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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLOGICAS E


HUMANAS
BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Gustavo Alexandre de Araújo Silva Júnior

Teoremas de Green, Gauss e Stokes e algumas aplicações.

ANGICOS/RN
2020
Gustavo Alexandre de Araújo Silva Júnior

Teoremas de Green, Gauss e Stokes e algumas aplicações.

Projeto apresentado ao Conselho de Curso


Bacharelado em Ciência e Tecnologia da
Universidade Federal Rural do Semiárido, como
requisito parcial da elaboração do Trabalho de
Conclusão de Curso.
Orientador: Profº. Dr. Tony Kleverson Nogueira
- UFERSA

Angicos – RN
2020
© Todos os direitos estão reservados a Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteira
responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis
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ata. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a)
sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

J95t Júnior, Gustavo Alexandre de Araújo Silva.


Teoremas de Green, Gauss e Stokes e algumas
aplicações / Gustavo Alexandre de Araújo Silva
Júnior. - 2020.
54 f. : il.

Orientador: Tony Kleverson Nogueira.


Monografia (graduação) - Universidade Federal
Rural do Semi-árido, Curso de Ciência e
Tecnologia, 2020.

1. Teorema de Green. 2. Teorema de Stokes. 3.


Teorema da Divergência de Gauss. 4. Aplicações. I.
Nogueira, Tony Kleverson , orient. II. Título.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto
de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas
da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação
e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de
Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
Aos meus pais, Gustavo Alexandre de Araújo
Silva e Leila Betânia Batista Nicolau Silva, por
tudo que fizeram e fazem por mim e por
acreditarem em mim.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por todas as coisas a mim proporcionadas, por ter me guiado
ao longo do meu caminho para chegar até aqui. Por ter me dado forças para superar todos os
momentos de dificuldades por mim enfrentados até este momento e me ajudado a ter essa
conquista para mim e para a minha família.

Agradeço a minha mãe Leila Betânia Batista Nicolau, por todo o tempo que esteve e está
comigo, por todo o seu amor, cuidado e atenção, por ser sempre a mãe amiga, a mãe perfeita,
a mãe de todas as horas. Obrigado por tudo, por todos os sacrifícios que fez e faz por mim. Eu
te amo.

Agradeço ao meu pai Gustavo Alexandre de Araújo Silva, que atendeu sempre os meus
chamados, por se esforçar para dar o melhor aos filhos sempre. Sempre que precisei fez de
tudo para que essa precisão fosse sedada. Agradeço por todo sacrifício até aqui. Eu te amo.

Agradeço a minha avó, Francisca de Assis Batista, por acreditar em mim. E por me ajudar
junto com meus pais sempre que eu precisei e sempre por me acolher nas horas que eu
precisei. Que DEUS continue a abençoando grandemente.

Agradeço a minha namorada, Maria Eduarda de Carvalho Mélo por sempre me ajudar que
esteve sempre comigo nesta caminhada. Por sempre ter me dado forças para continuar
tentando, por não ter desistido de mim e me ajudado emocionalmente para que eu ficasse
seguro para a conclusão deste trabalho. Te amo.

Agradeço ao meu orientador Prof.ª. Tony Kleverson Nogueira, por ter aceitado meu pedido de
orientação, por está sempre presente no decorrer desse trabalho, por toda atenção e cuidado
junto ao meu trabalho de conclusão de curso. Você é realmente um exemplo de compromisso
e sem dúvida um grande profissional. Obrigada por tudo.

Agradeço a Universidade Federal Rural do Semi-árido, por todas as oportunidades. Sem


dúvida uma ótima universidade.
“Deixem que o futuro diga a verdade e
avalie cada um de acordo com o seu
trabalho e realizações. O presente
pertence a eles, mas o futuro pelo qual eu
sempre trabalhei pertence a mim.”
(Nikola Tesla)
RESUMO

Os estudantes de Ciência e Tecnologia sentem uma grande dificuldade em relacionar os


assuntos teóricos estudados em sala com aplicações na área da sua respectiva engenharia. Este
trabalho mostra algumas aplicações na engenharia de conceitos estudados na disciplina de
introdução às funções de várias variáveis. Os conceitos abordados nas disciplinas de calculo
são de suma importância para a engenharia, pois são os pilares de qualquer área que o
engenheiro venha a atuar. Neste trabalho estudamos os teoremas de Green, Stokes e
Divergência de Gauss, resultados aplicáveis principalmente na área de fluxo de fluidos. O
objetivo deste trabalho é mostrar as aplicações desses teoremas na área da engenharia como,
por exemplo, na engenharia elétrica.
Palavras-chave: Teorema de Green; Teorema de Stokes; Teorema da Divergência de Gauss;
Aplicações.
ABSTRACT

Science and Technology students feel a great difficulty in relating the theoretical subjects
studied in class with applications in the area of their respective engineering. This work shows
some applications in the engineering of concepts studied in the discipline of introduction to
the functions of several variables. The concepts covered in the calculation disciplines are of
paramount importance for engineering, as they are the pillars of any area that the engineer
may work on. In this work we study the Green, Stokes and Gauss Divergence Theorems,
results applicable mainly in the area of fluid flow. The objective of this work is to show the
applications of these theorems in the engineering area, for example, in electrical engineering.
In addition to demonstrating the above theorems, we present some applications focused on
engineering.

Keywords: Green's theorem; Stokes theorem; Gauss Divergence Theorem; Applications.


LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- George Green ....................................................................................................... 11
FIGURA 2- George Gabriel Stokes.......................................................................................... 12
FIGURA 3- Johann Carl Friedrich Gauss ................................................................................ 12
FIGURA 4 – Curva Fechada .................................................................................................... 14
FIGURA 5- Curva suave e não fechada ................................................................................... 14
FIGURA 6- Sistema de Coordenadas Polares .......................................................................... 15
FIGURA 7- Coordenada Polar ................................................................................................. 15
FIGURA 8- Mudança de coordenada ....................................................................................... 16
FIGURA 9- Campo Vetorial de uma esfera ............................................................................. 18
FIGURA 10- Linhas do campo elétrico de uma carga pontual ................................................ 18
FIGURA 11 – Linhas de campo magnético de um imã ........................................................... 19
FIGURA 12- Integral de linha .................................................................................................. 22
FIGURA 13- Integral de linha Disco ....................................................................................... 22
FIGURA 16 – Região simples y ............................................................................................... 27
FIGURA 17- Região simples X................................................................................................ 27
FIGURA 18- Circunferência .................................................................................................... 31
FIGURA 19 – Gráfico Stokes .................................................................................................. 32
FIGURA 20- Ilustração Gauss ................................................................................................. 36
FIGURA 21 - Curva ................................................................................................................. 44
FIGURA 22- Corrente de Ar .................................................................................................... 45
FIGURA 23- Circunferência .................................................................................................... 48
FIGURA 24- Cubo ................................................................................................................... 50
SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
2.0 PRÉ-REQUISITOS ............................................................................................................ 14
2.1 Curvas ......................................................................................................................................... 14
2.2 Sistemas de coordenadas polares .............................................................................................. 15
2.3 Curva Parametrizada .................................................................................................................. 17
2.4 Campos Vetoriais........................................................................................................................ 17
2.5 Integral de Linha ......................................................................................................................... 19
2.6 Trabalho ..................................................................................................................................... 22
2.7 Teorema fundamental do cálculo ............................................................................................... 22
2.8 Teorema de Fubini...................................................................................................................... 23
2.9 Rotacional................................................................................................................................... 23
2.10 Divergente ................................................................................................................................ 24
2.11 Função de classe 𝐶 1 ................................................................................................................. 24
2.12 Regiões Simétricas .................................................................................................................... 24
2.13 Integral de superfície ................................................................................................................ 25
3. TEOREMAS ......................................................................................................................... 27
3.1 Teorema de Green ..................................................................................................................... 27
3.2 Teorema de Stokes ..................................................................................................................... 32
3.3 Teorema da Divergência de Gauss ............................................................................................. 36
4.APLICAÇÕES....................................................................................................................... 42
4.1. Aplicações Teorema de Green: .................................................................................................. 42
4.2. Aplicações Teorema de Stokes .................................................................................................. 46
4.3. Aplicações Teorema da Divergência de Gauss ........................................................................... 49
5.0 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 52
6.0 REFERÊNCIAS BLIBIOGRÁFICAS ............................................................................... 53
11

1.0 INTRODUÇÃO

Neste trabalho são demonstrados e aplicados três teoremas de suma importância na


área da matemática e que tem algumas aplicações na área das engenharias, facilitando, assim,
alguns problemas que são encontrados nesta área. O Teorema de Green é um desses teoremas,
ele pode ser utilizado nas resoluções de problemas que envolvam campos vetoriais, como um
campo magnético ou um campo elétrico. O Teorema de Stokes, assim como o de Green,
também resolve problemas nesta área da engenharia que envolvam campos vetoriais.

O Teorema de Green foi desenvolvido pelo matemático britânico George Green, em


1828, e este teorema é um caso particular do Teorema de Stokes. Ele relaciona a integral de
linha ao longo de uma curva fechada no plano com uma integral dupla sobre a região limitada
por esta curva. Um fato interessante é que a matemática de Green foi muita voltada para a
resolução de problemas físicos, tendo seu interesse voltado, principalmente, para o potencial
elétrico. No entanto, a área da física onde Green mais se destacou, foi a de eletricidade e
magnetismo obtendo o seu reconhecimento depois dos trabalhos que foram desenvolvidos por
Lorde Kelvin nesta área da física.

FIGURA 1- George Green

Fonte: Cosmos Magazine


O Teorema de Stokes como foi dito anteriormente, também é um teorema aplicado
de maneira recorrente em problemas de campos vetoriais, em problemas como o fluxo
magnético em superfícies, quando essas superfícies são planas. Logo, o problema se direciona
para um caso particular que é o Teorema de Green. O Teorema de Stokes foi elaborado pelo
12

matemático George Gabriel Stokes, e foi mencionado pela primeira vez em uma carta de Sir
Willian Thomson a Stokes.

FIGURA 2- George Gabriel Stokes

Fonte: Engquimica
O Teorema de Divergência de Gauss, ou Teorema da divergência, relaciona um fluxo
em um campo vetorial através de uma superfície com o comportamento do campo vetorial
dentro da superfície. Esse teorema é de grande importância para a área da engenharia,
principalmente na eletrostática e dinâmica de fluidos. Na física e na engenharia ele é bastante
usado em três dimensões, mas pode ser estudado em uma dimensão com o Teorema
fundamental do cálculo e em duas dimensões com o Teorema de Green. Foi atribuído ao
matemático alemão Johann Carl Friedrich Gauss e mais tarde foi atribuído também ao
matemático russo Mikhail Vasilievich Ostrogradsky.

