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E-Book Completo - Fisioterapia Aplicada À Saúde Do Idoso - DIGITAL PAGES (Versão Digital)
E-Book Completo - Fisioterapia Aplicada À Saúde Do Idoso - DIGITAL PAGES (Versão Digital)
DADOS DO FORNECEDOR
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
Sintetizando............................................................................................................................ 37
Referências bibliográficas.................................................................................................. 38
Sintetizando............................................................................................................................ 73
Referências bibliográficas.................................................................................................. 74
Sintetizando.......................................................................................................................... 111
Referências bibliográficas................................................................................................ 112
Sintetizando.......................................................................................................................... 150
Referências bibliográficas................................................................................................ 151
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4870592018602158
1 INTRODUÇÃO
AO ESTUDO DO
ENVELHECIMENTO
Tópicos de estudo
Histórico do processo de enve-
lhecimento Qualidade de vida e a relação
Epidemiologia do envelhecimento com o processo de envelhecimento
populacional Conceito de qualidade de vida
Perfil da transição epidemiológica aplicado ao idoso
Avaliação da qualidade de vida
Termos básicos empregados no Bioética aplicada ao envelhe-
estudo do envelhecimento cimento
Termos básicos aplicados aos Conceitos básicos em bioética
tipos de envelhecimento biológico Relação profissional de saúde e
Outros termos ligados ao paciente idoso
processo de envelhecer Relação profissional paciente
idoso frente ao processo de morte
Teorias biológicas do envelheci- Cuidados paliativos
mento humano
Teorias estocásticas do processo Atuação do fisioterapeuta no
de envelhecimento processo de envelhecimento
Teorias sistêmicas do processo Atuação do fisioterapeuta nos
de envelhecimento diferentes tipos de envelhecimento
2018 2060
Homem Mulher
90+
75 - 79
55 - 59
35 - 39
15 - 19
0-4
Envelhecimento fisiológico
Envelhecimento
patológico
Limiar de incapacidade
Idade
Fonte: Fiocruz, 2008, p. 153. (Adaptada).
Envelhecimento
fisiológico
Bem
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o
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pat cimen lty
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ico o
Limiar de incapacidade
EXPLICANDO
As atividades de vida diárias (AVD) são consideradas atividades básicas
relacionadas ao autocuidado e incluem: alimentar-se, tomar banho, ves-
tir-se, deambular, controlar as necessidades fisiológicas e ir ao banhei-
ro. Já as atividades instrumentais da vida diária (AIVD) são mais com-
plexas que as atividades básicas e envolvem atividades como: utilizar
meios de transporte, independência na manipulação dos medicamentos,
capacidade de fazer compras, realizar tarefas domésticas, fazer uso de
telefone, preparar as refeições e cuidar das finanças.
Vestir-se Pega as roupas e se veste sem ajuda, exceto para amarrar os sapatos.
Interpretação:
O paciente ganha um ponto em cada item considerado como independente.
Seis pontos: totalmente independente; de um a cinco pontos: parcialmente dependente;
nenhum ponto: dependência total.
Interpretação:
Pontuar para cada item: sem ajuda (3 pontos); com ajuda parcial (2 pontos); incapaz (3 pontos).
Pontuação máxima: 27 pontos (totalmente independente).
A pontuação pode ter variação cultural e, por isso, serve para comparação temporal do
indivíduo.
Teoria Definição
Essa teoria define que quanto mais desgaste uma célula sofre,
maior é o comprometimento em sua sobrevida, que pode estar
Teoria do uso e desgaste
relacionado ao uso contínuo e ininterrupto das células, sendo a
principal causa de envelhecimento (FREITAS; PY, 2016).
Teoria Definição
DICA
É importante para todo profissional da saúde conhecer como esses ins-
trumentos de avaliação da qualidade de vida são estruturados e como
colaboram no diagnóstico e tratamento, promovendo intervenções ade-
quadas no atendimento individual do paciente. O WHOQL é um excelente
instrumento para promover melhor qualidade de vida à população geral e,
principalmente, de idosos em todo o mundo.
