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Condig6es e Padr6ées de Efluentes para Langamento ra comecar No presente capitulo serio abordados as condicdes e os padrées de lanamento para efluentes, | cssficando-os para cada corpos d’égua de acordo com as diretrizes ambientais definidas por meio dos "sos preponderantes. Também serdo abordados os pedrdes de langamento de acordo com os interesses "pata os usos das baciashidrogrfics Os valores limites para o lancamento também serdo objeto de estudo, além da aplicacao de penali- para os geradores de efluentes infratores. A Figura 6.1 mostra um lancamento irregular no corpo receptor; os maiores desafios para as ‘utoridades manterem a qualidade do corpo receptor esto relacionados, de um lado, as legislagdes Testritivas, que garantem a qualidade e quantidade do recurso hidrico, de outro, as dificuldades de implementacao das legislacdes restritivas em razdo da falta de investimento, acesso as tecnologias e (apacitagao do corpo técnico. 6.1 Definicao de efluentes e padrées de Efluente é 0 residuo liquido proveniente dos processos produtivos e que cas proprias em funcdo das atividades e dos produtos utilizados. ‘As condigées e padroes de qualidade de agua sido instrumentos legals (Leis, Dea @ Resor lugdo) aplicaveis ao controle da poluigio, considerando todos os esgotos gerados em areas urban: e/ou em outras fontes geradoras de efluente, podendo-se destacar os de origem industrial, Os valores fixados para seu lancamento podem, em fungio da capacidade da estagio de tra tamento, realizar a remogio de um determinado parimetro ou da capacidade de diluigio do lan camento de esgoto ou efluente no corpo receptor. Qualquer que seja a exigéncla de atendimento ao valor maximo permissivel, o langamento nio poder comprometer o recurso hidrico, causando poluigao e/ou limitando o seu uso preponderante. O controle dos recursos hidricos e do langamento de efluentes no Brasil teve inicio na década de 1970, quando se relembrou que foi editada a Resolugio CONAMA n® 20/1986, que clapsifi cou e enquadrou os corpos diégua no Brasil; em 2005, essa Resolugiio fol alterada para CONAMA n® 357/2005, que classifica os corpos de gua superficiais ¢ as diretrizes ambientais para seu enqua dramento e estabeleceu as condigdes ¢ os padrdes de langamento de efluentes, Em seu Artigo 2° item X, temos: “classificagio: qualificagao das Aguas doces, salobras e salinas em fungio dos uses preponderantes (sistema de classes de qualidade) atuais ¢ futuros”, Posteriormente, houve uma nova alteragao, passando-se para Resolugio CONAMA n?® 397, Atualmente, tem-se a Resolucav n® 430/201, que trata das condigdes, dos pardmetros ¢ das diretrizes para a gestio do lang de efluentes em corpos d’égua receptores, mento 6 Tatamento de Agua e Efluentes ~ Fundamentos de Saneamento Ambiental © Gestio de Recursos Hil © enquadramento do recurso hidrico ou corpo d’égua é o planejamento realizado para @ bacia hidrogréfica, com uma visdo sistémica dela e com a definicao de uma meta a ser cumprida em um periodo de médio a longo prazo, em que so considerados a outorga e o licenciamento ambiental Nessé géncia legal. nquadramento s80 definidos pardmetros de qualidade que conferem valores méximos permitidos para que sejam mantidas ou atingidas metas para 0 atendimento das condigées estabelecidas para os usos dos recursos hidricos @ que foram planejados, Essas metas s4o transformadas em Pianos de Recursos Hidricos da Bacia Hidrogréfica em uma exi- Segundo von Sperling (1995), “os requisitos da qualidade independem da legislagao’, os para- metros identificados para atendimento aos requisitos legais, devem ser determinados a partir do uso da agua, de acordo com a fonte geradora do efluente. A Tabela 6.1 apresenta os principais requisitos para cada uso, sendo que, em alguns deles, hé as caracteristicas ambientais dos corpos d’égua. Tabela 6.1 ~ Caracteristicas entre os usos da agua sua qualidade requerida eter) Isenta de substancias qulmicas prejudiciais @ sade. Isenta de organismos prejudiciais 4 saide. Adequada para servigos domésticos. Baixa agressividade e dureza. Esteticamente agradavel (baixa turbidez, cor, sabor & ‘odor, além da auséncia de microrganismos). (exemplo: retrigerage ‘A dua € incorporada ao produto (exemplo: alimentos, bebidas, remédics) ‘Agua entra em contato com o produto. Agua ndo entra em contato com 0 produto Isenta de substancias quimicas prejudiciais a sade. Isenta de organismos prejudiciais 