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CENTRO UNIVERSITÁRIO SAGRADO CORAÇÃO

JOÃO HENRIQUE TERUEL RODRIGUES

A CRIAÇÃO DE VICTOR: MONÓLOGO INSPIRADO NA


OBRA FRANKENSTEIN OU O PROMETEU MODERNO, DE
MARY SHELLEY

BAURU – SP
2022
2

JOÃO HENRIQUE TERUEL RODRIGUES

A CRIAÇÃO DE VICTOR: MONÓLOGO INSPIRADO NA


OBRA FRANKENSTEIN OU O PROMETEU MODERNO, DE
MARY SHELLEY

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como parte dos
requisitos para obtenção do título de
bacharel em Teatro – Centro
Universitário Sagrado Coração.
Orientadora: Profª Me. Valéria
Biondo

BAURU – SP
2022
3

RESUMO

Este estudo aborda a obra literária inglesa Frankenstein ou O Prometeu


Moderno, de Mary Shelley, como material de estudo para a criação de uma cena.
Será utilizada uma metodologia baseada nas ações físicas por meio do corpo, da voz,
da improvisação e do movimento, fundamentada nos estudos de Stanislavski (2016).
A análise do romance e de suas inúmeras adaptações no teatro, cinema, entre outras
mídias também será usada para pesquisa e referências. A proposta é o
desenvolvimento de um estudo teórico e prático sobre o personagem que é a criação
de Victor Frankenstein no intuito de criar e apresentar um monólogo de 3 atos de
estética gótica.

Palavras-chave: Frankenstein; Monólogo; Construção de Personagem.


4

ABSTRACT

This study addresses the English literary work Frankenstein or The Modern
Prometheus, by Mary Shelley, as study material for the creation of a scene. A
methodology based on physical actions will be used through the body, voice,
improvisation and movement, based on studies by Stanislavski (2016). The analysis of
the novel and its numerous adaptations in theater, cinema, among other media will
also be used for research and references. The proposal is the development of a
theoretical and practical study on the character that is the creation of Victor
Frankenstein in order to create and present a monologue of 3 acts of gothic
aesthetics.

Keywords Frankenstein; Monologue; Character creation.


5

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


de acordo com ISBD
Rodrigues, João Henrique Teruel
R696c
A criação de Victor: Monólogo inspirado na obra
Frankenstein ou o Prometeu moderno de Mary Shelley /
João Henrique Teruel Rodrigues. -- 2022.
19f.

Orientadora: Prof.a M.a Valéria Biondo

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em


Teatro) - Centro Universitário Sagrado Coração -
UNISAGRADO - Bauru - SP

1. Frankenstein. 2. Mary Shelley. 3. Monólogo. 4.


Prometeu Moderno. I. Biondo, Valéria. II. Título.
Elaborado por Lidyane Silva Lima - CRB-8/9602
6

