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Apelação Rosilene
Apelação Rosilene
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Processo n° 0802094-16.2022.8.19.0064
APELAÇÃO
Nestes termos,
Pede deferimento.
Processo n° 0802094-16.2022.8.19.0064
COLENDA CÂMARA,
ILUSTRES JULGADORES.
RAZÕES DA APELAÇÃO
PRELIMINARMENTE
DA TEMPESTIVIDADE
A recorrida foi intimada no dia 12 de junho de 2023 da Sentença
proferida pelo juízo a quo, razão pela qual, nos termos do artigo 350 e 351 do
Código de Processo Civil.
SÍNTESE DA DEMANDA
A Recorrente é pensionista militar, e seus proventos foram
calculados com base na Lei n° 3.189/99 que institui o Fundo Único de
Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro – Rio Previdência c/c a Lei
n° 5.260/2008, Lei n° 443/1981 e os artigos 65, 68 e 69 da Lei n° 279/79, que
dispõe sobre a remuneração dos integrantes da Polícia Militar e do Corpo de
Bombeiros, ambos do Estado do Rio de Janeiro, o qual compreende
vencimentos ou proventos e indenizações.
Na qualidade de pensionista, esta passou a ser beneficiada pela
isenção de pagamento de Imposto de Renda com fundamento no artigo 6°,
inciso XIV da Lei 7.713 de 22 de dezembro de 1988, que assim dispõe:
“Art. 6° Ficam isentos do imposto de renda os
seguintes rendimentos percebidos por pessoas
físicas:
(...)
XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma
motivada por acidente em serviço e os percebidos
pelos portadores de moléstia profissional,
tuberculose ativa, alienação mental, esclerose
múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia
grave, hepatopatia grave, estados avançados da
doença de Paget (ostelte deformante), contaminação
por radiação, síndrome da imunodeficiência
adquirida, com base em conclusão da medicina
especializada, mesmo que a doença tenha sido
contraída depois da aposentadoria ou reforma;”
A contribuição previdenciária do Recorrida, sempre foi calculada
sobre o soldo, cotas de soldo e gratificações incorporáveis no percentual de
14% (catorze por cento) do que, eventualmente excedesse ao dobro do limite
máximo para os benefícios do RGPS/INSS, com base no artigo 34, inciso I
da Lei Estadual n° 3.189/99, combinado com o § 21, do artigo 40 da
CRFB/88, alterado pela EC45/2005:
“Lei Estadual n° 3.189/99
Art. 34. A contribuição prevista no artigo anterior
incidirá sobre a seguinte base de cálculo:
I – para os membros do Poder Judiciário, do
Ministério Público, da Defensoria Pública, do
Tribunal de Contas e os servidores públicos
estatutários inativos, o montante dos seus proventos
de aposentadoria que exceder o limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201, combinado
com o art. 40, § 21, se for o caso, ambos da
Constituição da República;
(...)
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo
incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de
aposentadoria e de pensão que superem o dobro do
limite máximo estabelecido para os benefício do
regime geral de previdência social de que trata o art.
201 desta Constituição, quando o beneficiário, na
forma da lei, for portador de doença incapacitante.”
Na base de cálculos para fins previdenciários era aplicado o
percentual de 14% (catorze por cento) em favor do Rio Previdência n/f do art.
33 da Lei n° 3.189/1999, in fine:
“Art. 33 – A contribuição a que se refere o art. 14,
inciso I, desta Lei será devida pelos servidores
públicos estatutários, ativos e inativos, do Estado do
Rio de Janeiro, suas autarquias e fundações,
vinculados ao plano financeiro e ao plano
previdenciário, bem como pelos beneficiários de
pensão por morte de servidor público estadual
estatutário sob a alíquota de 14 (catorze por cento)
passando a ser arrecadada a favor da
RIOPREVIDÊNCIA e a compor suas receitas.”