ASSISTA
A tanatologia foi estabelecida pela médica Elisabeth
Kübler-Ross (1926-2004), que afirmou ser a morte uma
condição inexorável do ser humano e que, por isso, todas
as pessoas devem ter seus sofrimentos minorados nesse
processo, mediante métodos de cuidados especiais. O
vídeo Elisabeth Kubler-Ross - Conversando com uma
paciente gravemente enferma, Nova Interview, 1983
apresenta um comovente diálogo com uma paciente
gravemente enferma e sua família.
Cuidados paliativos
O termo cuidados paliativos se refere a um conjunto de abordagens volta-
das à qualidade de vida dos pacientes, assim como de seus familiares,
frente aos problemas associados às doenças que ameaçam a conti-
nuidade da vida.
Sua atuação busca a prevenção e o alívio do sofrimen-
to por meio do tratamento da dor e de outros sintomas
e queixas de natureza física, espiritual ou psicossocial
(POLETTO; SANTIN; BETINELLI, 2012).
2 ABORDAGEM
INTEGRAL DO
PACIENTE IDOSO
Tópicos de estudo
Avaliação multidisciplinar do Envelhecimento dos sistemas
idoso orgânicos
Objetivos da avaliação multi- Envelhecimento do sistema
disciplinar osteomioarticular
Domínios a serem avaliados na Envelhecimento do sistema
AGA cardiorrespiratório
Envelhecimento do sistema
Tratamento integrado do idoso nervoso
Determinantes do envelheci- Envelhecimento do sistema
mento e envelhecimento ativo tegumentar
Serviços de saúde institucio-
nais e comunitários Reabilitação na saúde do idoso
Alvos da reabilitação em geria-
Políticas sociais na velhice tria e gerontologia
Política Nacional do Idoso Fatores que influenciam a rea-
Estatuto do Idoso bilitação
Política Nacional de Saúde da Constituição e perfil da equipe
Pessoa Idosa de reabilitação
Previdência Social Áreas de atuação da fisioterapia
junto à reabilitação na saúde do
idoso
Fonte: PERRACINI; FLÓ, 2019; BESDINE, 2019; SILVA et al., 2008; MINOSSO et al., 2010. (Adaptado).
Fonte: PERRACINI; FLÓ, 2019; BESDINE, 2019; SILVA et al., 2008; MINOSSO et al., 2010. (Adaptado).
EXEMPLIFICANDO
No domínio físico funcional da AGA, é importante avaliar a dor do pa-
ciente idoso, pois interfere no sono, alimentação, mobilidade e, ainda,
está relacionada à depressão e menor socialização, impactando negati-
vamente na qualidade de vida. Por isso, deve-se classificar o tipo de dor
(neuropática, nociceptiva, inespecífica ou psicologicamente mediada), a
localização, a intensidade e o impacto que traz para os demais domínios
(REBELATTO, 2007).
Gênero
Prevenção de doenças,
Renda, proteção social, Determinantes Serviços sociais e de
promoção da saúde e
trabalho econômicos saúde
acesso aos serviços
Cultura
As ações com esse foco devem ponderar os diferentes fatores que influen-
ciam o processo de envelhecer, e que, de algum modo, podem interferir na
autonomia, na independência e na qualidade de vida (SBGG, s.d.). Um exemplo
forte dessa influência dos determinantes de saúde no envelhecimento ativo diz
respeito ao peso que o estilo de vida, relacionado aos aspectos comportamen-
tais do paciente, possui sobre as condições de saúde. Pacientes que fumam,
EXEMPLIFICANDO
As ILPs devem promover e melhorar a qualidade de vida, manter a au-
tonomia, favorecer a livre expressão de vontade, possibilitar liberdade
de escolha ao idoso, gerar um ambiente aconchegante como se fosse a
própria casa do paciente, respeitar a privacidade, reconhecer o direito do
idoso a seus próprios pertences e garantir acesso ao melhor cuidado de
saúde de acordo com as necessidades, além de oferecer cuidado integral,
em vez de apenas atendimento médico (FREITAS; PY, 2016).
