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Instituto Agronémico de Pernambuco Vineulada & Secretaria de Agricultura e Reforma Agraria RECOMENDACOES DE ADUBAGAO PARA O ESTADO DE PERNAMBUCO: 2? aproximacao VVVUVVUVataed Fiancisen ns& da Alliquiennyie Covalenntl (Crewiencrteg Jos6 Catios Pereira dos Santos Jose kioamar Perera Inga Patel Latta Maria Cristina Lemos da Siva Femando Jose Here Deni lose on Siva Antonio Raimundo de Sousa ‘AMINA SacONi MIessOS Clementine Marcos Batista de Faria Nivaldo Burgos Mato Alves Lima Junior Rohan Vieante Gomes Ant6nio Cabral Cavalcanti Jose Femando Wanderley Femandes Lima COMISSAO ESTADUAL DE FERTILIDADE DO SOLO E pra & aed URE u RECIFE - PERNAMBUCO - BRASIL 2008 —_— VUEEETUREEEDAITID eee eee POU ee UU ESE EEULE LLL UULUUUUR ee w ” - INTRODUGAO........... SUMARIO APRESENTACAO. ; SEE HEH vii RESUMO ........ ee _ - ADSTRACT..... SOLUS DE PERNAMBUCO: CARACTERIZACAO E OCORRENCIA 2.1. Conveiluayau e Constitulgao do Solo DT 05 2.1.1. Conceituagao de colo.. i 05 2.1.2. Fase sdlida do solo (constitui¢én matricial) 05 2.1.2.1, Fragao mineral do solo... 05 2.1.2.2. Fragao organica do solo. 06 2.4.2.9, Edt ult WO SOIO..csecscsoe SE 07 2.1.2. Fases liquida © gacoca do solo (espago porusu) o7 2.2. Relac6es Solo-Aqua-Planta . OF 2.2.1. Movimento e retengao de agua: conceitos basicos ... - o7 2.2.2, Capacidade de troca de cations (CTC)... 08 2.2.9. Adsuiyau idnica € disponibilidade de nutrientes ... i} ? 3 Principais Classes de Soloc do Estado de Permambucu uy 2.3.1. Latossolcs..... 10 2.3.2. Argissolos (antigos Podzdlicos) ...... " 2.3.3. Luvissolos (antigos Brunos Nao Caicicos).. 13 2.9.4. Planussulus, 15 2.3.5. Vertiseoloe... " a a ee 2.3.6. Neossolos Regoliticas (antigns Regassolos).. 18 2.3.7. Neossolos Quartzarénicos (antigas Areias Quartzosas)... . 19 2.3.8. Neossolos Fluvicos (antigos Solos Aluviais)....... 20 2.9.9. Glvissulus. _ ee a ee 2d 2.3.10. Neossolos Litélicos (antigos Solos Litélicus) pEESTaR poe 122! 2.4. Solos de Menor Expressan Gengrafica no Estado de Pornambuoo........ ai vcon 22, 2.4.1. Nitossolos (antigas Terras Roxas Estruturadas).......... 23 2.4.2, Chernossolos (antigos Brunizéns Avermelhados e outros solos)........ 23 2.4.3, Plintussolos - - . 24 2.4.4, Cambiecoloc....... : : 25 2.4.5. Espodossolos (antigas Pad7sis) 26 2.4.6, Solos Indiscriminados de Mangues -- 28 REPCTENCIAS «0... ecceseseetteesessseeeee 29 FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIGAO MINERAL DE PLANTAS: ASPEC1US GERAIS 3.1. Disponibilidade de Nutrientes ee . Toe ~ 31 3.2. Fornecimento de Nutrientes . 33 3.3. Absorgao de Nutrientes a annaennnnnansnncasen is dmcstasisimee, Sl 3.4. Fertiidade versus Produtividade UE mer 34 Reforénciae settesteneevvassosecenseetettcsannnsensnesieteee ee a : 7 o 36 Recomendacdes de Adubagdo - PE, 2008 4. MANCJO E CONSERVAGAO DE SOLOS 4.1. Consideragdee Geraic 4.2. Desmatamento e Limpaza da Area 4.3. Construgao de Estradas 4.4. Praticas de Conservagao do Solo e de Agua 4.4.1, Cultivo € plantio em curvas de nivel 4.4.2. Renques de veyelayau peimanente 4.4.3. Terraceamanto 0. 4.4.4. Rotacdo de culturas 4.4.5. Canais escoadouros ... aia 4.4.8, Vegetacao dos drenos naturais 4.4./, Adubagao verde 4.4.0. Cobertura muita... 4.4.9, Sistoma de plantio directo 4.4.10. Controle de vocarocas 4.4.11. Recuperagao de solos com ocorréncia de vocorocas ... Referéncias .............. 6. AVALIAGAO DA FERTILIDADE DO SOLO. 51 Métndns de Avaliagao da Fertilidade do Solo 49 5.1.1. Métodos biolégicos 49 5.1.1.1. Sintomas visuais 49 5.1.1.2. Ensaios com plantas superiores LIU MU ag 5.1.1.3. Ensalos com microrganismos ....... de sre ae . 49 6.1.2. Métodos quimices .... oH Le cs ¥ a 49 5121 Andlise de solo ni Hn zens i! : 49 5.1.2.2. Andlise de planta ...........0.. a. — Bh 5.2. Andlise de solo .... _ es as et x 50 5.2.1. Amostragem ..... HT i : PU eee 5 5.2.1.1, Selegao da area : ut i me .. 50 5.2.1.2. Tipos de amostra . 61 5.2.1.3. Nimero de amoetrae eimploc a coletar, por amostra composta 52 5.2.1.4. Epoca e freatiéncia da amostragem sossessnseeee 52 5.2.1.5, Caminhamento . ee 53 5.2.1.6, Profundidade de coleta das amostras simples * een a 53 5.2.1.7. Ferramenta e material necessarios a amostragem ...... 54 5.2.1.6. Instrugées para culela as amiusuias a 54 2.1.9 Acondicionamento : . 56 5.2.2. Metodoloaia de andlise e interpretacao dle resiitarios 87 5.3. Avaliagao Nutricional das Plantas .... 5.3.1. Consideragdes gerais 5.3.2. AMostragem 3 5.9.3. Interpretaéu dus resultados da analise follar 5.2.4. Diagnose vieual ... Referéncias mendagées de Adubaysu- PE, 2008 CKEKEKCLKKCKKKKTREKKKKKEKKKKKKTRURABABRRRRRRERNT | & SOLOS ACIDOS E CALAGEM reideragéce Goraia ceitos sobre Acirlez svn 's que Afetam a Necessidade de Calagem ‘odos de Recomendagao de Calcario . ‘tod da solugao tampao (SMP) .. }do da caturagdo de bases .. Neutralizagao do aluminio trocaval Qualidade dos Corretivos ... Poder de neutralizagao (PN) Eficiéncia relativa (ER) Poder relative de neutralizagao total (PRNT) conomicidade Camparativa das Carrativos Epoca e Modo de Aplicagao ..... +. Epoca de aplicagaio €7.2. Distribulgao Ff 2. Incorporagao Uso do Gesso Agricola réncias 7. SOLOS AFETADOS POR SAIS Tolerancia dae Culturas & Salinidade . Solos Afetadas por Sais © FERTILIZANTES 8.1. Nitrogonados ..... 82 Fosfatados 83 Potassicos 84. Organicos ........ 65. Micronutrientes ll 26 Fortilizantos Simples e Formulagdes Cunieiciais .. 87. Epoca e Madns de Aplicagaa de Fertilizantes .. 87.1. Fertiizantes nitrogenados 37.2 Fertilizantes fosfatados 572 | Apiicagao localizada 2. Aplicagée a lango com incorpurayau av solo 3.Ferllizantes patéssions 2 FEED ACCES DE CALCARIO E FERTILIZANTES ABACATE ~ 107 ABACAXI -- 108 ABOBORA IRRIGADA 109 A ‘OLA one V 110 ACEROLA IRRIGADA 111 ALFACE 112 Recomendagées de Adubagio - PE, 2008 SURRRRaRREDL ODD oi xii « « PATINA sasayiseeriaicegeveoneh scene anvenereneanen . anu m 3 « ALGODAO HFRRACEO UU ea ALGODAO HERBACEO IRRIGADO 15 «= ALHO feo oeot er AMENDOIM SET - ME 7 gs AMORA 18 gy ANTURIO : : TT TN ARROZ IRRIGADO ......... aeteteaeaTeRTeaaT ST 1200 * ASPARCO IRRICADO ..... ee . sean wanacecedinnmnccsnvenecs T2A - BANANA. 122 ge BANANA IRRIGADA .. 123 BAIAIA-DOCE 12 «6S BATATINHA ....cs0 z esa eset ee Pee 126 BERINJELA 127 = BETERRABA .... 128 ge BROCOLIS 129 CACAU ....... mili i NTL preeenest130 || | CAFE ARABICA 21 CAFE ARABICA IRRIGADO 0 (2008) A 132 gs CAFE ROBUSIA....... 2 133g CAJULIRO ANAO 134 CANA-DE-ACUCAR 135 & CAPINEIRA «....ccseoo 136 CEBOLA IRRIGA\ 137 CEBOLINIIA 138 ge CENOURA 139 CHAMBA 140 & CHUCHU 41 CITROS 142 & CITROS IRRIGANO (2008) 143 gs coco ie . 144 COCO IRRIGADO 145 COCNTRO ...... . 146 COUVF-FIOR 17 gw CRISANTEMO MB ge ESSENCIAS FLORESTAIS .. 149 EUCALIPTO . 150 FELIAO DF AR 151 FEIJAO DE ARRANCA IRRIGADO ... 152 ge FEIJAO DE CORDA... 153 TLWAO DE CORDA IRRIGADO aves TO = GFRGFI IM 155 om GLADIOLO 156 Ga GOIABA 158 ge GOIADA IRRIGADA - eeseee - anasto sen 1ST GRAMANODS iii ; 150 GRAVIOLA adi v iia senncanrntin 160 HORTELA-MIUDA a mn pining 161 a INHAME (CARA-DA-COSTA) ..... soseonne 102 ga LEUCENA 163, & fs Recomendagseo de Adubagic PE, 2000 = — a EP EESP IIE AASSS SSPE ESTES SRSA R DD DODO D) MACAXCIRA .... a a 104 MAMAO 185 MAMONA cildanbaerie 166 MANDIOCA iv estat 167 MANCA RFs rae i secaagigOE 2) MANGA IRRIGADA 169 MARACUJA AMARELO 170 MELANLCIA IRRIGADA ......... mT : : none EA MELAO IRRICADO occ sees : Ui WU ees MILHETO FORRAGEIRO ......... 173 MILHO cscs ee 174 MILHO IRRIGADO .... : UL 175 MILHO VERDE OU PARA TORRAGEN ..... tt ed alas APO MORANGO 177 PALMA FORRAGEIRA .. ease nea aaeeae 178 PASIAGEM ocsccsssseseene y ue sever etraduere 179 PEPINO : aancat eT lal 18 PIMENTAO IRRIGADO 181 PINHA, cscscxsossccre esentensshanabeadbeaniatdttdenantetncnenents scseesees 182 PINHA IRRIGADA (2008) eT cree 183 PITANCA . aaa 104 PLANTAS FLORIDAS EM VASOS 185, PUPUNHA 186 REPULHU veosanesutt ote erence seoscmecees 1BT ROSEIRAS pn cnomacnamsaseni lL SET sone 188 SERINGUEIRA 4R9 SOJA pusapanianreiresasae 4 - nasinaaeenananesaanetis 190 SURKGU FORRAGEIRO ......... tesaesuetietsntieiacdeaotseniemeaniretantc 191 SORCO GRANIFERO on scsseneneeeen ene BT A82: SORGO SUDAO FORRAGEIRO 193 TOMATE DE MESA eee 194 |OMAIE RASIEIRO IRRIGADO . 195 URUGUM srisecscsnense . nannies 190 UVAS 197 UVAS DE MESA IRRIGADA..... 198 Referéncias : 200 ANEXOS ANEXO 1. Estimativa de variagéo percentual na assimilagao dos Principais nutrientes pelas plantas, em fungao do oH do solo 205 ANEXO 2. Patores de conversao... 205 ANEXO 3. Unidades SI preferidas e areilas para tsn nas puhlicagses da Sociedade Bra leira de Ciéncia do Solo ......... ct us 206 ANEXO 4. Poder acidificante dos adubos .. . 207 ANCXO &. Principais caracteristicas dos fertilizanles minerals... 207 ANEXO 6. Quantidade de fertiizantes em sullen em fungan da espagamanta 210 ANEXO 7. indice salino de diversos adubos, determinado em releceo ao nitrato de sddio, tomado como indice 100 . Referencias se ser 211 212 Recomendagses de Adubasao al (eee eee TU OTTO U PUB O UU RUUD RECOMENDAGOES DE ADUBAGAO PARA O ESTADO DE PERNAMBUCO: 2°aproximagao Francisco José de Albuquerque Cavalcarli' (Coordenadon José Carlos Poroira dos Santos? José Ribamar Pareira? José Pereira Leite* Maria Cristina Lemos da Silva’ Femando José Freire® Davi Jose Siva? Antonio Raimundo de Sousa‘ Arminda Sacani Messias? Clementino Marcos Batista de Faria’ Nivaldo Burgos? Mario Alves Lima Junior® Ruberlu Vicente Gomes? Anténio Cabral Cavaleant?