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Copyright © 2022 – Kelly Silva
 
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos, são produtos da imaginação da
autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.
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armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa
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devidamente dados aos compositores e intérpretes.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei
n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Todos os direitos desta edição reservados pela autora:
Kelly Silva
Edição Digital / Criado no Brasil.
Título: O Sabor do Amor
Revisão: Isadora Duarte
Capa: Gisele Souza (One Minute Design)
Diagramação Digital: Fernanda Piazon
Direito de Imagem: StockAdobe
 
1ª Edição – Julho/2022
 
Sumário
Sumário
Copyright © 2022 – Kelly Silva
Sumário
Sinopse
Redes sociais da autora
Dedicatória
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capitulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Epílogo
Agradecimentos

 
Sinopse
Daysi é amante dos doces desde criança, com seu
jeito meigo e mãos de fada, ela encanta seus clientes com
seus sabores diversificados, sua fórmula secreta tem como
ingrediente principal o amor.

Diferente dos padrões, Daysi possui curvas


avantajadas, mas isso não deixa sua beleza em segundo
plano e desperta a atenção dos homens por onde passa.

Humberto é dono de uma grande rede de joalheria,


acostumado a lidar e ter em sua cama as mais belas
mulheres, ele encontra não apenas uma explosão de
sabores, mas também um grande amor quando é desafiado
por sua sobrinha a provar o “melhor brigadeiro do mundo”

Daysi ao longo de sua vida já enfrentou muitos


preconceitos, hoje é uma mulher resolvida, porém ao se
relacionar com Humberto encontrará pessoas que a farão
reviver traumas do passado que achava ter superado.
Redes sociais da autora
 
Instagram: @kellysilva.autora
Dedicatória
Dedico esse livro a todas as leitoras que não se sente
representada no mundo literário. Estamos acostumadas a
ver protagonistas com o “corpo perfeito”, magras, com tudo
“no lugar”, e idealizamos que todos têm que ser assim.

Mas estou aqui para te dizer que você é perfeita como é,


acima do peso ou não, com curvas ou não, essa é você, não
se desmereça. Nunca!

Suas curvas fazem parte de você, mas não te definem, o


padrão imposto pela sociedade não é justo e não merece
servir parâmetro.

Então embarque nessa ventura com Daysi, se inspire e saiba


que você também merece um romance lindo como todo
mundo.

Com amor, Kelly Silva.


Capítulo 01

Fui acordada com o barulho ensurdecedor do meu


despertador. Ainda de olhos fechados, tateando com a mão
por cima da mesinha de cabeceira ao lado da cama, tentei
encontrar o aparelho, quando achei logo o desliguei.
Soltando uma lufada de ar, afastei o cobertor e abri os olhos.

Eu só queria dormir um pouco mais, porém não podia me


dar ao luxo, xinguei mentalmente minha prima Kelly por ter
me influenciado a assistir o novo seriado turco. Já estava
tarde quando decidi dar apenas uma olhadinha, entretanto,
não consegui parar até chegar ao quinto episódio.

Há mais de um mês, ela vem falando muito sobre a série,


ontem resolvi ver se era tão boa quanto ela dizia ser. Sem
perceber, fui vendo um capítulo atrás do outro. Não é que
ela tinha razão? A série era ótima. E meu Deus, o que eram
aqueles atores maravilhosos? Nunca passou pela minha
cabeça que os turcos fossem lindos daquele jeito, na
verdade, eu nunca pensei em turcos.

— Só não te mato Kelly, porque valeu a pena ver aqueles


deuses gregos — resmunguei sozinha.

Rindo por conta dos meus pensamentos, caminhei até o


banheiro para fazer minha higiene matinal. Aproveitei que
já estava na pia e fiz meu skincare diurno. Nem sempre fui
muito vaidosa, mas agora que me adoro, amava cuidar de
mim, principalmente da minha pele. Acho que herdei isso
da minha mãe, ela sempre foi muito vaidosa. Tentou me
incentivar, mas só há alguns anos, segui seus conselhos.

Apesar de não ter o corpo dentro dos padrões de beleza,


conforme a sociedade impõe, eu era feliz com meu corpo
curvilíneo, fazia de tudo para me cuidar e estar bem comigo
mesma. Quando passei o último creme no rosto, fui para a
cozinha preparar um café bem forte para despertar.

Já alimentada, segui direto para a sala, sentando-me em


frente ao computador para trabalhar. Minha rotina pela
manhã era sempre assim: checar os e-mails e redes sociais
da Dally Cake, esse é o nome da nossa confeitaria e à tarde,
seguir para a loja. Kelly e eu somos sócias, juntas abrimos
nossa doceria.

O amor pela confeitaria nasceu em nós desde quando ainda


éramos crianças. Nós amávamos estar na cozinha ajudando
nossa avó paterna, dona Rosa tinha mãos de fada, seus
doces faziam sucesso pela vizinhança.

Era ela quem sempre fazia os bolos e doces dos aniversários,


e eram divinos, ela fazia os clássicos, mas também tinha
suas próprias receitas. Nossa avó cozinhava por amor, nunca
trabalhou com isso, e acho que nós duas fomos as únicas
que herdamos o seu dom.

Quando vovó morreu eu tinha quinze anos e Kelly quatorze,


mas assumimos o compromisso de levar as receitas da dona
Rosa à diante. Demoramos para aprender cada coisa, mas
com seu caderninho sempre nas mãos, insistimos até
conseguir e ficamos encarregadas das futuras festas dos
nossos primos.

Com a ajuda dos nossos pais, assim que acabamos o ensino


médio, fomos para uma escola de confeitaria nos
especializar e alguns anos depois, nós nos formamos.

Por muito tempo, nós nos viramos na cozinha da casa dos


meus pais, à medida que as encomendas foram
aumentando, ficou pequeno demais, então meus pais nos
ajudaram a abrir nossa própria confeitaria lá na Avenida
Paulista e é lá que estamos há três anos.

O que começou apenas comigo e Kelly, cresceu e hoje


contamos com uma equipe de doze pessoas. Eu, e mais três
funcionárias somos as confeiteiras, uma pessoa encarregada
da administração com minha prima que também é nossa
gerente, embora ela ainda se aventure vez ou outra na
cozinha. Temos também uma pessoa que fica no caixa e
quatro pessoas servindo as mesas, além de dois
entregadores.

Graças ao nosso próprio negócio, conquistei minha


independência financeira, minha casa própria e esse ano,
consegui comprar meu carro. Olhando para trás, vejo o
quanto foi difícil chegar até aqui, mas valeu a pena cada
esforço.

Agradecia a Deus todos os dias por ter minha família nos


apoiando em tudo. Eles eram minha base, sabia que todas
as vezes que eu precisasse, eles estariam ali para me
socorrer.

Quando finalizei todos os afazeres do trabalho e da casa,


corri para tomar banho. Saí enrolada na toalha e parei em
frente ao guarda-roupas escolhendo algo para vestir: uma
calça jeans clara cintura alta e um cropped vinho de manga
longa, com amarração na barra, dando um charme na peça.

Já vestida, me admirei em frente ao espelho, gostando do


resultado, passei meus olhos por todo o corpo e sorri
satisfeita com minhas curvas avantajadas.

Eu era feliz com meu corpo, mas por toda a minha


adolescência, ele foi meu maior inimigo. Sempre atraí
olhares de julgamento por causa do peso. Desde criança fui
gordinha, herança genética da minha família materna. Meus
pais sempre me incentivaram a me aceitar, sempre me
elogiando e me colocando para cima, meu peso nunca foi
um problema para mim até o final do ensino fundamental.

Os comentários sempre existiram, mas só ganharam força


quando eu fui eleita representante da sala, escolhida pelos
professores e foi aí que eu comecei a ser notada na escola.

Desde que eu assumi essa responsabilidade, as piadinhas


ofensivas passaram a ser mais frequentes do que eu me
lembrava, pois com elas vieram as risadas e o desprezo.

Lembro da primeira vez que eu me senti mal por causa do


meu peso. Eu tinha acabado de sair da aula de educação
física e estava tomando banho, quando escutei algumas
meninas falarem de mim.

“Vocês viram como ela corria desengonçada pela quadra?


Meu Deus que horror” uma delas falou, rindo.

“Eu vi, como Daysi ainda consegue correr? Nossa se eu fosse


ela, não correria na frente dos outros até emagrecer”
comentou a outra o que fez com que eu me encolhesse
enquanto a água caía sobre mim.
“Nossa nem me fale. Se eu fosse ela, nem sairia de casa e
pouparia as pessoas de ver aquela aberração” uma terceira
disse, fazendo todas rirem juntas. “Só restou a ela ser
inteligente e servir de exemplo para os professores. Mas
também, o que seria dela se além de ser gorda e feia, fosse
burra?” Riram ainda mais alto.

 
“Coitadinha, acho que nenhum menino vai olhar pra ela na
vida.”

“Tenho certeza de que não... Vamos, quero aproveitar mais


um pouco antes da aula começar.” Assim elas saíram do
banheiro.
Assim que escutei a porta ser fechada, um gemido saiu da
minha boca e foi quando percebi o quanto aquilo me doeu,
chorei muito e pela primeira vez, tive vergonha do meu
corpo.
Uma outra vez que me marcou muito, foi no ensino médio,
eu já não me aceitava tanto e só usava roupas largas para
tentar disfarçar minhas curvas, o que não adiantava.

Eu estava no pátio na hora do intervalo com Kelly, sentada


em uma das muitas cadeiras que estavam ali para
manutenção e de repente, a cadeira arrebentou. Elas já
estavam fracas, mas todos riram de mim e falaram que foi
por eu ser gorda e meu peso tinha sido demais para a pobre
cadeira.

Na época, eu chorei tanto por ver todos rirem de mim, que


não fui para a escola por uma semana. Mas minha prima
Kelly sempre foi como uma irmã, tentava me convencer de
que aquilo não era verdade e que eu era linda, que
enquanto aquelas pessoas eram ocas por dentro, eu era
uma pessoa incrível por dentro e por fora. Pela primeira vez,
não acreditei nela.

Depois disso, recorri a receitas e dietas na internet, toda


semana era uma dieta diferente, uma mais louca do que a
outra, o que não surtiu tanto efeito. Quando começava a
emagrecer, o corpo se acostumava com a alimentação e eu
não conseguia perder mais nenhum quilo, então eu voltava
a comer tudo de novo com raiva e engordava novamente.

Eu vivia me escondendo do mundo. Depois de me formar, eu


não saia de casa, aceitava as encomendas e evitava sair
para qualquer coisa. A confeitaria virou meu único foco. Eu
amava o que eu fazia, porém tornou-se um belo pretexto
para não sair de casa e foi assim por um pouco mais de um
ano.

De tanto a Kelly falar, eu me dei conta de que realmente


estava me excluindo, mas não sabia o que fazer, já que eu
tinha vergonha de mim mesma.

Em uma determinada noite, vi meus pais na sala de casa


dançando, minha mãe estava sorrindo enquanto meu pai
dizia o quanto era feliz por tê-la em sua vida. Relembrando
momentos de quando ainda se paqueravam, como foi o
primeiro beijo, o pedido de namoro, o pedido de casamento,
o quanto ele era realizado na vida apenas por estarem
juntos e o quanto ele afirmava que ela era a mulher mais
linda do mundo.

E eu percebi uma coisa: ele sempre a achou linda, nunca o


ouvi falar sobre seu peso, de suas curvas, ele nunca a
diminuía, pelo contrário, ele sempre foi fascinado pela
minha mãe. Meu pai a amava pelo que ela era, e não por sua
aparência, achava as suas curvas avantajadas lindas e dizia
adorar ter onde apertar e a fazia ficar vermelha. Meu pai
simplesmente a amava, do jeitinho que ela era.

Naquele dia, eu desejei ser amada assim, desejei que


alguém me olhasse com os mesmos olhos que meu pai
olhava minha mãe. Foi naquele mesmo dia que eu decidi
que eu precisava de ajuda, que eu precisava me aceitar
como era.
No dia seguinte, procurei uma psicóloga e marquei uma
consulta. Vanessa foi fantástica, me ajudou a ver que não
tinha um defeito, que sim, eu era linda e que só precisava
de amor-próprio. Com alguns exercícios, ela me mandou
para casa e voltar uma vez a cada quinze dias.

No começo, não foi fácil ficar na frente ao espelho e dizer


palavras bonitas a mim mesma. Chorei no início por não
achar verdade em minhas palavras. E novamente Kelly foi
importante em uma nova fase da minha vida. Ela não era
gordinha igual a mim, tinha um corpo magro.

Foi ela quem começou a dizer para mim as palavras que


Dra. Vanessa escreveu para eu dizer a mim mesma, me
incentivou, vivia me elogiando, ainda mais do que na nossa
adolescência. Aos poucos, passei a me ver como ela dizia e a
trabalhar minha mente para me aceitar.

Voltei a sair, me divertir, renovei meu guarda-roupa, fui em


uma loja plus size e aprendi a usar roupas que iriam me
valorizar. Depois de tudo o que aprendi com Vanessa, decidi
que não iria mais me limitar ou me diminuir pelos
comentários ofensivos dos outros. Sempre iriam existir
pessoas assim, mas eu teria que ser a primeira a me amar.

Não me importo se não me adequo ao padrão imposto pela


sociedade, pois acredito que se o padrão não agrega a
maioria, não deveria ser chamado assim. No Brasil e no
mundo, a maioria da população está acima do peso.
Hoje sou feliz com meu peso e incentivo as pessoas a se
amarem do jeito que são, se o peso não está interferindo na
sua saúde, tenha orgulho de quem você é, se não está feliz,
mude, mas mude por você, não pelos outros.

Saí dos meus devaneios quando o meu celular apitou,


avisando que havia chegado uma mensagem, já desconfiei
quem era, sorri pegando minha bolsa e o celular, olhei para
a tela e confirmei minhas suspeitas.

Kelly: “Boa tarde, linda. Já estou com saudades


kkkkk.”
“Me diz que você assistiu, por favooooor”

Sorrindo, respondi a mensagem:

“Boa tarde, amor. Já estou saindo de casa. E sim,


assisti… Vou te matar, eu estou VICIADA.”

Ela mandou um áudio gargalhando, dizendo “eu avisei”,


acompanhei sua risada e fui para a garagem. Joguei minha
bolsa no banco e segui para mais um dia de trabalho.
Capítulo 02

O trânsito em plena segunda-feira na Avenida Paulista era


um inferno, eu estava parado há trinta minutos no mesmo
quarteirão. Já era para eu estar na loja, um novo cliente
marcou horário comigo para dar uma olhada em algumas
peças e eu odeio atrasos.

Sou dono da Campari, uma grande rede de joalheria com


filiais no país. Minha família está no ramo a três gerações,
desde o meu bisavô, que passou para meu avô, que passou
para meu pai e tios.

Eu sempre quis mais, depender dos negócios da minha


família para sempre nunca esteve em meus planos. Fiz
administração e assim que me formei, decidi abrir minha
própria rede, ter meu negócio, meu legado, algo que eu
pudesse me orgulhar quando olhasse para trás e dizer: “foi
com muito esforço que construí tudo isso.” Assim, me
desliguei da empresa da minha família e hoje estou quase
tão bem quanto eles e tenho orgulho do que construí.

Ergui a Campari, minha irmã caçula, Melissa, que também


trabalha na empresa da família, se tornou minha designer
de joias, juntamente com Thais, minha ex-noiva, que
trabalha conosco. Nosso noivado chegou ao fim, mas
continuamos amigos.

Também contamos com marcas parceiras como: Vivara,


Pandora e Tiffany & Co. A Campari possui três filiais e uma
sede em São Paulo, onde eu trabalho. Três filiais no Rio de
Janeiro, duas no Rio Grande do Sul, Bahia, Brasília e uma em
Pernambuco.

A sede fica na avenida Paulista, é para lá que eu estava indo.


Eu deveria ter chegado lá há vinte minutos, mas o trânsito
estava um verdadeiro inferno. Depois de mais alguns
minutos, consegui finalmente chegar ao meu destino.

Conduzi o carro para o subsolo onde ficava o


estacionamento, pulei rapidamente para fora e caminhei até
o elevador privativo, indo direto para a minha sala. Eu me
dirigi até o painel de controle e desliguei todos os alarmes,
eu era sempre o primeiro a chegar, mesmo estando
atrasado.

Acendendo as luzes, caminhei até minha mesa, ligando o


computador e abrindo as persianas com o controle,
revelando a vista maravilhosa da Avenida Paulista, esse era
o meu ritual particular até estar pronto para mais um dia de
trabalho.

Depois de confirmar o horário dos clientes em minha


agenda, desci para cumprimentar meus colaboradores, fazia
questão de manter uma relação saudável com meus
funcionários.

No horário marcado, recebi meu cliente agendado, eu


mesmo faço questão de os atender, era um casal, parentes
de Daniel um dos meus melhores amigos. Eles iriam
comemorar quinze anos de casamento, aproveitaram para
renovar os votos e a ocasião merecia uma linda joia para
celebrar a união.

— Bom dia, Marcus — cumprimentei o homem com um forte


aperto de mão, sua mulher com delicadeza e respeito,
peguei sua mão, a beijei no dorso. — Paola, sejam bem-
vindos, é um prazer tê-los aqui na Campari.

— Que é isso, Humberto? O prazer é todo nosso — Marcus


respondeu e eu apenas sorri.
— Sendo assim, me acompanhem, por favor? — Eu os guiei
para o balcão na recepção, onde já tinha separado algumas
joias que serviriam bem para o que eles procuravam.

— E aí, meu rapaz, o que você preparou para nós? Minha


bela Paola merece apenas o melhor — perguntou Marcus,
gracejando a esposa que lhe transmitiu um olhar brilhante e
apaixonado.

— Eu separei quatro conjuntos para ela. — Apontei para as


joias sobre o balcão, eram conjuntos de brincos e anéis,
outros também acompanhava um colar. — O casal que
completa quinze anos de união, com certeza, tem muito o
que comemorar, não é mesmo? Para marcar essa data
especial, sugiro joias de Água Marinha. Encontrada em
diferentes tons de azul, estimula a expressão de
sentimentos. Segundo os gregos, a pedra proporciona sorte
ao matrimônio — expliquei o porquê da indicação.

— Oh, se esse é seu significado, eu já adorei, querido —


Paola falou, sorridente o que me deixou feliz. Sempre gostei
de mostrar aos meus clientes que as joias que eles compram
são mais do que um simples objeto, mostrando seus
significados e como podem refletir os seus próprios
sentimentos.

— Escolheremos o que você quiser, amor — confirmou


Marcus e eu continuei explicando:

— Olhem esse conjunto que maravilha, o anel de ouro


branco, o solitário água marinha com lapidação trillion,
também com dez diamantes, cinco de cada lado da água
marinha. — A pedra tinha um tom de azul bem suave, era
brilhante e com toda delicadeza que ela poderia ter, assim
como as outras opções. — Os brincos também de outro
branco, com a água marinha no mesmo formato do anel,
mas possui quinze diamantes ao redor. — Mostrei a joia para
Paola que ficou impressionada.

— Nossa que linda, Humberto, estou apaixonada —


respondeu, tocando a peça com admiração.

— Essa segunda opção é criação da Campari, é novidade,


inclusive. — Peguei a peça que foi desenhada por Melissa
recentemente, mostrando ao casal. — Assim como o
anterior, é de ouro branco 18k, o anel, pingente e brincos de
Olympia têm no centro a água marinha, rodeado por
diamantes pequenos e delicados, que dão todo o charme a
peça. Os brincos e o pingente do colar são iguais ao anel.

— Meu Deus! É incrível, olha isso, Marcus. Olha os detalhes,


é perfeito. — Ela não resistiu, colocou o anel no dedo,
mostrando-o ao marido.

— Sim, querida, é lindo, acho que combinou muito com


você. Delicado, simples e perfeito.

— Com todo o respeito, concordo com você, Marcus. — Sorri


e peguei outras peças, mostrando ao casal cada uma delas,
ressaltando os detalhes importantes.

Por fim, Paola escolheu o conjunto Olympia, obra exclusiva


da Campari, sendo peça única, teve grande peso na escolha,
além de ser linda.

Após escolherem, levei-os até minha sala para tomarmos


um café e aguardar enquanto as peças seriam embaladas.
Minutos depois, os levei à entrada da loja e nos despedimos.

— Ótima escolha, Paola, espero que essa joia traga muita


sorte e muita luz para essa união tão linda.

— Eu agradeço muito o cuidado que você teve conosco,


Humberto. Adorei o conjunto e temo nunca mais querer tirá-
lo do corpo após a festa — falou, sorrindo e logo foram
embora.

Fiquei feliz por ver mais um cliente satisfeito com nosso


trabalho, Mel ficaria radiante ao ver que vendemos a
Olympia, essa foi a criação que ela mais amou desenhar.

Após o meio-dia, minha sala foi invadida por Daniel e


Maximiliano, meus melhores amigos. Conhecemo-nos no
último ano da escola e fomos para a faculdade também
juntos.
Diferente de mim e Daniel que cursamos administração,
Max cursou direito, ele tem seu escritório de advocacia, mas
vivia mais aqui do que no seu escritório. Ele é marido de
Mel, os dois estavam sempre grudados. Estão juntos há nove
anos, mas parecem que começaram a namorar há pouco.

— Sério, cara, vamos? Disseram que é boa demais. 一 Daniel


já entrou, intimando Max a ir em algum lugar

一 Você sabe que toda vez que eu entro nessas loucuras com
você, a Mel fica puta e me deixa de molho por dias, porra 一
Max falou, irritado, se jogando no meu sofá sendo seguido
por Daniel que se sentou na poltrona ao lado, gargalhando.

一 Você pode levá-la também, a Mel ama dançar.

一 Eu sei, mas ela nunca se controla nas danças e eu perco a


cabeça com aqueles urubus de olho na minha mulher e só
me ferro com isso. Eu protejo o que é meu e ainda sou
chamado de machista. 一 Ele revirou os olhos, irritado. Eu
comecei a rir, me recostando em minha cadeira.

一 Como vocês entram assim em minha sala? Eu poderia


estar ocupado, cacete 一 falei com uma falsa irritação na
voz.

一 Até parece que você estaria com alguém aqui. Ainda mais
com a Thais viajando.

一 Que merda de Thais o quê…Não quero problema para


mim não 一 repreendi Daniel e ainda fiz o sinal da cruz no
corpo, fazendo os dois rirem.
一 Ela ainda quer você, e  deixou isso claro.

一 Mas já deixei mais do que claro que não vai ter. 一 Tentei
desconversar, isso não era um assunto que eu gostava de
discutir. 一 Mas me diz aí, para onde vocês vão?

一 Nós vamos, você quis dizer 一 Max corrigiu. 一 Dan falou


que sexta abriu uma nova balada e disseram a ele que é
muito boa.

一 Já gostei da história, estou precisando mesmo sair para


aliviar a tensão, esse mês está sendo bem puxado aqui. 一
Daniel logo abriu o sorriso. O cara não perdia uma, qualquer
festa que tivesse bebida e mulher, ele está.

一 Então está combinado, né? Sexta à noite…

一 Combinado, Bella estará numa festa do pijama da prima,


vai casar direitinho com a data 一 comentou Max.

一 Combinado então… Mas vieram aqui apenas para isso?


Não podia mandar uma mensagem?

一 Não, porque aproveitamos para te arrastar para o almoço.


Você não sai mais dessa sala, cara… Vem, vamos logo que
eu estou com fome.

一 Daniel, você está sempre com fome 一 falei, já me


dirigindo à porta, sendo acompanhado pelos dois.

一 Isso não posso negar 一 falou com desdém. 一 E a conta é


com vocês, esqueci minha carteira.
一 Eu também 一 Max falou, eles nunca queriam pagar a
conta, dois folgados de merda.

一 Vagabundos… 一 xinguei enquanto fechava a minha sala,


mas os escutei gargalhar.
Capítulo 03

No caminho para a Dally, vou escutando Meghan Trainor,


suas músicas são maravilhosas, essa em específico marcou
muito minha vida quando eu finalmente me aceitei. Conheci
a canção em uma das consultas com Vanessa.

A música era Woman Up, a letra falou bastante comigo, eu


já estava começando a me olhar com outros olhos, mas
escutar essa canção me deu ainda mais força, pois ela diz
para a mulher se levantar, se amar e mostrar quem é.

Aumentei o volume do som e comecei a cantar junto com


Meghan.

So let's go
(Então vamos)
Roll your bumpa and wine slow
(Role seu bumbum e vinho devagar)

Show de world you can shine-glow


(Mostre ao mundo que você pode brilhar)

'Cause you got the light now


(Porque você tem a luz agora)

You got the light now, ow!


(Você tem a luz agora ow!)

Nossa como essa música é maravilhosa! No caminho, ainda


escutei mais umas três músicas e logo cheguei à confeitaria.
Estacionei carro na vaga de sempre e apertei o alarme.

Percorri o caminho até a entrada e reparei em alguns


homens soltando algumas gracinhas, mas eu simplesmente
ignorei. Em toda minha vida, sempre chamei atenção por
onde passava, tanto para o bem, quanto para o mal.

Eu fui ensinada por meus pais a sempre me achar bonita,


mesmo tendo passado por uma fase de não aceitar meu
corpo. Mas vez ou outra, eu recebia um elogio, mesmo que
viesse acompanhado de “Você é tão linda, só precisa
emagrecer um pouco”. Infelizmente, as críticas vêm mais da
população feminina do que a masculina.

Hoje eu me acho muito linda, ainda mais do que antes,


agora usando roupas que me valorizavam então? Eu me
achava maravilhosa. Minhas curvas avantajadas não
anulavam minha beleza. Não estou me gabando, longe de
mim, mas sei que hoje, eu recebo olhares que antes eu nem
sonhava que receberia.

Entrei na loja falando com alguns clientes no caminho até o


balcão, onde cumprimentei Babi, nossa balconista, ela
ficava no caixa, um amor de pessoa e muito falante
também.

一 Boa tarde, Babi! 一 Sorri para ela, dando um beijo na


bochecha e ela faz o mesmo comigo.

一 Boa tarde Daysi, como foi o fim de semana?

一 Foi ótimo, aproveitei para testar uma nova receita e acho


que vocês vão amar.

一 Ai, eu já quero, meu Deus! Eu tento me controlar, mas


você não facilita em nada minha vida, Day 一 exclamou com
uma falsa indignação.

一 É só não comer, uai 一 desdenhei e ela arregalou os


olhos, me fazendo rir.

一 Você é uma pessoa muito, muito má, ouviu? Vá logo para


o seu lugar lá dentro e quando estiver pronto, tente só não
me chamar para você ver se eu não armo um escândalo. 一
Deu de ombros e se virou para atender um cliente, me
fazendo rir ainda mais e ir até minha sala.

Deixei minhas coisas em cima da mesa e fui até o armário,


vesti minha dolmã limpa, minha touca e fui em direção a
sala de Kelly. Sem bater ou pedir permissão, entrei em seu
refúgio.