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................7

2 OBJETIVOS.....................................................................................................9

2.1 GERAL..............................................................................................................9

2.2 ESPECÍFICOS................................................................................................10

3 JUSTIFICATIVA.............................................................................................10

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................10

4.1 FRANKENSTEIN OU PROMETEU MODERNO – BREVE RESUMO.........10

4.2 GOTICISMO...................................................................................................12

4.3 ROMANTISMO EUROPEU............................................................................13

5 METODOLOGIA DA PESQUISA...................................................................15

5.1 A CRIAÇÃO DE VICTOR: UM MONÓLOGO EM TRÊS ATOS.....................17

6 RESULTADOS ESPERADOS........................................................................18

7 CRONOGRAMA.............................................................................................18

8 REFERÊNCIAS..............................................................................................18
7

1 INTRODUÇÃO

A obra Frankenstein ou Prometeu Moderno foi publicada em 1818 e escrita


pela inglesa Mary Shelley, que na época contava apenas 20 anos. Considerada a
primeira obra do gênero de ficção científica, seu legado cultural de mais de 200 anos
no Ocidente é enorme, visto que todo mundo certamente já viu em algum momento
da vida alguma referência a Frankenstein em todas as mídias.
A obra Frankenstein é atemporal e proporcionou inúmeros debates ao longo da
história. O contexto histórico de quando a obra foi escrita e as inspirações da escritora
ajudam a explicar como vários dos temas do romance continuam atuais e presentes
na contemporaneidade.
Mary iniciou a escrita do livro em 1816 motivada por uma aposta entre amigos
escritores igualmente importantes para a história, seriam esses os poetas ingleses
Percy Shelley1, Lord Byron2 e o escritor John Polidori3. A competição era sobre quem
conseguiria escrever a melhor história de horror. Os amigos se encontravam em
Genebra, onde grande parte do romance Frankenstein se passa. A autora se inspirou
também em outro local real, o castelo Frankenstein, localizado na atual Alemanha
(ARAÚJO; GUIMARÃES, 2018).
Outra inspiração evidente para a criadora do romance foi o mito grego de
Prometeu, tanto que este acompanha o nome original da primeira publicação da obra.
O mito é abordado por diversas fontes antigas como Homero 4 e Platão5 e foi
resgatado durante o romantismo, movimento artístico em que Mary Shelley está
inserida. Nesse ponto, deve-se então perguntars qual a relação entre Frankentein e o
mito de Prometeu.

1
Percy Bysshe Shelley além de cônjuge de Mary Shelley, foi um dos mais importantes poetas
românticos ingleses. É famoso por obras como Ozymandias e The Masque of Anarchy.
2
George Gordon Byron, conhecido também como Lord Byron, foi um poeta britânico e uma das
figuras mais influentes do romantismo. Entre os seus trabalhos mais conhecidos estão os poemas
narrativos Don Juan, e o curto poema lírico She Walks in Beauty
3
John William Polidori foi um escritor inglês e médico. É conhecido por suas associações com o
movimento romântico. Sua obra mais bem sucedida foi o conto O Vampiro, uma das primeiras histórias
de vampiros publicadas em inglês, em 1819.
4
Homero foi um poeta grego a quem foi atribuída a compilação da Ilíada e Odisseia, dois dos maiores
poemas épicos da Grécia Antiga. Sabe-se muito pouco sobre Homero, e informações como ano de
nascimento e local de origem são debatidas até hoje. Alguns historiadores chegam a afirmar que ele
pode não ter, de fato, existido. (MAGDALENO, 2020)
5
Platão foi discípulo de Sócrates e um dos mais importantes filósofos da Grécia Antiga. No período
antropológico, iniciado a partir das ideias socráticas, Platão destacou-se por ter lançado a sua teoria
idealista e por ter deixado escrita a maioria dos textos conhecidos hoje sobre Sócrates. (MAGDALENO,
2020)
8

