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A BASE MOLECULAR DA VIDA > Modelo da molécula de jacarose, 0 agucar de cana. Er preto,dtomos de carbono; ern brane, de hidrogéri em vetmelho, de oxgénio “| 3.1A Quimica ea vida 0 desenvolvimento da Quimica nos séculos XIK XX foi determinante para que a Biologia conquistasse o nivel de conhecimento atual. Sem a base proporcionada, pela Quimica no teria sido possivel penetrar no mundo submicroscdpico e descobrir como a célulafunciona,cons- ‘ruindo assim um dos pilates da Biologia Modema ‘Um passo importante para o estudo da estruturae cdo funcionamento dos seres vivos fol a teoria at6mica, segundo a qual a matétia é constituida por minisculas particulas, os étomos. A enorme variedade de substan- cias existentes na natureza, inclusive as que formam os seres vivos, resulta das diferentes combinacées entre 05 atomos dos 89 elementos quimicos naturais. Por cexemplo, sempre que dots étomos do elemento hidro- génio {H) se combinam com um étomo do elemento oxi- 2nio (0) forma-se uma molécula de égua H,0).Acom- binagéo de dois tomos de hidrogénio com um dtomo de enxofre (8), por outro lado, dé origem a um 4s mal- cheiroso, 0 g6s sulirico (HS) No comeco do século XIX, a Quimica Inorginica, a 4A Figura 3.7 » As reqies eletricamente postvas de uma molécula de agua atraem a egian eletrcamente negatva de ‘ourtas, formando ligacses denominadas pantes de hidrogenia, D Importancia da agua para a vida A gua como solvente ‘A dqua € um excelente solvente, ou seja, & capaz de dissolver grande variedade de substancias quimicas, como sais, gases, acicares, aminodcidos, proteinas € 4cidos nucléicos; por isso costuma ser chamada de “solvente universal". Do ponto de vista quimico, disso ver consiste em separar, por meio de um solvente, os agregacos ou cristas que formam determinada substan cia. Por exemplo, quando colocamos acicar ou sal em lum copo com Agua, as moléculas dessa substéncia pe- netram entre as particulas dos crstais de acticar ou de sal, separando-as e envolvendovas, isto €, dissolvendo A dissolucfo, nesse caso, leva a formacio de uuma mistura homogénea, a solucao, composta pelo solvente e pelas substincias dissolvidas, genericamen- te chamadas de solutos. (Fig. 3.8, na pagina seguinte) 0 liquido que preenche as células vivas, denomi- nado citosol, consiste em uma solugdo aquosa de di- vversas substéncias; 0 sangue e outros iquidos corporals dos seres multicelulares também sio solugSes aquosas. As principais substancias dissolvidas nessas solucdes, biolégicas so glicidios, sais, aminodcidos e proteinas, entre outras, 7m sina 4+ ABASE MOLECULAR DA VIDA Ctista de cloreto do sdio (Nac) joni ie sie 4 Figura 38 » Dissoludo de sal de cozinha em agus. {As regideseletrcamente negatwas das meléculs de ‘gua sao atrades pels ons postvos de sé (Na"), assocando-ea eles. Ao mesmo tempo, a5 rages etrcamente posites das moléculas de agua $20 ates pelos ions negatives de clo (CI), 0.que causa aSeparacio dos ons Nat dos ons CI. Cam Iss, cist de sal ssohe-se na agua, Substncias hidrofilicas e hidrofébicas Na dissolucio do cloreto de sédio, a dupla pola- ridade das moléculas de égua explica sua versatilida- de como solvente. Por serem dipolares, as moléculas de agua podem associar-se tanto a moléculas de carga elétrica positiva quanto a moléculas de carga elétrica nnegativa. Sais, agicares, proteinas e muitas outras subs- HHO Hono a fl ieee N—C—¢—o4 i i 4 # Aminoscioa Aminoéeido Sintose pot Aqua esioraragto ED Min Ligacao peptcica Dipepticio tncias orgdnicas apresentam afinidade pela agua, dis- solvendo-se nela, Substincias que tém afnidade pela Agua sao genericamente chamadas de hidrofilleas (do rego fiydro, agua, e philos, amigo) Gorduras ¢ outtas substinciascujas moléculas no tam cargaselétricas, ist 6, so apolar indo-polarza- das), ndo se dissolvem em dgua e por isso si0 chama- das de hidrofobicas (do grego fiydro, agua, © phobos, ‘medo, aversio). razdo dessa insolubilidade é que as ‘moléculas de égua ndo conseguem interagir com molé- culas ndo-polarizadas, que tendem a fcar agregadas, sem se misturar& gua. ‘A agua nas reacées quimicas dos seres vivos Denomina-se reacde quimica a0 processo de transformacao de uma ou mais moléculas, genericamente chamadas de reagentes, em moléculas de uma outra ou mais substincias, chamadas de produtos. Nos seres vi- ‘yos ocorre inintesruptamente um nimero incaleulivel de reacdes quimicas, mediante as quais as células ob-_ tém energia e produzem as substancias necessérias 2 sua vida, Em muitas dessas reacoes, a égua participa ‘como reagente; em outras, ela é gerada como produto ReacSes quimicas em que ocorre unig entre mo- Iéculas, com formagao de gua como produto, so cha- madas de sintese por desidratacao. Asreagoes de que bia de moléculas organicas em que agua participa como reagente sio denominadas reagBes de hidrélise (do ere- 9, fiydro, gua else, quebra}, que significa “quebra pela