一 Boa tarde, Kelly! 一 Ela estava de costas para a porta, não


me viu chegar, então quando eu falei, ela se virou num pulo
só, gritando de susto.

一 Porra, Day, que me matar? Que droga, não se chega


assim na sala de ninguém 一 falou com a voz trêmula e eu
evitei sorrir. Ela odeia sustos e sempre fica puta quando
toma um.

一 Desculpe, bebê, não foi minha intenção, você tava tão


distraída. Qual o motivo? 一 Cruzei os braços esperando
uma resposta. Dei um beijo em sua bochecha e um abraço
para acalmar a fera.

一 Eu estava só assistindo esses vídeos aleatórios do


instagram, cara é viciante, fico perdida no tempo vendo um
atrás do outro. 一 Ela bloqueou o celular e o colocou em
cima da mesa.

一 Eu te entendo bem, vivo presa a eles também. 一 Solto


uma risada baixa.

一 E aí? Assistiu Erkensi Kus, né? O que achou? 一


perguntou, se sentando na cadeira novamente e colocou os
cotovelos sobre a mesa apoiando a cabeça nas mãos.
一 Ah, você não tem noção do que passei. Estou no episódio
seis já, não consegui parar até o quinto. E minha nossa
senhora, Kelly? Aquele Can é lindo demais, acho que me
apaixonei. 一 Coloquei a mão no coração de forma
dramática.

一 Eu disse que você ia gostar, mas ficou de enrolação, aí


deu nisso. E, sim, minha querida, ele é um gostoso. Ô, se é?
一 Ela suspirou e se abanou.

一 Kelly, você é realmente uma tarada. 一 Eu me dirigi até a


porta. 一 Vou indo nessa, tenho que testar uma receita nova.

一 Ai que delicia, qual sabor?

一 Brigadeiro de cappuccino. 一 Levo meu olhar novamente


para ela.

一 Meu Deus, eu amo cappuccino, imagine um brigadeiro


dele? De onde você tira essas ideias?

一 Não sei, só vem na cabeça. Testei várias formas, ele vai


ser descafeinado, com um sabor leve, mas eu gostei
bastante, acredito que até quem não gosta de café, vai
amar.

一 Eu confio em você, prima, quando ficar pronto, me avisa,


tá? Não vou para casa enquanto não experimentar essa
delícia 一 ela disse, animada.

Nossa rotina era assim. Ela abria a Dally e eu fechava, eu ia


na parte da tarde e fechava o estabelecimento. Ela, como
ficava mais na parte administrativa, tomava conta de tudo
relacionado à loja, eu só precisava me preocupar em
cozinhar.

一 Pode deixar.
Pisquei para ela, indo para a cozinha, onde encontrei, Rose,
Marieta e Solange.

一 Boa tarde, meninas. Como estamos hoje?

一 Está bem tranquilo, Daysi, estávamos até falando da


minha pequena, acredita que agora só quer ir para a escola
de fantasia? 一 Solange comentou, sorrindo, sobre sua filha.
A menina era um amor, de vez em quando trazia a pequena
que amava enrolar os brigadeiros conosco.

一 Acredito, sim, ela faz de você e Rômulo dois


brinquedinhos, sempre consegue o que quer 一 falei, rindo e
indo até o armário pegar os ingredientes que precisaria para
a receita.

一 Verdade, não consigo dizer não para ela. 一 Solange sorri


e volta a enrolar a coxinha de morango com chocolate, esse
era um dos doces que mais vendia, todos gostavam.

Engatamos em uma conversa aleatória enquanto eu


preparava o nova receita, eu fazia e ensinava as meninas a
fazerem, elas sempre ficavam empolgadas com novidades.

Assim que o brigadeiro ficou pronto, eu chamei todas para


provarem e elas adoraram o que me deixou bastante feliz,
toda vez que recebia um elogio por aquilo que eu fazia, me
deixava com o coração aquecido, eu amava aquilo tudo.

Vou até o balcão, recebendo um sorriso de Babi ao me ver


lhe entregar o seu e de todo o resto da equipe. Assim como
as meninas, eles aprovaram.
  一 Babi, olha aqui a cestinha de amostra grátis.

Dou a ela a cestinha com alguns brigadeiros, era assim que


eu fazia minha propaganda dos novos sabores. A primeira
fornada sempre era dada de brinde aos clientes, assim eles
poderiam conhecer o novo sabor e se quisessem, poderiam
anotar em um bloquinho o que acharam, assim eu saberia o
quanto daria certo.

一 Pode deixar chefa 一 ela falou com a boca cheia de


brigadeiro e eu dou risada, voltando para a cozinha e
escutando o sininho da porta anunciando a chegada de mais
um cliente.
Capítulo 04

Após o almoço, voltei para o meu escritório, tinha alguns e-


mails para responder, além de assinar alguns novos
contratos. Em breve, iríamos fazer um evento de
lançamento, Melissa e Thais estavam empenhadas na nova
coleção.

Melissa estava ainda mais empolgada, pois seria seu


primeiro lançamento solo. Já tivemos outros lançamentos,
mas a maioria das peças eram importadas de parcerias e
apenas algumas dela. Esse seria apenas com suas peças e
ela queria que todas fossem exclusivas, segundo ela,
mulheres gostam de peças únicas e quem era eu para
discordar, não é mesmo?
Já se passavam das quatro da tarde quando um pequeno
furacão abriu a porta e invadiu o local sem nem pedir
permissão. Bem, essa é Isabella, minha sobrinha de cinco
anos, filha da Mel.

Ela veio correndo, toda animada com seus bracinhos curtos


erguidos indo ao meu encontro. Como não sabia resistir ao
meu furacão, arrastei minha cadeira um pouco para trás,
girando em direção à porta a tempo de pegar a pequena
que pulou no meu colo, se agarrando ao meu pescoço.

ー TIO BETOOO ー gritou eufórica. ー Que saudade eu estava


de você ー ela falou, apertando meu pescoço e eu retribui o
abraço. Essa garotinha me tinha em suas mãos, com Bella
por perto, eu não conseguia me concentrar em nada, a não
ser lhe dar toda a minha atenção. Se deixassem, nós
ficávamos a tarde toda brincando e era um dos motivos por
que sua mãe não a deixava ficar comigo muito tempo no
trabalho.

Eu era apaixonado por Bella, ela foi minha primeira


sobrinha, então temos uma conexão muito forte. Afastei-me
um pouco para poder olhar seu rostinho, deixando um beijo
em sua testa, passei a barba por sua bochecha, fazendo com
que ela soltasse um gritinho, gargalhando por causa do
contato da barba em sua pele.

ー Oi, furacão, nem sabia que viria hoje, não era para estar
na aula? ー brinquei, pois sabia que naquele horário ela
estava livre e sabia que ela teria a resposta na ponta da
língua.
ー Tio, você tá zuando com a minha cara, né? Já fui até para
o ballet, o papai quem foi me buscar e agora eu estou aqui
ー falou, colocando as mãos na cintura, indignada e eu
fiquei espantado com a expressão que usou.

ー Onde você aprende a falar essas coisas, pequena? ー


perguntei, sorrindo e ela empinou o nariz para responder
como se aquilo fosse óbvio.

ー Na escola, né? Mas a mamãe não gosta ー confidenciou,


fazendo um bico lindo.

ー Entendi, que bom que já acabou a aula, o tio também


estava morrendo de saudades de você. ー Alisei seus
cabelos.

ー Tava mesmo? Você nem foi ontem para o almoço, todos


os domingos, você nunca falta. ー Fez beicinho. ー Escutei a
vovó falar que você deveria estar atraca...atraga...atracado
ー falou com dificuldade ー com alguma mulher por aí e
nem se importou em estar com a gente. ー Percebi o olhar
atento para mim.

Não pude acreditar que dona Ana falou algo desse tipo na
frente dessa matraquinha, minha mãe às vezes não tinha
noção dos limites.

ー Não foi nada disso, linda, eu estava com muito trabalho,


por isso não fui para a casa da vovó, mas hoje estamos aqui,
viu só? Temos que aproveitar. ー Pego-a e a coloco sentada
em uma das minhas pernas e ela já abre um sorriso com a
expectativa de ter o resto da tarde comigo. ー Deixa só o tio
terminar de enviar uma coisinha aqui e eu já te dou
atenção, ok?

Ela assente e desce do meu colo, correndo até o sofá em


frente a grande janela de vidro, se jogando nele. Naquele
exato momento, sua mãe entra na sala e olha para a filha
com um olhar de repreensão.

ー Bella, já não falei para não atrapalhar o seu tio quando


ele estiver trabalhando no computador? ー Antes que
defenda a menina, meu mini furacão responde:

ー Mas mamãe, tio Beto já está terminando, ele até já pediu


para eu esperar, e eu vou ficar bem quietinha, eu prometo.
ー Ela junta as duas mãozinhas em forma de oração, em
súplica. Desse jeito, nem a mãe resiste.

ー Mel, relaxa, ela está se comportando, estou só enviando


um último e-mail e já não tenho mais nada para fazer, só
uma reunião às seis ー falei e prontamente enviei aquele e-
mail e desliguei o computador em seguida.
ー Você só estraga essa menina, mas quem é cobrado
demais no fim das contas não sou eu mesma. ― Deu de
ombros sorrindo. ― Boa sorte para você ー Apontou para
mim. ー Boa tarde vocês dois, tenho coisas para fazer. ―
Saiu em direção à porta, negando com a cabeça.

― E aí pequena, me diga como foi seu fim de semana. ―


Queria saber após me sentar no sofá, ao seu lado.

ー Foi muito bom, tio Beto. No sábado, mamãe e papai me


levaram ao parque, foi bem legal ー começou a contar bem
animada sobre os acontecimentos do fim de semana. ー Fui
ao carrossel sozinha, no pula-pula, no castelo de bolinha.

Bella foi listando tudo com seus dedinhos curtinhos, assim


como sua mãe fazia. Nossa ela parece demais com a mãe. É,
o Max ainda terá muito trabalho pela frente.

ー E ainda o papai foi comigo no carrinho bate-bate, eu


gostei bastante ー ela continuou. ー Ontem fomos ver a vovó
e o vovô, e ainda brinquei na casinha da árvore com o vovô.

Quando Mel era criança, implorou para meu pai fazer, ainda
existia no quintal deles e agora era Bella quem brincava.

ー Estou vendo o quanto foi animado mesmo esse final de


semana, não foi chato igual o meu. ー Sorri e beijei sua
testa. ー Mas prometo recompensar por não ter ido te ver
ontem, me diz, o que podemos fazer agora?

― Tio, você pode me levar naquela loja ali para comer


brigadeiro? ― Ela apontou para baixo, indicando a doceria
no outro lado da rua, acompanhei seu olhar. O lugar estava
sempre cheio, parecia bom, embora eu nunca tenha ido lá.

― Para comer um brigadeiro? Você sempre preferiu tomar


sorvete, quando mudou de opinião? ― Estranhei e voltei
minha atenção para ela novamente.

― Eu sei, tio, mas depois que o papai me levou naquela loja,


provei um brigadeiro que eles vendem, eu fiquei viciadinha.
Você tem que experimentar, tio Beto. A mamãe adorou, o
papai também e eu virei fã. ― Pelo o tom da sua voz, sabia o
quanto está animada, mas não compreendi a razão para
essa animação toda.

― Bella, brigadeiro são todos iguais, têm o mesmo gosto,


são deliciosos, tenho certeza disso, ma… ー Antes que
continuasse, ela me interrompeu:

― É sério, tio, juro de dedinho. ― Ela me mostrou seu dedo


mindinho para dar ênfase à sua teoria o que me fez rir. ―
Que esse é o melhor brigadeiro do mundo todinho. ― Abriu
os braços, tentando fazer referência ao tamanho.

― Eu não acredito nisso, Bella, você deve estar exagerando,


pequena. ― Sorri e olhei a loja mais uma vez.

― Tio, eu aposto com você que não estou exagerando ―


falou, se levantando, me desafiando. Ela sempre dá um jeito
de apostar algo comigo para ganhar alguma grana. Ela é
ainda pior que sua mãe, as duas amam dinheiro. ― Se você
comer e provar que eu estou certa, vai me pagar vinte reais,
se não gostar, eu que te pago.

― Ahh, então está combinado, vamos lá agora, pois a


senhorita me deve vinte pilas. ― Levantei-me do sofá
sorrindo, indo até a porta e ela veio saltitando atrás de mim.

― Você que me deve, tio.

Ela estava confiante, fiquei ainda mais intrigado pois


quando ela aposta comigo e diz que me pagará se perder, é
porque ela tem muita certeza de que já ganhou o jogo.
Quando não tem certeza de algo, ela nunca aposta.
Segurei em sua mão para descer as escadas, mas antes de
sair, passei na sala de Melissa para informar onde iriamos.
Pelo visto a pequena tinha razão, Melissa também pediu um.

ー Beto, traz um para mim também? Realmente é divino dos


doces da Dally. Quero coxinha de morango com chocolate,
nossa é divino. ー Ela passa a língua nos lábio ao falar e
porra isso me deixou confuso, não ligo de perder para
Bellinha, mas não é possível que seja tão bom assim.

ー Ok, ok, vocês me convenceram, vou trazer o seu.

ー Obrigado, Beto. ー Ela solta um beijo, me fazendo


retribuir o gesto.

Quando paramos na frente da loja, fui arrastado pelo


furacão porta a dentro, ela me puxou com pressa, levando-
me até o balcão já pedindo a moça o seu pedido.

ー Vou querer esse moça, por favor... ー ela pediu para a


atendente e se virou para mim, sorrindo. ー Posso pedir
dois, tio? ー ela perguntou e eu apenas concordei com a
cabeça. A mulher sorriu, lhe entregando seu pedido e virou-
se para mim perguntando o que eu iria querer.
ー Qual você me sugere, para sair do tradicional?

ー O de brigadeiro branco caramelizado é uma ótima opção


ー falou prontamente e eu já fiquei surpreso, nunca tinha
comido.

ー Então é esse mesmo que eu quero.

A garçonete colocou meu pedido e mais um brigadeiro que


estava em uma cestinha em cima do balcão, dentro da
embalagem e me entregou.

ー Esse é cortesia da casa, nossa chefe está testando essa


receita, é de cappuccino, descafeinado, até as crianças
podem comer ー falou, animada e me deu um papel e uma
caneta. ー Aqui, se você quiser, pode anotar o que achou do
brigadeiro e deixar aqui dentro do potinho. ー Apontou para
um potinho de vidro ao lado da cestinha.

ー Muito obrigado, irei provar com muito prazer e deixarei


minha opinião, sem dúvidas.

ー Nós ficaremos muito felizes.

Virei-me e caminhei até a mesa onde Bella já estava


sentada. Não deixei de observar o local, era bem bonito,
tinha um clima aconchegante, não vendia só doces como eu
imaginei, claro que eram em maioria, mas também tinha
alguns salgados, café entre outras coisas.

Voltei meus olhos para Bella que me observava com


expectativa, enquanto devorava seu brigadeiro. Sorri para
ela e provei primeiro o brigadeiro caramelizado. Quando o
doce entrou em contato com minhas papilas gustativas foi
como uma explosão de sabor, era realmente uma delícia,
nunca tinha provado algo assim, não resisti, mordendo mais
um pedaço e minha sobrinha bateu suas mãozinhas em
comemoração.

ー Eu disse, tio Beto, eu disse! ー exclamou, empolgada.

ー Bella, realmente, você tinha razão, é o melhor do mundo


mesmo.

Eu tive que admitir, Bella não tinha exagerado com o que


disse, isso explica por que o local é bem movimentado. A
pessoa que faz esses brigadeiros merece um prêmio.

Não deixei de provar o brigadeiro de cappuccino, não sabia


nem que era possível fazê-lo, não foi diferente minha
opinião, o sabor também era divino, exatamente o mesmo
gosto da bebida, só que mais suave e não menos gostoso. O
fato de ser descafeinado ganhou ainda mais pontos comigo,
a pessoa pensou até em quem não pode ingerir cafeína
como as crianças e pessoas intolerante à substância.

Depois que comemos nossos doces, pedi as coxinhas para


Mel e não me esqueci de anotar o que achei sobre o novo
brigadeiro no pedaço de papel que a balconista me
entregou. Deixei o papel dentro do potinho antes de sair e
voltei com Bella para a Campari.
Capítulo 05

Hoje o dia tinha sido tranquilo, assim como os demais


funcionários, Kelly havia gostado bastante da receita nova, o
que me deixava muito contente. Eu prezava por sempre
fazer o meu melhor, me doava de corpo e alma em cada
umas das receitas e dedicava a elas todo o meu amor.

Desliguei todas as luzes da Dally Cake e acionei os alarmes


como sempre fazia. Após trinta minutos cheguei em casa.

Depois de um banho relaxante, caminhei até o guarda-


roupas, escolhendo apenas um short soltinho e uma
blusinha branca folgada. Segui até a sala onde liguei a TV,
já colocando na minha mais nova série favorita. A televisão
ficava num ponto estratégico para que eu, da cozinha,
pudesse assistir e cozinhar.
Já passava das dez da noite quando meu celular tocou e o
visor anunciava que era uma chamada de Kelly, eu
prontamente peguei o aparelho que estava jogado num
canto do sofá e o atendi.

一 Oi amor da minha vida, o que aconteceu para você me


ligar a essa hora?

一 Você viu que o concurso de Roi de la Confiserie já abriu a


inscrições?
一 Já? Meu Deus, vou correndo me inscrever, demorei anos
esperando que eles abrissem inscrições aqui para o Brasil 一
falei, enquanto corria até o computador.

一 Sim, faz isso, acabei de ver aqui no instagram a postagem


deles. Ai meu pai do céu! Imagine você na França recebendo
o troféu do Rei da confeitaria, das mãos do chef Raul
Durand?
Chef Raul Durand é meu espelho desde que eu entrei no
mundo da confeitaria, ele é um dos maiores confeiteiros da
França. Todos os anos, ele comanda o concurso mundial e
elege o Rei da confeitaria, faz 10 anos que o concurso existe
e é transmitido pelas grandes emissoras por todo o mundo.

Há muitos anos, eu acompanho o concurso, desde que eu


me formei e abri a confeitaria sonho em participar, mas até
então eles não tinham escolhido o Brasil para fazer a
seleção dos candidatos, porém esse ano finalmente eu
poderia me inscrever.
一 Ah Kelly, seria um sonho, imagine eu ganhando isso?
Você acha mesmo que eu tenho chance de chegar na final?
一 pergunto com certa insegurança, afinal, só os melhores
do mundo irão para a final.

一 Claro que vai, para com isso, você é muito boa, sabe
disse, eu sei do seu potencial. Cadê aquela confiança que eu
vejo todos os dias em seus olhos lá na Dally?

Eu sorrio do outro lado da linha e agradeço a Deus pela vida


da minha prima que está sempre me apoiando em tudo.

一 Obrigada, Kelly, você tem razão, eu darei o meu melhor e


honrarei o nome da Dally Cake.

Após conversar mais um pouco, encerrei a chamada com


Kelly, fiz minha inscrição.

A primeira etapa consistia em mandar nossos dados na


inscrição, uma receita de autoria nossa, mandei meu bolo
de churros com nozes, e uma receita original com potencial
para me fazer passar para segunda fase.

Eu tinha até quinze dias para receber a resposta dos


produtores do programa, caso passasse, iria participar de
mais três etapas aqui no Brasil, que para a minha felicidade
seria aqui no em São Paulo. Se eu passasse nessas três, iria
para França onde serão realizadas as oito últimas provas.

Quando finalizei a inscrição, fui para o quarto e rezei para


que se fosse da vontade de Deus, ele me deixasse passar.
Sempre tive muita fé e agora não iria ser diferente.
Olhei para a bolsa jogada na cama e observei a sacolinha
em que eu tinha colocado os papéis com as opiniões dos
meus clientes sobre o novo brigadeiro, eu tinha esquecido
de ler. Sem pressa, peguei todos, me acomodei na cama e li
um por um, sorrindo com cada comentário, mas um chamou
minha atenção.

“Nunca provei algo assim antes, está uma delícia.


Você está de parabéns, nunca imaginei juntar
brigadeiro e cappuccino daria nesse resultado
maravilhoso. Tenho que concordar com quem me
indicou a confeitaria, seus brigadeiros sãos os
melhores do mundo e se tivessem um prêmio para
isso, sem dúvidas esse troféu seria seu.”

Ps: Sou um cliente novo, mas com certeza virei fã.


Humberto C.

Reli esse comentário umas três vezes e sorri, seria essa a


resposta divina me dando forças em relação ao concurso?
Torci para que fosse, pois esse bilhete foi o auge do meu dia.
Eu o guardei com muito carinho em minha carteira, não sei
por que fiz isso, mas o levaria sempre comigo.

Nessa noite, eu me deitei na cama e dormi tranquila,


pensando em como seria bom receber o e-mail confirmando
minha participação na competição e poder levar meu sabor
para outras fronteiras.
Capítulo 06

Depois que voltei da confeitaria, tive que admitir para mim


mesmo que havia perdido a aposta para Bella. Meu pequeno
furacão ficou eufórica falando para todos que tinha ganhado
uma aposta de mim e que eu devia vinte reais. Eu não tinha
como ficar bravo com Bella, vê-la tão feliz me deixava
contente demais.

Durante a semana, frequentei o lugar mais algumas vezes


para comer algo, ou apenas para tomar um café, tentando
distrair um pouco a mente, o lugar me trazia uma sensação
de paz e eu aproveitaria o máximo que pudesse.

Hoje não tinha sido diferente, vim para tentar esquecer um


pouco os problemas.
Thais tinha voltado de viagem e suas investidas em mim já
estavam ficando inconvenientes. Sempre inventava
desculpas para estar em minha sala, durante alguma
reunião ou até mesmo quando estamos em público, perto
um do outro, ela procurava me tocar.

Não queria ser grosseiro, muito menos insensível, então não


falava muita coisa, apenas procurava sempre me afastar ou
desconversar para ver se ela caia na real e me deixava em
paz. Tinha consciência de que ela entendia o recado, só
fazia questão de manter as investidas e eu procurava
apenas ficar longe.

Saí dos meus devaneios quando ouvi o sininho da porta da


confeitaria tocar indicando a chegada de alguém, desviei
meu olhar para o local enquanto levava a xícara até a boca
para tomar mais um pouco do café. Parei a ação no meio do
caminho quando meus olhos se fixaram na mulher
deslumbrante entrava. Eu já tinha visto muitas mulheres
lindas, estado com muitas delas, mas nenhuma se
comparava, ela era simplesmente perfeita.

Ela retirou os óculos escuros, acenou e cumprimentou


algumas pessoas, eu não podia ouvir o que eles falavam,
mas tinha impressão de que sua voz era suave e gostosa de
ouvir. Andou até o balcão exibindo seu corpo curvilíneo, com
curvas bem evidentes. Porra, o que era aquela bunda grande
dentro daquela calça que moldava seu corpo? Freei meus
pensamentos pelo rumo em que eles estavam indo e foquei
minha visão novamente em seu rosto, agora de perfil.
Seu sorriso era lindo, espontâneo e verdadeiro, sua
bochecha rosada ornando com o tom da sua pele
branquinha, seus cabelos medianos castanho claro. Tudo
nela complementava sua beleza.

Ela beijou o rosto da garota do caixa e entrou pela portinha


ao lado, isso queria dizer que provavelmente trabalhava ali.
O garçom sorriu para mim enquanto limpava a mesa ao
lado.

ー Linda, né? ー Eu assenti. ー Mas desencana, ela não é


fácil de conquistar, vai por mim, estou há três anos
tentando...

Olhei para ele arqueando a sobrancelha.

ー Ela trabalha aqui? ー perguntei como quem não quer


nada.

ー Sim, é nossa confeiteira e uma das donas. ー Ele deu de


ombros, indo limpar as outras mesas.

Então eu estava certo em minhas suspeitas e isso queria


dizer que eu tinha possibilidade de a ver novamente. Se eu
fizesse tudo do jeito certo, eu poderia ter pelo menos uma
chance com ela.

Não me levem a mal, não sou um idiota que só fica com as


mulheres e as despreza depois, eu aprecio a companhia,
manter um papo legal e se ela gostar de diversão assim
como eu, não vejo problema algum em termos apenas uma
noite, porém também gosto de manter um relacionamento.
Nem sempre consigo, mas eu pretendo encontrar alguém
com quem eu possa compartilhar momentos juntos.

Terminei meu café e voltei para a Campari, mas durante


todo o restante do turno, a mulher povoou meus
pensamentos e eu me via em muitos momentos olhando
para a sua loja através da janela do escritório.

Hoje é sexta-feira, marquei com Daniel, Max e Mel de


encontrá-los na nova balada há uma hora atrás, mas acabei
perdendo a noção do tempo refazendo uns relatórios
importantes do novo contrato.

Desliguei as luzes da minha sala e acionei o alarme antes de


entrar no elevador que me levaria até o estacionamento.
Destravei o carro, sem perder muito tempo e o coloquei em
movimento. Passaria em casa apenas para tomar um banho
rápido e correria até a balada, já que ficava a poucos
minutos da minha cobertura.

Fiz tudo isso em menos de quarenta minutos e já parava o


carro na frente da balada, que parecia muito boa, já que o
local estava lotado. Como Daniel conseguiu passe VIP, meu
carro ficou com o manobrista e eu não tive dificuldade
alguma em entrar, sem enfrentar a fila.

Olhei novamente a mensagem que Daniel mandou


indicando o local onde me esperavam e eu olhei mais uma
vez para a multidão de gente na área VIP até que os
encontrei e caminhei até lá. Melissa foi a primeira a me ver e
acenou para mim, o que fez os outros dois olharem para
onde ela acenava.

ー Boa noite…

ー Pensei que a Bela Adormecida não viria mais… ー Daniel


brincou, fazendo todos rirem menos eu que lhe dei um tapa
na cabeça.

ー Desculpem o atraso, fiquei preso em um relatório lá na


Campari e perdi a noção do tempo.

ー Tudo bem, Beto, da próxima vez eu te arrasto de lá


pessoalmente… ー Mel brincou.

A música estava alta o que fazia com que a gente falasse


alto para nos escutarmos. O DJ, era bom, as músicas
estavam ótimas. Olhei o local tentando ver alguma
companhia interessante, mas não encontrei nenhuma que
me enchesse os olhos. Minha boca estava seca, então resolvi
ir pegar algo para beber.

Fui até o bar e não demorou muito para que o bartender me


entregasse a bebida, fui acompanhando o ritmo dos corpos
dançantes até encontrar meus amigos.
Estávamos em uma conversa divertida quando algo me
chamou a atenção, duas mulheres passaram por mim e foi
impossível não reconhecer aquelas curvas. Era ela, a mulher
da confeitaria, eu não poderia perder essa chance, só podia
ser o destino, meus lábios se repuxaram em um sorriso
espontâneo. Tentei apressar os passos para chegar até ela,
mas Daniel me chamou bem na hora e tive que desviar o
olhar.

ー Ei cara, escutou?

ー Desculpa, Dan, o que disse mesmo?

