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2ª Edição D I S C I P L I N A Fundamentos da Educação

Organizando a difusão dos saberes e


das práticas educativas

Autores

João Maria Pires

Vilma Vitor Cruz

aula

04
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara

Ministro da Educação Ilustradora


Fernando Haddad Carolina Costa
Secretário de Educação a Distância – SEED Editoração de Imagens
Ronaldo Motta
Adauto Harley
Carolina Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Diagramadores
Reitor
Bruno de Souza Melo
José Ivonildo do Rêgo
Vice-Reitor Adaptação para Módulo Matemático
Nilsen Carvalho Fernandes de Oliveira Filho Thaisa Maria Simplício Lemos
Pedro Gustavo Dias Diógenes
Secretária de Educação a Distância
Vera Lúcia do Amaral Imagens Utilizadas
Banco de Imagens Sedis (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Fotografias - Adauto Harley
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Divisão de Serviços Técnicos


Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Pires, João Maria.


  Fundamentos da educação  /  João Maria Pires, Vilma Vítor Cruz. – Natal, RN : EDUFRN Editora da UFRN, 2006.
  204 p.

  ISBN 85-7273-295-2

  Conteúdo: Vôo livre pelos caminhos da educação - Missão e compromissos da educação - Modelos teóricos e metodológi-
cos para a educação - Organizando a difusão dos saberes e das práticas educativas - Fundamentos dos saberes e das práticas
tradicionais na educação - A educação e as exigências do mercado - Cultura tecnológica e educação - Formação pedagógica e
cultura tecnológica - A dimensão pedagógica e as inovações da cultura tecnológica - A racionalidade contemporânea e a prática
pedagógica - A elitização e a universalização da educação no Brasil - O analfabetismo entre jovens e adultos - Educação, tradi-
ção e modernidade - A institucionalização da modernização na educação - Desenvolvimento e educação: sonho e realidade.
  1. Práticas educativas. 2. Formação pedagógica. 3. Desenvolvimento e educação. I. Cruz, Vilma Vítor. II. Título.
CDD 370.1
RN/UF/BCZM 2006/ 30 CDU 37.013

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação

A
partir da segunda metade dos anos sessenta, observa-se que o conceito de
educação e cultura no Brasil segue o direcionamento dos organismos internacionais
– financiadores – do nosso desenvolvimento. Após a instauração do governo militar
(1964), o discurso sobre o desenvolvimento e a necessidade de impulsionar o progresso do
país, na perspectiva de transformá-lo em uma grande nação, muda o eixo do nacionalismo,
que passa a ser funcional no sentido de fazer avançar as forças produtivas para consolidar
o emergente mercado econômico nacional. Assim, o ideário socioeducacional brasileiro
passou a incorporar, de fato e de direito, os direcionamentos firmados nos convênios de
cooperação internacional para o desenvolvimento do país.

Objetivos
Apresentar a relação entre educação e desenvolvimento
1 como partes de um amplo processo conjuntural.

Mostrar que é possível o país se desenvolver


2 economicamente sem investir na universalização da
educação e do ensino.

Compreender que as conseqüências do processo


3 conjuntural se refletem nas estruturas econômica, ético-
política, social e cultural.

2ª Edição Aula 04  Fundamentos da Educação 


Em busca dos sentidos e
desenvolvimentos da Educação
Que educação se projeta com o desenvolvimento brasileiro?
As transformações pelas quais passaram a política e a economia a partir dos anos
cinqüenta provocaram modificações na concepção e na destinação da educação, que durante
quatro séculos permaneceu praticamente sem mudanças estruturais. Somente na segunda
metade do século XX é que se observou o aparecimento de movimentos políticos organizados
em defesa da crescente demanda por acesso ao ensino gratuito e de qualidade.
Como decorrência das transformações, destacaremos a manifestação política e cultural de
movimentos legítimos da sociedade, os quais se projetaram em razão dos níveis de crescimento
do país, e, em função das mudanças na base produtiva, notadamente a transformação da
produção agrícola, predominante até os anos sessenta, em produção industrial que se consolida
como força produtiva predominante a partir dos anos setenta no Brasil.
Começaremos nosso diálogo oferecendo elementos contextuais que facilitarão nossa
caminhada investigativa. Nesse sentido, lembramos que o Brasil do início dos anos sessenta
vivia momentos fortes de tensão política devido ao enfrentamento entre as forças nacionalistas
e desenvolvimentistas. O mundo vivia as conseqüências do pós Segunda Guerra Mundial.