Estatuto do Idoso
Trata-se de uma lei orgânica do es-
tado brasileiro destinada à regulamen-
tação dos direitos das pessoas com 60
anos ou mais que vivem no país, surgi-
do de modo a ampliar os direitos cita-
dos primeiramente na Constituição Fe-
deral de 1988. É resultado do trabalho
interdisciplinar voltado a assegurar os
direitos fundamentais da pessoa idosa
em relação ao respeito à vida, além de
especificar direitos sobre transporte, educação, cultura, lazer, alimentação, saúde,
habitação, assistência social, bem como punição por crimes contra idosos.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – SBGG – (2014) cita alguns
pontos importantes desse estatuto:
EXEMPLIFICANDO
O Estatuto do Idoso é uma das leis mais importantes no que
concerne à proteção aos direitos da pessoa idosa, pois
detalha os direitos que a pessoa idosa possui e as respon-
sabilidades do Estado e sociedade na garantia de proteção
ao idoso. Considerando sua importância, é fundamental que
todos os profissionais de saúde conheçam tal lei. Para mais
informações, acesse ao Estatuto do Idoso na íntegra.
DICA
Para ampliar seus conhecimentos, faça a leitura na ínte-
gra da Lei nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, que aprova
a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, de modo a
identificar outras informações importantes que auxiliem
na função de assistência ao paciente idoso.
Unidades motoras
Fibras musculares
Células satélites
GH
Taxa metabólica basal IGF-1
Anorexia relacionada com a idade DHEA
Sarcopenia Testosterona
Ingestão de proteínas
Estrógeno
Vitamina D
PTH
Atividade física
Imobilidade
IL-6 Disfunção mitocondrial
TNF-a Genes via miostatina
Apoptose
Perda da substância
cinzenta em virtude
da morte celular neuronal
e/ou da atrofia cortical
Aumento
dos ventrículos
Perda da substância
branca em virtude
da perda axônica ou
da diminuição da
mielinização
Prevenção
Recuperação
Reabilitação Educação
Adaptação
Conforto
3 FISIOTERAPIA
NAS SÍNDROMES
GERIÁTRICAS E NAS
DISFUNÇÕES DO
IDOSO
Tópicos de estudo
Fisioterapia nos gigantes da Fisioterapia nas disfunções car-
geriatria: síndromes geriátricas diovasculares: reabilitação cardio-
Instabilidade postural: marcha e vascular (RCV)
quedas Fisiopatologia das principais
Iatrogenia e polifarmácia disfunções cardiovasculares em
Incontinências idosos
Imobilidade prolongada Reabilitação cardiovascular RCV
Insuficiência familiar Fases da RCV
Incapacidade comunicativa Princípios e cuidados da RCV
Incapacidade cognitiva
Fisioterapia nas disfunções
Fisioterapia nas doenças rela- respiratórias
cionadas às síndromes geriátricas Fisiopatologia das principais dis-
Doenças cerebrovasculares funções respiratórias em idosos
Doença de Parkinson Reabilitação pulmonar
Demências RP nas doenças infecciosas
Diabetes mellitus RP no DPOC
RP no pré e pós-operatório
Iatrogenia e polifarmácia
A iatrogenia é definida como qualquer dano, direto ou indireto, re-
sultante de ações ou omissões de profissionais da saúde, diante de
qualquer prática de atenção à saúde, desde o diagnostico
até a assistência (MANSO et al., 2018). É fundamental
que na prática os profissionais de saúde evitem casos
de iatrogenia em idosos, considerando a vulnerabilida-
de dessa população.
EXEMPLIFICANDO
Um exemplo comum de reação adversas intensas a medicamentos é o
agravamento de tontura e urgência miccional, queixas comuns em idosos,
o que reduz a adesão aos tratamentos, fazendo com que eles abandonem
a prescrição (MANSO et al., 2018).