ー Perguntei se você vai esticar a noite hoje, minha amiga ali


tem uma colega que está a fim de puxar conversa com você.
E aí? Ela é gata!

Ele apontou para as garotas e sim elas eram gatas só que


não era quem eu queria. Voltei meu olhar para a garota que
povoou meus pensamentos nos últimos dois dias, mas ela
não estava mais ali, tentei procurar mais um pouco e a vi lá
embaixo, atravessando a porta de saída.

Desapontado, voltei meu olhar para meu amigo e dei de


ombros, não tinha outra opção, então, eu iria me divertir
com quem estava disponível no momento.

ー Tudo bem, vamos lá… ー Caminhei até elas com ele na


minha cola.

Durante o resto da noite, tratei de tirar a confeiteira dos


meus pensamentos e foquei a atenção em minha
companhia, o que não me desapontou em nada e nos
divertimos.
Capítulo 07

Estava em frente ao computador a mais de vinte minutos


criando coragem para abrir o e-mail que chegou da
assessoria do Roi de la Confiserie. Liguei para Kelly vir, pois
não queria abrir a resposta sozinha, a insegurança estava ali
presente por mais que eu não quisesse.

Minha prima chegou em menos de cinco minutos após a


ligação, eu a havia chamado para me acalmar, no entanto a
maluca estava tão nervosa quanto eu.

ㅡ Vai logo, Daysi, deixa de ser medrosa.

ㅡ Tá bom, tá bom, já vou. ㅡ Tomando uma grande lufada


de ar, abri o e-mail e está lá um destaque brilhando na tela.

VOCÊ FOI SELECIONADO!


ㅡ Puta que pariu, Daysi. VOCÊ CONSEGUIU...

Kelly me puxou da cadeira tão rápido que quase não


consegui me equilibrar, mas no fim, encontrei seu corpo no
meu e a abracei forte.

Eu ainda estava em choque, quando ela me soltou e


segurou meu rosto com uma expressão de preocupação, eu
sorri para ela. Deus, eu tinha mesmo conseguido? Isso era
real?

ㅡ Kelly, eu consegui, entrei para competição. Você sabe o


quanto eu desejei isso...

ㅡ Claro que sei, Day, estou tão orgulhosa de você. Mano


você tem noção de que vai conhecer o chef Raul Durand?
ㅡ Ela me abraçou novamente e nos jogamos no sofá
abraçadas.

ㅡ Calma, sua louca, tenho que passar nas duas primeiras


provas para então poder conhecê-lo, em Paris.

ㅡ E você tem alguma dúvida de que vai chegar lá, criatura?


ㅡ perguntou, incrédula.

ㅡ Não posso ter certeza, não é? Mas estou confiante de que


sim, sou capaz de passar para as finais.

ㅡ É assim que se fala. ㅡ Ela se levantou de repente,


colocando as mão na cintura e sorriu maliciosa. ㅡ
Precisamos comemorar, querida!

— Nossa mano! Não tenho nada para beber aqui ㅡ


exclamei, desanimada.
ㅡ Não tem problema, sei o lugar certo para comemorar. ㅡ
Ela me puxou, fazendo-me levantar e me empurrou até meu
quarto. ㅡ Se arrume, vamos para uma balada nova, chego
para te buscar em vinte minutos.

Sem me dar tempo de questionar nada, sumiu porta a fora.


Sem alternativa, caminhei em direção ao banheiro e fiz o
que ela pediu.

Após terminar o banho, abri o guarda-roupas escolhendo um


vestido vermelho que ia até a metade da coxa, era justo ao
corpo, valorizando minhas curvas e o decote era comedido,
mostrando apenas o necessário.

Olhei para minha bolsa em cima da cama e não me


aguentei ao lembrar do bilhete, abri minha carteira e lá
estava.

“Nunca provei algo assim antes, está uma delícia.


Você está de parabéns, nunca imaginei que juntar
brigadeiro e cappuccino daria nesse resultado
maravilhoso. Tenho que concordar com quem me
indicou a confeitaria, seus brigadeiros sãos os
melhores do mundo e se tivesse um prêmio para
isso, sem dúvidas esse troféu seria seu.”
Ps: Sou um cliente novo, mas com certeza, virei fã.

Humberto C.
Sorri para o papel em minhas mãos, beijando-o. Coloquei-o
sobre o coração e agradeci.
— Humberto C., vou dar um jeito de te agradecer por esse
"amuleto da sorte”. — Guardei novamente o pedaço de
papel na carteira.

Exatamente vinte minutos depois, Kelly e eu saímos da


minha casa rumo a nova balada, ela estacionou no local
pouco tempo depois. Olhei o relógio que marcava oito e
trinta da noite, não estava tão tarde e o local já estava
lotado.

Entramos juntas, caminhando até a área VIP, não sei onde e


como minha prima conseguiu esses passes livres, mas eu
nunca questionava, sempre valiam a pena. Eram sempre as
melhores festas, baladas, barzinhos. Eu nunca a questionava
e ela nunca fazia questão de explicar nada, então só me
restava aproveitar.

A música alta nos embalava em seu ritmo, quando dei por


mim, a gente já estava dançando sem se preocupar com
todos a nossa volta. Eu percebia os olhares para cima de
mim, muitos deles me recriminando, mas eu preferia não
dar bola e continuava a fazer o que eu tinha vontade.
Quando a música acabou, fomos juntas até o bar e fizemos
nosso... quer dizer, Kelly fez nossos pedidos. Eu confiava no
seu bom gosto, então apenas esperei. Logo nossas bebidas
estavam em nossas mãos e ela levantou seu drink para o
alto me fazendo acompanhar seu gesto.

ㅡ Um brinde a futura Reine de la confiserie! ㅡ brincou ela,


mudando o “Rei” para “Rainha da confeitaria”.

ㅡ À reine de la confiserie! ㅡ Brindei com ela, afinal era o


que eu queria, então falaria para que o universo realizasse
meu desejo.

Algumas pessoas à nossa volta bateram palmas, o que me


deixou sem graça. Kelly me abraçou e sussurrou em meu
ouvido:

ㅡ Esse prêmio é seu, Daysi, acredite nisso. ㅡ Apenas


acenei com a cabeça e sorri para ela.

Ficamos até meia-noite, como eu não teria nada para fazer


amanhã, fomos direto para sua casa, onde passaria o dia
todo, jogada no chão da sala de Kelly, assistindo nossa mais
nova série favorita.
A segunda-feira já começou agitada, pelo menos meu fim de
semana tinha sido maravilhoso, mas estar em pé na fila do
banco há mais de quarenta minutos não era nada agradável.

Tive que ir para poder resolver umas pendências, era difícil


eu ir ao banco, Kelly fazia isso, mas hoje infelizmente ela
não poderia, e o prazo era justamente até hoje.

Atrás de mim havia duas mulheres cochichando e rindo de


mim. Como eu sei? São anos convivendo com esses olhares
de julgamento, sei identificar um de longe, mas essas duas
não tinham a intenção alguma de serem discretas.

Eu apenas as ignorei, apesar de que às vezes é impossível


ser indiferente. Embora eu já tenha superado e aceitado
meu corpo, não era fácil conviver com esses olhares de
descriminação.

Um tempo depois, fui atendida, demorei menos de quinze


minutos para resolver o problema, peguei minha bolsa
caminhando até a saída, e tive que passar pelas mesmas
mulheres que estavam falando de mim. Senti os olhares
delas sobre mim e tentei ignorar, mas ouvi o que diziam e
não me controlei.

ㅡ Olha o tamanho dessas coxas, mi…

 Eu me virei para elas, segurando minha bolsa em uma das


mãos e a outra coloquei na cintura.

ㅡ Tá me secando por quê? Eu sei que sou linda, mas da


minha vida cuido eu, então tomem conta das suas. ㅡ Elas
calaram a boca na mesma hora sem reação para o que eu
tinha dito. Ajeitei minha bolsa e caminhei até a saída
sentindo o silêncio atrás de mim.

Ao chegar no carro, balancei a cabeça, massageei a têmpora


com as pontas dos dedos e respirei fundo. Não era porque
isso não me afeta como antes que não me incomoda.

Quase nunca retruco essas coisas, mas há dias que a preciso


falar, nem sempre se calar é a melhor opção. Temos que
colocar essas pessoas em seu devido lugar, mas tem hora e
lugar ou podemos perder nossa razão. Eu procuro nunca
discutir, mas tem vezes que é impossível.

É triste ver que sempre tem alguém nos apontando, nos


julgando pelo que somos, o que vestimos, a cor da pele,
nosso peso, se é gordo, se é magro, pelo cabelo, por alguma
parte do corpo, parecem nunca estar satisfeitos. Postam em
suas redes sociais que não importa o padrão, que temos que
respeitar a todos, mas são hipócritas, pois ao ver alguém
diferente de alguma forma, apontam o dedo ou riem do que
veem.

Quando digo que eu aceito meu corpo, que me amo e que


sou feliz, não quer dizer que os olhares tortos e os
comentários maldosos não machuquem. Há dias que
realmente não me incomoda, é verdade, mas não é sempre,
não sou forte o tempo todo, porém tento ser diariamente
para não deixar que me pisem ainda mais.
Capítulo 08

O fim de semana foi ótimo, consegui me distrair e relaxar


um pouco, mas ao voltar ao trabalho hoje e ter a fachada da
loja de doces como vista principal, me fez lembrar de uma
certa confeiteira, linda, que eu não conseguia tirar da
mente.

Não entendia o porquê de estar tão fissurado, nunca me


senti assim, atraído a esse ponto, de estar com a mulher na
cabeça 24 horas, sem ao menos ter contato com ela antes.

O mais estranho é que eu queria ir até lá e pedir para falar


com ela, mas como fazer isso sem parecer um maníaco?
Deus! O que está acontecendo comigo? O que ela tem de
tão diferente eu não sei, mas ia dar um jeito de descobrir.
Tentei voltar a me concentrar no trabalho e fiz tudo o que
tinha para fazer no período da manhã. Na hora do almoço,
saí para almoçar num restaurante perto do trabalho.

Voltei para a Joalheria e vi algumas das minhas funcionárias


reunidas, pareciam discutir algo, ao me verem, acenaram
para mim e eu fui até elas.

— Oi meninas, aconteceu alguma coisa? — Eu me preocupei


em ter alguma coisa errada mas recebi sorrisos em resposta
e Adriana tratou logo de explicar o que estava acontecendo.

— Sr. Humberto, é que o aniversário da Melissa é nessa sexta


e queremos sua permissão para fazermos algo para ela aqui
na joalheria, poderia ser na hora do almoço, a loja sempre
fica mais vazia esse horário.

É verdade, o aniversário dela estava chegando, Mel ama


essa data, sempre dava um jeito de comemorar, então não
vejo problema que as meninas estejam pensando em
agradá-la.

Assim como eu, minha irmã tinha um relação muito


amigável com os funcionários. Ela não tinha nenhum tipo de
preconceito, tratava todos de igual para igual, felizmente
nenhum de nós puxou a nossa mãe, ela sabia ser bem
preconceituosa às vezes.

Abri um grande sorriso para elas, pois essa seria uma


grande oportunidade para eu ir atrás da mulher que estava
povoando meus pensamentos, agora sim eu poderia
procurar por ela sem parecer um maluco.
— Podem, sim, meninas. Mel vai adorar essa surpresa,
podem deixar o bolo comigo, já sei onde pedir.

— Ótimo, Sr. Humberto. Ficamos muito feliz.

Fui até minha sala com um sorriso no rosto, hoje eu


finalmente falaria com a confeiteira. Sabia que ela ainda
não havia chegado, então esperei até o fim da tarde para ir
até lá.

Quando atravessei a porta, fui até o balcão falar com a


menina do caixa.

— Olá, eu gostaria de encomendar um bolo por favor, mas


não tenho noção do que pedir, é para uma pessoa muito
especial, me disseram que a confeiteira chefe do Dally Cake
é a melhor, só recebi elogios. — Claro que eu dei uma
exagerada, mas não menti em nada. A mulher baixinha abre
um sorriso e acena com a cabeça.

— Sim, ela é a melhor, vai ficar muito feliz em lhe ajudar.


Pode se sentar que eu vou chamá-la, tá bom? Fique à
vontade. — Ela sai porta a dentro, toda feliz.
Ocupei uma das mesas mal acreditando no quanto tinha
sido fácil conseguir falar com a confeiteira, agora eu tinha
que inventar alguma desculpa para o tema do bolo da
minha irmã, mas isso era o de menos. Pelo menos falar com
ela eu conseguiria.

Alguns minutos depois, ela veio e meu coração acelerou,


fiquei hipnotizado ao vê-la de uniforme. Parecia que a roupa
lhe deixava sexy, fiquei imaginando como seria tê-la apenas
com aquele chapéu de confeiteiro, completamente nua,
comigo e…

Controlo meus pensamentos, o que eu estava fazendo?


Nunca fui assim, sei me controlar, mas parece que essa
confeiteira tinha o poder de me fazer perder o controle. Ela
sorriu para mim, se sentou na cadeira à minha frente e tirou
o chapéu, o colocando sobre a mesa.

— Olá, sou a Daysi, é um prazer tê-lo aqui, em que posso


ajudar? Me disseram que o bolo era uma pessoa muito
importante, devo presumir que seja sua amada? — Como eu
imaginei, sua voz era doce, meiga e gostosa de ouvir. Ela
pergunta se é para minha namorada e me dá um sorriso.
Meu Deus, que sorriso lindo, encantador.

 Eu não consegui falar nada de imediato, estava encarando


com a sua beleza, até que ela desfez o sorriso e me olhou
sério, ela devia estar me achando um louco, finalmente sorri
para ela, respondendo sua pergunta:
— Ô não, é para alguém que amo muito, mas não é para
namorada, não tenho uma… — Deixei claro que não era
comprometido. — É minha irmã. E a propósito, sou
Humberto, é um prazer poder conhecer você, Daysi, sabia
que ouvi muitos elogios sobre você? — Ao escutar meu
elogio, ela corou e ficou ainda mais linda.

— Nossa! Me sinto honrada e sem graça ao mesmo tempo,


muito obrigada.

— Não precisa ficar sem graça, é a verdade, acredite, sou


viciado nos seus doces. — Ela sorriu, ajeitando uma mecha
de cabelo atrás da orelha.

— E aí, tem alguma coisa em mente?

— Na verdade, não. Não sou muito bom com isso, mas sei do
que ela gosta, morango, tudo com essa fruta ela gosta,
inclusive ela é viciada nas suas coxinhas de chocolate com
morangos. Minha irmã gosta dessa pegada doce com algo
cítrico.

— Bom, podemos fazer um bolo de chocolate recheado com


mouse de morango, não fica enjoativo, o recheio fica bem
leve e cítrico, do jeito que ela gosta. Juntando a massa de
chocolate, garanto que ela vai amar.

— Nossa, isso é ótimo, está perfeito para mim.

— E decoração, tem algo em mente? — perguntou enquanto


anotava o que decidimos em um papel.
— Não, eu te disse, sou péssimo nisso. — Consegui fazer
com que ela risse mais uma vez.

— Estou vendo… Quantos anos ela tem? O que gosta de


fazer, como ela é, me diga um pouco sobre ela, talvez me
ajude a pensar em algo.

— Ela irá fazer vinte e oito anos. Bom ela gosta de tudo um
pouco, ela é designer de joias, não tem problema com nada,
gosta de tudo, mas nada muito espalhafatoso… — continuei
falando um pouco sobre minha irmã e ela anotou algumas
coisas.

— Podemos fazer um degradê simples, de chantininho, com


acabamento texturizado, rosê e com um pouco de glitter,
que tal? Está saindo muito esse modelo. Qual o tamanho do
bolo?

— Por mim está ótimo! Não precisa ser nada muito grande, é
um aniversário surpresa, vai ser aqui na frente, na Campari.
— Aponto para a joalheria. — Vai ter em torno de umas vinte
e cinco pessoas.

— Ok, um bolo de dois quilos e meio é o suficiente, para


quando vai ser?

— Na sexta, na hora do almoço.

— Então tá certo, pode pegar pela manhã a partir das dez


horas, tá? Qualquer alteração, fale comigo até a tarde do dia
anterior, depois disso vai ser mais difícil eu mudar algo.
— Certo, pode deixar. Por favor, pode acrescentar alguns
doces também? O que você preferir e salgados também. O
pessoal adora. — Ela assentiu, mais uma vez anotando tudo
num papel.

Acertamos mais algumas coisas, fechamos um pacote e eu


paguei tudo adiantado, ela me entregou o recibo e eu lhe
entreguei meu cartão.

— Caso tenha alguma dúvida, pode me ligar, ou me


procurar ali na joalheria.

Ela sorriu ao pegar o cartão. Lendo e olhando o cartão com


uma expressão confusa.

— Você é um cliente novo, ou vem sempre aqui? Não me


lembro muito de você.

— Vim a primeira vez na semana passada, minha sobrinha


me desafiou a provar o melhor brigadeiro do mundo, ela não
estava errada, com certeza é o melhor. Provei um novo que
era para teste nesse mesmo dia, de cappuccino! Estava
sensacional, sua ideia de ser descafeinado para todos
poderem comer foi genial. Não saí daqui sem deixar meus
elogios. — Quando terminei de falar, ela balançou a cabeça
e sorriu para mim, não entendi muito bem o porquê.

— Não acredito nisso, é você… Humberto C. “C” Campari?


Seu comentário me deixou muito feliz, viu? Tenho certeza de
que foi você, não tinha outro bilhete assinado por Humberto.
Eu o li depois de me inscrever para uma competição, foi
como se fosse um sinal de que eu poderia ser selecionada.
— Nossa, que coincidência! Fico feliz de saber disso, então
me conta, passou?

— Sim.. — falou, com um sorriso enorme e seus olhos


brilhavam. Pelo visto, era algo muito importante para ela. —
Muito obrigado por suas palavras, acredita que virou meu
amuleto da sorte? Eu guardo o bilhete com muito carinho e
queria mesmo agradecer a você, mesmo sem te conhecer.

— Ah, isso não foi nada, você tem muito talento, não tenho
dúvidas de que vai ganhar, vou torcer por você — disse com
certeza do que eu falava, pois sem dúvidas ela era a melhor,
nunca tinha provado algo tão bom assim.

— Posso te dar um abraço? Não me ache uma louca, mas é


que estou contente de ter te encontrado para agradecer
pelas palavras, você não sabe o quanto elas me deram força.

É claro que eu disse sim, né? Daysi sorriu tímida mas veio
até mim. Abri os braços sem cerimônia alguma. Quando seu
corpo encostou no meu, senti uma corrente elétrica me
percorrer, não soube explicar o que tinha acontecido, mas
foi uma sensação muito boa.

Senti seu corpo resetar, pelo visto não fui o único a receber
a descarga elétrica, mas não a afastei, retribui o abraço,
aproveitando para sentir seu cheiro. Ela era uns dez
centímetros mais baixa que eu, tinha o encaixe perfeito para
o meu corpo. Seu cabelo ficou na altura do meu nariz e não
resisti e inalei seu cheiro, era delicado, gostoso e único, não
consegui identificar o aroma, mas não era doce, nem forte.
Alguns segundos depois, mesmo não querendo, eu a solto
dos meus braços. Ela estava corada e segurou um sorriso
enorme, me dando um contido, eu claro lhe retribui com um
sorriso largo.

— É… Obrigada, tenho que voltar ao trabalho, qualquer


coisa é só vir aqui então, pelo nome, acredito que é o dono
da joalheria.

— Sim, acertou em cheio, digo o mesmo para você,


precisando, é só me ligar. — Apontei para o cartão em sua
mão.

Nós nos despedimos e eu voltei para Campari, falei com as


meninas o que eu tinha acertado com a confeitaria e elas
aprovaram a escolha de tudo. Sentei-me em minha cadeira
mas não consegui me concentrar em mais nada. O cheiro da
Daysi estava impregnado em mim, não tinha como ela sair
dos meus pensamentos.

A noite chegou e enquanto eu finalizava um telefonema, vi


as luzes da doceria sendo apagadas e ela sair sozinha, pelo
visto era ela quem fechava o local, a vi pegar seu carro e
partir.
Capitulo 09

Mais um dia de trabalho chegou ao fim, junto com a


sensação de dever cumprido. Apagar todas as luzes e fechar
a Dally Cake sempre me trazia uma sensação de paz, a loja
era minha maior realização até hoje.

Eu e Kelly batalhamos muito para chegarmos até aqui, claro


que a ajuda dos meus pais foi fundamental, eles sempre
foram incríveis e sempre acreditaram em nós.

Estou morrendo de saudades deles. Próximo domingo, vou


dar uma passadinha lá, dona Catarina e seu Rafael devem
estar querendo comer meu fígado, por passar tanto tempo
sem vê-los.

Assim que saí do banho e me vesti, escutei a voz de Kelly


entrando em casa, desta vez ela chegou cedo, a criatura
ama uma fofoca, veio correndo pois eu disse que tinha uma
novidade para contar. Sem perder de tempo, vou até ela.

— Caraca, veio correndo? — indaguei me jogando ao seu


lado no sofá.

— Claro, né? Que novidade você tem para mim,


desembucha logo, criatura…

— Calma menina, é o seguinte, lembra daquele bilhete que


eu tinha comentado com você, do cliente novo? — Ela acena
com a cabeça. — Bem, hoje esse mesmo cliente apareceu lá,
encomendou um kit para a irmã dele e queria que eu o
atendesse, dá para acreditar? Disse ele que não sabia o que
pedir, queira muito que eu o ajudasse, então fui lá…

— Claro que foi, você adora se meter nas escolhas dos bolos
alheios — disse, rindo e me fazendo lhe mostrar o dedo do
meio, o que a fez rir ainda mais.

— Como eu dizia, fui lá e…

Contei a ela tudo o que tinha acontecido hoje, todos os


detalhes, incluindo o quanto aquele homem era lindo, eu
nunca o tinha visto antes, mas tive a impressão de que o
conhecia há anos.

— Ual, Daysi! Fico feliz de você o ter encontrado, já que era


o que você queria. Mas o dono da Campari? Ele é um gato,
já o vi muitas vezes saindo da joalheria. Ai, já prevejo muitos
cenários entre vocês — brincou, me fazendo corar. Kelly
sempre foi muito romântica, vivia dizendo que nós duas
encontraríamos nossos príncipes encantados, coisa que eu
nunca confiei muito. Príncipes não existem, mas quero um
amor igual ao dos meus pais. Já ela se apaixonava fácil, se
magoava fácil, mas em compensação, se recuperava rápido.

— Para com isso, louca — eu a interrompi antes que ela


começasse a sonhar. — Ele é só um cliente e eu só uma
confeiteira, nunca me envolverei com um cliente.

— Se engane sozinha, pois se ele sorri igual a você quando


me falou dele, então é muito mais que isso. — Deu de
ombros, indo para a cozinha me deixando assustada.

Ela poderia estar certa pelo meu sorriso? Como pode? Eu


não o conheço, nunca o vi antes. Mas aquele arrepio que
senti ao abraçá-lo foi diferente. Foi bom.

— Pare de pensar no Sr. Campari gostosão e venha logo


fazer nosso jantar.

Fiz um jantar bem rápido para a gente e comemos enquanto


conversávamos sobre assuntos aleatórios, até ela ir embora.

Quando já estava na cama, ele veio ao meu pensamento,


Humberto… Humberto Campari. Quando o vi sentado ali,
me olhando tão intensamente, me assustei. Ele me olhava
com o quê? Desejo? Admiração? Não sei explicar, mas foi
esquisito e bom ao mesmo tempo.

Sacudi minha cabeça e tentei não me influenciar pelos


comentários de Kelly. Não demorou muito para que o sono
me dominasse, mas não pude evitar que a última coisa em
que pensei, foi aquele par de olhos me encarando.
Capítulo 10

A semana passou voando, mas eu tinha acumulado muito


trabalho, pois passava muito tempo olhando pela janela, a
confeitaria do outro lado da rua, principalmente quando
estava próximo dela chegar.

Eu não fazia ideia do motivo dessa minha repentina


obsessão naquela mulher. Mas porra, que mulher era
aquela? Meu desejo ia além do normal, parecia um
adolescente com os hormônios à flor da pele, vivendo sua
primeira paixãozinha.

Mas hoje eu tinha decidido me concentrar somente no


trabalho, quando estivesse perto das meio-dia, eu iria
buscar o bolo de Mel. Como o planejado, eu foquei no que
deveria e depois de assinar alguns relatórios e compras,
confiro o relógio para ir buscar minha encomenda.

Chego à confeitaria e digo o que preciso, para a minha


surpresa, Daysi estava lá e me entregou o bolo e as outras
embalagens com doces e salgados.

— Espero que gostem, fiz com muito amor. — O sorriso que


me deu me deixou quase sem fôlego, que poder era esse
que ela tinha sobre mim?

— Não tenho dúvidas que gostarão. Muito obrigada Daysi,


ficou lindo o bolo, superou as minhas expectativas.

Ela corou e eu sorri, tinha acabado de descobrir o quanto ela


era linda com o rubor em suas bochechas. De repente, tive
um grande desejo de fazê-la corar sob o meu corpo.

— Tenho que ir, Melissa já deve estar saindo para o almoço


— eu me despeço, apertando sua mão. — Voltarei para
agradecer como você merece — sussurrei para que só ela
escutasse, o que a fez sorrir envergonhada e desviar o olhar.

Ela parecia desconcertada, não respondeu, só seguiu para a


cozinha enquanto eu voltei para a joalheria.

Como o esperado, as funcionárias tinham decorado a copa


com balões e outros enfeites para festa. Eu me encarreguei
de ir buscar a aniversariante, ela estava falando ao telefone
quando entrei em sua sala, Mel acenou para que eu a
esperasse. Não demorou muito para ela encerrar a ligação.
— Acredita que logo hoje Max não vai almoçar comigo? —
disse com voz embargada quase me fazendo rir, pois seu
marido e filha tinham acabado de chegar, indo direto para a
copa.

— Calma, Mel, eu vim para fazer isso, e mais uma vez, feliz
aniversário.

Eu a abracei apertado, ela retribuiu e se aninhou em meus


braços, manhosa como sempre, a filha era igualzinha a mãe.

— Obrigado, Beto.

Eu a afastei um pouco, desfazendo o abraço, juntos saímos


do seu escritório e a guiei para a copa.

— Para onde vamos, Humberto? Estou com muita fome —


disse, irritada, me fazendo rir.

— Calma, vou só beber uma água, vem logo.

Empurrei Mel para dentro da copa, ela se assustou quando


uma chuva de confetes caiu. Soltando um gritinho,
caminhou até a filha e marido, os abraçando apertado.

Depois de receber o abraço de todos, ela desabou em


lágrimas, agradecendo o carinho de todos. Não entendi
muito bem a razão para tantas lágrimas, mas eu não a
julgaria.

— Meu Deus, que bolo delicioso Beto, foi da Dally, né?

Não sei se foi uma pergunta ou uma confirmação, apenas


concordei.
— Definitivamente essa é minha confeitaria preferida —
exclamou, contente.