FIGURA 3- Johann Carl Friedrich Gauss

Fonte: Britannica

Uma das mais importantes aplicações que estes teoremas abordados tem, embora esta
aplicação não tenha sido demonstrada neste trabalho é a aplicação na transformação das
13

equações de Maxwell de sua forma derivável para sua forma integral. É uma utilização
bastante importante destes teoremas, pois as equações de Maxwell servem como base para a
engenharia elétrica, pois a partir destas equações pode-se entender e relacionar quase todos os
principais conceitos da eletricidade, como corrente e tensão por exemplo.

No Capítulo 2, estão os pré-requisitos, conceitos básicos que envolvem: campos


vetoriais, como o campo magnético, e campos elétricos, curvas, integral de linha, Teorema de
Fubini, Teorema Fundamental do cálculo, rotacional e divergente. No Capítulo 3
apresentamos as demonstrações dos teoremas e trazemos alguns exemplos da utilização dos
mesmos. Por fim, no Capítulo 4, trazemos algumas aplicações dos teoremas na área da
engenharia, principalmente, em engenharia elétrica, principalmente na parte de fluxo em
campos vetoriais e problemas que envolvem campos magnéticos e elétricos.
14

2.0 PRÉ-REQUISITOS

Neste capítulo apresentamos os conceitos básicos necessários para o entendimento


dos problemas apresentados neste trabalho e suas aplicações. Primeiro, iremos mostrar alguns
conhecimentos prévios para o Teorema de Green e, por conseguinte, faremos o mesmo para o
Teorema de Stokes e o Teorema de Gauss.

2.1 Curvas

Uma curva em ℝ2 é a imagem ou contradomínio de uma aplicação continua de um


intervalo 𝐼 de números reais para ℝ2 . Para os teoremas abordados neste trabalho o conceito
de curva fechada é importante, pois fará parte do estudo de regiões.

Definição: Uma curva fechada em um gráfico, ou uma curva plana, pode ser caracterizada
por um conjunto de pares ordenados de (𝑥, 𝑦) em um intervalo fechado 𝐼 , onde as
extremidades da curva se coincidem.

FIGURA 4 – Curva Fechada

Fonte: Quero Bolsa

Uma curva considerada suave é aquela que não contém “bicos” e nem quebras.

Definição: Dado um intervalo [a, b] desde que ℎ(𝑥 ) = 𝑓 (𝑥 )𝑖 + 𝑔(𝑥 )𝑗 seja contínua neste
intervalo e suas derivadas de primeira ordem sejam não nulas temos com isso uma curva
suave em um intervalo [𝑎, 𝑏].

FIGURA 5- Curva suave e não fechada

Fonte: LEITHOLD, 1994, p. 1100.


15

Definição: Uma curva é dita simples quando ela não se intercepta ou não se cruza. Quando
para dois valores de 𝑥 diferentes não obtemos a mesma imagem.

2.2 Sistemas de coordenadas polares

Dado um determinado ponto 𝑃 no plano, utilizando das coordenadas retangulares


descrevemos sua localização no plano com coordenadas 𝑃 = (𝑎, 𝑏), onde 𝑎 é a projeção do
eixo 𝑥 e 𝑏 é a projeção correspondente ao eixo 𝑦. Contudo, podemos também descrever a
localização do mesmo ponto 𝑃 a partir de sua distância da origem O, denotado por 𝑟, e do
ângulo formado entre o eixo 𝑥 e o segmento 𝑂𝑃 para 𝑃 ≠ 𝑂. Denotaremos, por 𝑃 = (𝑟, 𝜃)
onde temos que 𝜃 é o ângulo formado no sentido anti-horário da parte positiva do eixo origem
𝑂 de 𝑥 ao segmento 𝑂𝑃. Se 𝑃 = 𝑂, então denotaremos que 𝑃 = (𝑂, 𝜃).

FIGURA 6- Sistema de Coordenadas Polares

Fonte: Unesp/ Bauru

Para representarmos pontos em coordenadas polares, necessitamos de um ponto 𝑂 do


plano e uma semi-reta que tenha origem em 𝑂. O ponto fixo é denotado como O e é chamado
polo e a semi-reta, é chamada de eixo polar. Para melhor entendimento segue a ilustração
abaixo:

FIGURA 7- Coordenada Polar

Fonte: Unesp/Bauru
Nas coordenadas polares nós podemos ter representações do mesmo ponto de formas
diferentes, por exemplo, podemos ter que 𝑃 = (𝑟, 𝜃 )𝑒 𝑃 = (𝑠, 𝛼 ) isto sem que 𝑟 = 𝑠 𝑒 𝜃 = 𝛼.
16

Por este motivo dizemos que (𝑟, 𝜃 ) representa uma classe de pares ordenados e não um único
par ordenado, que representa um mesmo ponto. Iremos apresentar algumas representações em
coordenadas polares.

Quando um ponto 𝑃 é denotado por (𝑟, −𝜃), quando 𝑟 e 𝜃 forem positivos, temos
que 𝜃 é tomado a partir do sentido horário. Assim, temos que (𝑟, −𝜃 ) = (𝑟, 2𝜋 − 𝜃), portanto
(𝑟, −𝜃) é simétrico a (𝑟, 𝜃) em relação à reta do eixo polar. Também podemos denotar 𝑃 por
(−𝑟, 𝜃), para 𝑟 sendo positivo. Se 𝑃 = (𝑟, 𝜋 + 𝜃 ) , temos (𝑟, 𝜋 + 𝜃 ) = (−𝑟, 𝜃) . Com isso
temos que (−𝑟, 𝜃) é o simétrico de (𝑟, 𝜃) em relação ao polo.

Mudança de coordenadas: Podemos facilmente transformar as coordenadas de um


ponto da sua forma retangular para a polar e vice-versa. Pois, considerando que o ponto O é a
origem dos dois sistemas e a semi-reta sendo a parte não negativa do eixo x a comparação
entre os dois sistemas de coordenadas fica mais simples.

Para fazermos a mudança de coordenas polares para cartesianas pela definição


temos,

Definição: Seja um ponto 𝑃 um ponto com coordenadas polares (𝑟, 𝜃 ). Se o intervalo de 𝜃 for
𝜋
de 0 < 𝜃 < e 𝑟 > 0, temos que no triângulo 𝑂𝑃𝑋 , podemos obter as seguintes expressões,
2

𝑥 = 𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜃

𝑦 = 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃.

FIGURA 8- Mudança de coordenada

Fonte: Unesp/Bauru

Para fazermos a mudança de coordenadas cartesianas para polares , seja 𝑃 um ponto


em coordenadas cartesianas (𝑥, 𝑦). Considerando P em coordenadas polares (𝑟, 𝜃), como
mostrado acima temos que 𝑥 = 𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑒 𝑦 = 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃. Pelo triângulo da FIGURA-15 temos
17

que 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑟 2 cos 2 𝜃 + 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 = 𝑟 2 (cos 2 𝜃 + 𝑠𝑒𝑛2 𝜃). Pela identidade trigonométrica


que (cos 2 𝜃 + 𝑠𝑒𝑛2 𝜃) = 1, temos que 𝑟 2 . 1 = 𝑟 2 . Com isto, temos a seguinte expressão,

𝑟 = √𝑥 2 + 𝑦 2 .

2.3 Curva Parametrizada

Definição: Uma curva parametrizada no espaço com parâmetro 𝑡 é função contínua, no qual 𝐼
= [𝑎,𝑏] é um intervalo da reta real.

Definição: Dado uma curva 𝑋 ∶ 𝐼 → ℝ3, 𝑋(𝑡) = (𝑥(𝑡), 𝑦(𝑡), 𝑧(𝑡)) com 𝑥(𝑡), 𝑦(𝑡) 𝑒 𝑧(𝑡)
diferenciáveis, então o vetor tangente é dado pela derivada 𝑋′(𝑡) = (𝑥′(𝑡), 𝑦′(𝑡), 𝑧′(𝑡)).
Da função 𝑋 em relação a 𝑡.

2.4 Campos Vetoriais

A seguir, apresentamos o conceito de campos vetoriais, serão úteis para as aplicações


dos teoremas demonstrados neste trabalho. Tais campos são muito utilizados com grandezas
físicas, como o campo elétrico e o campo magnético.

Um campo vetorial sempre associa um vetor com um ponto do espaço, seja ele o ℝ3 ou ℝ2 .
Por exemplo, se 𝐹 for uma função com valores vetoriais definidas em uma esfera no ℝ3 , de
tal modo que

𝐹 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑀(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑖 + 𝑁(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑗 + 𝑅 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑘,

Então F associa a cada ponto (x, y, z) na esfera um vetor, sendo F chamado de campo vetorial.

Quando em um campo, um escalar ao invés de um vetor estiver sendo associado a


cada ponto, teremos um campo escalar. Para os teoremas estudados neste trabalho não iremos
utilizar esse tipo de campo, já que iremos utilizar aplicações em grandezas físicas, como
citado anteriormente.
18

FIGURA 9- Campo Vetorial de uma esfera

Fonte: LEITHOLD, 1994, p. 1074.

Campo Elétrico é que é gerado por um objeto carregado e é um exemplo e um campo


vetorial, pois cada ponto da região desse campo é dado por um vetor campo elétrico denotado
por 𝐸⃗ .

Definição: O campo elétrico é um campo vetorial, pois possui módulo, direção e sentido. Ele
pode ser descrito como uma distribuição de vetores campo elétrico 𝐸⃗ , um vetor para cada
ponto de uma região do espaço em torno de um objeto eletricamente carregado.

Linhas de um campo elétrico: São linhas que estão sempre coincidindo com o vetor
direção do campo elétrico em qualquer ponto da região do campo. Foram definidas por
Michael Faraday e estão presentes nas vizinhanças de qualquer partícula ou objeto com carga
elétrica.

FIGURA 10- Linhas do campo elétrico de uma carga pontual

Fonte: Blog do Enem

Campo Magnético é um campo vetorial, aonde temos a região desse campo sendo
⃗ .
descrita por um vetor campo magnético 𝐵
Definição: O campo magnético é uma grandeza vetorial na qual sua direção sempre coincide
com aquela onde a força magnética é zero. Ela pode ser gerada de duas formas, por partículas
19

eletricamente carregadas em movimento ou por uma partícula elementar como o elétron que
possui um campo magnético intrínseco.

Linhas de campo magnético: Assim como há no campo elétrico, também podemos


representar o campo magnético por linhas, onde a direção tangente de uma linha do campo
magnético fornece a direção do campo em qualquer ponto. Além disso, quanto mais próximos
as linhas estão uma da outra mais intensa é esta região do campo magnético.