Incontinências
As incontinências são síndromes geriátricas e incluem tanto a incontinên-
cia fecal (IF), que é definida como a perda de fezes e/ou flatos, como a incon-
tinência urinária (IU), definida como a perda involuntária de urina (MATOS et
al., 2019). Essas disfunções estão inseridas nas síndromes geriátricas devido
a sua alta prevalência na população idosa. Dados demonstram uma prevalên-
cia de 2% a 16,9% para IF e de 9% a 60% para IU em idosos (LAGE et al., 2019).
Assim, algumas mudanças funcionais e estru-
turais decorrentes do envelhecimento tornam o
idoso mais suscetível à incontinência, incluin-
do: redução da capacidade da bexiga, hipe-
ratividade e redução da contração do mús-
culo detrusor, aumento do volume residual
da bexiga, redução da pressão de fechamen-
to da uretra, aumento do volume da próstata,
aumento da produção de urina à noite, redução
de hormônios estrógenos na mulher e, ainda, aumento da inci-
dência de infecções (FREITAS; PY, 2016).
Figura 1. Posicionamento correto no banheiro. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/11/2020. (Adaptado).
Imobilidade prolongada
A imobilidade está associada à redução gradativa da independência do
idoso e é extremamente prejudicial, pois o corpo humano foi projetado para
se manter em movimento (TERRA, 2015). Assim, entende-se por imobilidade
qualquer limitação de movimento. Contudo, essa definição é bastante variável,
podendo inclusive abranger situações em que há permanência por longos pe-
ríodos acamados, havendo um impacto maior sobre a saúde. Por isso, a imobi-
lidade é considerada um dos gigantes da gerontologia.
Considerando o período de imobilidade variável, Freitas e Py (2016) definem
uma situação de repouso quando há permanência no leito de sete a 17 dias;
e condição de imobilização quando há permanência no leito de 10 a 15. Além
disso, a imobilidade no leito por períodos maiores a 15 dias caracteriza quadro
de imobilidade prolongada no leito ou decúbito de longa duração.
A imobilidade pode ser causada por doenças, como: osteoporose, fraturas,
osteoartrose, câncer, doenças pulmonares, cardiopatias, desnutrição, doenças
vasculares, doenças mentais, doenças neurológicas, entre outras. Nessas si-
tuações, as doenças causam inicialmente quadros de imobilidade muito leves,
como redução do equilíbrio, alterações na marcha e, à medida que evoluem,
passam a causar limitações de mobilidade cada vez maiores (Quadro 1).
CURIOSIDADE
Dentre as síndromes geriátricas, a síndrome da imobilidade é a que possui
maior taxa de morbidade e de mortalidade. Isso porque cerca de 40% dos
idosos que desenvolvem essa síndrome da imobilidade vão a óbito, o que
geralmente acontece pela falência de múltiplos órgãos ou pelo agrava-
mento de doenças comuns que surgem com a síndrome da imobilidade
(PEREIRA et al., 2017).
Insuficiência familiar
Além das síndromes geriátricas citadas, idosos podem ser acometidos por in-
suficiência familiar. Dessa forma, observa-se uma fragilidade no suporte familiar
do idoso e, consequentemente, isso se reflete na saúde, considerando que o su-
porte familiar se constitui como a principal instituição cuidadora dos idosos.
Em relação às causas, observa-se que a transição demográfica causou redução
das taxas de fecundidade, menor número de filhos, aliados à inserção da mulher
no mercado de trabalho e o aumento dos conflitos intergeração, culminando com
maiores dificuldades no cuidado de idosos, tornando essa tarefa, que antes era
realizada pela família, um obstáculo (MORAES; MARINO; SANTOS, 2009).
Dentre as síndromes, a insuficiência familiar demanda uma abordagem bas-
tante complexa, pois envolve fatores interdisciplinares e intersetoriais. Contudo,
a abordagem do fisioterapeuta se pauta em identificar situações de fragilidade
familiar e, quando necessário, realizar os encaminhamentos para os demais pro-
fissionais das equipes, a fim de garantir que o idoso tenha apoio integral, seja da
família, nos serviços comunitários ou nas instituições de longa permanência.