— A minha também, mamãe. Se eu pudesse, passaria lá


todas as horas do dia — falou, sorrindo como se aquilo fosse
seu maior sonho.

— Assim ia morrer de tanta dor de barriga, pequena —


brinquei e ela deu de ombros.

— Pelo menos eu iria estar feliz, tio.

Todos rimos de seu raciocínio e entre uma brincadeira e


outra, aproveitamos bem o nosso intervalo e no horário de
sempre, voltamos ao trabalho.

Quando o expediente acabou, tranquei todo o prédio e


caminhei até meu carro, jogando meu terno no banco
traseiro. Travei o carro e caminhei até a loja do outro lado da
rua.

Arregacei as mangas e abri três botões da camisa, ficando


um pouco mais à vontade, me sentei em uma das mesas e
notei que tinham poucos clientes, pedi um café e esperei
que ela aparecesse. Vi seus poucos clientes indo embora e
seu último funcionário se despedir.

Não demorou para ela aparecer com o celular na orelha.

— Tá bom, vou com a Kelly também. — silêncio. — Beijo,


Carla, te vejo amanhã na Night Dream. — Não me passou
despercebido o lugar aonde ela iria com as amigas. É a
mesma balada do outro dia que fui com Max e Daniel, a
mesma onde eu reconheci suas curvas de longe. Ela olha ao
redor, ao me ver, vem até mim que me levantei para a
cumprimentar.

— Boa noite, Daysi. — Segurei sua mão deixando um beijo


no dorso.

— Não sabia que ainda tinha clientes. — Sorriu, recolhendo


a sua mão da minha.

— E não tinha, vim apenas lhe parabenizar, todo mundo


adorou, principalmente minha irmã. Não poderia deixar de
vir lhe agradecer — Ela desviou o olhar quando o rubor
tomou conta de suas feições.

— Mu...muito obrigada — gaguejou um pouco, mas logo


focou seus olhos em mim. — Fico feliz em poder ajudar e
saber que você gostou...

— Eu amei, Daysi — eu a interrompi e me aproximei ainda


mais, sedento por sentir seu aroma mais uma vez. Mas ela
recuou e eu lamentei por dentro.
— Já agradeceu, agora precisamos ir. — Pegou as chaves da
porta e eu a ajudei a fechar o estabelecimento. — Muito
obrigada pela ajuda, Sr. Campari.

— Me chame de Humberto, por favor. — Pisquei para ela e vi


seu rosto esquentar, sorri ainda mais.

— Tudo bem, agora me deixe ir, está tarde, até segunda,


então?

— Até segunda, Daysi.

Mal sabe ela que terá o prazer de me encontrar amanhã na


balada.

Despedi-me dela e a vi ir embora em seu carro, atravessei a


rua e fiz o mesmo, seguindo para minha casa. Assim que
cheguei, mandei uma mensagem para Daniel o convidando
para o rolê amanhã. Vagabundo como era, me respondeu
num instante dizendo que iria comigo.
Capítulo 11

Finalmente o sábado chegou, eu não via a hora de relaxar e


curtir minha folga. Limpei a casa, respondi alguns e-mails e
me surpreendi com um e-mail do concurso informando a
data do primeiro desafio e o tema escolhido. Eu tinha
exatamente quinze dias para realizar a prova e usaria meu
tempo da melhor forma possível.

A noite chegou e eu fui tomar meu banho para me arrumar,


optei por um vestido de tule preto com detalhes na manga,
como era transparente, por baixo tinha um vestido mais
curto, justo ao corpo, valorizando-me e um decote
comedido. Nos pés, coloquei apenas um coturno também
preto.
Fiz apenas uma maquiagem leve, um batom nude tom
terroso um delineado bem-feito. Por fim, coloquei meus
brincos e um colar lindo que valorizava ainda mais meu
colo.

Satisfeita com o resultado, peguei meu celular, pedindo um


motorista pelo aplicativo, Não demorou para que o carro
chegasse, entrei e partimos rumo à casa da minha prima, de
onde seguiríamos para a mais nova balada da cidade. Eu
tinha gostado muito de ir a última vez.

Poucos minutos depois, o carro parou em frente ao prédio da


minha prima, desci e fui chamá-la, não demorou para ela
me atender e sair me puxando animada em direção ao
carro.

— Vamos logo, gata, que hoje eu não tenho tempo a perder


— disse, animada. — Estou a fim de beijar muito na boca
hoje, os turcos têm tirado a minha paz, preciso de algo real
para trazer uma animada nessa minha vida.

— Meu Deus! Você está descontrolada, garota. Vai em busca


do seu príncipe na balada?

Kelly não era pudica, apesar de ser bem romântica em busca


do amor verdadeiro, ela nunca deixava de se divertir.

— Nada de príncipes hoje, Day. Eu quero é um ogro para


baixar meu fogo. — Ela riu, se abanando e eu olhei seus
trajes, a mulher não estava para brincadeira. Toda de couro,
provocaria qualquer ogro que estivessem lá.
— Sem dúvidas irá encontrar um hoje, querida! — afirmei, já
entrando no carro e sendo seguida por ela.

— Deus te ouça, Daysi, Deus te ouça! — Juntou as mãos em


prece e depois gargalhou comigo. — Pode ir, moço, não
queremos perder tempo. — Colocamos o cinto e ele deu
partida.

Não demoramos a chegar, conseguimos ingressos da área


VIP, colocamos nossas pulseiras com nossa cor
correspondente. Eu e ela estávamos com a laranja, o que
significava que estávamos solteiras, estávamos dispostas a
ser cantadas e cantar algumas pessoas, mas não
necessariamente sairíamos para transar com elas.

Tentei localizar Carla no meio de tanta gente, estava quase


impossível, quando finalmente desisti da tarefa, meu olhar
se encontrou com os dele, sim, Humberto, dono da Joalheria
em frente à Dally. O mesmo Humberto que é meu novo
cliente e o cara que tem perturbado os meus sonhos e o
mesmo homem que tem se mostrado um tremendo
galanteador.
Ele sorriu para mim e acenou, sorri de volta e levantei uma
sobrancelha. Kelly parou bem na minha frente, quebrando
nosso contato visual, me trazendo de volta ao presente.

— Me diz que não estou bêbada e o cara que está ali


olhando igual um urubu para você é realmente o dono da
Campari — perguntou, eufórica, exagerando no suspiro que
deu no final.

— Sim, mas ele está apenas sendo educado.

— Então por que ele não olhou para mais ninguém desde
que chegamos?

— Kelly, acabamos de chegar, não exagera...

— Sim, acabamos de chegar, mas faz mais ou menos dois


minutos que vocês estão se olhando intensamente. — O que
ela falou me espantou, dois minutos? Isso não é verdade.

— Dois minutos? Tá louca? Só pode! — Quando ela nega me


olhando sério, me pergunto como isso pode ser possível.

— Promete que se eu sair da sua frente agora e ele ainda


estiver olhando para você, nós iremos até lá falar com ele e
seu amigo gato?

Amigo gato? Nem reparei que ele estava acompanhado.

— Prometo, mas ele não vai estar olhando para mim — falo,
torcendo internamente para ela estar certa e eu errada.

Então com seu sorriso safado, ela sai da minha frente,


lentamente me torturando. Meu coração bate forte, então lá
está ele, com seus olhos fixos em mim. Quando ele nota que
estou olhando de volta, novamente abre o seu sorriso lindo.
Aperto as minhas coxas para tentar frear o riacho que se
formou entre minhas pernas, molhando minha calcinha.

— Puta que pariu… — sussurrei e encarei minha prima. —


Acho que temos que ir até lá, não é mesmo?

Ela acena com a cabeça para eu ir primeiro e eu faço


exatamente isso, com passos decididos, caminho até ele lhe
dando meu melhor sorriso. Se ele me fez encharcar minha
peça íntima, eu tinha o dever de tentar fazer com que pelo
menos, sentisse um incômodo dentro da calça.

— Olá Daysi… — Ele me cumprimentou, estendendo a mão.


Sorri apertando sua mão de volta, mas ele simplesmente se
aproximou e me abraçou, deixando um beijo em minha
bochecha, bem perto dos lábios.

— Oi… — Tento parecer inabalada. — Que sorte te encontrar


aqui.

— Pois é, pura coincidência. — Não sei por que, mas seu


sorriso de lado não me deu tanta confiança em suas
palavras.

— Oi, eu sou a Kelly. — Minha prima se apresentou,


estendendo a mão para ele e seu amigo. — Você eu já
conheço da Campari — aponta para Humberto — e você?

— Olá, sou Daniel, ao seu dispor — ele se apresentou e a


abraçou já de forma íntima e lhe mostrou a pulseira verde,
sinal de que ele está disposto a tudo e é solteiro.
A safada gostou do que viu e piscou para ele, lhe mostrando
a sua laranja.

— Isso não impede nada, docinho — rebateu de imediato,


fazendo-a gargalhar.

— Ótimo, então me pague uma bebida, enquanto vamos


juntos, nós quatro procurar minha amiga.

Ele prontamente aceita e sai de lá com ela para comprar as


bebidas, nos deixando sozinhos. Meus olhos se voltam para
Humberto que estava subindo os olhos do meu decote para
minha boca.

— Você está gos... Linda!

Era nítido o que ele iria dizer, o que me agradou, adorava


ser elogiada, mas ele sabia bem quais palavras usar.

— Muito obrigada. Você até que não está mal — brinco e ele
que tenta focar o olhar no meu, mas fracassa muitas vezes,
pois parece que meus lábios estão tendo sua total atenção
no momento. Como também não presto, dei uma mordida
de leve no meu lábio inferior e ele pareceu soltar um
grunhido, me fazendo segurar o riso.

— Bebida? — É a única coisa que sai dos seus lábios.

— Aceito.

Seguimos para o bar e não deixei de reparar em sua pulseira


laranja, sorri por dentro ao constatar que ele ganhou um
ponto comigo.
— Você vem sempre aqui?

Tentei puxar assunto com o velho papo de cantada, mas não


foi nesse sentido. Eu o vi sorrindo e senti minhas bochechas
esquentarem.

— É a segunda vez que venho — respondeu.

— Nossa, eu também! Acredita?

— Pode ser uma resposta do universo nos mostrando o


quanto podemos combinar.

Arregalei os olhos e o vi me olhar intensamente, eu tinha


ficado em choque com suas palavras, como ele poderia falar
aquilo tão serenamente?

— Bem, não sei…

Foi só o que eu tinha sido capaz de falar. Ele pediu nossas


bebidas e me entregou a minha, bebi sem nem perguntar o
que era. Kelly e Daniel se juntaram a nós e seguimos em
busca de Carla. Senti meu celular vibrar em minha bolsa e o
peguei para ver o que era. E lá estava uma mensagem da
bendita, disse que teve um imprevisto e não conseguiria vir
hoje.

Informei a minha amiga que nem se importou, estava


entretida com Daniel. Nós quatro até que nos divertimos
juntos, ora conversando sobre coisas aleatórias, outra Kelly
querendo me expor falando do concurso, mas Daniel estava
mais focado em sussurrar sacanagem para ela usando
trocadilhos com as palavras que ela usava.
Fomos os quatro para a pista de dança, minha prima e o
amigo de Humberto pareciam mais um casal dançando, eu
sorri para eles e fiquei feliz por ela estar se divertindo.

Enquanto dançava no ritmo da música, senti as mãos de


Humberto em minha cintura, olhei para trás, só para
confirmar que ele estava colado em mim. Ele desceu o rosto
até meu pescoço e inalou meu cheiro de forma quente e
avassaladora.

Eu me arrepiei toda, fechei os olhos respirando forte,


tentando controlar minha libido. Tentei me afastar, mas ele
colou ainda mais atrás de mim e me virou para ficar de
frente para ele.

— Relaxa, Daysi, só sinta a música…

Ele estava com o rosto bem próximo ao meu, encaixou uma


perna entre a minha e me fez rebolar no ritmo da música, o
que fez sua coxa ter contato com minha boceta, porra quase
me descontrolei. Eu o afastei e sai em direção ao bar e pedi
uma dose de tequila, mas antes que eu bebesse, ele
segurou meu braço, me virando para ele.
— Fugindo de mim, bebê?

— Claro que não, só vim pegar algo para beber, me deu


sede.

— Ótimo, então podemos voltar para a pista… — eu o cortei


antes que terminasse.

— Vou ao banheiro…

— Qual é, Daysi? Não está curtindo? Porque seus olhos e seu


corpo dizem o contrário.

Sua mão caminhava para minha cintura, me puxando para


perto e a outra ia para minha nuca para me prender em
seus braços. Ele aproximou nossos rostos e continuou:

— Parece que só ficou à vontade comigo falando sobre


coisas banais ou, quando mordia o lábio várias vezes
durante a noite. Quando percebia que eu estava olhando
esses lábios carnudos, que parecem me convidar para
devorá-los.

Arfei com suas palavras, mas eu sabia que nada disso era
certo, caralho, ele era meu cliente. Cliente.

— Me diz, Daysi, você gostou de me provocar, não é? Mas


quando eu invisto, você parece correr… — Sorri sem graça
alguma, mas olhava em seus olhos. — Tenho cara de quem
gosta de brincar de paquerar, Daysi? Pois te garanto, se
invisto, é porque estou muito a fim.

— Na...Não… — Consegui dizer com um pouco de fôlego que


me restava.
— Então você não está a fim, é isso? — perguntou, sério.

Pisquei algumas vezes e forcei para me afastar e ele me


soltou, esperando a resposta.

— Não é isso… Só que… não podemos fazer isso… —


Apontei para nós dois.

— Por quê? Não vejo motivos, pois está nítido o quanto


estamos atraídos um pelo outro.

— Você é meu cliente, não misturo trabalho com prazer,


Humberto — falei minha lógica e ele  riu na minha cara.

— Que desculpa mais esfarrapada, bebê. Aqui somos um


homem e uma mulher, assim como todos ao nosso redor.

— Como vou olhar para você depois e não lembrar do que


faremos aqui? — rebati.

— Se para ter algo com você, eu tiver que deixar de ser seu
cliente, eu o farei…

— O quê? Tá louco? Não. Humberto não é assim que vamos


resol…

Ele não me deixou terminar de falar e colou nossos corpos,


aproximando sua boca da minha, me fazendo prender a
respiração.

— Daysi o que eu mais quero desde que te vi chegar, é


beijar essa sua boca, caralho ela está me deixando louco. E
eu vou te beijar agora, a menos que você mande eu me
afastar. E ai? Qual sua resposta?
Como ele queria que eu pensasse sobre sua pergunta com
seu corpo colado no meu? Em vez de o afastar, segurei a sua
camisa, o trazendo mais para perto e arfei.

— Humberto… — Foi tudo o que eu consegui dizer antes de


sua boca tomasse a minha com fome e desejo.

Quando nossas bocas se chocaram, meu corpo todo


estremeceu. A mão que estava em minha lombar, me
segurou firme, me fazendo sentir o quanto me desejava.
Abri meus lábios convidando sua língua que entrou ávida
em minha boca, sem calma, apenas fome.

Eu me segurei nele para não desabar, minhas pernas


estavam bambas, meu corpo inteiro respondia a ele. A mão
em minha nuca, agora segurava meus cabelos
aprofundando ainda mais o beijo. Nossas línguas duelavam,
uma querendo tomar tudo da outra.

Soltei um suspiro mas, não deixamos de nos beijar. Quando


o ar se fez necessário desfez o beijo, chupando meu lábio
inferior e desceu os beijos para meu queixo e depois
pescoço, me fazendo segurar em seus cabelos.

Lentamente, abri meus olhos e foquei nos dele, mas só


identifiquei chamas, assim como o fogo que eu sentia
dentro de mim. Aquele homem me levaria à perdição e eu já
não ligava mais para as consequências.
Capítulo 12

Nos afastamos, prendi meus olhos nos dela e vi o desejo


latente dentro deles. Minha mão se manteve em sua cintura,
prendendo-a junto a mim.

— Você faz ideia do quanto eu desejei fazer isso, todas as


vezes que você mordia esses lábios para me provocar? — 
Ela estava arfante, mas confirmou com a cabeça.

— Talvez, sim. — Colocou uma mecha de cabelo atrás da


orelha. — Você não parava de olhar para eles.

— Como era possível? Eles me chamaram atenção assim


como você.

— Deixa de galanteios, Humberto, deve falar isso para


quantas? — Sorriu de mim e saiu do meu agarre, indo em
direção à pista de dança novamente. — Vem, vamos dançar.

— Não faço isso com todas, me deixe te mostrar que


realmente tenho interesse em você. — Ela se mexia no ritmo
da dança e eu me posicionei atrás dela, antes de sussurrar
em seu ouvido.

Ela respirou fundo antes de se virar para mim novamente,


parecia estar em conflito consigo mesma. Lembrei-me do
que falou, sobre não se envolver com clientes e isso me
deixou em alerta, realmente estava atraído por ela.
Não disse nada, apenas rodeou os braços ao redor de meu
pescoço, instintivamente minhas mãos foram parar em sua
cintura.

— Falo sério, você me enfeitiçou com seus doces divinos,


bebê. — Pude ver o brilho em seu olhar quando eu falei de
sua profissão e um grande sorriso tomar conta de seus
lábios.

— Não tenho culpa se você não pôde resistir. — Deu de


ombros, mas continuou: — Fico feliz de ter gostado dos
meus doces.

— Sim, gostei. — Desço minha boca até seu ouvido. —


Porém gostei ainda mais de conhecer quem os faz.

Ela se arrepiou, não pude resistir, beijei o local atrás de seu


ouvido e a senti arfar.

— Seu sabor é incrível, Daysi, me deixe provar de novo, não


pense demais, bebê. — Achei que ela fosse se afastar, no
entanto me surpreendeu.

— Estou te impedindo?

Foi o que bastou para minha boca voltar a devorar a dela,


que me recebeu sem resistência, com uma fome igual à
minha.

Pedi passagem para invadir sua boca com a língua, quando


ela permitiu, nossas línguas duelaram como se estivessem
em uma batalha.

Seus dedos se infiltraram em meus cabelos, puxando-os


para perto, minhas mãos passearam de sua cintura até os
quadris e pressionei meu volume contra sua pelve.

— Porra, Daysi, assim eu não vou aguentar — sussurrei


enquanto descia os beijos para seu pescoço.

— Vamos com calma, Humberto — disse um pouco


ofegante.

Mentalmente mandei comandos para meu pau se acalmar,


estava parecendo um adolescente sem experiência.

— Você tem razão.

Voltamos a dançar. A noite foi maravilhosa, curtimos muito


juntos, divididos entre dançar e trocar alguns beijos.

Ela era uma mulher livre, solta, que amava dançar. Percebi o
quanto tudo aquilo a fazia bem, o sorriso não saia do seu
rosto e porra, eu estava encantado com aqueles lábios.
Daysi se mostrou uma mulher dona de si, sem se importar
com os olhares de julgamento direcionados a ela. Sim, eu
percebi e quis mandar todos eles se fuderem.

Mas também fez com que eu me questionasse, será que é


sempre assim? Será que ela tem que lidar diariamente com
isso? E eu? Já fiquei parado julgando as pessoas por quem
elas são, ou como se vestem?

Mas ela em momento algum deixou de dançar, se divertia


comigo e me provocava. Sério, todas as vezes que ela
rebolava aquela bunda, eu ficava louco, minha mão se
fartaria naquele traseiro grande e gostoso.

Já perto das duas da manhã, ela e sua prima foram para


casa, eu e Daniel as deixamos dentro do táxi, logo depois,
cada um pediu sua carona e fomos para nossa casa
também.

Um banho gelado assim que cheguei em casa não foi


suficiente para desarmar meu pau que latejava por ela, há
muito tempo não fazia isso, mas tive que me aliviar com
ajuda das minhas mãos.

Enquanto massageava de forma prazerosa meu mastro,


pensei nela, ajoelhada em minha frente, tomando meu pau
com aquela boca carnuda, sugando tudo de mim.

Com essa imagem em minha mente, meu pau latejou, um


gemido saiu de meus lábios e acelerei os movimentos da
minha mão.
Seu rosto parecia bem real em minha cabeça, ela olhando
pra mim, com seus lindos olhos castanhos, implorando para
que gozasse em sua boca, aquilo foi demais pra mim.

Joguei a cabeça para trás e gozei forte, meu líquido escorria


na palma da minha mão enquanto eu continuava me
masturbando. Quando finalmente não restou mais nada, me
lavei satisfeito, imaginando se iria realizar essa fantasia um
dia.

De banho tomado, vesti apenas uma boxer, me atirei na


cama e não demorei muito a dormir pensando na minha
deusa dos doces.
Capítulo 13

No domingo, acordei depois do meio-dia, estava atrasada


para o almoço com meus pais, então mandei mensagem
dizendo que chegaria em breve, corri para o banheiro para
não perder tempo.

Já no carro, liguei a música e segui para casa dos meus pais.


Foi inevitável não pensar na noite de ontem, em Humberto e
seus beijos deliciosos, fazia um tempo que eu não era
beijada com tanto desejo assim.

Ele simplesmente me deixou de pernas bambas com todo


seu cuidado e atenção. Não sei se Kelly tinha percebido, pois
passou a noite toda atracada com Daniel, que parecia muito
gente boa.
Humberto ontem me tratou como eu adoro ser tratada, com
cuidado e desejo. Ele realmente parece diferente do último
cara que eu saí, que eu via que estava atraído por mim, mas
minhas curvas ainda eram um problema, mas eu não tive
problema em o mandar “pastar” por aí.

Estacionei na casa dos meus pais e fui recebida por meu pai
na porta, com seus braços abertos, onde me aninhei e me
senti em casa.

— Oi papai, estava com saudades do senhor. — Ele me


aperta ainda mais e beija o topo de minha cabeça. — Sua
benção?

— Deus te abençoe, minha filha. Eu também senti sua falta,


parece que esqueceu dos seus velhos — brincou, me
soltando do seu agarro.

— Meu Deus quanto drama, pai. — Rindo, entrei em casa


procurando minha rainha, minha mãe.

— Mãe, o que está acontecendo com o papai que está tão


carente? — perguntei alto, indo em direção à cozinha, de
onde cheiro de estrogonofe vinha forte.

— Você sabe que toda vez que você demora a vir, ele fica
assim, filha — respondeu ela enquanto limpava as mãos no
pano de prato antes de me puxar para um abraço.

— Que saudades mãe, sua benção?


— Deus te abençoe, filha. Fiz estrogonofe porque sei que
ama e temos que comemorar por você ter conseguido entrar
no concurso.

Meus pais, assim como minha prima, estavam radiantes


com a notícia e isso me enchia ainda mais de esperança.

— Muito obrigada, mãe, estou com medo, porém confiante


— confessei.

— Não precisa ter medo, meu amor. — Meu pai se juntou a


nós. — Se Deus permitiu você passar, é porque ele é
contigo.

— Amém, pai. — Beijo sua bochecha.

Minha mãe nos serviu e começamos a comer e a conversar


sobre os últimos acontecimentos, fiquei sabendo que iriam
viajar para Porto de Galinhas, lá em Pernambuco para
comemorar o aniversário de casamento, mês que vem o que
me deixou animada.

Todos os anos eles viajam juntos, seja no aniversário de


casamento ou no deles mesmo. Eles parecem dois
adolescentes no início de namoro, estão sempre se
presenteando ou viajando para manter a chama da paixão
acesa como diz meu pai.

Acho muito lindo o relacionamento deles e como os trinta


anos de casamento parecem se renovar a cada dia. São
raras as vezes que discutem, mas nunca os vi intrigados um
com o outro.
Passei a tarde com eles e à noite fui para casa, afinal,
amanhã seria segunda e o trabalho não para.

Cheguei em casa e logo tomei banho, me deitei na cama


apenas com uma camisola, estava bem quente à noite.

Senti meu telefone vibrar no móvel ao lado da cama e o


peguei, vendo o nome de Humberto piscar na tela. Trocamos
nossos números de celular na noite anterior.

Humberto: “Boa noite, pensei em você o dia todo.”


Capítulo 14

Sorri ao ver sua mensagem e não demorei a responder.

“Boa noite, acho que sofro do mesmo mal.”

H: “Fico muito feliz em saber disso. Como foi seu


dia?”

“Fui visitar meus pais, nada de mais. E você?”

H: “Passei boa parte do dia com minha sobrinha, ela


é um furacão em pessoa, me deixa exausto.”

“Eita que farra, hein? Pelo visto são bem próximos."

H: “Somos mesmo, aquela pequena me tem nas


mãos. Aliás, ela quem me apresentou seus doces.”
Não conhecia a pequena, mas ela já me conquistou, não
demorei a responder:

“Fico imensamente feliz em saber disso, terei uma eterna


dívida com ela. Vai poder comer qualquer doce grátis da
Dally”

H: “Não fale isso, vai a falência com aquela


garotinha.”

“Valerá a pena."

Ficamos conversando sobre coisas aleatórias por alguns


minutos até que ele chegou exatamente ao assunto que o
levou a me mandar mensagens.

H: “O papo está delicioso, mas o que eu quero saber


mesmo, é se você aceita jantar comigo amanhã à
noite."

“Um encontro, Sr. Campari?”

H: “Se fosse, aceitaria?”

"Não está muito cedo?”

H: “Que mulher difícil, hein? Então só um lanche no


shopping perto da loja?”

Eu não queria me apegar a nada ainda, por mais que ele


seja incrível, mal nos conhecemos e eu aprendi a ser
cautelosa com o tempo.
“Sendo assim, eu aceito. Não estou sendo difícil, só quero te
conhecer melhor.”

H: “Fizemos isso ontem, até demais, não acha?”

Seu comentário fez com que eu me arrepiasse, ele tinha o


poder de me acender facilmente, se soubesse disso, eu
estaria ferrada.

“Não, estávamos ocupados demais para nos conhecer.”

H: “Então foi minha ocupação favorita do dia. Posso


estar ocupado amanhã à noite também, se você me
permitir. Adorei ver o quanto se arrepiava quando eu
sussurrava em seu pescoço.”

Droga! O que ele está fazendo?

Lembrar do que fizemos ontem me deixou úmida no centro


das minhas pernas. Não resisti e esfreguei uma perna na
outra, mas não foi suficiente.

Merda, o que está acontecendo comigo?

O aparelho voltou a vibrar indicando mais uma mensagem


dele.

H: “Você está aí? Fui longe demais?”

Achei linda sua preocupação e isso só me mostrou o quanto


ele era diferente, me fazendo desejar repetir agora mesmo a
noite de ontem.
“Não, só me deixou sem palavras. Também gostei de ontem,
mas nada de encontros agora, um lanche está ótimo.”

H: “Tudo bem então, te vejo amanhã. Boa noite. E


sinta-se beijada no seu ponto mais sensível atrás da
orelha. Espero que fique arrepiada, pois estou como
ontem, se é que me entende ;)”

“Até amanhã. Boa noite. Sinta-se beijado também, onde


quer que sua imaginação te leve.”

