You are on page 1of 71
REPUBLICA DE MOCAMBIQUE Ministério da Terra e Ambiente = acu) Marta lease ES Mente is @ REPUBLICA DE MOCAMBIQUE Ministério da Terra e Ambiente GUIAO METODOLOGICO PARA A ELABORAGAO DE PLANOS DE ESTRUTURA URBANA FICHA TECNICA Repiiblica de Mocambique Ministério da Terra e Ambiente Projecto de Desenvolvimento Urbano ¢ Local - PDUL Titulo: Guido Metodol6gico para a Elaboragio de Planos de Estrutura Urbana Edigdo: Ministério da Terrae Ambiente Produgo: Consultor Nacional (Domingos Macucule) Consultor internacional (Carlos Tucc) ‘Apoio Técnico: Neivaido Nhatugueja, Candida Nhantave, Inacio Novela, Candido Chambe, Lucas Cumbeza, Constantino Muianga, Rafael Auze Macamo; Armindo Chatique, Adelina Malagissa, Carlos Raul Tungazae Olivia Cossa, Assisténcia Técnica Metodolégica: Adérito Wetela, Joaquim Langa, Lazaro Matlava, Adelino da Cruz e Alda Saide Reviséo e Controle de Qualidade: André Herzog, Hannah Kim, Marcia Oliveira, Lazaro Matlava Desenho Grafico: Rose Mary Dias Impressao e Acabamento: Tiragem: 0000 exempiares Edis Registo: Pedicdo, 2021 ‘Apoio Financeiro: Governo de Mocambique, Banco Mundial (BM) © Governo do Japao A produc deste guido fol apoiada pelo Banco Mundial dentro do émbito do Programa de Desenvolvimento Urbano e Descentralizagio (PDUL), ¢ pela parceria de Investimento em Infra-estrutura de Qualidade (Qi!) entre 0 Banco Mundial e 0 Governo do Japéo. SUMARIO Acrénimos 0 Prefécic 1 1,1 Directrizes gerais sobre 0 Guido 15 12 0s Instrumentos de Gestéo Territorialem Mogambique 6 2.1 Desafios do Ordenamento do Territérionas Cidades Mocambicanas 9 2.2 A Gestdo de Risco de Desastres Naturals em Mogambique 20 2.3 Os principais riscos de desastres nos municipios mogambicanos 26 24 A situacao internacional sobre o cima e os desastres naturals 30 3.1 O que é um Plano de Estrutura Urbana 39 3.2 Elaboragao dos Planos de Estrutura Urbana 39 ‘ASE 1 - DESENCA 40 ETAPA 1 - Elaboragio dos Termos de Referéncia 40 ETAPA 2 - Constituiglo da Equipa de Trabalho do Plano 42 ETAPA 3 - Realizago da Cetminénia de Langamento Oficial do Plano 55 ETAPA 4 - Pré-Diagndstico (Estudos Preliminares) 56 ETAPA 5 - Criagao de Base de Dados 69 Fi AGN E ANALISE DA SITUA tT rR ETAPA 1 - Inventirio da Situago Actual rR Plano de Estrutura Urbana FASE 3 - DEFINIGAO DE OBJECTIVOS ESTRATEGICOS, CENARIOS E A VISAO 94 ETAPA 1 - Definigio de Objectivos, Cendrios e Visso 94 ETAPA 2 - Elaboragao do Plano de Ago e Financiamento (Programa de Execuga0) 107 ETAPA 3 - Discuss das Propostas do Plano 1B 4-0 PLANO DE ESTRUTURA URBANA 4 ETAPA 1 - Identificagdo dos Contetidos do PEU 14 ETAPA 2 - Elaborago da Proposta Preliminar do Plano 125 ETAPA 3 - Proposta Final do Plano 126 FASE S - APROVAGAO E RATIFICAGAO 130 ETAPA 1 - Aprovacio do Plano 130 ETAPA 2 - Ratificagéo e Publicacéo do Plano no Boletim da Republica 34 ETAPA 3 - Apresentacao do Plano & Comunidade 138 FASE 6 - IMPLEMENTACAO & MONITORIA a6 ETAPA 1 - Gestdo Urbanistica e Cooperaco para a Implementacao do Plano - ETAPA 2 - Monitoria do Plano a7 ETAPA 3 - Alteragio do Plano ‘an ETAPA 4 - Revisio e Actualizagao do Plano ie REFERENCIAS vt GLOSSARIO 149 ANEXOS |ANEXO 1 - Ficha de orientacdo para a elaboracio dos elementos que constituern o PEU 182 (Planta de Ordenamento e Condicionantes) ANEXO 2 - Exemplo de Ficha de Dados Estatisticos do PEU 155 ANEXO 3 - Ficha de Levantamento do PEU 1s7 ANEXO 4 - Manuais de Referéncia 166 ANEXO 5 - Exemplo de materiais, equipamentos e softwares alocados ao projecto 167 ANEXO 6 - Exemplo de Indicadores de Monitoria do Plano 168 INDICE DE FIGURAS Figura 1. Ocupacao das éreas peri-urbanas do Bairro George Dimitrov, Maputo Figura 2. Ocorréncia de calaridades em Mocamibique por provincia (2000-2012) Figura 3. Quadro de medidas de gestdo de risco de calamidades naturais Figura 4. Passagem do Cicione IDAI na Cidade da Beira - Provincia de Sofata Figura 5. Linha do tempo dos principals acordos sobre o clima € 0 risco de desastres Figura 6. Objectives dos Desenvolvimento Sustentével Figura 7. Metodologia para a elaboracdo de Planos de Estrutura Urbana Figura 8. Linguagem grafica do PEUCM Figura 9. Exemplo de Levantamento © mapeamento de Planos de Urbanizacao e Planos de Pormenor existentes em Lisboa Figura 10, Planta de Uso do Solo - Situagao Atual PEUCM, 2010 Figura Tl. Levantamento da Rede Vigria do Municipio de Maputo no Ambito do PEUMM Figura 12. Avaliago Ambiental e Social Estratégica - Areas Criticas - Riscos (Cheias e Inundagdes) Situacso Actual 2018 Figura 13. Avaliago Ambiental e Social Estratégica - Areas Critcas - Riscos (Secas, Erosao e Ciclones) Situagao Actual 2018 Figura 14. Campo de Producéo agricola de arroz na Provincia de Gaza Figura 15. Planta da Situagao Actual de Mobilidade e Acessibilidade - PEUT Figura 16. Rede de Abastecimento de Agua - Situagao Actual PEUMM Figura 17, Patriménio Arquitecténico e Urbanistico Classificado - Situago Actual PEUMM Figura 18, Carta Agricola no &mbito do PEUMM Figura 19, Carta da Rede Escolar no ambito do PEUMM. Figura 20, Equipamentos socias - rede sanitéria do PEUCXX Figura 21, Infraestruturas técicas - sistema de transportes do PEUCXX Figura 22. Pessoas ocupando areas ribetrinhas de risco no distrito da Maganja da Costa, Zambézia Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU Plano de Estrutura Urbana Figura 23. Referéncia para o mapeamento de reas inundéveis, Figura 24, Planta de Riscos Naturais e Antrépicos - Vulnerabilidade as inundaces Figura 25. Desabamento de casas perto da Avenida Julius Nyerere em Maputo, construidas em dreas de risco de erosto, devido as chuvas fortes Figura 26. Planta de Vulnerabilidade Sismica de Solos Figura 27. Planta de Condicionantes da Situago Actual PEUCM Figura 28, Sintese dos Principais Problemas Figura 29. Planta de Uso do Solo Actual PEUMM Figura 30. Tendéncias de Expansdo Habitacional Figura 31. Planta de Programacao e da ExecucSo - Unidades Operativas de Planeamento e Gest Figura 32, Modelo Territorial Proposto do PEU Nhamatanda, Provincia de Sofala Figura 33. Planta de Ordenamento do PEUMM. Figura 34, Planta de Condicionantes Sintese do PEUMM Figura 35. Planta de Ordenamento Sintese do PEUCM Figura 36, Planta de Condicionantes Proposta do PEUCM Figura 37. Planta de Enquadramento PEUVN Figura 38. Plano de Mobilidade, Acessibliidade e Centros de Actividade PEUMM Figura 39. Planta de Mobilidade e Acessibilidade Proposta - PEUT Figura 40, Planta de Riscos do Plano Director Municipal de Faro Fi Guido Metodoiégico para a Elaboracao de PEU INDICE DE TABELAS Tabela 1. Niveis de Instrumentos de Gestao Territoriale seus respectivos planos Tabela 2. Principals desastres naturais registados em Mocambique Tabela 3. Exemplo das competéncias da equipa de trabalho Tabela 4. Exemplo das competéncias dos Técnicos Municipais que poderao participar na elaboragao do Plano Tabela 5. Exemplo do cronograma do plano de trabalho do PEUMM Tabela 6. Exemplo de Fontes de informacao e elementos a obter Tabela 7. Exemplo de mapeamento de Agentes ntervenientes Tabela 8. Quadro resumo do mapeamento de riscos a ser realizado Tabela 9. Exemplo da matriz de Andlise SWOT Tabela 10, Exemplos de TemasPriortérios, seus Objectivos e Estratégias de Interveng3o Tabela TI, Exemplo de definigdo de Zonas de Restriglo no PEU Tabela 12, Directrizes estratégicas do mapeamento de riscos Tabela 13. Exemplo de directrizes e vectores estratégicos para elaboragao dos modelos territoriais Tabela 14. Exemplo de ficha de execugdo das ages propostas no plano Tabela 15. Exemplo de indicagio de custos especificos por ago de cada tematica Tabela 16. Exemplo de indicacao de custos gerais totalizando 0 custo pelas aces propostas por cada temitica Tabela 17. Questdes a serem colocadas para a verficagio da qualidade do PEU Tabela 18. Exemplo de uma ficha de indicadores Tabela 19, Matriz de seguimento de um processo de monitoria na elaborago/implementagio do plano Plano de Estrutura Urbana [im rT ACRONIMOS ANI cM GIs / SIG ine MOPHRH ONG ‘oNnu PeU PEUMM POUL PP PPU u eu AAE BR crm EDM FPAG (oT tor MEF MTA PouT PEOT PMoT PNDT PeDT RLOT uoP6 NGC ONGRH DNOTER AIAS DNGRH DNAAS \.cusR ‘Administrago Nacional de Estradas Conselho Municipal Sistema de Informagéo Geogréfica Instituto Nacional de Estatistica (INE) Ministério das Obras Pblicas, Habitacdo Recursos Hidricos Organizagao N3o Governamental COrganizacao das Nagées Unidas Planos de Estrutura Urbana Plano de Estrutura Urbana do Municipio de Maputo Projecto de Desenvolvimento Urbano e Descentralizacso Plano de Pormenor Plano Parcial de Urbanizaio, Plano Geral de Urbanizag3o Unio Europsia Avaliago Ambiental Estratégica Boletim da Republica Portos e Caminhos de Ferro de Mogambique Electricidade de Mogambique Fundo de Investimento e Patriménio do Abastecimento de Agua Instrumentos de Ordenamento Territorial Le! do Ordenamento do Territério Ministério da Economia e Finangas Ministério da Terrae Ambiente Plano Distrital de Uso da Terra Plano Especial de Ordenamento do Territrio Plano Municipal de Ordenamento Territorial Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial Plano Provincial de Desenvolvimento Territorial Regulamento da Lei do Ordenamento do Territério Unidades Operativas de Planeamento e Gestio Instituto Nacional de Gesto de Calamidades Direcgo Nacional de Gestdo de Recursos Hidricos Direcgao Nacional de Ordenamento Terrtoriale Reassentamento Administragéo de Infraestruturas de Abastecimento de Aqua e Saneamento Direcgao Nacional de Gestdo dos Recursos Hidricos Direccao Nacional de Abastecimento de Agua e Saneamento Comités Locais De Gestao De Risco Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU PREFACIO {A politica ambiental do Governo visa alcangar um desenvolvimento sécio-econémico harmonioso atravies da promogao do desenvolvimento sustentavel e uso racional dos recursos naturals. desafio do sector da terra e ambiente reside na responsabilidade de elaborar directrizes e instrumentos que permitam 20 Governo responder efectivamente aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentavel sobre © ‘aumento da urbanizagdo inclusiva e sustentével e das capacidades para o planeamento e gestiio de ‘assentamentos humans participativas, integrados e sustentaveis até 2030, através das metas e indicadores estabelecidos para a componente ambiental no Programa Quinquenal do Governo 2020-2024. Neste contexto, a entidade que superintende a area de Planeamento Territorial no ambito das suas atribuigdes, elaborou o presente Gui8o Metodolégico para a Elaboracao de Planos de Estrutura Urbana com apoio do Projecto de Desenvalvimenta Urbano e Local (PDUL), que visa dotar aos técnicas de tados (08 municipios e distritos do Pais de