O mito de Prometeu lida com três tópicos principais: castigo eterno, o roubo do
fogo e a criação do homem. Em algumas interpretaçoes, Zeus, o principal deus grego
após derrotar os titans, ordenou que Prometeu criasse a forma dos humanos mortais
a partir do barro. Zeus posteriormente deu vida a esses bonecos de barro, mas em
seguida impediu que o homem mortal pudesse manejar o fogo, que seria apenas dos
deuses; o fogo simbolizava o conhecimento, o poder, a capacidade de criar
(CAMPBELL, 1992).
Prometeu então, seja para enganar Zeus ou por se enxergar como um criador,
decidiu roubar o fogo e entregar ao homem, achando que estava fazendo o bem à
sua criação, porém as consequências deste ato fogem de seu controle e ele é punido
por Zeus.
Prometeu é amarrado em uma rocha, em uma montanha no Cáucaso,
condenado eternamente a ter um abutre comendo seu fígado de dia, e pela noite o
seu orgão se regenera para que no dia seguinte o ciclo se repita e assim Prometeu
sofra por toda a eternidade.
Esses três temas são recorrentes em muitas culturas e movimentos artísticos,
Mary Shelley vai trazê-los ao início do seculo XIX, entre a primeira e a segunda
grande revolução industrial, quando a ciência e a tecnologia estavam em intenso
processo de renovação. Isto inclui a medicina que passava por uma reforma derivada
das guerras napoleônicas e seus inúmeros homens feridos. Por exemplo, a
transfusão de sangue, algo que é comum e corriqueiro hoje em dia, foi realizada pela
primeira vez com sucesso justo no ano de 1818, e mesmo assim foi por bastante
tempo um procedimento muito arriscado (FIGUEIREDO, 2018).
O desenvolvimento de novas técnicas ou descobertas científicas no campo da
medicina muitas vezes assusta as pessoas e gera debates. O livro Frankenstein vai
trazer para o público algumas das discussões que estavam em um processo
embrionário naquela época.
Seria possÍvel criar a vida? Trazer os mortos de volta? O cientista Victor
Frankesntein, o Prometeu moderno, é um louco com complexo de deus? Ou um
visionário que, apesar dos seus métodos esquisitos, poderia fazer descobertas que
mudariam o mundo e beneficiariam a humanidade? Muitas dessas discussões ainda
existem.
9

É o próprio monstro quem formula o problema ontológico, de maneira assaz


sugestiva: “E o que era eu? [And what was I?]”29. O pronome empregado
pelo monstro problematiza seu próprio estatuto: criação antropomórfica,
humanoide, ainda assim, desprovida do estatuto de pessoa? O monstro
parece condenado a ficar sempre a meio caminho entre o mundo das coisas
e o das pessoas, e é precisamente sua liminaridade que faz a natureza e a
sociedade se encontrarem na forma aberrante do crime. (CIACCO, 2016, p.
171)

A autora estava consciente destes debates, tanto que coloca como inspiracões
do jovem Victor alguns dos mestres da medicina no renascimento e idade média
como Albertus Magnus6 e Paracelsus7 que buscavam encontrar os limites entre a vida
e a morte assim como o cientista no romance. A criatura de Frankenstein é gerada de
forma desumana movida pela ambição de um humano que busca reconhecimento,
sequer recebe um nome e é desprezada pela humanidade. Qual seria o propósito
desta criatura miserável? Somente perambular por aí sofrendo com o desprezo das
pessoas?
No romance é também mencionada a “essência da vida”, cuja explicação não é
explicitada. Mas na grande maioria das adaptações, é retratado como a eletricidade,
com a presença de raios dando vida a algo.
Com base nessa contextualização, pretende-se criar um monólogo cênico
focado na figura da personagem da criatura fruto da obsessão de Victor Frankenstein.

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL
Criar um projeto de pesquisa cênica junto com uma apresentação prática
cênica em formato de monólogo. O monólogo será feito pelo pesquisador
interpretando a criatura da obra de Frankenstein. Será uma apresentação dramática
abordando não somente as discussões de bioética e ciência, mas também um
desabafo do lado humano da criatura que é desprezada somente pelo fato de existir.

6
Albertus Magnus foi um filósofo, teólogo e cientista alemão do século 13 do período medieval . Ele
está principalmente associado ao movimento medieval dominante da Escolástica, especialmente sua
incorporação do Aristotelismo ao ocidente cristão. Um dos primeiros defensores da coexistência
pacífica da ciência e da religião. (Disponível em <https://guiadafilosofia.com.br/albertus-magnus/>.
Acesso em: 04 dez 2022.
7
Paracelsus foi um Médico, filósofo, alquimista iatroquímico, e astrólogo que revolucionou a medicina
de seu tempo ao antecipar a homeopatia e o uso da química no tratamento médico. iniciou seus
estudos em Villach e depois foi para Würzburg, na Alemanha, onde se tornou discípulo de um abade,
Tritêmio, dedicado à alquimia e ao ocultismo. (Disponível em <https://www.ebiografia.com/paracelso/>.
Acesso em: 04 dez 2022)
10

2.2 ESPECÍFICOS

● Reconhecer a importância da obra de Mary Shelley e a sua


contribuição para a cultura popular ocidental e o campo da ciência.
● Incentivar os debates sobre os tópicos atemporais como a evolução
da bioética, ciência e arte.