FIGURA 11 – Linhas de campo magnético de um imã

Fonte: Educação Globo

2.5 Integral de Linha

A integral de linha é uma integral em uma superfície plana de uma curva em um


campo vetorial, como o campo magnético ou o campo elétrico. Vamos supor que tenhamos
um vetor força não constante e que não seja dado ao longo de uma reta e sim de uma curva.
Para encontrar uma resposta para problemas deste tipo foram criadas as integrais de linha.

Definição: Temos para um disco aberto com a equação vetorial R(t) = f(t)i + g(t)j e contida
no intervalo a ≤ 𝑡 ≤ b de modo que existam as derivadas primeiras da função f e g, ou seja,
tal que f’ e g’ sejam contínuas no intervalo de [a , b]. Tendo F (x, y) = M (x, y) i + N (x, y) j
como sendo um campo vetorial B e M e N contidas neste campo vetorial, temos :

∫𝑅 𝐹 ⋅ ⅆ𝑅 = ∫𝑅 𝐹(𝑅(𝑡)). 𝑅′ (𝑡)ⅆ𝑡. (1)

Exemplo 01: Calcule a integral de linha, usando a definição acima. Considerando o


caminho R(t) = (sen(t), cos(t), t), com o intervalo 0 ≤ 𝑡 ≤ 2𝜋 e o campo vetorial
F (x, y, z) = (x, y, z). Então F(R(t)) = (sen(t), cos(t), t) e R’(t) = (cos(t), − sen(t), 1).

1) Passo:
20

𝐹(𝑅(𝑡)). 𝑅′ (𝑡) = 𝑠𝑒𝑛(𝑡) cos(𝑡) − 𝑠𝑒𝑛(𝑡) cos(𝑡) + 𝑡

𝐹(𝑅(𝑡)). 𝑅′ (𝑡) = 𝑡

2) Passo:
2𝜋
∫ 𝐹(𝑅(𝑡))ⅆ𝑠 = ∫ 𝐹(𝑅(𝑡)). 𝑅′(𝑡)ⅆ𝑡
𝑅 0

2𝜋
= ∫ 𝑡ⅆ𝑡
0

2𝜋
𝑡2
= |
2 0

= 2𝜋 2

Outra forma de definir a integral de linha é usando a forma diferencial do campo


vetorial.

⃗ e o caminho R(t) =
Definição: Considerando o campo vetorial F(x, y, z) = 𝐹1 𝑖 + 𝐹2 𝑗 + 𝐹3 𝑘
(x(t), y(t), z(t)), temos

𝑏
ⅆ𝑥 ⅆ𝑦 ⅆ𝑧
∫ 𝐹. ⅆ𝑠 = ∫ ((𝐹1 ) + (𝐹2 ) + (𝐹3 )) ⅆ𝑡
𝑅 𝑎 ⅆ𝑡 ⅆ𝑡 ⅆ𝑡

𝑏
= ∫ ((𝐹1 ⅆ𝑥 ) + (𝐹2 ⅆ𝑦) + (𝐹3 ⅆ𝑧)) . (2)
𝑎

⃗ , sendo o caminho R(t) =


Exemplo 02: Considere o campo F (x, y, z) = x2𝑖 + xy𝑗 + 𝑘
(x(t), y(t), z(y)) = (t, t2, 1), com 𝑡 ∈ [0, 1]. Utilizando a definição mostrada acima,
calcule a integral de linha.

Solução:

1) Passo: Fazendo as derivadas de cada coordenada, temos


21

ⅆ𝑥 ⅆ𝑦 ⅆ𝑧
= 1; = 2𝑡 ; = 0.
ⅆ𝑡 ⅆ𝑡 ⅆ𝑡

2) Passo: Utilizando a definição, temos

∫ 𝐹ⅆ𝑠 = ∫ (𝑥 2 ⅆ𝑥 + 𝑥𝑦ⅆ𝑦 + ⅆ𝑧)


𝑐 𝑐

1
ⅆ𝑥 ⅆ𝑦
= ∫ (𝑥(𝑡)2 + 𝑥(𝑡)𝑦(𝑡) ) ⅆ𝑡
ⅆ𝑡 ⅆ𝑡
0

1
1 3 2 5
= ∫ (𝑡 2 + 2𝑡 4 )ⅆ𝑡 = 𝑡 + 𝑡
0 3 5

11
= .
5

Definição: A integral de linha não depende só do campo, mas também do caminho a ser
percorrido, se é anti-horário (+) ou no sentido horário (-). Logo, dado dois caminhos

diferentes 𝑅1 ≠ 𝑅2 , temos ∫𝑅 𝐹. ⅆ𝑠 + ∫𝑅 𝐹. ⅆ𝑠. Contudo, se 𝑅1 é uma reparametrização de


1 2

R2, então

∫𝑅 𝐹ⅆ𝑠 = ± ∫𝑅 𝐹ⅆ𝑠.
1 2

A seguir, iremos mostrar dois teoremas de integral de linha que estão presentes no
livro Leithold, que é um dos livros base usado neste trabalho.

Teorema: Suponha que 𝑓: ℝ3 → ℝ é de classe 𝐶 1 e 𝐶: [𝑎, 𝑏] → ℝ3 é um caminho 𝐶 1 por


partes. Com isso temos

∫𝑐 ∇𝑓. ⅆ𝑠 = 𝑓(𝑐 (𝑏 )) − 𝑓(𝑐(𝑎)).


22

FIGURA 12- Integral de linha

Fonte: Khanacademy
FIGURA 13- Integral de linha Disco

Fonte: IF USP
2.6 Trabalho

O trabalho pode ser definido como a capacidade de produzir energia. Se uma força executou
um trabalho 𝑊 sobre um corpo ele aumentou a energia desse corpo. O trabalho realizado por
uma força constante é definido por
𝑊 = 𝐹. ⅆ . 𝑐𝑜𝑠𝜃
Onde temos que 𝐹 é a força aplicada ao objeto, ⅆ é o deslocamento e 𝜃 é a componente de
força na direção desse deslocamento. Como trabalho é energia, no sistema internacional de
unidades ele é dado em Joule representado pela letra 𝐽.

2.7 Teorema fundamental do cálculo

Definição: Seja 𝑓 uma função contínua no intervalo [𝑎, 𝑏]. A função 𝐹 dada por 𝐹 (𝑥 ) =
𝑥
∫𝑎 𝑓 (𝑡)ⅆ𝑡 é derivável em todos os pontos que são pertencentes ao intervalo e sua derivada é
dada por 𝐹’(𝑥) = 𝑓(𝑥). Temos ainda que

𝑏
∫ 𝑓 (𝑡) ⅆ𝑡 = 𝐹 (𝑏) − 𝐹 (𝑎).
𝑎
23

2.8 Teorema de Fubini

Definição: Seja 𝑓(𝑥, 𝑦) integrável no retângulo 𝑅 = {(𝑥, 𝑦) ∈ ℝ2 |𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏, 𝑐 ≤ 𝑦 ≤ ⅆ } .


𝑏
Vamos supor que tenhamos ∫𝑎 𝑓(𝑥, 𝑦)ⅆ𝑦 exista, para todos 𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏]. Então, temos

𝑑 𝑏 𝑏 𝑑
∬ 𝑓 (𝑥, 𝑦)ⅆ𝑥ⅆ𝑦 = ∫ [∫ 𝑓 (𝑥, 𝑦)ⅆ𝑥 ] ⅆ𝑦 = ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)ⅆ𝑦] ⅆ𝑥.
𝑐 𝑎 𝑎 𝑐
𝑅

2.9 Rotacional

Um conceito muito importante para o entendimento e as aplicações dos teoremas


demonstrados neste trabalho é o conceito de rotacional. Que podemos definir, de maneira
informal, como sendo um operador que, a partir de uma função que representa um campo
vetorial tridimensional, gera uma nova função que representa um campo tridimensional
diferente.

Definição: Seja um campo vetorial 𝐹 numa bola aberta 𝐵 em ℝ3 , tal que

𝐹 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝐹1 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑖 + 𝐹2 (𝑥. 𝑦, 𝑧)𝑗 + 𝐹3 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑘

Então temos que o rotacional de 𝐹 é definido por,

𝜕𝐹3 𝜕𝐹2 𝜕𝐹1 𝜕𝐹3 𝜕𝐹3 𝜕𝐹1


rotF = ( − )𝑖+( − )𝑗+( − ⃗.
)𝑘
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦

Desde que essas derivadas parciais existam.

A seguir, mostraremos uma forma mais simples de utilizar o rotacional, que é na sua
forma matricial. Nessa versão, a primeira linha da matriz é composta por vetores unitários, na
segunda linha pelas derivadas parciais e na terceira pelas coordenadas 𝐹1 , 𝐹2 𝑒 𝐹3 .

𝑖 𝑗 𝑘
𝜕 𝜕 𝜕
𝑟𝑜𝑡 𝐹 =
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
[ 𝐹1 𝐹2 𝐹3 ]
24

2.10 Divergente

Para o entendimento do Teorema da Divergência de Gauss e da sua aplicação o


conceito de divergência é necessário.

Definição: Seja 𝐹 um campo vetorial em uma bola aberta no ℝ3 , dado por

⃗.
𝐹 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝐹1 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑖 + 𝐹2 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑗 + 𝐹3 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑘

O divergente de 𝐹, denotado por ⅆ𝑖𝑣𝐹, é definido por

𝜕𝐹1 𝜕𝐹1 𝜕𝐹1


ⅆ𝑖𝑣𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = + + ,
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

desde que as derivadas parciais acima existam.

2.11 Função de classe 𝑪𝟏

𝜕𝑓 𝜕𝑓
Definição: Dizemos que 𝑓: ⋃ ⊆ ℝ2 → ℝ é de classe 𝐶 1 se 𝑒 existem e forem
𝜕𝑥 𝜕𝑦
contínuas.