Agua", Por exemplo, areacao de unido entre aminoacidos para a formagio das proteinas é uma sintese por desi- dratagio. Ia digestdo do acticarsacarose, que se trans- forma em glicose e em frutose, é um exemplo de reacio de hidrSlise, (Fig. 3.9) Hon WA a woos, O01 oH H/o“ Qa Ho, HO) ‘chon HOW on oH Sacarose Rencéo de| Agua consumida nae | a Ao Hoc, 2. oH cow ‘cHOH on oH Gicose Frutose ‘A Figura 3.9 * Exemplos de uma reagao de sintese par desdratato, Sesquerda, ede um reacao de quebra por hidolse, 8 crea SS seta natures ‘A NATUREZA DA VIDA. A gua como moderador de temperatura [Amaioria dos seres vivos s6 pode existir em uma estreita faixa de temperatura, fora da qual os organis- ‘mos morrem ou seu metabolismo cessa, Nesse contex- to, a dgua é essencial a manutencZo da vida, pots ajuda 2 evitar variagdes bruscas na temperatura dos organis- mos. Adgua pode desempenhar esse papel porque apre= senta valores elevados de calor espeecttico, de calor lar tente de vaporizacdo e de calor latente de fusio. Calor especifico da agua CO calor especfico é delinido como quantidade de calor que um grama de uma substincia precisa absorver para aumentar sua temperatura em 1 °C jum grau Celsius), sem que haja mudanca de estado fisico. Diferentemente cde outrassubstncias, a 4gua pode absorver ou ceder gran- des quantidades de calor com pequena alteragio de tem perature, ouseja, ela possuicalorespecticoextraordinatia- mente alto. Por exemplo, se colocarmos a mesma quant dade de agua e de ferto no forno, veremos que o ferto se aquece muito mais depressa que a dgua. Por outro lado, 0 ferro também se resfria mais depressa que a dgua. Para uma mesma quantidade de calor absorvide, fero se aque~ ce dez vezes mais que a égua e, portanto, possui calor es- pecifico dez vezes menorque ela Calor latente de vaporizacao da égua © calor latente de vaporizacao ¢ detinido como a ‘quantidade de calor absorvida durante a vaporizacao de uma ubsténcia em seu ponto de ebuligdo.Adgua tem ele- ‘vado calor de vaporizagdo (539.6 cal’g) quando comparedo 420 de outros liquidos.O alto calor latente de vaporizacdo da dua & conseqinca da forte coesdo entre suas moké- culas. Para que a égua passe do estado liquido para o ga- 5050 € preciso romperas pontes de hidrogénio que man- tém as moléculas unidas, o que demanda muita energia. ‘Acevaporagio da agua é um me- canismoimportante paracsseresvivos races a ele, os organismos terestres evitam 0 superaquecimento. As folhas ds plantas, porexemplo, nose aque- ‘em demais durante um dia de so in tenso porqueamaior parte docalor que chega até elas € usado para evaporara ‘gua dos tecdos no processo de tans Piragio foliar. evaporagio do suor de nossa pele, porsua ve, ajudaaresfiar a superficie do compo em um dia quen- te ou quando fazemos atividades fisi- cas que geram calor em excesso, Calor latente de fusdo da agua Calor latente de fuso é a quantidade de calor ne cesséria para transformar um grama de uma substancia «em estado sélido para o estado liquido, na temperatura cde fusdo. A gua tem elevado calor latente de fusdo (79.7 alg) Parase soldifcar, isto, tomar-se gelo, ela precisa liberar muito calor, © que requer exposiglo a temperate ras ineriotes a 0°C por tempo prolongado. 0 alto calor de fusdo da dgua protege os organismos vivos dos efeitos danasos do congelamento; se a dgua de suas célulascon- gelasse facilmente, os seres vivos momeriam devido aos cristis formados dentro delas, que causariam danos as rmembranas celulares Hoje & comum congelar células vvas e conservé-las em nitragénio (N,} liquid a uma temperatura de cerca cde =196 °C, como se faz com emibrides humanos antes de serem implantados no ttero materno, nos processos de reproducao assistca, Nesses casos, as células sao trae tadas previamente com substincias quimicas que impe- ‘dem a formagio de cists de gelo e congeladas seguin- cdo um método especial Coesio e adesdo da agua [As pontes de hidrogénio mantém as moléculas de gua unidas umas as outras, fendmeno conhecido por ccoesao. Esse fendmeno é bem evidente na superficie de uma massa de gua, onde ha uma pelicula relativamente resistente formada por moléculas de agua firmemente aderidas umas as outras, na zona de contato com 0 ar, Essa propriedade de a superficie de um Ifquido se com- pportar como se houvesse um filme eléstico distendido sobre ela & chamada tensdo superficial. Em um lago, por exemple, podemos observar que a tensio superficial da gua, que € maior do que a da maioria do outros liqui dos, consegue suportar 0 peso de insetos, de folhas etc A tensto superficial esté presente também na superficie das gotas de agua, sendo responsivel pela forma pecu- liar que elas possuem. (Fig. 3.10) 4. Figura 3.10 + tersio superficial da dgua resulta da formacaa de uma pelicula ‘de moléculas de aqua fortementeaderidas ene sina zona de contato com pelicula de tensto superficalsustenta o peso de insetose permite que as gotas de ‘nvaho se mantenham sobre a