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F DELINEAMENTO EM BLOCOS CASUALIZADOS delineamento em blocos casualizados, também denominado de delineamento em blocos completos casualizados, se constitui no delineamento estatistico mais utilizado na pesquisa agropecudria devido a sua simplicidade, flexibilidade ¢ alta preciso. Os experimentos instalados de acordo com este delineamento sio denominados experimentos em blocos casualisados. Os experimentos em blocos casualizados levam em consideragao os trés principios basicos da experimentagao: repetigo, casualizagao e controle local, Contudo, © controle local é usado na sua forma mais simples possivel e € aqui representado pelos locos, cada um dos quais inclui todos os tratamentos. Dentro de cada bloco os tratamentos sio atribuidos s parcelas aleatoriamente. Para que o experimento seja eficiente, cada bloco deverd ser 0 mais uniforme possivel, porém os blocos poderao diferir bastante uns dos outros. Por exemplo, se ha interesse em estudar a adubagao dos arrozais no Vale do Sao Francisco escolhe-se para cada bloco um terreno bem uniforme, mas podem-se espalhar os blocos por toda a regio, obtendo-se, assim, conclusdes validas para toda a area cultivada, e nio apenas para um determinado local. Nos experimentos zootécnicos, cada bloco seri constituido de animais de caracteristicas semelhantes. Por exemplo, se se tem interesse em estudar ragdes para galinhas poedeiras, colocam-se no mesmo bloco animais da mesma raga, da mesma idade, da mesma época de postura e de produgdo de ovos semelhantes. E para ter-se conclusdes gerais podem-se colocar num bloco as melhores galinhas, noutro as piores e noutros galinhas de produgao de ovos intermediciria, Quando se tem davida sobre a homogeneidade do ambiente onde o experimento sera conduzido ou se tem certeza de sua heterogeneidade, deve-se utilizar delineamento em blocos casualizados que, nestas condigdes, é mais eficiente do que o delineamento inteiramente casualizado. Localizam-se as Areas que possivelmente sio homogéneas e, em cada uma, coloca-se um ou mais blocos. Cada bloco, como se sabe, deve ser bem homogéneo (oferecer as mesmas condigdes a todos os tratamentos) e conter os tratamentos uma tinica vez, que é, praticamente, a forma mais utilizada, Por outro lado, ha casos raros, em que cada bloco, inclui todos os tratamentos duas ou mais vezes. Quando se utiliza 0 delineamento em blocos casualizados ao nivel de campo, & recomendavel que as parcelas tenham uma forma alongada, para que cada bloco seja 0 mais quadrado possivel. Contudo, muitas vezes os blocos sfio instalados de forma retangular ou irregular, para que possam apresentar homogeneidade nas parcelas. Assim, dependendo da uniformidade da area experimental, num experimento com quatro tratamentos, por exemplo, podem-se ter as seguintes formas para os blocos: ‘Autor: PAULO VANDERLET FERREIRA ~ CECA-UFAL, 2011 Pégina 193 Quanto a distribuigdo dos blocos no campo, eles podem ficar juntos ou serem espalhados por toda a area em estudo. Porém, eles so, geralmente, colocados uns proximos aos outros, visando com isto uma maior facilidade nos trabalhos de campo, durante a execugaio do experimento. O delineamento em blocos casualizados apresenta certas vantagens em relagdo 0s outros delineamentos, tais como: a) A perda total de um ou mais blocos ou de um ou mais tratamentos em nada dificulta a anilise estatistica — Se, por exemplo, fosse considerado um experimento com oito tratamentos e quatro repetigdes (blocos) e fosse perdido um dos blocos, restariam os outros trés, tendo-se, agora, um experimento em blocos casualizados com oito tratamentos ¢ trés repeticdes. Analogamente, se fossem perdidas todas as parcelas de um dos tratamentos, restariam os outros sete, tendo-se, agora, um experimento em blocos casualizados com sete tratamentos e quatro repetigdes. Por outro