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“KONNAKOL ~ A LINGUAGEM DO RITMO”: UMA ABORDAGEM PARA 0 ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DA MUSICALIDADE ATRAVES DA PRATICA DO KONNAKOL iTALO R. BERNARDO', PAULO CESAR SIGNORE ‘Graduando em Produgto Fonosrfica - FATEC - Tati, E-mu: itloriber @ameil com 2professcr-oriestador “Curso de rodugao Fonografica -FATEC - Tati. E-mail: pignori@hotmnl com RESUMO. © presente artigo tem como objetivo apresentar, de forma sucinta, algumas propostas de exercicios pata o aprimoramento da musicalidade e da criatividade a partir de uma ferramenta pedagégica e de performance utilizada no sul da india: 0 Konnakol. Inicialmente, faremos uma breve explanacto dos termos, procedimentos e priticas comuns e, em seguida, nos concentraremos nas propostas de desenvolvimento do tema apresentadas por Alex Ostapenko em seu workshop “Konnakol: a linguagem do ritmo”. PALAVRAS-CHAVE: musicalidade. improvisagao. miisica indiana. 1. INTRODUCAO Muitas sto as abordagens ¢ maneiras de utilizar o ritmo, independente de sua origem, Proveniente do sul da India’, 0 konnakol consiste na execucio de ritmos, algunas vezes muito intrincados, através do solfejo de silabas e da marcago dos tempos musicais com as mos. ‘Aparentemente simples em primeira andlise, o konnakol esta, segundo NELSON (2008). entre os sistemas ritmicos mais sofisticados do mundo, podendo contribuir para a percepcto ritmica em praticamente todas as formas de nnisica ‘Através de pesquisas em grupo e desenvolvimento de atividades teéricas e priticas em sala de aula, descobrimos ser o konakol uma ferramenta de grande valia para o desenvolvimento ritmico. Iniciamos o grupo de estudos sobre essa pritica na Fatec Tatui, em fevereiro de 2013, buscando através dos encontros expandir os horizontes dos interessados em ampliar as possibilidades de desenvolvimento oferecidos pela disciplina “Ritmica”, do curso de Produga0 Fonogtifica da FATEC Tatui. Ao longo dessa empreitada, fomos descobrindo como utilizar o konnakol de maneira sucinta e inteligivel para os patticipantes do grupo. Isso rendeu algumas palestras como “Uma Introdugao a0 Konokot", apresentada no “VIII Simpésio de Ciéncia e Tecnologia” da Faculdade de Tecnologia de Tati e “A Danga Classica ¢ a Miisica Tradicional do Sul da india: Das Antigas Escrituras Para 0 Mundo”, apresentada no “Dia das Nagdes” na UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba Continvando nesse ambito de pesquisas, desenvolvimento ¢ aprimoramento do conhecimento adquitido, este artigo propde documentar as priticas do komakol sugeridas no workshop de Alex Ostapenko, além de apresentar uma breve comparac2o entre a abordagem do assunto pelo mesmo € 0 que fi sugerido nos livros utilizados durante as pesquisas do grupo de estudos em misica popular da Faculdade de Tecnologia de Tatui. 1 Regio que mantém as priticas tradicionais da india de maneica mais acentuada quando comparado ao norte do pais. 2 Existem diferentes grafias para a mesma palatva, “Kenaakol” foi a graiiautlizada por Ostapeako e “Konokol” & a grafia silizada por David Nelson 2. A PRATICA DO KONNAKOL Na INDIA E NO OCIDENTE Na india - diferente do estudo visual adotado através das partituras no Ocidente - a percepgdo musical ¢ mais amplamente trabalhiada através da oralidade e da percepe%o auditiva. Os ensinamentos naquele pais eram passados de forma oral através dos gurus e, em algumas situagdes, ainda hoje ¢ feito dessa maneira, contudo, é possivel encontrar algumas notagdes para 0 kormakol.? ‘A partir dos anos 1960, 0 konnakol comecau a ser popuilarizado nos EUA e na Europa, atraindo assim muitos