superficie das plantas ‘aero A BASE MOLECULAR DA VIDA | ‘As moléculas de agua, por serem polarizadas, ten dem aaderirasupertcies constituidas porsubstancias tam: 'bém polarizadas. ssa propriedade é conhecida por ade- sf e faz com que a 4gua molhe materials que apresentam superficies polares, como tecidos de algodo, papel et. Capilaridade ‘Acoesio e a adesio so responstiveis pela capilari- dade, como é chamada a tendéncia que a agua apresenta de subir pelas paredes de tubos finas ou de se deslocar por espacos estreitos existentes em materiais porosos, como tecidos de algodio ou esponjas. Quando a extremi- dade de um tubo fino de paredes hidrofilas € mergulhada na dgua, as moléculas dessa substéncia literalmente *s0: bem pelas paredes”internas do tubo. Nessa elevagio, as moléculas de dgua aderidas a parede arrastam as molécu- las mais intemas da coluna liquida, as quais esto ligadas por coeséo. Em um tubo de diémetro maior a quantidade cde moléculas da coluna liquida em contato com a parede € proporcionalmente menor que a das moléculas mais in- temas e, conseqientemente, a forga de adesio nao eleva ‘muito onivel dacoluna de dgua. Nas plantas, a capilaridade atua no deslocamento da eiva bruta, desde as razes, onde ela € absorvida do solo, até o topo das arvores. (Fig. 3.11) _ 3.4Glicidios Os glicidios, também chamados de agicares, carboidratos ou hidratos de carbono, sao moléculas or- ganicas constituidas fundamentalmente por stomos de [ANATUREZA DA VIDA carbon, hidrogénio e oxigénio, A denominagSohidratos de carbono deve-se ao lato de Stomos de hidogénio e de oxlgénlo ocomterem, nas moléculas de muitos glcidies, na proporgao de 2: I, sendo sua f6rmula geral, como ve- remos adiante,C(H,0). Ao usar © temo agicr, lembra- mos imediatamente do sabor doce, mas nem todos os acicares so adacicados. Por iss, os cientistas preerem usar termo glcidio para evitar mal-entendidos. 0s eicdios constituem a principal fonte de energia para os seres vivos e estdo presents em diversos tipas de alimento. © mel, por exemplo, contém o glicidia elicose; a cana-de-agicar é rica em sacarose lagicar de cana), largamente utilizade no dia-a-diao leit contém 0 agécar lactose; 0s frutos adocicados contém frutose e alicose, entre outros tips de glcidio. Além de ter funcao energética, os glicdios exercem ‘© que os bioquimicas denominam fungio plastica ou es trutural. pols participam da arquitetura corporal dos se- res viv. A celulose. que forma a parede das células ve- getaise dé sustentacao ao corpo das plantas, é um exem- plo de glicidio. Outro exemplo é a quitina, um glicidio {que posulétomos de nitrogénio(N) na moléculae cons- titui a parede celular dos fungos e 0 exoesqueleto dos art6podes(insetos,aranhas, camarbes et) Ouiro papel importante dos licidios épartcipar da estrutura dos écidos nucléieos, tanto do RNA quanto do DNA. Essas substancias comandam as atividades celula res transmitem as instrugées herecitrias a0 longo das geragbes. 0 ATP (tlosfato de adenosina) a principal subs- tna envolvidanos processosenergétcos celulaes, tam bbém apresenta um gli (a ribose) em sua composicio. Figura 3.11+ A. Aclevacio da colura de Sgua em tubos caplares ¢ imersamente proparcional ao didmetro o tubo: quanto mass ino, mais a Agua sabe no capil. B.A caplaidade contribui para deslocar a cohina de sev Duta pelos microscpicos vasos lenhosos das plantas, desde as Faiz até as flhas; 3 agua pode chegaratéo topo de arvores com dezenas de mets de altura, como a sequoia sigantesca da foto, 9 Classificacdo dos glicidios 0s glicidios podem ser classificados, de acordo como tamanho e a organizagao de sua molécula, em trés ‘upos: monossacardos, dissacaridios e polissacaridios, Monossacaridios Monossacaridioss20 0s liccios mais simples, que apresentam entre 3 7 stomos de carbono na molécula ce formula geral C,(H,0),. 150 significa que um monos- sacaridio com 6 atomos de carbono tem sempre 12 &to- mos de hidrogenio e 6 dtomos de oxignio em sua molé- cula, O nome desses acicares recebe 0 sufixo ose, que, ras denominagSes genéricas, vem precedida porum pre- fixo indicativo do nimeto de carbonos da molécula ttioses itrés carbonos, férmula geral C,H,0,), tetroses (C\H,0,), pentoses (CH,,0,], hexoses C,H) eheptoses (CH,.0}). Glicose, frutose ¢ galactose sao alguns dos ‘monessacaridios mais conhecidos. (Fig. 3.12) chow 4 4 Hoot, Os Ho fon Ho cHoH Hoon Ho OH Glicose Frutose (patose) (nexose) HoH Ho on " ¥ Hon Galactose (hexose) Hoch, 2. oH woo, on " 4 # iH oH oH on bose Desoxiribose (perose) (periose) (a Figura 3.12 + Formulas de alguns monoszacaidics Ness compostos, os atomos de carbono unem-se formando ankisem forma de pentagons e de hexégonos. As formulas cima esto simplicadas nao mostra os tomas de ‘carbone que estio nos vitces do ands Dissacaridios Dissacaridlos sio constitufdos pela unio de dois ‘monossacardios. A reacio de formagdo de um dissacaridio € umasintese por desidratagao: um dos monossacaridios