redução cromossômica, sendo esta manutenção da estrutura cromossômica generalizada dentre os Amphibia. Apesar de raras, outras espécies de Boana apresentam RONs múltiplas, podendo esta ser consequência de eventos de translocação ou transposição cromossômica com manutenção do número e tamanho cromossômico. Observamos que a maioria das espécies do gênero apresentam blocos heterocromáticos distribuídos pericentricamente em todos os cromossomos do complemento.
Palavras-chave: Ag-RONs, Bandamento C, Genética, Mata Atlântica