 Aula 04  Fundamentos da Educação 2ª Edição


A economia mundial do pós-guerra encontrava-se subordinada ao desenvolvimento
técnico e tecnológico. Nesse contexto, modernizava-se o processo produtivo e a organização
do trabalho, ao mesmo tempo em que se alteravam as relações de produção em função da
mediação operacionalizada pelas máquinas, incorporada aos setores produtivos e sociais. A
justificativa gerada e apresentada à população do mundo inteiro foi em torno da necessidade
de aceleração dos processos de (re)organização dos países para atender as exigências da
nova ordem mundial.
A nova ordem mundial transformava a economia de base agrária em coisa do passado.
Todas as forças sociais representativas passaram a desejar e defender a industrialização,
ainda que entre os partidários houvesse divisões quanto ao controle e à gerência do processo,
sob a influência predominante do capital nacional ou estrangeiro.
O fato é que o processo de industrialização interessava à burguesia nacional, aos
empresários estrangeiros, às camadas sociais médias e aos operários. A industrialização
significava o desenvolvimento do país e o surgimento de oportunidades em diversos setores
da economia com forte possibilidade de realização individual e profissional, fosse em
dimensões materiais com o consumo de produtos e bens utilitários, fosse em perspectivas
sociais, com melhores condições existenciais.
Pelo que se anuncia como “a galinha dos ovos de ouro”, a industrialização, que estava
apenas se iniciando, ainda seria objeto de amplos conflitos e acirradas disputas políticas e
econômicas, pela divisão dos lucros. A esse respeito, Ghiraldelli diz que:

No raiar dos anos 60, o Brasil deixou, efetivamente, de ser um país “predominantemen-
te agrícola”. A população urbana começou a ultrapassar a população rural em número.
O país passou a contar com um parque industrial diferenciado e muito produtivo. A
bandeira da industrialização deixou de unir as forças sociais; o que entrou em jogo foi a
disputa pelo controle da divisão de lucros proporcionados pelo processo de desenvolvi-
mento industrial. [...] a burguesia buscou consolidar seu poder, as forças de esquerda,
radicalizando a ideologia nacionalista-desenvolvimentista, agitavam a sociedade com
novas bandeiras: as célebres Reformas de Base (reformas tributárias, agrárias, finan-
ceiras, educacionais etc.), que deveriam democratizar os lucros do processo de desen-
volvimento até então conseguido. (Ghiraldelli JÚnior, 2001, p.119).

Um dos pontos fortes desse contexto brasileiro, na perspectiva da Educação, foi a


aprovação da LDBEN – 4.024 / 61. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1961
pelo Senado, e, em seguida, sancionada pelo Presidente da República, João Goulart. Essa
Lei passou aproximadamente treze anos tramitando entre a Câmara e o Senado. Foi objeto de
grandes conflitos entre defensores da Educação Tradicional e os favoráveis à implantação dos
princípios da Escola Nova. Outra discussão gerada por essa lei ocorreu entre os partidários
da educação pública e os partidários da privatização do ensino.
A frustração com a aprovação da Lei 4.024/61 pelas forças mais progressistas pautou-se
principalmente na perspectiva de que ela teria sido articulada para responder a necessidades
de um contexto brasileiro de dimensões políticas e sociais ainda pouco urbanizadas. Uma