4 saide. Esteticamente agradével (baixa turbidez, cor, sabor e ‘odor, além da ausncia de microrganismos). Variével com 0 produto, Baixa dureza, Balxa agressividade. ‘ou com casca, Derais plantagées. Hortaligas, produtos ingeridos crus Isenta de substéncias quimicas prejudiciais a sauce. Isenta de organismos prejudiciais & saiide. Salinidade ndo excessiva. Isenta de substancias quimicas prejudiciais a0 solo e as plantagbes. Salinidade no excessiva, \senta de substdncias quimicas prejudiciais a sadde dos animais, Isenta de organismos prejudiciais & sade dos animais. Variaveis como os requisites da flora e fauna que se deseja preservar. Padrées de Efluentes para Langamento Uso especifico Cee aie Contato primétio (contato creto como | Senta de substancias quimicas prejudicias & sauce, meio liquid, ex: rata, esaule sure). | isana de organismos prejuicias& saide Recreagdo e lazer ma ntato secundéro; nao hé contato direto nos teores shlidos,éleose graxas cam o melo liquide (exemplo: navegacao | Balr0s teres séldos, lense gr de lazer, pesca, lazer conterplativo). Peet eeaten. sins hidrelétricas. Pie a Susiea ie eats Usinas nucleares ou termonucleares eS {exemplo; torres de resriamento), era Os " Transporte . Baixo aparecimento de material grosseiro que possa por em iso as embarcagées, Dituigdo I E 5 Fonte van Sparing (1988), O objetivo do estabelecimento dos padrdes de langamento € resguardar a qualidade das aguas do corpo receptor. O padrao de lancamento é uma mera conveniéncia pratica, que visa facilitar a fis- calizagao dos poluidores e a detecgdo e atuagio dos responsaveis pela degradacio do corpo receptor. 6.2 Condi¢gdes de langamento do corpo receptor é _langamento de efluentes 5 © Artigo 193, da Constituigao do Estado de Sao Paulo, estabelece que ha “necessidade de se adotar medidas, nas diferentes areas de agdo piblica e junto ao setor privado, para promover o equi- librio ecolégico e a melhoria da qualidade ambiental, prevenindo a degradacao em todas as suas for- mas e impedindo ou mitigando impactos negativos”. O langamento de efluentes no corpo receptor esté previsto no Artigo 17, do Decreto n® 8.468/76, que “estabelece que os efluentes de qualquer natureza somente poderao ser lancados nas Aguas inte- riores ou costeiras, superficiais ou subterréneas, situadas no territério do Estado, desde que nao sejam consideradas poluentes’, Com relagdo & poluigio das dguas, 0 Artigo 38 do Regulamento da Lei Estadual n® 997/76, apro- vado pelo Decreto n® 8.468/76, considera poluente “toda e qualquer forma de matéria ou energia lan- gada ou liberada nas aguas, no ar ou no solo, com intensidade, em quantidade e concentragio em desa- cordo com os padrées de emissao estabelecidos neste Regulamento ou norma dele recorrentes”. No entanto, o CONAMA, em sua Resolugao n° 430/11, dispée sobre condigdes e padrdes em corpos d'éguas receptores, alterando parcialmente a Resolucio n® 357. A nova Resolugao define que efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderao ser langados diretamente nos corpos recep- tores apés 0 devido tratamento e seguindo orientacoes legais (capacidade de suporte do corpo re- ceptor, concentragio de efeitos néo observados, concentracao do efluente no corpo receptor, zona de mistura etc.). Tratamento de Agua ¢ Efluentes ~ Fundamentos de Saneamento Ambiental e Gestdo de Recursos Hidricos Nao seré permitido ° langamento de efluentes que contenham Poluentes Organicos Persis- tentes (POP’). Também foi vedada a mistura de efluentes para diluicéo, além do langamento de efluentes que causem efeitos toxicos aos organismos aquaticos no corpo receptor. Os responsaveis pelas fontes poluidoras deverio reali- zar 0 automonitoramento para o controle dos lancamentos nos corpos receptores de acordo com 05 critérios estabelecidos pelos érgios competentes. Os langamentos em classes especiais sio vedados, de acordo com o Artigo 32 da Resolucao n° 357/05, uma vez que “nas éguas de classe especial & vedado o lancamento de efluen tes ou disposigéo de residuos domésticos, agropecudrios, de aquicultura, industriais e de quaisquer outras fontes de poluen- tes, mesmo que tratados”. ‘A Resolucdo n® 357/05, CONAMA, Capitulo IV, define condigées e padrées de lancamento de efluentes, em seus arti- gos 24a 37. Petal el got) A Resolugdo n® 367/05, CONAMA, classi fica como dguas doces 0s recursos hidiicos cuja salinidade seja < 0,5%, onde a classe especial & destinada para a0 abasteci- ‘mento para @ consumo