™ José Femando Wanderley Femancles | ima‘? RESUMO Visando melhor a atender o sector agropecudriv du Estadu de Pernambuco, sao apresentadas 91 tabelas com recomendacées de fertilizantes @ corretivos de solo para ac principais culturas do Cs~ tado. Além das informagées gerais sobre caracterizacdo e ocorréncia dos princinais sains, fertilidade, acidez, alcalinidade e suas corregées, sao, também, tratados assuntos relacionados com a avaliacao do estady uticional de plantas, feruizantes quimicos, organicos, micronutrientes, bem como alguns aspectos eobre mangjo do solo. ABSTRACT Aiming to improve the support to the crop and animal production sectors of the state of Per- nambuco, Drazil, 94 recormmre:Ualion lables for fertilization and liming, covering the major crops of the state, are being shown. Becides goncral information on the charavltiislies and occurrence of the main soil types, soil fertility, problems caused by acidity and alkalinity with the respective amendments, in- formation is given on the nutritional state of plants and on inorganic, oraanic micronutrients fertilizers, as well as, on some aspects of soil management. 1 Besquisador do IPA- Sede 2 Pesquisador da Embrapa Solos - UEP Recife 3 Fv. Reequisador da Embrapa Somi Arido 4 ExcPesquisador do IPA-Sede 5 Frufessor Ua URPE, 6 Pesquisador da Embrana Semi-Arido 7 Pesquisadora do IPA e da UNICAP 8 Ex. Pesquicador da Embrapa Coles - UCP Recife 8 Engenheiro Agrénomo da SEAPRU - Ipojuca - PE 40 Pesyuisaulur da UPRPEIEEGAL lubegao - PE, 2008 VUMRURROR EERE LUST ESE P PERE UR UU LULL LUAU ANA a a 4. INTRODUGAO Femanda José Freire’ O solo constitui o recurso natural mais intensamente utilizado para atender as necessidades de produg4o de alimentos demandadas pela populagao. Seu uso racional e adequado é fator im- prescindivel para oblengao de resultados satisfal6rivs rus enpreenuinentus agiivulas. Pata efetivar c00ee objotives, 6 proponderante conhecimento das caractorieticac do eolo que fornecerao ub dios para avaliacdo de sua fertilidade e. conseatlentemente. seu comportamento quando submetido a diferentes tipos de exploracao agropecuaria. Resultados advindos da utilizagéo do solo esta condicionados a fatores limitantes que di- zem respelto nao apenas a caracteristicas intrinsecas mas, também, a ambiental. Assim, solos que aprosentem clevada fertilidade natural, pederéo ter ue agricola roetrito, por eetarom localizadoe em ambientes desfavordveis a essa atividade. A partir da 1? aproximagao deste Manual, o consumo de fertiizantes e corretivos de solo do Estado tem se intensificado, principalmente com o desenvolvimento da agricultura irrigada do Vale do Sao Francisco, da agricultura canavielra e dos recentes incentivus & agtivullura fariiliat, v que torna indisponsdvel a atualizagéo das informagées téonicae contidas om um Manual deeea natureza. Assim, essa 3? edig&o proporcionara. certamente. transposicao de informacdes obtidas na pesauisa para técnicos, agricultores e estudantes das ciéncias agrarias, visando uma interface mais ampla com a sociedade pernambucana Esse trabaino, desde sua crlagao, tem envolvido professores, pesquisadores e (écnicos Jo Estado dentro de suas areas de conhocimento ospocifico, como Engenheiros Agrénomos ¢ Flores- ais, Zootecnistas e Bidlogos, entre outros, contribuindo significativamente para a qualidade deste Manual. Avaliagées criteriosas, como exigéncias nutricionais, tipo de solo, fertilizagao organica, den- sidade de piantio, espagamento, cultivares, produtividades média e esperada, foram estabelecidas para cada cultura, rcsultando cm recomendagécs racionais de fertilizantee © cortotivoe da acidez do solo, a que, certamente, atimizara agronémica e economicamente sua aplicacao, aumentando a efi- ciéncia e evitando o desperdicio e a conseqilente contaminagao do ambiente. “Exgenhare Agrénome, D. £0. om Coles o Nutrigde de Plantae, Profooser da UFRPE €, 2000 Rewunenvayoes VSORUROUEUUUU ODED DELP UU UUUUU LULL LULU ULE U aaa eae 2. SOLOS DE PERNAMBUCO: CARACTERIZAGAO E OCORRENCIA José Carlas Pereira dos Santos' José Coelho de Aratijo Filho? Nivaido Burgos? Antonio Cabral Cavalcanti* 2.1. Conceituagao e Constituigaéo do Solo 2.1.1, Cunveituagao de solo O solo é a camada superficial da crosta torrestre recultanto da altcragéio de rochas ¢, ou, se Gimentos pela ago combinada do clima, organisms, relevo € tempo. A transformacan da material Ge origem em solo ocorre de forma bastante lenta ao longo do tempo. E um sistema complexo, de uialureza fisica, quimica € mineralogica variada, que serve de suporte para sustentacdio fisica e como fonte de nutriontes c dgua para os vegetais. O solo é formado pala parte sélida (mineral e orgénica) © polo copago porose, o qual pode: estar ocupado pela agua e, ou, pelo ar. Dai, poder-se Ihe atribuir as fases sdlida, liquida e gasosa. 2.1.2. Fase solida do solo (constituigao matricial) A arte sdlida representa a canstituigao matricial do solo. E formada pela fragéio mineral, re~ Sultante da transformagao da rocha matriz e, ou, de sedimentos. e pela fragaa arganica, proveniento de vegetais, animais e microrganismos, em estadios variados de decomposi¢ao. 2.1.2.1. Frago mineral do sole Na maioria dos solos, esta fracdo representa a maior porcdo (mais de 98 %) das compenentes Sélidos do solo As particulas minerals se originam da intemperizagao das rochas formadoras do solo. Podem ser eeparadas em dois grupos: os minerais primarios, que resultam diretamente da tragmentagdo fisica da rocha, @ os minerais sactindarios, que sao formados no colo pola alterag&o de minerais pii- mérios e, ou, pela recombinagao dos produtos provenientes do intemperisma Os minerais primarios do solo podem ser considerados como de reserva de nutrientes, pois, lenta ou rapidarnente, pelo efelto do intemperismo, cedem elementos quimicos para as plantas (Kiehl, 1979), A fracdo mineral é representada por particulas de tamanho c forma variades, Seb o ponto de vista da fertiidade do solo € nutri¢ao das plantas, so mais importantes as particuilas menares que 2,0 mm, que definem a textura do solo, embora seja comum a ocorrénoia de materiais com dimen- SOes malores, como cascainos (entre 2,0 e 20 mm) e calhaus (entre 2,0 e 20,0 cm) Ac partioulas minerais do solo com uineisdes inferlores a dols milimetros podem ainda ser divididas em trés fracdes, confnrme o tamanho: areia (2 0,06 mm), ailte (0,05-0,002 mm), v aiyila (< 0,002 mm). ‘TEngenhelre Agrénomo, M. Oc, ei Ayrunuinia- Clencia do Solo, Hesquisador da Embrapa Solos - UEP Recife 2 Engenheiro Agrénomo, D.Sc. em Ciéncias, Pesquisador da Embrapa Solos - UEP Recife ~ Engennetro Agrénomo, M. Sc. em Geociéncias - Pedologia, Ex-Pesquisador da Embrapa Solos - UEP Recife 4 Engenheiro Aarénomo. D.Sc. em Agronnmia -lrigagta 9 Drenagem, Ex Poequicadar da Lmbrapa Gols - UEP Recife Rewineidayses ue AcubEpaO - PE, 2000 A textura ou composigao granulométrica de um colo 6 definida como eendo a proporgao rela tiva entre estas trés fragdes (participacdo percentual de cada) Atextura é uma importante propriedade do solo a ser considerada no manejo de fertilizantes Porque influencia varios processos relacionados com o desenvolvimento do sistema radical e com a fisiologia das plantas. A porosidade, as trocas gasosas, 0 movimento e retengdo de agua e de nutrientes, a capacidade de troca de cations (CTC), a disponibilidade de agua e nutrientes, a per- meabilidade do aolo, a fixagéo de fésforo ¢ a lixiviag&o de nitrogénio, por exemplo, 2&0 altamente dependentes da textura. A textura determinada de forma mais precisa por meio de métodos laboratoriais, mas tam- bém pode ser avaliada de forma menos precisa, porém bastante rapida, esfregando-se uma porgao de solo previamente umedecida entre os dedos. A areia dé a sensagao de atrito, o silte de sedosidade (alco), e a argila de pegajosidade. O Sistema Brasileiro de Classificagao de Solos adota cinco grandes grupos de classes de textura para a acparagdo dos solos do Brasil (Embrapa, 2006) Textura arenosa - Compreende as classes texturais areia e areia franca. Textura média - Solos com menos de 35 % de argila e mais de 15 % de areia, mas que nao se en- quadram na textura arenosa. Textura argilosa - Solos cujo teor de argila varia de 35 a 60 %. Textura muito argilosa - Solos com mais de 6U % de argila. Textura siltosa - Solos com menos de 95 % de argila © com 15 % ou menos de areia. Fm geral, solos com textura média e hem drenadas, passuem hoas condigées fisicas @ maior eficiéncia produtiva. 