2.12 Regiões Simétricas

Definição: Sejam ∅1 ∶ [𝑎, 𝑏] → ℝ 𝑒 ∅2 ∶ [𝑎, 𝑏] → ℝ aplicações continuas tal que ∅𝟏 ≤ ∅2 , 𝑥 ∈


[𝑎, 𝑏]. Considere a região 𝐷 formada pelos pontos 𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏], ∅1 (𝑥) ≤ 𝑦 ≤ ∅2 (𝑥 ). A região 𝐷 é
chamada 𝑦 − 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 . A região formada pelos pontos 𝑦 ∈ [𝑎, 𝑏], ∅1 (𝑦) ≤ 𝑥 ≤ ∅2 (𝑦) é
chamada 𝑥 − 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠. Uma região que é 𝑥 − 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 𝑒 𝑦 − 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 é chamada região simples.
Uma região que é simples com as mesmas funções é chamada região simétrica. Tais regiões
são também chamadas regiões elementares. As curvas que delimitam a região são chamadas
fronteira de 𝐷 , denotada 𝜕𝐷.
25

2.13 Integral de superfície

Suponha que 𝑆 seja uma superfície sobre 𝐷 e tenha a equação 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦), onde 𝑓 e suas
derivadas parciais são continuas em 𝐷. Então, se 𝜎 for a medida da área da superfície 𝑆, temos
𝛥𝑖𝜎 = √𝑓𝑥 2 (𝜉𝑖, 𝑦𝑖) + 𝑓𝑦 2 (𝜉𝑖, 𝑦𝑖) + 1 𝛥𝑖𝐴.

Se formarmos a soma
𝑛

∑ 𝐺 (𝜉𝑖, 𝑦𝑖, 𝑓 (𝜉𝑖, 𝑦𝑖 ))𝛥𝑖𝜎.


𝑖=𝑛

E tomarmos o limite dessa soma quando a norma da participação tende a zero temos,

lim ∑ 𝐺 (𝜉𝑖, 𝑦𝑖, 𝑓 (𝜉𝑖, 𝑦𝑖 ))𝛥𝑖𝜎.


𝑖=𝑛

Esse limite é chamado de integral de superfície de 𝐺 sobre 𝑆, sendo denotado por

∬𝑆 𝐺(𝑥, 𝑦, 𝑧) ⅆ𝜎.
Esse limite é uma integral dupla sobre a região 𝐷, no plano 𝑥𝑦. Assim,

∬ 𝐺(𝑥, 𝑦, 𝑧) ⅆ𝜎 = ∬ 𝐺(𝑥, 𝑦, 𝑓(𝑥, 𝑦)) √𝑓𝑥 2 (𝑥, 𝑦) + 𝑓𝑦 2 (𝑥, 𝑦) + 1 ⅆ𝐴.


𝑆 𝑆

Exemplo (LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. pg. 1113.): Usando a

definição acima, calcule a integral de superfície ∬𝑆 𝑥 2 𝑧 2 ⅆ𝜎 onde 𝑆 é parte do cone é a parte


do cone 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑧 2 entre os planos 𝑧 = 1 𝑒 𝑧 = 2 .

Solução: Resolvendo a equação de 𝑆 em relação a 𝑧, onde 𝑧 ≥ 0, e obtemos 𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2 .


Logo,

𝑓 (𝑥, 𝑦) = √𝑥 2 + 𝑦 2

𝑥
𝑓𝑥 (𝑥, 𝑦) =
√𝑥 2 + 𝑦 2

𝑦
𝑓𝑦 (𝑥, 𝑦) =
√𝑥 2 + 𝑦 2
26

Com isso temos,

𝑥 𝑦
∬ 𝑥 2 𝑧 2 ⅆ𝜎 = ∬ 𝑥 2 (𝑥 2 + 𝑦 2 )√ + + 1 ⅆ𝐴
𝐷
√𝑥 2 + 𝑦 2 √𝑥 2 + 𝑦 2
𝑆

= ∬ 𝑥 2 (𝑥 2 + 𝑦 2 )√2 ⅆ𝐴
𝐷

Calculamos a integral dupla usando as coordenadas polares, onde 𝑥 = 𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃, 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑟 2 e


ⅆ𝐴 = 𝑟ⅆ𝑟ⅆ𝜃. Logo,

2𝜋 2

∬ 𝑥 2 𝑦 2 ⅆ𝜎 = √2 ∫ ∫(𝑟 2 cos 2 𝜃)𝑟 2 ⅆ𝑟ⅆ𝜃


𝑆 0 1

2𝜋 2

= √2 ∫ ∫(cos 2 𝜃)𝑟 5 ⅆ𝑟ⅆ𝜃


0 1

2𝜋 2
𝑟6 2
= √2 ∫ [cos 𝜃 ] ⅆ𝜃
6 1
0

21√2 𝑠𝑒𝑛2𝜃 2𝜋
= [𝜃 + ]
4 2 0
21𝜋
= .
√2
27

3.0 TEOREMAS

3.1 Teorema de Green

Neste capítulo, iremos demonstrar os três teoremas que mencionamos anteriormente,


o Teorema de Green, o Teorema de Stokes e o Teorema de Gauss, a demonstração desses três
teoremas foi retirada a partir do livro base para esse trabalho o livro TROMBA, Anthony.
Calculo Vectorial. Além disso, iremos mostrar alguns exemplos da utilização destes
teoremas, a fim de esclarecer o seu entendimento.

Nesta seção, apresentamos a demonstração do Teorema de Green. Uma curva


fechada simples que é fronteira de uma região elementar possui duas orientações: Anti-horária
(positiva) e horária (negativa). Podemos descrever a fronteira de uma região elementar como
a soma de segmentos orientados positivamente e negativamente. Observe geometricamente:
FIGURA 16 – Região simples y

Fonte: Autoria própria (2019)

FIGURA 17- Região simples X

Fonte: Autoria própria (2019)

O Teorema de Green relaciona a integral de linha ao longo de uma curva fechada C


no plano ℝ², com a integral dupla sobre a região limitada por C.
28

Seja D uma região simples e C sua fronteira. Suponha que 𝑃: 𝐷 → ℝ e 𝑄: 𝐷 → ℝ são de


classe 𝐶 1. Então

𝜕𝑄 𝜕𝑃
∫ 𝑃ⅆ𝑥 + 𝑄ⅆ𝑦 = ∬ ( − ) ⅆ𝑥ⅆ𝑦.
𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝑐+ 𝐷

Demonstração: Iremos dividir esta demonstração em duas afirmações.


Afirmação 1:

𝜕𝑃
∫ 𝑃ⅆ𝑥 = ∬ − ⅆ𝑥ⅆ𝑦.
𝑐+ 𝐷 𝜕𝑦

Uma vez que consideramos D uma região simples, podemos supor que D é descrita
na forma de 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏, 𝜙1 (𝑥) ≤ 𝑦 ≤ 𝜙2 (𝑥) . Como mostrado anteriormente, podemos
decompor a fronteira na forma de 𝐶 + = 𝐶1+ + 𝐵2+ + 𝐶2− + 𝐵1− . Pelo Teorema de Fubini e pelo
Teorema fundamental do cálculo,
𝑏 𝜙2 (𝑥)
𝜕𝑃 𝜕𝑃
∬ (𝑥, 𝑦)ⅆ𝑥ⅆ𝑦 = ∫ ∫ (𝑥, 𝑦)ⅆ𝑥ⅆ𝑦
𝐷 𝜕𝑦 𝑎 𝜙1 (𝑥) 𝜕𝑦
𝑏
= ∫𝑎 (𝑃(𝑥1 𝜙2 (𝑥 ) − 𝑃(𝑥1 𝜙1 (𝑥 ))ⅆ𝑥.

Uma vez que 𝑐1+ é parametrizada por 𝑥 → (𝑥, 𝜙1 (𝑥 )), 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏, 𝑒 𝑐2+ é parametrizada por
𝑥 → (𝑥, 𝜙2 (𝑥 )), 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏, segue que
𝑏
∫ 𝑃(𝑥, 𝜙1 (𝑥 ))ⅆ𝑥 = ∫ 𝑃 (𝑥, 𝑦)ⅆ𝑥.
𝑎 𝑐1+

e
𝑏
∫ 𝑃(𝑥, 𝜙2 (𝑥 ))ⅆ𝑥 = ∫ 𝑃(𝑥, 𝑦)ⅆ𝑥 .
𝑎 𝑐2+

Como o sinal reverte a orientação,


29

𝑏
− ∫ 𝑃(𝑥1 𝜙2 (𝑥 ))ⅆ𝑥 = ∫ 𝑃(𝑥, 𝑦)ⅆ𝑥.
𝑎 𝑐2−

Logo, obtemos a seguinte equação


𝜕𝑃
∬ ⅆ𝑥ⅆ𝑦 = − ∫ 𝑃ⅆ𝑥 − ∫ 𝑃ⅆ𝑥. (1)
𝐷 𝜕𝑦 𝑐1+ 𝑐2−

Por outro lado, uma vez que 𝑥 é constante em 𝐵2+𝑒 𝐵1−, temos

∫ 𝑃ⅆ𝑥 = ∫ 𝑃ⅆ𝑥 = 0.
𝐵2+ 𝐵1−

Portanto,

∫ 𝑃ⅆ𝑥 = ∫ 𝑃ⅆ𝑥 + ∫ 𝑃ⅆ𝑥 + ∫ 𝑃ⅆ𝑥 + ∫ 𝑃ⅆ𝑥


𝐶+ 𝐶1+ 𝐵2+ 𝐶2− 𝐵1−

= ∫ 𝑃ⅆ𝑥 + ∫ 𝑃ⅆ𝑥 .
𝐶1+ 𝐶2− (2)
Agora, por (1) e (2), temos
𝜕𝑃
∬ ⅆ𝑥ⅆ𝑦 = − ∫ 𝑃ⅆ𝑥 − ∫ 𝑃ⅆ𝑥 = − ∫ 𝑃ⅆ𝑥.
𝐷 𝜕𝑦 𝐶1+ 𝐶2− 𝐶+

Com isso, a primeira parte da demonstração foi comprovada.


Afirmação 2:
𝜕𝑄
∬ ⅆ𝑥ⅆ𝑦 = ∫ 𝑄ⅆ𝑦.
𝐷 𝜕𝑥 𝐶+

Uma vez que 𝐷 é uma região simples, podemos supor que 𝐷 é da forma 𝑐 ≤ 𝑦 ≤ ⅆ,
Ψ1 (𝑦) ≤ 𝑦 ≤ Ψ2 (𝑦). Usando a decomposição discutida anteriormente, segue que
𝐶 + = 𝐶1− + 𝐵1+ + 𝐶2+ + 𝐵2− .
Sendo 𝑦 constante em 𝐵1+ , 𝐵2−, segue que

∫ 𝑄ⅆ𝑦 = ∫ 𝑄ⅆ𝑦 + ∫ 𝑄ⅆ𝑦.