Tive que provocar, não seria a única a ficar excitada aquela


noite. Ele não me respondeu, apenas visualizou, o que quer
dizer que minha missão deu certo.

No dia seguinte, acordei no horário de sempre, só que muito


mais disposta. Arrumei a casa ao som da minha diva,
Meghan Trainor.

Quando deu minha hora, me arrumei e fui direto para a


Dally, um dos meus maiores prazeres da vida era ir para
minha confeitaria.

Entrei no carro e segui para lá. Quando estacionei o veículo


e me afastei, já na entrada da loja, algo chamou minha
atenção, olhei para o outro lado da loja, e lá estava ele, me
observando através de sua enorme janela do escritório,
vestindo seu terno, todo elegante, com um sorriso nos
lábios. Ele acenou para mim, eu dei uma piscadinha e
acenei de volta.
Depois dessas boas-vindas maravilhosas, meu sorriso se
ampliou e fui trabalhar, mais alegre, contando os minutos
para o expediente acabar.
Capítulo 15

Na segunda, cheguei cedo na Campari, tinha uma reunião


online no primeiro horário. A tecnologia tem suas
vantagens, não precisamos estar presentes em todos os
momentos, só quando for imprescindível.

Não houve nenhum problema e a reunião seguiu


tranquilamente, fechamos mais uma parceria para o evento
de lançamento da nova coleção de Melissa. Ela estava uma
pilha de nervos e Max era quem mais sofria, me deixando
até com pena do meu amigo.

Eu estava bem ocupado que mal vi o tempo passar, mas


quando finalmente o ponteiro do relógio marcou meio-dia,
me levantei e fui para a imensa janela do escritório e vi
exatamente o que eu desejava, o carro dela estacionando.
E lá estava ela, linda, poderosa e gostosa. Eu não sabia
como, mas ela conseguia ficar mais atraente a cada dia.

Como um ímã, sua atenção foi atraída para mim, acenei


para ela que retribuiu com uma piscadinha de olho e um
aceno, não demorou muito e entrou.

Sorrindo, voltei para minha mesa, no mesmo instante minha


sala foi invadida por Thais, o que fez meu sorriso
desmanchar como num passe de mágica.

— Mas o que é isso, Thais? Você nunca bater na porta antes


de entrar? Que saco — disparei, indignado e ela me olhou
como se estivesse ofendida.

— Nossa que grosseria, Beto, nunca precisei antes — disse


enquanto se aproximava e sentou-se em minha mesa, bem à
minha frente.

— Você sabe que essa mania sempre me irritou, ainda mais


agora que não estamos mais juntos.

Eu me levantei tentando manter distância entre nós dois e a


calma dentro de mim, pois estava ficando insuportável suas
investidas.

— Não sei por que você tenta fugir, Beto, sabe que fomos
feitos um para o outro, me dá uma chance. — Não percebi,
mas quando dei por mim, ela já está ao meu lado, alisando
meu braço, segurei seu punho imediatamente e a afastei.
— Não sei mais o que faço para você aceitar que acabou,
Thais. Não tem mais volta, para de insistir. — Eu a afastei
com delicadeza e lhe indiquei a porta.

— Se não tem mais nada para me dizer, volte ao trabalho,


não quero mais falar sobre o que passou, quero apenas ser
seu amigo.

— Beto, eu ainda te amo, nos dê mais uma chance. — Não a


deixei continuar com aquele discurso.

— Chega, Thais!

— Tudo bem, mas não vou desistir — disse enquanto


encarava meus olhos e eu bufei de raiva.

Caralho, ela nunca vai entender?

— Mas eu não vim só para isso. Quero saber se já tem a data


do lançamento da Mel, ela me pediu ajuda e eu preciso
organizar tudo a tempo.

Como não queria render muito com ela em minha sala, trato
tudo rapidamente e em poucos minutos, ela se vai.

Massageei a têmpora e respirei fundo, me recostando na


cadeira. Eu tinha que arrumar um jeito de fazer com que
Thais entendesse de uma vez por todas que não tínhamos
mais volta, mas falar diretamente, parece não ter sido
suficiente.

Por volta das quatro da tarde, meu pequeno furacão entrou


em minha sala e teve minha total atenção.
Bella estava sempre contente e alegre, mas naquele dia,
estava quieta demais, eu tinha que saber o que estava
acontecendo.

— O que é que minha pequena tem? Aconteceu alguma


coisa, para você estar tão quieta? — Ela suspirou e me
encarou com os olhos marejados.

— Sabe o que é, tio Beto? Hoje uma coleguinha da minha


sala disse, que nunca vou conseguir ser uma bailarina de
verdade, só porque eu como muito docinhos e vou acabar
exprudindo. E eu não quero exprudir.

O comentário me espantou, como assim crianças de cinco


anos já tem esse tipo de pensamento?

— Meu amor, não pense nisso, você é linda e dedicada,


nunca vai explodir por comer muitos doces, é impossível. —
Ela me olhou com atenção. — E tenho certeza de que vai ser
uma bailarina incrível.

— Mas tio, ela falou que vou ficar gorda, eu não quero ficar
feia e gorda.

Suas palavras me fizeram ficar ainda mais em alerta.

— Quem disse que pessoas gordas são feias? Ser gordo não
é errado, sabia Bella? Tem pessoas que são gordas por
algum tipo de doença e outras porque simplesmente
gostam, ninguém deveria chama-las de feias por disso.
— Desculpa, tio. Mas a Gabi disse para mim essas coisas, as
outras meninas concordaram e ficaram rindo de mim.

— Mas elas estão erradas, você não tem que acreditar no


que essa Gabi fala, você é linda, vai ser a melhor bailarina
do mundo e vai continuar comendo seus doces quando
quiser, mas com cuidado para não ficar doente, entendeu?

— Tá bom, tio Beto. Você é o melhor tio do mundo todinho.

A pequena me abraçou e no mesmo instante, eu retribuí,


beijei o topo de sua cabeça, mas minha mente não parava
de pensar em nossa conversa. Teria que falar com minha
irmã e Max sobre o que aconteceu com Bella.

Passamos o restante da tarde juntos até que sua mãe a


levou para casa, mas não antes que eu comunicasse a Mel o
acontecido, que também ficou boquiaberta com os
comentários e afirmou que vai conversar melhor com a filha.

***

No horário de sempre, vi Daysi fechando as portas do


estabelecimento e fui a seu encontro. Sem que ela visse, me
aproximei com cuidado e sussurrei em seu ouvido:

— Perdeu…

Ela na mesma hora congelou, levantando as mãos.

— Pode levar a bolsa, pode levar tudo, mas por favor, me


deixe ir embora?

— Não quero nada disso, quem sabe um beijo?


Ela se assustou ao sentir minha boca bem atrás de sua
orelha, e finalmente reconheceu minha voz.

Com toda rapidez, Daysi se virou e me empurrou, cruzando


os braços, me encarando com um olhar mortal.

— O que você tem na cabeça, Humberto? Quer me matar de


susto?

Tentei segurar o riso, mas era impossível.

— Desculpe, mas não resisti, você estava muito distraída.

— Caramba, você poderia ter me matado. — Respirou,


aliviada. — Você merecia ir lanchar sozinho, sabia? Se quer
conquistar alguém, não deve assustá-la, você deveria saber
disso, bonitão. — Finalmente parecia que ela tinha levado
na brincadeira, o que me deixou contente.

— Não, por favor, prometo me redimir. — Peguei sua mão e


beijei. — Esqueça esse episódio horrível.

— Esse charme não vai colar comigo, você já estragou tudo,


mas vou aceitar, pois estou com muita fome — falou,
sorrindo, enquanto caminhava até seu carro. — Nos
encontramos no estacionamento do shopping?

— Sim, eu vou seguindo seu carro com o meu, assim


chegamos juntos.

— Por mim, está perfeito. — Depois que ela destravou seu


carro, abri a porta para que ela entrasse.
Fui até o meu e dei partida seguindo o seu carro até nossa
próxima parada.

Quando chegamos, fui ao seu encontro, ela me olhou,


parecia que ia falar algo, mas eu não podia esperar, a
coloquei contra a parede próxima à sua vaga e colei nossos
corpos.

— Estou louco para sentir seu sabor novamente.

Sem lhe dar mais alternativas, sabendo que ela queria o


mesmo que eu, tomei sua boca com desejo.

Quando nossas línguas se encostaram, seu sabor explodiu


em minha boca, provei cada pedacinho dela, sabendo que
ela fazia o mesmo.

Seu gemido entre o beijo me fez intensificar um pouco mais,


minha mão foi até sua nuca, prendendo-a a mim, as dela
estavam apoiadas em meu peito, me fazendo um leve
carinho.

Desfiz o beijo quando foi necessário, mas desci meus lábios


para seu pescoço antes de me afastar.

— E aí? Estava com o mesmo sabor de sábado? — ela me


provocou.

— Não, estava muito melhor. — Pisquei um olho e a vi corar


como eu tanto gostava.

Não sei como ela conseguia ser sedutora e ainda assim corar
com minhas investidas.
Eu me afastei dela e lhe dei meu braço, sem protestos, ela
aceitou e juntos fomos em direção à praça de alimentação.
Capítulo 16

Chegamos na praça de alimentação e ao contrário do que eu


pensei que faria, me levando em algum restaurante
caríssimo, me levou no MC Donald, sorri pois é minha
segunda loja favorita.

— O que você vai querer? Pode ficar sentada que eu faço o


pedido para nós.

Como sempre cavalheiro, ele puxou a cadeira para que eu


me sentasse, e assim eu fiz.

Confesso que adoro esses mimos, fez com que algo em mim
se aqueça.

— Tá bom, vou querer um Big Mac, uma porção média de


batatas e uma Fanta laranja.
— Ótimo pedido, vou lá e já volto.

Ele foi até o balcão e fez nossos pedidos, poucos minutos


depois, voltou para a mesa com o número do pedido que iria
ser exibido no painel quando estivesse pronto.

— E aí, como foi seu dia? — perguntou.

— Tranquilo, mas fiquei treinando algumas receitas para o


concurso.

— Ah sim, e aí já escolheu o que vai fazer?

— Ainda não, estou bem indecisa, mas ainda tenho tempo,


mas estou empolgada, gostei de todos os sabores —
prossegui, contente em falar um pouco sobre minha arte
com os doces. — Faltam alguns dias ainda, mas sei que
tenho real chance de conseguir passar para a próxima
etapa.

— Que legal! Onde vai ser essa primeira seleção? Aqui


mesmo em São Paulo? — perguntou, curioso.

— Sim, lá no centro de convenção, daqui a pouco, em


menos de quinze dias. Está convidado, se quiser ir ver. Como
as bancadas vão ser distribuídas pelo salão, o público
também poderá assistir, juntamente com os jurados.

— Já que insiste, estarei lá, é só de dizer qual a data e o


horário que farei questão de ir e torcer por você — disse, me
fitando com aquelas duas lagoas azuis intensas, que são
seus olhos.
Eu me vi presa nos olhos deles, cheio de promessas não
ditas. Sem conseguir fazer qualquer outra coisa, desci meu
olhar por sua face, fazendo mais uma pequena inspeção.

A barba, não era estilo lenhador, nem era rala como se


tivesse sido feita há alguns dias. Tinha um tamanho ideal
que eu considerava confortável. E meu Deus, quando
admirei sua boca, ele fez o favor de sorrir meio de lado, o
que me fez arfar.

Só então desviei de volta minha visão para seus olhos,


pisquei algumas vezes tentando trazer algum equilíbrio
para meu corpo e coração. Só então pude falar novamente:

— Vou adorar.

Ele segurou minha mão por cima da mesa, e a acariciou


com o polegar o dorso.

— Quando você se distrai me analisando e fica com esse


olhar de desejo, eu fico duro, porra. Você tem que parar, ou
me deixar avançar, Srta. Amorim.

Arregalei os olhos ao ouvir ele dizer tal coisa, e fiquei


molhada, pelo jeito formal que me chamou.

Observei a minha volta me certificando de que ninguém


ouviu e voltei minha atenção para ele.

— Meu Deus, Humberto, se alguém ouvisse isso? Estamos


em público — eu o repreendi.
— Relaxa, Daysi, ninguém ouviu, não sou louco. — Ele teve a
cara de pau de rir de mim, mas não consegui ficar com raiva
e sorri de volta.

— Melhor assim. — Puxei minha mão da sua e tentei


disfarçar minha preocupação.

Não era uma pessoa pudica, mas gostava de privacidade.

— Não pra mim, continuo como uma pedra, e seu rosto


corado, por medo de alguém ter escutado o que eu disse,
não me ajuda em nada. O que você fez comigo, mulher?

Mexi no cabelo e sabendo que ninguém ouviria, me inclinei


para frente e sussurrei:

— Se te serve de consolo, também estou sentindo um


incômodo entre as pernas.

Assim que terminei de falar, ele rosnou entre dentes e me


olhou com tesão.

Merda, cutuquei a onça com vara curta!

— Daysi... — antes que ele continuasse, o som do painel do


caixa apitou e vi nosso número do pedido piscando.

Salva pelo gongo!

— Nosso pedido está pronto, me dá o papel que eu busco —


ofereci, sabendo que ele poderia dar bandeira se fosse até lá
no estado em que estava.
Ele me entregou o papel, ainda com aquele olhar intenso e
rosto sério, que me fez rir.

Fui até o balcão e fiz a retirada do nossos pedido e levei a


bandeja até a mesa, me sentando em seguida.

— Como você consegue parecer tão certinha a ponto de


corar com minhas sacanagens e ser safada na mesma
medida?

— Não sei do que você está falando. — Eu  me fingi de


desentendida, enquanto levei uma batata à boca,
degustando.

— Ah, você sabe, sim. — Sorriu safado e começou a comer


comigo.

A noite evoluiu bem, conversamos um pouco sobre nós, ele


me falou um pouco dos novos projetos da joalheria e me
convidou para a nova estreia da coleção de sua irmã, daqui
a três meses.

Pelas minhas contas, vai ser um pouco antes das etapas se


eu passar para a primeira classificatória, lá em Paris. Então
mesmo que eu passe, conseguirei comparecer sem
problemas ao lançamento.

Por volta das onze da noite infelizmente, tínhamos que nos


despedir, ele me levou até meu carro e mais uma vez, me
beijou, até sugar todo meu ar.
Como se não estivesse satisfeito, esfregou sua ereção em
mim e passou a língua pelo meu pescoço.

— Porra, Daysi, eu daria tudo pra te foder agora mesmo.

Seu olhar buscou o meu e eu o fitei de volta. Eu também


estava no meu limite, mas odiava transar no carro. Para mim
não era confortável e não estávamos em um local
apropriado.

— No carro não rola, muito menos aqui. — Eu me afastei,


ofegante e apontei para as câmeras do local e ele me cobriu
com seu corpo, me fazendo sorrir ainda mais.

— Desculpe lhe expor assim.

— Não se preocupe com isso, não aconteceu nada de mais.


Hoje não tem como, por mais que a proposta seja tentadora.
— Alisei seu rosto e lhe dei um selinho. — Mas quem sabe
no próximo encontro?

Seu rosto se iluminou com o que eu disse, ele desceu a mão


até minha bunda e a apertou, antes de falar:

— Pensei que o que rolou hoje não tivesse sido um encontro.

— Não seria, mas não foi só um lanche entre amigos, você


sabe bem. — Olhei para seu membro duro coberto pelas
roupas e ele entendeu meu recado, apertando novamente
minha bunda.

— Você tem toda razão. — Ele beijou a ponta do meu nariz e


me deu um selinho. — Quer sair comigo quarta à noite?
Amanhã, não poderei.

— Ficarei contando os minutos então — falei,  rendida, pois


em seguida, ele tomou minha boca na sua, mais uma vez.
Capítulo 17

Saí do banho com a toalha enrolada na cintura, e caminhei


até a cama onde já estavam as peças escolhidas, optei por
uma roupa menos formal.

Já no carro, conferi mais uma vez endereço de Daysi em


meu aplicativo de mensagem e segui para lá. Não ficava
muito longe da minha casa, apenas quinze minutos de
carro.

Chegando lá, desci do carro e fui até sua porta tocar a


campainha. Não demorou para que ela abrisse a porta, me
deixando hipnotizado com tanta beleza.

Ela estava com um vestido verde, que desenhava bem suas


curvas de modo que tudo ficasse em harmonia. O decote,
embora contido, me deu um pequeno vislumbre do que seu
vestido cobria.

Estendi minha mão para ela, que aceitou sem demora. Levei
sua delicada mão até meus lábios e beijei sem pressa.

— Você está linda.

— Muito obrigada, você também não está nada mal —


brincou.

— Bom saber, já que minha acompanhante está tão linda,


não ficarei para trás.

— Te garanto, que nunca ficará para trás. Tenho certeza de


que tem conhecimento de sua beleza. — Colocou uma
mecha de cabelo para trás e sorriu.

— Não mais que você. — Pisquei.

— Não posso discordar — falou enquanto trancava a porta.

— Não mesmo. Vamos lá, hoje, a noite será uma criança.

Eu a levei até o carro e abri a porta. Dei a volta no carro e


me acomodei devidamente antes de voltar minha atenção
para ela.

— Estou me controlando para não beijar essa boca


tentadora, não quero estragar seu batom. — Dessa vez, ela
não corou e virou para mim mordendo o lábio.

— Quem sai perdendo é você, o batom é apropriado para


não borrar em nenhuma ocasião.
Sua frase foi o estopim para mim, avancei para cima dela, e
tomei seus lábios deliciosos, já estava completamente
viciado deles.

Nossas bocas encontram um ritmo só delas, nossas línguas


dançavam em sintonia, enquanto meu corpo reagia
totalmente aquele ato tão gostoso e carnal.

Quando o beijo acabou, ela então chupou meu lábio inferior,


fazendo meu pau dar sinal de vida.

Meus olhos finalmente percorreram sua boca, e para minha


surpresa, realmente o batom estava intacto, me fazendo
imaginar, como seria, ter seus lábios envolta do meu pau,
ficaria intacto, com meu gozo escorrendo por eles?

Estava louco para descobrir.

— Realmente não saiu, mas eu me esforçarei ao máximo


para testar a resistência.

— Dê o seu melhor, Sr. Campari. — Deu de ombros e se


acomodou melhor no banco.

Eu dividia minha atenção entre a estrada e ela ao meu lado,


que olhava a rua e comentava sobre algumas coisas
aleatórias, sem deixar o clima estranho por ser o nosso
primeiro encontro.

A noite só estava começando.

Alguns minutos depois, chegamos no restaurante em que eu


tinha feito a reserva. Estacionei o carro, me apressei em sair
e o contornei para abrir a porta para Daysi e estendi minha
mão para ajudá-la a se levantar.

— Muito obrigada — agradeceu e segurou minha mão. —


Não conhecia esse restaurante, ele é tão bonito — disse,
avaliando a fachada do lugar.

— Lindo, não é? É o meu preferido. — Segurei sua mão e a


levei para dentro, a recepcionista perguntou eu tinha
reserva e lhe disse meu nome, quando o achou na agenda,
nos levou até nossa mesa.

Pedi algo mais reservado, uma mesa afastada do salão,


separados por uma cortina fina, que nos deixavam isolados
dos demais. A luz baixa, a mesa nos dando uma vista linda
da cidade iluminada.

O ambiente era aconchegante e romântico, ela merecia o


melhor e não poupei esforços para isso.

Eu me virei para Daysi e vi seu olhar admirado olhando tudo.


Seu sorriso no rosto indicava que eu alcancei meu objetivo
de lhe surpreender e me senti um filho da puta sortudo.

A recepcionista nos deixou a sós e eu aproveitei para soltar


sua mão, e puxei a cadeira para que ela se sentasse, ainda
boquiaberta com o local, ela se sentou e finalmente, focou
aquelas duas esmeraldas nos meus olhos.

— Meu Deus, Humberto, que lugar incrível. Eu estou sem


palavras. Tudo isso é — faz um gesto com a mão indicando
tudo a nossa volta — incrível, muito lindo e me sinto
lisonjeada com esse encontro.

— Você merece, ou achava mesmo que eu lhe levaria para


comer em um lugar qualquer? Você merece o melhor, Daysi.
Já te disse, você me enfeitiçou, e estou lutando para fazer o
mesmo com você.

— Então receio que não vai precisar de muito, pois estou


começando a ficar ainda mais encantada por você.

— Isso é bom, levando em conta que você considerou, não


me dar uma chance pelo mero motivo de eu ser seu cliente.
— Eu a faço sorrir.

— Ainda bem então, que eu quebrei minha regra, pois não


me arrependi de ter me permitido estar com você —
confessou. Seu olhar não deixou o meu, e pude sentir algo
dentro de mim se acender.

Era estranho e ao mesmo tempo tão bom, esses


sentimentos que estava descobrindo. Não podia definir
ainda o que era, mas sem dúvidas, era a melhor sensação
que alguma mulher já me fez sentir.

— Eu fico muito contente em saber disso e ainda vou te


mostrar o quanto ainda pode ficar melhor.

Ela mordeu o lábio inferior, isso fez que meu pau


respondesse imediatamente. Porra, queremos essa mulher.

— Pare de morder esse lábio, ou não respondo por mim.


— Você não pode falar essas coisas, e esperar que eu não
sinta nada — ela me repreendeu, o que tornava tudo mais
gostoso.

— Bom saber que estamos na mesma página, Daysi, porque


o que quero essa noite, não pode ser adiada. Mas como sou
um cavalheiro, tenho que alimentar bem minha
acompanhante.

Ela apenas sorriu e eu chamei o garçom para fazer nosso


pedido. Mandei trazer uma garrafa de vinho para bebermos
enquanto a comida não chegava.

Deixei os talheres sobre a mesa quando acabei de comer e


sorvi da taça o último gole de vinho.

Daysi também acabou com seu vinho e comida, e eu estava


mais do que ansioso para tirá-la daquele lugar.

— Vai querer alguma sobremesa? — perguntei, mesmo


sabendo qual seria sua resposta.

Assim como eu, ela também não conseguiu esconder o


desejo latente entre nós. Conversamos sobre nossa vida
pessoal durante o jantar, mas o desejo estava ali,
aguardando apenas o momento certo.

— Não, e você? — disse quase sem folego, só escutei porque


estava bem atento a cada movimento de seus lábios.

— Também não. Vou pedir a conta. — Fiz sinal para o


garçom pedindo a conta e ele não demorou muito a trazer.

Depois de pagar tudo, a conduzi até meu carro, não queria


perder muito tempo, mas não encostei nela na ida ao
veículo, pois corria um grande risco de não conseguir parar
mais.

Ela também parecia estar por um fio, pois percebia quando


mordia o lábio, ou apertava as pernas, uma na outra,
tentando aliviar o tesão.

Entrei no carro e coloquei o cinto antes de me virar para ela.


Tinha que ter certeza de que ela queria o mesmo.

— Nossa noite foi maravilhosa, mas ainda quero mais, dar


para ver que você também quer, mas preciso ouvir de sua
boca.

— Eu quero! — falou com firmeza, sem deixar margem para


dúvidas.

Sem dizer mais nada, dei partida no carro e segui para


minha casa.

Normalmente, quando saía com alguma garota, íamos para


um motel, nunca levava ficantes para minha casa, minhas
antigas namoradas, levei para casa dos meus pais, e para
meu antigo apartamento.

Há um ano me mudei para essa nova casa, ainda não levei


nenhuma garota, mas não me pareceu certo levar Daysi
para um motel, ela mexia muito comigo, e assim como ela
abriu uma exceção para mim, eu também abrirei para ela.
Capítulo 18

Com nossas bocas coladas, fechei a porta atrás de mim com


pressa, virei nossos corpos, encostando suas costas na porta.

Seu gemido me aprovando me fez crescer ainda mais dentro


da calça. Sem perda de tempo, passei minhas mãos por
suas curvas deliciosas, parei apenas quando cheguei em sua
bunda e a apertei.

Ela gemeu ainda mais em minha boca, desci meus lábios


para seu pescoço onde beijei, mordi e lambi, saboreando
sua pele macia.

Suas mãos se firmaram em meus cabelos, os puxando,


tentando talvez encontrar algum equilíbrio.
Aproveitei para roçar meu volume nela, e foi então que ela
jogou a cabeça para trás e gemeu, não foi um gemido igual
os outros, foi uma entrega, aquilo mexeu muito comigo e
tive que parar um pouco e admirar a cena.

Sua respiração estava acelerada, seu peito subia e descia


acompanhando o ritmo, seus olhos estavam fechados, a
boca entreaberta e a face rosada.

Quando se deu conta de que eu havia parado, ela protestou,


abrindo seus olhos e os focando em mim.

— Humberto… Por favor… — suplicou. E foi o suficiente para


me fazer continuar.

Minha língua desceu do pescoço em direção ao vão entre os


seios, minha mão subiu e os apertou, juntando-os, passei
minha língua sorvendo seu sabor, era uma mistura gostosa
demais.

Ela voltou a fechar os olhos e eu me afastei um pouco, antes


que eu a tomasse ali, decidi levá-la para meu quarto.

— Vem, linda, vamos para o quarto. — Ela abriu os olhos


sem entender e quando eles focaram em mim, foi apenas
luxúria que identifiquei

— O quê? Por quê?

— Quero te provar sobre minha cama, não aqui na porta.

Liguei as luzes sem me preocupar com a porta, já que


morava sozinho, a privacidade era uma grande vantagem.
Eu me virei para ela e encontrei suas esmeraldas me
fitando, sem perder o contato visual, tirei a camisa,
observando-a desviar o olhar para meu abdômen.

Piscou algumas vezes e voltou a focar os olhos em mim,


caminhou até a cama, quando pensei que se deitaria,
colocou um pé em cima da cama, empinou aquele rabo para
mim e começou a desatar a correia da sandália. Fiquei
hipnotizado olhando seu traseiro, e ela sem demora, trocou
os pés e tirou o outro par de sapato.

Quando terminou, se voltou para mim e me chamou com o


dedo indicador, sem falar uma palavra, me teve em
segundos parado à sua frente.

— Estou enfeitiçado. Que poder é esse que você tem sobre


mim?

— O mesmo que você tem sobre mim — disse e mordeu o


lábio inferior logo em seguida.

— Porra, Daysi, assim você me fode.

Eu a puxei pela cintura e colei nossos lábios mais uma vez,


sua língua me recebeu de bom grado e explorei toda
extensão de sua boca.

Minhas mãos puxaram a barra do seu vestido para cima e


comecei a tirá-lo. Desfiz o beijo para finalizar o processo e a
deixei apenas com suas peças íntimas.
Era um conjunto vermelho, a cor da peça se destacava bem
em seu tom de pele, como era bem branquinha, o vermelho
ficava ainda mais vibrante e sexy.

Muito sexy!

— Puta que pariu, Daysi, o que eu faço com você?

— O que você quiser. — Só me dei conta que tinha falado


em voz alta quando ela respondeu.

— Já que é assim, vire-se — ordenei.

Sem pestanejar, ela obedeceu a minha ordem. Seus cabelos


estavam soltos, cobrindo metade de suas costas, eu os
segurei e os coloquei de lado, deixando seu pescoço livre
para meu prazer.