humano; com a de- sinfecgéo, hd preservagdo do equiirio natural das comunidades aqudticas,e a pre- servagéo dos ambientes aquéticos em uni: dades de conservagao de protegdo integral. Portanto, o efeito proibitivo para o langa- mento de efluentes deve-se 4 auséncia de trotamento para remogao da carga orginica ‘Tabela 6.2 - Condigdes de langamentos de efluentes ieee EET eN 5a9 Pere eto} 5a9 > 40°C, variagso néo poderd exceder 3 °C > 40°C variagéo nao poderd exceder 3 Ami/Lem 1 hora 1 mem 1 hora 1,5 a vazao média do periodo de alividade didria 1,5 a vazdo média do periodo de atividade diaria Minerals até 20 mg/L. Vegetais e gorduras até 50 mg/L Minerais até 20 mg/L Vegetals e gorduras até 50 mg/L Materiais flutuantes Auséncia Auséncia Remogo minima 60% pecan o Glas #120 °C) (+ valor s6 poder ser reduzido se houver estudo de autodepuragao do corpo hidrico Cee od 0,5 mg/L As 0,5 mg/L As 5,0 mg/L Ba 5,0 mg/L Ba indo se aplica para aguas 5,0 mg B 5,0 mg B 0,2 mg/L Cd 0,2 mg/L Cd Deed ‘Chumbo total 0,5 mg/l. Po Claneto total 1,0 mg/t Cn Gianeto (desiével por cidos fracos) 0,2.mg/t. cn i Cianeto total q 0,2 mg/L Cn Cobre cissolvido 1,0 mg/l. Cu 10 mgt Cs ‘Cromo hexavalente 0,1 mg/L cre# a Crome tivalente 1,0 mgt Cre? z Cromo total = 0,5 mg Estanho 4,0 mpl. Sn 4,0 mgft Sn Ferro dissolvido 15,0 mg/l Fe 15,0 mgl Fe Fluoteto total 10,0 mel F 10,0 mg F Manganés dssolvido 1,0 mg Mn 1,0 mgt Mn Mercério total 0,01 mg/L He 0.01 melt He Niguel total 2,0 mg/L Ni 2,0 me Ni Nitrogénio amoniacal total 20,0 melt Ni 20,0 mg/L Ni Prata total 0.1 met Ag 0,1 eft Ag, Selénio total 0,30 melt Se 0,30 mg/l Se Suifeto 1,0 mgts 1,0 mgs Zinco total 5,0 mall Zn Benzeno 1.2 mah i Corefomio 10 mgt we 1,0 met | Dicloroeteno(somativio de 1,1 + 1,2 cs + 1.2 trans) Aret 1,0 mgt Estireno 0.07 melt a | Etitbenzeno 0,84 mg/l 3 Fendi totais (sstancas que reagem com 4 aminoantipirina) 0.5 ml C,H,OH 0.5 mg/L c,4,0H Tetracoreto de carbono 10 met. 1.0 mgt | Trieloreteno 1,0 mg. 1,0 met. | Totueno 12mg B ie rae = Xeno 16 mgt Tratamento de Agua ¢ Efluentes ~ Fundamentos de Saneamento Ambiental e Gestdo de R 6.3 O que mudou da Resolugao CONAMA n° 357/05 para a n° 430/11? A Resolugo n® 430/11 dispde sobre parametros, condigées, padrées e diretrizes para gestao do langamento de efluentes em corpos de aguas receptores, As alteragdes importantes que constam na Resolucao n° 430/11 dizem respeito ao avanco no cuidado com os recursos hidricos, dentre os quais podem ser destacados: » melhoria gradativa do sistema publico de esgoto; » tratamento de efluentes gerados pelos servicos de satide; » — langamento de efluentes por emissarios submarinos, sob condigdes especificas; » tratamento de lixiviado de aterros sanitarios em conjunto com esgotos sanitarios, 0 que pode representar inimeros ganhos ambientais; » _ testes de ecotoxicidade em efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sanitarios, que poderao subsidiar acdes de gestdo da bacia; » _ insercao da qualidade laboratorial em relacao aos monitoramentos e laudos produzidos; » _ busca de priticas de gestio de efluentes, considerando 0 uso racional da égua, a qualidade de efluentes gerados ¢ 0 seu retiso. Desenvolvendo capacidades para o atendimento dos regulamentos ambientais na bacia do Rio Danibio 0 Rio Dandbio, na Europa Central, é compartilhado por 18 paises e se encontra bastante Polufdo por residuos industriais € de outras origens. Em uma avaliacdo realizada em 1999, constatou-se a presenga de substdncias perigosas, com a ‘contaminacao microbiana e as altas cargas de nutrientes que provocaram a eutrofizagao (Vousden, 2007); além disso, identificou-se 130 principais poluidores industriais em 11 palses (W LEARN TEST), Para responder ao problema da oluigao, em 2001, a Organizacao das Nagées Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) iniciou um projeto de Transferéncia de Tecnologias Ambientalmente Corretas (TEST) para 0 rio. 0 Programa TEST busca desenvolver, desde entéo, a capacidade nas instituicdes e servicos industrials que possibilitam a identificagao das formas menos onerosa de se cumprir com os regulamentos ambientais por meio de mecanismos, tals como a produgéo mais limpa, o sistema de gestao e contabilidade ambiental e a selegéo de metodologias ambientalmente corretas (UNIDO TEST). 