𝐶+ 𝐶1− 𝐶2+

Observe que 𝑐2+ é parametrizadas por 𝑦 → (Ψ2 (𝑦), 𝑦), 𝑐 ≤ 𝑦 ≤ ⅆ e 𝐶1− é parametrizada por
𝑦 → (Ψ1 (𝑦), 𝑦), 𝑐 ≤ 𝑦 ≤ ⅆ. Pelo Teorema de Fubini e pelo Teorema fundamental do cálculo,
𝜕𝑄 = 𝑑 Ψ 2 (𝑦 )
𝜕𝑄
∬ ⅆ𝑥ⅆ𝑦 ∫ ∫ (𝑥, 𝑦)ⅆ𝑥ⅆ𝑦
𝜕𝑥 𝑐 Ψ 1 (𝑦 ) 𝜕𝑦

= 𝑑
∫ (𝑄(Ψ2 (𝑦), 𝑦) − 𝑄(Ψ1 (𝑦), 𝑦))ⅆ𝑦
𝑐
30

=
∫ 𝑄ⅆ𝑦 − ∫ 𝑄ⅆ𝑦
𝐶2+ 𝐶1+

=
∫ 𝑄ⅆ𝑦 + ∫ 𝑄ⅆ𝑦
𝐶2+ 𝐶1−

=
∫ 𝑄ⅆ𝑦.
𝐶+

Portanto, das afirmações 1 e 2 segue a demonstração do teorema.


Observação: O Teorema de Green pode ser aplicado numa região que não é simples, desde
que seja formada por um número finito de regiões simples.

A seguir, apresentamos um exemplo do uso do Teorema de Green.

Exemplo (LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. pg. 1103.) : Use o
teorema de Green para encontrar o trabalho total realizado ao mover um objeto no sentido
anti-horário, uma vez em torno da circunferência 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑎2 , se o movimento for causado
pelo campo de forças 𝐹 (𝑥, 𝑦) = (𝑠𝑒𝑛𝑥 − 𝑦)𝑖 + (𝑒 𝑦 − 𝑥 2 )𝑗. Suponha que o arco seja medido
em metros e a força medida em newtons.

Solução: Se 𝑊 for o trabalho realizado ao mover o objeto, temos que

𝑊 = ∮ (𝑠𝑒𝑛𝑥 − 𝑦)ⅆ𝑥 + (𝑒 𝑦 − 𝑥 2 )ⅆ𝑦,


𝑅

onde 𝑅 é a circunferência dita no problema, 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑎2 . Pelo Teorema de Green, temos

𝜕 𝑦 𝜕
𝑊 = ∬[ (𝑒 − 𝑥 2 ) − (𝑠𝑒𝑛𝑥 − 𝑦)]
𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝑅

= ∬(−2𝑥 + 1)ⅆ𝐴.
𝑅

A fim de facilitar os cálculos, iremos usar o sistema de coordenadas polares ao invés


do sistema de coordenadas retangulares. Isto está ligado ao fato de que se trata de uma
31

circunferência e com isso se torna mais simples a resolução da mesma no sistema de


coordenadas polares. Com isso, temos
𝑥 = 𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑒 ⅆ𝐴 = 𝑟ⅆ𝑟ⅆ𝜃.
Então,
2𝜋 𝑎 2𝜋 𝑎
∫ ∫ (−2𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 + 1)𝑟ⅆ𝑟ⅆ𝜃 = ∫ ∫ (−2𝑟 2 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑟)ⅆ𝑟ⅆ𝜃
0 0 0 0

2𝜋
−2 3 𝑎2
=∫ ( 𝑎 𝑐𝑜𝑠𝜃 + ) ⅆ𝜃
0 3 2

−2 3 𝑎2
= 𝑎 𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝜃
3 2
−2 3 𝑎2 −2 3 𝑎2
= 𝑎 𝑠𝑒𝑛2𝜋 + 2𝜋 − ( 𝑎 𝑠𝑒𝑛0 + 0)
3 2 3 2
= 𝑎2 𝜋.

FIGURA 18- Circunferência

Fonte: Autoria própria (2019)

Ainda como uma aplicação básica do Teorema de Green, podemos obter uma
fórmula para determinar a área de uma região limitada por uma curva simples.

Exemplo (TROMBA, Anthony. Calculo Vectorial. pg. 496. ): Seja 𝐶 uma curva simples
que limita uma região na qual o Teorema de Green é aplicável. Então a área da região 𝐷 com
fronteira 𝐶 = 𝜕𝐷 é dada por

1
𝐴= ∫ (𝑥ⅆ𝑦 − 𝑦ⅆ𝑥 ).
2
𝜕𝐷
32

Solução: Seja 𝑃(𝑥, 𝑦) = − 𝑦 e 𝑄(𝑥, 𝑦) = 𝑥. Então pelo Teorema de Green,

1 1 1 𝜕𝑄 𝜕𝑃
∫ (𝑥ⅆ𝑦 − 𝑦ⅆ𝑥 ) = ∫ (𝑃ⅆ𝑥 + 𝑄ⅆ𝑦) = ∬ ( − ) ⅆ𝑥ⅆ𝑦 = ∬ ⅆ𝑥ⅆ𝑦 = 𝐴.
2 2 2 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜕𝐷 𝜕𝐷 𝐷 𝐷

3.2 Teorema de Stokes

Nesta seção, demonstraremos o Teorema de Stokes, um teorema mais geral que


Teorema de Green. Este Teorema aborda o espaço tridimensional, ou seja, o espaço ℝ3.
O Teorema de Stokes relaciona a integral de linha de um campo vetorial ao longo de
uma curva fechada simples 𝐶 ⊆ ℝ3 , com a integral sobre uma superfície 𝑆 a qual 𝐶 é
fronteira.
Seja S uma superfície que é um gráfico de uma função 𝑓 (𝑥, 𝑦). Então temos que 𝑆 é
parametrizada por
𝑥=𝑢
{ 𝑦=𝑣 ,
𝑧 = 𝑓 (𝑢, 𝑣 ) = 𝑓(𝑥, 𝑦)

⃗ é um campo, então
para algum (𝑢, 𝑣) em algum domínio 𝐷 ⊆ ℝ2. Se 𝐹 = 𝐹1 𝑖 + 𝐹2 𝑗 + 𝐹3 𝑘

∂z ∂z
∬ F ds = ∬ (F1 (− ) + F2 (− ) + F3 ) dx dy. (3)
∂x ∂y
S D

Se 𝑐: [𝑎, 𝑏] → ℝ2 , 𝑐(𝑡) = (𝑥 (𝑡), 𝑦(𝑡)) é uma parametrização de 𝜕𝐷, então definimos a curva
fronteira 𝜕𝑆 como sendo a curva fechada simples orientada que é a imagem da aplicação
𝑝: 𝑡 → 𝑝(𝑡) = (𝑥 (𝑡), 𝑦(𝑡), 𝑓(𝑥(𝑡), 𝑦(𝑡))). Com a orientação induzida por P. Observe
geometricamente:

FIGURA 19 – Gráfico Stokes

Fonte: Autoria própria (2019)


33

Teorema de Stokes para Gráficos: Seja 𝑆 uma superfície orientada definida por uma função
𝐶 2 , 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦), onde (x, y) ∈ D, uma região na qual o Teorema de Green é aplicável. Seja 𝐹
um campo vetorial 𝐶 1 sobre 𝑆. Se 𝜕𝑆 denota a fronteira de 𝑆, então

∬ 𝑟𝑜𝑡𝐹ⅆ𝑠 = ∬(∇𝑥𝐹 )ⅆ𝑠 = ∫ 𝐹ⅆ𝑠.


𝜕𝑆
𝑆 𝑆

⃗ , então
Demonstração: Se 𝐹 = 𝐹1 𝑖 + 𝐹2 𝑗 + 𝐹3 𝑘

𝜕𝐹3 𝜕𝐹2 𝜕𝐹1 𝜕𝐹3 𝜕𝐹3 𝜕𝐹1


rotF = ( − )𝑖+( − )𝑗+( − ⃗
)𝑘
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦

Por (3), temos

𝜕𝐹3 𝜕𝐹2 −𝜕𝑧 𝜕𝐹1 𝜕𝐹3 −𝜕𝑧 𝜕𝐹3 𝜕𝐹1


∬ 𝑟𝑜𝑡𝐹ⅆ𝑠 = ∬ [( − ) +( − ) +( − )] ⅆ𝐴. (4)
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝑠 𝐷

Por outro lado,

∫ 𝐹. ⅆ𝑠 = ∫ 𝐹. ⅆ𝑠 = ∫ (𝐹1 ⅆ𝑥 + 𝐹2 ⅆ𝑦 + 𝐹3 ⅆ𝑧),
𝜕𝑆
𝑃 𝑃

onde 𝑃: [𝑎, 𝑏] → ℝ3 , 𝑃 (𝑡) = (𝑥 (𝑡), 𝑦(𝑡), 𝑓(𝑥 (𝑡), 𝑦(𝑡))) , é uma curva fechada simples

orientada que parametriza 𝜕𝑆. Logo,

𝑏
ⅆ𝑥 ⅆ𝑦 ⅆ𝑧
∫ 𝐹. ⅆ𝑠 = ∫ (𝐹1 + 𝐹2 + 𝐹3 ) ⅆ𝑡 (5)
ⅆ𝑡 ⅆ𝑡 ⅆ𝑡
𝜕𝑆 𝑎

Pela regra da cadeia,

𝜕𝑧 𝜕𝑧 ⅆ𝑥 𝜕𝑧 ⅆ𝑦
= + .
𝜕𝑡 𝜕𝑥 ⅆ𝑡 𝜕𝑦 ⅆ𝑡

Aplicando em (5), obtemos


34

𝑏
𝜕𝑧 ⅆ𝑥 𝜕𝑧 ⅆ𝑦
∫ 𝐹ⅆ𝑠 = ∫ [(𝐹1 + 𝐹3 ) + (𝐹2 + 𝐹3 ) ] ⅆ𝑡
𝜕𝑆 𝜕𝑥 ⅆ𝑡 𝜕𝑦 ⅆ𝑡
𝑎

𝑏
𝜕𝑧 𝜕𝑧
= ∫ [(𝐹1 + 𝐹3 ) ⅆ𝑥 + (𝐹2 + 𝐹3 ) ⅆ𝑦]
𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝑎

𝜕𝑧 𝜕𝑧
= ∬𝜕𝐷 [(𝐹1 + 𝐹3 ) ⅆ𝑥 + (𝐹2 + 𝐹3 ) ⅆ𝑦] (6)
𝜕𝑥 𝜕𝑦

Aplicando o Teorema de Green em (6),

𝜕 (𝐹2 + 𝐹3 𝜕𝑧⁄𝜕𝑦 ) 𝜕(𝐹1 + 𝐹3 𝜕𝑧⁄𝜕𝑥 )


∫ 𝐹ⅆ𝑠 = ∬ [ − ] ⅆ𝐴.
𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜕𝑆 𝐷

Usando a regra da cadeia e lembrando que 𝐹1 , 𝐹2 𝑒 𝐹3 são funções que dependem de


𝑥, 𝑦 𝑒 𝑧(𝑥, 𝑦), segue que:

𝜕𝐹2 𝜕𝐹2 𝜕𝑧 𝜕𝐹3 𝜕𝑧 𝜕𝐹3 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕 2𝑧


∫ 𝐹. ⅆ𝑠 = ∫ ( + . + . + . + 𝐹3 )
𝜕𝑥 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑥𝜕𝑦
𝜕𝑆 𝐷

𝜕𝐹1 𝜕𝐹1 𝜕𝑧 𝜕𝐹3 𝜕𝑧 𝜕𝐹3 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕 2𝑧


−( + . + . + . + 𝐹3 ) ⅆ𝐴
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑧 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑥𝜕𝑦

𝜕𝐹2 𝜕𝐹1 𝜕𝐹1 𝜕𝐹3 −𝜕𝑧 𝜕𝐹3 𝜕𝐹2 −𝜕𝑧


= ∬ [(( − )+( − ) +( − ) )] ⅆ𝐴
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥
𝐷

= ∬ 𝑟𝑜𝑡𝐹ⅆ𝑠.
𝑆

onde essa última igualdade segue de (4). Com isso o teorema está provado.