Incapacidade cognitiva
A incapacidade cognitiva é definida como o comprometimento das funções
encefálicas superiores, de modo que cause prejuízos na funcionalidade. Na po-
pulação idosa, as principais causas de incapacidade cognitiva são: depressão e
delirium (que são causas reversíveis) e doenças mentais e demência (que são
causas irreversíveis).
Em relação à avaliação dos idosos nesses aspectos, os profissionais devem
proceder a realização de testes de avaliação de atividades de vida diárias (esca-
la de Katz por exemplo), uma vez que a incapacidade cognitiva causa prejuízos
na execução dessas ações, além de teste do mini estado mental e escala de
depressão geriátrica (MORAES; MARINO; SANTOS, 2009).
Doenças cerebrovasculares
As doenças cerebrovasculares (DCV) são anormalidades do encéfalo causa-
das por alterações vasculares, que podem surgir por obstrução de vaso sanguí-
neo, impedindo a irrigação sanguínea para alguma região, causando isquemia e
infarto cerebral (AVE isquêmico), ou ainda podem ocorrer por ruptura de vaso,
causando hemorragia intracraniana (AVE hemorrágico) (FREITAS; PY, 2016).
Desses, o AVE isquêmico é o mais prevalente (80% dos casos) e, em idosos,
a principal causa está relacionada à aterosclerose dos vasos que fazem a irri-
gação sanguínea encefálica. Nesses casos, há formação de um trombo, que se
adere às placas de ateroma e leva à isquemia. Pode ser causado também por
embolia, com trombos de origem cárdica ou decorrente de TVP. Pode aconte-
cer ainda em idosos de baixo débito sanguíneo para algumas regiões encefáli-
cas, associado às arritmias cardíacas e, nesses casos, a hipoperfusão cerebral
pode gerar lesão isquêmica.
Já os AVEs hemorrágicos costumam estar relacionados à hipertensão ar-
terial sistêmica (HAS) (FREITAS; PY, 2016). Isso porque a pressão arterial cro-
nicamente elevada causa fragilidade da parede dos vasos e, com isso, há for-
mação de microaneurismas nos pequenos vasos,
que podem se romper geralmente em picos hiper-
tensivos. Além dessa causa, outras condições
cerebrovasculares podem gerar hemorragias,
incluindo dissecção arterial, alterações hema-
tológicas, hemorragias causadas por neoplasias
cerebrais, por infecções, etc. Assim, o extravasa-
mento de sangue para o parênquima cerebral causa compres-
são e destruição das estruturas adjacentes.
Doença de Parkinson
Caracteriza-se por uma doença crônica, progressiva, decorrente da dege-
neração dos neurônios dopaminérgicos localizados na substância branca. A
etiologia não é totalmente conhecida, mas fatores genéticos, ambientais e dis-
funções mitocondriais e oxidativas parecem estar associados à degeneração
(PERRACINO; FLÓ, 2019).
Acomete preferencialmente pessoas acima de 50 anos, sendo que a pre-
valência aumenta com a idade, tendo maior acometimento entre mulheres
(FREITAS; PY, 2016).
Postura encurvada
Rosto mascarado
Tremor de mão
Diabetes Mellitus
O diabetes mellitus (DM) possui alta prevalência em idosos e se refere a
uma disfunção metabólica caracterizada por hiperglicemia. As duas princi-
pais apresentações são o DM tipo 1 e o DM tipo 2. No primeiro,
o aumento dos níveis de glicose se deve à defi ciência de insuli-
na, resultando da destruição autoimune das células das ilho-
tas pancreáticas; já o DM tipo 2 é resultado da
defi ciência na secreção e/ou ação da insulina,
sendo mais prevalente entre idosos e em
associação com obesidade, especialmen-
te obesidade visceroabdominal (FREITAS;
PY, 2016).