2.1.2.2. Fragao organica do solo A matéria organica, embora na grande maioria dos solos ocorra em pequenas proporgoes, assume importante papel nas propriedades do solo, influenciando positivamente a sua porosidade, retengdo de agua, capacidade de troca de cations @ atividade biolégica. Os teores de matéria organi- ca. em geral. decrescem das camadas mais superficiais para as mais profundas do solo. No estado de Pernambuco, estes teores situam-se, geralmente, entre 8 e 30 g de matéria organica / kg de solo, no horizonte A (camada mais superficial) Pode ser encontrada constituindo os organismos vivos (fauna e flora do solo), ou na forma de composts, em estadios varlados de decomposicao. A fase final da decomposigao da materia orga- nica produz compostos de tamanho coloidal, com alta cstabilidade ¢ coloragéo cscura, dcnominados hfimus: Aacao dos microraanismos sobre os materiais oraanicos nos estadios mais iniciais de decom- posigao resulta na liberagao direta de nutrientes para as plantas. Ja a matéria organica humificada age, principalmente, sobre as propriedades fisicas e quimicas do solo (Kiehl, 1985). Em fungao da grande superficie de troca e das cargas elétricas presentes nestas superficies, o hGmus tem importante papel na CTG do solo, principaimente naqueles arenosos e com argila de baixa atividade. Recomendapfins dn AdihagAn - PF. 200A VELLKKKKKCKCKKKAKKKKKKKCKKKKKKRKERRREEERREEREREREER J DSRORREEL LEVITT OUR R EET E GER U URL U RRR RR 2.1.2.3. Estrutura do solo A estrutura 6 0 arraniamento das particulas minerais e organicas em unidades maiores no solo. Depende da natureza das particulas minerais (argilo-minerais, oxidos, gros de quartzo, etc.) da matéria organica, de atividades biologicas e da Interagao desses curnpuntentes. Para a formagéo da estrutura 6 necessaria a aproximagao entre as particulas do solo, o que & canseguida por meio de forcas mecanicas como crescimento de raizes, acéo da mesofauna e movi- mento de expansao e contracao das argilas. Os principais tipos de estrutura sao: granular, grumosa, blocos, laminar, prismatica € colunar. Considera-se seri estiulura materiais constitutivos do solo cm forma de grace cimples (comune em colos arenoses) © macigos (horizontes caesas @ cimentarins) E uma caracteristica que afeta diretamente a porosidade (portanto as trocas gasosas e re- tengao de agua) e a penetracdo de raizes. As estruturas do tipo granular e grumosa e as em blocos pequenos conterem melhores propriedades fisicas aos solos. 2.1.3. Fases liquida e gasnsa do solo (espaco poroso) O arranjamento das particulas s6lidas deixa no solo espacos tisicos denominados poros, os quals podem ser classifivadus, en funiyau do tamanho, em macroporos (porosidade de acragdo) © microporoe (porosidade de retengao de umidade) ‘As fases liquida e aasosa dividem no solo este espago poroso. Em solos nao inundados, a Agua dos macroporos drena, livremente, pela ago da forga de gravidade, sendo pouco aproveitada pelos ve- getais. Na microporosidade, a agua é retida por ado de forgas capilares, nav sendo drenada por agao Ua yravidade, ficando, por isso, come reserva para as plantas 0 outroe organismos vivos do solo. E na fase liquida ou solucao do solo, que se encontram os nutrientes em formas prontamente disponiveis para serem absorvidos pelas plantas. Essa fase, também, é importante no deslocamento dos ions até a superficie das raizes, condigao necessaria para que ocorra a absorgao dos elementos nutrientes pelas plantas. J faco gacoea permite 2 ontrada do O, ¢ a saida da CO, da respiracAo celuilar das raizes sendo importante para o metabolismo das plantas e todos os processos que demandam energia me- tablica, como, por exemplo, a absorgao de nutrientes. Torna-se, portanto, tundamental buscar no solo 0 equilibrio entre as porosidades de aerayau ede ielengao de agua, De modo geral, 03 solos aronosos aprosentam excesso de porosidade de aoragao em ralacaa a de retencén de umidade, favorecendo estresses as plantas por falta de Aqua e perda de nutrientes por lixiviagao. O uso de matéria organica pode contribuir para melhorar 0 equi- librio na porosidade destes solos. Por outro lado, os solos argilosos, principaimente quando com problemas de adensamento ou de compaclayay, lenden a apresentar pouca acragao. Mereee registro 0 caco do cole argilosos 0 muito argilosas das classes das | atnssolos @ solos desenvolvidos de calcario. como Cambissolos, que por apresentarem estrutura do tipo granular ou em blocos pequenos, possuem uma boa porosidade de aeracao, 2.2. RelayOes Sulo-Agua-Planta 2.2.1. Movimento e retengdo de agua: conceitos basicos a agua total que chega ao solo, via chuva wu irriyayau, patle escoa superficialmente, parte ¢ eveporada ¢ parte ¢ infiltrada. Eeta distribuigdo depende de fatores como releva, enhertura vegetal, ntensidade da chuva e caracteristicas do solo. Recomendagses do Adubapte PE, 2008 Nem toda agua que se infltra no solo fica disponivel para as plantas, una vez que pa cola livremente saindo do sistema e parte fica relida Ue forma tao intenoa quo ae plantas nao guem utiliza-la. {A seguir oo aprocontados alguns canceitns basicos usados na medi¢ao da disponibilidade de 4gua no solo para as plantas: Capacidade de agua disponivel (CAD) - Conceitualmente, a capacidade de agua disponive' éa quantidade de agua retida pelas particulas do solo, em condigoes de set ulilicada pelas plantas. Representa a faixa de agua armazenada no sole que esta compreendida ontre © ponte de murcha permanente ¢ a Lapacidade de campo. [std rclacionada com a micrapamsidade, com o tamanho e a natureza mineralégica das particu- lag do solo, enm ns teores e a natureza da matéria organica e com o estado de agregagao do solo Ponto de murcha permanente (PMP) - E 0 limite da Kamina de agua firmemente presa as partt- culas do solo, ja nao disponivel as plantas. E um ponto reterencial que eslabeleve a fronteira inferior da capacidade de agua disponivel. Para a maioria das plantas cultivadas, o PMP corresponde ao tenr de agua retida Sob tentsav da orcem de 1600 kPa. 0 teor de umidade relanionado ao PMP varia de 0,03 a 0,09m? m4, para eoloe arenosos, 0,18 a 01,25m? m* para solos argilosos (Vieira, 1986), e de 0,20 a 0,32m? m*, para solos muito arailosos (Araujo Filho, 1992). Capacidade de campo (CC) - E considera como sendo o limite superior de agua aisponivel, ou seja, 0 topo da lamina de agua fracamente ‘etida pelas particulas du sulu, na transigéo com 0 qua que pode escoar livremente, perdendo-se pur percolagao (Agua gravitacional)- O teor exatn de agua considerady vomo capacidade de campo, 6 bastante questianavel. Em geral, tem sido adotado, como referencial para andlises de labaratérin, a tear de Agua retido quando o solo é submetido a ten- des de 33 kPa, nara solos argilosos, e de 10 kPa, para solos arenosos. Aquantidade de agua varia, geralmente, de 0,10 a 0,20m? m® para solos arenosos, €, de 0,35 a 0,50m* m* para solos argilosos (Vieira, 1986; Cavalcanti, 1994). ‘Agua gravitacional ou agua livre - E aquela que pode escoar livremente do eolo por ago da gravidade. Registra-se uit significative teor de agua gravitacional em candigées de ser utilizada pe- las plantas, que permanece por alguns dias em movimento muito lento no solo antes de se atingir a capacidade de campo (Cavalcanti, 1994). 2.2.2. Capacidade de troca de cations (CTC) ACTC €a capavidade que 09 solos aprocentam em adsarver cAtions nas superficies de seus Guldides minereis ¢ organicoe. Ecta propriedade & conferida aos solos pela presenga de cargas ne- gativas que surgem nas superficies dos minerais de argila e dos compostos himicos. "A CTC dos minerais de argila do solo varia de 3 a 15 cmol, kg" para a caulintta, de BU a 100 cemol, kg* para a montmorilonita, e de 100 a 150 cmol, kg” para a vermicullta, Os Uxidos apresen- tam muito baixa CTC, podendo, em alguns casos, cunfuriie o pl! do solo, apresentar carga positive (Kiehi, 1979). No humus, vs valores variam de 200 a 400 emol, ket (Raij, 1981), [Em solos de regiéee tropicais timidas, ns valores de CTC sao normalmente baixos, uma vez que, nestes, as minerais de argila do tipo 1:1 (grupo das caulinitas), € os Oxidos de ferro aluminio, dominam na fracdo argila. Por outro lado, é bastante comum os solos argilosos das regioes sem|- 4ridas apresentarem valores elevados de CTC, devido ao intemperismo menos intense favorecer 2 ocorréncia de minerais de argila do tipo 2:1, prinipalnrate do grupo das comostitas. J4 os solos afenosos, Meso ras 1eyiGes ridas, apresentam valores muita baixns de CTC. Recomendagées de AdubagSo - PE, 2008 LUTPEOORRERRVELLCLELLRUETRRARURRAA AAA J aaa eae TT TUT TUTTE UU OUR UO RUA AANA 9 As wai yas yeradas na superficie das argilas do tipo 1:1, dos oxidos de ferro e de aluminio e da materia organica, o&0 dependentes de pl, ou seja, varia com a alteracao do pH do solo, Quanto Menor 0 pH. menor a niimera de cargas negativae 0, conseqiicntemente, a CTC, Purissu, nos Solos mais intemperizados (comuns em reaides quentes e timidas), a calagem assume importante papel, também, na elevacdo da CTC do solo. A textura, a qualidade e quantidade de minerais na fragao argila, os teores e a natureza ia vrgariiva & 0 pH Sao, pois, fatores do solo que afetam a sua CTC. Esta, geralmente, é maior nos eoloe argilosos ¢ com maiores teores Ue aryila do tipo 2°1, € nos solos ricos em materia oraanica da mat 2.2.3. Adsorgao iénica e disponibilidade de nutrientes No sulv, as superficies de troca tuncionam como reservatério de nutrientes para as plantas. Os ions adeorvides (atraidos pelas cargas neyalivas Ua superficie dos coloides), estao em equilibrio din&mico com os fans da solugaa do solo. A medida que 02 ione da solugao sao retiradus por lixivia- £0 ou por absorcao pelas plantas, estabelece-se um navo equilibria, através da liberagdo de ions da superficie de adsorgao para a solugao. Da mesma forma, quando ions so adicionados ao sala. como, por exemplo, pela adigao de fertilizantes, parte dos nutrientes fica armazenada como reserva nos sitios de Wuva, cuniforme a GTC do solo. Em geral, a quantidade de ions adsurviua tus culdides € bastante superior aquela da solu- C40, Os solos salinos, entretanto, padem apresentar cignificativas quantidades de sais sulubiliza- dos. ACTC 6, pois, uma importante propriedade do solo a ser considerada no manejo de fertilizan- tes. Como, quase sempre, os solos apresentam maior capacidade de reter cations do que Anions, os ions NO, , SO, Cl podem ser facilmente perdidos por lixiviagao. Jé os fosfatos, embora estejam na forma aniénica, apresentam um comportamenlu bastante peculiar, pois reagem com oxidos de ferro € de aluminio, se transfarmanda em compoetos do baixa colubilidade, apresentanuu, pur isso, multo baixa mobilidade no solo. Em principio, solos com elevada saturagao por bases apresentam as melhores produtividades © requerem menores quantidades de fertilizantes, calcario e gesso. 