A seguir, mostramos um exemplo da utilização do Teorema de Stokes

Exemplo (LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica.pg. 1126.): Utilizando o


Teorema de Stokes, calcule o trabalho realizado pelo campo vetorial de forças dado por 𝐹 =
(𝑧 − 𝑦, −𝑥 − 𝑧, −𝑥 − 𝑦). Isto quando uma partícula se move sob a influência desse campo ao
35

longo da curva de intersecção de superfícies: 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 = 4 𝑒 𝑡𝑒𝑛ⅆ𝑜 𝑧 = 𝑦, orientada no


sentido positivo quando vista de cima.

Solução: Primeiro iremos calcular o rotacional do campo, com isso temos

𝜕𝐹3 𝜕𝐹2 𝜕𝐹1 𝜕𝐹3 𝜕𝐹2 𝜕𝐹1


𝑟𝑜𝑡(𝐹 ) = [ − , − , − ].
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦

Fazendo cada derivada parcial acima, obtemos os seguintes valores

𝜕𝐹3 𝜕𝐹2 𝜕𝐹1 𝜕𝐹3 𝜕𝐹2 𝜕𝐹1


= −1, = −1, =1, = −1, = −1, = −1.
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦

Agora, substituindo estes valores na expressão acima, temos

𝑟𝑜𝑡(𝐹 ) = [−1 − (−1),1 − (−1), (−1) − (−1)]

𝑟𝑜𝑡(𝐹 ) = [0, 2, 0].

Por conseguinte, iremos interpretar a curva C e encontrando o vetor normal, que é dada

𝑥2 + 𝑦2 + 𝑧2 = 4
{
𝑧=𝑦

⃗ = (0, −1 , 1).
𝑁

Agora colocamos todos os valores que encontramos na fórmula do Teorema de Stokes.

⃗ ⅆ𝑠 = ∬(0, 2, 0). (0, −1, 1)ⅆ𝑥ⅆ𝑦


∬ 𝑟𝑜𝑡(𝐹 ). 𝑁
𝑆 𝑆

= ∬ −2ⅆ𝑥ⅆ𝑦.
𝑆

Note que como temos uma constante dentro da integral de superfície, podemos colocar essa
constante para fora da integral com isso temos,

= −2. (Á𝑟𝑒𝑎) (7)

Agora iremos encontrar a área, fazendo


36

𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 = 4 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑧 = 𝑦

𝑥 2 + 2𝑦 2 = 4

Como se pode perceber temos a equação da elipse, e com isso podemos encontrar a área
fazendo

𝑥2 𝑦2
+ = 1.
4 2

Com isso temos que os valores de 𝑎 𝑒 𝑏 da elipse.

𝑎=2
{
𝑏 = √2

Como a área de uma elipse é dada por á𝑟𝑒𝑎 = 𝜋. 𝑎. 𝑏, temos que a área é

𝐴 = 2√2𝜋.

Pela equação (1), temos que o trabalho é

𝑊 = −4𝜋√2 𝐽.

3.3 Teorema da Divergência de Gauss

Seja 𝑆 uma superfície fechada e 𝑆𝑖 as “faces” de 𝑆. A orientação de 𝑆 é dada pelo


vetor normal de duas formas: exterior e inferior. Por exemplo:

FIGURA 20- Ilustração Gauss

Fonte: Autoria própria (2019)

Se 𝑆 é uma superfície orientada e 𝐹 um campo sobre 𝑆. Então


37

∬(𝐹.𝜂)ⅆ𝑠 = ∬ 𝐹ⅆ𝑠 = ∑ ∬ 𝐹. ⅆ𝑠.


𝑆 𝑆 𝑖=1 𝑆1

Seja 𝑊 uma região elementar tal que 𝑆 = 𝜕𝑊 é uma superfície fechada. Denota-se 𝜕𝑊𝑜𝑝 a
orientação oposta em 𝑆, dado pelo vetor normal inferior −𝜂. Então

∬ 𝐹ⅆ𝑠 = ∬ 𝐹. 𝜂ⅆ𝑠 = − ∬ 𝐹 ⋅ (−𝜂)ⅆ𝑠 = − ∬ 𝐹ⅆ𝑠.


𝑆 𝑆
𝜕𝑊 𝜕𝑊𝑜𝑝

O Teorema de Gauss afirma que se 𝑊 é uma região em ℝ3, então o fluxo de um


campo vetorial 𝐹 sobre a superfície fechada 𝜕𝑊 é igual a integral do divergente de 𝐹 sobre
𝑊.

Teorema da Divergência de Gauss: Seja 𝑊 uma região elementar simétrica em ℝ3. Denote
por 𝜕𝑊 a superfície fechada orientada que limita 𝑊. Seja 𝐹 um campo vetorial suave sobre
𝑊. Então,

∭ ⅆ𝑖𝑣𝐹ⅆ𝑣 = ∬ 𝐹. ⅆ𝑠 = ∬(𝐹. 𝜂 )ⅆ𝑠.


𝑊 𝜕𝑊 𝜕𝑊

⃗ , então
Demonstração: Se 𝐹 = 𝑃𝑖 + 𝑄𝑗 + 𝑅𝑘

𝜕𝑃 𝜕𝑄 𝜕𝑅
div F = + + .
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

Logo,

𝜕𝑃 𝜕𝑄 𝜕𝑅
∭ ⅆ𝑖𝑣𝐹ⅆ𝑉 = ∭ ⅆ𝑉 + ∭ ⅆ𝑉 + ∭ ⅆ𝑉
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

Por outro lado, pode ser escrita da forma,

⃗ )𝜂ⅆ𝑠
∬(𝐹. 𝜂)ⅆ𝑠 = ∬(𝑃𝑖 + 𝑄𝑗 + 𝑅𝑘
𝜕𝑊 𝜕𝑊

⃗ . 𝜂 ⅆ𝑠.
= ∬ 𝑃𝑖. 𝜂 ⅆ𝑠 + ∬ 𝑄𝑗. 𝜂ⅆ𝑠 + ∬ 𝑅𝑘
𝜕𝑊 𝜕𝑊 𝜕𝑊
38

O teorema estará provado se obtivermos as seguintes expressões:

𝜕𝑃
∬ 𝑃𝑖. 𝜂 ⅆ𝑠 = ∭ ⅆ𝑉.
𝜕𝑥 (8)
𝜕𝑊 𝑊

∬ 𝑄𝑗. 𝜂 ⅆ𝑠 𝜕𝑄
=∭ ⅆ𝑉.
𝜕𝑊 𝜕𝑦 (9)
𝑊

𝜕𝑅
⃗ . 𝜂 ⅆ𝑠 = ∭
∬ 𝑅𝑘 ⅆ𝑉.
𝜕𝑧 (10)
𝜕𝑊 𝑊

Vamos provar (10), (8) e (9) seguem de forma análoga. Uma vez que temos que 𝑊 é uma
região elementar simétrica existe funções 𝑔1 : 𝐷 ⊆ 𝑅2 → 𝑅 𝑒 𝑔2 : 𝐷 ⊆ ℝ2 → ℝ tal que 𝑊 é o
conjunto de pontos (𝑥, 𝑦, 𝑧) tal que 𝑔1 (𝑥 , 𝑦) ≤ 𝑧 ≤ 𝑔2 (𝑥, 𝑦), (𝑥, 𝑦) ∈ 𝐷. Logo, pelo teorema
fundamental do cálculo,

𝑔2 (𝑥,𝑦)
𝜕𝑅 𝜕𝑅
∭ ⅆ𝑉 = ∬ (∫ ⅆ𝑧) ⅆ𝑥ⅆ𝑦
𝑊 𝜕𝑧 𝐷 𝑔1 (𝑥 ,𝑦) 𝜕𝑧

= ∬ [𝑅(𝑥, 𝑦, 𝑔2 (𝑥, 𝑦) − 𝑅(𝑥, 𝑦, 𝑔1(𝑥, 𝑦)]ⅆ𝑥ⅆ𝑦 . (11)


𝐷

Note que a fronteira de 𝑊 é uma superfície fechada cuja face superior 𝑆2 que está no
gráfico de 𝑧 = 𝑔2 (𝑥, 𝑦) e a face inferior é representada por 𝑆1 é o gráfico 𝑧 = 𝑔1 (𝑥, 𝑦). As
outras quatro faces 𝑆6 , 𝑆5 , 𝑆3 𝑒 𝑆4 de 𝜕𝑊 = 𝑆 possuem vetores normais que são
⃗ . Logo,
perpendiculares ao vetor 𝑘

𝐶
⃗ . 𝜂ⅆ𝑠
∬ 𝑅𝑘 ⃗ . 𝜂1 ⅆ𝑠1 + ∬ 𝑅𝑘
= ∬ 𝑅𝑘 ⃗ . 𝜂2 ⅆ𝑠2 + ∑ ∬ 𝑅𝑘
⃗ . 𝜂𝑖 ⅆ𝑠𝑖
𝜕𝑊 𝑆1 𝑆2 𝑖=3 𝑆𝑖
39

⃗ . 𝜂1 ⅆ𝑠1 + ∬ 𝑅𝑘
= ∬ 𝑅𝑘 ⃗ . 𝜂2 ⅆ𝑠2. (12)
𝑆1 𝑆2

A face 𝑆1 é definida por 𝑧 = 𝑔1 (𝑥, 𝑦). Logo,

𝜕𝑔1 𝜕𝑔1
ⅆ𝑆1 = (( )𝑖 + ( ⃗ ) ⅆ𝑥ⅆ𝑦.
)𝑗 − 𝑘
𝜕𝑥 𝜕𝑦

O sinal negativo é devido ao vetor normal a 𝑆1 , como está representado na 𝐹𝑖𝑔𝑢𝑟𝑎 20. Desta
forma,

∂g1 ∂g1
⃗ . 𝜂1 ds1
∬ Rk = ∬ R(x, y, g1 (x, y) ⃗k. ( )i + ( ) j − ⃗kdxdy
∂x ∂y
S1 𝑆1

= − ∬ R(x, y, g1 (x, y)dxdy. (13)


S1

De forma análoga, para a face 𝑆2 , temos

𝜕𝑔1 𝜕𝑔1
ⅆ𝑆2 = ((− )𝑖 − ( ⃗ ) ⅆ𝑥ⅆ𝑦.
)𝑗 + 𝑘
𝜕𝑥 𝜕𝑦

Logo, temos

⃗ ⅆ𝑆2 = ∬ 𝑅(𝑥, 𝑦, 𝑔2 (𝑥, 𝑦))ⅆ𝑥ⅆ𝑦.