Fluxo
sanguíneo
reduzido
Úlceras
Nervos
Danificados
Calo
Joanete
Unhas
encravadas
Pele seca
e rachada
Úlcera
Dedo do pé
do martelo
CONTEXTUALIZANDO
Na fase aguda de IAM a atuação do fisioterapeuta é importante, uma vez
que são comuns complicações respiratórias relacionadas ao imobilismo.
Isso porque idosos em IAM permanecem restritos ao leito no ambiente
hospitalar de 24 a 48 horas (quando sem complicações) (REBELATT, 2008).
Reabilitação pulmonar
A RP é realizada mediante trabalho conjunto, incluindo fisioterapeutas, mé-
dicos, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, nutricionistas, entre outros
profissionais.
Os objetivos da RP se pautam em: controlar e aliviar sintomas respirató-
rios; treinar o paciente para que obtenha o máximo de funcionalidade no dia
a dia; reduzir impactos psicológicos causados pela doença (ansiedade e de-
pressão); possibilitar aumento da capacidade produtiva; melhorar a tolerân-
cia aos exercícios e as AVDs; reduzir hospitalizações e melhorar a qualidade
de vida do idoso.
A RP está indicada para pacientes com comprometimento pulmonar crônico
ou agudo. Nestes casos, a RP utiliza técnicas que promovem a eliminação de se-
creções com auxílio de manobras de higiene brônquica, manobras de reexpan-
são pulmonar, reeducação respiratória, além de exercícios de fortalecimento
muscular, alongamento, condicionamento, mobilidade, entre outras técnicas.
RP no DPOC
O tratamento envolve medidas de educação (orientações acerca da
doença, fatores agravantes, tratamento, etc.), medidas farmacológicas (uso
de broncodilatadores e corticoides), oxigenioterapia, cirurgia, além da RP.
Preconiza-se, na reabilitação de pacientes com DPOC, exercícios respirató-
rios associados a programas educativos, que objetivam melhorar o condi-
cionamento físico e a funcionalidade (REBELATTO, 2008).
A principal queixa no DPOC é a dispneia, causada pelo desequilíbrio en-
tre a necessidade ventilatória e a limitação da capacidade pulmonar, em
especial durante a realização de exercícios físicos ou durante a realização
de AVDs, causando limitações funcionais, perda de autonomia e redução da
qualidade de vida.
Para avaliação, é importante que, além da anamnese, sejam realizados
teste ergométrico, gasometria arterial, teste de caminhada, espirometria,
teste de resistência de membros inferiores, teste incremental de membros
inferiores e superiores e oximetria. Após, o paciente pode ser encaminhado
para a RP com duração de 24 sessões, no mínimo, para que se faça o treina-
mento físico aliado ao programa educativo.
RP no pré e pós-operatório
As complicações respiratórias pós-cirúrgicas em idosos são frequentes e
consideradas importantes causas de morbimortalidade. Em relação às causas,
as cirurgias costumam desencadear repercussões pulmonares, principalmente
devido às alterações no padrão respiratório, nas trocas gasosas, no mecanismo
de defesa, entre outros aspectos.
Além disso, a posição em supinação durante a cirurgia e durante a fase pós-
-operatória, associada aos fatores de risco, como tabagismo e obesidade, au-
mentam as chances de complicações respiratórias pós cirurgia. Tais complica-
ções são mais intensas quando os procedimentos cirúrgicos são realizados em
abdômen superior ou tórax e quando duram mais de seis horas. A imobilidade
no leito e adoção de posturas antálgicas elevam ainda mais o risco de compli-
cações pulmonares (REBELATTO, 2008).
Dentre as alterações pulmonares pós-operatórias, cita-se: redução do volu-
me corrente, aumento da FR, redução de volumes e capacidades respiratórias,
redução da relação perfusão ventilação, inibição do mecanismo de tosse, alte-
rações do muco, entre outras. Nessas situações, o fisioterapeuta pode atuar
junto aos idosos que serão submetidos aos procedimentos cirúrgicos, ainda na
fase pré-operatória.