2.3, Principaic Classes de Soles do Estady de Pernambuco Aagao combinada dos fatores de formacaa (genlagia, clima, relevo, seres vivee © tempo) faz com que exista uma grande variacdo na composigao dos solos do Estado, em termos de profundidade Cor, textura, estrutura, consisténcia, drenagem, pedregosidade e fertilidade natural. Essa diversidade de varactertsticas, allada ao tipo de clima, confere aos ambientes variagdes nas potencialidades condigéec de uso, manejo e conservayau Uus sulus. A identificagan de cada classe de colo dé se por meio do estudo de urn wuile vertical que 'centifica 0 seu perfil, Este funciona como um retrato do soln @ sua caractorizagao 6 foita por meio de uma analise conjunta dos seus horizontes e, ou, camadas, em termos de propriedades morfolagicas, tisicas, quimicas e mineralégicas. © Estado de Pernambuco possui uma representagao dos principais solos da Regio Nordeste do Braeil. lee0 acontcoc porque o Estado uvupa utria longa falxa no sentido leste-oeste (cerca de 700 km). estendendo-se desde regides mais imidas a lesto, até rogiéco mais secas a veste. Assuiadas Recomendar ago PE, 2008 10 49 variagdes de clima, ocorrem, lainbern, expressiva ritérin contribuindo para a diversificagao doe colos. Nesta secdo sero apresentadas, de forma sucinta, as principais classes de solos @ seus lo cais de ocorréncia no Estado de Pernambuco, assim como aspectos mais favoraveis e limitantes a0 uso agricola das terras. Para um mais amplo conhecimento dos solos do Estado pode-se consultar 0 “Levantamento de Keconhecimento de Baixa e Média Intensidade de Solos do Estado de Pernam- buco” (Araujo Filho et al. 2000), v *Zuneanento Agroecologico do Estado de Pernambuco” (Silva et al,, 2001), 0 “Levantamento Exploratorio reconhecimento de Solos do Estado de Pernambuco" (En brapa, 1973) e 0 “Zoneamento Agroecolégico do Nordeste” (Silva et al , 1993) Nota: todas as classes descritas a seguir so de solos minerais; e, a excecdo dos Gleissolos @ de alguns Espodossolos, todos os demais solos nao sao hidromérficos, isto 6, ndo apresentam problemas sérios por excesso de umidade. varlagoes de geologia e relevo em todo 0 ter- 231 Latossolos ‘Sao solos normalmente profundos, porosos, bem drenados, friaveis e, em aeral. com média a boa disponibilidade de agua para as plantas. Apresentam textura variando de média a muito argilosa, © estrutura granular ou em biocos, conterindo 30 solo aspecto macico poroso “in situ’. Em fungao da cor dominante no perfil, poden ser Uiviuiut s er) Lalossolos Amarelos (Figura 2.1,), Latossolos Vermelho-Amarelos @ Latoeeoloe Vormolhos. Em Pernambuco ha uma predominancia dos Latussu- los Amarelos e Vermelho-Amarelos. enquanto os Vermelhas san de paiica expressdo geografica Destaca-se que os Latossolos Amarelos da zona tmida costeira, diferentemente dos que ocorrem na Chapada do Araripe, comumente apresentam horizontes coesos quando no estado seco, particular- mente na secao de 4U a 1UU cm de profundidade. Sao solos bastante intemperizadus, cur pequena varlagao de textura no pertil e cya tragao mineral é constituida de argilae do baixa CTC (do grupo das caulinitas), éxidos de ferro © de aluininiv araos de quartzo. normalmente contenda manns de 4 % de minerais primarios pouco recietentoc ao intemperismo. Sao, por isso, acidos, com médios a elevados teores de aluminio trocavel e cam baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas. Ocorrencia em Pernambuco. Ocupam grandes extensées no Estado, principalmente nas Zonas fisiogréficas do Lilural ¢ Mala, ¢ do Serta. No primero caso, tem a maior expressao na Area que vai desde o municipio do Igaracou, até o extremo sul, na divisa com o Estadu de Alayu- as. No segundo caso, a grande concentracdo esta no tana da Chapada do Araripe, embora tenha expressao em areas de recobrimento na regio do Sertao do Araripe. e na parte oeste do Sertéo do So Francisco, bem como no topo da Serra Negra e, em areas de recobrimento proximas desta serra. Na regiao tisiogratica do Agreste, a ocorréncia é bem menor, limitando-se pratica- mente a pequenas divas 1ias vulas mais elevadas dos municipios de Garanhuns e Camocim de S&o Félix. Potencialidades e Limitagies As condigies fisicas dos solos favoraveie & ponotragdo das raizes, com auséncia de pedregosidade, e com equilibrio entre a drenagem e retencao de Agua, e 0 baixo risco de salinizagao quando irrigados, so os aspectos mais positivos desses solos. Suas principals limitagoes sao a baixa fertilidade natural e, quando for o caso, o relevo acidentado € a co- e980 dos Latossolus Aimmaiclus, parlicularrmente no ambiente dos tabuleiros costeiros. No caso de stia ocarréncia na regiao cemi drida, ac ondigéce climéticas adversas, evidentemeile, limita 0 uso desses solos, salvo com irrigacdo. Pecomendagses de Adubagio - PC, 2000 ARREKKELAKKKATITLTAREKKLKKKKKKKKTRLURLIRRRRRRRERERT VOOURRRTORRR DORR TEU CUO U URAC LU UU UU UU FIGURA 2.1. Latossolo Amarelo 2.3.2. Argissolos (antigos Podzélicos) do solos que apresentam uma acentuada diferenga de textura entre o horizonte superficial (A) € 0 horizonte subjacente (b textural). Predominam solos com argila de atividade baixa, porem, quando a atividade for alta (CTC = 27 omol, kg’ de argila), a saturagéio por bases deverd ser obrigatoriamente baixa. Essa classe abriga solos com grande abrangéncia de caracteristicas morfolégicas, fisicas, qui- micas e mineralégicas (Figuras 2.2a e 2.2b). Como alguns exemplos desta heterogeneidade, podem ser destacados: a) cor: matizes que caravivrizam as classes Argissolo Acinzentado, Argissolo Amarelo, Argissnin Vermalhn-Amarelo @ Argissola Vermelho: h) espassiira: dasda 0,40 m (rasos) até muita pro- fundos (mais de 2 m); c) textura: variando de arenosa a argilosa na parte superficial, e de média a muito argilosa no horizonte subsuperficial; d) drenagem: desde imperfeita até acentuadamente drenados; f) pedregusidaue, desde sulus nav pedregosos al sulus muilu peuieyusus av lonyy Ue ludu v perfil, y) relevo: do plano ao mentanhoso. Apresentam, também, muita variacao em relacao a CTC e a fertilidade natural, podendo ser aci- dos com altos teores de aluminio trocavel, ou apresentar pH proximo a neutralidade, sem aluminio e com elevados teores de calcio, magnesio e potassio. Aoxomplo dos Latoceolos Amarclos, os Argiecolos Amaroloe 0 Acinzontados dos tabuleiroe coe teiros também apresentam o fendmeno da coesao. Racamandarhas de Aduhacho - PE. 2008 Merece rafarancia especial. a arande ocorréncia, no Sertdo, de Argissolos fase pedregosa or possuirem grande quantidade de pedregosidade (cangas lateriticas, concrecoes ferruginosas; cascalhos e calhaus de quartzo e tragmentos de rocha Telraball ados), em meio & massa do eolo. Ucorrencia ern Peiriambuco. Apresentam co dietribuidos, si nificativamente, nas trés arandes regides ficiograficas de Estadn Os das zonas do Litoral e Mata sao, em geral, profundos, acidos, com médios a elevados teores de aluminio trocavel, baixa CTC e baixa disponibilidade de cations trocave's. No Agreste e Sertdo, também podem ser protundos, ‘cONtUdO é baslatile Gurmum os Argissolos mais Tasos, pedregosos OU nav, & LUI grande variagéo na fortilidade natural, padencin em alguns casos. atingir valores para a coma dos tearas de calcio e magnésio em tomo de 10 cmol, kg de solo. Potencialidades e Limitagdes. Os Argissolos da zona fisiografica Litoral e Mata sao bastante usados com cana-de-aclicar. Apresentam como principals limitagoes @ baixa fertilidade natural 0, muito comumente, 0 relevo acidenladv. O fenémeno da cocsdo 6 outra limitagao desses solos, parlicularmente nos Argiccoloe desenvalvidos no ambiente dos tabuleiros costeiros. Nas Zonas do ‘Agresta e do Sertdo, de modo geral, as limitagdes recaem na pequena profundidade e na ocorréncia de pedregosidade, somando-se as condigdes de clima semi-arido, (luando estes solos sau ps ufundos fe sem pedras, apresentam bom potencial para ittiayao. Nos conhesidos brojos de altitude, ‘onde tem grande uvorréncia, em ua maioria, edo distréficos & esto sob uma veaetacdo mais umida. O relovo movimantada e, As vezes. a presenca de afloramentos de rocha constituem a maior limitagao ao uso nesses ambientes. ‘Argiceolo