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Karina Halle - 05 - The Debt (Rev)
Karina Halle - 05 - The Debt (Rev)
Keir McGregor sempre foi do tipo forte e silencioso. Pense em alto, moreno e
bonito e você terá o escocês perfeito. Exceto que Keir é tudo, menos perfeito.
Ele tem um passado do qual está fugindo e uma consciência culpada que ele
parece não conseguir perder. Mas, quanto mais ele passa por Jessica, mais
ele se apaixona por ela. E quanto mais o segredo dele ameaça separá-los.
Ele pode ter sido um estranho para ela. Mas ela nunca foi uma estranha
para ele.
Para aqueles que vivem nas profundezas escuras da culpa.
Deixe ir e chute para cima – há luz na superfície e eu estou lá,
nadando com você.
A culpa é para o espírito o que a dor é para o corpo – Élder
David. A. Bednar
Você usa culpa como algemas nos pés, como uma auréola ao
contrário – Depeche Mode, — Halo
E eu tenho medo.
1 É um tipo de dieta.
despedida no meu namorado Mark e pulei no avião, ansiosa
para fugir por alguns dias, ver velhos amigos e pensar um
pouco. Às vezes, a distância coloca tudo na perspectiva certa.
Então eu ouço.
Um grito.
Ele parou.
Mas…
Está perto.
Muito perto.
A dor.
A verdadeira dor.
Eu levei um tiro.
Eu fui atingida.
Fogo.
Atira novamente.
Então acontece.
Tudo de mim.
Um propósito terrível.
Eu fui pega.
Eu estarei morta.
Mas mantenho contato visual com ele porque é a minha
única chance. É a única maneira de me salvar. Se ele puder
me ver, o verdadeiro eu, talvez ele não me machuque.
Deixar-me ir.
Deixe-me viver.
Deixe-me viver.
Deixe-me viver.
É isso.
Eu sinto muito.
Há um silêncio.
A morte é silêncio.
Eu estou viva.
Morto.
Como ir ao banheiro.
— Hã?
Eu digo a ele que a lager está bem, já que eles estão sem
cerveja e depois viro e corro para o banheiro. Não quero que
ele me veja sorrindo como uma tola.
Eu a encontrei por acidente.
— Você sabe?
— Eu amo isso.
Lamento imensamente.
— Jessica!
Jessica acena para ela, e eu posso ver por que ela foi tão
desdenhosa com meus gestos. Ela então olha para mim. —
Mais uma vez obrigada pela bebida, Keir. Foi bom conhecê-lo.
Então aqui estou eu. Ainda não sei o que sou, muito
menos quem sou.
Desapareceu.
Eu finalmente grito.
A arma dispara.
Faço uma anotação mental para ficar fora até mais tarde
esta noite e dar a eles algum tempo a sós. Tenho minha
reunião na igreja hoje à noite e depois voltarei ao pub
novamente e pegarei um táxi para casa, não importa o
quanto Christina proteste.
Ou eu poderia ir ao pub.
Não adianta nem fingir que não foi para isso que vim
aqui, que eu estava secretamente esperando encontrá-lo. —
Claro, — eu digo.
— Só um segundo, — diz ele, virando-se e me pedindo
uma cerveja, que eles têm desta vez.
— Inteligente?
Ah, Merda.
Então acontece.
Por enquanto.
— Ser responsável.
— Eu assustei você.
Merda.
Ele tem a voz “estou do seu lado”, do tipo que ele usa
com os clientes para fazer com que confiem nele com o seu
dinheiro suado. Sempre funcionou com eles – e funcionou
comigo uma vez – mas não agora. Agora que sei como é o
verdadeiro Mark Featherstone.
Não realmente.
Eu preciso de alguém.
Meu estranho.
O veículo salta ao longo da estrada, enviando nuvens de
poeira torcendo alto no ar. Lewis os chama de “caudas do
diabo”, e eles brotam sobre a paisagem árida, sinalizando que
alguém está vindo. Ou indo.
E tem sido.
Até agora.
Mas eu sobrevivo.
Lewis também.
E Brick.
Estamos espalhados no chão, entre destroços
carbonizados e em chamas, tão terrivelmente vivos.