0 projeto do Rio Dantbio buscava demonstrar que é possivel alcancar metas ambientals e, 20 mesmo tempo, manter ou melhorar a produtividade econdmica e a competitividade a medida em que determinados poluidores industrials atendem &s normas de integrago da Uniao Europeia e da Convencao para a Protegdo do Rio Danubio. Com isso, mais de 90 ‘empregados foram capacitados no uso da abordagem TEST, e mais de 230 medidas de produgo limpa foram implemen- tadas (UNIDO TEST). | | © Exito do projeto foi verificado no apenas pela reducéo da poluicao hidrica, mas também pela geragéo de diversos beneficios para as empresas participantes, incluindo redugéo de multas, diminuicao de custos associados a residuos (incluindo @ reciclagem de residuos), melhora da qualidade do produto final e gerac&o de oportunidade de marketing (Vousden, 2007). Sistemas de Tratamento. de Esgotos Domésticos Para comecar Trataremos aqui, de forma objetiva e sob 0 ponto de vista da aplicabilidade, sobre os sistemas de tratamento de esgotos domésticos, seus tipos e sua conveniéncia de aplicagdo. A linguagem utilizada sera bastante acessivel, sem deixar de familiarizar vocé com o vocabulério técnico. 11.1 Tipos de tratamento com relagdo aos microrganismos Em fungao dos tipos de organismos participantes dos tratamentos biolégicos de esgotos domésticos, os tratamentos podem ser categorizados em aerdbios, anaerébios e, na auséncia de tra- tamento bioldgico, fisico-quimicos. 11.1.1 Tratamento aerdbio O tratamento aerdbio é realizado por microrganismos facultativos heterotréficos, ou seja, © tratamento é realizado por microrganismos que trabalham melhor e preferencialmente em meio aerdbio (facultativos), incapazes de sintetizar seus prprios alimentos a partir de substancias simples ea partir da fotossintese ou da quimiossintese (heterotréficos). 11.1.2 Tratamento anaerébio O tratamento anaerébio é realizado por microrganismos anaerdbios autroficos, ou seja, capa- zes de gerar seus prOprios alimentos a partir de substancias simples. wre esse tipo de microrganismo, E importante lembrar que o oxigenio livre exerce efeito t6xico sob! 11.1.3 Tratamento fisico-quimico A precipitacio de componentes em funga0 do tratamento fisico € quimico de substancias é uma pratica realizada ha muito tempo, com resultados conhecidos e satisfatdrios. ‘A osmose reversa, como tratamento fisico de efluentes, € uma técnica passivel de aplicagio e uma forma de utilizagao ainda inexplorada. 11.2 Tipos de tratamento com relagao aos poluentes removidos b es Considerando a compartimentagao dos sistemas de tratamento de esgotos domésticos conven- cionais, podemos identificar os seguintes tipos preliminar, primério, secundério ¢ terciario. 41.2.1 Tratamento preliminar O tratamento preliminar tem como objetivo remover os materiais grosseiros e areia. Esse tratamento envolve a adogao de gradeamento e caixa de areia, dispositivos que podem adotar algumas configuragdes consagradas. ‘A caixa de areia é dimensionada para que ela seja removida, em sua maioria, do conjunto de s6lidos do efluente. ‘A sua remogao é importante para poupar as instalagdes de tratamento, evitando 0 assorea- mento dos reatores e decantadores, além de danos provocados as bombas pela abrasio. 41.2.2 Tratamento primario O tratamento primério consiste na remogao de sdlidos sedimentaveis. 0 processo tem como principal objetivo a reducio do consumo de energia utilizada na aerayio na fase do tratamento secundario. 11.2.3 Tratamento secundario £ intitulado como tratamento secundério a remogao de material orginico por acio bacteriana. Tatamerto de Agee Evers ~Fundamenos de Saneamento Ambiental eGesto de cuss 1 ‘As bactérias se agrupam formando flocos bio- légicos e se alimentam das impurezas presentes no esgoto, como gorduras e protefnas. Observe na Figura 11.1 como essa estrutura bacteriana é complexa, Ao serem sedimentadas em um decantador secundério ou no fundo de uma lagoa de tratamento, as bactérias levam consigo as impurezas, permitindo a purificagdo da agua, Além da absorcao das impurezas (matéria orga- nicas) para a composi¢ao da propria constituicao celu- lar (anabolismo), a conversio de matéria orginica em gases para obtengdo de energia também ¢ responsivel pela reducao da carga poluidora de um determinado esgoto em tratamento (catabolismo). A matéria organica complexa édecomposta biologicamente no tratamento secundario. Representamos, a seguir, as principais reacdes observadas na decomposi¢ao da matéria orga- nica em meio aerébio, ilustradas de forma bastante simplificada: HHHHH @ le lalaligh we €-C-C-C-C- + Oy EEEET?