∬ 𝑅k
𝑆2 𝐷
(14)
40

Pelas equações (11), (13) e (14), obtemos

𝜕𝑅
∭ ⅆ𝑉 = ∬ 𝑅( ⃗k. n
⃗ )ⅆ𝑆
𝜕𝑧 𝜕𝑊
𝑊

Com isso provamos a equação (10), as igualdades (8) e (9) podem ser obtidas de forma
análoga. Para um maior entendimento do teorema que foi demonstrado acima segue um
exemplo que foi retirado do livro O Cálculo com Geometria Analítica, Leithold.

Exemplo (LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica.pg. 1121.): Verifique o


teorema da divergência de Gauss no plano 𝐹 (𝑥, 𝑦) = 2𝑦𝑖 + 5𝑥𝑗 e se R for a região limitada
pela circunferência 𝑥 2 + 𝑦 2 = 1.

Temos que a fronteira dada por R é a circunferência de raio 1 que pode ser representada na
sua forma paramétrica por

𝑥 = cos( 𝑆 ) 𝑦 = 𝑠𝑒𝑛( 𝑆 ) 0 ≤ 𝑠 ≤ 2𝜋

Onde temos que S unidades é o comprimento de arco entre o ponto 𝑆 = 0 ao ponto 𝑃 em 𝐶.


Com isso temos que

𝑅 ( 𝑆 ) = cos(𝑆) 𝑖 + 𝑠𝑒𝑛(𝑆)𝑗 0 ≤ 𝑠 ≤ 2𝜋

Encontrando o vetor normal exterior unitário 𝑁(𝑆), temos

𝑁( 𝑆 ) = cos(𝑆) 𝑖 + 𝑠𝑒𝑛(𝑆)𝑗

Com isso, temos

2𝜋
∳ 𝐹. 𝑁ⅆ𝑠 = ∫ (2𝑠𝑒𝑛(𝑆)𝑖 + 5cos (𝑆)𝑗). (cos(𝑆) 𝑖 + 𝑠𝑒𝑛(𝑆)𝑗 )ⅆ𝑠
𝑐 0

2𝜋
= ∫ (2𝑠𝑒𝑛(𝑆) cos(𝑆) + 5cos (𝑆)𝑠𝑒𝑛(𝑆))ⅆ𝑠
0

2𝜋
= 7 ∫ (𝑠𝑒𝑛(𝑆) cos(𝑆))ⅆ𝑠.
0
41

Resolvendo a integral definida acima nós obtemos a seguinte solução,

7
= [𝑠𝑒𝑛2 2𝜋 − 𝑠𝑒𝑛2 0 ]
2

= 0.

Com isso encerramos este capitulo de demonstrações. No próximo, iremos apresentar


algumas das aplicações destes teoremas no campo das engenharias, principalmente na área de
fluxo, seja ele elétrico ou magnético ou de fluidos como o ar ou água, por exemplo.
42

4.APLICAÇÕES

Nesse capítulo, apresentaremos algumas aplicações dos teoremas demonstrados neste


trabalho. Essas aplicações serão voltadas para o campo da engenharia com problemas que
envolvem fluidos como o ar, fluxos em campos vetoriais como o fluxo em campo magnético,
trabalhos realizados por partículas em um determinado caminho em uma região do plano,
como em uma circunferência por exemplo.

4.1. Aplicações Teorema de Green:

Aplicação 1(LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica): Calcule o trabalho


total realizado ao mover um objeto no sentido anti-horário da circunferência 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑎2 , o
movimento é causado pelo campo de forças 𝐹 (𝑥, 𝑦) = (𝑐𝑜𝑠𝑥 − 4𝑦)𝑖 + (𝑒 𝑦 − 2𝑥 2 )𝑗. Suponha
que as unidades estejam no SI, ou seja, a distância do arco em metros e a força em newtons.

Solução: Como W é o trabalho realizado, então

𝑊 = ∮ (𝑐𝑜𝑠𝑥 − 4𝑦)ⅆ𝑥 + (𝑒 𝑦 − 2𝑥 2 )ⅆ𝑦.


𝐶

Onde C é a circunferência 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑎2 . Pelo Teorema de Green, temos

𝜕 𝑦 𝜕
𝑊 = ∬[ (𝑒 − 2𝑥 2 ) − (𝑐𝑜𝑠𝑥 − 4𝑦)] ⅆ𝐴
𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝑅

= ∬(−4𝑥 + 4)ⅆ𝐴.
𝑅

Usando das coordenadas polares afim de simplificar o cálculo, temos

𝑥 = 𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃

ⅆ𝐴 = 𝑟ⅆ𝑟ⅆ𝜃.

Então,

2𝜋 𝑎
𝑊 =∫ ∫ (−4𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 + 4)𝑟ⅆ𝑟ⅆ𝜃
0 0
43

2𝜋 𝑎
=∫ ∫ (−4𝑟 2 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 4𝑟)ⅆ𝑟ⅆ𝜃
0 0

2𝜋 𝑎
−4 3 2
=∫ [ 𝑟 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 2𝑟 ] ⅆ𝜃
0 3 0

2𝜋
−4 3
=∫ [ 𝑎 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 2𝑎2 ] ⅆ𝜃
0 3

2𝜋
−4 3
=[ 𝑎 𝑠𝑒𝑛𝜃 + 2𝑎2 𝜃]
3 0

= 4𝑎2 𝜋.

Aplicação 2(BANDEIRA S, Ricardo. Teorema de Green e Aplicações. 2016): Considerando


𝑡3
uma região limitada pela curva parametrizada 𝑟(𝑡) = 𝑡 2 𝑖 + (( 3 ) − 𝑡) 𝑗, no intervalo entre

−√3 ≤ 𝑡 ≤ √3. Ache o valor do fluxo de velocidade através da superfície limitada por essa
curva. Considerando que a velocidade 𝑉 seja constante em toda a superfície é igual a 𝑉 =
20 𝑚/𝑠.

Solução:A superfície limitada pela curva está representada na FIGURA 21 para um


melhor entendimento do problema.
44

FIGURA 21 - Curva

Fonte: THOMAS, 2009, p.505

Quando temos que 𝑉 é paralelo ao plano, nenhum ar se move por dentro dessa curva
fechada e com isso temos que o fluxo é zero. Já para ângulos que são intermediários, a taxa de
fluxo que temos através da superfície, depende do ângulo que está entre o vetor normal a
superfície e o vetor de 𝑉. Fazendo a decomposição de acordo com a Figura 21 temos que este
componente vale 𝑉𝑐𝑜𝑠 𝛼, a taxa de escoamento volumar através da malha é,

Φ = 𝑉𝑐𝑜𝑠 𝛼 · 𝐴 . (1)

Essa taxa de escoamento através de uma superfície é um exemplo de fluxo de volume.


Inicialmente definimos um vetor área 𝐴 como sendo um vetor cujo o seu modulo é igual a
área da superfície mostrada na FIGURA 21 e cuja direção é normal ao plano desta superfície.
Como está superfície é considerada um campo velocidade, podemos considerar que a equação
dada a seguir representa o fluxo do campo velocidade através da malha. Esta equação é
retirada a partir da equação (1), quando fazemos que o fluxo é dado pelo escalar velocidade 𝑉
da corrente de ar e o vetor área 𝐴.

Φ = 𝑉. 𝐴 (2)
45

Agora vamos supor que esta corrente de ar através desta superfície possui velocidade
constante. Assim sendo, queremos determinar a vazão volumétrica Φ. A corrente de ar que é
normal a superfície está sendo ilustrada na FIGURA 22,

FIGURA 22- Corrente de Ar

Fonte: THOMAS, 2009, p.505


Para acharmos o fluxo é necessário calcular a área da superfície mostrada na FIGURA
22, uma região muito complexa de se calcular a área, mas com a aplicação do Teorema de
Green o cálculo se torna bem mais simples.

𝑡3
Como dito anteriormente a superfície é dada por 𝑟(𝑡) = 𝑡 2 𝑖 + (( 3 ) − 𝑡) 𝑗, com isso,

temos

𝑡3
𝑀 = 𝑡 2 = 𝑥, 𝑁 = − 𝑡 = 𝑦 → ⅆ𝑥 = 2𝑡ⅆ𝑡,
3

ⅆ𝑦 = (𝑡 2 − 1)ⅆ𝑡

Á𝑟𝑒𝑎 1
= ∮ 𝑥ⅆ𝑦 − 𝑦ⅆ𝑥
2 𝐶

1 √3 2 2 𝑡3
= ∫ [𝑡 (𝑡 − 1) − ( − 𝑡) (2𝑡)] ⅆ𝑡
2 −√3 3

1 √3 1 4
= ∫ [( 𝑡 + 𝑡 2 )] ⅆ𝑡
2 −√3 3
46

1 1 5 1 3 √3
= ( 𝑡 + 𝑡 | )
2 15 3 −√3

1
= (9√3 + 15√3)
15

1 8
= (24√3) = √3.
15 5

Com isso temos acima o valor da área da superfície e assim podemos calcular o valor
do fluxo do campo velocidade da FIGURA 22. Podemos interpretar o fluxo como sendo a
quantidade total de fluido que atravessa a superfície por unidade de tempo. Portanto, temos

Φ = V. A

8 2
= √3𝑉 ≅ 55,43 𝑚 ⁄𝑠 .
5

4.2. Aplicações Teorema de Stokes

Aplicação 1: Aplique o Teorema de Stokes, dado o campo vetorial como sendo 𝐹 (𝑥, 𝑦) =
8𝑦𝑖 + 10𝑥𝑗 e a equação vetorial de 𝐶 é 𝑅(𝑠) = 𝑐𝑜𝑠(𝑠)𝑖 + 𝑠𝑒𝑛(𝑠)𝑗 dentro do intervalo de
0 ≤ 𝑠 ≤ 2𝜋.