capacidade técnica na elaborago dos seus Planos de Estrutura Urbana de modo sustentavel, participativo e acima de tudo compativel com as caracterisicas locals. Este quio foi elaborado com o propésito de divulgar a metodologia do processo de elaboracio dos instrumentos de ordenamento territorial de nivel urbano tendo em consideragao os aspectos de gestio dos riscos climaticos nos centros urbanos, A utlizagao deste Guido Metodolégico para @ Elaborago de Planos de Estrutura Urbana & fundamental para todos 0s envolvidos na gesto do territorio urbano em particular os profissionais e gestores das autarquias, Governos distritais,instituigées publicas e privadas incluindo estudantes, académicos, ONGS € populagao em geral, que buscam solucées para os problemas da ocupagdo desordenada do espaco nos centros urbanos do pats. © Guido apresenta uma metodologia técnica para elaborag3o de Planos de Estrutura Urbana com integrago da componente de gestéo de risco climatico, de forma eficaz e diddctica, Este Guido reflecte a experigncia e conhecimentos sistematizados de varias cidades a nivel mundial, representando diferentes realidades e especificidades Para finalizar, cabe-nos agradecer a todos os que cooperaram directa ou indirectamente na elaboraco deste instrumento e esperamos que 0 mesmo sirva para o abjectivo para 0 qual foi desenhado, bem como esperamos que © impacto da sua utilzagio se refita em centros urbanos ou aglomerados humanos cada vez mais organizados numa utiizaglo e gest8o racional, sustentivel e resiliente do espago territorial € dos recursos naturals. Plano de Estrutura Urbana Oo Introdugao 1.1 DIRECTRIZES GERAIS SOBRE O GUIAO © Governo de Mogambique com o suparte do Banco Mundial esta a prepara Urbano e Local (PDUL), cujo talecer o desempenho inst a metho aestruturas e servicos basicos a nf spacidade institucional nas reas chave relevantes de investimentos sob a as e governos distritais, onde durante a fase de preparacdo, foi elaborada uma Guido Mi Parciais de Urbanizacio (PGL/PPU) > Gu > Guido Metodolégico para a Ela (etodolégico para a EI > Guido Metodolagico para a Elaboracao de Pk > Guido Metodolagico para a Elaboracao de Pk > > Guido Metadolégico para a Elab so Metod je Gestdo Urbana de Te Jo pals nao dispoer Urbana, Planos Gerais e Parciais de Urbanizacio e P| obstante, & evidente a falta de um proceso coerente, prética e didéctico que venha COrganizado em trés capitulos, 0 guio aborda n jtulo uma breve introducao s ‘omponentes e 0s instrumentos de gestl0 te m Mogambique. No segundo capitulo ¢ feita lizagdo sobre o estado do planeamento no pais e a gestdo do risco de desastres naturais a nive como internacional. No seu Ultimo cap fa 8 con ia passo-a-pas como elaborar um Plano de Estrutura Urbana artanto, este guido € um instrumento que visa orientar os municipios, os e exe 40 planeam planeamento a nivel municipal e administragao central e local e as equip passo, onde também so incorporadas Plano de Estrutura Urbana [i B a Estas directrizes devem centralizar-se no desenvolvimento do planeamento urbano para que na plenificaglo de territérios sejam criados mecanismos para tomné-los mais sustentaveis e resilentes a0 fenémeno das mudancas climaticas em todas as suas fases de implementagao: planeamento, projectos, execugio © manutengo, onde Mogambique se coloca como um dos paises mais vulneréveis no mundo. Uma cidade resiiente ¢ capaz de se adaptar aos impactos das mudancas climéticas e desastres natura, reduzindo consideravelmente 2 magnitude ¢ severidade das consequéncias econémicas sociais de tais impacts a0 incorporar medidas de adaptagio e mitigago dos efeitos das mudangas climéticas nos instrumentos de ordenamento territorial ¢ a0 incentivar 0 controlo de uso da terra para reduzir @ exposicéo a riscos naturals, ‘A componente de gest de riscos neste guido tem 0 objectivo de fortalecer a capacidade dos municipios para a compreensio, identificagéo e mapeamento eficiente dos principais riscos de desastres naturals que assolam 0 Pals e as suas cidades para que sejam elaborados Planos de Estrutura Urbana da melhor forma possivel 1.2 OS INTRUMENTOS DE GESTAO TERRITORIAL EM MOCAMBIQUE O sistema de planeamento territorial no pais, nos seus diferentes niveis de intervengéo, compreende um conjunto de instrumentos de planeamento e ordenamento territorial. Conforme 0 Regulamento da Lei de Ordenamento do Territério, aprovado pelo Decreto n.o 23/2008 de 1 de Julho do Conselho de Ministros, os instrumentos de ordenamento territorial estruturam-se de acordo com os niveis de intervencao no territ6rio, Tabela 1. Niveis de Instrumentos de Gestao Territorial e seus respectivos planos Ret Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial (PNDT) - Define e estabelece as perspectivas, € as directrizes gerais que devem orientar 0 uso de todo 0 territério nacional e as prioridades das intervencoes & escala nacional Nacional Plano Especial de Ordenamento do Territério (PEOT) - Estabelece os pardmetias € as condigdes de uso das zonas com continuidade espacial, ecolégica ou econémica de ambito interprovincial Plano Provincial de Desenvolvimento Territorial (PPDT) - Estabelece a estrutura de Corganizacao espacial do terrtério de uma ou mais provinclas e define as orientagoes, medidas e a5 acqbes necessérias a0 desenvolvimento territorial, assim como os principios e critérios espectficos para a ocupagao e ultlizacao do solo nas diferentes areas, de acordo com estratégias, normas @ directrizes estabelecidas ao nivel nacional Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU Distrital Plano Distrital de Uso da Terra (PDUT) - Fstabelece a estrutura da organizagao espacial do territério de um ou mais distritos, com base na identificag3o de dreas para os usos preferenciais define as normas e regras a observar na ocupacdo @ uso do solo e a utilizago dos seus recursos naturals. Autérquico Plano de Estrutura Urbana (PEU) - Estabelece a organizaco espacial da totalidade do territorio| do municipio ou povoacdo, os pardmetros € as normas para a sua utiizacso, tendo em conta a ocupagéo actual, as infra- estruturas e os equipamentos sociais existentes e a implantar e a sual integragao na estrutura espacial regional Plano Geral de Urbanizagdo (PGU) - Estabelece a estrutura € qualifica 0 solo urbano, na sua totalidade, tendo em consideracdo 0 equilorio entre os diversos usos e fungées urbanas, define as redes de transporte, comunicagbes, energia e saneamento, os equipamentos sociais, com especial atengao as zonas de ocupagio esponténea como base sécio-espacial para a elaboracdo do plano. Plano Parcial de Urbanizagao (PPU) - Estabelece a estrutura € qualifica 0 solo urbano, parcialmente, tendo em consideragao 0 equilibrio entre os diversos usos e fungdes urbanas, define as redes de transporte, comunicagées, energia e saneamento, os equipamentos sociais, com especial atengo as zonas de ocupaco esponténea como base sécio-espacial para a elaboracgo do plano. Plano de Pormenor (PP) - Define com pormenor a tipologia de ocupagao de qualquer area espectica do centro urbano, estabelecendo a concepgao do espaco urbano dispondo sobre usos do solo ¢ condigdes gerais de edlificagtes, 0 tracado das vias de circulacao, as caracteristicas das redes de infra-estruturas e servigos, quer para novas areas ou para reas existentes caracterizando as fachadas dos edifcios ¢ arranjos dos espagos livres. Plano de Estrutura Urbana 7 @Q Contextualizagao 2.1 DESAFIOS DO ORDENAMENTO DO TERRITORIO NAS CIDADES MOCAMBICANAS © crescimento das cidades € vilas mogambicanas é caracterizado simultaneamente, mas em diversas proporgdes, pela sua forma dispersa de ocupacao do solo e pela sua forma concentrada, caracteristicas do melo rural e do meio urbano, numa relagéo de interdependéncia entre as mesmas que se tem expressado essenciaimente pela expansdo das suas periferias, um proceso que, nas grandes cidades do pais acaba por tornar-se incontrolavel e dispendioso. Além disto, as cidades e vilas mogambicanas séo fortemente marcadas pela presenca dos assentamentos informais ¢ loteamentos clandestinos que se constituem em espacos inrequlares, vulnerdveis ¢ inseguros onde vive grande parte da nossa populace. No pais, as actividades de planeamento do solo intensificaram-se a partir de 2007 com a aprovagdo da Lei de Ordenamento Territorial e © seu regulamento, tendo sido de ld para c4 elaborados Planos de Estrutura Urbana para a maioria dos municipios mogambicanos assim como inimeros Planos Gerais Parciais de Urbanizacdo e Planos de Pormenor. © ordenamento do teritério nas cidades Mocambicanas é um processo complexo que é caracterizado por factores como a explosio do crescimento populacional e urbano ao longo dos anos apés as guerras que assolaram © pais, fazendo com que o territirio se fragmentasse, apresentando disparidades acentuadas traduzidas principalmente pela falta de homogeniedade do territério e nos niveis de desigualdade de desenvohimento em quase todos os sectores. Estes problemas relacionados com a urbanizagdo e ina estruturagio podem ser resumidos em: > Aumento das reas peri-urbanas das cidades de forma descontrolada pela migracgo rural em busca de emprego. Estes aglomerados, também chamados de assentamentos informais, geralmente esto desprovidos de sequranca, de infra-estruturas basicas como o abastecimento de qua, saneamento, drenagem, electricidade, transporte e recolha de residuos sdlidos; > Expansio descontrolada e acelerada dos assentamientos informais, onde a ocupagio desordenada de terrenos ocorre sobre areas de risco como de inundacSes e de desizamento de terras, com frequentes mortes durante 0 periodo chuvoso; Plano de Estrutura Urbana > Precariedade das habitagbes auto-construidas, levadas a cabo em locals impréprios para a sua construgéo, evidenciando a falta de planeamento prévio; Uma das tarefas do PEU é a de impulsionar a conversio de planos e idéias existentes em projetos concretos & tangiveis para um crescimento urbano mais equilibrado. As reas urbanas se caracterizam por serem sisternas dindmicos € complexos onde confluem diferentes processos fisicos, sociais, meio ambientais € econdmicos No ambito local as problematicas esto associadas as condigdes de vida da populagio, assim a renovacdo das cidades esta diretamente ligada 8 preocupagio pela qualidade de vida dos que nela viver. Figura 1, Ocupacao das areas peri-urbanas do Bairro George Dimitrov, Cidade de Maputo Fonte: PPU do Bairro George Dimitrov, 2015 2.2 A GESTAO DE RISCO DE DESASTRES NATURAIS EM MOCAMBIQUE Mogambique 6 um dos paises mais vulnerdveis do mundo no que concerne aos desastres provocados por fendmenos naturals tals como inundagées, secas € ciclones. O desenvolvimento do pais tem sido severamente prejudicado por estes desastres naturals, consequéncia da expasicdo do pais a riscos resultantes da vatiablidade climatica Guidio Metodolagico para a E A economia mogamibicana € vulnerével aos desastres naturals devido @ sua dependéncia pelo desempenha da agricutura, onde cerca de 37% do PIB esté exposto a pelo menos duas ameacas naturais (secas, inundages e ciclones), 0 que representa uma perda média anual de 1% no PIB do pais como consequéncia estes desastres. Segundo © Banco Mundial, entre 1956 - 2016, milhées de pessoas no pals foram afectadas pelos trés principals desastres naturais em Mocambique, nomeadamente, Cheias e Inundagbes (9.5 milhOes de habitantes), Secas (18.7 milhdes de habitantes) € Ciclones e tempestades (3.6 milhdes de habitantes). Fonte: Proteccao Financeira contra Calamidades em Mocambique - Banco Mundial e MEF, 2017 Figura 2. Ocorréncia de calamidades em Mogambique por provincia (2000-2012) 1 v0 - ® a : a ss . | 1 I I l » i x ° ‘ll —tl a a al Fonte: Banco Mundial e MEF - Pratecco Financeira contra calamidades em Mocambique, 2017 © aumento dos riscos naturais no pais no futuro esta intrinsincamente associado as mudancas climaticas Mogambique, um pals com uma faiva costeira extensa, @ vulnerdvel a estas mudangas e corre o risco de, se no se adaptar e preparar devidamente, soffer inimeras perdas econémicas, hurmanas e danos materials no futuro por consequéncia destes fendmenos. As cidades de Mogambique que sto mais vulnerdveis aos desastres naturals desempenham um papel critco no crescimento econémico e no desenvolvimento do pas, por isso é importante ressaltar que, 0 factor dos investimentos urbanos inadequados, combinados com a falta de um planeamento territorial e fraca capacidade de gestéo da terra em varios municipios colocam-se como as principais barreiras para o desenvolvimento e 0 aprimoramento urbano eficaz,resliete © vidvel Os assentamentos na maioria dos municipios s30 desenvolvides sem nenhuma planificacdo territorial e de infra-estruturaggo prévia, que por consequéncia, acelera a degradagso ambiental em muitas cidades difcutando o transporte e servigos de apoio a agricultura, turismo e sector extractivo, causando 0 aumento de assentamentos informais que por sua vez so formados muitas vezes em areas de risco de calamidades. Tempos atris, os desastres em Mogambique eram encarados como eventos aleatdrios @ inevitavels, onde 0 foco se encontrava principalmente nas agdes de recuperacdo apés estes desastres. Hoje, apresenta-se um pponto postive no combate s mudangas climaticas no pals quando se veriica que o foco saiu apenas das agoes de recuperagao para as acdes de prevengao, mitigagio e preparagio contra os desastres natura, Plano de Estrutura Urbana a ‘A maior necessidade sobre o risco de desastres no pais é a informacao, pois é através dela que diferentes ages de gestiio podem ser implementadas no planeamento urbano para principalmente reduzir as probabilidades de isco, mitigar os impactos destes e a resiiéncia no processo de recuperago e reconstrugo. © isco de desastres naturais existe quando temos a combinac3o de eventos fisicos potencialmente danosos e condicdes de vulnerabilidade, que acontecem quando por exemplo uma Comunidade ocupa uma Area inundavel perto de um rio ou constrdi escolas perto de terras instéveis susceptiveis a deslizamento. Ameaca * Vulnerabilidade * Exposicao Risco de Desastres = = Resiliéncia Fonte: Guido Metodolégico para a Elaboracdo de Planos de Mitigacao de Riscos: Drenagem, Enchentes € Erosio, 2020 E neste ambito que entra a gestio de risco de desastres no planeamento do territério, que abrange um conjunto de acg5es que tém como finalidade prevenir, reduzir e controlar 20 maximo os fatores de isco presentes na sociedade para diminuir 0 impacto destes desastres. A gestéo do risco de desastres pode ser sumarizada como sendo um conjunto de decis6es administrativas, de organizag3o e conhecimentos operacionais desenvolvidos pela sociedade para implementar politcas, estratégias e fortalecer suas capacidades internas a fim de reduzir os impactos de ameacas naturais e de desastres ambientais. Isto, portanto, requer um envolvimento de todo o tipo de atividades desde medidas estruturais e ndo estruturais para evitar (prevenir) ou limitar (mitigar e preparar) os efeitos adversos dos desastres nas comunidades. Figura 3. Quadro de medidas de gestao de risco de calamidades naturais, Gestdo de Risco de Desastres Naturais Reducdo de Risco Maneio do Desastre Recuperagao ‘> Prevengio > Alerta > Mitigacao > Resposta > Preparagio Reabilitacao > Reconstrugdo Fonte: Adaptado pelo consultor (Os municipios mogambicanos ficam ano apés ano cada vez mais vulneraveis 8 ocorréncia de desastres naturals que s80 responséveis por um numero elevado de perdas humanas e matetiais todos os anos, atrasando assim o seu desenvolvimento. Para fazer uma gestdo de riscos cuidadosa nestes mesmos municipios, faz-se necessério 0 planeamento prévio como forma de atender rapidamente 8 populaco afetada pelos desastres. Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU Portanto, hé também a necessidade de se pensar em métodos para prevencao de desastres que impliquem localizar, analisar e mapear as areas vulnerdveis e susceptiveis a estes fendmenos pois muitas vezes a populago mais afetada pelos desastres & de baixa renda e isto deve-se & falta conhecimento em relago as areas que os préprios habitam, pela falta de servicos bésicos pela falta de infra-estruturas. € a partir da adopgao destas priticas nos instrumentos de planeamento como os Planos de Estrutura e outros documentos sectoriais que seré possivel tomar positiva a gestio de riscos de desatres naturals. Em Mogambique, 0s principais documentos orientadores da gestdo de calamidades 30 a Politica de Gestao de Calamidades, 0 Plano de Nacional de Acgao de Gestto de Calamidades e os Planos de Contingéncia elaborados anualmente, onde estes so desenhados tendo em vista trés tipos de eventos climsticos: cheias, Ciclones e secas; e 0 © Plano Director de Redugo do Risco de Desastres © Plano Director de Redugio do Risco de Desastres 2017-2030 @ ( Plano Director de Redugdo do Risco de Desastres 2017-2030 "Siero (© objectivo geral do PDRRD 2017-2030 envolve reduzir 0 risco de desastres, da perda de vidas humanas € de infraestruturas vita, assim como a prevengdo do surgimento de novos riscos. es ee Este plano, que tem em consideragdo os principals instrumentos & orientagies estabelecidas na Redugdo do isco de Desastres, nomeadamente os Objectivos de Desenvohimento Sustentavel @ 0 Quadro de Sendai para a Redugio do Risco de Desastres 2015-2030, est actualmente em vigor € estabelece cinco objectivos estratégicos: | Melhorar a compreensio do risco de desastres a todos os niveis; | Reforgar a governacdo e a participago publica e privada na redugBo do risco de desastres; | Consolidar 05 processos de investimento pablico, ordenamento territorial € protec3o financeira contra calamidades; > Reforcar as capacidades de prontidéo, resposta, rapida recuperacao e reconstrucao resiliente; | _Estabelecer parcerias e cooperacgo internacional. Tabela 2. Principais desastres naturais registados em Mocambique Fevereiro/Marco de Acontecem as piores chelas de que hé registos em Mocambique consequéncia 2000 {da passagem do ciclone Eline. As inundagdes fizeram 800 mortos, 500-650 mil deslocados, 4.5 milhdes de pessoas afectadas, 450 milhbes de délares em danos. Houve uma eclosao de epidemia de célera e malaria. Plano de Estrutura Urbana Py Fevereiro/Marco de _Registado no centro e no sul de Mogambique um sismo de 7,5 na escala aberta 2006 de Richter, que provacou cinco mortos € 27 feridos. © Ciclone tropical Févio atingiu o distrto de Vilankulo, com intensidade de uma Janeiro/Fevereiro de tempestade de categoria 4, tendo matado nove pessoas e afetado mais de 160 2007 mil, Globaimente, as chuvas e inundages que se registavam desde janeiro desse ano afectaram cerca de 500 mil pessoas. O ciclone Jokné provocou 10 mortes e afetou os distritos de Dondo, Chemba, Marromeu e Shinde. Marco de 2008 Tempestade tropical Dando (Funso ¢ Irina) provocou inundaghes. nas provincias de Maputo, Gaza e Inhambane. Ao total foram 44 mortos e mais de 100 mil pessoas afectadas, onde 28 mil habitagBes, 735 escolas e 31 unidades de satide foram destruidas ou danificadas. Mais de 140 mil hectares de colheitas foram também afectados. Janeiro de 2012 Cheias fizeram 117 mortos, 478 mil afectados e 186 mil deslocados, com 521 rmilhdes de délares em danos, a maior parte pelo transbordo de rios. Eclosao de uma epidemia de célera e maléria Fevereiro de 2013 A fortes chuvas sazonais iniciadas em dezembro de 2014 causaram inundacSes com cerca de 400 mil pessoas afetadas nas provincias de Zambézia, Nampula, Niassa, Cabo Delgado e Manica. Quase 15 mil casas ficaram danificadas, 22 mil completamente destruidas, Mais de 17 mil pessoas. desalojadas. Surge um surto de célera, sendo registados 8,835 casos e 65 mortes. Janeiro 2015 ‘A Regio sul enfrenta a pior seca dos Uitimos trinta anos, As barragens tém niveis de armazenamento abaixo dos 30%. Cenério comeca a afetar a agricultura © 0 abastecimento de agua. Ano de 2016 elo menos 44 pessoas morreram @ 79 mil pessoas foram afectadas pelas chuvas e inundagoes; Janeiro 2017 Ciclones Idai e Kenneth afectam provincias do centro e norte do pais. Ciclone Idai - 603 mortes, 400 mil deslocados, 1.85 milhdes de afectados, 700 mil terras agricolas afectadas, 773 milhOes de délares em danos, 2,100 km2 de éreas inundadas, Eclos5o de uma pandemia de célera e malaria com 6,754 casos de COlera e 31 mil casos de maléria. Ciclone Kenneth - 45 mortes, 374 mil afetados, 1B mil deslocados e 100 milhdes de délares em danos, Marco de 2019 Fonte: Dados adaptados da plataforma ReliefWeb que compila a resposta a desastres naturais em todo 0 mundo, 2019 Guido Metodol6gico para a Elaboracio de PEU Figura 4, Passagem do Ciclone IDAI na Cidade da Beira - Provincia de Sofala Figura 4. WIC News Reporter, 2019 Nos Planos de Estrutura Urbana, a gesttio de riscos incide principalmente na identiicagao de dreas wulnerdveis susceptvels a riscos nas cidades € na elaboragdo de recomendacoes estratégicas tals como controlar a ocupacéo das éreas de riscos de inundagtes € erasdo e evitar a utiizacio de areas de ppreservagao, e minimizando os impactos das éreas de conservagao. E importante que os gestores urbanos sejam influénciados no processo de planeamento para que estes levem a cabo avaliages abrangentes de riscos, cobrindo toda a area urbana. Uma avaliagao de isco abrangente requer uma andlise dos diferentes perigos