> CO, + H,O Litt HS HNH Em meio anaerdbio, podemos representar, também de forma bastante simplificada, a decom- posigao da matéria orginica, indicada a seguir: HHHHH (tsa ®@ oo HSHNH A complexidade inerente 4 composi¢ao da matéria organica faz com que a sua decomposicao permita a formacio de um grande ntimero de substdncias orginicas e inorginicas, que nao foram representadas nas reagGes simplificadas anteriormente. Observamos que, além do hidrogénio, nitrogénio e fésforo, outros compostos também podem estar presentes. Mesmo quando o tratamento secundério é utilizado sem o médulo primério, é intitulado secundério, Essa denominagao esté associada a0 tipo do tratamento e nao & ordem de posicionamento na instalacdo. O mesmo valeré para o tratamento terciario. Sistemas de Tratamento de Esgotos Domésticos 11.2.4 Tratamento terciario O tratamento tercidrio esté relacionado a remogio de nutrie zando-se de métodos fisico-quimicos, bioldgicos ou mistos. ‘A maioria dos sistemas aquatics naturais tem 0 fésforo como nutriente limitante das ati vidades biolégicas e, em virtude desse fato, sua remogio adotada para o controle dos processos sntes, geralmente o fosforo, utili Quando & adotado o tratamento fisico-quimico, 2 precipitacio do fosforo presente ¢ promo- “adocio de sais metilicas, geralmente compostos de ferro, Promove-se, com iso, a precipi pee apts ta redugio consecutiva dos teores desse compost. 0 processo biolégico de remogio do tratamento biolégico a um estresse Figura 11.2: oo ue" Figura 11.2 ~ O rompimento da molécula de adenosina trifosfato (ATP) permite a liberacio de energia para as atividades celulares. Em processos de tratamento aerdbios, quando submetemos as bactérias A auséncia de oxi- , elas passam a utilizar a energia armazenada na forma de ATP, convertendo-a em adenosina difosfato (ADP), apés o primeiro rompimento de grupo de fosfato, e em adenosina monofosfato (AMP), aumentando a concentragao de fosforo no efluente em tratamento: arp +> app +P > AMP+P Quando é reestabelecida a concentragio de oxigénio no meio, os microrganismos se previnem contra uma nova caréncia, armazenando mais fésforo na forma de ATP e fazendo com que a con- centracao de fésforo se reduza em rela¢ao existente antes do estresse gerado pela falta de oxigénio. Ou seja, haverd, nessas condicdes, uma reducao significativa da concentragio de fosforo por meio de tratamento bioldgico. Nesse sentido, os microrganismos necessitam ser removidos do meio liquido para que o fésforo concentrado em sua composicao seja removido. Os decantadores, geralmente, sio as unidades responsaveis por essa remogio. : ©} ‘Tratamento de Agua € Efluentes ~ Fundamentos de Saneamento Ambiental e Gestiio de Recursos Hidricos Deve-se considerar também que os métodos biold; gicos € quimicos de remogio de fésforo podem ser utilizados em conjunto. 11.3 Tipos de tratamento com relagdo ao regime de tratamento 11.3.1 Tratamento continuo Havendo disponibilidade de espaco para tratamento de volumes expressivos, adota-se usual- mente o tratamento continuo. 11.3.1.1 Lagoas facultativas tratamento por meio de lagoas facultativas ¢ feito a partir da potencializagéo dos processos de autodepuracao natural, como se pode observar na Figura 11.3. Apés 0 tratamento preliminar, 0 esgoto ¢ retido em um tanque que opera por meio de proces- 80s aerdbicos na superficie e processos anaerdbicos no fundo, onde ocorrem os processos de minera- lizacao do lodo gerado e retido. As concentragbes de oxigénio na superficie sto garantidas em decorréncia do desenvolvimento de algas na camada fotica da lagoa (profundidade na qual a luz consegue penetrar); 0 oxigénio, nesse caso, é produzido a partir da atividade fotossintetizante. dispositivo de saida deve impedir a passagem das algas para a melhoria da qualidade do efluente. Algas (fixagao de oxigénio) § 3 ESGOTO ESGOTO i ate ce | Lodo fresco. Lode mineralizado Esgoto clarificado Figura 11.3 ~ Lagoa facultativa ‘A limpeza dessas lagoas ocorre com a frequéncia prevista nos critérios de dimensionamento e das cargas afluentes. Havendo disponibilidade de espago, a remogio pode ocorrer em periodos previstos de até 20 anos. Também existe a possibilidade de drenagem permanente ou periddica dos lodos ou draga- gens periddicas. Para isso, devem ser consideradas a escolha da melhor configuracio das condigdes 4 q Sistemas de Tretamento de Esgotos Domésticos possiveis de disposigio do lodo, o mimero de operadores, a localizagio da instalacao, a incidéncia de insolagao e clima, entre outros fatores. A desidratacao do lodo antes do transporte em leitos de secagem é uma pratica comum que reduz os custos de transporte. Esse tipo de tratamento nao remove nutrientes de forma significativa, peered oa sejam utilizadas outras formas de tratamento para atender aos parametros estabelecidos pela legislacao. 