Solução: Como temos vetor tangente unitário de 𝐶 é dado pela derivada de 𝑅(𝑠) em relação
a 𝑠 temos ,

𝑇(𝑠) = 𝑅′(𝑠)

𝑇(𝑠) = −𝑠𝑒𝑛(𝑠)𝑖 + cos(𝑠) 𝑗

Com isso temos que num ponto 𝑃(cos(𝑠) , 𝑠𝑒𝑛(𝑠)) em 𝐶, 𝐹 é 8𝑠𝑒𝑛(𝑠)𝑖 + 10𝑐𝑜𝑠(𝑠)𝑗. Logo
temos que,

2𝜋
∮ 𝐹. 𝑇ⅆ𝑠 = ∫ (8𝑠𝑒𝑛(𝑠)𝑖 + 10 cos(𝑠) 𝑗). (−𝑠𝑒𝑛(𝑠)𝑖 + cos(𝑠) ⅆ𝑠
𝐶 0
47

2𝜋
= ∫ (−8𝑠𝑒𝑛2 𝑠 + 10 cos 2 𝑠)ⅆ𝑠
0

2𝜋 2𝜋
1 − cos(2𝑠) 1 + cos (2𝑠)
= −8 ∫ ( ⅆ𝑠) + 10 ∫ ( ⅆ𝑠)
0 2 0 2

2𝜋
10
= [−4𝑠 + 2𝑠𝑒𝑛(2𝑠) + 5𝑠 + 𝑠𝑒𝑛(2𝑠)]
4 0

= 2𝜋.

Com a aplicação do Teorema de Stokes o problema se torna muito mais simples, pois,

∮ 𝐹. 𝑇ⅆ𝑠 = ∬ 𝑟𝑜𝑡𝐹. 𝐾ⅆ𝐴.


𝑐
𝑅

E como

𝜕𝑁
𝑁 = 10𝑥 ⇒ = 10
𝜕𝑥

𝜕𝑀
𝑀 = 8𝑦 ⇒ =8
𝜕𝑦

segue que

𝜕𝑁 𝜕𝑀
∬ 𝑟𝑜𝑡𝐹. 𝐾ⅆ𝐴 = ∬ ( − ) ⅆ𝐴
𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝑅 𝑅

= ∬(10 − 8)ⅆ𝐴
𝑅

= 2 ∬ ⅆ𝐴
𝑅

= 2𝜋.
48

⃗ representa um círculo centrado na


Aplicação 2:O campo dado por 𝐹 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑧𝑖 + 𝑥𝑗 + 𝑦𝑘
origem sabendo que este círculo tem raio 2, calcule o trabalho realizado por uma partícula que
se move no sentido anti-horário deste determinado campo.

Solução: Para acharmos o trabalho realizado pela partícula devemos resolver a integral de
linha ∮𝐶 𝑧ⅆ𝑥 + 𝑥ⅆ𝑦 + 𝑦ⅆ𝑧, para isso iremos utilizar o Teorema de Stokes. Como ilustrado na
Figura 23 temos que o vetor normal é dado por 𝑛⃗ = (1, 0, 0). Com isso precisamos calcular o
rotacional.
FIGURA 23- Circunferência

Fonte: Autoria Própria (2019)

Calculando o rotacional, temos

∇ × 𝐹 = 𝑖 + 𝑗 + 𝑧.

Como ∮𝐶 𝐹 ⋅ ⅆ𝑟 = ∬𝑆 ∇ × 𝐹 ⋅ 𝑛⃗ⅆ𝑆 , temos

𝑊 = ∮ 𝐹 ⋅ ⅆ𝑟
𝐶

= ∬ (1, 1, 1) ⋅ (1, 0, 0)ⅆ𝑆


𝑆

= ∬ ⅆ𝑆.
𝑆

Com isso temos que o trabalho é a integral dupla da própria função, ou seja, o trabalho vai ser
igual a integral da área da circunferência. Como a área de uma circunferência é dada por 𝐴 =
𝑟 2 . 𝜋. Temos
49

𝑊 = 𝜋. 22

= 4𝜋 𝐽.

4.3. Aplicações Teorema da Divergência de Gauss

Aplicação 1: O campo velocidade de um fluido é definido por 𝐹 (𝑥, 𝑦) =


(15𝑥 − 𝑦)𝑖 + (𝑥 2 − 3𝑦)𝑗 . Ache a taxa de escoamento do fluido para fora da região 𝑅 ,
limitada por uma curva fechada, suave, 𝐶 e cuja área seja 400 𝑐𝑚2 .

A taxa de escoamento desse fluido é dada a partir do fluxo de 𝐹 através de 𝐶. Aplicando o


teorema da divergência de Gauss.

∮ F. Nds
𝑐 = ∬ ⅆ𝑖𝑣𝐹ⅆ𝐴
𝑅

∂ ∂
= ∬[ (15𝑥 − 𝑦) + (𝑥2 − 3𝑦)] dA
∂x ∂x
𝑅

= ∬(15 − 3)ⅆ𝐴
𝑅

= 12 ∬ dA.
𝑅

Como está dito no problema área é de 400 𝑐𝑚2 , com isso temos que 400 𝑐𝑚2 = ∬𝑅 dA.
Logo,

∮ 𝐹. 𝑁ⅆ𝑠 = 4800 𝑐𝑚2 .


𝑐

Portanto, a taxa de escoamento do fluido é de 4800 𝑐𝑚2 por unidade de tempo.

Aplicação 2: Calcule o fluxo do campo magnético de uma esfera contida no centro de um


cubo cujo o campo é dado por 𝐹 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥𝑦 2 𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑥𝑧𝑘, tendo a região 𝑆 como sendo
um cubo limitado por 𝑥 = 1, 𝑦 = 1 𝑒 𝑧 = 1 e pelos planos coordenados, ache o fluxo de 𝐹
através de 𝑆.
50

Solução: Considerando que o fluxo através da superfície é ∬𝑆 𝐹 ⋅ 𝑁ⅆ𝜎 e o cubo sendo


representado na Figura 23, podemos usar o Teorema da Divergência de Gauss para facilitação
do cálculo, pois sem a utilização do teorema teríamos que calcular seis integrais de superfície
dado que a superfície do problema é um cubo e por isso tem seis fases.

FIGURA 24- Cubo

Fonte: Autoria Propria (2019)

Então,

𝜕 𝜕 𝜕
ⅆ𝑖𝑣𝐹 = 𝑥𝑦 2 + 𝑦 + 𝑥𝑧
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

= 𝑦 2 + 1 + 𝑥.

temos

∬ 𝐹 ⋅ 𝑁ⅆ𝜎 = ∭ ⅆ𝑖𝑣𝐹ⅆ𝑉
𝑆 𝐸

1 1 1
= ∫ ∫ ∫ (𝑦 2 + 1 + 𝑥)ⅆ𝑧ⅆ𝑦ⅆ𝑥
0 0 0

1 1
= ∫ ∫ (𝑦 2 + 1 + 𝑥)ⅆ𝑦ⅆ𝑥
0 0

1 1
= ∫ ∫ (𝑦 2 + 1 + 𝑥)ⅆ𝑦ⅆ𝑥
0 0

1 1
𝑦3
= ∫ [ + 𝑦 + 𝑥𝑦] ⅆ𝑥
0 3 0
51

1
1
= ∫ [ + 1 + 𝑥] ⅆ𝑥
0 3

1
1 2
=[ 𝑥+𝑥+𝑥 ]
3 0

7
= 𝑇𝑚2 .
3

Com isso encerramos o capitulo das aplicações dos teoremas demonstrados neste
trabalho, aplicamos os teoremas em problemas que envolviam fluidos, cargas elétricas e
aplicações matemáticas. Mostrando assim a importância da base teórica vista no curso de
Ciência e Tecnologia para o campo das engenharias.
52

5.0 CONCLUSÃO

Neste trabalho apresentamos as demonstrações dos Teoremas de Green, Stokes e da


divergência de Gauss, assim como algumas de suas aplicações no campo da física e da
engenharia mais especificamente, mostramos aplicações em campos vetoriais, dinâmica dos
fluidos e trabalho realizado por uma carga.

Uma revisão de conteúdos vistos nas disciplinas de Cálculo e Física foi de


fundamental importância para o entendimento das demonstrações e das aplicações.
Ressaltamos assim a importância de trabalhos que trazem revisões bibliográficas como este,
pois servem de ferramenta para que os alunos possam relacionar conceitos teóricos vistos na
sala de aula com uma perspectiva pratica no campo da engenharia.
53

6.0 REFERÊNCIAS BLIBIOGRÁFICAS

BANDEIRA S, Ricardo. Teorema de Green e Aplicações. Universidade Estadual da Paraíba.


Maio. 2016.
CÁSSIA, Bárbara. UFPR: Departamento de expressão Gráfica.2019.
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~mauri › Down › Polares. Acesso em 20 de novembro de 2019.

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https://www.engquimicasantossp.com.br/2013/11/george-gabriel-stokes.html. Acesso em 21
de novembro de 2019.

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http://educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/imas-e-magnetismo.html. Acesso
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https://www.britannica.com/biography/Carl-Friedrich-Gauss. Acesso em 21 de novembro de
2019.

GUIDORIZZI, Hamilton. L. Um curso de cálculo. 5. ed. Rio de Janeiro: Livros técnicos e


científicos, 2001.

HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de


Física:Eletromagnetismo. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

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https://blogdoenem.com.br/campo-eletrico-forca-eletrica-fisica-enem/. Acesso em: 08 de
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KHAN,Academy.Disponívelem
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functions/line-integrals-for-scalar-functions-articles/a/line-integrals-in-a-scalar-field. Acesso
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LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. 3.ed. São Paulo: Harbra, 1994

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in-science-history-england-s-enigmatic-mathematician-is-born. Acesso em 20 de novembro
de 2019.

OLIVEIRA, Oswaldo Rio Branco. Integral Dupla: Teorema de Fubini e Teorema de mudança
de variáveis. Universidade de São Paulo. v. 1, n. 1, p. 38-43, nov, 2019.
54

STEWART, James. Cálculo. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

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https://querobolsa.com.br/enem/matematica/formas-geometricas. Acesso em: 04 de
novembro de 2019.

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http://ecalculo.if.usp.br/integrais/aplicacoes_integral/areas_fig_planas/problemas/problema2_
areas.htm. Acesso em 4 de novembro de 2019.

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