UNIVERSIDADE ROVUMA

FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS, MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE FÍSICA
DISCIPLINA: GEOMETRIA EUCLIDIANA

Nome do Estudante: Salvador Ramos Chical. Nível: 4ºAno – EAD.

Resolução dos Exercícios do Fórum

PONTO, RECTA , AXIOMAS DE INCIDENCIA E DE ORDEM

1. Prove a afirmação feita, no texto, de que existem infinitos pontos em um segmento.

Resolução:

Dada uma reta r com os pontos A e B distintos, suponha por absurdo que entre A e B exista um
conjunto finito de pontos. Por definição um conjunto é finito quando pode ser colocado em
correspondência biunívoca com o conjunto ℕ. Assim teremos que:

𝐴𝐴𝐴𝐴 = {𝑃𝑃1 , 𝑃𝑃2 , 𝑃𝑃3 … 𝑃𝑃𝑁𝑁 }, que significa AB é um conjunto com n elementos.

Tomando agora um ponto 𝑃𝑃𝑘𝑘 (𝑘𝑘 ≤ 𝑛𝑛) e o ponto 𝑃𝑃𝑘𝑘−1 pelo axioma II2 existe um ponto
𝑃𝑃𝑟𝑟 , (𝑘𝑘 − 1 < 𝑟𝑟 < 𝑘𝑘) tal que 𝑃𝑃𝑘𝑘−1 − 𝑃𝑃𝑟𝑟 − 𝑃𝑃𝑘𝑘 o que seria um absurdo pois nesse caso AB teria
𝑛𝑛 + 1 elementos.

2. Sejam P = {a, b, c}, m1 = {a, b}, m2 = {a, c}, m3 = {b, c}. Chame P de plano e m1, m2 e
m3 de retas. Verifique que nesta “geometria” vale o axioma I2.

Resolução: Basta observar que todas as combinações possíveis entre os 3 pontos do plano P,
tomados dois a dois pertence a uma das três rectas dessa geometria. Por exemplo, as
combinações possíveis são: 𝒂𝒂𝒂𝒂, 𝒂𝒂𝒂𝒂, 𝒃𝒃𝒃𝒃, 𝒃𝒃𝒃𝒃, 𝒄𝒄𝒄𝒄 𝒆𝒆 𝒄𝒄𝒄𝒄. Note que por ab passa somente uma
recta, a recta m1. Do mesmo modo pelos demais pares de pontos passam apenas uma das retas
citadas (m1; m2; m3). O que mostra que nessa geometria vale o axioma I2.
3. Três pontos não colineares determinam três rectas. Quantas rectas são determinadas
por quatro pontos sendo que quaisquer três deles são não colineares?

Resolução:

Analogamente ao exercício três construiremos a seguinte tabela, onde 𝑟𝑟𝑖𝑖𝑖𝑖 e a reta determinada
pelos pontos Pi e Pj .

P1 P2 P3 O número de rectas será:

P1 __ r12 r13
𝟔𝟔 𝟑𝟑(𝟑𝟑−𝟏𝟏) 𝟗𝟗−𝟑𝟑 𝟔𝟔
P2 r21 __ r23 = = = = 𝟑𝟑
𝟐𝟐 𝟐𝟐 𝟐𝟐 𝟐𝟐
P3 r31 r32 __
𝒏𝒏(𝒏𝒏−𝟏𝟏)
E para n pontos
𝟐𝟐

4. Discuta a seguinte questão utilizando apenas os conhecimentos geométricos

estabelecidos, até agora, nestas notas: “Existem rectas que não se interceptam”?

Resolução: Sim, rectas que são paralelas como indica a proposição 1.1 “Duas rectas distintas
ou não intersectam-se ou intersectam-se em um único ponto”.

• Demonstração: Sejam m e n duas rectas distintas. Se m e n possuem pelo menos dois

pontos distintos em comum então, pelo Axioma de Incidência 1, m e n coincidem, que é
uma contradição com o facto que m e n são rectas distintas.

Logo, m e n ou possuem um ponto em comum ou nenhum.

Portanto a Proposição 1.1 “diz que se duas rectas não são paralelas, então elas têm um ponto
em comum”.
5. Prove que, se uma recta intercepta um lado de um triangulo e não passa por nenhum de
seus vértices, então ela intercepta também um dos outros dois lados.

Resolução: Dado um triângulo ABC e uma recta r, se r intercepta o segmento AB então A está
do lado oposto a B em relação a recta r. Como por hipótese r não passa por C então C está do
lado da A ou de B.

• Se C está do lado de A então C está contrário a B e então r intercepta BC.

• Se C está do lado de B então é contrário a A e r intercepta AC

Logo sempre intercepta um dos lados.