Mas desta vez não acho que vou ter tanta sorte.
Eu concordo. — Exatamente.
— Comprometido?
— O que aconteceu?
Jessica.
Puta merda.
Sento-me bufando, o chacoalhar sacudindo do meu
peso. — Bem, foda-me de lado.
Jessica.
— Charles.
Meu pulso acelera. Será que ela sabe sobre mim? Ela
sabe que eu conhecia Lewis Smith, o homem que fez isso com
ela?
Não vai ser fácil, mas eu sei o que devo fazer. Eu sei que
isso é algo que não pode continuar. Que eu preciso ficar
limpo, exatamente como ela fez. Contar tudo para ela. Fazer
isso agora antes que as coisas vão longe demais, antes que
algo aconteça entre nós. Ela pode até entender.
Mas não quero lhe contar a verdade. E este é um lado
que estou escolhendo e apoiando cem por cento. Não posso
passar todo o meu tempo com ela vivendo essa guerra lá
dentro, debatendo quando e onde direi a ela.
Ele não pode estar tendo a ideia errada agora. Para ser
sincera, não tenho muita certeza do que esperava desta noite.
Originalmente, pensei que o teria visto no bar, teria contado a
verdade e, se tivesse sorte, ver se aquele convite para jantar
ainda estava de pé. Eu não esperava acabar na casa dele
bebendo uísque.
Mas estou com medo. Sou nova nisso, mais nova do que
nunca. A última vez que fiz sexo com Mark foi... bem, não
quero pensar nisso. Mas foi há meses. E antes disso, foram
meses de novo. Antes dele, eu não namorava muito. Muita
bagagem para carregar, muitas peculiaridades e medos que
me impediram de chegar perto de um homem. Eu posso
contar meus parceiros sexuais em uma mão.
— Boa em quê?
Quando ele não diz nada, eu olho para ele. Ele tem um
sorriso peculiar no rosto, as sobrancelhas erguidas. — Você
chama isso de estar com um homem?
— Durma nua.
— Você deseja.
— Entendo. E a reunião?
Dou-lhe um estremecimento de desculpas. — É um
grupo de apoio ao TEPT e afins. Uma grupo de pessoas. Eu
queria começar a melhorar.
Ele vai para o seu lado da cama e espero que ele apague
a luz da cabeceira antes de se despir, mas, para meu choque,
ele agarra a ponta da camisa e a puxa para cima e sobre a
cabeça.
Puta merda.
Até agora ele está evitando meus olhos, embora ele sabe
que eu estou olhando para ele como uma adolescente
excitada, mas agora ele olha para mim.
— Você finalmente encontrou minhas tatuagens, — diz
ele. — Conseguiu dar uma boa olhada?
Assim, há silêncio.
Lewis.
Eu preciso viver
— Keir, — uma voz pequena e assustada diz do fundo
da minha mente.
Jessica.
— Pão?
— É sem glúten?
— Sim.
Está bem.
Quando a reunião de terça-feira chega, eu estou um
pouco nervosa por ser rejeitada ou algo do tipo por ter faltado
na semana passada. Conversei com Anne desde então,
deixando-a saber, que algo havia acontecido, e embora eu
nunca tenha mencionado que “algo” foi um tempo no bar com
Keir, acho que ela tem uma ideia.
— Cinco.
— Mesmo que ela não pudesse fazer sexo até que ela
tivesse suas malditas pernas?
— E um desenho animado.
— Isso dói?
— Como você pode ver, — ele diz, — a dor não vai ficar.
Você ainda sente dores nos ossos, mas as cicatrizes só doem
quando tocadas. Você pode olhar. Você terá que se acostumar
com isso algum dia. Você pode ficar agradavelmente
surpresa.
Pequena.
Eu tenho que dizer que ele está certo. Não parece tão
ruim quanto eu pensava. E minha pequena Ariel, sentada em
sua pedra logo acima do meu tornozelo, também parece
intacta, quase como da última vez que a vi, ainda que coberta
de pelos grossos e emoldurada por um punhado de cicatrizes
acima dela que quase parecem nuvens de algodão doce.
