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E.E.E.M.

JULIA PASSARINHO
DIRETOR(A): DILMA CARDOSO
PROFESSOR(A):
ALUNA: KELVIANE NUNES
DISCIPLINA: FILOSOFIA

O GRITO DA NATUREZA

CAMETÁ/PA
2022
DESENVOLVIMENTO
A linguagem é a forma principal de comunicação, qual sem ela, nada seria
nomeado e nem haveria como interligar palavras aos fatos e ideias; tendo a linguagem
falada uma importância básica e essencial. A origem da linguagem humana remonta
tempo imemoriáveis, os tempos que começou haver necessidade de identificar as coisas
e até mesmo exprimir alguma sensação.
Essa explicação, a de exprimir sentimentos, é qual Rousseau firma a origem da
linguagem. O filósofo supôs que a linguagem humana se desenvolveu num ritmo
gradual, partindo da necessidade de exprimir sentimentos até chegar às formas mais
abstratas de linguagem, que teria sido usada pelos primeiros seres humanos em
situações de perigo ou alivio de dor física, mas era inicialmente de uso em situações
como essa, “automáticas”. Rousseau chamou isso de grito da natureza, o primeiro
indício de linguagem humana.
Com o tempo então, a expressão da linguagem falada seria usada em outros
contextos, como na interação entre as pessoas em contextos diversos, qual a linguagem
então passaria a evoluir num corpo de termos e significados.
A razão a qual fez com que Rousseau caísse inevitavelmente no embolo das
palavras foi precisamente pelo fato desse pensador estar obstinado a analisar a origem
da desigualdade entre os homens (daí o titulo de sua grande obra) e, portanto, de
descobrir a origem das línguas uma vez que, se tomarmos a sociedade já estabelecida
como inventora da linguagem, esta ultima é necessária para que os homens tenham uma
certa correspondência entre si. Então, além de fazer a Inter correspondência entre os
homens, para o filósofo francês, a linguagem permeabiliza a propagação das
desigualdades, por assim dizer.
Por outro lado, somos indubitavelmente devedores ao uso da linguagem, pois é
ela quem exerce e facilita as operações do espírito. Assim, ao analisar a origem das
desigualdades, Rousseau pensou que houve a necessidade dos homens em usar as
palavras para poder pensar, mas o homem também teve muito mais necessidade em
pensar para poder expressar através da linguagem. Podemos dizer, então, que a
necessidade em ordenar o espírito através da linguagem e pensar para criar a arte de
expressar em palavras é um fato que ocorreu, em sua gênese, de forma simultânea.
Recorrendo e adentrando mais na origem das línguas, Rousseau afirmou que a
primeira linguagem do homem foi o que ele chamou de “grito da natureza”, que foi a
necessidade mais básica para a utilização da linguagem. Dessa forma, os gritos da
natureza seriam reflexos do instinto humano, como, por exemplo, um pedido de socorro
em ocasiões de perigo. Quando o homem foi deixando aos poucos os instintos mais
moderados para substituí-los por ideias e instintos mais expressivos, ao passo em que o
homem requeria uma comunicação mais estreita, as inflexões da voz foram
multiplicadas e incorporadas também aos movimentos gestuais. Assim, os objetos
visíveis e móveis já poderiam ser exprimidos e descritos por meio de gestos. Porem,
pelo fato dos gestos somente indicar objetos simples e fáceis de descrever, em se
tratando de uma descrição mais detalhada de um objeto mais complexo, há a
necessidade de articulação dos sons emitidos pela voz para que de fato haja relação
entre os objetos descritos e as ideias correspondentes a eles. Entao, em uma perspectiva
socializadora da linguagem, a substituição dos gestos pelos sinais emitidos pela
vocalização é uma atividade que necessariamente deve ser consenso entre os homens.
Com efeito, desdobrando mais sobre o desenvolvimento da linguagem, a análise
de Rousseau implica em uma semântica ao atentar para a decomposição da linguagem
nos “homens selvagens”. Dessa forma, nos homens primitivos, o significado das
palavras era muito mais extenso do que a significação que atribuímos ao vocabulário
das línguas já formadas. Em detrimento do desprezo do homem primitivo em relação às
partes constituintes da linguagem, a significação de uma afirmativa consistia somente
no sentido da proposição inteira, ou seja, o conjunto dos sinais instituídos articulados
através da voz era somente compreendido em sua totalidade, não restando a
possibilidade, portanto, de significados em sinais isolados.
Contudo, a sofisticação da linguagem primitiva foi se estabelecendo ao passo em
que começaram as distinções entre o sujeito do predicado, o nome do verbo. Neste
estágio mais complexo da formação da linguagem já se era possível fazer referência a
um objeto particular através de nomes próprios e, portanto, também já se era possível
atribuir adjetivos aos nomes. Evidentemente, essas atividades no seio da linguagem
exigiu um grande esforço do homem, onde as abstrações são operações difíceis e
penosas e pouco naturais. É precisamente nesta fase de formação da linguagem que eu
destaco a originalidade e a contundente filosofia da linguagem em Rousseau.
Como já expresso acima, Rousseau afirmou que nesta fase de formação da