Vermalha-Amareln (antigo Podz6l Vermelho-Amarelo) ecomenaagoes ae Adubayau - PE, 2000 cv epEEPEPERPEPPPRUPVUPPURERRPRRRPLIVIVAVRRRRRER \SOUURRSEOODOUEEL EES SUUSUUUUUUU RAL aa 4 FIGURA 2.2b. Argissolo Vermelho-Amarelo fase pedregosa (antigo Puuzillco Vermeino-amarelo fase pedregosa) 2.3.3. Luvissolos (antigos Brunos Nao Calcicos) Os solos desta olacse so rasos a puucy profundos (geraimente entre 0,40 ¢ 0,80 m), tipi- camente de ambientes semi-Aridns (zonas fisiogréficas do Agreste © Seilau). Possuem uma signi- ficativa diferenga de textura entre os horizontes A e B textural este Ultimo aprosentando argila de atividade alta (CTC maior que 27 cmol, kg" de argila, sem corregao para carbono). e cores vivae geralmente, ve lu de bruno avermethado até o vermelho escuro. A textura, normalmente, é mé- dia, no horizonte euperficial e argilosa, nu subsuperficial. Comumente apresentam pedregosidade na Parte superficial do solo. Diferanciam-se dos Argiccolos por apresentarei, cunjuntamente, argila de atividade alta e elevada saturacdo por bases. Conforme a natureza mineralogica, alguns Luvissolos podem apresentar. em subsunerficie, a Presenya uv lurizontes verticos. lais horizontes, devido a expansdo e contragao das argilas, normal mente exibom fondac o ouperficies de frivyau invlinadas denominadas de “slikensides”. Os Luvissolos que nan aprasentam horizontos vérticos (Vigura 2.3a) desenvolvem, em sub- superficie, estruturas tipicamente na forma de blocos. Por auitmn larin, a que aprocontam herizontes verlicos (Figura 2.3b) desenvolvem estruturas do tipo prismatica que, no estado seco, tam cansistn- 15 %). Os Planossolos sédicos, atualmente denominados Planossolos Natricos, curespondern aus anligos Solonetz Solodizados. Do ponto de vista morfologico, os Planossolos Ha- plicoe © Natricos c&o muito semethantes. Ocorréncia em Pernambuco. Ocarre em extensas areas cam releva plano @ suave ondulado nas zonas fisiograficas do Agreste e Sertéo. Os Planossolos Natricos, antigos Solonetz Solodizados, s40 mais comuns na zona do Sertao. Potencialidades e Limitagoes. A principal limitagao desses solos é de natureza tisica, pelo fato do horizonte subsuperficial (B plénico) ser bastante duro, © que impede a penetragao de raizes 2 da agua, podendo, no perinda chuvasn, apresentar-ce cam excassa de umidade. Quimicamente, estes solos, em sua maioria, apresentam bastante sddio trocavel e podem apresentar problemas de desequilibrio de bases. Em geral, so solos com potencial baixo, principalmente quando ocorrem em amblentes de caatinga hiperxerofila. Neste caso, sao mals usados com pecuaria extensiva, aprovei- tando a vegetagdio nativa come fonte de alimento para os animais. No Agreste, onde esses sulos, &s vezes, apresentam a camada superficial (horizonte A+F) mais espessa (maior que 50 em) (Figura 16 2.4b), © onde o olima 6 menos seco (caatinga hipoxcréfila ¢ florcata caducifélia), 9&0 utilizados com pastagem de capim e palma forrageira. sendo. muitas vezes, cultivados com feijéo e milho. Fm casos especiais sao, também, cultivados com mandioca, batatinha, batata doce, tomate e melancia. FIGURA 2.4a. Planossolo com camada superficial (horizontes Ave) pouco espessa FICURA 2.4b. Planosselo com camada superficial (horizontes A+E) espessa Recomendacées de Adubacdo - PE. 2008 REREREREKRRRUIELRELAKKKKKCKKKKKRRRRURLERRRARRRRRER J DUUUREEREUELLULE CSUR ESSEC SRO EEUU UU UU RNR a aa) 2.3.5. Veilissulus ‘So solos arailosos a muito arailosos. com pequenas variagées de textura ao longo do peril @ com altos teores de argila expansiva 2:1 (do grupo das esmectitas), o que Ihes confere um grande poder de contragao e expansdo. Em decorréncia disto, apresentam estruturas grandes, prismaticas ©, quandy sevy, wxibei ferdas alé a superficie (Figura 2.5). Em subsuperticle, normaimente exi- bem superficies inclinadas alisadas 6 lustrocas, recultantec do doclizamonte o atrito da masea do solo, conhecidas como “slikensides”. Apresentam alta fertilidade natural, com o pH variando de levemente Acido até levemente alcalino, sem a presenga de aluminio trocavel e com elevada soma de bases e CTC. A textura ar gilosa, com significative yuatilidade Ue aryilas do lipo 2: 1, lorna estes solos, quando umidos, muito pouce permedveis, com alta pegajosidade © de dificil manojo. Quando coces, co oxtremamente duros. Ocorréncia em Pernambuco. Sao solos com pouca representatividade no Estado, localizan- do-se em pequenas areas da zona fisiografica do Sertao (Sertao do Araripe, Sertao do Sao Fran- cisco, Sertae do Pajed/Muxul Serlau ue llapariva e extrem noroeste do Sertao Central, proximo A divisa do Estado de Pernambuco com 0 Ceara), bem como na rogide ficiografica do Agroste (Agreste Setentrional), onde ocupam menores areas. Potencialidades e Limitagées. A alta fertilidade natural e o relevo pouco acidentado sao os aspectos mais positivos desses solos. A grande limita¢do deve-se a dificuldade de manejo, devido @ alta pegajosidade quandy Umnidys v vlevada Juieza, quando secos. Em algumas situagoes, tam- hém aprasentam limitagdes por acarrerem em areas abaciadas. Também 6&0 solos quo co locali Zam em regides com elevado deéficit hidrico. FIGURA 2.5, Vertissolo 12 - PE, 2008 18 2.3.6. Neossolos Rogoliticos (antigos Regoscloa) Sao solos caracterizados por uma textura arenosa ou média (leve), com pequena variagdo ao longo do perfil e com cores claras (Figura 2.6). A profundidade média oscila em toro dos 1,20 m (com extremos de 0,50 @ 3,0 m). Devido a sua textura leve, estes solos possuem drenabilidade acontuada o valores muito baixos de CTC ¢ de cations trocéveis. S40 muito pobres em matéria organica. Diferenciam-se dos Nenssains Quartzaréniens, por apresentar, nas fragdes grossas (areia e, ou, cascalho), teores acima de 4 % de minerais primérios facilmente intemperizaveis, como plagioclasio, biotita e outros. Estes minerais, principalmente quan- du na frayau areia fina, funcionarm como uma reserva de nutrlentes que podem ser Iiberados para ae plantas. Ocorrom, goralmonte, om relevo plano ou suave ondulado. S& pouco utilizados em ambientes com caatinga hiperxerdfila. porém. nas regiées com caatinga hinoxerdfila e em pequenns trechos com floresta cadueifolia, oferecem, relativamente, boa produtividade quando tratados com matéria organica, sendo bastante utilizados com mandioca, feljées (Phaseolus e Vigna), caju, tomate e capim. Ocorréncia om Pornambuco. Ocorrem cm ambicntes de clima semi-drido, distribuindo-se em reas significativas do Agreste e em menores propargées na zona fisingrAfica do Sertao Potencialidades e Limitagdes. Sao solos faceis de serem trabalhados em fungao da textura leve e do relevo pouco acidentado onde ocorrem. As principais limitacdes so a fertilidade natural e @ Wapavidaue Ue relengado de agua muito balxas, além do elevado deficit nidrico das regioes onde ocorrom FIGURA 2.6. Neossolo Regolitico (antigo Regossolo) Recomendacties de Aduacda - PE. 7008 RILKKKHKKCKKLAKALALAACACCLAK CHAKRA LLULEEVAREREe TUMUAUALAUUAR RARER RRR ETE URC U ARUN Uk atta 2.3.7. Neossolos Quartzarénicos (antigas Arelas Quartzosas) Ecta classe (Figura 2.7) compreende salns aranasas (classes texturais e areia franca). constituidos, essencialmente, de graos de quartzo. Sao profundos a muito profundos, acentuada a excessivamente drenados e com baixa retengdo de agua. Apresentam muito baixa fertilidade natural, sendo geralmente Acidos, com baixa CI e com baixos teores de cations Wocaveis & de iialéria organica. Ocorréncia em Pernambuco. Localizam-se, normalmente, em ambientes da releva plano & suave andulado e. raramente. em relevo ondulado. Ocupam grandes extensdes na zona fisiografica do Serio, relacionando-se, principalmente, com as formagdes de arenitos ai encontradas. Constituem, na quase totalidade, os solos da bacia do Jatoba (entre Arcoverde ¢ Petrolandia) e ocupam signifivativas areas 1s ttunicipius de S40 José do Belmonte e Petrolina. Ocorrem, também, om trochos menores nas imediagdes de Mirandiba, Carnauheira da Penha, Caraiba. Custodia e Betania. No municipio de Buique, transigéo Agreste-Sertéo, tém também bastante representatividade e também estao relacionadas com os arenitos da bacia do Jatoba, em seu extremo norte. No Agreste, estao presentes em signiticativas areas, relacionadas com a presenga Ue quatlzilus, nus municipios de Garanhuns, Lajedo, Cactéo, Jupi, So Jodo, Juroma, Calgado, Santa Maria do Cambueé, Vertentes ¢ Sunihim, onde nearrem associados com os Neossolos Reqoliticos. Na regido Umida esto relacionados com a baixada litoranea onde, com muita frequéncia, esto associados aos Espodossolos. Potencialidades e Limitagdes. As grandes limitagoes destes solos sao a balxa capacidade de relengau Ue dyua © a baixa fertilidade natural. Na regio semi drida, quando ocorrem em ambientos menos secos, $40 bastante utilizadas cam culturas de subsisténcia como feijéo macassar, mandioca e caju. Quando estes solos apresentam-se com 10 a 15 % ou mais de argila, tem mostrado, relativamente, um melhor potencial para uso com agricultura irrigada. No Litoral, 0s Neossolos Quartzarénivus sav, piiticipalinente, explorados com a cultura do coco-da-baia, caju ¢ mangaba. Recor 20 2.3.8, Neussolos livicos (antigos Solos Aluviaie) ‘S40 colos do varzoae, rolacionades