estudiosos interessados em novas musicalidades e percepcdes diferenciadas. A grande procura culminow na criagio de uma nova disciplina para a grade curticular dos cursos de maisica nesses paises. Denominada “orld Music”, a disciplina trazia atistas de lugares como Africa, India e Indonésia. Isso foi muito importante para @ aproximacao dessas diferentes umsicalidades © para o deseavolvimento de novas maneiras de se traballiar com elas. Mesmio havendo essa aproximacao da miisica tradicional indiana com o Ocidente hé mais de 50 anos, pouco ouvins falar sobre o assunto no Brasil. A escassez ou praticamente inexisténcia de material cientifico e/ou didatico dedicado ao assunto em nosso pais € um dos fatores que nos leva a desenvolver esta pesquisa e buscar incrementar o escopo de possiblidades de se trabalhar coma disciplina de Rittmica emcursos de misica, além, é claro, do seu desenvolvimento nos mais variados Ambitos em que a ritmica musical tenha importincia 3. POR QUE ESTUDAR 0 KONNAKOL? A partir de 1960, com sua insercfio no meio ocidental, 0 konnakol se tornou uma ferramenta ptitica sofisticada para aqueles que buscavam aprimorar 0 senso ritmico e ampliar as possibilidades de desenvolvimento de novas musicalidades. Nelson (2008) atribui a interacdio do Ocidente com 0 konnakol por conta de trés importantes caracteristicas intrinsecas & sua pritica: portabilidade, musicalidade inerente e contianga fisica. Por se tratar de uma pritica ritmica “vocal”, o konnakol cartega consigo esse carter portitil. Ele pode ser estudado e executado em qualquer momento e local, sem a necessidade de um ambiente adequado para isso. ‘A musicalidade & facilmente percebida através do solfejo das silabas. Essas silabas fornecem diferentes sonoridades, variando entre fonéticas que sugerem sons mais graves, agudos, curtos ou longos*. O resultado disso é diferente daquele observado no solfejo tradicional feito com nimeros (1, 2 3,4) ou silabas repetidas (Ta, Ta, Ta, Ta). A confiabilidade que © konnako! fornece para o estudante vem através da interagio entre peusamento, solfejo e gestos com as mos, Nelson (2008) afirma que por se tratar de wm tniico individuo interagindo com seu proprio corpo, facilmente se percebe quando algo esté fora de conexio. Isso possibilita agilidade na compreensio e correcao das imperfeigdes, tomando 0 individuo mais égil e preparado para enfrentar ritmos cada vez mais complexos. ‘Além desses trés fatores citados por Nelson, 0 Konnako/ também pode ajudar na memorizagao e concentracao, imprescindiveis para o fazer musical. A memoria e a concentragao sao muito acessadas para a execucao de padres ritmicos extensos, bastante comuns a pritica do konnakol. 4. PRINCIPIOS BASICOS. 2 Vale ressalter que nto existe ma notagdo padronizada, podendo asim existe al por indiviuios que nio seam provenientes da mesma excala de ensino * Don, Tom sto silabes que sugeremn sons mais graves elongos. Dis, Tim sugerem sous mais agudos¢longos. Tak, Tk sigeren sone mais agudos ects. Ge, Na sigerem sone mie graves etiton umas notagbes pratcamente indeciftiveis Toda a base para o desenvolvimento do Konnakol esta na utilizarao de trés diferentes conceitos, so eles: 0 gati, a tala e 0 jatt. Gati esta relacionado as silabas cantadas no konmakol e também a variacao de velocidade aplicada a.cada uma delas. E 0 gari quem determina, por exemplo, se ser cantada uma silaba por batida® ou uma silaba para cada subdivisto® ete. i] Da’ 2| Ta | Ka 3/ Ta | Ki [Ta 4) Ta | Ka | Di | Me Ta_| Ka | m | Na S| pa | bi [| Gi [Na | Dum 6} Da | Di | - | Gi | Na | Dum Da_| - | di | Gi | Na | Dom 7) pa | - [| Di | - Gi_| Na _| Dom 9) Da | - | Dif - Gi - Na | - [Dum Ta | Ka | Di | Me | Ta | Ka | Ta | Ki| Ta Tabela 1 - Gatis Tala & a marcacao do ciclo musical feita através de trés diferentes gestos com as mfos. Cada tala ‘tem uma sequéncia especifica desses movimentos que ser apresentada em tabela logo adiante. As ralas podem ser associadas ao que conbecemos tradicionalmente como métrica de compasso, contudo, existem algumas peculiaridades que a distinguem desse conceito. Como afirma Nelson (2008), a rala pode ter meétrices muito maiores do que qualquer métrica ocidental, variando de 3 29 batidas por ciclo. Outra diferenca relevante & a maneira de gerar acentuagdes a partit das raias. Enquanto no sistema ocidental no compasso de 3/4, por exemplo, pressupde hierarquia em relacdo aos acentos naturais (forte, fraco, fiaco), na misica indiana quem gera diferentes acentuagdes durante 0 uso das falas s2o as frases usicais criadas com os gatis. O jati € um elemento essencial para a construcao das falas. Ele determina a quantidade de batidas presente em um dos trés diferentes movimentos executados com as mios durante a tala. O movimento que depende do jari & conhecido como lagu. Ele tem 5 variacdes que vio de 3 a 9 batidas e consiste em ‘uma palma seguida de contagem de dedos, comecando pelo dedo minimo indo em directo ao polegar* O Jagu esta presente em praticamente todo 0 repertorio da misica carndtica, exceto nas chapu talas’, ‘Além do Jagu, tentos também 0 ami-drutam, que representa apenas una tinica palma isolada, € 0 drutam, que representa tim movimento de duas batidas, comegando por uma palma seguida por um toque com as costas da mao. A seguir, seguem 2s fotos para maior compreensto dos gestos com as mis ea tabela de movimentos de cada sala: = Na pritin do konokol,eada pub ou batida regular & conhecido como aishara « Sulbdivisfo ¢conlesida como nadai, mas tambem pode ser vsto 0 ezprego da palavra gat com o mesmo sentido 7 Assilabas em negrto devem ser executadas com una lev acentuagio ~ um poco mais fort = em relago as demas slabs. Como uma palma seauida pela contagem de dedos de wna mao em direso ao polesnr vai resultarem apenas 6 batidas para ¢ lagu, para totalizar 9 batidas contamos novamente com os dedos minim, anelare métio. # Bas so formas mais modernas de marcagdo, que fazem uso de pausas entre una batida e outrae gerelmente so tlizadas para compassosimpares. ANU-DRUTAM (U)"" DRUTAM (0): cata 0 anu-druzam ex uma notaga conhecida como anga. Nessa mesma notagdo a letra “O” representa 0 dhunams e alta “I” sepresenta 0 lags TALA NOTACGAO ANGA Dhruva | 10 Matya [101 Rupaka | O1 Jhampa | 1U0 Triputa [100 Ate 100) Eka U Tabela 2 - Quadro tradicional das falas, conhecido como Sulaci Sapta Tata. 5. 0 WORKSHOP: “KONNAKOL ~ A LINGUAGEM DO RITMO” © workshop “Komako!~ a linguagem do ritmo”, ministrado por Alex Ostapenko, ocorreu nos dias 27 e 28 de agosto de 2014, no Espaco Laboriosa, em Sto Paulo, Conforme consta no cartaz de dlivulgagto do evento, a proposta do encontto seria: “Aprender as bases desta linda ¢ forte linguagem; Praticar com padroes ritmicos diferentes; Aprender a eriar seus préprios ritmos e improvisar sobre eles; Entender como aplicar Konnakol em qualquer instrumento musical, além da pereussao"" Ao todo, foram pouco mais de seis horas, divididas entre os dois dias. Ali foram abordados princfpios do konnakol, exercicios introdutérios, composi¢ao ¢ criacao de temas ritmicos utilizando omakol e percussio corporal. Além disso, no segundo encontro, no dia 28 de agosto, praticaram-se exercicios de improvisacao. Durante alguns exercicias de sofkattu’”, Ostapenko executou a kanjira instrumento de percussio tipico ua mnisica do sul da india, Foi bem interessante notar a estreita relacio dos sons das silabas com os sons produzidos pelo instrumento de percussto. Figura 1- Kanyjira ‘A seguir, relataremos algumas das propostas de estudo e exercicios apresentadas nos dois encontros. Embora o palestrante no tenha dividido as atividades de forma segmentada, mas sim com bastante fluéncia logica na mudanca de um exercicio a outro, optamos por apresenti-los separadamente ppara melhor compreensto. 