naturais a que a érea urbana esté exposta e as vwuinerabiidades da area urbana aos potenciais impactos desses perigos. f a partir destas andlises que os mapas de risco sero produzidos, estabelecendo o nivel de risco nas diferentes zonas da are urbana. © uso de mapas para a comunicagao de perigo € risco é, deste modo, uma valiosa ferramenta para a tomada de deciso no planeamento do terrtério em si, A urbanizagdo sem planeamento iré aumentar o risco de desastres devido a uma maior exposico, vulnerabilidade das pessoas e deficiéncia das infra-estruturas instaladas. € nesta linha que 0 plano torna-se numa ferramenta de gesto que identifica as areas que apresentam um risco elevado e trabalha para a sua mitigacéo. O cumprimento deste pressuposto permite alcangar um crescimento ordenado da cidade, a gestdo de assentamentos informais © protegao de pessoas fem areas de risco e resiiéncia contra os desastres naturals devido a um planeamento prévio e adequaddo. Plano de Estrutura Urbana | 2.3 OS PRINCIPAIS RISCOS DE DESASTRES NOS MUNICIPIOS MOGAMBICANOS Os riscos naturais que respeitam as tipologias definidas na Lei n? 15/2014 de 20 de Junho, que estabelece 0 regime juridico da gestio das calamidades, e no PDRRD 2017-2030 sao: secas; ciclones; cheias e inundag6es; incéndios; erosdo: sismos e movimentos de vertente Mogambique apresenta um perfil de risco de desastres onde com base em registos histéricos é possivel dizer que as chelas, ciclones e secas constituem as principais ameacas e maior preocupacdo para o Pais. Ao longo dos anos, observou-se que pelo menos 58% da populacio esté exposta a pelos menos duas ameacas naturals, onde as secas afectam o maior nimero de pessoas embora as cheias € ciclones sejam mais frequentes e mais destrutivas para a economia e bens piiblicos e privados. © pais ¢ afectado, no minimo, por tum ciclone por ano; uma cheia de média a grande magnitude em cada 7 anos e uma seca severa en cada 3 a 4anos. Todas as provincias do litoral, numa extensao de 2.700 km, s80 consideradas as mais vulnerdveis pois S80 afectadas por ciclones e tempestades tropicais desde a provincia de Maputo na regio Sul até Cabo Delgado nna regio norte. € importante notar que estes desastres ao longo dos anos aumentaram em frequéncia, magnitude e severidade, podendo ainda agravar-se no futuro. E importante notar também que um dos sectores mais afectados por estes desastres é o da educacéo, onde pelo menos 34.742 salas de aula esto em risco de serem afectadas por pelo menos uma ameaca natural por ano e pelo menos 550 salas so destruidas por desastres num ano lectivo, custando 2.1 milhdes de ddlares aos cofres do Estado e afectando cerca de 55,000 alunos, Fonte: Banco Mundial - Programa de Gestao de Risco de Desastres e Resliéncia em Mogambique, 2019 2.3.1 Cheias e inundacdes Em Mogambique, as cheias podem ser naturais ou antrdpicas. As cheias naturais ocorrem quando eventos extremos de chuva (com ou sem ciciones) fazem com que 0s fios saiam naturalmente do seu leito menor € inundem as planicies. As pessoas que habitam estas planicies s80 afetadas. As inundagdes antrépicas so produzidas pela: (@) operagio de reservatério a montante que podem estar em outros paises, considerando que 0 pais tem 9 bacias hidrograficas internacionais (e pode-se, portanto, afirmar que praticamente todo 0 pais € wulneravel a cheias); © pelo aumento da vazio para a mesma chuva em bacias urbanas devido a impermeabilizago do solo e canais, que sf agravados quando ocorrem os ciclones. Portanto, pode-se afirmar que praticamiente todo o pais é vulnerével a inundacOes. Os maiores impactos, com elevados prejuizos humanos, de vidas, de saiide (devido ao aumento de epidemias, como a matiria, a célera e a diarreia) e de fome (incremento da inseguranga alimentar) & prejuizos nas infra-estruturas (energia, pontes e estradas, entre outras), acorrem nas maiores bacias hidrogréficas do pais, em areas com drenagem deficiente e, com maior ocupagSo humana, como & 0 caso das zonas costeiras, também sujetas & influéncia das marés e do nivel médio do mar. As cheias so os desastres naturais mais cificels de avaliar 0s seus impactos indirectos pois mesmo com as melhores defesas & impossivel parar todas as inundacoes. Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU ‘A migrago da populagdo e o aumento Estas medidas nao estruturais incluem: do nivel do mar significam que as cidades costeiras enfrentam uma série de desafios cada vez mais graves no futuro, ¢ muitas cidades no poderso - contar apenas com estruturas de engenharia para protegao contra inundagdes, fazendo com que as medidas ndo-estruturais se trem ainda mais importantes no que concerne ao planeamento territorial ‘Avaliac3o preliminar dos riscos de inundagao; ‘Mapeamento e zoneamento de riscos; \Medidas de proteccao simples mas eficazes para prevenir inundagbes em dreas construidas no sub-solo; © Atenuar efeitos negativos através de planos de resiléncia e de gestdo dos riscos de inundagio; Revistio do modo de ocupacio do sol; Previsdo e aviso 8s populagdes; Incentivo & aplicagdo de mais medidas nio-estruturais; ‘Aumentar a sensibilizagao das comunidades para no cocupagio em areas vulnerdvels 2.3.2 Secas ‘Asseca é um fenémeno que ocorte naturalmente quando a precipitacao registada é significativamente inferior a0s valores normals, provocando um sério desequifbrio hidrico que afecta negativamente os sistemas de produgiio dependents dos recursos da terra. 0 fenémeno da seca em Mocambique encontra-se inter-relacionada principalmente com as condigées de pobreza e 0 nivel de vida da populagzo que também incluem questées de ordem social, econémicas, culturais, de sequranca alimentar, migragdes, infra-estruturacdo, entre outros que estdo intimamente ligadas a degradagio do solo. A ocorréncia das secas verifica-se com maior frequéncia e severidade nas provincias centrais (Tete e na parte setentrional de Manica e de Sofala, a0 longo do vale do Zambeze) e, a sul do rio Save, nas provincias de Gaza, Maputo e no interior de Inhambane. Estas sao as regiées do Pais onde o volume anual de precipitagdo € menor e a sua variabilidade interanual é mais elevada Embora a vulnerabilidade & seca seja alta nas regibes sudoeste (oeste da provincia de Gaza) e central (Oeste da provincia de Tete} de Mocambique, as sementeiras ou plantac6es ribeirinhas t8m contribuido bastante na redugdo da sua dependéncia as chuvas. Os sistemas de regadio de pequena e larga escala tém igualmente ajudado na reduce do impacto das secas requlares no pais. A vulnerabilidade nestas regides deve-se em parte as precipitagdes irregulares e imprevisivels. AAs secas no acontecem de forma repentina como as inundages € os ciclones ¢ também no provocam perda imediata de bens ou propriedades, mas 0s seus efeitos negativos s80 cumulativos e devastadores pois comegam a ser sentidos a0 longo do tempo e perduram por longos periodos, atingindo areas territorais extensas, O risco da seca é 0 produto da exposicéo de uma regido as ameacas naturais e sua vulnerabilidade a longos periodos de escassez de agua que se apoiam na > Falta de capacidade dos sisterias de abastecimento de Sgua: O sisterna de abastecimento no atende a demanda de uma cidade; Plano de Estrutura Urbana > Contaminago das fontes de abastecimento de gua da cidade: (a) expansao da cidade e falta de tratamento de esgoto; (b) acidente com efluentes em montante e/ou redugo da qualidade da agua do mananciais em fungo da redugao do caudal; () retirada de qua de pogos e langamento de efluentes por fossas. > Disponibilidade hidrica inferior a0 do projeto de abastecimento da cidade: Uma seca com risco inferior 20 risco de projeto do abastecimento da cidade. 80 NE” 2.33 Ciclones Mogambique ¢ um pals bastante exposto ao fetémeno dos ciclones uma vez que a sua longa costa de cerca cde 2,700 km forma a fronteira ocidental de uma das mais activas bacias dos ciclones tropicals, o Sudoeste do Oceano Indico. Todas os anos, esta bacia sozinha produz cerca de 10% de todos os ciclones do mundo. Os ciclones podem apresentar ventos de mais de 250 Km por hora e estes s6 se tomam em calamidades quando causarn enormes danos humanos e materias. ‘A magnitude dos ciclones bem como a vulnerablidade do seu alvo determinam o nivel de risco destas calamidades que tem estado a aumentar nos titimos anos com as constantes mudancas climaticas. Este é um dos fenémenos que nao podem ser controlados pelo homem, ras 0s seus impactos podem ser mitigados e rminimizados, onde o sistema de aviso prévio & um dos instrumentos de mitigagsio mais importantes Considerando que 2/3 da populagio mogambicana vive em zonas costeiras que albergam infra-estruturas de grande valor econémico no pats como 0s portos, estas tornam-se muito vulneréveis, constituinds assim uma preocupac3o nas projeccdes dos impactos das mudancas dlimaticas para a economia nacional, que pressupem um aumento em frequéncia e intensidade destes eventos extremos. AA prova disto é a passagem dos ciclones idai e Kenneth num curto espago de tempo na zona centro e norte do pais, a primeira vez, em 50 anos, que Mocambique tem dois ciclones to sérios num curto espaco de tempo, onde apesar de ter feito menos vitimas que o ciclone Idai, o Kenneth foi o ciclone mais forte que chegou 3 costa mogambicana, segundo dados meteorolégicos, 2.3.4 Erosio A erosao & 0 processo de desgaste, transporte e sedimentago do solo, dos subsolos e das rochas como efeito da agao dos agentes erosivos. Os agentes causadores podem ser classiicados quanto ao processo de formagao sendo: natural ou geol6gico e, a induzida ou acelerada, ou ainda poder ser classificados quanto a0 agente causador como sendo: eroséo hidrica (devido & &gua), edlica (devido 20 vento) e costeira (devido 8 abrasio dos solos devido accao das marés). Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU Muitas das ocupagées de terra nos assentamentos informais acontecem em terras fragels e vulnerdveis & erosio, agravando as condigdes de risco de vida e de perdas materials, principalmente se nestas reas existirem lixo e aterros no planeados. E uma vez que todo o pais € vulnerdvel a cheias e inundacGes, a eroséo se faz sentir em areas de construcéo precéria quando chove, danificando as vias, criando crateras causando 0 desabamento de casas. Qutro fenémeno preocupante no pais é a erosdo costeira, enfrentada por quase todas as cidades costeiras mogambicanas. A erosdo na zona costeira do pais tem sido acarretada pelas chuvas fortes, aumento do nivel cdo mar, crescimento demogréfico nas cidades, destruigo de estruturas naturais para a construgdo de centros turisticos & residéncias privadas, insuficiéncia de espécies de plantas resistente a erosdo, remocdo de vegetacio nas dunas, aberturas de caminhos para o mar, a forca das ondas do mar bem como a forca dos ventos e tempestades. 