linguagem já se era possível fazer referencia a um objeto particular com um nome
próprio. Entretanto, os objetos denotados continham sua significação sem relação de
gêneros e de espécies, pois os indivíduos que manipulavam as línguas não estavam em
condições de distinguir as características mais elementares de cada objeto. Em suma,
através das análises rousselianas acerca da origem da linguagem, me arriscaria dizer que
é precisamente na possibilidade de denotarmos um objeto especifico através de nomes
próprios, e na incapacidade de distinguir gêneros e espécie de quaisquer elementos
possíveis que nascem, juntamente com a própria linguagem, as noções básicas de
lógica. Eu explico:
Rousseau afirma que, para os homens mais primitivos, se um carvalho se
chamava A, o outro carvalho se chamava B. Assim, a primeira coisa a ser percebida
nessa operação é que as duas coisas não são a mesma independentemente das
características ônticas que as constituem. Dessa forma, nascia de forma rudimentar, é
claro, as noções básicas do principio da identidade, contradição e, consequentemente,
do terceiro excluído.
Para o homem primitivo, o conhecimento era limitado e, portanto, não se era
possível fazer generalizações e muito menos categorizações universais de quaisquer
objetos. Para colocarmos qualquer elemento sob denominações genéricas, era
necessário atribuirmos a cada elemento suas propriedades e diferenças. Portanto, nas
palavras do próprio Rousseau: “Nestes casos, eram necessárias observações e
definições, isto é, história natural e metafísica, muito mais do que os homens daquele
tempo podiam ter.” (Rousseau, pg. 68). Não obstante, as ideias gerais somente podem
ser expressadas como espécie através das palavras, as quais tem o seu significado
somente por meio das proposições. Toda assertiva universal, ou toda ideia geral, é um
ato puramente intelectual. Mas, ainda, quando a imaginação é introduzida nas ideias
gerais, logo torna-se particular.
Quando imaginamos uma arvore, por exemplo, é necessário pensarmos em todas
as suas características, mesmo contra a nossa vontade. Temos que imaginar se a arvore é
grande ou pequena, se contem folhas, se seus galhos são largos, etc. Se, ao contrário,
não pensássemos nas características da arvore, esta perderia toda a sua essência de
árvore e, portanto, perderia também o conceito e/ou a palavra “arvore”. Ora, como uma
palavra pode fazer denotação a um objeto inexprimível ao passo que tal objeto não
contem nem sequer uma característica? Para tanto, para empregarmos e estendermos
ideias gerais por meio de palavras foi necessário traçar um método a limites muitos
estreitos, que, a saber, consistia primeiramente em multiplicar largamente os nomes dos
objetos, por não conferir-lhes gêneros e espécies. Foi justamente pela dificuldade de
distinção entre gêneros e espécies dos objetos que se foi necessário empregar trabalhos
concernentes as experiências, mesmo que sendo muito rudimentares naquela época.
Nessa perspectiva, podemos dizer que, para o homem primitivo e sua linguagem,
lhe escaparam ideias ligadas as palavras como, por exemplo, matéria, espírito,
substancia, figura, movimento, entre outras palavras que tendem a ser universalizadoras.
Ate mesmo para filósofos, tais palavras universais são de difíceis conceitualizações;
como seria, então, para os selvagens o emprego e operação de palavras que denotam
objetos essencialmente metafísicos que não estão disponíveis em nenhum modelo da
natureza?
Nesse ponto, Rousseau suspende suas observações acerca do nascimento da
linguagem, uma vez que ele se diz horrorizado com tantas dificuldades que se
multiplicam em detrimento do quanto tempo e quantos conhecimentos foram
necessários para encontrarmos os números, as palavras abstratas, todos os tempos dos
verbos, a sintaxe, as proposições e toda a forma lógica do discurso.
O meu intento ao analisar as concepções de Rousseau acerca da origem da
linguem foi o de demonstrar que o nascimento das línguas estão intrinsecamente
conexos com os conceitos metafísicos “universais” e “particulares”, onde os nomes que
lhe são atribuídos são criados a partir da distinção de espécie e gêneros dos objetos a
serem denotados, embora alguns possam atribuir tal análise ao nominalismo grosseiro.
Quaisquer que seja a origem da linguagem, e qualquer que seja a natureza dos
problemas metafísicos, as palavras articuladas por intermédio das proposições, que lhes
conferem um sentido, é um indispensável caminho (e não o único, é claro) a percorrer
para exprimir os pensamentos do homem.

REFERÊNCIAS
WEBARTIGOS. Filosofia da linguagem de Rousseau. Disponível em:
https://www.webartigos.com/artigos/filosofia-da-linguagem-em-rousseau/119936.
Acesso em: 19/12/2022.
HOUSEOFREASONBLOG. O grito da natureza. Disponível em <
http://houseofreasonblog.blogspot.com/2011/09/o-grito-da-natureza.html>. Acesso em:
19/12/2022.
FILOSOFOJR. Filosofia da linguagem de Rousseau. Disponível em <
https://filosofojr.wordpress.com/2012/06/04/filosofia-da-linguagem-em-rousseau/>.
Acesso em: 19/12/2022.

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