11.3.1.2 Lagoas aeradas As lagoas aeradas sao parte de tratamentos secundarios que contam com um suprimento arti- ficial de oxigenio a partir da injecdo de ar atmosférico (Figura 11.4). Figura 11.4 ~ Lagoas aeradas so solucdes apropriadas para comunidades de pequeno e médio porte. O aumento da disponibilidade de oxigénio permite 0 aumento das taxas reprodutivas de microrganismos aerdbios, os quais se alimentam principalmente da matéria orginica presente no esgoto, utilizando o carbono para a manutengao das células existentes, construcao de novas células e como fonte de energia. Apés 0 tratamento biologico do esgoto na lagoa aerada, os microrganismos sio separados da fase liquida em decantadores secundarios, t anaerot Na auséncia de oxigénio, a matéria orgénica se decompdem biologicamente em decorréncia da acdo das bactérias anaerobias, as quais so mais lentas que as bactérias aerobias, Na pritica, a possibilidade de decomposigao da matéria organica na falta de oxigénio implica em unidades de tratamento sem a obrigatoriedade de custos com aeracao, Tratamento de Agua ¢ Efluentes ~ Fundamentos de Saneamento Ambiental e Gestéo de Recursos Hidr Essas lagoas néo so utilizadas como iinica forma de tratamento, mas como forma de trata- mento inicial. Sao lagoas profundas e estreitas, cujo volume é compativel com os tempos de detencao hidraulica necessarios & acdo lenta das bactérias anaerdbias, 11.3.1.4 Sistema australiano sistema australiano, além do tratamento preliminar para remogao de sélidos grosseiros, é composto por trés lagoas (Figura 11.5). Figura 11.5 - O sistema australiano configurado por trés lagoas em série (UNICAMP). A primeira lagoa é anaerdbia para propiciar uma reducio substancial da carga organica e uma tedugao da turbidez, sem a utilizacao de equipamentos de aeracdo, reduzindo, assim, os custos ope- racionais com a aera¢ao ou melhorando o funcionamento da lagoa facultativa. A geracio de odores é um problema nao apenas desse tipo de instalacdo, mas também de outras formas de tratamento de esgoto. A localizagio da estagio, bem como o estabelecimento de barreiras verdes de arvores, pode auxiliar no processo de aceitacao da instalacao. A clarificacao prévia do esgoto na lagoa anaerdbia auxilia na formacao de uma zona fética, ou seja, na zona de penetracao da luz necessaria para que os organismos fotossintetizantes produzam oxigénio; o estagio seguinte de tratamento é composto por uma lagoa facultativa. A lagoa facultativa, além de aprimorar a remocao de matéria organica, aumenta os teores de oxigénio de seu efluente, aproximando o esgoto tratado das exigéncias legais. A Ultima lagoa consiste em uma unidade rasa para polimento do esgoto em tratamento, onde a passagem da luz solar por toda a altura do efluente clarificado faz o papel de agente desinfetante. ‘As referidas unidades nao apresentam, como possibilidade, a remogao significativa de nutrien- tes. A remogao fisico-quimica de fésforo como pés-tratamento é adotada com frequéncia para pos- sibilitar o atendimento de parametros legais da qualidade do efluente. "Sistemas de Tratamento de Esgotos Domeésticos £ possivel também a remogio biol6gica de nitrogenio nos casos em que ele excede as concen traces previstas na legislagio, sendo esse tipo de sistema um pouco mais complexo. E necessério observar que esses sistemas so dependentes da radiagdo solar tanto para a ocor réncia das atividades fotossintetizantes, como para a desinfecc4o do efluente. Mesmo em localidades com grande incidéncia solar, ndo haver radiacao no periodo noturno. 