2.3.5 Deslizamentos de terra Os deslizamentos estio relacionados a chuvas, tremores de terra, incinago das encostas ou ocupacdo desordenada de terrenos que modificam e aceleram a eroséo. Em um deslizamento, as massas de rocha, terra ou detritos se movem para babwo em um declve. Embora no nosso pals este risco nao esteja no mesmo nivel de destruigao das inundagdes, secas e ciclones, este normaimente surge como consequéncia de desastres maiores aiada a ocupagdo em areas vulneraveis por parte da populacSo, assim como o fendmeno da erosio, onde um dos principals catalizadores é a chuva forte. Exemplo de Boas Praticas no Mapeamento de risco da Bacia Hidrogréfica do Rio Licungo pelo coer ce Este mapeamento visa a minimizagio de riscos preparagao atempada de accoes em caso de aproximagio de ciclones e previsio de inundacées, recorrentes junto aquele rio na provincia da Zamibézia (© mapa vai incluir as zonas de potencial econémico, panos de evacuagao, ante-visdo dos diferentes niveis de cheias que podem ocorrer, assim como as comunidades que podem ser atingidas e o nlimero de pessoas em rico. ‘A regio da bacia do Licungo é classficada pelo INGC como uma zona de alto risco na época das cchuvas, de Novembro a Abril e cujas cheias mais graves foram registadas er 2015, Plano de Estrutura Urbana Cee ee Se eee oe ee Plano Director de Estrela - Brasil Estrela, no Rio Grande do Sul, implementou, dentro de seu Plano Director, a legislacdo de zonas de uso especial, definidas pela restrigao de ocupagio e de construcées abaixo de determinadas cotas, estabelecidas no zoneamento de inundacéo previamente elaborado (Rezende e Tucci 1979). municipio. prevé, na legislagao, a troca de érea de inundago por indice de ocupago em zonas valorizadas, como uma forma de adquirir dreas de risco para uso puiblico. 2.3.6 Satide Publica Durante a ocorréncia de um desastre natural, um dos principais problemas enfrentados é a possibilidade da ocorréncia de um desastre secundério, que se dé devido a falta de infraestrutura que prejudica os servigos basicos & populace, tais como sale, electricidade, abastecimento, saneamento, entre outros. De todas as doencas relacionadas com o clima em Mocambique, a maliria € de longe a doenga mais prejudicial pots o pais apresenta uma alta incidéncia de malaria com ao menos 4 milhdes de casos suspeitos notificados a cada ano, A malaria é responsével por mais de 40% das mortes em criangas menores de cinco anos e cerca de 20% de todas as mortes maternas. Acompanhada a ela esto os surtos de célera e diarreia (e ‘ocasionalmente de leptospirose - uma doenga infecciosa comum quando hé enchentes e que é transmitida pele urina de animais, nomeadamente roedores), fortemente relacionados com as inundagdes e a contaminacao organica transmitida pela 4gua, onde a incidéncia destas doencas é afectada por periodos de seca ou chuvas fortes. A alta densidade populacional nos centros urbanos e um sistema de drenagem e saneamento deficitério concorrem de certa forma para a transmiss3o destas doengas principalmente apds a ocorréncia de um grande desastre natural (ex. ciclone idai e Kenneth). Para além destas doengas, 0 risco de eclosdo de doencas respiratérias ¢ hipotermia aumenta com uma prolongada exposi¢do as Aguas. 2.4 A SITUACAO INTERNACIONAL SOBRE O CLIMA E OS DESASTRES NATURAIS ‘A mudanga climatica se faz sentir no mundo todo e Mogambique nao é indiferente a ela, Eventos climaticos extremos tornam-se mais flequentes ou intensos, causando a perda de vidas humanas e danos infraestrutura econémica dos paises. Para aprender viver com um clima em constante mudanga e adaptarmo-nos aos impactos atuais € futuros das mudancas climéticas, as nossas sociedades podem fortalecer sua resiiéncia a estas mudangas através de varias acg6es e compromissos nacionais e internacionais, A adaptacdo € preparacdo para lidar com as mudancas climSticas € principalmente com os riscos de desastres natura salvard vidas e protegera os meios de subsisténcia das nossas comunidades. As medidas de adaptagéo também podem criar opartunidades e empregos em setores como tecnologias agricolas ou construcao. Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU E com esta intengo que ao longo dos anos € liderada por organizagdes como a ONU, os formuladores de politicas desenvolveram uma série de acordos internacionais para que os palses possam fazer frente a0 fenémeno das mudancas climaticas. Nestes acordos, ¢ destacada a integrago de politicas e programas a rivel local numa estratégia de adaptagdo para que tornemos as nossas cidades mais reslientes. Figura 5. Linha do tempo dos principais acordos sobre o clima e o risco de desastres Marco de 2015 Dezembro de 2015 Marco de SENDAI para a Reduglo do} | coP2t - Acordos de Risco de Desastres Paris 2015 2016 Setembro de 2015 Outubro de 2016 UN OD17 - Objectives I Conferéncia sobre Habitagio do Desenvolvimento Desenvolvimento Urbano Sustentével SUstentével - Nova Agenda Urbana Fonte: Adaptado pelo consultor 2.4.10 Marco de SENDAI para reducdo de risco de desastres 2015-2030 Nos tiltimos anos, a resiliéncia emergiu como um tema central do desenvolvimento urbano. A resiliéncia foca no apenas na forma como os individuos, comunidades e negécios agem face aos diversos impactos € desastres como também na forma que sio identificadas oportunidades para um desenvalvimento transformacional local, regional e global (© marco de Sendai para a reducao do risco de desastres foi adoptado na Terceira Conferéncia Mundial sobre a Reducdo do Risco de Desastres, realizada entre 14-18 Margo de 2015, em Sendai, Miyagi, no Japao, onde foi assinado por 185 palses, sendo Mocambique um deles © principal resultado esperado do marco de Sendai & a reducdo substancial do risco de desastres e das perdas de vidas, meios de subsisténcia e sade, bem como dos bens econémicos, ficos, socials, culturais e ambientais de pessoas, empresas, comunidades e paises. De forma critica, 0 Marco de Sendai enfatizou os esforgos para evitar a criagio de riscos de desastres introduziu quatro prioridades para aco que incluem medidas especificas para a construcdo de resiliéncia em areas urbanas: Plano de Estrutura Urbana Prioridade 3 Prioridade 4 Investimento na redugdo do risco de desastres para a resiiénda Melhorar a preparagao de desestres para uma resposta eficaz e para reconstruir melhor na recuperagio reabiltago Fonte: O Marco de Sendai para a redugio de risco de desastres 2015-2030 No que concerne o planeamento do territério, as estratégias recomendadas pelo marco de Sendai a serem empregues principalmente nos Planos Urbanos séo: > Desenvolver, atualizar e divuigar periodicamente, conforme adequado, informagées sobre risco de desastres especificos a cada local, incluindo mapas de risco, para os tomadores de decisio, o publico em geral e as comunidades em risco de desastre; Fortalecer, conforme adequado, os investimentos pUblicos € privados resilentes a desastres, especiaimente por meio de: medidas estruturais, ndo estruturais ¢ funcionals de prevencéo e reducso de riscos de desastres em instalagbes critcas, principalmente em escolas e hospitals e infraestruturas fisicas; > Construir melhor desde o inicio para suportar os perigos através de projecto e construgdo adequados, incluindo @ utilizago dos principios de design universal e a padronizago dos materiais de construcio; > Promover a integracao das avaliacdes de risco de desastres no desenvolvimento e na implementacgo de pollticas de uso da terra, incluindo 0 planeamento urbano, avaliacées de degradagao do solo e hhabitacGes informais ¢ no permanentes, bem como © uso de directrizes e ferramentas de acompanhamento informadas por previsdes de alteragbes demogrficas e ambientais; > Promover a integragao da avaliagao do mapeamento e da gestéo do risco de desastres no planeamento e na gestdo do desenvolvimento rural através da identiicaglo de areas seguras para 0 assentamento humano, preservando, simultaneamente, as fungées ecossistémicas que ajudam a reduzir os riscos; Promover a reviséo de cédigos existentes ou o desenvolvimento de novos cédigos de construgdo, normas e préticas de reabiltagSo e de reconstrugo, em nivel nacional ou local, conforme o caso, com © objectivo de tomé-los mais aplicaveis no contexto local, especialmente em assentamentos humanos informais com vista a promover estruturas resistentes a desastres; Guidio Metodolagico para a E de PEU Informagées sobre iscos, incluindo dados sobre vulnerabilidade e exposigdo a ameacas € impactos so essenciais para construir resiiéncia e s8o ferramentas fundamentals para guiar planos e investimentos identificar oportunidades para uma ago transformadora. Sem um bom planeamento urbano, investimentos rentaveis e sustentéveis podem dar lugar a outros fracos e vulnerdveis, onde 0 cenério de investimentos se torna incerto, dificultando o desenvolvimento e a implementago de bons planos. Um dos pontos positivas que mostra que Mogambique esta comprometido com o marco de Sendai é a incluséo e alinhamento dos bjectivos da Plano Director de Redugao do Risco de Desastres 2017-2030 com os objectives tracados pelo Quadro de Sendai 2.42 Os Objectivos do Desenvolvimento Sustentével Mogambique é um pais membro da ONU e participou no processo de elaboracio da Agenda 2030 para 0 Desenvolvimento Sustentével (2015) Esta agenda para 0 Desenvohimento Sustentével contém 17 objectivos Globais chamados de Objectivos do Desenvolvimento Sustentvel (ODS) Vide Figura 6. Objectivos dos Desenvolvimento Sustentavel Anexo 4 @ OBJETIVOS sistentAvel Po PT ack Pri ro bots barry re SSS ato) et at 1o\e) aR eco 14 vite 15 etromsne i @ oe . OBJETIVOS aa SUSTENTAVEL Fonte: Agenda 2030 ONU Os objectivos mostram-se inter-dependentes, mas cada um apresenta uma lista de ao total 169 metas a serem alcangadas que mesclam, de forma equiliorada, as trés dimensbes do desenvolvimento sustentével: a econdmica, a social e a ambiental. Destes objectivos, este guido metodolagico destaca 7 relevantes na elaboragéio dos Planos de Estrutura Urbana. Plano de Estrutura Urbana Ey Agua Potavel e Saneamento na promogio de infraestruturas de ‘abastecimento e saneamento universais de qualidade no processo de planeamento para todos tanto no meio urbano como rural; Indiistria, Inovagao e Infraestrutura para planear e alavancar o sector industrial prover e melhorar as infraestruturas vier, de saneamento, abastecimento, energia, drenagem e telecomunicacées; Cidades e Comunidades ‘Sustentéveis a0 pautar por cidades comunidades sustentaveis, seguras, acessiveis