Mas Keir vê. Pelo menos ele quer ver. Ele não se importa
com a minha perna, ele quer saber como está o meu
verdadeiro eu. Ele quer ver minha força aumentar com tudo
isso.
— Tala e tudo?
— Você, então.
Me beije.
— Por quê?
Doce Jesus.
— Keir!
— Estou bem.
— E o navio? Os corvos?
— Entendo.
— Porque…
— Pode ser.
Ela é imparável.
Outra tosse.
— Com alguma sorte, ela não vai nos ouvir entrar, — ele
sussurra para mim enquanto o táxi se afasta, os pneus
fazendo aquele som rolando na calçada que eu sempre acho
estranhamente reconfortante.
Não tenho ideia do que ele está fazendo. Ele vai voltar
nu? Ele vai trazer algum brinquedo sexual estranho? Ele está
desenterrando um álbum de fotos e me fazendo passar por
fotos de família? Quem sabe?
Eu concordo. — Sim.
— Serei o mais gentil possível, Little Red. A última coisa
que quero fazer é te machucar. Você pode confiar em mim
nisso.
E eu confio nele.
Eu solto um suspiro.
Ele não diz uma palavra. Não me diz qual gosto. Ele não
precisa. Eu levanto minha cabeça para encontrar seu olhar
poderoso e seus olhos revelam tudo. Eu sou um tônico para
ele, a sobremesa mais sensual. Ele está lambendo o dedo com
sua língua grande e forte como se eu fosse um doce sorvete.
Impaciente.
Então eu me solto.
As meias primeiro.
Depois a camisa.
A calça dele.
Eu suspiro.
Não é apenas grande – é grosso, é perfeito. Combinado
com a tatuagem gigante de um veleiro na coxa, ele parece que
foi feito para foder.
Puta merda.
Lentamente.
Isso é bom.
Tão bom.
— Jessica, — ele geme, seu aperto apertando meus
quadris, deslizando até a minha cintura. — Porra…
Bang.
Bang.
Bang.
— Pelo o sexo?
— Isso eu acredito.
— Alguma melhoria?
— Vida difícil.
— Mesmo Mal?
— Mesmo agora?
Eu a beijo.
Difícil.
Molhado.
Selvagem.
Este é faminto.
Ela suspira e olha para a perna. Sua tala não está acesa
e está pálida na luz da manhã que entra pelas janelas. — Eu
estava tentando fazer yoga.
Sempre.
— E eu estaria lá?
— Palpite de sorte?
Honestamente, enquanto explorávamos a sala um pouco
mais, os livros antigos empilhados acima da lareira,
propriedade dos Sinclairs que dominavam o castelo, os
espelhos e armários antigos, não posso deixar de pensar que
Jessica teria sido uma princesa em outra vida. Não porque
ela age assim, mas seu rosto, seus maneirismos são
absolutamente aristocráticos.
— Você? — Eu pergunto.
Porra!
Longe da costa.
Pior ainda.
Ela não responde. Ela está tão longe que não sei dizer se
estou olhando para a nuca ou para frente. O que eu sei é que
a cabeça dela está começando a mergulhar sob a superfície,
qualquer adrenalina que ela teve no começo está começando
a diminuir drasticamente.
Ela mal está consciente e não diz nada. Seus olhos estão
vidrados, sem foco, pele mais pálida do que eu já vi.
Não tive a intenção de entrar. Não foi por isso que fui à
praia. Eu só estava procurando uma fuga. A viagem toda
deveria ser uma fuga, mas eu esqueci que tinha vindo para o
passeio. Às vezes não há como escapar de si mesmo.
— Uau.
— Este. Aquele que diz que você está viva e comigo. Não
só aqui. — Ele gesticula para o ar ao meu redor com a outra
mão. Ele então empurra meu coração, sua palma tão quente
contra a minha camisa. — Mas aqui.
Ele tira a mão e segura meu rosto, seu polegar roçando
suavemente meu lábio. Inclino-me contra a janela, sinto o ar
fresco varrer a parte de trás do meu pescoço, me abraçando.
Bem aqui.
Agora mesmo.
— Promessa?
Sobre ele.
Rachaduras.