Segurei o fecho do sutiã para abrir, levando meus dedos


pelas alças e as baixando antes de dar um beijo atrás de sua
orelha, sabia que ela era sensível ali.

Daysi se arrepiou enquanto eu deslizava os dedos por sua


pele e quando a peça saiu completamente do seu corpo, a
virei de frente para mim. Segurei seus seios fartos com as
duas mãos.

Não perdi tempo, abocanhei um mamilo com fome, o desejo


ardia dentro de mim, eu não pensava, só agia.

Minha outra mão massageava o outro mamilo. Ela se


desmanchava em minhas mãos, jogou a cabeça para trás e
se segurou em meus ombros.
Minha língua circulou seu mamilo, dando a atenção que ele
merecia, depois fiz o mesmo com o outro.

Ela gemeu ainda mais, quando prendi seu mamilo entre os


dentes e o mordi de leve, apenas para causar uma dor
prazerosa.

— Humberto…

— Tudo no seu tempo, Daysi.

Ela resmungou alguma coisa, mas não dei atenção, a deitei


na cama, me livrando da calça com pressa, os sapatos e a
cueca tiveram o mesmo destino: o chão.

Daysi se apoiou nos cotovelos e me observou, mordendo o


lábio inferior, ela gostava do que via, assim como eu, com a
visão dela quase nua em minha cama.

— Gosta do que vê? — falei, ao mesmo tempo me


masturbava, para aliviar um pouco o meu desejo.

— Muito… — afirmou sem tirar os olhos do meu pau.

Com o sorriso nos lábios, subi na cama, ficando por cima


dela e passei meus lábios por seu pescoço, depois seios,
barriga e por fim, parei no limite de sua calcinha.

Com toda calma do mundo, segurei a peça pela lateral e a


retirei. À medida que sua carne ia surgindo, minha boca
salivava, ansiando por mais, até que me desfiz da calcinha.

Afastei suas pernas e vi que sua boceta estava molhadinha,


esperando por mim, não resisti e levei minha língua até sua
entrada e provei do seu mel.

— Ahh… — gemeu.

Seu gosto era melhor do que eu imaginei, agridoce, forte,


gostoso, porra ela seria a minha perdição.

Não consegui parar, provei um pouco mais do seu sabor e


rodeei a língua em seu clitóris, fazendo Daysi arquear as
costas.

Com cuidado, descobri seu ponto sensível e o chupei, ela


gemeu alto e agarrou seus cabelos, não parei, alternei a
atenção entre ele e sua entrada.

Seu corpo estava em combustão, ora me puxava para perto,


ora tentava me empurrar. Para mim estava sendo quase
impossível desgrudar minha boca dela.

Quando os primeiros sinais do seu orgasmo surgiram, a


penetrei com dois dedos, coloquei um pouco mais de
pressão na sucção em seu clitóris, meus dedos procuraram o
ponto certo dentro dela, e quando achei, massageei com
precisão e ela se desmanchou em minha boca.

Gemeu. Gritou. Tremeu. Seu corpo todo respondia à


explosão de prazer.

Tirei a boca para olhar bem para a cena dela gozando em


minha cama, mas meus dedos não a deixaram, continuaram
estimulando-a, até os tremores passarem.
No momento em que o corpo Daysi parou de ondular, retirei
meus dedos de dentro dela e os levei até a boca,
saboreando seu mel.

— Gostosa pra caralho.

Ela olhou para mim ainda ofegante e falou:

— Agora é a minha vez…

— Não, eu preciso estar dentro de você agora, ou eu vou


explodir.

— Então vem, porque eu ainda não estou saciada.

Apressadamente, saí da cama e peguei a proteção na


gaveta da mesinha de cabeceira, rasguei a embalagem com
o dente e me cobri, fiz tudo com seu olhar atento.

Fiquei por cima dela novamente, ela se abriu mais para mim
e eu me acomodei entre suas pernas, mantendo o contato
visual, guiei-me para dentro dela e arfei ao contemplar o
quão perfeito era o encaixe.

Daysi gemeu e circulou as pernas em minha cintura,


comecei a me movimentar, e inclinei o corpo para frente,
para capturar seus lábios.

Ela me beijou de volta, e rebolou embaixo de mim, me


fazendo aumentar o ritmo das investidas, sua boceta
apertava meu pau, me sugando, o que contribuía para eu
crescer ainda mais.
Separei o beijo e apoiei as mãos no colchão para aumentar o
ritmo, ela revirou os olhos e eu estoquei forte, sem dó,
apenas desejo.

— Aah… isso, mais forte, mais forte — gemeu.

Assim eu fiz e soltei um grunhido, pois ela era gostosa pra


caralho, mantive o ritmo até que eu senti meu limite
chegando, levei uma mão até seu ponto sensível e o circulei.

— Goza comigo, Daysi, não vou aguentar muito. Goza pra


mim.

Ela então gemeu ainda mais e arqueou as costas, gozando


embaixo de mim, me levando junto.

— Humberto, ah…

Segurei seu rosto e a beijei novamente, ainda sem sair de


dentro dela, que retribuiu, sugando minha língua e
arranhando as minhas costas. Ainda era possível sentir o
tremor do seu corpo pelo orgasmo recente.

Separei o beijo, depois saí de dentro dela, descartei a


camisinha ali no chão mesmo e me joguei na cama ao seu
lado.

Ela me olhou, parecendo satisfeita e eu a puxei para perto.

— Se com seu beijo eu já não conseguia te tirar da minha


cabeça, o que farei agora que descobrir o que é estar dentro
de você? — Daysi riu e me deu um tapa no peito.

— Meu Deus, larga a mão de ser pervertido.


— Só falo verdades.

Seu corpo balançou denunciando a risada e eu me senti em


casa, leve e feliz, como há muito tempo não me sentia.
Capítulo 19

Eu me aconcheguei ainda mais em seus braços que me


puxavam mais para perto e repousei minha cabeça em seu
peito, a sensação que eu tinha era de estar nas nuvens,
nunca tinha sido assim para mim.

Humberto foi carinhoso, atencioso e o primeiro, sem dúvidas


a me enxergar como mulher. Em toda a minha vida, nenhum
homem me olhou com tanto desejo quanto ele, eu me senti
a mulher mais gostosa do mundo.

Sim já tive alguns caras em minha vida, minha vida sexual


não era muito agitada, mas os homens com quem eu já
transei, nunca me olharam dessa forma. Eles gozavam,
alguns me ajudaram a chegar ao orgasmo também, mas em
sua maioria, depois de gozarem, terminavam o ato e eu me
aliviava no banheiro depois, não me importava com isso.

Meu ex-namorado, nem sempre me fazia chegar ao ápice,


mas eu sempre dava meu jeito, se não com ele, sozinha.

Como falei, não me importava tanto, gostava mesmo de


beijar, paquerar, sexo também sempre gostei, mesmo nem
sempre gozando.

Mas com Humberto, senti tudo muito intenso, meu corpo


ansiava por seu toque, sua boca em mim me levava à
loucura, mas ele sem esforço algum, me deu o melhor
orgasmo da minha vida, primeiro com sua boca e depois
com seu pau, foi o primeiro a me fazer gozar duas vezes em
pouco tempo.

Mas além disso, seus beijos e os olhares que trocamos


durante o ato faziam meu coração acelerar, meu sangue
ferver e meu corpo tremer.

Pensando em tudo isso, naquele momento me assustei,


nunca me senti assim, não sei explicar, mas ao mesmo
tempo que dá medo, é gostoso de sentir.

Virei o rosto para olhar seu rosto e ele tinha um sorriso de


satisfação, seus olhos estavam fechados e sua mão
acariciava meus cabelos.

Depositei um beijo em seu peito e Humberto abriu os olhos


e me fitou.
— Sei que sou irresistível e você é deliciosa, mas preciso de
um tempo para me recompor, então pare de me devorar
com os olhos. — Seu comentário me tirou uma risada.

— Meu Deus, acabei de transar com um viciado em sexo?

— Não, você conseguiu me viciar em você, não tenho culpa,


mulher, você fez isso comigo, é tudo culpa sua.

— Minha? — Gargalhei! — Eu não fiz nada, você nem me


deu chance, se tem alguém aqui encantada, sou eu.

— Se me permite, te mostrarei muito mais.

— Então pode me mostrar. — Aproximei nossos rostos e o


beijei.

Nossos lábios dançavam em um ritmo próprio, sem pressa,


com delicadeza, o que deixou meus pelos eriçados, e o
coração batendo forte no peito.

Ele desceu a mão para minha cintura, apertando o local, me


fazendo gemer em sua boca e separou o beijo, mordendo
meu lábio inferior.

— Eu estou adorando te conhecer melhor, linda. Você é uma


pessoa incrível, tem mexido muito comigo, no sentido bom
da palavra. — Sua confissão me deixa contente.

Não era a única a sentir aquilo.

— Você também tem mexido comigo e estou adorando te


conhecer.
Ele alisou meu rosto e deixou outro selinho em meus lábios.
Voltei a deitar minha cabeça em seu peito e ele a acariciou
minhas madeixas.

Com o carinho em meus cabelos, acabei adormecendo em


seus braços.

Acordei com o sol forte no rosto, abri os olhos incomodada


com a claridade e tentei me lembrar onde estava.

Varri os olhos pelo local e reconheci o quarto de Humberto,


meus lábios se repuxaram ao ver seu corpo esparramado ao
meu lado, ele estava de bruços e sua bunda estava de fora,
eu queria mordê-la.

Minha bexiga estava cheia, então me levantei e fui até seu


banheiro me aliviar. Lavei as mãos e meu rosto antes de
admirar meu reflexo no espelho, eu parecia diferente e
aquilo me animou, me achei mais corada e bonita, devia ser
um bom sinal.

Sem nenhuma roupa no corpo, caminhei de volta para o


quarto e ele agora estava de barriga para cima, ainda
dormindo, com as pernas separadas e seu pau duro se
exibindo para mim, minha boca se encheu de água na
mesma hora.

Sem conseguir resistir, subi na cama com cuidado e


engatinhei até o meio de suas pernas, como sua cama era
grande, havia espaço suficiente.

Eu me posicionei de modo mais confortável e passei a


língua nos lábios, com cuidado, alisei todo seu cumprimento
com a ponta dos dedos. Ele soltou um gemido baixo, mas
nem prestei atenção.

Meus olhos estavam cravados em seu membro, era rosado,


um tamanho grande, perfeito para me levar à loucura,
grosso e com veias bem torneadas, o conjunto todo era
magnífico.

Envolvi meus dedos no seu pau, ouvindo Humberto


murmurar alguma coisa, levantei meus olhos e vi que ele
ainda dormia, com minha língua para fora, lambi a cabeça
toda, a extensão de baixo para cima. Quando cheguei na
cabeça, abocanhei com fome, sem tirar os olhos dele.

Ele gemeu de novo e quando comecei a chupá-lo de


verdade. Desci minha boca até onde consegui e voltei
sugando sem pressa.

Levei minha mão até suas bolas e as massageei enquanto


movimentava minha boca para cima e para baixo, nesse
exato momento, ele abriu os olhos e seus olhos azuis me
encaravam cheio de desejo.
— Caralho, Daysi, que… que boca gostosa…— gemeu e
levou uma das mãos até meus cabelos e os segurou com
força, não liguei, mas também não me guiou, o que me
deixou contente e comecei a chupá-lo com mais
intensidade.

Eu o coloquei quase todo na boca e senti seu pau tocar


minha garganta, me fazendo engasgar, ele fechou os olhos
e jogou a cabeça para trás, tê-lo assim me deu a sensação
de poder.

— Porra.... Que delícia, oh…

Meus dedos e boca trabalham juntos, ora chupando, ora


passando a língua nele todo e o vi se entregar a mim por
inteiro.

Deixei que minha língua brincasse com a fenda na cabeça


do seu pau, o que o deixou louco. Gemeu ainda mais e abriu
mais as pernas para mim.

— Isso, Daysi, assim.. assim caralho…

Continuei dando atenção ao local enquanto minha mão saiu


do seus testículos e começou a se movimentar por seu
comprimento, para cima e para baixo.

Voltei a chupar seu pau e onde minha boca não alcançava,


minha mão dava atenção. Quando vi os primeiros sinais de
que ele gozaria, aumentei a pressão da sucção e estimulei
seu saco de novo, isso foi sua perdição.
— Eu vou… Daysi… — Ele não conseguiu terminar a frase
pois estava tomado pelo tesão.

— Goza na minha boca, Beto, me dá todo seu gozo, vai…

Voltei a chupá-lo da forma certa e ele segurando em meus


cabelos, me faz parar os movimentos e esporrou dentro da
minha boca, seu corpo convulsionou um pouco, até ele se
esvaziar em mim.

Meus olhos não deixaram seu rosto, ele estava gostoso,


olhos fechados, rosto contorcido pelo prazer e a boca
entreaberta gemendo meu nome enquanto gozava.

Quando terminou, abriu os olhos e observou quando engoli


seu líquido. Dei um beijo na ponta do seu pau, depois
engatinhando, fui deixando uma trilha de beijos até chegar
em sua boca, onde depositei um selinho.

— Bom dia! — Recebi um sorriso de volta.

— Um belo dia, você quer dizer. Adorei a forma que me


acordou, deixe-me retribuir à altura.

Mudando de posição, seu corpo cobriu o meu e sua boca foi


me explorando, beijando cada parte dele, me deixando
ainda mais em chamas.

Ali, naquela cama, ele me teve mais uma vez, com seus
lábios e seu pau. Sempre atencioso, me levou ao céu mais
duas vezes naquela manhã.
Ele estacionou o carro em frente à minha casa e me virei
para me despedir, ele estava muito tentador naquele terno e
de óculos escuros.

— Muito obrigado pela noite maravilhosa e um delicioso


bom-dia. — Segurou minha mão e depositou um beijo no
dorso.

— Eu que agradeço, amei tudo, desde o jantar até as


aventuras hoje de manhã.

— Quando podemos repetir o programa a dois novamente?


— perguntou.

— Quando você me chamar. — Sorri. — Pode ser na sexta,


mas qualquer coisa, sabe onde me encontrar. — Pisquei um
olho.

— Posso passar lá no fim do expediente?

— Vou adorar, sempre estou sozinha naquele horário


mesmo.

— Tudo bem então, te vejo à noite.


Soltou o cinto e me puxou pela nuca para me dar um beijo.
Retribui na mesma medida, estava sedenta por aqueles
lábios. Logo separou nossas bocas e me deu um beijo na
testa.

— Beijo, linda. Você tem que ir agora, ou não vou conseguir


ir trabalhar hoje.

— Vai logo, não quero atrapalhar — disse, já saindo do carro,


ele piscou para mim e saiu em seguida.

Já dentro de casa, segui para uma ducha bem demorada, eu


estava cansada, mas muito satisfeita, esse tipo de exercício
matinal que fizemos me faz muito bem.

Eu me acomodei na cadeira em frente à mesa da minha


prima, que estava quase surtando, pois falei que passei a
noite com Humberto.

Ela sempre dizia que ele estava interessado em mim e que


eu deveria dar uma chance. E depois que saímos a primeira
vez, ela vem torcendo para que virasse algo a mais. E essa
romântica e tarada é incontrolável, fiquei sabendo que ficou
com o amigo de Humberto, o Daniel.
— Vai me conta tudo, como foi o encontro de verdade?

— Kelly, foi perfeito, ele me levou em um restaurante


maravilhoso e ficamos em uma mesa reservada, com a vista
para cidade, tudo muito romântico…

Fui narrando como foi nossa noite até chegarmos na casa


dele, claro que não dei detalhes, por mais que ela tenha
feito algumas perguntas e eu respondi superficialmente.

— Pelo menos ele é gostoso na cama também, você tirou a


sorte grande, garota. Te falei que valia a pena se arriscar.

— É valeu, sim, ele é maravilhoso, diferente de todos os


outros, sabe? Nunca fui tratada daquela forma, como se eu
fosse uma joia valiosa, foi isso que me senti nas mãos dele,
prima. — Ela me olhou com os olhos brilhantes e segurou
minha mão.

— Ai, Day, ele é tudo o que eu sempre desejei para você e


para mim, fico tão feliz de ele ter entrado em sua vida, deve
ser um sinal, ele é o amor da sua vida.

— Meu Deus, mulher, se controla, que amor o quê? Estamos


nos conhecendo, apenas, um passo de cada vez, não quero
quebrar a cara, muito menos magoar alguém — disse,
sorrindo.

— Tudo bem, mas depois não diga que eu não avisei. Ele
ficou parado na janela perto da hora de você chegar, te
olhando com fascínio, assim como seus olhos brilham ao
falar dele, está tão óbvio, só não vê quem não quer. Mas não
vou falar nada, ficarei apenas assistindo esse romance se
desenrolar rumo ao final feliz.

Revirei os olhos e me levantei, não gostava de quando ficava


assim, ela iria me infernizar até tudo isso acabar.

— Tudo bem, minha guru do amor, mas não se iluda muito,


meus pés continuam no chão, acho melhor você focar em
sua vida amorosa.

— Nem me fale, Daniel não se apega fácil, deixou isso bem


claro das vezes que saímos, ele é gente boa, mas não é meu
príncipe, Day. — Seu sorriso morreu e me deixou alarmada.

— Você saiu com ele mais vezes? — perguntei, curiosa.

— Algumas vezes, nada de mais, ele falou que não repete


mais que isso, então nem vou me preocupar.

— Por que tenho a impressão de que você não está satisfeita


com isso? Kelly, você já se apaixonou? De novo? Você não
aprende, mulher? — Ela suspirou e arrumou a mesa,
nervosa.

— Não estamos falando de mim e não, não me apaixonei,


ele nem é tão atencioso, nem carinhoso como eu sempre
sonhei mesmo. — Deu de ombros e sei que mentiu.

— Kelly…

— Acho melhor você ir andando, tem uma encomenda


grande né? Babi me falou, vai…
Ela me cortou antes que eu falasse alguma coisa, nem olhou
para mim, e como a conhecia bem, não insisti, quando ela
quisesse falar, sabia que falaria.

Peguei minha bolsa e fui me trocar, não queria que sofresse,


ela nunca aprendia, mesmo quebrando a cara várias vezes,
mas pelos menos, a vi se reerguer todas as vezes.
Capítulo 20

Passei as mãos no avental, nervosa, enquanto olhava para a


bancada onde eu faria minha receita. Desviei o olhar para o
salão, me arrependi amargamente, estava lotado, muitas
pessoas vieram assistir à gravação dessa prova.

Ainda não vi Kelly, Babi ou Humberto, eles disseram que


viriam, mas ainda não chegaram, estava tão nervosa, até a
noite anterior eu estava tranquila, ali onde eu tinha 50% de
chance de fracassar ou arrasar, estavam pessoas que eu não
conhecia, que me julgariam sem dó.

Faltavam dez minutos para a gravação começar e eles não


estavam lá, minhas mãos tremeram. E se eu falhasse? Se
não gostarem da minha torta?
Esses pensamentos começaram a bombardear minha mente
e eu não sabia mais o que fazer. Finalmente vi uma
movimentação na aglomeração de pessoas e reconheci Kelly
e Babi. Meu coração finalmente pareceu controlar as batidas
e um alívio tomou conta de mim.

“Vai dar tudo certo, te amo.” Consegui ler os lábios de Kelly


e lhe mandei um beijo no ar, ela e Babi me desejaram sorte.

Naquele momento, Humberto apareceu e se juntou a Kelly,


que lhe cumprimentou com um abraço.

Segurando a sua mão estava uma linda garotinha, devia ser


Bella, sua sobrinha. A pequena falou alguma coisa para ele,
que se abaixou, apontou para mim, depois sussurrou em seu
ouvido. Ela então sorriu para mim e acenou, meu coração se
aqueceu, acenei de volta para ela, que deu pulinhos ao lado
do tio.

Ele a pegou no colo e voltou sua atenção para mim, mandou


um beijo e piscou, em seguida balbuciou um “você vai
conseguir, é a melhor”, aquilo mexeu com algo dentro de
mim e eu acreditei nele.
Tirei a massa da torta do freezer, onde deixei alguns
minutos para esfriar e a desenformei sem dificuldade.

Com o bico de confeiteiro na mão, comecei a decorar a torta


como deveria, o creme estava no ponto perfeito, mas a torta
não estava tão fria quanto precisava, mas não tinha mais
tempo, dei o meu melhor e finalizei tudo, aparentemente
estava bom.

Tirei uma fatia bonita da torta e a depositei no prato onde


eu serviria aos jurados, ao lado, separei um copo de água
para eles e os talheres para se servirem.

Afastei a bagunça de onde estava o prato e a sirene tocou


anunciando que o tempo tinha chegado ao fim. Afastei-me
do balcão e sorri, satisfeita com o resultado.

Olhei para meus amigos e estavam todos ali na torcida e me


trazendo tranquilidade.

Eu fui a penúltima a ser avaliada, estava com um pouco de


receio, afinal eles já haviam provado treze doces. Seria um
risco que estava correndo, eles poderiam estar enjoados.

— Boa tarde, Daysi, o que você preparou para nós?

— Bom, eu trouxe, hoje, uma torta de frutas vermelhas… —


expliquei todo o processo que fiz, os jurados acenaram com
a cabeça e provaram a torta.

Prendi a respiração e os observei, os quatro não


demonstravam qualquer expressão, fiquei ansiosa, comecei
a suar nas mãos novamente e me xinguei por dentro.

— Daysi… — Carmem uma das juradas, foi a primeira a falar


— sua torta está bem saborosa, a mistura do biscoito, com
as nozes e o avelã, ficaram fenomenal, parabéns e boa sorte.

— Tenho que concordar com a Carmem, está muito


saboroso, o creme de framboesa está delicioso também —
um outro jurado acrescentou.

— Obrigada…

— A massa ficou amanteigada, derretia na boca, e ainda


assim está bem estruturada — Joel falou.

Por fim a francesa Anne, a confeiteira que estava ali


representando o Chef Raul, deu sua opinião:

— Magnifique, Daysi, muito gostosa sua massa, sem


dúvidas, tudo foi executado com êxito, o creme ficou uma
delícia.

Seu sotaque era bem forte, mas ela falou muito bem em
português.

— Muito obrigada. — Emocionada, enxuguei as lágrimas e


eles foram para a última mesa.
Depois de analisarem tudo, voltaram com o resultado, as
cinco pessoas que passaram para a segunda prova. Anne
começa a falar:

— Primeiramente, quero parabenizar a todos, as receitas


eram uma delícia, mas umas se destacaram melhor que
outras, não fiquem tristes. Ano que vem vocês podem tentar
outra vez.

Meu coração batia desenfreado na caixa torácica, minhas


mãos suavam, minhas pernas bambas, tudo por conta do
nervosismo. Minha atenção estava focada em tudo o que ela
dizia.

— O primeiro classificado, com a melhor receita do dia, é…


Daysi Amorim…

Meu coração quase saltou pela boca quando escutei meu


nome como a melhor receita do dia. Chorei de alegria, e
ouvi os gritos de Kelly, Humberto e Babi na plateia, sorri
para eles e mandei beijos para todos.
— Meu Deus, obrigada, obrigada… — Foi a única coisa que
eu consegui falar.

— O mérito é todo seu, Mon Cher — ela continuou a falar o


nome das outras quatro finalistas, mas nem consegui
prestar atenção direito, estava em êxtase ainda.

No final do episódio, as cinco classificadas, nos abraçamos e


nos parabenizamos. As únicas cinco mulheres que estavam
na disputa passaram, isso me deixou ainda mais feliz,
trocamos número de telefone e Michele ficou de fazer um
grupo no aplicativo de mensagens para mantermos contato.

Arrumei minhas coisas, e a plateia foi liberada para provar


nossos doces, na minha mesa, meus amigos foram os
primeiros a se aproximarem.

Kelly pulou em cima de mim e me abraçou.

— Day, você conseguiu, mulher, a Anne ficou encantada


com você, meu Deus, eu já te vejo com o prêmio na mão.
Você foi demais.

— Meu Deus, Kelly, nem acredito! AAAH! — soltei um


gritinho. — Ainda estou em choque, mas muito feliz.

Babi me abraçou também e foi então, a vez de Humberto se


aproximar e me dar um abraço forte, ele inspira meu cheiro,
me fazendo arrepiar.

Ele tinha esse poder sobre mim.

— Você estava perfeita, eu sabia que você seria a melhor.


— Obrigado, Humberto… — Sorrio, mas minha vontade era
de lhe beijar ali mesmo. Porém uma figura minúscula se
espremeu entre nós dois chamando minha atenção.

— Olá, meu nome é Bella, e esse é meu titio Beto. — Ela me


estendeu a mãozinha.

— Olá princesa, sou a Daysi, é um prazer te conhecer. —


Apertei a sua mão.

— Eu sei quem é você, meu titio me falou, disse que você é


a dona da minha loja de brigadeiro favorita. Sabia que eu
levei meu tio lá? Ele adorou, eu ganhei vinte reais na aposta.

— Nossa, isso tudo? Que aposta foi essa? E muito obrigado


por levar mais clientes para mim, por conta disso, vai poder
comer qualquer doce de lá, sem pagar nada.

— Jura juradinho que vou poder comer qualquer docinho? —


Seus olhos brilham.

— Claro que sim.

— Obaaa, vou dizer ao meu papai e a minha mamãe, eles


vão amar.

— Que bom, mas que aposta foi essa?

— Eu apostei com meu tio que na sua loja, vendia o melhor


brigadeiro do mundo todinho, ganhei, fiz ele ficar viciadinho
igual a mim e a mamãe — explica com orgulho.

— Foi? Que legal, então você virou minha cliente favorita a


partir de hoje.
A menina pulou de alegria e me abraçou.

— Você é muito legal, eu sou sua fã e você vai ganhar o


concurso, vai ver só. Eu nunca perco nas apostas, quer
apostar comigo de novo, tio Beto?

— Vamos, sim. Valendo o quê?

— Dinheiro, tolinho. Dessa vez quero cinquenta reais.

— Isso tudo?

— Sim, meu pai disse a tio Daniel que nunca se deve


apostar baixo, e eu sei que cinquenta é maior que vinte, já
aprendi a contar até cem.

Ao mencionar o nome de Daniel, minha prima desfaz o


sorriso e sei que preciso saber o que está acontecendo com
ela, mas agora não é o momento certo.

— O Max me paga, vai me levar à falência através de você —


Humberto brinca.

— Daysi, você pode me dar um pedacinho da sua torta? —


Apontou para o prato em cima da mesa.

— Claro, meu bem. — Peguei uma pequena fatia, ela se


sentou no chão e começou a comer, eu acariciei sua
cabecinha e olhei para Humberto e Kelly.
Depois que saímos de lá, fomos nós cinco para a Dally Cake
comemorar com meus funcionários.

Bella ficou o tempo todo ao lado do tio, fazia várias


perguntas e ele com toda paciência do mundo respondia.

Quem visse de longe acharia que eles eram pai e filha, pois
a conexão era grande e eu achava muito lindo.