e resilentes, que possam ser planificadas adequadamente oferecer melhores condigdes de vida para a populacio; Trabalho Digno e Crescimento Econémico no incentivo para a criago de fontes de renda para a populagéo para alavancar 0 crescimento econémico das cidades; Redugéo das Desigualdades sociais entre a populagao vivendo em areas Urbanas, peri-urbanas e dreas rurais promogao de acessibildade para todos; Ago Contra a Mudanga Global do lima na adopcao de medidas de resiiéncia que possam ajudar a mitigar e gerir os riscos de desastres naturals dda melhor maneira possivel para que Vidas humanas, infraestruturas e 0 ambiente em geral seja proteaidoy Paz, Justica e InstituicBes Eficazes 20 garantir a tomada de decistio responsével, inclusiva, participativa e representativa em todos os niveis de desenvolvimento, assegurando 0 acesso publico a informaggo eo desenvolvimento de instituigdes eficazes, responsdveis e transparentes, em todos os niveis de planeamento territorial Guido Metodol6gico para a Elaboracio de PEU 2.4.3 Acordo de Paris - COP21 2015, Na 21° Conferéncia das Partes (COP21) das Nagées Unidas, realizada em Paris em 2015, foi adoptado um novo Acordo com 0 objectivo central de fortalecer a resposta global 8 ameaga da mudanga do clima e de reforcar a capacidade dos paises para lidar com os impactos decorrentes dessas mudancas. Este foi um dos primeiros acordos verdadeiramente universais sobre a mudanca climatica. Os seus principais objectivos so: (© Assegurar que 0 aumento da temperatura média global fique abaixo de 2°C acima dos niveis pré- industrias € prossequir os esforcos para limitar 0 aumento da temperatura a até 15°C acima dos niveis, pré-industriais, reconhecendo que isto vai reduzir signficativamente os riscos e impactos das alteracbes climsticas; @ Aumentar a capacidade de adaptagdo aos impactos adversos das alteracGes climaticas e promover a resiléncia do clima @ 0 baixo desenvolvimento de emissdes de gases do efeito estufa, de maneira que nao ameace a producao de alimentos; © Criar fuxos financeiros consistentes na ditegao de promover baixas emissbes de gases de efeito estufa e co desenvalimento resistente ao clima. Na COP24, realizada na Polénia em dezembro de 2018, os paises chegaram a um consenso sobre regras praticas para implementar concretamente as metas do Acordo de 2015, especialmente na forma de técnicas cientificas de medigio, registro € comunicagio das emissdes poluentes. 2.4.4 A Nova Agenda Urbana - Habitat Ill, Quito 2016 A implementaggo da Nova Agenda Urbana contribui imensamente para a implementagdo da Agenda 2030 para 0 Desenvolvimento Sustentavel de maneira integrada, assim como para a concretizagao dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentével (ODS) € as suas metas, inclusive © ODS 11 para tornar as cidades e as assentamentos hurnanos inclusivos, seguro, resiientes e sustentéveis. (© modo como as pessoas percebem os factores de riscos € 0 quanto elas esto vulnerdveis a eles influencia © seu comportamento de auto-cuidado e de protecgao; e no quanto elas se mobilizam para enfrentar os riscos de desastres, atuam para reduzir vuinerabilidades e, num horizonte mais amplo, como elas participam do processo de constituigdo de uma cultura de redugdo de risco. A constituigSo de uma cultura de reduc3o de rsco, reflectida em agées permanentes nas comunidades e integradas as polticas i jpromavers comunidades e pessoas mais resilentes aos desastres -governamentais E neste contexto que Mocambique faz parte dos paises que adoptou esta nova agenda urbana que tem como foco uma visio de cidades e assentamentos humanos que adoptem e implementem a reducao € gestdo de risco de desastres, reduzam a vulnerabilidade, construam resiiéncia e capacidade de resposta a peetigos naturals e gerados pelo homem, ¢ promovam 2 mitigacao e a adaptacao alteragao climatica Plano de Estrutura Urbana © Metodologia para a Elaboragao dos Planos de Estrutura LL Urbana METODOLOGIA PARA A ELABORACAO DOS PLANOS DE ESTRUTURA URBANA (PEU) FASE @ peep eateries TAPA.2-Consiniao ipa de Tabahoco Paro [TAR 3 Renato da Gemini Lncarent Oe 60 Pano TAP Pe DasnosicoEsucos Plas) TAR - Crago de Base de Dates DIAGNOSTICOEANALISE gy FASE (2 DA SITUAGAO ACTUAL W ETHPA -Inverio Da Stuagio Actual yn = “]_DEFINICAO DE OBJECTIVOS FASE (3) Estratécicos, ceNARIOs € visho . 08-bit {042 non doa ee anc ya eh) ( Eon4 Duca he Pop co Pare © PLANO DE ESTRUTURA FASE (4) upsana (peu) tap -enicaio dos Cates co PEL apa 2- Satori da PropostaPeimaar do Pano apa Popo Fel do Pare 3 APROVACAO E “~ FASE (5) rariricacao rapa 1 = Aprvazio do Pano J apa 2 - Ratcag ePubeaco no Balti da Replica rapa 3-Aprecetaczo do Plano a Comunidade IMPLEMENTACAO E FASE (6) jonrronia ETAPA3-Aroch co Pare WPA Revo esi 3 ano Guido Metodolégico para a Elaboragao de PEU ay Plano de Estrutura Urbana configura-se coma um instrumento basico da politica de desenvolvimento € expansio urbana a nivel Municipal, devendo ser aprovado pela Assembleia Municipal e ser parte integrante de todo 0 processo de planeamento (juntamente com 0 Plano e Orgamento Anual), que estabelece a regime de uso do solo, definindo modelos de evolugdo da ocupacdo humana nas cidades e da organizac3o das redes de infraestruturas, 3.1 0 QUE E UM PLANO DE ESTRUTURA URBANA (© PEU define a estratégia de desenvolvimento territorial para 0 municipio € estabelece 0 planeamento da Cocupagio, uso e transformacdo do territério. municipal vinculando a administracio e 05 particulares, determinando a classficacdo qualificacao do solo e articulando-se com as orientacdes dos instrumentos de gestio territorial nacional e regional. Ele estabelece 0 quadro estratégico de desenvolvimento territorial 20 nivel local ou sub-regional e da a indicagao de linhas gerais do desenvolvimento do Municipio baseando-se na organizagao que caracteriza 0 solo do aglomerado urbano de acorda com a sua vocagéo, conjugando cam uma andlise cuidadosa das tendéncias de acupagao do solo vigente, do crescimento da populagio calculada no horizonte do plano, das potencialidades ecanémicas, dos projectos em curso e programados. Neste ambito, os Planos de Estrutura Urbana devem ser compativeis com os planos distritas, regionals e de outros sectores. Para além de ser dindmico, este instrumento estabelece as prioridades nas realizagdes do govemno local, conduzindo e ordenanado 0 crescimento das cidades, disciplinando e controlando as actividades urbanas em beneficlo do bem estar socal 3.2 ELABORAGAO DOS PLANOS DE ESTRUTURA URBANA © PEU é um instrumento que deve integrar 0s factores politicos, sociais, econémicos, financeiros, culturais, ambientais, institucionais e territoriais que condicionam a evolugao urbana e contribuam para a ocupaggo do territério, de forma socialmente justa, ecoldgica e cuituralmente equilibrade. A concepcdo do PEU esté baseada num proceso de construgdo colectiva, utilzando metodologias de participagdo comunitria, respeitando as realidades fisico-geogréficas € incluindo todos os segmentos socioculturais do municipio. Este plano pode realizar-se num periodo minimo de seis meses e no devem, todavia, ser instrumentos gerais e abstractos, devem ser instrumentos que enfrentam a realidade dos municipios. Cada municipio apresenta caracteristicas € particularidades diferentes e © plano deve ser adequado as necessidades e demandas da populacdo de cada local. Porém, algumas fases devem ser observadas durante a elaboracio e desenvolvimento do plano para que se obtenham resultados positives e sustentaveis e estas fases apresentam-se a seguir neste quido Plano de Estrutura Urbana | FASE # wt 8 DESENCADEAMENTO DO PROCESSO Esta fase inicial no processo de elaboracéo do Plano de Estrutura Urbana nos municipios acontece aps 0 Presidente da Autarquia tomar a iniciativa de realizar o Plano e autorizar os preparativos iniciais para a realizagdo dos termos de referéncia, que culminaré na formagéo de uma equipa de ‘trabalho. Com isto, da-se inicio aos processos de elaboraco do plano, como a apresentagso de um plano de trabalho, definicgo da estratégia de comunicagdo e um cronograma que indicaré o petiodo de inicio dos trabalhos de recolha de informacio. ETAPA 1: ELABORACAO DOS TERMOS DE REFERENCIA E necessério que se elaborem os Termos de Referéncia (TdRs) para poder orientar a equipa técnica de trabalho que ird desenvolver o PEU. Este documento ter como fungéo principal informar a quem ird elaborar © plano sobre as suas especificacées desejadas, indicando os principais objectivos do trabalho a ser realizado, 105 que o municipio espera que sejam abordados no Plano em si juntamente com as necessidades e requis Nele, deve constar de forma detalhada todo o trabalho a ser realizado para que este seja executado de uma forma eficientee satisfatéria, onde os contetdos, procedimentos metadolégicos e produtos do Plano devem ser descritos. Quanto a elaboracao dos Termos de Referéncia: Os termos de referéncia deve ser elaborados pelo municipio, win A Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU 40 TP PASSO: DefinigSo do contetido minimo dos Termosde Referéncia Este documento ird defini 0 produto esperado para cada um dos Planos de Estrutura Urbana e deve conter informag6es sobre: Pacey © objecto do contrato Que é 0 proprio Plano de Estrutura Urbana; Objectivos gerais eespecificos Os PEUS so ferramentas que vo dotar os Municipios de do PEU insirumentos de apoio na inventariagao das condig6es fisico- naturals e 0 seu relacionamento com o seu desenvolvimento socio- econémico, na identifiagéo e andlise das potencialidades e constrangimentos de desenvolvimento do municipio; na definico de estratégias e prioridades de intervengéo territoriais que se esperam alcangar e conducentes a0 modelo de desenvolvimento integrado do terrtério municipal onde estabelece o nivel de detalhe do Plano; Onde & dada a conhecer a problemética do ordenamenta territorial Contextualizagao no municipio e a necessidade de realizag3o de um PEU, & feito 0 enquadramento legal do plano, enquadramento territorial da érea de intervencao e da populacSo @ abranger pelo plano; Antecedentes do planeamento Vai permitir contextualizar 0 espago territorial onde se pretende territorial executar 0 Plano, uma vez que descreve as principals ocorréncias Ou circunsténcias anteriores, ou precedentes, que ajudam a entender e avaliar a necessidade da elaboragio do Plano de Estrutura Urbana. Informagio acerca da cartografia digital, cadastros e base de dados disponive's Metodologia a usar na elaboragio do plano Tendo em conta 0 Guido Metodolégico para a elaboracio de Planos de Estrutura Urbana, onde todas as abordagens técnicas de andlise, de levantamento de