4 FISIOTERAPIA
EM DISFUNÇÕES
REUMATOLÓGICAS E
DESENVOLVIMENTO
DE AMBIENTES
FUNCIONAIS
Tópicos de estudo
Avaliação reumatológica em Planejamento e adaptação do
geriatria ambiente em geriatria
Anamnese Casa segura em geriatria
Exame físico/funcional Avaliação do ambiente em que o
Diagnóstico cinético-funcional e idoso vive
plano de tratamento Sugestões de adaptações de
ambientes gerais
Fisioterapia nas principais dis- Sugestões de adaptações de
funções reumatológicas ambientes específicos
Impacto funcional das doenças
reumáticas
Osteoartrose e osteoporose
Artrite reumatoide e artrite
gotosa
Fibromialgia, polimialgia reu-
mática e espondiloartrites
Outras doenças reumatoló-
gicas do idoso e abordagem da
fisioterapia
Anamnese
Refere-se a uma entrevista semiestruturada a ser feita com o paciente, com
ou sem auxílio de familiares ou cuidadores, dependendo das condições cogniti-
vas do idoso. Nesta etapa da avaliação, o fisioterapeuta pode elaborar pergun-
tas que envolvam informações sobre:
• Dados pessoais: identificar dados como nome, idade, raça, gênero, te-
lefone, endereço, profissão etc. Dentre outros dados essenciais para manter
contato com o paciente e, ainda, estabelecer um panorama geral da situação,
considerando que algumas das informações obtidas nesta etapa podem au-
xiliar o profissional a compreender maiores incidências de algumas doenças
reumáticas em alguns casos;
• Queixa principal: refere-se ao que trouxe o idoso ao atendimento fisiote-
rapêutico, o que está lhe incomodando;
• Doenças associadas/uso de medicações e história familiar: o profissio-
nal estabelece um panorama geral das condições de saúde do paciente, visan-
Osteoartrose e osteoporose
Osteoartrose
Também conhecida pelos nomes de osteoartrite, artrose ou doença ar-
ticular degenerativa, a osteoartrose é uma disfunção reumática caracteri-
zada por alterações bioquímicas, moleculares e histológicas na cartilagem
articular e no osso subcondral, quando, por diversos fatores, há
redução da função dos condrócitos em produzir quantidades
suficientes de matriz extracelular na cartilagem
(REBELATTO; MORELLI, 2007). Estas alterações
trazem um quadro de desgaste da cartilagem
articular, associada a alterações ósseas, entre
elas a presença de osteócitos e quadro clínico
característico (SBR, 2011).
É classificada em osteoartrose primária quando não se conhece o me-
canismo relacionado ao desenvolvimento da doença; e secundária, quan-
do o quadro é resultante de uma causa conhecida. É classificada ainda
conforme a sintomatologia (muda, ativa, idiopática) e os locais de acome-
timento (central e periférica):
• Muda: presença de alterações radiográficas, mas sem sintomas;
• Ativa: presença de alterações radiográficas e sintomatologia;
• Idiopática: quando não se sabe precisar a origem do problema;
• Central: acomete o esqueleto axial, a coluna vertebral na maioria dos casos;
• Periférica: acomete estruturas articulares do esqueleto apendicular.
Cisto ósseo
Cápsula Cápsula espessada
Figura 1. Alterações encontradas na osteoartrose. Fonte: WILLIAMS e colaboradores, 2015, p. 360. (Adaptado).
FASES DA OSTEOPOROSE
DICA
Para ampliar o conhecimento sobre a osteoporose e fornecer um
material de apoio, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2019b)
elaborou uma cartilha com informações básicas acerca da doença,
orientações de exercícios a serem realizados no ambiente domici-
liar e, ainda, orientações nutricionais.
Artrite gotosa
A artrite gotosa, conhecida popularmente como gota, é uma artropatia in-
flamatória desencadeada por excesso de ácido úrico depositado na forma de
Artrite gotosa
Inchaço
Massas de ácido úrico
Junta inflamada
Figura 4. Fisiopatologia da artrite gotosa. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/10/2020. (Adaptado).