5.1. Dia 1; atividades no primeiro encontro Como uma parcela dos patticipantes que assistiram 20 workshop no conhecia 0 konmakol, no primeiro encontro, o palestrante apresentou o que é 0 Konnakol. onde é praticado e. a partir de entio, apresentou as silabas basicas utilizadas. Relatou também um pouco de sua experiéncia com o konnakol e suas viagens 4 India para aprimoramento na técnica. + Cartaz do evento. Disponivel em , Acesso etn: 09 Set. 2014, Solkactu& 0 solo dos garis sobre a marcagao de wana ala, Quando executado ex um concerto piblico é chamado onal ‘Logo nos primeiros exercicios®, verificamos difereacas significativas das propostas apresentadas por Alex em comparagao aquelas sugeridas para o estudo do konnako! pelos livros" que abordam 0 assunto, Foram apresentadas as silabas e palavras utilizadas para as diferentes combinacdes ritmicas basicas. Importante ressaltar que, neste artigo, estaremos empregando os termos ‘silaba’, ‘agrupamento’ e ‘combinagdo de agrupamento' com significados especificos. Por exemplo para 4 utilizamos TaKaDiMe. Chamamos de silaba cada parte ou subdivisdo (Ta, Ka, Di e Me). A combinagdo das silabas formam os agrupamentos (TAKaDiMe) e a combinacao de agrupamentos formam as frases ritmicas. Portanto: Silabas: Ta, Ka, Di e Me (separadamente) Agrupamentos: TaKaDiMe Combinacao de agrupamentos (frases): 30+ 4 4 3 Takia | TakaDiMe | TaKiTa Noawe) JTd | STII | JTd ocidental | , > Tabela 3-gatis em notacio ocidental Ta Tak Tun Tw 1) Da Dum Di Din Na Ta | Ka Ki | Ta Di | Na Ki | Tu Ta | Ri Ti_| Ku Ta | Ki) Ta 3] Tari | Kita | Tak pis | Ki | Ta Ta’ | - | age To | - | age 4) Ta | Ka | Di | Me Ta | Ka | mu | Na Taka | Tari | Kita | Taka Kita | Kita | Tari | Kita Ta _|ton| - | ne ¥ 4 maior parte dos exercicios sugeridos foram executados com todos os participantes sentados, com as cadeiras dispostas em roda. Alguns exercicios foram executados em pé elon caminhando pelo espaco da sala onde ocorreram os encontros. 4 4s principais referencias a que nos remetemos sto: ISLER (2005), MeL AUGHLIN. NELSON (2008), ROGERS (2012), CHANDRAN (2007). + DIKiTa: Mais utlizada por dansarinos(es). 48 8 eserta 6 “Ta—nge” ea prontincia & como se fosse “TainGe”, ‘VINAYAKRAN (2007), 3] Da | Di | Gi | Na] Dum Ta | Ka | Ta | Ki | Ta 6; Da | Di | - | G | Na | Dam Da_| - | pi] Gi_| Na _| Dum Da) - | dD] - Gi | Na | Dum 7) ta | - | Til - Ki Ta | Tum Ta | Ka | Di | Mi | Ta Ki Ta Tak | - | Dum| - Ta Ki Ta Tabela 4- Variagdes de gatis Mesmo esclarecendo que podem existir variagbes das silabas para cada agrupamento (I- Da, 2- TaKa, 3- TaKiTa....) dependendo da regiao da India ou mesmo do guru, tanto MCLAUGHLIN & ‘Vinayakran (2007) quanto Nelson (2007) sugerem 0 uso de silabas fixas para cada agrupamento. Por exemplo, para "2" usar preferencialmente "Taka durante toda composicao ritmica. Dentre os exercicios iniciais praticados no primeiro encontio, Ostapenko propés o uso da combinacdo aleatéria para cada agrupamento, Ou seja, para "2" poderia usar "TaKa", "TiKu" ou "DiNa", numa mesma composicio ritmica. Percebemos que a vantagem dessa abordagem é que as diferentes combinacdes com distintas silabas nos agrupamentos