pperde um hidrogénio {~H), 0 outro perde uma hidroxi [-OH) €eles se unem por meio de uma ligacao glico- sidica. originando odissacaridio;simultaneamente, 0 hi- drogénio € a hidrovilaliberados também se unem, pro- duzindo uma molécula de agua ‘Asacarose, 0 principal agicar presentenacana-de~ acticar, é um dissacaridio formado pela unio de uma molécula de glicose a uma de frutose. Outro exemplo de dlissacaridio€a lactose, o acicar do lete,constituldo pela unio de uma glicose e uma galactose. (Fig. 3.13) chow 4 HOCH " Ho a! cHoH Hon on ‘Sacarose (agdcar da cana) HoH How 10, 4 on oa 7 Lactose (agicar do ete) 2k Figura 3.13 « Formulas dos dssacatcos sacarosee lactose ‘Quando esas melecuias st hidrotsadas, como ocorre ra process de dgestao em nos intestino dloado, formarn-se lose efrutose (a partir da sacarose)e lcse e galactose a arid lactose). Matas pessoas dexam de produ, na tase ‘abla, 2 encima (lactase) responsive pela digesta da lactose, apresentando ceria ntolernca ao let Polissacaridios Polissacaridios compdem um grupo de glicidios cajas moléculas nao apresentam sabor adocicado, em- ‘bora sejam formadas pela unio de centenas ou mesmo mithares de monossacardlos. Os pollssacardios so mo- leculas relativamente grandes, quando comparadas & maioria das outras moléculas, endo porisso considera- das macromoléculas ido grego makres, grande), 0s polissacardios so polimeros isto suas molé- culas so constituidas pela unido de unidades idénticas cou semelhantes, denominadas mondmeros. Exemplos de polissacariios bem conhecidos so 0 amido rnond- ‘meto€ a uglicose),o glicogénio, mondmero também éa cc glicse), a celulose,(mondmero 68 glicose} e a quitina, {mondmero € a N-acetilgucosamina). A a glcose e a B tlcose so estruturas interconversiveis que diferem en- ‘te’ quanto’ posicdo do hidrogénio (—H) e da hidroxla {-OH) ligados 20 carbono 1, em relacdo ao restante da molécula. (Fig. 3.14, na pagina seguinte) 61 ‘asmina 3 «A BASE MOLECULAR DA VIDA CH.OH HOH cHoH a aie eee i ‘A Figura 3.14» Estrutura de alguns polisacarisios. A amilose, @ ailopectina (canstituintes do amido) e 0 glcogénio ‘apresentam cade de o glizose, unidas por seus carbons 1 € 4 (igacdo 1-4 a glcoscica a diferenca ene as molécuas dessas substancias estringe-se a presenca ou nao de ramificagoes e 2 quantidade delas (A). A celLose presenta cadeas de Pi giose, unidas por seus carbons 1 e 4 (igacao 1-4 B glcosicica(B). A quitina apresenta ‘adeias de N-acetiolucosamina,unidas por seus carbons 1 e 4 figacao 1-8 glcascca (C @ 62 tyare | # A NATUREZA DA VIDA Amido amido € uma substancia caracteristica das plan- tas e das algas. Suas moléculas sao formadas pela reu nido de milhares de moléculas de glicose com configura- G00. Oamido & constituido por moléculas lineares (ami lose) ou ramificadas (amilopectina). Ao fazer fotossintese, as células da planta produzem amido, que & atmazena- do, Em momentos de necessidade |a noite, por exem- plo, quando nao ha luz para a fotossintese), 0 amido & uebrado (hidrolisado, iberando moléculas de glicose, que sao usadas como fonte de energia e como matéria- prima para a producio das outras substéncias celulares, 0 amido é a principal substincia de reserva energética de plantas e algas. (Fig. 3.14 A) ‘Acespécie humana utiliza largamente o amido pro- duzido pelas plantas como uma das principais fontes de alimento, Gros como 0 trigo € 0 milho, por exemplo, 0 ricos em amido. Este é 0 principal componente das fari- nhas desses gros, empregadas, entre outras coisas, na fabricagio de paes.Certostipos de caulee de raizes, como a batata-inglesa ea mandioca, também armazenam gran- des quantidades de amido e constituem uma das bases da alimentagdo humana, Glicogenio (0s animais, inclusive a espécie humana, produzem ‘em suas c6lulas o poissacaridio glicogénio,cujas molécu- las tém estrutura similar da amilopectina diferindo des- ta porserem maiores, mais ramiticadas e mais compactas, |Afungio do glicogénio para os animais ¢equivalente ado amido para as plantas. Depois de uma refeigao rica em licidios, as células de nosso figado retram moléculas de alicose do sangue, unindo-as aos milhares para formar moléculas de glicogénio. Quando a tara de gicose no san- 4. Figura 3.15 » Mamiferosruminantes como as ovelnas abrigam em seus tubos digestorios enormes quantidades de microrganismos capazes de digerit collose. A glicose produzida na digestio e boa parte dos microrganismos $0 utilzados coma alimento pelos annals hospediros. ‘gue abaixa, nos periodos entre as releicGes, as células do figado quebram {hidrolisam) o glicogénio, reconverten- do-o em moléculas de glicose; estas s30 devolvidas a0 sengue, que as leva a todas as células do corpo. As célu- Jas musculares também armazenam grande quantidade de glicogénio, que fornece energia 3 contrago muscu: Tar O glicogénio estocado no figado e nos misculos re- presenta uma forma de osanimais armazenarem energia. Celulose Outro polissacaridio