Eu sou dele.
Porra.
Eu sou um monstro.
E eu a amo.
— Acorde, Keir.
Vá embora.
Porque ele não é real, ela não pode senti-lo, ele não está
aqui.
Não sei para onde ir, o que fazer. Quero irromper pelas
portas e correr, talvez até o porto até que a água me choque.
Talvez Jessica tivesse a ideia certa, afinal.
Porra.
Porra.
Porra.
Estou exausto.
Saciado.
Malditamente exausto.
Parece que uma foda áspera não pode apagar o que ela
testemunhou anteriormente.
Amar.
Essa é a verdadeira questão aqui. O verdadeiro
problema. A verdadeira razão pela qual tenho ignorado minha
intuição.
E eu estou fazendo.
E ele é meu.
Ele é meu.
Não tenho visto muito medo em Keir, mas acho que vejo
agora. O tique de um músculo na garganta, linhas tensas se
formando nos cantos dos olhos.
Ele olha para mim e eu posso ver a luta dentro dele. Não
quero dificultar isso, não quero ser insistente, mas...
— Bem, ela falhou também. O único bem que ela fez foi
quando meu pai finalmente foi embora. Não sabemos para
onde ele foi. Ainda não sabemos, mas não importava. Ela
tinha força suficiente, culpa suficiente para levar Christina
para longe, onde ele não podia levá-las. Elas vieram para cá.
Até então, eu já tinha seguido meu próprio caminho. Eu saí...
Eu poderia ter ficado na cidade, eu poderia ter vigiado ela de
longe. Mas eu fui embora, uma desertora.
O que sei é que não quero mais falar sobre isso. Eu não
quero empurrá-lo ainda mais para me dar sua verdade. Isso
já é demais para eu lidar e vou fazê-lo se sentir tão ruim
quanto me sinto agora.
Bam .
Sagrada. Merda.
Tudo meu.
— Surpreenda-me.
Ele me ama.
Oh
Oh,
OH
O que ele sente por mim, o que eu sinto por ele. Embora
eu não tenha dito as palavras ontem à noite, em parte porque
ele não queria que eu dissesse, eu sei que sim. Eu quase
disse a ele enquanto tomamos banho juntos esta manhã. Em
vez disso, caí de joelhos e dei-lhe um boquete.
Feliz.
Oh, não.
Eu nem sequer...
Francamente, sim.
— Você precisou?
— Eu não quis.
— Você não quis? — Ela zomba. — Keir. Você quis. Você
se manteve afastado de mim desde o momento em que nos
conhecemos e agora eu sei o porquê. Você queria cada pedaço
do meu coração e alma, mas não podia me dar um pedaço da
sua.
— O que?
Ela gira, com ódio nos olhos. — Você não pode mais me
tocar. Você não pode me carregar. Você não passa de um
estranho para mim agora. — Ela se aproxima e levanta a
bengala, me cutucando bem no peito. — Eu fui real com você.
Crua. Vulnerável. Eu deixei você ver cada parte feia de mim e
não pedi nada, nada, somente conseguir o mesmo em troca.
Apenas um pouco de honestidade. E você nem podia fazer
isso. Eu não te conheço de jeito nenhum... nunca conheci. E
vai continuar assim.
Ela não diz nada sobre isso e eu vejo como sua cabeça
vermelha desaparece do outro lado.
Parte de mim dói por Keir, pelo fardo que ele carrega.
Não importa.
Acabou.
Eu seguro o meu.
Acabou.
— Mas você não vê por que ele mentiu? Não foi por
maldade, Jess. Ele mentiu porque te ama.
Ai. Ai.
Para ele.
Não.
Não.
Amor.
Eu te amo.
Eu te amo.
Eu te amo.
Lendo um livro.
Eu também.
— Não foi?
— Não. — Ele inclina a cabeça, considerando. — Ok, foi.
Mas eu quis dizer tudo o que disse. Eu preciso de ajuda. Eu
quero ajuda. Eu acho que falar sobre isso é o primeiro passo.
— Concordo.
Meu homem.
Meu protetor.
Meu refúgio.
Meu amor.
Sete meses depois
Romântico? Não.
Sim.