acabam gerando frases ritmicas imbuidas de musicalidade e fluéncia. Portanto, a simples flexibilidade para o uso de diferentes combinagdes silibicas para um mesmo agrupamento pode ser uma fonte geradora de inspiracao. Dindmical: Explorando as silabas e agrupamentos Todos os participantes ficaram em roda marcando pulsag2o e cada um falava uma silaba para o "1" (Da, Tak, Tum,..). Em seguida, marcando a mesma pulsagto, cada participante falava o agrupamento para "2" (TaKa, TaRi...). A regra do jogo & que as silabas mo fossem repetidas imediatamente na sequéncia da roda, ou seja, Se 0 patticipante “1” falou "TaKa’, o participante “2 poderia falar qualquer combinacao para "2", menos 0 "TaKa" Todos os exercicios propostos nos dois encontros foram executados com voz e a marcagao da pulsac2o com palmas, sem a execurao de uma ‘ala especifica. Esse € outro procedimento proposto por Ostapenko que se difere da pritica orientada por Nelson (2007) e Isler (2005). Nesses livros, bem como na video-aula de Mclaughlin & Vinayakran (2007), é sugerido que se pratique o konnakol utilizando a contagem dos ciclos com as ralas. Percebemos que a pritica do konnakol . sem as ‘alas, mesmo que num primeito momento facilite a execugto das frases ritmicas com a voz, parece prejudicar quando se trata de ciclos menores ou maiotes que a “adi tala”*’. Embora os livros meneionados anteriormente vinculem o solfgjo das silabas com a execucto de diferentes ralas, quando questionado sobre isso Ostapenko mencionou que, na experiéneia de aprendizado que ele teve na india, seu guru Subash Chandran trabalhou somente com a “adi tala”. Mesmo assim, Ostapenko no propés em momento algum o uso da “adi tala” em seu workshop. mas somente a marcaco dos pulsos com palmas. Dindmica 2: Combinacdes de agrupamentos a partir de formulas aritméticas, Foi sugerida uma formulacio aritmética: 445 Ciclo de 8 batidas, como se fossem 2 compassos de 44 na misicaocidental. Para melhor compreensdo da execusio da ‘adi tla” ver ISLER (2008) ¢ MeL AUGHLIN&® VINAYAKRAN (2007), aed 3334 A partir dessa formulacdo, os participantes criavam agrupamentos que correspondessem & formula aritmética, Por exemplo: +5 (9) TaKaDiMe + DaDiGiNaDum aed (-8) TaKaDiMe + TaKaluNa 3434344 © (13) TaKiTa + TaKiTa + TaKiTa + TaKaDiMe A ideia sugerida, a partir deste exercicio, ¢ a elaboragio de diferentes combinacdes de agrupamentos que resultem na mesma somatéria das linhas. Por exemplo: 4t5 (-9) TaKa + TaKaDiMe + TaKiTa aed (-8) TaKiTa+TaKiTa + TaKa 3434344 (413) DaDiGiNaDum + TaKiTa + DaDiGiNaDum © resultado soa interessante, pois as acentuagdes sugeridas pelas novas combinagdes de agrupamentos so completamente diferentes das iniciais, embora a somatéria aritmética das silabas nos dois exemplos seja idéntica Dinamica 3: Trikala - As 3 velocidades. ‘Um dos procedimentos usuais na miisica Carnética'®, e consequentemente no konnakol, & a trikala. Trata-se da execucdo de um mesmo agrapamento em 3 velocidades diferentes: velocidade inicial (x1). 0 dobro (x2) ¢ o quidruplo da velocidade inicial (x4). Pensando no agrupamento de"'3" -"TaKiTa", a execucto da mtkala se daria da seguinte forma: Velocidade inicial (x1) [Ta Ki Ta (2) Ta Ki Tata KiTa (x4) TaKilaTa | KilaTaKi_| TaTaKiTa Pulsagdo constante I 2 3 Tabela § -Trikala ‘Nessa atividade, Ostapenko sugeriu a execuedo da ‘rikala com alguns agrupamentos distintos. imica 3: Jogo com cartes. "8 Cura tvedicional do eal da India Primeiramente, cada um dos oito integrantes do grupo escolheu aleatoriamente um dos diversos cartdes que Ostapenko tinha em suas mios. Cada um desses cartdes representava uma batida e tinha escrito nele uma