2ª Edição Aula 04  Fundamentos da Educação 


vez aprovada, não atenderia aos novos anseios de país industrializado. Outra decepção para
os progressistas foi o fato de que no texto dessa lei assegurava-se a igualdade de tratamento
para os estabelecimentos públicos e privados.
A decepção gerada com a aprovação da 4.024/61 favoreceu, entre outras coisas, um
amplo movimento alinhando forças nacionais entre os que se intitulavam progressistas e
de esquerda com os partidários de uma escola pública de qualidade e de fácil acesso para a
ampla maioria da população. Nesse sentido, começaram a surgir por todo o país movimentos
e campanhas populares, discutindo e fazendo experiências no contexto da educação.
No Brasil, na década de 60, tivemos uma intensa movimentação em torno do tema
“cultura popular”. Surgiram Centros Populares de Cultura (CPCs), Movimentos de Cultura
Popular (MCPs) e o Movimento de Educação de Base (MEB). Todos preocupados com
questões nacionalistas que envolviam discussões sobre a alfabetização e a cultura das classes
trabalhadoras e dos menos favorecidos, representantes diretos da cultura não-dominante.
Na base teórica e prática desses movimentos, estava implícita a busca por uma
dimensão libertadora de educação. Algo que representasse ao mesmo tempo o potencial
humano de ler e aprender a conhecer o mundo a partir das lutas e das experiências diárias
que davam o sentido maior da própria existência humana; uma teoria educativa gerada com
a prática organizativa do povo, em sintonia direta com o movimento de transformação do
homem no mundo.
O sonho de uma Pedagogia Libertadora torna-se realidade na hábil e inteligente leitura
que Paulo Freire faz da relação entre educação e mundo. Percebendo as transformações
políticas, econômicas, culturais e sociais no mundo, Paulo Freire procurou construir, via
educação, um método que servisse de ponte entre a realização das necessidades básicas
do indivíduo e as exigências de compreensão da nova ordem mundial. Nessa perspectiva,
nasceu o Método de Alfabetização de Adultos de Paulo Freire, o qual tornou-se uma sólida
base para a Pedagogia Libertadora.
A construção das bases da Pedagogia Libertadora foi organizada e desenvolvida em
torno da idéia de homem como sujeito histórico. A idéia ganharia força à medida que, pela
educação, o homem começasse a se perceber no mundo como ser capaz de transformar
a realidade na qual se encontrava. Nesse sentido, a educação seria o caminho pelo qual o
indivíduo tomaria consciência de sua situação mundana e forjaria uma nova mentalidade.
Uma mentalidade que tornasse possível a libertação política, econômica, social e cultural.
Uma das bases para a efetivação da Pedagogia Libertadora é o diálogo. Através do
diálogo, com o mundo, com o outro e consigo mesmo, o indivíduo poderia organizar melhor
sua leitura das transformações na sociedade. O ponto de partida para o diálogo deveria
ser a realidade dos indivíduos em comunidade; sua situação de pressão e opressão para a
realização de suas necessidades e dos seus desejos. Problematizar o contexto em busca de
uma visão crítica da situação vivida torna-se o passo fundamental para organizar o processo
de conscientização.

 Aula 04  Fundamentos da Educação 2ª Edição


Atividade 1
Amplie suas informações sobre o conteúdo desta aula, pesquisando
1 outras fontes bibliográficas sobre os vários sentidos e significados
que podem conter os termos educação e liberdade.

Apartir das informações da pesquisa realizada na questão anterior


2 e o conteúdo desta aula, escreva um breve comentário sobre o que
representa e significa, para você, uma Educação Libertadora.

1.

sua resposta
2.

Vemos, pois, que os movimentos de educação e cultura popular, no Brasil, procuraram


ocupar espaços de inserção no processo de desenvolvimento ao colocar em discussão a
situação educacional do país. As discussões possibilitaram o reconhecimento da gravidade
do problema pelas autoridades, favorecendo a oficialização e o desenvolvimento das
campanhas de alfabetização de adultos em todo o país. O referido contexto favoreceu o
fortalecimento das ações populares da Igreja Católica, sobretudo na zona rural do Norte e do