lado, quando isso ocorre no delineamento em quadrado latino, a andlise de variancia & relativamente dificil, b) Conduz a estimativas menos elevada do erro experimental — Pelo fato de se ter o principio do controle local, o delineamento em blocos casualizados conduz a estimativas menos elevadas do erro experimental do que o delineamento inteiramente casualizado, pois consegue isolar do residuo as variagdes resultantes da heterogeneidade das condigdes experimentais. © mesmo nao acontece com o delineamento inteiramente casualizado, pois todas as variagdes entre as parcelas, exceto as devidas a tratamentos, ficam embutidas no residuo. ©) A anilise estatistica é relativamente simples — Os calculos efetuados sio menores do que 0 delineamento em quadrado latino, tendo em vista que no experimento em quadrado latino existe mais uma causa de variagio que deve ser isolada do residuo, tornando a analise estatistica um pouco mais demorada. d) Permite, dentro de certos limites, utilizar qualquer nimero de tratamentos, ¢ de blocos — Ele apresenta certa flexibilidade quanto ao nimero de tratamentos ou/e blocos (repetigdes). Por exemplo, num experimento com dez tratamentos devem-se ter, no minimo, duas repetigdes a fim de atender-se a exigéncia de que qualquer experimento deve ter, no minimo, 20 parcelas, o que é perfeitamente viavel. Ji no delineamento em quadrado latino isso nao ocorre, porque 0 mesmo exige que 0 mimero de tratamentos deva ser igual ao nimero de repetigdes, 0 que, no exemplo apresentado, inviabilizaria praticamente o experimento, ‘Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA ~ CECA-UFAL, 2011, Pagina 194 e) Controla a heterogencidade do ambiente onde o experimento sera conduzido — Pelo fato de se ter 0 principio do controle local, consegue controlar as variagdes do ambiente onde o experimento seri conduzido através do uso de blocos. O mesmo nao acontece com o delineamento inteiramente casualizado porque nio tem o principio do controle local 1) Apresenta um niimero razosivel de graus de liberdade para o residuo ~ Ele se encontra numa faixa intermediaria entre o delineamento inteiramente casualizado, que apresenta um maior mimero de grau de liberdade para 0 residuo, eo delineamento em quadrado latino, que apresenta um menor nimero de graus de liberdade para o residuo. Sabe-se que quanto maior o nimero de graus de liberdade para o residuo, maior sensibilidade terd os testes de hipéteses para detectar diferenga significativa entre os tratamentos avaliados, além de proporcionar maior preciso experimental. Portanto, 0 delineamento em locos casualizados apresenta essa vantagem em relagio ao delineamento em quadrado latino, Apesar das vantagens acima citadas, o delineamento em blocos casualizados apresenta as seguintes desvantagens em relagiio aos outros delineamentos: a) Exige que o quadro auxiliar da andlise da variancia esteja completo para poder efetuar a analise estatistica — No delineamento em blocos casualizados, quando ocorrem parcelas perdidas, é necessario o uso de formulas e/ou métodos especiais para estimé-las, a fim de poder efetuar a andlise de varidincia. Muitas vezes, quando 0 nimero de parcelas perdidas é muito alto, ha necessidade de se repetir o experimento. Isso, porém, nao acontece com 0 delineamento inteiramente casualizado, onde permite que os tratamentos tenham nimero de repetigdes diferentes e a andlise de varidncia pode ser efetuada do mesmo modo sem parcela perdida b) O principio do controle local & usado com pouca precisiio - Ele beneficia determinados tratamentos, porque os mesmos aparecem nas extremidades com maior frequéncia que os outros, tendo em vista que o controle local neste delineamento estatistico € feito apenas na horizontal (nas linhas). O mesmo nao acontece no delineamento em quadrado latino, j4 que o controle local é efetuado tanto na horizontal (linhas) como na vertical (colunas), fazendo com que cada tratamento s6 aparega uma ‘mica vez em cada linha e em cada coluna. c) Ha uma reducio do mimero de graus de liberdade para o residuo, pela utilizagio do principio do controle local — Quando existe homogeneidade das condigdes experimentais, ¢ um desperdicio utilizar delineamento em blocos casualizados, pelo fato de reduzir 0 nimero de graus de liberdade para o residuo e, em conseqiiéncia, diminuir a preciso experimental, além dos testes de hipoteses ficarem menos sensiveis para detectar diferenga significativa entre os tratamentos avaliados. Nestas condigdes, é preferivel usar o delineamento inteiramente casualizado que tem um maior nimero de graus de liberdade associado ao residuo. 7.1 Instalagio do Experimento Como a instalagaio do experimento constitui o inicio da parte pritica do mesmo, deve-se, entdo, seguir a risca 0 que consta no croqui do experimento, que no caso do delineamento em blocos casualizados seria o seguinte: Considere-se um experimento com cinco tratamentos (A, B, C, D, E) e quatro repetigdes. Entdo, tem-se: ‘Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA ~ CECA-UFAL, 2011, BLOCOT BLOCO II BLOCO IIL BLOCO IV Observa-se que em cada bloco os tratamentos foram distribuidos aleatoriamente nas parcelas. Também, observa-se que 0s mesmos s6 aparecem uma tinica vez por bloco. Para que isto acontecesse, foram tomados, por exemplo, cinco pedacinhos de papel € neles escreveram-se as letras A, B,C, D, E. Em seguida, tiraram-se esses papeizinhos a0 acaso, obtendo-se 0 Bloco I. O mesmo procedimento é feito para os Blocos II, III e IV, sempre através de sorteio, O resultado obtido & chamado de croqui do experimento, Na instalagao do experimento em blocos casualizados 0 pesquisador deve seguir as etapas j discutidas no experimento inteiramente casualizado, 7.2 Esquema da Anilise da Varidineia Considerando 0 exemplo anterior, ou seja, um experimento com cinco tratamentos (A, B, C, D, E) e quatro repetigdes, entdo se tém o seguinte quadro auxiliar da andlise da varianci Quadro Auxiliar da ANAVA, Blocos Tratamentos Tolais de Tratamentos 1 ii m Vv A Xa Xan Xan Xaw Ts B Xn Xe Xo Xn Th c Xe Xeu Xeu Xa Te D Xo Xox Xon Xow To E Xu Xu Xe Xn Ty Totais de Blocos By Bu Bu By © esquema da andlise da varidineia é dado por: ‘Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA ~ CECA-UFAT, 2011 Pagina 196 Quadro da ANAVA Causa de cL SQ a F Variagao QM Tratamentos ‘Tratamentos 1 SQTratamentos QM Tratamentos Oy Residuo QM Blo cos Blocos ral SQ Blocos QM Blocos OM Residuo Residuo (-1)@=1)— SQResiduo QM Residuo Total txr-1 $Q Total onde: GL =nimero de graus de liberdade; soma de quadrados; QM = quadrado médio; F = valor calculado do teste F; vimero de tratamento; niimero de repetigdes do experimento; SQ Total = 5X? xP onde: X= valor de cada observagao: N= miimero de observagaes, que corresponde ao nimero de tratamento (t) multiplicado pelo nimero de repetigdes do experimento (1); =r _(exy SQ Tratamentos = Q r N onde: ‘T= total de cada tratamento; SQ Blocos = =B* (x) t N onde: B = total de cada bloco; SQ Residuo = SQ Total ~ (SQ Tratamentos + SQ Blocos) CECAUFAL, 2011 Pagina 197 “Autor: PAULO VANDERLET FERREIR SO Tratamento s GI Tratamentos SQ Blo cos GL Blo cos QM Tratamentos QM Blocos = SQResiduo GLResiduo QM Residu: O QM Residuo corresponde a estimativa da varidneia do erro experimental (5%), cujo valor & utilizado nos testes de hipéteses, objetivando verificar se existe ou nao diferenca significativa entre os tratamentos avaliados. A fim de apresentar-se a andlise da variancia e a interpretagao dos resultados neste tipo de delineamento, sera discutido, a seguir, um exemplo sem parcela perdida. Exemplo 1: A partir dos dados da TABELA 7.1, pede-se: a) Fazer a andlise da variancia; b) Obter o coeficiente de variagao; ©) Aplicar, se necessério, o teste de Tukey, no nivel de 5% de