6. Repita o exercício 3 para o caso de 5 e 6 rectas. Faça uma conjectura de qual será a
resposta no caso de n rectas.

𝒏𝒏(𝒏𝒏−𝟏𝟏)
Resolução: Usando a formula de n de rectas: , substituindo n = 5 e n = 6, temos:
𝟐𝟐

𝟓𝟓(𝟓𝟓−𝟏𝟏) 𝟐𝟐𝟐𝟐−𝟓𝟓 𝟐𝟐𝟐𝟐

• Para n = 5 rectas: = = = 𝟏𝟏𝟏𝟏.
𝟐𝟐 𝟐𝟐 𝟐𝟐
𝟔𝟔(𝟔𝟔−𝟏𝟏) 𝟑𝟑𝟑𝟑−𝟔𝟔 𝟑𝟑𝟑𝟑
• Para n = 6 rectas: = = = 𝟏𝟏𝟏𝟏.
𝟐𝟐 𝟐𝟐 𝟐𝟐

7. Mostre que não existe um exemplo de uma “geometria” com 6 pontos, em que sejam
validos os axiomas I1 e I2 e em que todas as retas tenham exatamente 3 pontos.

• Axioma I1. Qualquer que seja a reta existem pontos que pertencem a reta e pontos que
não pertencem `a recta.
• Axioma I2. Dado dois pontos distintos existe uma única reta que contem esses pontos.

Resolução: Tomando uma reta r = {P1, P2} por hipótese existe um Q1 ∈ P diferente de P1 e
P2.

Seja Q2 ∈ P e diferente de P1, P2 e Q1, também por hipótese, temos que Q2 ∉ 𝑟𝑟 pois r já possui
3 pontos. Logo, existe uma reta s = {P1, Q2} e que contém um ponto Q2 ∈ P com Q3 ≠ P1, P2,
Q1, Q2.
Agora tome Q4 ∈ P com Q4 ≠ P1, P2, Q1, Q2, Q3. Novamente por hipótese Q4 ∉ r, s pois ambos
já possuem três pontos. Logo deve existir uma reta t = {P1, Q4} que deve conter (por hipótese),
um terceiro ponto Q5. Temos então Q5 ≠ P1 e Q5 ≠ Q4 e, por construção, Q5 ≠ Q1 e Q5 ≠ P2,
pois r ≠ t, Q5 ≠ Q2 e Q5 ≠ Q3, pois s ≠ t. Isto nos leva a uma contradição pois Q5 seria o sétimo
ponto da geometria dada.

8. Sejam A1 e A2 pontos de coordenadas 1 e 2. De a coordenada do ponto médio A3 do

segmento A1A2. De a coordenada do plano médio A4 do segmento A2A3. De a coordenada
A5 do ponto médio do segmento A3A4.

Resolução:

Sendo A3 o ponto médio do segmento A1A2 então a coordenada A3 será a média aritmética:

𝐴𝐴1 + 𝐴𝐴2 1 + 2 𝟑𝟑 𝟏𝟏
𝐴𝐴3 = = = = 𝟏𝟏
2 2 𝟐𝟐 𝟐𝟐

Analogamente se calcula para os demais pontos.

3 4 7
+ 7 1 𝟕𝟕 𝟑𝟑
𝐴𝐴4 = 2 2 = 2 = . = = 𝟏𝟏
2 2 2 2 𝟒𝟒 𝟒𝟒

3 7 3 7 6 7 13
+ + +
2 4 13 1 𝟏𝟏𝟏𝟏 𝟓𝟓
𝐴𝐴5 = 2 4 = =4 4= 4 =
(2) (1)
. = = 𝟏𝟏
2 2 2 2 4 2 𝟖𝟖 𝟖𝟖

9. Desenhe uma recta e sobre ela merque dois pontos A e B. Suponha que a coordenada
do ponto A seja zero e a do ponto B seja um. Marque agora dois pontos cujas coordenadas
são 3, 5, 5/2, 1/3, 3/2, 2, -1, -2, -5, -1/3, -5/3.

Resolução:
Referências Bibliográficas

1. Barbosa, J. L. M. (1985). Geometria Euclidiana Plana, SBM, Rio de Janeiro.

2. Barbosa, J. L. M. (1994). Geometria hiperbólica, IX Escola de Geometria Diferencial,

Vitória ES.

3. Boyer, C. (1976). História da Matemática, Ed. Edgar Blucher, São Paulo SP.

4. Euclid. (1956). The Elements, Dover Publications, New York: EUA

5. Greenberg, M. J. (1973). Euclidean and non-euclidean geometries - development and

history, W. H. Freeman and Co. S. Francisco.

6. Hartshorne, R. (1997). Companion to Euclid, Lecture Notes. vol. 9, Berkeley

Mathematics (MAS).

7. Hilbert, D. (1902). The foundations of Geometry, traduzido por E.J. Townsend, The
Open Court Publishing Co, Chicago.