2ª Edição Aula 04  Fundamentos da Educação 


Nordeste brasileiro. O Movimento de Educação de Base (MEB) projetou-se como expressão
maior da participação da Arquidiocese de Natal nesses movimentos.
Outro destaque foi a campanha “De pé no chão também se aprende a ler”, a qual nasceu
de um projeto do prefeito da cidade do Natal, Djalma Maranhão, seguindo princípios do
movimento nacional pela erradicação do analfabetismo. Os Movimentos de Educação de Base e
a campanha pé no chão também se aprende a ler foram indicadores de uma tendência do poder
público em reconhecer a importância e legitimar os movimentos populares de educação.
Vemos, pois, que no quadro contextual exposto, a educação passou a ser vista como
instrumento de libertação do homem em seu amplo sentido, bem como um meio propulsor
de assumir o desenvolvimento e a construção de um novo país. No entanto, como sabemos,
essa perspectiva foi interrompida pelo Golpe Militar que ocorreu em 31 de março de 1964 e
perdurou por 21 anos no Brasil.
O Golpe Militar, como era de se esperar, projetou uma educação nos mesmos
princípios em que se fundamentava a formação militarista. No período pós-64, a educação
foi reordenada sob inspiração militarista, economicista e desenvolvimentista. Desse modo, o
seu conceito passou por transformações e assumiu um direcionamento voltado para a defesa
da internacionalização da economia. É bom lembrar que esse redirecionamento pressupõe
mudanças de visões de mundo, valores e atitudes individuais e coletivos.
No contexto de redirecionamento político, econômico, social e cultural, no qual se insere
a educação, é possível perceber o predomínio de uma tendência funcionalista regendo a visão
nacionalista, ao valorizar o sentido do fazer-se valer, apenas para as ameaças de impedimento
ao avanço do projeto de desenvolvimento das forças produtivas como destaque para consolidar
o emergente mercado econômico nacional submetido às orientações externas.
Nesse sentido, o ideário socioeducacional brasileiro passou a incorporar, de fato e
de direito, os direcionamentos firmados nos convênios de cooperação internacional para
MEC - USAID
o desenvolvimento do país. Destacamos nesse período, como mudanças na educação
MEC – Ministério da brasileira, além dos doze acordos MEC–USAID, articulados entre o Brasil e os Estados
Educação e Cultura e
Unidos, através da AID – Agência Internacional de Desenvolvimento. Tais acordos foram,
USAID (United States
Agency for International na verdade, articulações políticas entre tecnocratas brasileiros sob o comando de técnicos
Development). americanos para atrelar a escola ao mercado de trabalho.
Lei 5.540/68 e Outro destaque no campo da educação foram reformas impostas pelas leis 5.540/68
5.692/71
e 5.692/71. A primeira era dirigida ao ensino superior e a outra dirigia-se ao ensino de 1°
Lei 5.540/68 – criou a e 2° graus, e vieram incorporadas ao projeto de desenvolvimento nacional como prioritário
departamentalização
e emergencial. Em seguida, foi criada a Lei 7.044/82 que modificou a Lei 5.692, no que diz
e a matrícula por
disciplina e instituiu respeito ao ensino profissionalizante para o 2°grau. Enfim, o registro que se faz no meio
o curso em sistema acadêmico sobre a educação brasileira, no período ditatorial, é que ela foi um desastre total.
de créditos. Adotou o
vestibular unificado e Passado o tenebroso período da ditadura, a educação brasileira passou a incorporar
classificatório. A Lei novas idéias e valores teóricos e práticos, a fim de encontrar sentidos mais consistentes
5.92/71 implementou a
profissionalização para o
para as ações educativas no novo modelo de sociedade que estava sendo configurado pelas
ensino secundário. articulações políticas e econômicas mundiais. Os teóricos da Educação, ainda imbuídos

 Aula 04  Fundamentos da Educação 2ª Edição


de uma perspectiva de Escola Nova, passaram a buscar
alternativas pedagógicas fora dos modelos tradicionais, mas
também sem se fecharem nos princípios liberais.
Pretendiam conceber modelos de educação pautados
em uma lógica racional de desenvolvimento individual e
coletivo. Como o sentido da nova ordem mundial começava
a ser atribuído pela ciência e a técnica estava em sintonia
com a tecnologia, a educação teria que caminhar próximo a
mudanças oferecidas por tais modelos. O resultado foi uma
enxurrada de teorias e pedagogias oferecendo interpretações
e realizações no campo da educação nas mais variadas
tendências filosóficas, pedagógicas e psicológicas.
Escolhemos algumas tendências pedagógicas para
que você tenha uma pequena visão panorâmica das
influências teóricas e práticas que chegaram até a Educação
contemporânea. Nesse sentido, tomaremos como referencial
as reflexões feitas por Ghiraldelli Júnior (2001), em sua obra
História da Educação. Ao que parece, a base para o surgimento
de várias das tendências pedagógicas no Brasil, pós-período
ditatorial, continuou sendo os princípios da Escola Nova, ainda
que aprofundados e redirecionados em outras perspectivas.
Dentre eles, destacamos as influências dos estudos
de Jean Piaget, traduzidos e difundidos na perspectiva
de uma educação construtivista. O método construtivista
de Piaget resguarda-se em interpretações das fases do
desenvolvimento cronológico da criança, segundo as quais o
professor deverá estar atento ao modo como encaminhar suas
atividades educativas. As pesquisas piagetianas contribuíram
para aproximar as discussões pedagógicas dos processos
científicos. (Ghiraldelli Júnior, 2001, p.196).
O Tecnicismo foi outra tendência pedagógica que
procurou ocupar espaço nas propostas de novos rumos para a
educação. Seus princípios estavam vinculados à racionalidade,
associados à eficiência e à produtividade. Tal tendência
destacou-se também pela perspectiva de operacionalização
didática, sob o nome de tecnologia educacional.
Outro teórico a influenciar a nova perspectiva de educação
que se buscava para o contexto das mudanças brasileiras dos
anos de 1960 a 80 foi Célestin Freinet – teórico francês que
se destacou na luta contra o tradicionalismo pedagógico e a
favor de métodos ativos que proporcionassem às crianças um