probabilidade, na comparacao de médias de tratamentos. TABELA 7.1 ~ COMPORTAMENTO DE CLONES DE SERINGUEIRA (Hevea sp.) EM RELACAO AO DESENVOLVIMENTO DO TRONCO (cm) NO ESTADO DA BAHIA Clones 1 ul rT Vv v Totais de Clones 1. Fx 2804 6861+ 69,69 70,21 «72,49 74,85 355,85 2. Fx 4425 5639 53,38 © 54,21 56,27 61,57 281,82 3. Ex 567 6351 63,63 64,91 67.87 69,75 329,67 4, Fx 652 62,28 59,26 60,90 64,19 68,77 315,40 5, Fx 3032 57,11 56,11 57,20 60,01 «61,38 291,81 6.Ex 86 4983 43,50 43,58 43,76 46,66 227,33 7. Ex 516 54,09 48,09 49,86 47,52 S001 249,57 8, Fx 4109 5601 44,71 45,60 «47,93 49,96 24421 9. Fx 3635 6149 63,10 63,94 66,70 69,37 324,60 10. Fx 232 62,01 62,58 63,31 65,08 68,05 321,03 11. Fx 25 5894 57,96 5956 62,32 64,42 303,20 Totais de Blocos 650,27 622,01 633,28 654,14 684,79 3.244,49 ‘Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA ~ CECA-UFAL, 2011. Pagina 198 FONTE: CALDAS (1975), NOTA: (+) Média de oito plantas do desenvolvimento transversal do tronco a 1 m acima do ponto de durante 0 periodo de um ano. a) Analise da Varidincia DX =68,61 + 69,69 +. 64,42 = 3.244,49 DX? = (68,61)? + (69,69) +..+ (64,42 = 4,707,3321 + 4.856,6961 +...+ 4.149,9364 = 195.063,5967 N=txr =11x5= 55 GL Tratamentos = t~1 =11— 10 GL Blocos = GL Residuo = (t— 1) (r—1) =(11-1)(5-1) = (10) (4) = 40 GL Total =N-1 =S5-1= 54 $Q Total = EX? ~ fexy (3.244,4 35 =195.063,5967 — 10,526.715,3601 35 = 195,063,5967 — ‘Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA ~ CECA-UFAL, 2011 Pagina 199 = 195.063,5967 — 191.394,824729 = 3.668,771971 zr (xy SQ Tratamentos = a r N 85) +(2813 Vee y _ 6.244,49)° ~ 55 126,629,2225 + 79.422,5124 +...+91,930,2400 _ 10.526.715,3601 5 55 _ 9733225787 _ 10.526.715,3601 5 55 194,664,51574 — 191,394,824729 = 3,269,691011 (Ex) N SQ Blocos = =2- (650,27)! +(622,01)' +..+ (684,79) _ (244,49) in 55 422,851,0729 + 386,896,4401 +... + 468.937.3441 _10.526.715,3601 ie 35 _ 2.107.627.5551 _ 10.526.715,3601 in 35 = 191,602,5051 — 191.394,824729 = 207,680371 SQ Residuo = SQ Total — (SQ Tratamentos + SQ Blocos) = 3.668,771971 ~ (3.269,691011 + 207,680371) = 3.668,771971 —3.477,371382 = 191,400589 SQ Tratamentos QM Tratamentos === Tratamentos _ 3.269,691011 326,9691011 10 “Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA ~ CECA-UPAL, 2011 igina 200, 51,92009275 SOResiduo GLResiduo — 191,400589 40 = 4,785014725 QM Tratamentos OM Residuo F Calculado de Tratamentos = = 3269691011 « 69.53 4,785014725 F Caleulado de Blocos = 2M Blaces_ (OM Residuo = 51,92009275 10,85 4,785014725, F Tabelado (1%) para Tratamentos = 2,80 F Tabelado (5%) para Tratamentos = 2,08 F Tabelado (1%) para Blocos = 3,83 F Tabelado (5%) para Blocos = 2,61 TABELA 72 —- ANALISE DA VARIANCIA DO COMPORTAMENTO DE CLONES DE SERINGUEIRA (Hevea sp.) EM RELACAO AO DESENVOLVIMENTO DO TRONCO (cm) NO ESTADO DA BAHIA. PIRACICABA-SP.1975 Causa de Variagio GL sq QM F Clones 10 3.269,691011 326,969101100 68,33 ** Blocos 4 207,680371 51,920092750 10,85 ** Residuo 40 191,400589 4,785014725 Total 54 3.668,771971 NOTA: (**) Significativo no nivel de 1% de probabilidade ‘Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA ~ CECA-UPAL, 2011. Pagina 207 De acordo com o teste F, tem-se: Houve diferenca significativa, no nivel de 1% de probabilidade, entre os clones de seringueira, em relagao ao desenvolvimento do tronco no Estado da Bahia, Houve diferenga significativa, no nivel de 1% de probabilidade, entre os blocos, ou seja, 0 desenvolvimento transversal do tronco de seringueira a um metro do ponto de cenxertia varia entre os blocos. Raramente interessa testar 0 efeito de blocos, de sorte que, em geral, nao é preciso calcular o quadrado médio ¢ o valor de F respectivo, pois 0 que mais interessa aos pesquisadores & 0 efeito de tratamentos, que é inteiramente independente de ser significativo 0 efeito de blocos.

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