● Mostrar que o legado de Frankenstein se faz tão presente que é


possível notar referências às obras em todos os campos de
conhecimento e em todas as mídias.

3 JUSTIFICATIVA

A atemporalidade da obra Frankenstein e o conflito interior que marca a


personagem da criatura são fatores de intenso drama e norteiam o pesquisador a
acreditar que criar um monólogo com essa inspiração, abordando todos os temas
anteriormente mencionados, é de extrema importância para propagar ainda mais
estes debates, além de mostrar ao público o legado desta obra atemporal e
importante de Mary Shelley que para sempre se manterá um romance atual por conta
das suas discussões éticas, filosóficas e antropológicas.

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 FRANKENSTEIN OU PROMETEU MODERNO – BREVE RESUMO

A história se inicia mostrando o explorador Robert Walton e o seu navio preso


no gelo do perigoso Polo Norte. Um dos homens da tripulação avista um sujeito
puxando um trenó em meio ao frio e então decidem acolhê-lo. O homem em questão
é Victor Frankenstein, um brilhante cientista que faz amizade com Walton e decide
contar para ele sua trágica história.
Victor havia dedicado muitos anos estudando como gerar a vida e, após muitas
vivências pessoais e pesquisas, concluiu que seria mais fácil criar uma criatura
formada por partes de cadáveres humanos. Após descobrir na teoria, resolve colocar
11

o seu plano em prática e passa a invadir cemitérios em busca das "melhores" partes
de diferentes corpos para criar um ser sintético.
Ele então consegue dar vida a tal criatura gigantesca de seu experimento,
animada por meio de impulsos elétricos. Ao ver que sua criação foi um sucesso, o
cientista fica muito satisfeito, mas logo em seguida se depara com o problema que
acabara de criar. Com medo da gigante e tenebrosa besta, ele foge e a abandona. A
criatura recém-nascida foge do laboratório rumo a uma floresta, onde também
encontra uma bagagem com roupas e livros.
A criatura passa a morar escondida em um gazebo na fazenda de uma família.
Essas pessoas a inspiram e, por meio da observação através das frestas de madeira,
a criatura aprende a ler e a falar.
Após algum tempo, a criatura estava inspirada, toma coragem e entra em
contato com a família, esperando que eles a acolham, pois a tristeza e solidão que a
acompanhavam eram grandes.
Entretanto, o óbvio acontece, a família fica horrorizada e retalham a criatura, a
expulsando de sua residência. A partir desse momento, ela desenvolve um ódio
intenso pelos humanos e busca se vingar de quem a criara.
A criatura, após descobrir por meio dos diários de seu criador, vai até Genebra
onde mora a família de Victor e, por vingança, mata o seu irmão mais novo. A culpa
cai sobre Justine, a empregada da família, que é condenada à morte por
enforcamento.
Victor acredita que o responsável pelo crime era o ser que ele criara e passa a
procurá-lo incansavelmente. Eventualmente, os dois se encontram e a criatura
desabafa sobre a sua revolta. Ele pede para que o cientista crie uma companheira
semelhante para ele, uma criatura que possa acompanhá-lo, que não tenha medo e
nem repulsa para o abandonar.
Victor se nega, mas a criatura ameaça matar todos aqueles por quem o
cientista tem apreço. O doutor, sem saída, então concorda e cria uma versão feminina
para a criatura, mas antes de lhe dar vida, destrói o novo invento, com medo de dar
origem a uma raça de demônios horripilantes e perigosos que possam viver e se
multiplicar, destruindo os humanos eventualmente.
Então, a criatura enfurecida se vinga mais uma vez, matando o melhor amigo e
a noiva do cientista e fugindo para o Ártico. Victor, tomado pela raiva e
arrependimento, segue a sua criação no intuito de neutralizá-la.
12