— Quer alguma coisa para beber? Kelly pelo visto estava


preparada para essa comemoração — Humberto me
perguntou, me tirando dos meus devaneios.

— Ela sempre é adiantada assim — respondi. — Sim vou


querer apenas um champanhe mesmo, não quero ficar alta.

— Vou lá pegar então. — Ele se virou para a sobrinha e


alisou sua bochecha. — Fica aqui com a Daysi, furacão? Eu
já volto.

— Tá bom, tio. — A garotinha se sentou ao meu lado e viu o


tio se afastar antes de se virar para mim.

— Está tudo bem, linda?


— Tá, sim, meu tio te acha muito bonita, ouvi ele falando
isso quando você tava lá na competição hoje.

— Ah, que bom, fico muito feliz. — Alisei sua bochecha, ela
era uma graça.

— Eu também acho você muito bonita. — Levou suas


mãozinhas até meu cabelo. — Seu cabelo brilha, seus olhos
são iguais aos do meu papai, minha mãe diz que é da cor de
esmerada, é uma predinha verde, que mamãe usa para
fazer as joias.

Meu Deus, essa menina era sensacional!

Bella tocou minha bochecha e depois me olhou dos pés à


cabeça.

— Minha coleguinha da escola falou que se eu continuasse


comendo muitos doces, iria ficar uma gorda feia, e não vou
ser uma bailarina famosa. Mas você é gorda, não é Daysi?

Suas palavras me deixaram atenta, mas sua inocência tocou


meu coração, crianças não têm filtros, mas nem sempre
fazem por mal, ao contrário de sua amiguinha.

— Sou, sim, querida.

— Então ela mentiu, pois você é muito linda. Eu não queria


ser uma gorda feia, mas se eu ficasse igual você, eu ia ser
muito linda. — Ela abriu um sorriso e me abraçou.

Sua confissão me deixou emocionada, retribui seu carinho e


beijei o topo de sua cabeça.
— Você já é linda, pequena, não importa o que digam. —
Olhei dentro de seus olhos. — Você é maravilhosa, nunca
duvide disso, não acredite quando disserem que você é feia.
E se um dia você engordar, isso não fará de você uma garota
feia.

— É, tio Beto e a mamãe falaram isso também. — Ela beijou


minha bochecha. — Quero que minha mamãe te conheça,
você é muito legal, as amigas da mamãe também são. Você
pode ser amiga dela?

— Se ela quiser, vou ficar muito feliz. Assim como agora, sou
sua amiga. — Sorri com seu jeito espontâneo.

Humberto se aproximou de nós e me entregou uma taça, e


um copo com suco de morango para a sobrinha.

— Tio Beto, tio Beto — chamou eufórica —, Daysi disse que


agora somos amigas.

— É? Isso é muito bom.

— É da hora, eu tenho uma amiga adulta, a Sara não vai


acreditar. — Bateu palminhas.

— É a melhor amiga dela — Ele explicou quando eu fiz uma


careta tentando saber quem era a Sara.

— Ah sim…
Conheci também os pais da Bella quando foram buscá-la na
confeitaria. Mel é uma mulher incrível, extrovertida e bem
falante, já sei a quem filha puxou. Max é uma pessoa mais
séria, porém igualmente incrível.

No fim da festa, Humberto me ofereceu uma carona e eu


aceitei, foi a primeira noite que o levei para minha casa.

Nossa noite se estendeu e foi deliciosa, como todas as


outras que tivemos em sua casa.

Ele sabia como me acender e como me saciar sem precisar


que eu o guiasse, ele tinha um poder sobre mim tão grande,
que eu chegava a me assustar.
Capítulo 21

Há mais ou menos um mês e meio, eu e Daysi estávamos


saindo, sempre que eu tinha a oportunidade, a levava para
jantar, ao cinema ou a convidava simplesmente para ir à
minha casa.

Ela era uma pessoa maravilhosa, inteligente, feliz, estava


sempre vendo o lado bom de tudo, além de ser linda e
apaixonante.

Não tinha dúvidas do que eu estava sentido, sim, eu estava


completamente apaixonado por ela.

No último fim de semana, enquanto via Max e Mel dançando


apaixonados no jardim da casa dos meus pais, senti inveja,
era aquilo que eu queria com Daysi, algo sólido, um futuro
com ela.

Quando estávamos juntos, meu coração acelerava, e se


passavam-se alguns dias sem nos vermos, eu inventava
desculpas para vê-la depois do expediente, e depois de um
dia cansativo, seu sorriso me renovava.

Por isso, pedi ajuda a Mel, para que ela desenhasse um anel
para Daysi, ela aceitou de prontidão.

Segundo a minha irmã, eu merecia ser feliz e se fosse ao


lado de Daysi, ela apoiaria, pois gostou muito da confeiteira.

— Aqui está, meu irmão, o anel da minha linda cunhada. —


Ela me estendeu a caixinha de veludo assim que eu me
sentei à sua frente. — Dessa vez, fizeram em tempo recorde
mesmo — brincou.

Abri a caixa e vi o anel solitário de ouro branco, com um


diamante de cinquenta pontas, muito lindo, assim como no
desenho feito por Melissa.

— Nossa, Mel, ficou lindo — falei com sinceridade. — Tomara


que ela goste.

— Se ela não gostar, é porque tem muito mau gosto, mas


isso eu tenho certeza de que não. Afinal, ela está caidinha
por você, eu vi nos olhos dela, todas as vezes que os vi
juntos.

— Será mesmo? Ela pode dizer não.


— Acho que você tá se preocupando à toa, tenho certeza de
que ela vai aceitar. É tão bom te ver assim, sabia? — Ela
alisou o queixo e me olhou com um sorriso no rosto. — Por
um momento, achei que você não estava mais pensando em
se apegar a ninguém, desde a Thais, não te vi com mais
nenhuma mulher.

— Nada muito sério, eram só alguns casos, nada além de


uma noite. Mas com a Daysi foi totalmente diferente, sabe?
Quando a vi pela primeira vez, senti algo dentro de mim, de
início pensei que era apenas atração, mas do nada me vi
pensando nela o tempo todo — confessei. — Depois que tive
a oportunidade de ficar com ela, foi minha perdição, estou
louco por ela.

— Que lindo, me admira muito, sabia? Você não tem


preconceito nenhum com o corpo dela, a respeita e se
apaixonou por ela, não pelo físico, não por estereótipo, mas
pela mulher linda e maravilhosa que ela é. Sempre te vi com
mulheres magras, me desculpe pelo julgamento, mas hoje
em dia muitos homens, só querem ficar com mulheres que
têm o corpo no padrão de beleza.

Melissa sorriu ainda mais e me ofereceu sua mão, eu a


peguei.

— Mas você não, meu irmão, vejo que tudo o que fala da
Daysi é verdade, dá pra sentir daqui o quanto é verdadeiro
essa paixão. Ela é um mulherão da porra, cuide bem dela, e
espero que ela cuide de você também, ou vai se ver comigo.
— Gargalhou.

— Pode deixar! — Sorri de volta. — Vou pedi-la em namoro


hoje mesmo, não quero mais esperar.

— Faça isso, então. Boa sorte, irmão.

— Obrigado.

Eu convidei Daysi para jantar em minha casa naquela noite


e ela aceitou. Saí da Campari mais cedo e organizei tudo,
não cozinho tão bem assim, então pedi para a minha
cozinheira deixar a comida pronta, antes de ir embora, para
eu apenas aquecer no forno.

Insisti em pegá-la, mas ela fez questão de vir sozinha, então


só me restou aguardar.

Poucos minutos depois de mandar mensagem que tinha


saído de casa, fui para o jardim de casa ficar à sua espera.
Quando seu carro passou pelos portões automáticos que
acionei com o controle remoto, meu coração bateu forte no
peito.
— Boa noite — cumprimentou e eu já fui logo puxando-a
pela cintura. Daysi apoiou as mãos em meu peito, então
colei nossos lábios.

— Boa noite, linda — falei assim que separei nosso beijo. —


Antes de entrar, vou precisar te vendar, tem uma pequena
surpresa lá dentro.

Daysi me olhou confusa, dando um passo para trás e


repuxou o canto dos lábios.

— Surpresa? Por quê? O que você está aprontando, Beto?

Ter meu apelido saído de seus lábios me dar tesão.

— Você vai ver agora. Deixe-me colocar essa venda em seus


olhos. — Eu me posicionei atrás dela, retirei a venda do meu
bolso da calça e cobri seus olhos. Sem perder a
oportunidade, depositei um beijo atrás de sua orelha e vi
seu corpo corresponder ao gesto.

Com cuidado, a conduzir para dentro de casa, a sala estava


escura, com velas espalhadas pelo cômodo, pétalas
espalhadas pelo chão, no centro da sala, havia um enorme
coração feito também com as pétalas, só que brancas e com
velas atrás do coração estava escrito: “Namora comigo?”.

Eu a posicionei na frente do coração e fui para dentro do


desenho, onde me ajoelhei e segurei a caixinha com o anel.

Apertei o play pelo aplicativo de celular, e a música Mirrors


soou pelo ambiente. Escolhi uma versão da música mais
lenta para combinar com a situação.

(Você não é algo para admirar?

Porque o seu brilho é algo como um espelho)

— Pode retirar a venda, linda.

(E eu não posso deixar de reparar

Que você reflete neste meu coração)

Ela olhou o ambiente, surpresa, é tudo o que eu vi em seu


olhar.

(Se você um dia se sentir sozinha e

A luz intensa tornar difícil me encontrar)

Daysi colocou a mão em seu peito e me olhou com ternura.

(Saiba apenas que eu estou sempre

Paralelamente do outro lado)

— Hum.. Humberto… — falou e uma lágrima escorreu de


seus olhos e seu sorriso tomou conta do seu rosto.

(Porque com a sua mão na minha

E nossas almas entregues)

Ela caminhou até mim e se ajoelhou em minha frente.

(Posso dizer que não há lugar aonde não podemos ir

Apenas ponha a sua mão no vidro)


— Sim... Sim… — falou com a voz embargada. Finalmente
levei ar aos pulmões, nem fazia ideia que tinha parado de
respirar até ouvir sua resposta.

(Estarei aqui tentando puxar você

Você só tem de ser forte)

Eu a puxei pela nuca, para perto e juntei nossas bocas.

(Porque eu não quero perder você agora

Estou olhando bem para a minha outra metade)

Nossas línguas se encontraram e dançaram juntas. Ela me


abraçou tentando colar ainda mais nossos corpos e eu
correspondia na mesma medida.

(O vazio que se instalou em meu coração

É um espaço que agora você ocupa

Mostre-me como lutar

E eu vou lhe dizer, amor, foi fácil)

Separei o beijo depois que o ar se fez necessário. Daysi


encostou a testa na minha e assim recuperamos o fôlego.

(Voltar para você uma vez que entendi

Que você estava aqui o tempo todo)

Segurei sua mão direita e deslizei o anel em seu dedo.


Acertei exatamente o tamanho do seu dedo, coube
perfeitamente.

Nossos olhos se encontraram e refletidos nele, como um


espelho, como dizia a música, vi tudo que o que sentia por
ela, era recíproco.

Beijei o anel quando os últimos acordes da música se


fizeram presente.

— Eu amei, ele é lindo — falou, admirando o anel.

— Não mais que você, mas é único, feito exatamente para


você, a Mel me deu uma forcinha e desenhou — contei.

— Me lembre de agradecê-la. E eu amei toda essa surpresa,


não sabia que você era romântico. Ficou tudo muito lindo,
obrigada. — Ela me deu um selinho.

— De nada. Agora vamos jantar.. — Eu me levantei e a


ajudei a se erguer também.

De mãos dadas, seguimos para a cozinha, onde tirei do


forno nosso jantar.

— Hum… O cheiro está muito bom, você que fez?

— Quem dera, quem fez foi minha cozinheira. Dona Isabel,


tem mãos de fada, você vai adorar.

— Ah finalmente encontrei um defeito, estava quase


acreditando que você era um príncipe encantado sem
defeitos — brincou.
— Príncipes não precisam cozinhar, então posso continuar
sendo seu príncipe.

— Não, obrigada. Prefiro um plebeu, gato, safado, gostoso e


que ame meus defeitos também.

Daysi se aproximou de mim e envolveu seus braços em meu


pescoço, instintivamente minhas mãos foram para sua
bunda e a apertei.

— É? Então fomos feitos um para o outro, se você não


percebeu, temos um encaixe perfeito.

Pressionei meu membro em sua virilha e ela arfou, meu


membro pulsou ainda mais dentro da calça.

— Pa… para Beto, temos que comer primeiro, pois depois


quero passar a noite em seus braços. — Mordeu meu lábio e
aproveitei para beijá-la.

— Seu desejo é uma ordem, gostosa. Estou quase pulando


para a sobremesa, mas tenho que deixar você bem
alimentada antes, pois fiquei o dia todo pensando em te ter
em minha cama, agora como minha.

— Então vamos logo com isso… — Daysi se desvencilhou do


meu agarre e se sentou à mesa, que estava posicionada no
centro da sala.

Montei nossos pratos e os levei até lá, voltei para pegar


nosso vinho, me sentei a sua frente e servi nossas taças.
Jantamos com um clima agradável, mas eu só pensava em
tirar toda a sua roupa e passar minha língua pelo seu corpo,
devorando minha namorada.

Minha mulher!
 
Capítulo 22

Não sei como chegamos no quarto dele, só percebi quando


minhas costas caíram sobre o colchão com Beto por cima de
mim.

Ele desceu os beijos por meu pescoço, arrastando a língua


pelo local, me fazendo estremecer sob ele.

Fechei meus dedos em seus cabelos e os puxei, gemendo


baixo. Sua boca em contato com minha pele me deixava em
combustão, meu corpo ansiava por cada toque.

Humberto tinha o poder de me levar ao céu em questão de


minutos, sem esforço algum, era delicioso e eu não tinha do
que reclamar.
Suas mãos afoitas, puxaram para baixo minha blusa,
expondo meus peitos que foram atacados com a mesma
pressa.

Com sua boca em meus montes sensíveis, gemi sem pudor,


sabendo que só éramos nós dois ali, nos doando de corpo e
alma.

— Porra — exclamou contra minha carne. — gostosa pra


caralho. — Levantou o olhos e vi o desejo ardendo em seu
rosto.

— Beto… — gemi em súplica.

— Isso, amor, geme para o teu homem. — Desceu a mão


livre até o centro das minhas pernas, e meu corpo inteiro
sentiu a eletricidade causada pelo toque, me fazendo gemer
mais. — Mostra para o teu corpo a quem ele pertence.

— A mim… ele pertence a mim — provoquei, sem saber o


que esperar.

O filho da mãe sorriu e deu um tapa bem em cima do meu


clitóris já sensível, me fazendo gritar.

— Resposta errada, amor. Ele me pertence desde o dia que o


tomei pela primeira vez — disse enquanto afastou minha
calcinha para o lado e sem aviso, me invadiu com dois
dedos.

— Ahh — gritei com a invasão deliciosa e fechei os olhos me


deleitando com a sensação de seus dedos brincando no
ponto certo dentro de mim.

— Não é verdade, minha gostosa? — perguntou,


intensificando os movimentos, me deixando à beira do
penhasco. — Esse corpo é todo meu.

Não sabia se ele esperava uma resposta, mas dos meus


lábios saiam apenas gemidos enlouquecidos.

— Responde — ordenou. — De quem é essa bocetinha e esse


corpo.

— Ahh, Beto. — Eu estava à beira do orgasmo quando ele


parou os movimentos e ordenou mais uma vez:

— Responda.

Abri meus olhos, entorpecida com sua voz nublada pelo


desejo, mais grossa que o normal, numa ordem clara de um
homem controlando a fera dentro dele.

— Seu, é todo seu! — respondi, hipnotizada em seus olhos.

Ele só precisava ouvir o que queria para voltar a fazer


pressão no ponto certo dentro de mim, e eu voltei a fechar
os olhos e jogar minha cabeça para trás, quando o meu
limite chegou.

Gozei em seus dedos, ondulando, convulsionando e


gemendo seu nome incontáveis vezes, até que meu corpo se
acalmasse.

Abri os olhos quando me senti preparada, e o vi sugando os


dedos que antes estavam dentro de mim, como se fosse o
pirulito mais saboroso do planeta.

Humberto, com um sorriso que não saia do rosto, veio para


mim, e me beijou com fervor, me fazendo sentir meu
próprio gosto em sua boca. Retribuí ao beijo com a mesma
intensidade.

— Viu só o quanto seu sabor é delicioso? Me diga como


posso resistir a isso?

— Não resista. Simples — provoquei, alisando sua barba,


sentindo seus pelos fazerem cócegas em meus dedos.

— Minha gostosa, não provoque uma fera pronta para comer


sua presa.

— Então me come logo — sussurrei em seu ouvido.

— Puta que pariu, Daysi. Assim você me mata. — Sorri


quando se levantou e começou a tirar o resto da sua roupa.

Olhei para meu corpo e minha blusa e saia estavam


emboladas na minha cintura, sem esforço algum, me livrei
das peças com a mesma pressa que ele tirava as dele,
ficando apenas com minha calcinha.

Para provocar, me levantei da cama e deslizei a peça por


minhas coxas, e seus olhos acompanhavam meus
movimentos enquanto ele jogava sua cueca longe.

— Daysi, você tem noção do quanto é gostosa? —


perguntou, se aproximando devagar.
— Sim, seus olhos não me deixam esquecer, muito menos
duvidar disso — brinquei e alisei seus cabelos, o puxando
para mais perto quando ele colou nossos corpos.

— Meus olhos só enxergam a verdade, você é a mulher mais


gostosa que eles já viram, e não tenho dúvidas de que será a
última.

— Beto… — sussurrei com meus olhos marejados, pois sei


que ele falou a verdade e naquele momento, vi meu sonho
se realizar.

Humberto me olhava da mesma forma que meu pai sempre


olhou para minha mãe, não era fingimento, não era pena, só
amor.

Sempre esperei por isso, então meu peito explodiu em


batidas descompassadas, pois havia acabado de perceber
que eu amava aquele homem.

— Daysi, o que aconteceu? Fiz algo de errado? Falei o que


não devia? — perguntou quando uma lágrima escorreu dos
meus olhos.

— Não, você foi perfeito. Só… só me beija.

E sem esperar mais nada, ele tomou meus lábios com


paixão. Não foi um beijo como os outros naquela noite, foi
calmo, lento, porém não menos delicioso.

Separei o beijo e ele me conduziu de volta a cama, mas


diferente do que ele esperava, o deitei e tomei seu pau com
a mão, começando a masturbá-lo.

— Caralho, Daysi, eu não vou aguentar muito.

Ignorei seu protesto e desci minha boca até seu membro e


passei a língua por todo o comprimento, no fim, abocanhei a
cabeça grossa e chupei com vontade.

— Porra, que boquinha gostosa — gemeu alto e me fez


mamar com ainda mais vontade. — Daysi eu vou gozar,
cacete — falou num rosnado, mas eu não parei, pois era
aquilo que eu queria, que ele se derramasse dentro da
minha boca.

Enquanto chupava seu pau, levei minha mão até suas bolas,
e o massageei ao mesmo tempo que o enterrava ainda mais
em minha boca. Ele gemeu mais, eu intensifiquei o sobe e
desce do seu membro em minha boca e meus dedos não
paravam de brincar com suas bolas.

Aquilo foi o suficiente para fazê-lo esporrar dentro da minha


boca, me fazendo engolir todo o seu gosto.

— Mulher, juro que qualquer dia desses você me mata com


essa boquinha deliciosa.

Ele me puxou, fazendo-me cair em cima dele, em seguida,


inverteu as posições ficando por cima.

— Minha vontade é apenas me enterrar nessa boceta grande


e gostosa, mas preciso me recuperar. Enquanto isso, te
quero de quatro, com essa raba para cima, para eu chupar
esse grelinho, até eu estar pronto novamente.

Ele se levantou e meu baixo ventre se contorceu com a


promessa de suas palavras.

Não questionei, apenas obedeci, pois precisava de alívio


imediato, eu estava pegando fogo.

Não demorou muito para que eu enfiasse o rosto contra o


colchão e gemesse alto ao sentir sua boca contra minha
boceta.

Não sei ao certo quanto tempo ele me torturou, me levando


ao abismo e não me deixando gozar. Sabia que ele queria
que eu esperasse por ele, mas eu estava na beira.

Quando meu orgasmo estava prestes a ser liberado, ele


enterrou seu pau, já coberto pelo látex de proteção em mim,
de uma vez, me fazendo gritar alto, gozando enquanto
espremia seu pau com minha boceta.

— Porra, você é meu encaixe perfeito, linda.

Eu já não controlava mais o meu corpo. Era apenas um


emaranhado de sensações, ondulando, rebolando e
gozando.

Beto, diminuiu a velocidade, mas continuou entrando forte


em mim, até que meu gozo passasse.

Assim que minha alma voltou para o corpo, empinei mais a


bunda e firmei as mãos no colchão num aviso de que eu
queria mais e ele me deu.

Nós nos amamos a noite toda, apenas quando o cansaço


venceu, foi que conseguimos desgrudar nossos corpos.
Capítulo 23

Depositei a bandeja ao lado dela na cama com cuidado para


não derrubar e fazer uma bagunça. Ela estava de bruços, e
foi inevitável não passear meus olhos por suas curvas.

Sua pele era alva como a neve, suas grandes curvas eram
lindas, desenhavam seu corpo perfeitamente. E sua bunda
deixava minhas mãos cheias, me enlouquecia. Como não
desejar essa mulher?

Sem conseguir me conter, passei as pontas dos meus dedos,


desde seu tornozelo até suas costas, ela resmungou e eu
sabia que já tinha acordado.

Desci a mão de volta para sua bunda, onde a apertei com


força e levei minha boca até seu ouvido.
— Acorda, linda. — Beijei o ponto sensível atrás da orelha,
fazendo-a se arrepiar.

— Huum… — gemeu, manhosa.

— Daysi, estou tentando ser romântico, mas com você


assim, exposta, só está liberando o tarado que existe dentro
de mim. — Dei um tapa em sua bunda e a safada empinou
ainda mais em minha direção.

— Eu amo o tarado que há em você… — disse baixinho.

— Daysi — Meu tom de aviso a fez sorrir e se virar para mim.

— Mas o romântico de ontem à noite também ganhou meu


coração. — Sentou-se na cama e puxou o lençol com
cuidado para não derrubar a bandeja. — Deixe-me ver o que
você preparou. — Pegou xícara de café e uma torrada,
sorrindo para mim. — Torradas com café? — Sabia que ela
estava segurando o riso.

— Foi o melhor que eu consegui… — justifiquei. — Tinha


frutas, mas não sabia qual você gostava. Como não sei
cozinhar tão bem, não quis arriscar.

— Eu amo todas as frutas — Deu um gole no café. —


Caramba, está uma delícia.

— Bem a máquina de café fez todo o trabalho, então tinha


que estar gostoso. — Ela gargalhou alto e meu coração se
aqueceu com o som.
— Mas o que vale é a intenção, está uma delícia. — Pegou
uma rosa que estava na bandeja e cheirou. — Amei a rosa,
obrigada. — Ela se inclinou para frente e me deu um
selinho.

— De nada. — Peguei minha xícara e a acompanhei no café


da manhã romântico.

Depois que comemos, fomos tomar banho juntos e é óbvio


que me aproveitei daquele corpão delicioso e molhadinho
no chuveiro.

Daysi era uma amante perfeita, estava sempre pronta a dar


e receber prazer, tudo o que um homem desejava.

Mas ela era ainda muito mais que isso, era tudo o que meu
coração precisava para ser completo.

Na hora do almoço, eu a acompanhei na cozinha, pois fez


questão de me ensinar alguma coisa. Mas quem disse que
eu prestei atenção? Eu só conseguia admirá-la.
— Humberto, para de olhar pra minha bunda enquanto
mexo esse molho e foca no que estou falando. — Jogou um
pano de prato na minha cara me fazendo subir os olhos para
seu rosto com uma falsa raiva.

— Amor, não tenho culpa se o movimento dos seus quadris


me atrai a todo momento. Você que é a culpada.

— Que cara de pau, ainda coloca a culpa para cima de mim?


— Negou com a cabeça, sorrindo. — Você não presta.

Caminhei até ela e a abracei por trás, beijando seu pescoço


à mostra.

— Olha, até ontem você me achava perfeito — provoquei.

— É, acho que eu estava enganada — disse com a voz


afetada.

— Vou te mostrar que não, é só você largar essa colher. —


Pressionei meu pau duro em sua bunda.

— Sai, Humberto. — Ela me empurrou com a bunda para


que eu me afastasse.

— Amor…

— Deixa disso — exclamou, determinada. — Vamos


aproveitar o almoço, você já degustou muito do meu corpo
hoje, preciso me alimentar bem. Que homem insaciável.

Sorri e me afastei. Tive que concordar, eu estava insaciável,


nunca fui assim, de querer o tempo todo, mas com ela era
natural, e aquilo estava me deixando mais que contente.
Passamos o domingo juntos e ela dormiu lá em casa
novamente, e eu não poderia estar mais feliz.

Fazia um tempo que eu não tinha ninguém para cuidar e ter


Daysi em meus braços, para cuidar e amar estava sendo um
novo aprendizado. Eu estava me esforçando para ser
maravilhoso para ela também.

Parece muito cedo, mas para mim, era como se nossas


almas se conhecessem há anos, e não a dois meses.

Entrei no escritório com um sorriso largo no rosto, mas


bastou eu colocar o pé dentro da sala para ele desaparecer
completamente.

Thais estava sentada em minha mesa, com as pernas


cruzadas, me esperando. Estaquei no lugar, tentando
manter a cabeça no lugar.

— O que está fazendo aqui? — Fui direto ao ponto.

— Nossa que grosseria. Vim dizer que precisarei me


ausentar da Campari por quatro dias para visitar minha mãe
que está doente.
— Poderia ter mandado um e-mail, ou simplesmente esperar
que eu chegasse, em vez de entrar em minha sala e se
sentar em minha mesa, como se ela fosse sua.

—Tá bom, Beto, eu já entendi. — Revirou os olhos e desceu


da mesa. — Olha, Beto essa situação está ficando cada dia
mais difícil… — eu a cortei antes que ela começasse com a
ladainha de sempre.

— Sim. Está muito difícil, quando você não entende que


acabou. Vou ser sincero com você, pois nunca alimentei
nada do que você ainda nutre por mim. Eu conheci uma
pessoa e estamos namorando. Só quero que você saiba. Não
quero que você continue fazendo isso que faz. Eu te respeito
e exijo respeito em troca.

Ela ficou em choque com minhas palavras e tentou chegar


mais perto e eu dei um passo para trás.

— Co… como assim? Namorando? Beto…

— Isso mesmo, Thais. E estou muito feliz e desejo que você


também seja um dia.

Com os olhos marejados, ela apenas assentiu e empinou o


nariz.

— Conheço?

— Provavelmente não.