com codimontoe recontee, de origom fluvial, condo forma- dos de camadas estratificadas (Figura 2.8). mas sem relacao genética entre si. Possuem drenagem variavel, desde bem a imperfeitamente drenados. Apresentam textura muito variada, tanto entre es- tratos do mesmo perfil, como ao longo das seqiiéncias de solos onde ocorrem. Quando formados em amblentes seml-aridos, mullas vezes, apresentam sais solivels (salinidade) vu séuiv Wocavel (codicidado) om cua compocigao. Ocorréncia em Pernambuco. Distribuem-se. geralmente. em estreitas faixas, ao longo das calhas e, ou, linhas de drenagem dos principais rios e riachos, em todo o Estado. Potencialidades e Limitagdes. Sao solos de baixa a média fertilidade natural, onde se obtém bua pioulividade para a maivtia das culluras. Suas linilayGes mais furles wslay relaviviadas aus riceoe do inundagdo 0, om algune cacoe, & nocescidade de olaboragao de eictemae de dronagem Na regiao semi-arida podem apresentar actimulo de sais e risco de salinizacéo quando usados com irrigagdo. Nesta regio, so muito utilizados com agricultura irrigada quando localizados nas margens do rio Sao Francisco e de outros rios menores, onde ha disponibilidade de agua FIGUIRA 2 & Nenssain Fliivien (antign Soin Aluvial) Recomendacties de Adubacio - PE. 2008 KLELLKKKKKKKRERRKKKKKKCKKKKKKKRRARRERRURRERRRERRE Tee eee eee TUL UU U UU TTT U UCR RRR LUUUUU Raa aaa 2.3.9. Gleiesolos Sao solos de varzeas, tipicos de ambientes hidromérficos, que apresentam lencol freatico elevado em parte significativa do ano (Figura 2.9). Sao, portanto, mal ou muito mal drenados. © horizonte dlagnostico desses solos (horizonte glel) ocorre dentro de 15U cm da superficie, imodiatamente abaixo de horizonte A, E ou de horizonte histico (horizonte de natureza organica mal drenado). Taxonomicamente. 0 horizonte glei caracteriza-se por apresentar cores cinzentas em decorréncia da redugao do ferro, face a influéncia do lengol freatico elevado durante periodos longos, ou mesmo durante todo o ano. Tipicamente estes solos sao encontrados em varzeas timidas, pouetidy estar assuciados corn Neossolos Fiuvicos, Cambissolos e Organossolos. Ocorréneia om Pernambuco. Distribuem-sc na zona fisiografica do Litoral e Mata, como, por exemplo. nas varzeas do rio Goiana, Sirinhaém, Una, ete, @ tm ocarréncia esparadica em trechos de varzeas Umidas na regiao do Agreste. Podem ocorrer, de forma pouco expressiva, proxima ou no contexto dos ambientes de mangues. Nesles casos, podem apresentar problemas com sais e, ou, presenga de enxotre no estado reduzido. Eceae varzoas, co dronadas artificialmente, possibilitam a oxidag&o de compostos de enxofie que podem levar a formacdo de acido sulftirica e. em conseqiiéncia, haixar a pH do soln para uma faixa extremamente acida (pH < 4,3). Potencialidades e Limitagdes. Sao solos de baixa a média fertilidade natural. Apresetam como principal liniagau, a deficienicia de oxigenagao tace a permanencia do lengol treatico elevado por longoe poriodos. Entrotanto, cob manojo adequado, onde se torna indispensavel um bom sistema de drenagem, € capaz de oferecer boas condi¢ées de produtividade as culturas. Par exempin, as maiores produtividades da cana-de-aguicar (acima de 100 t ha") na zona fisiografica Litoral e Mata ‘840 obtidas nas varzeas com esses solos. FIGURA 2.9. Gleissolo Pocomendagice do Adubagse PE, 2008 = « 2 « « 2.3.10. Neossolos Litdlicus (ariliyus Sulus Lit6licos) ‘ ‘Sao solos tipicamente rasos. isto 4, cam menos de 0,50 m de profundidade até o substrato © rochoso, sendo pouco desenvolvidos, com sequéncia de horizontes A-C ot A-R (Figura 2.10). © Ocupam posigdes de relevo que variam de plano a escarpado e apresentam muita variaco quanto 2 ferlilidade natural. No Estado, tem como substratos principais: granitos, gnaisses, micaxistos, arenitos « © quarizitos. Ornrréncia em Pernambuco. Sua ocorréncia é mais comum na reyiav ve clima semi-arido, ocupando significativas areas por todo o Agreste e Sertén Potencialidades @ Limitacdes. Suas maiores limitacdes so a pequena profundidade efetiva, Pedregosidade, topografia movimentada e presenga de afloramentos rochosos. Os solos menos peuregosos, com norizonte A mais espesso e com alta fertilidade natural, so usados em sistemas do produgdo pouco intensivos com alyvuay, milo, feljao e palma forrageira. FIGURA 2.10. Nooccole Litélico (antigo Solo Litslivu) 2.4. Solos de Menor Expressdo Geografica no Estado de Pernambuco No Estado de Pernambuco ocorrem, airiua, oulras classes de solo, com pequena expressdo Qeografica. embara algumas possam apresentar olovado valor produtivo. Serau feilas apenas breves menges sobre esses solos. RecomendacAns da Arihagio - PE, 2008 RELL LKLHLLTARLHOOKRAOHOKHKKHKKARERERRE UNA RRRR EERE A TER O UTR R TUT U URL E OUR UU 2.4.1. Nitossolos (antigas Terras Roxas Estruturadas) S4n salns tipicamente bem estruturados. com baixo gradiente textural e argilosos desde a superficie (Figura 2.11). Sao provenientes da alteragao do basalto ou onde a maior influéncia € ‘© basalto. No Estado de Pernambuco, sao distréficos e respondem bem ao uso de tertlizantes € corretivos Ocorrénoia om Pomambuco. Esta classe tom sua ocorréneia limitada a uma pequena parte dns municipias do Cabo de Santo Agostinho e Ipoiuca: Potencialidades e Limitagdes. Suas principais limitagdes, em Pernambuco, s4o a baixa fertilidade natural, altos teares de aluminio em protundidade é o relevo ondulado. FIGURA 2.11. Nitossolo (antiga Terra Roxa Estruturada) 2. Chernossolos (antiges Brunizéne Avormelhados e outros soles) No estado de Pernambuco correspondem somente aos solos clasificados anteriormente como Brunizéns Avermelhados. a0 solos de elevada fertilidade natural, poucy profurdus (ei luinu de 4 metro), € facilmente identificades pelo contraste que aprocontam entre os herizontes Ao B (Figura 2.12). 0 primeira ho- rivonte é escuro. espesso e rico em matéria organica (A chernozémico), e o segundo é de coloragao 808 de Adubagia- PE, 2008 24 bruno-avermelhada e com argila de atividade alta. Em geral, apresentam textura media no horizonte Ae argilusa nu B. Pussuen sigtiivaliva reserva de nutrientes nos minerais primérios de facil decom- posigdo (foldepatos), SAo mais comuns om ambiente de floresta subcaducifélia, cam precinitagén que varia de 850 a 1.200 mm anuais. Ocorréncia em Pernambuco. Encontram-se unicamente na zona da Mata Norte, ocupando pequenas extensdes, principalmente nas circunvizinhangas de Nazare da Mata. Pulenivialidades & LirrilayOes. 80 svlvs de alto potencial para a agricultura, em razéio da cle- vada fortilidade natural. Apresentam come principais limitagdes: sua acarrén ilado, ligeira a moderada falta d’4qua e moderada_profundidade efetiva. FIGURA 2.12. Chemossolo (antigo Brunizém) 2.4.3. Plintossolos S40 solos formados em ambientes sujeitos ao efeito temporario de excesso de umidade ou em condigoes de oscilacao do lengol treatico, sendo, geralmente, Imperfellamiente ou tal dreniados. Caractorizam ee por aprocontar um horizonte diagnéstico plintice @, ou, litoplintico @, ou, concrecionario Recomendapdes de Adubagao - PE, 2008 = « = « « « « = « = = = « = = “ « = = = = = = ee = = = os = = - - « « = = S = = = = = « = € " SOOUU ROR U RLU L LEU OSES SUSUR UU UU RLU UUUUUNAAaad ne perfil, conforme conceituagéoe taxonémicas estabelecidas no Sistema Drasileiro de Classifivayau de Solos (Embrapa, 2006). Morfologicamente. esse horizonte se anresenta enm pequanas bolotas do cores avermelhadas circundadas por cores acinzentadas (Figura 2.13). Ocorréncia em Pemambuco. Estes solos apresentam distribuicdes esporadicas @ pouco eatensas, ei ludu uv Estadu. Potencialidades © Limitagdes. Em goral cdo solos com baixa fertilidade natural e, periodicamente, podem estar associados com problemas de deficiéncia de drenagem Fm alguns casas, na regiao semi-arida, esto associados a problemas de pedregosidade constituida por concrecées, cangas lateriticas e outras fracdes grossas. FIGURA 2.13. Plintos: 010 2.4.4. Cambissolos Apresentam pequena variagao textural a0 longo do perfil e um horizonte B cambico em sub- euporficic, caracterizando solos pedogeneticamente poucu evuluiuus (Figura 2.14). Sa0 bastante diversificados. variando de rasos a muita profundas, bem a imperfoitamente dronados, com ou sem pedregosidade e com argilas de atividade alta ou baixa. Rocemendasses de Advbagso PE, 2008 Ocorréncia em Pemambuco. Ocupam areas pouco expressivas, desde a zona fisiografica do Litoral e Mata, até a do Sertéo. Na zona do Litoral e Mata ocorrem, principalmente, nos ambientes de varzeas Menos umidas, associados com Neossolos FIUVICOS € Gieissolos. Na regiao do Agreste, ocorrem em algumas serra. No Sertéo, distribuem-se nos sedimentos aluvionares dos rios, na serra, de Triunfo, em Areas dissecadas por vales na hacia do .lataha e em diversos pontns isoladas das reas cristalinas onde ocorrem calcarios e, ou, outras rochas basicas. Potencialidades e Limitagdes. So solos com potencial variado, normalmente com média a alta fertilidade natural, podendo apresentar limitagoes em Tungao de: a) pequena profundidade efe- tiva; b) riscos de salinizag&o e, ou, sodicidade se irrigados; c) pedregosidade c, ou, rochosidade; d) ralevn movimentada; e) deficiéncia hidrica FIGURA 2.14. Cambissolo 