É nesse momento que a história contada encontra com o presente no qual se


inicia a obra, Victor já bem debilitado e à beira da morte, encontra o navio de Robert
Walton e começa a relatar o que se passou até então.
A criatura consegue invadir o navio de Robert Walton e se depara com seu
criador já morto. Mesmo com o espírito vingativo que possuía, fruto das desgraças
que ele havia vivido até então, a criatura tinha emoções, fazendo com que sentisse
profundamente a perda de seu "pai", o homem que lhe concedera a vida.
O ser diz ao capitão Walton que já não vale mais a pena viver e finaliza a obra
criando uma grande fogueira, se atirando nela e acabando com sua existência para
todo o sempre.

4.2 GOTICISMO

Para entendermos a origem do termo "Gótico" e como o mesmo evoluiu até o


movimento de contracultura que conhecemos na contemporaneidade, se faz
necessária primeiramente uma contextualização histórica.
A santa inquisição8 da igreja católica protagonizou o período da Idade Média
com a sua caça aos pagãos 9 e aos seus métodos de tortura extremamente violentos
para converter e/ou exterminar as suas vítimas.
No século XV ocorreu o fim da idade média na Europa e deu início ao
Renascentismo, um período onde as pessoas recuperaram a sua liberdade e foram
atrás de resgatar todo o avanço que a igreja católica impediu nos tempos de
inquisição.
Durante o período do Renascentismo surgiu o humanismo, filosofia moral que
coloca os homens no centro do mundo. Um conjunto de posturas éticas que atribuem
valor à dignidade, aspirações e capacidades humanas, e principalmente a
racionalidade, sem se prender a uma figura divina de essência punitiva ou
misericordiosa.
De certa forma, a igreja católica que dominava e ditava o que era arte e o que
não era na idade média. Os renascentistas odiavam e repudiavam todas as formas de

8
A Santa Inquisição era dirigida pela Igreja Católica Romana e foi criada durante a Idade Média. Era
uma espécie de tribunal religioso que condenava todos aqueles que eram contra ou considerados uma
ameaça aos dogmas pregados pela Igreja Católica.
9
A Igreja Católica Romana designava "pagão" todos àqueles que não haviam sido batizados.
13

arte das trevas, as pinturas, as esculturas e a arquitetura. Estas artes eram chamadas
pelos renascentistas de góticas, sendo essa a primeira vez que o termo “gótico” foi
utilizado.
Hoje em dia a palavra “gótica” pode ter múltiplos significados, porém este foi o
primeiro de todos os significados, a origem da palavra. Quando os renascentistas
chamavam algo de gótico eles estavam fazendo uma alusão aos godos 10, que foram
um povo bárbaro e bruto que viveu há seculos,mas que ainda eram lembrados por
serem selvagens.
Então quando os renascentistas chamavam uma pintura, uma escultura ou
uma construção de gótica eles estavam querendo dizer que aquilo era feio, mal-feito,
bruto, assim como os godos.
Com o passar do tempo, um certo estilo de arquitetura utilizada em algumas
construções da igreja católica nos tempos medievais se popularizou de tal maneira
que este estilo de arquitetura viria a ser conhecida como arquitetura gótica. Quando
finalmente a idade média chegou ao fim, este período opressor ficou conhecido como
Idade das Trevas.
Por conta das proibições da igreja católica, os cientistas eram repreendidos,
uma simples mulher na época com conhecimentos medicinais poderia ser
considerada uma bruxa e era queimada viva, e isto acabou freando por séculos a
evolução da humanidade, a ciência não conseguia evoluir, as pessoas estavam no
escuro, sem a luz do conhecimento. Este foi o primeiro passo para a cultura começar
a se tornar o que é hoje em dia.