silaba, um agrupamento ou wna frase que deveria ser executada durante a brincadeira. Posicionamos cada cartdo na ordem sequencial que nos parecesse mais musical. Dispostos em oda, todos os oito integrantes marcavam a pulsagao juntos, porém cada um cantou 0 que estava escrito no seu proprio carto. Logo apos essa maneita de execugto, todos continuavam marcando a pulsag2o e cantavam ao miesmio tempo a sequéncia criada pelos ito cartdes. © divertimento estava em encontrar sequéncias para os cartes que fossem mais musicais. Caso no conseguissemos com 0 que havia escrito naquela face do cartio, 2 outra face tina também uma silaba, agrupamento ou frase relativa contendo - além do primeiro padrio escrito - pausas e variagdes, que tormavam o desenvolvimento ainda mais musical Nessa dindmica, Ostapenko também nos apresentou 0 conceito de fiases rapidas, as quais ele nomeia “farans”. Sao frases formadas através dos mesmos agrupamentos mostrados anteriormente, porém, com maior velocidade. Até este momento, as fiases tinham sido traballiadas com o equivalente a semti-colcheias. Os agrupamentos em “farans” podem ser relacionados as fusas no sistema niusical do Ocidente™. Da mesma maneira, wilizanios os “farans” pata ctiar frases e executar et grupo. Foi interessante observar que, mesmo de maneira randémica™, os agrupamentos formados soaram muito bem e poderiam ser executados de diversas maneiras diferentes, porém, j mio tinhamos mais tempo para prosseguir e a oficina acabou neste dia 5.2. Dia 2: atividades no segundo encontro Dindmica 4: Contraponto ritn Esta atividade é essencialmente aquela sugerida na ‘dinmica 2', realizada no workshop no dia anterior. A diferenca ¢ que os participantes foram divididos em dois grupos e cada grupo executava simultaneamente duas combinagdes de agrupamentos distintas, mas que na somat6ria aritmética fossem iguais. Ou seja, no final de cada ciclo executado, os dois grupos terminavam juntos ¢ iniciavam novo ciclo. O resuitado sonoro deste exercicio proposto era uma polirritmia”* bastante interessante Exemplo: Executavam simultaneamente. Participantes - grupo A TaKaDiMeDaDiGiNaDum (9) TaKaDiMeTaKaluNa___(8) Participanies - grupo B TakaTaKaDiMeTaKita (9) TaKiTaTaKiTaTaKa (8) Tabela6 -Desenvolvimento e execugio simultinea dos exercicios Dindimica $: Contraponto ritn ico com percussio corporal, E semelhante a dindmica 4 com acréscimo de acentos executados com os pés, alternadameate. Neste exercicio, algumas ideias foram executadas com todos os participantes se movimentando pelo espago da sala onde o workshop aconteceu. Percebemios que esse exercicio propde uma abordagem do ormakol que nio haviamos encontrado em nenbuma das referéncias bibliogrificas que utilizamos para Cada semincoleheia representa 1/4 de tempo ¢ cada fsa representa 1/8 de tempo. Manta aleatria de seleionas os agrupmneatos 2 Polite: lias stmicosdstinta exeentadas sunltanemente. esta pesquisa. Ou seja, da aproximacao de duas atividades muito eficazes para o desenvolvimento da auusicalidade e criatividade: o konnakol e a percussio corporal. Dindmica 6: Improvisagio Durante toda a dinimica, Ostapenko deixou em execucto um ritmo eletrénico ciclico que nos fez sentir mais firmemente a constancia da pulsacto. Mantendo o grupo em roda, comecamos a improvisar livremente a quantidade de compassos que nos fosse necessrio para desenvolver as ideias musicais que surgiam. Nao aplicamos a utilizagio de uma ‘ala especifica, comecando apenas com palmas ¢ postetionmente, durante as improvisardes, ficamos livres para complementar a improvisago dos demais integrantes do grupo com percussio corporal. Nessa dinémiica, fomos incentivados a utilizar o méximo de silabas, agrupamentos e fraseados musicais diferentes que nos ocorresse. 