2.4.5. Espodossolos (antigos Podzéis) ‘So solos que se caracterizam por apresentar um espesso horizonte arenoso sobre um ho- rizonte escuro resultante do acimulo de materiais amorfos ativos compostos de matéria organica Recomendagies de Adubagao- PE, 2008, RELLLCLKLKHKLKKKRKLKELKKCKLKKKKKLLLARRRREBRRERRRRRRRATAA i SUaaaad Joa U TUT TUT TTT ROU OURS w 2 sluminio, com ou sem ferro (Estados Unidos, 1975) (Figura 2.15). Esse huricuiile escuru podera ser cimentado ou nao e sobrepor-se a outros horizantes extremamente duros @ cimentados. De- pendendo do regime de umidade e da drenagem da area, esses solos podem ser hidromérficos ou nao. Ocorrencia em Pernambuco. Ocorrem somente na Balxada Litoranea e nos Tabuleiros Cos- teiroe. No primoiro caso, ectéio associados com Neossolos Quartzarénicos. Nos Tabuleirus, ocuparti peauenas areas planas abaciadas e. muito raramente, posiches de encostas, estando ascociadoe com Argissolos, Latossolos e Neossolos Quartzarénicos. Potencialidades e Limitagdes. So solos que, por apresentarem baixa fertilidade natural e baixa vapavidade Ue relengao de agua, possuem um limitado potencial para a agricultura. Porém, algumas culturae maie adaptadas produzem relativamente bem, como € 0 casy du Luuu-ue-bala, manaaba e caju. Os Espodossolos hidramdrficns padem apresentar excesso de 4gua nos periodos mais chuvosos do ano. FIGURA 2.15. Espodossolo (antigo Podzol) Rosomendagics de Adubagéo - PC, 2000 2.4.6. Solos Indiscriminadus Ue Mangues Compreende solos hidromérficos. localizarins nas partes baixae junto & orla maritima, sub influéncia das marés e com vegetacéo de mangues (Figura 2.16). Engloba, princinalmente, scles sallcos (condutividade elétrica > 7 dS m" a 25°C) e tiomorficos (com horizonte sulfurico e, ou, materiais culfidricos), sejam de natureza mineral ou organica. Us Primeiros, relacionam-se aos Gleissolos, e OS segundos, ans Organessolos. Os altos tcorcs de sulfetos ©, uu, enxofre elementar nos solos tiomérficos podem tornd-los extremamente acidas quando drenados. Ocorréncia em Pemambuco. Ocorrem na zona fisiografica do Litoral e Mata, mais especificamente junto a orla maritima, na desembocadura de rios. Potencialidades e Limitaydus. Sav Solos sem potencial para uso com agricultura. devendo ser destinados 4 presenvagao da flora e da fauna, combinada com a pesua raciorial de CF Istaceos, FIGURA 2.16. Ambicnte de Mangue Recamendacies ra Aduhagse PE, 2008 RLELKKRKLPERKKRKEHROK HOKE HR OHKKRARARRHRHRAeRRHHhDOOOHREAE Jee cece UU eee U TPP PE EER UU URE REEL TUR eae 29 Referéncias ARAUJO FILHO, J.C. de. 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Sogundo Amon & Stout (1939), um elemento quimico 6 considerado essencial quando: em sua auséncia a planta nao completa o ciclo de vida; ele nao pode ser substituido por nenhum outro; e, o elemento esta diretamente envolvido no metabolismo da planta, como constituinte de um composto essencial ou como componente indispensavel 4 agdo de um sistema enzimatico. Com base nestes crilérivs sau, alualin le, curliecidus Uezessele nutricntes essenciais: C, H, O, N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, o Zn (Epstein e Bloom, 2008; Furlani, 2004). 0 carbono é fornecido pelo CO, do ar. 0 hidrogénio pela aqua do solo e o oxigénio provém tanto da Agua como do CO, atmosférico. Os outros 16 elementos tém seu fornecimento pela disponibilidade natural no solo, ou pela adigao de fertilizantes, via solo ou via foliar. No caso particular do nitrogénio, algumas plantas podem, também, obté-lo diretamente do at, por meiv da simbiuse cum miviviganis- moe fixadores de nitrogénio. A fettilidade dos solos diz respeito 8 capacidade que estes apresentam em fornecer, na forma em que as plantas absorvem, e em quantidades e proporgdes adequadas, os elementos quimicos essenciais para o desenvolvimento vegetal. Um solo fértl, também, nao pode conter substancias ou elementos toxicus em niveis que pussam prejudivar u desenvolvimento das plantas. Fica, portanto, implicito que 0 conceito de fertilidade nao deve considerar apenas os aspectos quimicos. mas também as caracteristicas fisicas que afetam a aeracdo a disponibilidade de Aqua 19 solo. ‘A pratica da fertiizagao objetiva adicionar ao solo fertilizantes e corretivos de acidez, visando ellminar eventuais distorgoes da fertiidade ern relagau as exiyénvias das culluras. ‘As plantas diforom baetante com relagdo a quantidade oxigida de cada um dos nutrientes Mas, em geral, cerca de 90 a 95 % do peso seco dos veaelais é constituido de carbono, oxigénio € hidrogénio, sendo o restante da planta formada pelos demais elementos (Epstein e Bloom, 2006) 3.1. Disponibllidade de Nutrientes A disponibilidade de nutrientes para as plantas depende de varios fatores, entre os quais se destaca 0 tipo de solo, pH € teor de matéria organica a) Tipo de solo - 08 solos variam bastante quanto @ ferlilidade tralural, O material de urigen © U clima onde 0 solo se formou edo o¢ principaie fatoroe quo influenciam a cua fertilidade natural Ambientes quentes e Umidos. a exemplo das zonas fisioaraficas Litoral e Mata do Estado de Pernambuco, tendema apresentar solos mais dessaturados, pobres em bases, acidos e ‘Agrénamo, M.Sc. em Agronomia Ciéncia do Solo, Pesquisador da Embrapa Solos - UEP Recife © Agrfinnma, M Se. em Solas @ Nutticdo de Plantas. Pesauisador do IPA b) com presenga de aluminio na forma toxica as plantas. Por outro lado, os ambientes mais secos das zonas do Agreste e Sertéo tendem a ser menos intemperizados e mais ricos em bases ocorrendo, em alguns casos, problemas de excesso de sals. Entretanto, mesmo nas regloes mais cocas podem ocorrer solos dessaturados, por influéncia preponderante do material de origem, naturalmente pobre em nutrientes. Este é 0 caso. por exemplo, dos Neossolos Quartzarénicos, Neossolos Regoliticos e boa parte dos Argissolos e Latossolos provenientes de matetiais geolégicos de cobertura sedimentar na porgao oeste do Estado. Uma idéia getal da fertilidade dos solos do Estado de Pernambuco fol apresentada, anterlormente, no Capitulo 2. PH - influencia as reagdes dos elementos quimicos (precipitagées, dissolugdes) e a atividade bioldgica no solo. Exerce, portanto, influéncia direta na decomposigao da matéria organica e liberagao dos nutientes para as plantas. A maiorla dos nutrlentes essencials tem sua forma © dicponibilidado altoradac no colo om fungao do pH. Em goral, 6 na faixa do pH ontro 6,0 0 7.0 onde se tem as melhores condicées quimicas para o desenvolvimento das culturas. Nesta faixa nao existe aluminio ou manganés em niveis toxicos, tem-se boa disponibilidade dos nutrientes em formas absorviveis pelas plantas e é uma condigao de pH favoravel a atividade dos microrganismios. Uma idéla geral da disponibilidade dos nutrlentes no solo em tungao do PH 6 aprecontada na Figura 3.1 Matéria organica - a matéria organica contém, em sua estrutura, todos os nutrientes essenciais, que, apés a sua decomposigao, sao liberados na forma mineral para as plantas. Merecem destayue, contudy, 0 niltugéniv, v enxofie € 0 boro cuja principal fonte no solo € a materia organica. 5,04 Fe == — Cl Mo re Se a RTT Dispeniolideoe ‘ ° o 7 a pH FIGURA 2.1. Efeito do pH na disponibilidade de nutrientes ro colo Fonte: Malavolta, 1981 Rovemendagéee de Adubagée PE, 2008 RICTKKKKHKKKKKLLKLKLKLKKAKKKKKKKRRRERALRLERREARRARRR VDORRRRRRRRR RLU D TSE STUUR OUR EEUU LLU Naaa aaa 3.2. Fornecimento de Nultienles para as Plantas Quando o solo ndo dispée de nutrientes em quantidades suficientes para um bom desenvol- vimento das culturas, 0 seu fornecimento é feito por meio de fertilizantes e de calcario (este ultimo para corrigir acidez e para fornecer calcio e magnésio). No caso de plantas fixadoras de nitrogénio, Com, por exemple, a soja, esle elerenlu pude ser SupriUy pela fixayau Livléyica, nevessitando, para ieeo, da inoculagéo das sementes com bactérias fixadoras, ospecificas para a espécie vegetal em questao. Para o emprego racional de fertilizantes devem ser utilizados conhecimentos prévios da res- posta das plantas a aplicagao desses insumos, geralmente obtidos por meio de correlagao e calibra- yau de mélodus de ardlise Ue sulu (Cavalvat 1978), A fertilizagao das plantas pode sor foita no solo ou via foliar. Para os macronutrientes (N, P, K. Ca, Ma e S) & mais viavel a aplicacdo no solo, enquanto que para os micronutrientes (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, € Zn), pode se fazer qualquer um dos tipos, sendo também comum a fertilizacao fo- liar complementar, principalmente quando se trata de culturas perenes. A excegao € 0 boro que, em fungav da baixa mubilidade na planta, tem resulladus iiais salisfaturivs quando fornecide pelo solo (Boaretto & Rosolem, 1989). Em areas de aaricultura irriaada no vale do Rio Sao Francisco ja € comum 0 uso da fertirriga- co como meio de fertilizacao das culturas, principalmente quando se emprega sistemas de irrigagao localizada (Pinto & Soares, 1990) Para u usu efivivile de feiliizcantes, ¢ fundamental conhever o comportamento des elementos quimicos no sola. 0 fésforo, pela facilidade que aprasenta em reagir @ formar campastas de baixa solubilidade com éxidos de ferro e aluminio, apresenta muito baixa mobilidade no solo, necessitando que o fertilizante seja aplicado de forma localizada, junto ao sistema radical das culturas. Por outro lado, © nitrogénio apresenta alta mobilidade no solo, estando muito syjeito as perdas por Iixiviagao Nevessila, pur esta 1azav, que sua aplicagav, mesmo para culturas anuais, seja feita de forma par- celada, principalmente em solos mais arenosos o em regiées com elevadas precipitagdes. Também nao se recomenda aplicar o N na forma de nitrato em culturas irrigadas por inundacao (arroz), devi- do as elevadas perdas do elemento por desnitrificagao. O potassio, normalmente, nao é parcelado. Contudo, quando recomendado em situagées de riscos de lixiviagao (solos arenosos e muita chuva), lainbéin pode se recomendar o seu parcelamento. ‘As plantas diferem bastante entre si com relagda a quantidade exigida de cada tim dos ni.