4.3 ROMANTISMO EUROPEU

O romantismo foi um movimento artístico e filosófico que surgiu no século XVIII


e XIX na Europa e que revolucionou a sociedade na época. As obras românticas se
baseavam em alguns valores da sociedade burguesa e em outras características
muito marcantes do movimento.
Tal movimento valorizava o íntimo humano e seu sentimentalismo de maneira
exacerbada, apegados ao egocentrismo (quando o indivíduo se enxerga como o
centro do mundo). Os autores românticos expressavam seus sentimentos pessoais.
10
Os Godos foram um povo germânico originários da Escandinávia, eram considerados bárbaros pelo
Império Romano, por possuírem uma cultura alheia a este e serem provenientes de terras que não
integravam o território romano.
14

Então eu disse, seu cabelo era ruivo; mas seus olhos eram negros como a
morte, seus cílios do mesmo tom, de comprimento abaixado, em cuja sombra
de seda se encontra a mais profunda atração, mas se a visão foge através de
sua franja de corvo, o olhar completo voa, nunca com tanta força a flecha
mais rápida voou; Tal como a cobra enrolada tardiamente, que derrama seu
comprimento, e arremessa ao mesmo tempo o seu veneno e a sua força. 11
(BYRON, 1819, tradução nossa)

Idealização do amor e da mulher perfeita, muitas vezes retratavam o amor com


certa complexidade, muitas vezes incompreendível e inalcançável. Sentimentos como
saudade e arrependimento também eram explorados pelo movimento, seja sentir falta
de um tempo que não voltará mais, como a infância, ou o tempo em que o autor
amava e era amado por alguém.
Frequentemente com finais trágicos, trazia um tom depressivo e mórbido, típico
de vários autores românticos. Almejavam uma fuga da realidade que os cercava,
retratando com morbidez um escape da realidade que poderia ser conquistado
através da morte, dos sonhos e ilusões ou pela arte em si.
A literatura gótica é uma vertente literária que pertence ao Romantismo, com
características idênticas como já mencionadas, porém com um aspecto mais
direcionado ao mistério e ao horror. Aborda tópicos que vão contra as tradições e os
costumes (geralmente burgueses) de uma determinada sociedade.
As narrativas góticas eram repletas de temas intensos e pioneiras em explorar
o que hoje são consideradas "fórmulas" do terror e suspense contemporâneo. A
atmosfera construída pensando na tensão do leitor, ambientes geralmente com pouca
iluminação, castelos e ruínas abandonadas, passagens secretas, simbolismos. Essa
ambientação escura é explorada a fim de despertar o medo do desconhecido, daquilo
que não se pode ver, que se esconde nas sombras.
Os problemas psicológicos, a loucura em si, são também muito bem
explorados, personagens cheios de medos e que são perseguidos por assombrações,
e por conta da construção narrativa que descreve minuciosamente a psiquê dos
envolvidos, cabe ao leitor acreditar se estas maldições que perseguem os
personagens são reais ou frutos de uma mente perturbada.
Um autor de extrema importância na literatura gótica foi Edgar Allan Poe, um
11
No original: Her hair, I said, was auburn; but her eyes were black as death, their lashes the same
hue, of downcast length, in whose silk shadow lies deepest attraction, for When to the view Forth from
its raven fringe the full glance flies, Ne'er with such force the swiftest arrow flew; 'Tis as the snake late
coil'd, who pours his lenght, and hurls at once his venom and his strength (BYRON, 1819, p. [--]).
15

grande escritor de contos de amor e principalmente de horror, responsável por contos