6. CONSIDERACOES FINAIS © kormakol, embora pouco estudado ainda no Brasil, mostra-se como uma ferramenta bastante eficaz para o desenvolvimento da musicalidade e da percepeto ritmica, Além disso, pode sugerir constitigdes ritmicas interessantes, capazes de serem aproveitadas no campo da composigo musical e improvisag2o, Sendo uma pratica estreitamente - mas nao estritamente - ligada 4 oralidade, temios pouco material disponivel sobre 0 assunto. Atualmente tem sido possivel o estudo e pratica do kormakol, fora da india, em fang dos livros publicados - especialmente nos EUA -, palestras, video-aulas, materiais, disponiveis na intemet e algumas poucas publicagdes de nivel académico, como artigos e/ou dissertacdes, Ein 2013, na Fatec-Tatui, desenvolvemos um trabalho de pesquisa sobre 0 assunto fonmando um grupo de estudos com os alunos do curso de Producdo Fonogrifica. © objetivo central foi praticar exercicios do kormako, além de refletir sobre a aplicabilidade deste estudo para 0 desenvolvimento da petcepcdo ritmica no estudo da mésica ocidental. Utilizamos como ponto de partida para os trabalhos especialmente as ideias apresentadas por Isler (2005), Mclaughlin Vinayakran (2007), Nelson (2008) € Rogers (2012). Os procedimentos de estudo propostos nesses materiais so muito semelhantes, tais, como: apresentacdo das silabas ¢ agrupamentos basicos. prética de estrutuas ritmicas compostas a partir da combinacto de diferentes agripamentos, pratica do konnakol utilizando as talas como marcagao com. as maos, wtilizacao de silabas especificas para cada agrupamento etc. No workshop “Komakol — a linguagem do ritmo”. Alex Ostapeuko apresentou outros caminhos para o estudo e pratica do konmakol, desvinculando-se de algumas tradigdes nomnalmente atreladas & esse estuco, tanto na India quanto na Europa ¢ nos EUA. Nesse sentido, algumas propostas de exercicios chamaram nossa atencao, como por exemplo: nos exercicios iniciais nao foi requerido que se marcasse 4 tala com as mAos - apenas a pulsacao; nos agrupamentos havia liberdade para utilizagao das diversas silabas; alguns exercicios foram vinculados a percuss4o corporal - utilizando diferentes partes do corpo para marcar alguns acentos; foram executados composigdes ritmico-musicais em konmako? com contraponto - dois grupos cantando diferentes combinacdes ce agrupamentos ritmicos ao mesmo tempo. Concluimos que © uso do konnakol, com a liberdade para modificagdes nos procedimentos de estudo, como aquelas propostas por Alex Ostapenko, e a livre utilizagao fora do contexto onde normalmente 0 konnakol aconteceria (no caso da india, no estudo dos instrumentos, na danga ou em. performances), pode alavancar as possibilidades de utilizacao dessa pritica no ambito do estudo de miisica vinculado & tradiedo ocidental, especialmente nas aulas de ritmica, percepeao e improvisacdo. REFERENCIAS CHANDRAN, Vidwan Sti T. H. Subash, The Artistry of Ghatam and Konnakol: South Indian Pot and Vocal Percussion. (DVD) OM presents. 2007. ISLER, Todd. You can Takadimi this: Improve and Expand Your Rhythmic Sences Precision New York: Geral&Sarzin Publishing Co., 2005. McLAUGHLIN, John and VINAYAKRAN, SelvaganeshGanesh. The Gateway to Rhythm. (DVD) Abstract Logix, 2007 ‘NELSON. David P. Solkattu Manual: An Introduction to the Rhythmic Language of South Indian ‘Music. Middletown; Wesleyan University Press, 2008 ROGERS, Glenn. The Application of Konokol to the Guitar Improvisation and Composition, Disponivel em:

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