importantissimo para @ mune do vivo é a celulose; suas moléculasfilamentosas ealta- mente resistentes S40 principal componente da pare- de celular, o esqueleto basco das células vegeta. AS- sim como o amido o glicogénio, uma molécula de celu- lose também consiste na unio de mihares de molécu las de elcose, mas com confguracio B. (Fig 3.14 B) ‘A celulose & uma importante fonte de alimento ara muitos animaisherbiveres, camo os uminantes, por texemplo, vacas,cabras ete Paradoxalmente, porém, es- ses animais ndo sao capares de digerr as moléculas de celulose, Quem executa essa tarefa sio mierorganismos (bacteias e protozosrios) que vivem no estémago do ruminante, (Fig. 3.15) As moléculas de celulose também sao indigestas para nossa espécie, mas, a0 coatrériodosruminantes, nao possuimos em nosso tubo digestério microrganismos que nos ajudem a diger-las. Apesar disso, ingeri alimentos rios em fibras de celulose é importante para a saide pois as fibras dao volume e consisténcia a massa alimen: tar, ativando 0s movimentos intestnas. As folhas do liv que voce esta endo, talvez sua mesa ecadeira, so consttuidos por moléculas de elulo- se, 0 principal componente do papel e da madeira. Pense ra importancia dessa substancia para a humanidade. Microrganismos do estomago do cameo D importancia dos glicidios [Nosso planeta nao precisa importar matéria de Jugar nenhum para manter a vida, Os elementos e subs- {ncias quimicas presentes na Terrase organizam e reat ‘ganizam a cada geracio de seres vivos. Em outras pa- lavras, a matéria organica é continuamente reciclada, Entretanto, a energia necessaria para formar toda essa rmatéria orgénica tem de ser importada do espaco ex terior, do Sol. A energia solar é captada pelas algas € plantas, que a utiizam para produzir moléculas de licidios. Essas substancias conservam, na forma de energia quimica, boa parte da energia empregada em sua produc. A energla luminosa do Sol é transformada em energia quimica por meio da fotossintese, que con. siste em um conjunto de reagdes quimicas em que moléculas de gas carbonico e de Sgua sio convert das em moléculas de glicidio e gas oxigénio. O resu: mo de todas as reagBes da fotossintese pode ser des: crit pela equagio: 6C0, + RHO > oie fees Lun arbi GH,O, + 60, + 6H,0 fesa Glicidio és oxo ‘Uma vez que plantas algas e algumas bactéras sio 6 tnicos que conseguem captar energia luminosa do Sol, a sobrevivéncia de praticamente todos os outros ‘organismos depende, direta ou indiretamente, desses seresfotossintetizantes. Nessa relacdo, os animals her- bivoros obtém a energia necesséria& sua vida comendo plantas ou algas. Os animais camivoros, a0 se alimenta- rem de herbivoros ou mesmo de outros carnivores, es- tao usando, indiretamente, a energia origindria dos slicidios produzidos na fotossintes. A dependéncia que os animais tém das plantas nos 4 uma medida da importancia dos seres fotossinte- tizantese dos glicidio para a existéncia ea manutengSo a vida na Tera (3.5 Lipidios © termo lipidio designa alguns tipos de substancia ‘orgdnica cuja principal caracteristica é a insolubilidade ‘em agua e a solubilidade em certos solventes organicos, Vocé jé deve ter observado que dleos e gorduras nao se ‘misturam 8 dgua. A razo dessa insolubilidade € que as rmoléculas desses lipidios s0 apolares, isto é, destitu das de carga elétrica; por isso, elas nao tém alinidade plas moléculas polarizadas da dgua a rls AWNATUREZA DA VIDA) D Classificacdo dos lipidios s principais tipos de lipidio so: gliceridios, re- presentados pelos éleos ¢ gorduras de origem vegetal € animal; ceras, produzidas por abelhas e por plantas como a carnatiba; carotendides, pigmentos amarelos vermelhos de certas plantas (tomate, cenoura etc.) {osfolipidios, principais constituintes das membranas celulates; esterdides, representados pelo colesteral © (Fig. 3.16) 4 Figura 3.16 + Oleos e gorduras nao se misturam com ‘gua; suas moléculas, sendo apolars, nao tem afnidade elas moléculas polarizadas ds aqua, As aves squaticas bbeneficiam-se da insolubildade dos leas em aqua: elas lubrificam a5 penas com uma substanca oleosa procunida por uma gléndula especial localzada na cauca, 0 que faz 2 penas repeliem a Aqua, impedinco que a pele se mathe, Gliceridios Gliceridios s30 moléculas do slcool glcerolligadas uma, duas ou trés moléculas de dcidos graxos, neste ‘timo caso, os glceridios so conhecidos como triglice- ridios ou triglicérides. Eles constituem os 6leos e as gor duras, que diferem entre si quanto a uma propriedade {sca © ponto de fusdo: enquanto os 6leos so liquidos & temperatura ambiente, as gorduras sao sblidas. Oglicerol (C,H,0, um alcool cujas moléculasapre- sentam ts dtomos de carbono, aos quals estdo unidos dtomos de hidrogénio e de oxigénio. Aedes graxos sio formados porlongas cadeias de carbonoe hidragénia com um grupo denominado carboxila (COOH) em uma das extremidades. 