Cabe ressaltar que pela ineficiência comprovada da gestão estatal,
certificada pelas notícias de corrupção no governo estadual, a alíquota
previdenciária sofreu, no ano de 2017, uma majoração de 11% (onze por
cento) para 14% (catorze por cento), já com o fito de recuperar o sistema de
Previdência Estadual.
A pensão da Requerente estava sob a vigência de normas antigas que
foram adequadas por meio das Emendas Constitucionais 20/98, 41/2003, e
43/05, sendo criado o RIOPREVIDÊNCIA pela Lei n° 3.189 de 22 de
fevereiro de 1999, e Lei n° 5.260 de 11 de junho de 2008.
A alíquota do percentual previdenciário foi instituída por meio da já
citada Lei n° 3.189/99. Já a Lei n° 5.260/2008 definiu normas importantes no
nosso Ordenamento Jurídico, como o artigo 9°, assim dispondo:
“Art. 9° A aposentadoria dos membros do Poder
Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria
Pública, do Tribunal de Contas e dos servidores
públicos estatutários do Estado do Rio de Janeiro
rege-se pelas normas constitucionais e legais
vigentes quando da aquisição do respectivo direito,
assim consideradas:”
Ocorre que com a revogação do § 21, do artigo 40, da Constituição
Federal e com a edição da Lei n° 13.954/2019, foi realizada uma alteração
completa na folha de pagamento dos reformados por invalidez, que se refletiu
nos meses de janeiro de 2020 e seguintes.
Até o mês de dezembro de 2019, o Estado só descontava dessa
categoria de Inativos os valores que fossem superiores ao teto duplo da
previdência. Todavia, com a revogação do § 21, do artigo 40 da Constituição
Federal, promovida pela EC 41/2003, em janeiro se passou a descontar 14%
(catorze por cento) do que ultrapassasse o teto simples.
Ressalte-se que a contribuição para os Inativos foi instituída pela EC
41/2003, que incluiu o § 18, do artigo 40, da Constituição Federal e pela EC
43/2005, que incluiu o § 21, já para equilibrar o sistema previdenciário, uma
vez que, até àquela data, quando os servidores se aposentavam não eram mais
tributados sobre qualquer modo.
No dia 17/03/2020 o Estado passou a aplicar a nova base de cálculo,
instituída pela Lei n° 13.954/2019, no percentual de 9,5 (nove e meio por
cento) sobre a totalidade da remuneração, de forma que no pagamento de
março, os primeiros dezesseis dias foram calculados com base nas regras
utilizadas nos meses de janeiro e fevereiro, e os outros quatorze dias
subsequentes tiveram o cálculo realizado com a nova base de cálculo.
Logo, a Recorrente, que até dezembro de 2019 contribuía com 14%
(catorze por cento) do que ultrapassava o teto simples do RGPS, passou a
contribuir com 10,5% (dez e meio por cento) sobre o total dos proventos com
base na Lei Federal n° 13.954/2019, o que reduziu sobremaneira seus parcos
proventos líquidos, ou seja, houve uma redução de salário, fato rechaçado
pela Constituição Federal, em seu artigo 7°, VI.
DA SENTENÇA A QUO
Ao final da instrução foi prolatada a r. Sentença quo, julgando
improcedentes os pedidos autorais, a qual, como será demonstrado, não
merece qualquer alteração, sendo mister transcrever o julgado na íntegra:
DO MÉRITO
DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS
Inicialmente cabe esclarecer que no dia 27 de maio de 2021 o IRDR
n° 0054174-56.2020.8.19.0000 foi INADMITIDO pela Seção Cível do
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer a esse Egrégio Tribunal de Justiça, seja o
recurso conhecido e no mérito, lhe seja dado total provimento para reformar
a sentença a fim que o pedido seja julgado, desde logo, procedente, pelos fatos
e fundamentos da peça inicial.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Valença – RJ, 03 de julho de 2023.