icônicos. Seus contos possuem várias traduções e até hoje são modelos influentes a
serem seguidos para construir uma excelente tensão narrativa para produzir uma
obra de horror, seja em contos, livros, filmes, séries etc.
No poema "O Corvo", Poe desvela a narrativa de um homem em seu quarto,
desperto no meio da madrugada sofrendo de saudades de sua amada já falecida,
lendo alguns livros esperando que o sono venha para que ele consiga enfim
descansar um pouco.
O homem escuta baterem em sua porta mas a princípio ignora, na segunda
batida ele vai para abri-la já apologizando a sua demora pois estava quase a dormir.
Ao abri-la, não havia ninguém do lado de fora. Já atônito, o homem fecha a porta e
volta para o seu repouso, quando é interrompido por barulhos em sua janela, e ao
abri-la para averiguar a origem de tanto barulho, um corvo adentra seu quarto e fica
empoleirado em seu umbral.
Em Frankenstein ou o Prometeu moderno, é possível notar que Victor vai
perdendo a sua sanidade perante uma desgraça subsequente a outra por conta do
seu experimento macabro. À medida que o livro avança em sua história, o cientista
constantemente cai em delírios, tem alucinações e crises nervosas ao recordar da
criatura que ele criara e os assassinatos que esta veio a cometer contra os entes
queridos de seu criador.

5 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia em seu processo embrionário se inicia com pesquisas que


giram em torno da obra Frankenstein ou O Prometeu Moderno, de Mary Shelley,
englobando a leitura e investigação de diferentes versões literárias e de outras mídias
como filmes, séries, HQ’s etc.
Logo depois será produzida a escrita do monólogo de forma detalhada, com
mapeamento de luz, entradas e saídas, blackouts etc. O monólogo será produzido
não somente visando o texto falado mas também já orientando o pesquisador para o
próximo passo.
Após o levantamento de material teórico e a produção da escrita do monólogo,
o próximo passo será a produção plástica e prática da apresentação. O ator fará um
laboratório se baseando nas práticas teatrais propostas por Stanislavski (2016) como
16

o “se” mágico, objetivos e super-objetivos, circunstância propostas,


visualização e as ações físicas para criar um corpo, uma voz, uma vida ao monstro
que conduzirá o monólogo.
Falando sobre o “se” mágico, este método consiste em imaginar quais atitudes
o ator tomaria caso fosse o personagem em cena, se baseando nas informações
explícitas e implícitas do personagem e do texto. O ator se coloca no lugar da
personagem, imagina todos os problemas e objetivos desta como se fossem seus, e
age de acordo com isso. O “se” mágico desperta no ator o impulso de agir da mesma
forma que o personagem agiria em determinada situação.
O método da circunstância proposta é a capacidade e a prática de se atentar a
todos os elementos e fatos presentes que estão acontecendo durante a peça, e como
isso afeta no personagem e na sua maneira de se expressar e de alcançar seus
objetivos. Para isso precisamos responder algumas perguntas:
 Onde? Se atentar onde o personagem se encontra geograficamente
falando, quais são os costumes, maneiras, sotaques desta região;
 Quem? Quem é a personagem representada, o que ela passou para
estar onde está, quem são as outras personagens que a rodeiam e
como elas influenciam na história da personagem central;
 Como? Como esta personagem age e porque ela toma as atitudes que
toma, quais foram suas experiências passadas, seus traumas, se
atentar ou imaginar (caso não tenha escrito) o que aconteceu antes com
o personagem mesmo que míseros 10 minutos antes dele estar em
cena.
Pensar nessas circunstâncias propostas ajuda o ator a enriquecer o
personagem e a entender suas motivações para alcançar seus objetivos de curto e
longo prazo em cena.
É de extrema importância ressaltar que o ator mantém sempre a sua essência
enquanto interpreta uma personagem, levar em conta os métodos do “se” mágico,
visualização e circunstância proposta é feito para despertar no ator o impulso para
poder transmitir ao espectador a verdade cênica enquanto o espectador se entrega à
ilusão de acreditar naquilo.
Vale ressaltar que para o ator-pesquisador e para outros atores que
interpretam a criatura de Frankenstein e outras personagens violentas, é muito
importante levar em conta o contexto em que esta personagem está inserida e
17

mostrar suas atitudes cruéis de maneira que pareça verdade, mas isso não significa
que o ator cometeria as mesmas ações nefastas que a personagem.
Após a conclusão do laboratório, o último passo será a produção do cenário,
do figurino, da maquiagem para enriquecer o conteúdo visual do monólogo.