- trientes essenciais. Ha também, para cada cultura, uma grande variagdo na demanda de nutrientes ao longo de seu ciclo de desenvolvimento (curva de absor¢ao). O manejo de fertilizantes deve procu- rar ajustar a disponibilizagao dos nutrientes, de acordo com as exigencias nutricionais, em cada uma Jas faves Ue Uesenivulvitiienty da plarita 3.3. Absorcao de Nutrientes pelas Plantas A absoreao de nutrientes do solo pelas plantas depende de dois aspectos tundamentais: a) gue v elementu se encontre na sulugao do solo em uma forma quimica passivel de ser absorvida pela planta; b) que este nutriente, em salugao, entre em contato com o sistema radical da cultura Sequndo Malavolta et al. (1974), Malavolta et al. (1989), Dechen et al. (1995) e Monteiro et al 1995), as formas mais comumente absorvidas pelas plantas sao: nitrogénio (NO, e NH,”), fésforo H.PO,), potassio (K’), calcio (Ca*), magnésio (Mg"*), enxotre (SO,*), boro (H,BO,), cloro (CI), co- bre (Cu & Cu-quelalu), fer (Fe™, Fe © Fe-quelatu), manganés (Mn © Mn-quelato), molibdénio MoO? @ Mo-quelata) @ zinea (Zn% @ Zn-quelata) Rocomendagsce de Adubasss PE, 2008 © cunlalo dos elementos minerais com as ralzes das plantas se Ua pur es provessus basivus. a) difuedo; b) fluxo de maces; @, c) intercepgo radical. A difusao diz respeito ao deslocamento do ion de um local de maior para outro de menor concentragao; no fluxo de massa, os ions se deslocam no solo, carreados pelo movimento da agua e, a intercepgao radical 6 o fenémeno pelo qual o contato com o nutriente se da pelo crescimento das ralzes. A contribuigdo de cada um dectes procescoe para que ocorra 0 contato do nutriente com a raiz depende do elemento quimico e das caracteristicas do solo, particularmente a textura. O fosforo, devido a sua baixa mobilidade, desloca-se no solo basicamente por difusao. O nitrogé- nio € 0 enxotre so grandemente influenciados pelo fluxo de massa. Potassio, calcio e magnésio apresentar compurlaienty inlermediétiv, cum dumniniy da difusau para v poldssiv e do fluxe de massa para 0 calcio magnésio (Malavolta ot al., 1980). No caso dos solos arenosos, 6 possivel ue mesmo 0 fésforo, considerado de baixa mobilidade, tenha arande parte de seu deslocamento devido ao fluxo da agua no solo. Apés 0 contato do nutriente com a raiz, a sua absorgao, ou seja, 0 transporte do elemento qufinicy dy lado extern para v inletiur da Gélula, € umn proceso que Uetmanda energia melaboliva provoniento da respiragao celular, 0 que exige do colo uma boa aeracao. 3.4. Fertilidade do Solo versus Produtividade das Culturas Ene oulius falures, a ublenyau de boas cullieitas depende do solo, clita, qualidade das se- mentes, manejo, controle de pragas e doengas. Dentre os aspectos relacionados ao solo destacam- sea textura, estrutura, drenagem. pedreaosidade, relevo e fertilidade. Além da disponibilidade de nutrientes, bons rendimentos agricolas dependem também de atencdo especial no que se refere & aptidao agricola das terras e adogao de praticas de Manju & curservayau da agua © do sulu, come @ nav ulilizayau de queiimadas, manulenyau da cobertura do solo, plantio em curvas-de-nivel, capinas alternadas. Tais medidas, além de reduzirem o arraste da camada superficial do solo, ajudam a conservar e até mesmo incrementar sua fertilidade Uma idéia geral da relacdo entre a produtividade das culturas e o uso de fertilizantes & mustiada a Figura 8.2. Cunfurnire se observa tia paile [ Ua Curva, e111 CunUiyses Ue baiaus (eure do nutriontos no solo, a produgao vegetal pode ser significativamonto aumentada pela adi¢ao de fertilizantes. Por outro lado, 0 aumento da produtividade é peaueno (parte I] da curva) ou até mesmo nulo (parte III da curva) quando se usa fertiizantes em situagdes em que 0 solo ja dispée de teores muito elevados de nutrientes. Em casos extremos, 0 excesso de fertilizantes pode até resultar ei problemas de filuluxidez, cum prejuizos av desenvolvimento da planta & cum conseqdenle redugao de produtividade (parte IV da curva). Esta ultima situagéo nao 6 normal ocerrer, sendo mais ‘comum quando se trata de micronutrientes, principalmente o boro Por ocasiao da fertilizagao, os nutrientes devem ser supridos de forma equilibrada e a resposta em aumento de produtividade das culturas somente ser obtida se os demais fatores de producao tamnbén esliverein ein equililriv, nau se cunstituindy ern linnilaydes ao desenvolvinnenty da planta, Recomendagies de Adubardo- PE, 2000, REPT REKHKHKKKKCKLCKKCKKKAKAKKRERRBERRRRERERERLARREREE J SOURED OULU RU UCU OSES E ROR OUR ULAR RUN UURU UNA Produtividede Disponibilidade de nutrientes FIGURA 3.2 Teores de nutrientes no solo versus produtividade das culturas Recomendagbes de Adubagdo - PE, 2008 36 Referéncias ARNON, D.I.; STOUT, PR. The essenciality of certain elements in minute quantity for plants with es- pecial reference to copper. Plant Physiology, Lancaster, v.14, p.371-375, 1939. BOARCTTO, A.C.; ROSOLEM, C.A. Adubayau foliar: conceituagao e pratica. 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MANEJO E CONSERVAGAO DE SOLOS Antonio Raimundo de Sousa’ Ademar Barros da Silva José Nunes Filho* 4.1, Considerag6es Gerais De acordo com informagoes contidas 10 Capilulu 2, v Estadu de Petrambuce apresentas uma grando variagéio na composigao doe coloe. A divereidade de caracterieticae (profundidade, cor, textura. estrutura. consisténcia. drenagem, pedreaosidade. relevo e fertilidade natural) confere aos ambientes diferentes potencialidades de uso. A utlizagao intensiva desses ambientes, sem considerar a diversidade e sem 0 manejo adequado, resulta na degradac&o dos solos, recursos hidricos e biodiversidade. Pode-se citar, como exemping, desmatamentns, queimadas, prepara da soln de forma excessiva @ no sentida marr abaixo, monocultura, uso de fertilizantes sem a recomendagao através da analise quimica do solo, uso indiscriminado de agrotéxicos, exploragao do solo acima de sua capacidade e auséncia de praticas de manejo e conservagao do solo e da agua. Esses fatores aceleram a erusav do solo, provocando doformagao do terreno (culcoe, vogorocas), perda de nutrientes 6 matéria organica compactacao. encrostamento, poluicao. inundacao e assoreamento. Em funcao do exoosto, verifica- se a importancia de se explorar os solos de uma propriedade agricola ou de uma pequena bacia hidrogratica de acordo com sua capacidade de uso ou aptidao agroecologica Isto significa que as lavouras devem ser limitadas, tanto quanto permitam as condigées ecandémicas, ans trechas mais planns au malhores da propriedade As Areas de maior declive, bem somo, as mais intensamente erodidas ou sujeitas 4 erosdo, deverao ser preservadas com uma boa cobertura vegetal e, em ambos os casos, utilizar as praticas de manejo € conservacao do solo e da agua (Figura 4. 1). Assim, 0 agricultor deve ser orientado para obter um arranjo de lavouras, fruleitas, pastagone, campos para fono, matac, ectradae, canaic eccoadouroe © aguadae, om equilibrio com a configuracao do terreno. com o clima. com a natureza do solo e. tanto quanto possivel. com a sustentabilidade de sua propriedade. Areas com declividade acima de 30 % devem ser destinadas para preservagao ambiental, sobretudo na regio semi-anida Para uma melhor orientag&o dos agricultores, com relagéo ao uso racional das terras, ¢ indispens4vel planejar e implementar praticas de manejo e conservacan do salo e da Agua, levando- se em consideragao as caracteristicas do solo. Essas praticas devem ser adaptadas as condigdes locais, ser economicamente viaveis e socialmente aceitaveis. A assisténcla técnica de cada municipio € fundamental nesse processu, como tarniben a contribuigo da peequiea, da extenedo rural dos agentes financeiros, condicionando os empréstimos a0 uso de praticas de manejo e conservacao do solo e da aqua. As associacées de produtores, sindicatos, comunidades religiosas e a Prefeitura devem participar do trabalho. 4.2, Desmatamento ¢ Limpeza da Area Deve-se evitar, tanto quanto possivel, o desmatamento com trator de esteira, isto porque ha uma remogao de nutrientes e materia organica da superficie do solo, empobrecendo-o cada vez mais 1genheiro Agrénomo, D. $e. em Solos e Nutricdo de Plantas, Pesquisador do IPA nheiro Agrénomo, D. Sc. em Solos e Nuirigao de Piantas, Pesquisador da Embrapa Solos - UEP Recife (2 inheira AgrBnama, D. Se em Agranamia, Paequisador da IPA (2008) 80 PE, 2008

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