0 écido palmitico, por exemplo, contém I6tomos de carbone ligados em cadela, enquanto. éci- do oléico é formado por 18 dtomos de carbono encadea- dos. Em geral, nio existem moléculas de écidos graxos livres no interior das oélulas; elas esto quase sempre das com glicerol, constituindo gliceriios. Uma cutiosidade interessante sobre os giceridios 6 relativa a fabricagdo das margarinas vegeta, bastan- te utilizadas atualmente em substituicao a manteiga Se vooé leratentamente o rtulo de uma margarina, deve + encontrar a seguinte inscricio: "Fabricada com éleos vegetais hidrogenados”. O que isso significa? Simples- mente que, por meio de uma reacéo quimica em que se adicionou hidrogento aos éleos vegeta (hidrogenacio}, estes se tomaram sélidos e com a consisténcta pastosa ’ temperatura ambiente. Essa possibildade de transformar 6leo em margari- na decone de uma propriedade das moléculas de dcidos raxos que compéem o gliceridio. Se os acids graxos fo- rem todos de cadeia saturada, isto 6, se todos os carbo- nos da cadeia de dcido graxo estiverem unidos por liga- «8es simples o gliceridio serd uma gorclura,séida a tem- peratura ambiente, Por outro lado, se um ou mais dos ci- dos graxos do gliceridio tiverem cadeia insaturada, ito 6, aptesentarem dupla ligaco entre um ou mais pares de carbonos da cadeia, 0 glicerio serd um éleo, iquido a temperatura ambiente, Os quimicos das indiéstrias de margarina promover a ligacao de atomos de hidrogénio 40s carbonos que fazem a ligagio dupla, desfazendo-a, Assim, as cadeias carbonicas de Sido grano, atifcialmen- te saturadas, tomam-se ‘retas’ e podem adquirir um ‘empacotamento mats denso, passando a apresentar con- sisténcia pastosa& temperatura ambiente. (Fi. 3.17) Os seres vives utilizam os gliceridios como reserva ‘de energia para momentos de necessidade. Muitas plan- tas armazenam grande quantidade de dleo em suas se- mentes, Asia, 0 girassol, o milho €acanola, entre outras, plantas, tém sementes oleaginosas,utilizadas pela hu- rmanidade na fabricaglo de dleo de cozinha, As aves © 0s, rmamifetos, inclusive nossa espécie, armazenam gordura ‘em células especiais de uma camada localizada embaixo dda pele. Além de servir de reserva energética, essa ca- mada gordurosa atua como um isolante térmico, ajudan- doa manter a temperatura corporal Pesquisas clentificas mostraram os perigos do con- ‘sumo excessivo de alimentos gordurosos, principalmen- te 05 de origem animal. A razdo & que os dcidos graxos insaturados podem levar a0 desenvolvimento da aterosclerose (deposicao de lipidios na parede das até- rias com perda de sua elasticidade), o que pode resultar «em doengas cardiovasculares, causar infarto do coragio e acidentes vasculates cerebrals (AVC), Uma dieta saudé- vel deve conter certa quantidade de gorduras e éleos,, pois, entre outras fungies, eles sd0 necessérios para 0 corganismo absorver as chamadas vitamins lipossolivels Iwitaminas A, D, E, K), que s6 se dissolvem em lipidios. -Além disso, precisamos de certos cds graxos que no conseguimos produzir, os chamados lipidios essenciais. Esseslipidios, presentes em diversos éleos vegetais € de pelies marinhos {como o conhecido dleo de figado de ‘Acido pamitea (eatraco) ‘Acido asiodrico (eaureeo) ‘aio oiica (satires) {A Figura 3.17 « Form esrutural de un giceridioformado por tts dcios graxes © distntes. Note que 0s dcdos grax satrads t&m cadela crbonica "eta", enquanta © dco graxainsaturade (presenca de dupa bgacio)apresenta uma “dobra® na cadeia Moieculas de cidos oraxos, de cadens saturacas, podem aproximarse mais unas das ‘ours, formando un empacotamenta mais denso; em consequencia, seu conjunto € sido” Quando as cadeias carSnicas 80 nsaturadas, as molecules foram um ‘empacotamento mais frouro, pioduzindo um conjunto laude. Fbacalhau,s30 importantes para a constrcio das mem- branas celulares e para a sintese das prostaglandinas, substancias que regulam diversos processos organicos, como contracio da musculatura lisa, agregacio de plaquetas do sangue,iflamacéo et. eras AS ceras sao constituidas por uma molécula de 4l- oo] unida a uma ou mais moléculas de dcidos graxos, 0 alcool presente, porém, nao gliceral, como nos glice- tidios. Ha ceras constituidas por moléculas de dleool de até 16 étomos de carbonos na cadeia, (© lato de as ceras serem altamente insoldveis em ‘gua faz com que elas sejam muito Gteis a plantas e @ animais. As folhas de muitas plantas tém a superficie recoberta de cera, o que as toma impermesveis, impe- dindo a perda de gua por transpiracio, As ceras tam- ‘bém podem estarpresentes no revestimento corporal dos animais; estes podem utilizé-las como material de cons- ‘trugéo de moradias, como fazem as abelhas, Esterdides Os esterdides diferem dos gliceridios ¢ das ce- ras, sendo considerados uma categoria especial de lipidios. As moléculas de esterdides séio compostas or atomos de carbono interligados, formando quatro anéis carbénicos aos quals esti ligados outros tipos de atomos, como hidragénio e oxigénio, por