2ª Edição Aula 04  Fundamentos da Educação 


movimento de conscientização, principalmente das classes populares, semelhante ao que já
foi proposto pela pedagogia libertadora.
Outras perspectivas que podemos destacar entre os novos rumos da educação brasileira
dizem respeito às Associações de Educação, que começaram a despontar pelo Brasil como
uma forma de organização e luta pelos princípios democráticos historicamente conquistados
antes e depois do golpe aplicado pela ditadura militar. Entre essas associações, destacamos
a ANDE – Associação Nacional de Educação, criada em 1979, para defender, entre outras
coisas, o ensino público, gratuito, obrigatório, universal, laico e de boa qualidade.
Ainda no rol das entidades que foram criadas para refletir, discutir e propor ações para
a educação no Brasil, destacamos o CEDES – Centro de Estudos Educação e Sociedade que,
junto com a ANDES, passou a promover a partir de 1980 as Conferências Brasileiras de
Educação. (Ghiraldelli Júnior, 2001).
Para finalizar, queremos reforçar os objetivos desta aula, no que diz respeito às
relações que se apresentam entre educação e desenvolvimento como partes interligadas
de um processo conjuntural no qual, a cada dia, fica mais visível a interferência da economia
nos processos de organização da educação e do ensino. Desse modo, reforçamos nosso
importante papel de educadores e educandos de não ficarmos apenas esperando chegar
até nós as conseqüências de tal processo conjuntural, deveremos também ocupar nossos
espaços e lutar em prol de uma educação e de um ensino de dimensões ético-política, social
e cultural mais justas e humanas.

 Aula 04  Fundamentos da Educação 2ª Edição


Atividade 2

Faça uma pesquisa sobre os principais movimentos de cultura popular


1 da sua comunidade e escreva um texto descrevendo os aspectos
educativos que mais lhe chamaram a atenção.

Destaque, nesse texto, palavras-chaves que representaram, de um


2 lado, o desenvolvimento brasileiro e, do outro, o desenvolvimento da
educação e faça um pequeno quadro conceitual, comparando a relação
entre os dois modelos: o da educação e o do desenvolvimento.

Modelo de desenvolvimento Modelo de educação

Comentário (uma breve análise comparativa)

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Leituras Complementares
1. Germano, José Willington. Lendo e aprendendo: a campanha de pé no chão também se
aprende a ler. São Paulo: Autores Associados / Cortez, 1989.
O autor investiga a campanha “De Pé no Chão também se Aprende a Ler”, desenvolvida
pela Prefeitura de Natal no período compreendido entre fevereiro de 1961 e março de 1964.

2. Freire, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
Neste livro, Paulo Freire propõe condições e métodos para que ninguém seja mais
excluído ou posto à margem da vida nacional. A proposta fundamenta-se na necessidade de
superar o discurso oco e o verbalismo vazio sobre a educação.

Resumo
No contexto de modernização do processo produtivo e da organização do trabalho,
alteraram-se as relações de produção em função da mediação operacionalizada
pelas máquinas, incorporada aos setores produtivos e sociais. No Brasil, na
década de 60, tivemos uma intensa movimentação em torno do tema “cultura
popular”. O Movimento de Educação de Base (MEB) projetou-se como participante
da Arquidiocese de Natal nesses movimentos. No período pós 64, a educação
foi reordenada sob inspiração militarista, economicista e desenvolvimentista. O
conceito de educação passou por transformações e assumiu um direcionamento
voltado para a defesa da internacionalização da economia.

Auto-avaliação
Reflita sobre o conteúdo das duas questões anteriores e procure comentar
com seus colegas os possíveis argumentos para responder à pergunta que
lhe foi apresentada no início desta aula: Que educação se projeta com o
desenvolvimento brasileiro?

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Referências
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Saber e ensinar: três estudos de educação popular. Campinas:
Papirus, 1986.

Freire, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

Germano, José Willington. Lendo e aprendendo: a campanha de pé no chão também se


aprende a ler. São Paulo: Autores Associados / Cortez, 1989.

GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. História da educação. São Paulo: Cortez, 2001.

2ª Edição Aula 04  Fundamentos da Educação 11


Anotações

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