dados, pesquisas, elaboragao de mapas e produtos serdio descritas; Plano de Trabalho detalhando as actividades Identficando as fases, etapas ¢ passos a serem seguidos de acordo com a metodologia usada que faz parte do processo de trabalho para elaboragio do plano; Plano de Estrutura Urbana ri rs Produtos esperados e sua Definigo do contetido material e documental do plano, onde descrigéo todos os documentos, mapas, relatérios, base de dados, apresentagies, entre outros, serio mencionados e descritos detalhadamente Cronograma de trabalho Que relaciona as actividades definidas a prazos de inicio e término de cada uma delas, tendo em conta as relagdes de inter- dependéncia e 0 prazo de execucao dos trabalhos; Qualficagao da equipa técnica Onde € descrita a qualficago dos profissionais técnicos necessarios de trabalho para integrarem a equipa técnica de trabalho; Disponibilidade financeira para Contendo uma estimativa de custos para 0 desenvolvimento do 05 trabalhos (orgamento basico) plano; Processo de acompanhamento € gestdo dos trabalhos: Onde ¢ estabelecida uma estrutura de autoridade publica que se responsabilizaré pela coardenago dos trabalhos, Elementos para consulta: Onde estarSo indicadas as referéncias de elementos que o ‘municipio acredita ser relevantes para a elaboracéo do plano; ETAPA 2: CONSTITUICAO DA EQUIPA DE TRABALHO DO PLANO Para elaborar 0 PEU 0 Municipio deve criar uma equipa de trabalho composta por técnicos municipais de diferentes pelouros, onde se necessério, esta equipa pode ser complementada com outros profissionais especialistas ou consultores contratados ‘A equipa que ira participar na elaboragao do plano incluemn os elementos que iréo efectivamente realizar trabalhos de recolha, andlise de informaggo, produgao de documentos e mapas do conteudo material & documental do plano @ a equipa que ira supervisionar estes trabalhos. Portanto, as fungoes destas duas equipas devem estar bem determinadas e claras. 1P PASSO: Identifcagao dos perfs ou sectores relevantes para a integracao da equipa Dentre os elementos que fardo parte da Equipa Técnica de Trabalha sendo técnicos municipals ou Consultores contratados pelo Municipio, devem constar profissionais técnicos distribuides em éreas que Cumpram os seguintes requisitos basicos: Guido Metodol6gico para a Elaboracio de PEU Tabela 3. Exemplo das competéncias da equipa de trabalho © Coordenador Geral © Urbanista ou Arquitecto Planeador Fisco; (© Engenheiro do Ambiente; {© Topdgrafocom conhecimentos de Sistemas de Informagao Geogrética (SIG) ‘© Engenheiro (Civil, Hidréulico, Ambiental, Hidrologo, Estradas e Estruturas, © Sarit, Electrotécrico); © Licenciado em Direto Equipa Técnica de Trabalho © Ecologista; © Geégrafo, Gediogo, Bidlogo, Agrénomo; © Antropéloge, Saciélogo; © Economista; Coordenagéo geral - sera responsivel pela coordenacdo da equipa, organizagdo do trabalho, distibuigo de tarefas, revisdo e controle de qualidade dos produtos do plano e controle de prazos ‘A Equipa multidisciplinar - composta pelos demais elementos e responsével pela recolha de informagao, andlise dos aspectos urbanos e de ordenamento territorial, de quest6es infra-estruturais e de andlise de riscos, andlses e mapeamento dos dados levantados, arganizacio da base de dados nos softwares a serem utilizados e elaboracao dos Produtos do plano. Fonte: Adaptado pelo consultor Plano de Estrutura Urbana rr Presidente do Conselho Municipal (planeia, executa) Vereagées Departamentos Departamento de mercados e feiras Dep: Departamento de comunicacaa imagem mento de relades piblicas Departamento de planificagao Departamento de urbanizagao e gestao de terra Departamento de meio ambiente, agua e energia Departamento de manutengao, obras e saneamento Assembleia Municipal (aprova, fiscaliza) Departamento de transportes, comunicagées € transito Departamento de educagao Departamento de juventude e desportos Departamento da satide Departamento da mulher e agao social Fonte: Estatuto Organico do Conselho Municipal de Nampula - 2014 Fora os profissionais mencionados neste guido, existem outras especialidades que possam fazer parte da equipa técnica que ira elaborar 0 PE |, assim como as vereacbes indicadas neste exemplo podem ter pessoal envoivido diretamente na elaboragdo dos PEU. Nem todos os municipios podem ter este mesmo estatuto, contudo, este foi realizado com ase na alinea a) N°I do artigo SO da Lei 2/97 de 18 de Fevereiro; N°3 do artigo 50; N°3 do artigo 51 e artigo 63 da mesma lei. Cidade, de Quelimane Fees) tS 2° PASSO: Constituigao da Equipa de Trabalho ‘A- Comissio de Acompanhamento © proceso de elaboragao do Plano teré a coordenacdo permanente por parte de uma comisséo de acompanhamento do processo baseada no municipio, a ser estabelecida para o efeito, Esta comisso poderd, consoante 0 grau de exigéncia do plano e da area geogréfica de actuagio, incluir funcionérios dos diversos 6rgaos do Estado, consoante as respectivas area de especializacao, que para todos os efeitos, trabalhardo pelo periodo estritamente necessério para a elaboragao do plano. Esta comissdo pode ser formada por: > Representantes dos servigos e entidades da administraco directa ou indirecta do Estado que asseguram a prossecucgo dos interesses piblicos sectoriais e ambientais com relevancia na érea de interveng30 do plano (Ministérios da Educagao, Saude, Turismo, Indistria e Comércio, Defesa e Seguranca, Transportes, Terrae Ambiente, etc); ‘> Representante da entidade que tutela a actividade de ordenamento do territério local; > Representantes de entidades responsdveis pela provisio de infra-estruturas de servicos piiblicos (agua, electricidade, saneamento e estradas) e de equipamentos sociais (satide e educacao); > Representantes da Sociedade Civil (ONG, Confiss6es religiosas, entidades socioculturais, etc); > Representantes dos servigos ¢ entidades que administrem dreas de jurisdicdo especial, que exercam poderes sobre zonas do territério sujeitas a restrigdes de utildade piiblica ou tutelem actividades exercidas por entidades privadas em regime de concessio ou equipardvel (Zonas Mltares Ministério de Defesa; Canais de linhas féreas - CFM; Aeroportos, Ports, Estradas, Dorninio Hidricos, Florestas etc). B - Comissio de elaboracao: Equipa Técnica ‘A Comissao Técnica de elaborac3o de um PEU deve ser multidisciplinar, composta por quadros técnicos de diferentes sectores municipais, devendo estar claramente definidas as tarefas e responsabilidades de cada um dos seus intervenientes. Os elementos que devem fazer parte desta equipa devem ter habilitagbes técnicas profissionais nas areas de planeamento territorial, gesto e desenvolvimento urbano. A fungdo destes elementos seré na elaboracio efectiva dos produtos do plano, servigos de levantamento, pesquisas, conduzir as sessdes de participagao publica, audiéncias, elaborar as pecas do plano, na implementacao € futura monitoria do PEU. Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU C- Comissao de monitoria Esta comisso, melhor desenvolvida na fase de monitoria deste guido, poderd ser formada pelos mesmoas elementos que formam a equipa técnica de elaboragio do plano ou nao. Témde ser, de preferéncia, tecnicos municipals e pessoas que possam acompanhar 0 desenvolvimento e a implementac3o do plano, seus projects e concretizagao dos seus abjectivos ao longo dos anos NOTA © envolvimento politico © a participagio de todos estes actores relevantes na organizagdo do territério permite uma coordenagio forte e assertiva, dois fatores determinantes para o sucesso da elaboracéo, aprovagdo e implementac3o do plano. Quanto acs municipios com menor capacidade, estes podem adoptar uma menor equips de trabalho, mas que sigam esta ligica e estrutura basica determinada Rogue, 3° PASSO, Logistica e organizago da Reunido Introdutoria de engajamento dos membros da equipa A reunigo introdutéria seré um ponto de partida onde a equipa de trabalho ja formada ird trocar informagoes @ acertar os detalhes para o arranque dos trabalhos de realizacao do PEU do municipio em questao. Esta reunigo é extremamente importante pois sendo este o primeiro encontro da equipa formada para a elaborago do PEU do municipio, poderd ficar acordada nesta reuniso futuros encontros periédicos (emanais ou quinzenais) para a avaliacéo dos desenvolvimentos da elaborago do plano, como deverd ser escrito no Plano de Trabalho e no cronograma das actividades do mesmo. E importante que 0s objectives do plano sejam definidos de partida, estabelecendo quais problemas deverdo ser enfrentados e o nivel de detalhe que se pretende obter. ‘Quem dirige a reunio: © chefe da comissao de acompanhamento e o coordenador da equipa técnica ‘Como se realizaré: Apresentac3o dos objectivos e roteiro de elaboracao do Plano de Estrutura Urbana Tempo minimo: 2 horas Resultados a serem obtidos desta reuniio: '* As equipas de trabalho devern ser apresentadas; * Deve ser realizada a famiiarizacao de todas as equipas, com 0 guido metodolégico para a elaboracio dos PEU; '* Deve ser definida a metodologia a usar no municipio com base na metadologia proposta neste guido; Plano de Estrutura Urbana ri *Deve-se comecar a defnir estratégias para a partcipacao da comunidade e comunicagio do ‘ Deve-se identificar os principals agentes intervenientes ea informacéo a recolher de partida para a realizacéo do pré-diagnéstico e a andlise da situagao actual do plano; municipio; © Deve-se realizar um cronograma com todas as fases © etapas devidemente identificadas; '* Deve-se _marcar outras reuniGes periédicas de ‘acompanhamento € troca de informacbes entre as exquipas de trabalho 4° PASSO: Definigao dos Produtos a serem elaborados Para definir os produtos a serem realizados a0 longo da elaborag3o do plano e os produtos finals que constituem © plano, quem rd elaborar 0 plano deve familarizar-se primeiramente com a Lei de Ordenamento do Terrtério (LON, aprovada pela Lei n° 19/2007, de 18 de Julho de 2007 e o seu Regulamento da Lei de Ordenamento do Terrtério (RLON), aprovado pelo Decreto n® 23/2008 de 1 de Julho de 2008. © RLOT estabelece medidas e procedimentos regulamentares que asseguram a aplicago da LOT, nomeadamente através da definigo do quadro de elaborago, aprovacso e revisio dos instrumentos de ordenamento territorial, incorporados este quiao metodolégico, que explica com clareza 0 que produzir em todas as etapas de elaboragao do plano e o que se tera concretamente como produto do plano em si TAREFA 1 - Familarizago © Gui8o Metodolégico para a Elaboracdo de PEUs A familiarizagdo com © guido e a metodologia de elaborago dos planos deve de certa forma ser iniciada antes da reuniao introdutoria e & importante