11.3.1.5 Lodos ativados convencional © sistema de lodos ativados convencional é destinado 4 remogo de carga organica com alta eficiéncia. Apés o tratamento preliminar, cujo materi realizada em uma unidade denominada decantad O efluente do decantador primério é recebido em um dario, identificado comumente como tanque de lodos ativados (Fi ‘a 11.6 ~ No tanque de lodos ativados, a produgao de microrganismos ¢ estimulada a partir da aeragio artificial. Os organismos, para manutengao de suas atividades vitais e de reproducao, consomem a maté- ria orginica. O carbono passa a fazer parte das novas células como material construtor, além de se converter em gas carbénico e Agua. Os flocos bioldgicos gerados no tanque de lodos ativados sedimentam em uma unidade de decantagao secundaria, permitindo a saida do efluente liquido clarificado. Tratamento de Agua e Efiuentes ~ Fundamentes de Saneamento Ambiental e Gestéo de Recursos Hidticos O lodo gerado, originado do material biolégico sedimentado (lodo secundério), é drenado e tratado em conjunto com 0 lodo do decantador primério (odo priméario), ambos provenientes da fase liquida do processo de tratamento, Essa etapa é conhecida como tratamento da fase sdlida, em contraposi¢ao ao restante do processo de tratamento, que é chamado de tratamento da fase liquida até a saida do esgoto tratado, O lodo seré adensado em adensadores a gravidade ou do tipo que opera por flotagéo por ar dissolvido (FAD). Apés a redugdo da umidade do lodo, 0 mesmo sera digerido em reatores anaerdbios, onde haverd a mineralizacio do material orginico ea producio de gas metano, entre outros compostos. O lodo mineralizado sera desidratado em filtros, prensas ou centrifugas e encaminhado para sua disposicao final. Sao algumas alternativas para a disposi¢ao final do lodo: atertos sanitérios (solugao que tende a ser minimizada em fungio da politica nacional de residuos solidos), uso na agricultura e coprocessamento. O coprocessamento é uma pratica recente, na qual no apenas o lodo, mas também outros residuos sdlidos tem sua capacidade calorifica identificada; entio, sio misturados para gerar com- postos de capacidade calorifica desejavel, com valor comercial. Misturas de coprocessamento séo comercializadas hoje, por exemplo, para a alimentagao de fornos de industrias cimenteiras. Quando sao sensivelmente reduzidas as concentracées de matéria organica no reator de lodos ativados, o tratamento pode ser potencializado. Na auséncia de nutrientes, os microrganismos passam a se alimentar uns dos outros, sendo essa a chamada fase endogena. A ocorréncia da fase endégena aumenta a eficiéncia do tratamento em termos de remogao de matéria organica, aumenta o nivel de mineralizacao do lodo gerado, que passa a ter seu volume reduzido, diminuindo a emissdo de odores. Sao duas as formas de promogao da fase endégena: a aeracio prolongada e a recirculagao de lodo. Na aeragao prolongada, o tempo de detencao hidraulica do esgoto no tanque é elevado em muitas vezes, de tal forma que sejam otimizadas a remocao de matéria organica e a mineralizacio do lodo. O lodo sedimentado no decantador secundario dispensa digestao posterior. Ao utilizarmos a recirculacao de lodo, o efluente liquido segue para seu ponto de disposigao e 0 Jodo retorna para 0 reator, aumentando em até 300% a concentracao de microrganismos no tanque de lodos ativados, tornando-os vidos por alimentos (fase endégena) e promovendo um aumento significativo na taxa de remogdo de matéria orgénica, além de aumentar o grau de mineralizacao do Jodo. A digestao do lodo ainda é necessadria nesse caso. ‘Sistemas de Tratamento de Esgotos Domésticos 41.3.1.6 Reator anaerébio de fluxo ascendente O reator anaerdbio de fluxo ascendente (RAFA) - conforme Figura 11.7 - também conhecido como upflow anaerobic sludge bad reactor (UASB), ¢ considerado hoje uma unidade de tratamento para redugao da carga orginica por meio da decomposi¢ao anaerdbica do material orgdnico que tra- balha em conjunto com outras operacoes de tratamento, como lagoas facultativas ou aeradas. ‘Assim como as lagoas anaerdbias, 0 reator reduz significativamente a carga orginica, embora, nao atinja os parametros da legislacdo relativos ao langamento de efluentes associados a carga orga- nica, assim como as concentra¢ées de oxigénio. ‘ A principal vantagem apresentada pela constituicac anaerébias, é a sua maior efetividade. aa eet ed eS) ‘o RAFA, as campanulas retém os flocos e os gases, permitindo a saida do liquido com carga de matéria orginica reduzida. Figura 11 Cada floco biol6gico formado pode ser considerado uma estagao de tratamento, pois abriga microrganismos especializados na decomposi¢ao completa da matéria organica. 