exemplo. (Fig. 3.18) © colesterol ¢ um dos esterdides mais conhec dos, principalmente pelo fato de estar associado 20) infarto do coragao e a outras doencas do sistema cardio- vascular Sabe-se que a ingestao exagerada de colesterol, na forma de gorduras animais, pade trazer diversos dis- tirbios a satide, Entretanto, o organismo humano ne- cessita de colesterol, entre outras razdes porque essa substancia é um importante componente das membra- nas de nossas células, assim como das de outros ani- mais. Curiosamente, as membranas das células de plan- tas © as membranas de células bacterianas nao pos- suem colesteral Ocolesterol, produzido em nosso préprio organis- ‘ma (principalmente no figado) ou o que obtemos dire- tamente dos alimentos de origem animal, étransporta- do aos diversos tecidos por protefnas especiais presen- tes no sangue. As células utilizam colesterol como ma- téria-prima para a fabricagdo das membranas celulares © dos hotménios esterdides. O estrégeno e a testoste- ‘ona, respectivamente os horménios sexuais feminina e ‘masculine dos animais vertebrados, so produzidos a partir do colesterol IREZA DA cH, He—cH, cH, cH, cH, He— cH, cH, ch, cH ch, HO) Colestero! ie ° Progesterona(horménlo feminino) > Figura 3:18 + Férmulas de dois esterdides, 0 colesterole 2 progesterana. Os hexagonos © os pentagons sic representacoes simplicadas da formula: em cada vertice ha um atomo de carbone lgado a atamos de hidrogénos, nde mostrados. Note que esses dois esterGides tem o mesmo ‘esqueleto” bite, forrado por quatto anki interigados. Talvezvocé jétenha ouvido falardo "colesterolbom" edo "colesteral ruim” Essas expressbes ndo se referem molécula de colesterol em si, que é sempre a mesma, mas as proteinas sanglineas encarregadas do transporte de diversoslipidios, inclusive do colesterol.Essas protel- nas associam-se alipidios, fonmando lipoproteinas, que so conhecidas pelas siglas LDL (do inglés Low Density Lipoprotein, lipoproteina de baixa densidad) e HDL (do inglés High Density Lipoprotein, lipoproteina de alta densidadet. Vejamos agora qual € a explicacdo para as expressbes “colesterol bom" e “colesterol ruim’, usadas no jargao médico para se referir aos efeitos do colesterol sobre a saide humana ‘As LDL so as principais transportadoras de colesterol, enquanto as HDL 0 as principais transporte doras de fosfolipidios lipidios associadosafosfatos), mas ambas podem transportar os dois tipos de molécula, O colesterol sintetizado no figado ou absorvido no intest- no € transportado pelo sangue na forma de LDL até os diversos tecidos do compo, nos quaisoconjuntocolesterol- proteina € englobado e degradado pela célula, sendo 0 colesterol tilizado na sintese das membranas celulares, Uma concentracao elevada de colesterol no sangue, no Centanto, interfere nesse processo, reduzindo a captacao docomplexo LDL pelascélulas. Em excesso no sangue, 0 LDL passa ase depositarna parede dos vasos sangiineos, ocastonando a aterosclerose. Por isso, o colesterol asso clado &s LDL ¢ chamado “colesterol rum’, ‘As HDL captam parte do excesso de colesterol do sangue, transportando-o até o figado, que o excreta na bile tanto na forma natural como na forma de sais biliares, resultantes de sua combinagio com outras substancias Essas lipoproteinas ajudam, portanto, a eliminar 0 colesterol do sangue e por isso sao chamadas de “coles- terol bom”, Acredita-se que a ingestao de éleos vege- tals insaturados, como 05 presentes no azeite de oliva, ajude a manter os niveis normals de colesterol no san gue ea aumentara produgio de HDL. ‘colesterol bom’). 0 azeite também aumenta a taxa de secrecio de bile pelo figado, estimulando a digestio e a absorcao das gorduras e das vitaminas lipossoliveis Moliula de letina (festelpico) D Fosfolipidios Umaclasse especial de lipidios a dos fsfolipidios, 0s prncipais componentes das membranascelulares. Do Ponto de vista quimico, um fosolipidio & um glicridio combinado aum grupo fosfato A moléculade fosfolipidio lembra um palto de fésfro, com uma *cabeca” eletrica- ‘mente carregada, e uma haste sem carga eética, const tuida por duas cadeias de écido graxo, (Fig. 3.19) As membranas biol6gicas sao formadas por fosfolipidios organizados em duas camadas, nas quais se incrustam moléculas de certs protefnas. Essas mem- boranas sao elastics porque as moléculas de fstoipidios podem mover-se livremente nels, reorganizando-se ssem perder 0 contato umas com as outras. Essa capaci dade de reorganizagio evita aruptura das membranas ‘explica sua alta capacidade de regeneracio. i Meee camasa cpa de fostetpiios 4A Figura 3.19 «A. Esrutura molecular ds lecitina, urn ‘osfolnidio fundamental na compasicao das membrana da ‘Pblas vives. B Representacso esquematica da estrutur da ‘membrana celular, masrando a organizagéa dos fostlpiios ‘que a compoer. Note que ha também malecuas de poteinas ‘ede lictdosdispersas na cammada dupla de fosfolipiios BASE MOLECULARDAVIDA 07 ah