que se tenha uma atengio especial para compreender o que se deve produzit a0 longo de todo 0 processo, desde 0 inicio dos trabalhos até os produtos finais que compdem o Plano de Estrutura Urbana. Ao todo, os produtos que constituem o Plano de Estrutura Urbana so trés: > Planta de Ordenamento > Planta de Condicionantes > Regulamento do Plano Entre estes produtos, existem outros que acompanham o plano, como 0 Relat6rio da Andlise da Situag3o Actual, 0 Relatério de fundamentagdo e outros mapas. Propée-se que a nomenclatura destes documentos sea feita da sequinte maneira 1 Planta de Ordensmento_PEU Tamanho P-1- Planta de Ordenamente_PEUMN.AD_25.000 dd fda Escala numérica arta de Condiconantes Px cde fata Escala numérica Planta de Conciconantas PEULTamarho 2 - Planta de Condiionantes_ PEUMN _A0_25.000, Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU -3 - Planta de Enquadramento,PEU Taranto de folha Escala numérica 3 ~ Planta de Enqusdramento_PEUMN 0.25000, 4 Planta de Uso do Solo Actual PEL! Tamanho de fola Escala numérica -4 Planta de Uso do Solo Actual _ PEUMN _ AD_25000 -5- Planta de Condcionantes da Situagbo Actual _PEULTamanho de fobw_Excalanurérca -5 Planta de Condcionantes da Stuac30 ‘Actal_PEUMN _ AO 25.000 Planta de Mobiidade 6 - Planta de Mobiidade PEU Tamanho de P-6- Planta de Mobildade_PEUMN _AD_ {otha Escala numérica 25.000 Planta de 7 - Planta de UOPGs, PEL! Tamarbo de -7- Planta de UOPGs_PEUMN AD. ‘otha Escala numérica 25.000 8 - Planta de Equipamentos Socks @ bevraccruturasPEUTamanho de foha Escala | Andie da Stuagio Actual 8 Planta de Equipamentos Socials © Infgestruturas PEUMN.A0,25.000, |-Andise da Stuacso Actual. PEUMN IN -Relatvio de Fundamentacso.PEU I+ Relator de Fundamentaglo_PEUMN, = Regularento.PEU IW Regulamento_ PEUMN NOTA: As pecas desenhadas incluem outras Plantas mencionadas na Etapa 4 deste guido, que fazem parte dos elementos a serem elaborados e que devemn sequir esta mesma nomenclatura, € importante que, independentemente da quantidade de documentos que compoem 0 plano, haja uniformidade e ‘organizagao na nomenclatura destes elementos. TAREFA 2 - identifica equipamentos alocados a0 proje ‘A equipa técnica de trabalho precisara de ferramentas para a realizago do plano, infraestrutura necesséria de comunicago, equipamentos de informatica, softwares e aplicativos. Portanto, deverdo ser indicados para a execugio dos servigos para a elaboracdo do PEU pela equipa técnica de trabalho, pelo periodo correspondente & duragdo dos servigas, os equipamentos, acessorios, veiculos, e materiais especificos necessérios para a melhor execugao do plano me neomuacho — Vv § Plano de Estrutura Urbana Et) TAREFA 3 - Desenho do Cronograma das Trabalhos a serem realizados no ambito do PE © cronograma dos trabalhos a serem realizados & um instrumento de apoio, orientacao e controle do Plano para a Equipa técnica e a Comissdo de Acompanhamento. Este instrumento assegurard o controle dos prazos de inicio e término de todas as actividades tracadas pela Equipa Técnicade trabalho, assim como a gestio de possivels atrasos ou incumprimentos a0 longo do processo, pelo que este pode e deve quando necessério ser reajustado periodicarente (© desenho do cronograma ir garantir: © auxtlio no estabelecimento de metas a serem alcancadas; ‘A seguranca no processo de planeamento; A rientagao da equipa de trabalho quanto as actividades a serem realizadas; weve (© cumprimento de prazos estipulados no PEU; necrMcto EA agraficos Tabela 5. Exemplo do cronograma do plano de trabalho do PEUMM. Cronograma do Plano de Trabalho Meses t=] 2) emnleeipe Desencadeamento do Processo Diagnéstico e Andlise da Situagao Act Construgdo de Objectivos estratégicos, Cenérios e a Visio ( Plano de Estrutura Urbana Aprovacao € Ratificago Implementaco e monitoria Fonte: Adaptado pelo consultor Guido Metodolégico para a Elaboracao de PEU ay '5° PASSO, Processo de participa e estratégia de comunicagao na realizacdo do PEU A participagao publica é um instrumento obrigatério determinado pela lei no processo de planeamento e ordenamento territorial que ver se destacando cada vez mais. Além da participagdo, a divulgago de informagao 8 sociedade é importante para mostrar a transparéncia do processo a ser realizado, pois contribui para o enriquecimento do PEU e € importante para o processo de elaboracio do plano, E necessério que a equipa técnica comece a pensar na organizago dos processos participativas, 0s niveis de participagdo, formas de participacéio, canais permanentes e tempordrios de comunicago, grupos participantes e que instrumentos devem ser usados para tal. O desenvolvimento de capacidades locais pode ser realizado através de palestras, reuniées e mesmo workshops, onde a capacitagao continua sobre contetidos relacionados 20 plano deve ser amplamente considerada A sociedade civil Dela fazem parte ONG's (organizagbes no. governamentais), OCB's (organizagées comuritarias de base), € ainda as diversas entidades preocupadas com 0 planeamento e ordenamento do territério. Os membros da sociedade civil s30 um importante elo de ligagdo entre as comunidades e as autoridades locais, factitando a comunicacio e interaccdo entre ambos; ‘As comunidades locais Das quais fazem parte as autoridades tradicionais, os representantes dos assentamentos informais € 05 grupos religiosos S80 um elemento fundamental nas fases de organizagao das actividades de methoramento de um assentamento informal através de processo participatvo; ‘As autoridades administrativas Das quais fazem parte os Administradores dos Distritos Urbanos e focate o equivalente, a0 nivel administrativo, os Secretarios de Bairro; ‘A participa deste sector ¢ fundamental principalmente porque a suas contribuicées podem se estender além da elaboragao do plano, onde pode constutuir parceiro importante aos Conselhos Municipais na prépria implementago do plano. O sector privado pouco @ pouco vai possuindo conhecimentos técnicas sobre questties relacionadas com a gestio da terra e poderd vir a ser uma chave importante nos processos de financiamento do. plano uma vez definidas e acordadas as acces priortarias dos mesmos, sector privado Que por sua vez séo representadas por docentes, estudantes & outros profissionais que trazem contribuigdes valiosas e pertinentes a0 longo de todo o processo de elaboragso do plano. As instituigoes académicas Plano de Estrutura Urbana [iw yd A patticipacao piiblica dos cidados, comunidades locais e pessoas colectivas, puiblicas e privadas, deve ser garantida ao longo de todo 0 processo de elaboragio, execugio, alteracdo e revisio dos instrumentos de ordenamento territorial. Esta participac3o da populacao pode e deve ocorrer de distintas maneiras, por meio de conselhos, comités, grupos de trabalho teméticos, conferéncias, projectos de lei de iniciativa popular, além de audiéncias publicas, debates, entre outros, nos bairros e outros locais do municipio. Para que todos entendam e possam interferir no processo, & fundamental que © PEU seja elaborado em linguagem acessivele clara, da discussao a redacgao final. © PEU deve ser realizado num processo realmente participativo, em discussdo entre iquais e por decisbes conscientes ¢ esclarecidas. Deve ser um conjunto de regras simples, que todos entendam. Entender 0 PEU & condigdo essencial para saber defendé-lo ¢ aplicé-lo. NOTA: E importante notar que 0 processo de participagao precisa ser adequado & realidade de cada municipio, principalmente nos municipios mais pequenos onde a participagao da populagdo deve ser sempre assegurada ao longo de todo 0 processo de elaborac3o do PEU. TAREFA 1 - Desenvolviment da identidade visual do PEU A identidade visual do PEU de cada municipio pode ser desenvolvida através da criagSo de uma linguagem grafica uniforme a ser utiizada nos documentos que compéem e acompanham 0 plano como as pecas escritas € outras pecas que ajudam na publicitagéo do mesmo. Figura 8. Linguagem grafica do PEUCM & & Fonte: PEUCM 2010 Esta identidade seré reproduzida na organizacao grética do Plano em si, em antincios, cartazes, brochuras ou qualquer outro material publcitério sobre o Plano. Pode também ser elaborado um logotipo a ser usado nos documentos oficiais a serem realizados pela equipa técnica. Este logotipo nao necessita ser algo muito elaborado e sofisticado, mas que seja uma forma de identificagéo e diferenciaglio dos municipios seus planos. Guido Metodolégico poracao de by TAREFA 2 -& atégias de Comunicagac As ferramentas de comunicagao devem ser desenvolvidas de acordo com as capacidades do municipio. € importante construir estratégias eficazes de comunicagdo publica e de amplo alcance. A comunicagio € divulgagio das fases de participac3o do plano pode ser realizada através de: criagdo de pagina na internet, paginas em redes sociais facebook, etc), ridio, jomal, televisdo, cartazes, folhetos ou SMS, pois sao meios muito Geis para mobilizar os cidadéos € divulgar as informacées e propostas, na medida em que sejam sistematizadas nas diversas etapas e eventos. Estes serdo os meios destacados pelos quais a equipa técnica deve analisar e determinar em consenso qual deles se adequa mais a0 municipio, para que a populagio seja devidamente informada sobre o processo de elaboragao do plano, da consulta e actualizago dos documentos disponive's, do anéincio de auscultagSes audiéncias, entre outros. E indispensével usar também, nessa divulgago, as redes socials estabelecidas na sociedade civil organizada - associaggo de moradores, ONG's, entidades profssionais e académicas, sindicatos © instituigbes que tradicionalmente falam directamente aos cidados, como a lgreja, a rede escolar, dentre outras. A populacdo deve saber onde encontrar documentos para consulta ao longo do processa de elaboraco do plano, em edificios do Conselho Municipal e em outros pontos da cidade TAREFA 3 - Planeamento e realizado de Auscultacbes e Audiéncias Pt AuscultagSes piblicas As Auscultagdes piblicas podem ser reunides menos formais e mais criativas que as sessdes de audiéncia, nas quais grupos formados pela comunidade e orientados por um faclitador podem explorar e discutir temas, desenvolvendo ideias nas diferentes etapas do plano, desde o diagnéstico as propostas do plano. Este pode ser planeado da seguinte maneira: 1° passo - definigdo do objectivo e as actividades a serem realizadas; 2° paso - publicago da convocagdo ou convite para as entidades piblicas/privadas € organizacbes da sociedade civil relevantes para a elaboracao do plano; 3° passo - preparati 3s finais (local, materiais disponiveis etc); 4° asso - realizacao do evento (duracao maxima de 2 horas) Plano de Estrutura Urbana

You might also like