0 de ‘A decomposicao pode ser categorizada em linhas gerais, assim como a seguinte suc decomposigées: matéria orgénica complexa > menor complexidade > dcidos organicos de maior complexidade > Acidos orgénicos de menor complexidade > dcido acético > metano Devemos lembrar que, da mesma forma que a produgio de oxigénio pelos organismos fotos sintetizantes nao elimina a respiragio dessas células com a respectiva geragdo de gas carbénico, © mesmo ocorre na producio de metano. No RAFA, os gases € 0s flocos bioldgicos formados na decomposicio sao temporariamente mantidos no reator de tal forma que os flocos permanecem reti dos e flutuantes, favorecendo o contato dos microrganismos com 0 esgoto a ser tratado e aumen tando o desempenho do reator anaerdbio. O fundo do reator é projetado para reter lodo por perfodos consideraveis para que o patamar de mineralizacao do material retido no exija outra unidade de tratamento, além da desidratagio, como é mostrado na Figura 11.8. Tratamento de Agua e Efluentes ~ Fundamentos de Saneamento Ambiental e Gestdo de Recursos Hid'icos rtossrsterick Figura 11,8 ~ A desidratagdo do lodo de lagoas e do RAFA pode ocorrer em leitos de secagem. Os Angulos da campanula sao o critério de dimensionamento responsivel pela retencdo dos sélidos. Internamente, 0 reator direciona o gas para um ponto de coleta e mantém os flocos até que eles sedimentem e sejam mineralizados no fundo, como indicado na Figura 11.8. A saida do lodo ocorre propelida pela pressao hidraulica, fornecida pela coluna de esgoto den- tro do reator, no ponto de descarga de fundo. O tratamento de esgotos que faz uso de biodiscos pode ser utilizado tanto em tratamentos aerdbiocos (Figura 11.9), situacdo na qual fica parcialmente submerso no esgoto, como em tanques anaerdbicos. HedySteerstock com A utilizagao de biodiscos € uma alternativa versitil e adaptivel ao atendimento de comunidade de diversos portes. Figura 11.9 de Tratamento de Esgotos Domésticos 0 objetivo de sua utilizagéo éreter,em sua superficie, os microorganismos decompositores (rea tor de leitofixo), permitindo a passagem da fase Iiquida tratada e induzindo a fase end6gena. Existem também outros tipos de reatores de leito fixo. Eles podem ser utilizados desde as con- figuragdes mais rudimentares, nas quais os microrganismos se desenvolvem na superficie de rochas (filtros biolégicos), até elementos hidrodinamicos de alta performance. O fato dos elementos estarem submersos ou nio, ou o seu arranjo em série, também interfere no tipo de remogao promovida, como remogao de carbono (configuragio submersa) e remogio de nitrogénio. 11.3.1.8 Tratamento com plantas Os tratamentos com plantas, ow wetlands, sto formas de reducao de carga orginica ou de nutrientes, utilizando-se macréfitas e microoganismos como agentes de remogao. , Y (descendentes ou ascendentes). % [As wetlands podem ser aqusticas ou subs Esgoto afluente Bomba para efluente ™ Efuente tratado » Barreira impermeavel Figura 11.10 ~ As wetlands sao utilizadas para o tratamento descentralizado de esgotos doméstico com maior frequéncia nos EUA e Europa. Espécies como aguapés, taboas ¢ 0 capim brachiaria podem ser utilizadas no tratamento de esgotos. a de © Tratamento de Agua ¢ Efluentes ~ Fundamentos de Saneamento Ambiental e Gestéo de Recursos Hidricos As wetlands sao frequentemente dispostas em série, na natureza, como podemos observar na Figura 11.11, Wetland costeira ee. at Lago—» Brejo 2e* LE; a pale cos ote RS lo gl notated simulando a disposigio das reas iimidas lanai ‘ | | “a {2 = nivel ato do lago = nivel méo do ago b= nivel bao do lago ~~ nivel da dgua subterénes Figura 11-11 ~ Para possibilitar a otimiza¢ao da performance, as wetlands arificiais devem ser utilizadas em configuragses de série proximas as observadas na natureza (International Joint Comission - Lake Ontario) As wetlands podem ser utlizadas em reservatorios e represas, como ilhas artificiais de plantas, Para a promocéo da melhoria da qualidade das 4guas, como um método de bioremediacio, Ast -4 Tratamento por batelada Quando os volumes tratados e o dimensionamento da operacio permitem, no lugar do tratamento continuo, adota-se o tratamento de es- gotos por batelada, geralmente asso- ciado ao processo de lodos ativados convencional. Sao utilizados entre dois ou trés reatores, que funcionam alternadamente. LarieriShutersock com O processo é bastante apropria- do para casos em que o volume gerado é pequeno, além de ser produzido de forma irregular. £ dificil realizar 0 controle ope- racional de processos de qualquer na- tureza quando as variagées de fluxo Figura 11.12 ~ Os reatores por batelada sio dispostos em so abruptas ou significativas. conjuntos para que possam operar alternadamente. ‘Sistemas de Tratamento de Esgotos Domésticos

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