CURIOSIDADE
Sabe-se que as neoplasias estão entres as doenças crônicas bastante
prevalentes em idosos. Em muitos casos, as neoplasias malignas podem
estar associadas ao desenvolvimento de síndromes reumáticas, podendo
surgir antes mesmo do diagnóstico de neoplasia. Nestes casos, os sinto-
mas reumáticos são resultado da invasão muscular por tumores, liberação
de mediadores, no caso de síndromes paraneoplásicas, ou ainda em
virtude de alterações do sistema imunológico (FREITAS; PY, 2016).
Figura 5. Localização dos pontos de dor em fibromialgia. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/10/2020.
EXPLICANDO
A artrite psoriásica é uma forma específica de artrite que afeta pacientes
com psoríase, doença dermatológica que causa lesões avermelhadas
escamosas em diferentes partes do corpo. Cerca de 10% dos pacientes
com psoríase desenvolvem artrite, que pode surgir tanto na fase inicial
como em fases mais avançadas da doença, e costuma causar dor, edema
e rigidez, que pioram à noite. Com o avançar da doença, o paciente é aco-
metido com limitação dos movimentos e deformidades (FIOCRUZ, 2019).
Figura 7. Entradas acessíveis da casa (iluminação, fitas antiderrapantes nos degraus, corrimão de ambos os lados da
escada e na lateral da rampa e maçaneta horizontal). Fonte: CHIOSSI; SANTOS, 2011, p. 10. (Adaptado).
Tapetes;
Fumar no quarto;
Cortinas pesadas;
Evitar
Alimentação na cama;
Andar de meias;
Fios elétricos soltos.
Chinelos antiderrapantes;
Manter Luz noturna;
Interruptores de luz próximos à cama.
Tapetes soltos;
Cortinas pesadas;
Evitar
Alimentação na cama;
Fios elétricos soltos.
Piso antiderrapante;
Luz noturna nas articulações;
Interruptores nas entradas e saídas do espaço;
Manter
Lâmpada de emergência;
Ambiente livre de objetos no chão e móveis
baixos.
Banheiro
São indicadas paredes firmes que permitam a instalação de barras de se-
gurança, espaço interno que permita a livre movimentação de duas pessoas
(para o caso de o idoso necessitar de cuidador) e porta de acesso com aber-
tura para fora e com largura maior que 0,80 m. Em relação ao box, este deve
possuir piso antiderrapante, abertura maior que 0,80 m, fechamento do box
com sistema inquebrável, porta de correr ou apenas o uso de cortinas de
plástico (BRASIL, 2019).
CONTEXTUALIZANDO
A colocação de barras de apoio/segurança em banheiros, quartos e ou-
tros cômodos da casa, quando necessárias, atendem às normas da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), mediante NBR 9050:2004.
No geral, esta norma estabelece que todas as barras de apoio utilizadas
devam suportar um esforço mínimo de 150 kg peso/massa, ter um diâmetro
entre 3 e 4,5 cm, estar firmemente fixadas a 4 cm da parede e serem de
material resistente à corrosão (CHIOSSI; SANTOS, 2011).
Vale lembrar que estas sugestões de adaptações são amplas, gerais e não
consideram as especificidades de cada idoso, de modo que, na prática, estas ade-
quações devem considerar as características individuais de cada paciente, suas
necessidades e expectativas evidenciadas a partir de avaliação. Isso porque criar
um ambiente funcional por meio de uma casa segura demanda requisitos além
daqueles para criar um ambiente adequado para os idosos de maneira geral. É
necessário o olhar interdisciplinar sobre a funcionalidade do idoso.
Quando bem sugeridas, estas adaptações do ambiente em que o idoso vive po-
dem compensar perdas ou limitações funcionais, além de proporcionar ao idoso
maior conforto, segurança, acessibilidade e funcionalidade em seu dia a dia.