5.1 A CRIAÇÃO DE VICTOR: UM MONÓLOGO EM TRÊS ATOS

O monólogo será dividido em três atos diferentes, onde cada um deles será
adaptado perante os acontecimentos da obra original em ordem cronológica, desde a
criação da Criatura até a sua morte junto de seu criador.
O 1º ato será chamado de Primordium 12, que dará início à apresentação com o
nascimento da criatura no laboratório, se deparando com o abandono paternal
imediato e a sua fuga atá a floresta vestido com os trapos do laboratório e o livro de
anotações de seu criador. A Criatura têm seu primeiro contato com a natureza e as
sensações que ela lhe desperta. O ato finaliza no momento em que o indivíduo
durante a sua caminhada, estando com muito frio, busca abrigo em um casebre.
O 2º ato, Vendetta13, mostrará a sua estadia escondido em seu novo abrigo
onde ele consegue observar o cotidiano de uma família diariamente, adquirindo
conhecimento a partir das conversas e histórias que escutava dos moradores, além
de desenvolver capacidades como a leitura e a escrita, possibilitando-lhe
compreender o livro que ele carregava consigo, consequentemente, descobrindo
sobre a sua nefasta origem.
A Criatura, após fazer um ato de caridade anônimo à família, decide se revelar
para os mesmos com a esperança de ser bem recebido, porém é tratado com
hostilidade. Neste momento há a revolta da criatura que jura vingança sangrenta para
com o seu criador, como escrito por Mary Shelley (2021, p. 127), "Se não posso
inspirar o amor, causarei medo".
Redemptio14 é o nome do 3º e último ato em que o Demônio, após a sua
vingança, começa a sentir dentro de sí o sentimento de redenção por conta da
empatia que sente perante aqueles que machucou. O ato dá fim ao monólogo com a
Criatura se arrependendo de suas atrocidades momentos antes de sua morte.

12
Traduzido do latim: Primórdio, origem; que se organiza primeiro. (OXFORDLANGUAGE, 2022)
13
Traduzido do latim: Vingança, castigo; pena; punição. (OXFORDLANGUAGE, 2022)
14
Traduzido do latim: Redenção, salvação, resgate. (OXFORDLANGUAGE, 2022)
18

6 RESULTADOS ESPERADOS

O que se espera concluir com esta pesquisa é não somente a exucução do


monólogo A Criação de Victor, mas também propagar a obra de Mary Shelley e suas
discussões importantíssimas que são geradas após as pessoas tomarem
conhecimento da essência de Frankenstein e a mensagem que ele quer passar.
Este monólogo que será produzido fruto da obra de Frankenstein é somente
uma das várias adaptações já existentes do romance, mas que igualmente busca
espalhar esta história tão rica e que até hoje segue fazendo história e sendo
homenageada frequentemente na cultura pop ocidental.

7 CRONOGRAMA

Atividades JUL AGO SET OUT NOV DEZ


Levantamento
x x
Bibliográfico
Estudo de
x x
adaptações

Laboratório do ator x x x x

Entrega do trabalho x

Apresentação do
x x
monólogo

8 REFERÊNCIAS

ARAÚJO, A. F., & GUIMARÃES, A. R. Victor Frankenstein: um Prometeu moderno?.


In A. F. Araújo, R. Almeida, & M. Beccari (Orgs.), O mito de Frankenstein. Imaginário
& Educação (pp. 88-113). São Paulo: FEUSP, 2018.

CAMPBELL, J. O poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1992.

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