QUADRO 3.3 » A quimica de uma bolha de sabao Se vocé 4 brincou com uma bolha de sabéo, conhece uma das membranas lipidicas mais sim- ples. O sab8o ¢ obtido pelo tratamento de gordu- fs com substancias alcainas. Uma antiga receta ‘aseira para produzirsabao consiste em ferver sebo (gerdura animal) com um pouco de Sgua e soda ‘ustica (NaOH). As moléculas de gordura presen- tes no sebo — 05 Acids graxos — reagem com NaOH, transformando-se em sabao. As moléculas de sabso apresentarn uma “caur da”, constitulda por cadeias lineares de acidos graK0s, ¢ uma “cabeca” formada por um grupa- mento dcido, ou carboxla, combinado com urs ion sédio. Enquanto a “cabega" da molécula de sabao ~presenta-se letricamente carregada, a “cauda” @ eletricamente neutra Quando mergulhadasna agua, as cabecas das moléculas de sabao, portadoras de cargas elétricas aa mate + A NATUREZA DA VIDA | Boa de sabao egativas, atraem moléculas de agua, uma vez que estas possuem carga elétrica positiva em seus ato- ‘mos de hidrogénio. As cabecas das moléculas de sa- bo, portanto, so hidratiicas, enquanto as caudas das mokéculas de sabao, sem carga elétvica, so hi- drofobicas e tendem a repelir as moléculas de Agua, Ao imaginarmos moléculas de sabi mergu- Ihadas em agua, a primeira idéia que nos ocorre & ue a agua s6 pode interagir com a cabeca da mol cula, que é hicrofiica, Entretanto, ocorre uma situa- ‘fo de duplo ajustamento: as moléculas de sabsa0 expoem suas cabecas eletricamente carregadas & ‘qua, a0 mesmo ternpo em que escondem suas cau- das sem carga elétrica, voltando-as para os grupos igualmente sem carga de suas parceiras ou para 0 at. Nesse processo, as moléculas de sabao tendem formar 118s tipos basicos de estruturas: monoca- ‘madas, micelas e camadas cuplas, (Fig. 3.20) ‘CAMADA DUPLA Filme te agua Exerot Sa boha Rogiio apolar da molecu Ipiciea I+ Regido polar da mmolecula ipidiea ‘Supertcie 44 Figura 3.20 » Organizaga0 das moléculas de sabao nas bolas ns dgua ‘AS monocamadas formam-se na superficie da agua. As moléculas de sabao ordenam-se lado a lado sobre a superficie iquida, com as cabecas mer- gulhadas na agua e as caudas para fora, em conta- to com oar ‘As micelas, por sua vez, formam-se no interior da agua. As moléculas de sebao se agrupam em estruturas esféricas, com as caudas voltadas para dentro, proteaidas do contato com a agua, € as cabecas voltadas para fora, satisfazendo sua afini- dade pelo Iiquido 20 redor. As camadas duplas também se formam no interior da massa de dgua. Na verdade, elas sao bo- thas de sabao com aqua em seu interior. A mem= brana da bolha ¢ composta por uma camada dupla ‘de moléculas de sabao. Como existe agua tanto fora como dentro da bolha, as moléculas das ca- rmadas interna e externa ficarn com as cabegas vol- tadas para a agua € com as caudas em contato. ‘Ao agitar uma mistura de agua e sabio, ve- mos que na superficie se formam bolhas, que po- dem eventualmente se desprender e flutuar no ar (QUADRO 22 +A quince de ums botha de sbo ‘As membranas dessas bolhas também sa estrutu- ras em dupla camada; porém, nelas, as caudas das ‘moléculas de sabao ficam voltadas tanto para fora coma para dentro da bolha, em contato com 0 ar, lenquanto as cabecas ficam voltadas para dentro da pelicula, em contato com uma fnissima pelicula de gua, situada entre as duas camadas, A presenca de agua na botha fica evidente quando ela estoura 2 due respinga Podemos passar uma aguiha através de ume tholha desabio sem romnpé-la. Quando introduzimos ‘ou quando retiramos a aguiha, as molkculas de sa- bao se organizam rapidamente, evitando o rompi- mento, Podemos até mesmo cortar uma bolha de ssaba0 a0 meio, abtendo duas bolhas menotes. €, quando duas bolhas de saba0 colidem, vernos que elas rapidamente se fundem e formam uma botha ‘maior, evidenciando assim a répid reorganizacéo das mokéculas nessas membranes lipicices, Gracas a essa capacidade dos lipidios de forrna~ rem camadas duplas, as membranas das lula, como a5 das bolhas de sabéo, s4oflexvets eresistentes. Ml D Carotendides 0s carotendides sio pigmentos de cor vermelha,, laranja ou amarela,insoldveis em gua e soliveis em Gleos ¢ solventes orginicos.Estdo presentes nas célu- las de todas as plantas, nas quals desempenham papel importante no processo de fotossintese Os carotendides sao importantes também para muitos animais. Por exemplo, a molécula de caroteno, tum carotendide alaranjado presente na cenoura e em ‘outros vegetais, é matéria-prima para a producao da vk tamina A, essencial a muitos animais, Essa vitamina & importante, por exemplo, para nossa visio, pois é pre- cursora do retinal, uma substancia sensivel a luz pre- sente na retina dos olhos dos vertebrados. (Fig. 3.21) ‘4 Figura 321 » A molécula do beta-caroteno, presente em diversas plantas, em nosso ‘rganisma origina duas moléculas de wtamina A, importante para a visio. ;CULAR DA VIDA 69 evra 3

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