— Tudo bem. — Foi tudo que falou antes de deixar minha


sala.
Eu torcia para que finalmente ela tivesse entendido que
acabou o que tivemos. Afinal já fazia quase dois anos desde
o término.

Para distrair a mente, foquei minha atenção totalmente no


trabalho e consegui. Parando apenas na hora do almoço
para poder contemplar a chegada da minha namorada pela
janela.

Vi exatamente quando o carro estacionou e ela saiu do


veículo, linda e poderosa como sempre.

Daysi se virou em minha direção e mandou um beijo, eu


mandei outro de volta fazendo-a sorrir e me deixando feito
bobo rindo também.

Eu estava ferrado, estava parecendo um adolescente bobo


com o primeiro amor.
Capítulo 24

Entrei na sala da minha prima, já com ela vindo em minha


direção e puxando minha mão direita.

— Deixa eu ver, deixa eu ver! — Admirou a joia e suspirou,


me dando um grande sorriso. — Meu Deus, que lindo, Day, é
maravilhoso.

Sem me dar tempo para falar, a loira me envolveu em um


grande abraço.

— Eu sabia que ele não resistiria muito tempo — debochou.


— Eu te disse que esse homem seria seu, prima.

— Meu Deus, parece até que vou casar, Kelly, é só um


pedido de namoro.
— Só? — ela me repreendeu. — Daysi, você falou que ele fez
uma mega surpresa..

— Calma! Foi só um modo de falar, louca.

— Me diz como você está se sentindo?

— Eu estou nas nuvens. — Sentei-me na cadeira à sua frente


quando ela se afastou e se sentou também. — Esse foi o
melhor fim de semana dos últimos tempos. Ele foi um
príncipe.

— Você merece isso tudo e muito mais — disse, contente. —


Agora me conta mais um pouco sobre o que aconteceu —
pediu e eu contei sobre o nosso fim de semana e o quanto
Humberto foi atencioso em tudo.

A semana terminou tão rápido como começou, e eu não


poderia estar mais contente, apesar da exaustão. Hoje eu,
Kelly, Humberto e alguns amigos iríamos para a nossa
balada favorita.

Terminei o banho e sem demora, vesti um vestido roxo, que


ia até metade de coxa, o decote era comedido e a
modelagem da roupa valorizava muito minhas curvas.

No horário marcado, Humberto estacionou na frente de casa


e buzinou para que eu saísse. Sem demora, fui ao seu
encontro, ele me recebeu de braços abertos e com um beijo
delicioso.

— Que saudades eu estava dessa boquinha — falou assim


que separamos os lábios.

—Deixa de drama, Beto, você me viu ontem — eu o


repreendi, rindo. — E só da minha boca que você tava com
saudades? — Fiz beicinho.

— Claro que não, amor — respondeu, segurando meu rosto


com as duas mãos. — Estava com saudade de você todinha.
— Mordeu meu lábio inferior.

— Melhor assim... — Fiz charme e me afastei um pouco. —


Vamos logo ou não sairemos daqui.

— Não seria uma má ideia… — tentou me convencer.

— Nada disso, vamos logo. — Deixei um selinho em seus


lábios, contornei seus braços e abri a porta do carro,
ocupando o assento em seguida.

— Tudo bem, tudo bem… — Fechou a porta do carro, dando


a volta e indo para o banco do motorista. — Vamos buscar
Kelly na casa dela?

— Não, ela disse que vai de carona hoje com o Jonas, amigo
nosso.
— Tudo bem então, melhor ainda, pois posso sair a hora que
eu quiser com minha garota.

— Promessa é dívida, hein? — provoquei.

— Posso cumprir agora mesmo! — Ele me deu um olhar


carregado de desejo.

— Nem pensar, quero dançar, vamos lá.

Ele riu e pegou a estrada em direção à balada. Não demorou


muito para chegarmos lá.

Desci do carro e o esperei estacionar na vaga, que achamos


por um milagre, pelo visto a casa já estava cheia, o
estacionamento estava lotado.

Entramos de mãos dadas e fomos para a área VIP. Como


sempre, Kelly era boa em conseguir esses passes, a safada
ficou amiga de uma das donas do lugar e conseguiu as
entradas.

Não demoramos a encontrar Mel, Max e Daniel, eles estavam


ocupando uma mesa enquanto conversavam.

Mel foi a primeira a nos ver, e logo se levantou para me


cumprimentar, aproveitei para agradecer o anel.

— Fico feliz que gostou, viu? Ele realmente combinou muito


com você. Modéstia parte, sou muito boa no que faço.

— Você é excepcional, amor — disse Max ao agarrar a


esposa por trás, fazendo com que ela se derretesse em seus
braços.
— Kelly não vem? — perguntou Daniel, quando me sentei ao
seu lado e me virei para ele.

— Daqui a pouco chega. Vocês combinaram de se


encontrarem hoje? — sondei, pois Kelly não falou nele a
semana toda.

— Não… só que você sempre vem com ela. Na verdade, não


temos nos falado, sabe como é, né? Sou bem ocupado. —
Deu de ombros, como se minha prima não valesse tanto e
aquilo me irritou por dentro.

— Ela também, não é fácil administrar uma confeitaria. Mas


graças a Deus, ela arrumou um tempinho para se divertir. —
Ele arregalou os olhos, ao perceber meu tom e sorriu para
mim.

— Calma, não quis dizer que ela não era ocupada… é… —


Antes que ele justificasse, Kelly chegou, já animada,
abraçando a todos.

Daniel ficou mudo, olhando minha prima de cima a baixo,


ela estava linda com um vestido de preto, justo ao corpo,
deixando pouco para a imaginação.

Sorri por ver que ele não tirou os olhos dela e ela nem deu
bola para ele, só acenou. Deixando claro o que pretendia.

Quase gargalhei por vê-la com um sorriso vitorioso nos


lábios ao apresentar Jonas para o grupo.

— Esse é o Jonas, um amigo. Jonas, esses são Mel e Max,


esse é meu praticamente cunhado, Humberto, namorado da
Day e esse outro é Daniel, amigo deles. — Fingiu que não
tinha intimidades com Daniel e isso o deixou de cara
fechada, não fez questão de apertar a mão do Jonas.

Beto segurou o riso e sussurrou em meu ouvido:

— Dan tá se roendo de ciúmes.

— Percebi — sussurrei de volta.

— Jonas, pode ir pegar bebidas pra gente? — Kelly pediu,


alisando o braço do nosso amigo.

— Claro, Gata. O de sempre?

— Isso mesmo. — Piscou para ele, que sem demora, foi para
o bar.

— Chega mais para lá, Day — pediu e eu abri caminho e ela


se sentou entre mim e Daniel de propósito.

— Você está linda… — tentou Daniel, mas foi cortado por


ela.

— É, eu sei. — Deu de ombros.

— Vocês parecem próximos, estão saindo há muito tempo?


— Daniel quis saber.

— Qual é? Te devo satisfação por acaso? — falou, parecendo


irritada.

— Não, é… — Kelly não o deixou terminar.

— Olha, você não me deve nada, assim como eu não te


devo, lembra?
Como curiosa que sou, fiquei atenta a eles. Vi que Daniel riu
do que ela disse.

— Ah, já saquei a sua, tá tentando me atingir, gatinha?

— Sinto muito lhe informar, mas meu mundo não gira em


torno de você. Vê se deixa de ser egocêntrico. Tudo que eu
faço é por mim, não por macho algum — disse com uma
falsa calma que só eu percebi por conhecer muito bem
minha prima.

— Eita porra! — Max exclamou, soltando uma gargalhada,


arrastando todos junto, menos Dan, que bufou irritado.

Ele ia falar alguma coisa, mas Jonas, voltou, sentando-se ao


lado de Kelly, ela agora estava entre os dois, e eu estava me
divertindo, pois não sabia o que aquilo tudo daria.

— Vamos dançar, amor? — Beto sussurrou em meu ouvido,


me fazendo lhe dar total atenção.

— Eu adoraria… — Selei nossos lábios com um beijo


delicado antes de me levantar e o puxar para a pista de
dança.

Ele me puxou para perto, colando nossos corpos, nos


balançando no ritmo da música.

— Se eu conheço muito bem meu amigo, eu diria que


finalmente, alguém o tirou do sério, Kelly, sem dúvidas é
uma mulher geniosa.

— Pior que não, sabia? Eu não deveria falar nada, mas sei
que você não vai conta. Eles saíram algumas vezes, mais do
que ela me contou, eu desconfio.

— É, eu sei, ele falou por alto — confidenciou.

— Minha prima tem um coração romântico, então, acreditou


que poderia dar em algo, eu acho que ela gosta dele, mas
do que quer admitir, já que ele sempre disse que não queria
nada sério.

— Olha, eu vi poucas vezes ele sair com alguém mais de


uma vez. Sinto muito que Kelly se sinta assim, pois não sei,
se um dia ele irá abrir mão de todas para ter apenas uma. —
Beto foi sincero e aquilo me deixou um pouco mal por Kelly,
ela não merecia isso.

— Não quero que ela sofra novamente… — Pensei alto


demais.

— Por que diz isso? — perguntou, curioso.

— Ela teve um passado difícil, não posso falar muito.

— Tudo bem, hoje é dia de alegria, vamos focar em nós —


disse enquanto beijava meu pescoço, fazendo com que eu
me arrepiasse.

— Gostei da ideia. — Sorri e envolvi seu pescoço, com meus


braços, voltamos a nos beijar e dançar ao mesmo tempo.

A noite correu melhor do que eu esperava, o único que


pareceu não se divertir foi Daniel, que enquanto todos se
divertiam, ficou o tempo todo encarando Kelly e Jonas, que
não se desgrudaram.
Max e Beto, tiram sarro dele algumas vezes, o que colaborou
para seu mau humor. No fim da noite, Jonas teve que correr
para o trabalho, ele era médico e um de seus pacientes
estava em uma intercorrência e o chamaram às pressas.

Isso ajudou um pouco no humor de Daniel, que se ofereceu


para levar Kelly em casa, que para a surpresa de todos,
aceitou, sem reclamar.

— Vamos, amor? — Humberto me chamou.

— Vamos — concordei e me despedi de todos.

Não demorou muito para estarmos na cama dele, nos


amando e satisfazendo um ao outro.
Capítulo 25

Saí do banho apressada, estava quase na hora de Humberto


me buscar, eu tinha apenas quarenta minutos para estar
pronta.

Eu estava nervosa, pois eu estava indo a um evento da loja


de Humberto, ele disse que fazia questão que eu o
acompanhasse.

Mas não era isso que tinha me deixado nervosa, é que eu


conheceria meus sogros. Beto já tinha conhecido meus pais
no domingo passado, eles o adoraram o que me deixou
ainda mais feliz.

Será que aconteceria o mesmo comigo? Eu não fazia ideia,


mas não adiaria aquele encontro, meu namorado falou
pouco dos pais, mas o pouco que falou foram só coisas boas.
Na hora marcada, eu estava pronta o esperando, vestia um
vestido longo roxo, com uma fenda que até pouco menos da
metade da coxa. Como sempre, Humberto me elogiou mais
do que o normal, me deixando vermelha e contente por ver
que ele me admirava tanto.

Sem demora, seguimos para o local do evento, pois


estávamos em cima da hora. Vinte minutos depois,
Humberto estacionou o carro e seguimos de mãos dadas
para o salão.

Muitas pessoas o paravam no meio do caminho para


cumprimentar, e ele fazia questão de me apresentar como
namorada.

Não passou despercebido alguns olhares nada agradáveis,


outros com olhares curiosos para nossas mãos unidas. Sim,
eu percebia todos esses olhares, mas decidi não ligar para
eles.

Se Humberto percebeu esses olhares, não demonstrou nada,


pelo contrário, parecia radiante em me apresentar aos seus
conhecidos e seus olhares apaixonados, direcionados para
mim enchiam meu coração de amor.

Enfim chegamos na mesa onde estavam Melissa,


Maximiliano, Bella e os pais de Beto.

— Boa noite, gente, demorei, mas cheguei, desculpem o


atraso — explicou Humberto.
Bella, foi a primeira a se levantar e me abraçar.

— Daysi, você veio. Eu estava morrendo de saudades. —


Sorriu e a abracei de volta.

— Eu também, meu amor, estava morrendo de saudades de


você. — Deixei um beijo em sua testa.

Melissa também se levantou e me abraçou, assim como


Max, por fim, olhei para os pais de Beto, Pedro Campari e
Ana.

O homem tinha um olhar gentil, já a mulher mais velha


tinha uma expressão dura, fechada, não sabia dizer se
estava feliz em me ver ou se estava com raiva.

— É um prazer conhecer vocês, seu Pedro e dona Ana. —


Apertei a mão do homem mais velho, mas que exibia uma
beleza, assim como o filho, eles eram muito parecidos.

— Oras, sem isso de seu e dona, me chame de Pedro e


minha esposa de Ana. — Ele me puxou para um abraço, que
retribui com muita alegria.

— Tudo bem… — disse, sorrindo e me virei para minha


sogra, que não exibia um sorriso nos lábios e não me
abraçou, apenas estendeu a mão.

— É um prazer te conhecer, Ana.

— Bom te conhecer também. Daysi, não é?

— Sim — disse, soltando sua mão. Ela logo se sentou e


puxou conversa com o genro, me ignorando naquele
momento.

Ela não gostou muito de mim. Eu percebi seus olhos


percorrerem meu corpo com espanto enquanto seu marido
me abraçava.

Seus olhos deixaram claros que eu não era bem-vinda, mas


tentou disfarçar ao me cumprimentar, na certa, sem querer
ser indelicada, e eu agradeci por isso, e torci para ser coisa
da minha cabeça.
Capítulo 26

A noite estava sendo perfeita, estava feliz em poder ter


apresentado Daysi a todos, embora tivesse percebido que
minha mãe não foi muito educada, ela mal dirigiu a palavra
à minha namorada.

Aquilo me incomodou um pouco, mas preferi não fazer


alarde, torcendo para que Daysi não tivesse percebido nada
daquilo.

Um dos meus patrocinadores me chamou em sua mesa para


falar de alguns projetos. Fui até ele, mas antes pedi para Mel
dar atenção à Daysi. Ela também percebeu que nossa mãe
tinha sido bem fria e me garantiu que não deixaria minha
namorada para baixo. Depois disso, fui tranquilo conversar
com Sergio.
Meia hora depois, voltei para minha mesa, e não encontrei
Daysi, Mel e Bella, olhei para meu cunhado e ele falou que
elas tinham ido ao toalete.

— O que você pensa que tá fazendo, meu filho? — minha


mãe rosnou baixo para mim.

— Do que você está falando, mãe? — perguntei, mesmo


sabendo a resposta.

— Trazendo essa mulher. Vai me fazer acreditar mesmo que


está namorando alguém como ela? Que brincadeira é essa?

— Não vejo por que teria que ser uma brincadeira mãe.
Alguém como ela? O que quer dizer com isso? Só por ela
está acima do peso? Não sabia que você era preconceituosa
— acusei.

— Não sou — minha mãe se defendeu.

— Filho, sua mãe não queria… — Meu pai tentou amenizar a


situação, mas foi interrompido por ela:

— Mas não é possível, com tantas mulheres bonitas ao seu


redor, como pode brincar com uma mulher assim? Quando
enjoar, vai magoar a coitada sem necessidade. Sem falar
que ela não lhe satisfará para sem…

— Cale a boca… — eu me alterei. — Nunca me senti tão


ofendido quanto agora. Daysi é a mulher que eu escolhi para
ser minha namorada, foi a coisa mais forte e intensa que já
senti em toda minha vida. Se estou com ela, é porque eu
escolhi e você tem que aceitar e tratá-la com respeito, mãe.
— Eu a encaro com seriedade.

— Nunca mais tente diminuí-la na minha frente, ou por trás.


Ela merece respeito, pois é uma mulher incrível. Saberia
disso se tivesse dado oportunidade de conhecê-la em vez de
ignorá-la o jantar todo. E posso lhe garanti que não é um
capricho meu, eu realmente estou apaixonado por ela.

— Não acredito nisso… A Thais é quem é perfeita para vo…

— Porra, mãe, a Thais e eu não temos mais nada, quando vai


aceitar isso? Eu nunca a amei, nunca. Aceite de uma vez.
Daysi, Daysi é minha namorada, você querendo ou não. E se
continuar com essa atitude, pode ter certeza de que me
afastará de você.

— Mas olha isso, Pedro, ouviu o que ele disse? — chamou


atenção do meu pai dramaticamente. — Ele terá coragem
de me afastar por uma mulher qual…

— Mãe, não termine essa frase. Estou falando sério. Sempre


lhe respeitei, mas se você continuar me faltando com
respeito, vai receber a mesma coisa em troca.

— Eu sou sua mãe…

— Não disse o contrário. Mas exijo que a respeite, ela me faz


feliz, não era isso que deveria bastar para você?

— Claro que é, filho… — intercedeu meu pai. — Desculpe


sua mãe, ela ficou surpresa, afinal você só disse hoje que
nos apresentaria sua nova namorada. Não estou lhe
julgando — Apressou-se em explicar. — Ela ama a Thais,
sonhou sempre com vocês dois juntos, dê um tempo a ela, a
desculpe por isso…

— Pedro…

— Calada, Mulher… Está magoando nosso filho. — Aquilo


bastou para que ela se virasse para mim e se
envergonhasse.

— Desculpe, filho… Eu só…

— Só não faça mais isso, mãe — eu a cortei, pois vi minha


irmã e Daysi vindo em nossa direção.

— Certo — concordou apenas, mas eu sabia que ela não


estava feliz.

Porra eu também não estava contente. Minha mãe é


preconceituosa, desrespeitou minha namorada e ainda se
achou no direito de opinar em minha vida?

— Tio Beto.. Tio Beto... — Bella veio animada ao meu


encontro. — A Daysi falou que vai fazer um bolo bem grande
da Mirabel, do filme encanto, para mim no meu aniversário.
— Seus olhos brilhavam de alegria.

— Ah é? Que legal, princesa.

— Eu pedi pra minha mãe comprar, mas a Daysi é minha


amiga e disse que ia me dar de presente, viu só que legal?
Ela se virou para minha mãe e continuou a falar enquanto
minha Daysi se sentava ao meu lado. Sem me conter, selei
nossos lábios brevemente e recebi seu olhar apaixonado em
troca.

— Vovó, você sabia que Daysi é inconfetera? Ela faz doces


maravilhosos e bolos também, apostei com o tio Beto… —
falou e minha mãe apenas assentia com a cabeça, alisando
o cabelo da neta.

— Ela não para de falar um minuto, não é? — sussurrou no


meu ouvido, apontando para a pequena.

— Nem por um segundo… — Sorri e a abracei de lado. —


Poderíamos dar um perdido e ir para minha casa, não acha?

— Não seria má ideia — provocou. — Mas vejo que você é


muito importante para esse evento, todos notariam a sua
falta.

— Não me importo nenhum pouco com isso — sussurrei em


seu ouvido e vi sua pele se arrepiar.

— Humberto… — arfou.

— Diga sim, amor. — Desci minha mão que estava em seu


ombro pelo braço lentamente.

— Sim…

Sem esperar mais um minuto, me levantei discretamente.

— Licença… vou dar uma volta com minha garota… — Ela se


levantou e me acompanhou sem olhar para trás, seu rosto
estava vermelho.

— Humberto… — gemeu depois que alcançamos o carro e


lhe prensei contra a lateral do veículo e lhe tomei os lábios.
Capítulo 27

Humberto estava afoito, mal chegamos em sua casa e ele já


me arrastou para o quarto, não sabia como havia
conseguido dirigir até aqui, pois ele estava mais que
faminto por mim do que o normal.

— Be…Beto… — gemi quando ele baixou o decote do meu


vestido e tomou na boca um dos meus mamilos que já
estavam duros de desejo.

— O que é, minha gostosa? — Ele me olhou e foi impossível


não me perder naquela imensidão azul.

— Não vou aguentar muito se continuar… assim... —


Finalizei a frase gemendo pois ele já tinha infiltrado a mão
debaixo do vestido e estava esfregando seus dedos em
minha boceta encharcada.
— Porra, amor, você tá molhadinha, preciso ter você em
minha boca — rosnou em meu ouvido.

— Por favor, Beto — pedi, alucinada

— Por favor, o quê? — provocou e pressionou ainda mais sua


mão contra meu sexo.

— Me chupa… — pedi num fio de voz.

Sem falar mais nada, ele se afastou de mim, começou a tirar


suas próprias roupas, eu estava hipnotizada olhando seu
corpo, aqueles gominhos na barriga, seu peito subindo e
descendo demonstrando o quanto também estava afetado
por mim.

Estando apenas de cueca, ele se aproximou novamente de


mim e me virou de costas para ele, pressionou seu pau em
minha bunda e beijou meu pescoço, joguei a cabeça para o
lado para que ele tivesse mais acesso àquela parte do meu
corpo.

— Tão gostosa... — murmurou enquanto passava o nariz por


toda extensão do meu pescoço.

Senti sua mão descendo o zíper do vestido e em poucos


segundos, a peça de roupa estava aos meus pés, suas mãos
logo se apossaram dos meus seios e os apertaram.

— São tão grandes que mal cabem em minhas mãos, porra


isso me deixa louco.
Ele adorava meus peitos, eram fartos, pesados, não eram
duros igual quem usa prótese, eram naturais, Beto amava
afundar o rosto neles e me levar à loucura.

Gemi sem consegui me conter, era gostoso demais estar nos


braços dele.

— Isso, geme pro teu homem… — Levou uma das mãos aos
meus cabelos e puxou, me fazendo gritar de prazer com seu
gesto bruto.

Com a outra mão, apertou meu mamilo e eu gemi rebolando


com o seu pau na minha bunda, Beto soltou um palavrão.

Em seguida, me soltou e ajudou a sair do vestido que estava


embolado aos meus pés. Ele me conduziu até a cama e eu
me deitei, com uma calma invejável, segurou meu tornozelo
esquerdo e o levantou, começando a desfazer as amarras da
minha sandália, depois fazendo o mesmo com o pé direito,
largando o calçado no chão.

Apoiei os dois cotovelos na cama, elevando um pouco meu


tronco para poder observar melhor a cena. Quando nossos
olhos se cruzaram, ele piscou um olho para mim e retirou a
única peça que faltava do meu corpo, a calcinha.

— Deliciosa… — Passou a língua pelo lábio inferior.

Colou os olhos na minha boceta e sem pensar muito, ele


desceu a boca e me chupou com tudo. Joguei a cabeça para
trás, deixando o tronco cair de volta ao colchão, alucinada
com aquela boca habilidosa.
— Ahh… que delícia Beto, não para... — implorei, querendo
cada vez mais.

Seus dedos se juntaram à sua boca, desencapando meu


brotinho para lhe dar livre acesso, e quando conseguiu,
sugou meu clitóris para dentro de sua boca, me fazendo
gritar de prazer.

Eu já estava na beira do precipício, o orgasmo na borda, eu


não precisava avisar a ele, Beto me conhecia muito bem, me
penetrou com dois dedos sem parar de chupar meu ponto
sensível.

Quando seus dedos encontraram o ponto certo dentro de


mim, eu explodi em sua boca, gritando, convulsionando e
chamando por ele.

Meu corpo tremia em sua boca, minha boceta apertava seus


dedos, implorei para que parasse, mas ele estimulou meu
ponto G com mais precisão, sua boca se afastou do meu
clitóris, e ainda assim, eu estava explodindo, gozando mais
e mais.

— Aah… Aah… eu… Beto…  — Eu não conseguia formular


nenhuma frase coerente, apenas gemia e ondulava.

Quando percebeu o meu limite, ele tirou os dedos de dentro


de mim, mas roçou a barba por toda a minha boceta, meu
corpo foi se acalmando e eu voltando à Terra aos poucos,
pois pra mim, eu estava nas nuvens.
Com cuidado, ele veio por cima de mim e beijou meus lábios
para que eu pudesse sentir meu próprio gosto, ele sempre
fazia isso quando me fazia um oral e eu adorava sentir
nossos gostos misturados.

Coloquei a última flor em cima da torta, limpei a lateral do


prato que estava suja e apertei a campainha anunciando
que eu havia finalizado a receita.

Estava na segunda etapa do concurso, se eu passasse nesta


fase, eu só precisaria vencer mais uma e estaria dentro do
programa dos meus sonhos.

Vi os jurados caminhando até minha mesa e meu coração


acelerou, passei meus olhos pelas bancadas das minhas
adversárias e as vi correndo para terminar a receita a tempo,
olhei para minha torta feliz com o resultado.

Meus olhos também foram ao encontro do público atrás da


faixa amarela, eles puderam assistir assim como a primeira
fase. Os olhos de Humberto se encontraram com os meus e
trouxeram certo conforto e eu relaxei.
Hoje apenas Humberto pode vir, Kelly não conseguiu sair da
loja para me ver, mas eu sabia que ela estava torcendo por
mim, vendo o celular na mão de Beto, deduzi que ele
deveria estar em uma chamada de vídeo com minha prima,
pois ela exigiu que ele ligasse quando fossem provar meu
prato.

Kelly era como uma irmã pra mim e eu sabia que sempre
estaria ao meu lado. Sorri para ele e voltei minha atenção
para os jurados. Anne, a representante do chefe Raul, foi a
primeira a provar a torta.

— E essa flor? É comestível ou só para decorar? —


perguntou com seu sotaque forte.

— São comestíveis, sim, pode provar. — respondi.

Ela pegou uma das pétalas e comeu, depois pegou outra e


provou com a torta e deu um meio sorriso o que me deixou
nervosa.

— Eu não tenho costume de comer muitas flores, não sou


muito fã, mas eu tenho que te parabenizar com a escolha da
calêndula, o sabor ácido dela quebrou um pouco do doce da
torta, deixando o sabor harmônico e delicioso — elogiou. —
Parabéns, Daysi.

Um alívio tomou conta do meu coração e agradeci a ela e


esperei que os outros jurados experimentassem.

Todos provaram a torta e gostaram, eu fiquei impressionada


por nenhum ter dado pontos negativos para mim.
Por fim, eles provaram as das outras candidatas, à medida
em que elas iam terminando, vinte minutos depois, eles já
tinham o resultado das três finalistas.

Anne parabenizou todas as confeiteiras e disse que se


pudesse, levariam todas, mas eles precisam de apenas uma.
Ela foi uma fofa, suas palavras de conforto deixaram todas
as participantes emocionadas.

Ela finalmente disse quem passou para a última etapa de


seleção:

— Essa não é segredo para ninguém, eu elogiei bastante na


primeira etapa e estava com expectativas altíssimas para
hoje e ela conseguiu me surpreender além do esperado.

Anne veio até mim e meu coração começou a disparar,


lágrimas já cobriam meus olhos quando ela estendeu a mão
para mim e eu a segurei, trêmula.

— Daysi, você é a primeira finalista, vejo que você tem uma


segurança invejável, mas que não é soberba, está aberta a
críticas, escuta nossos conselhos e sempre se entrega cem
por cento nas provas. Continue assim, mesmo que aconteça
de você não ir para a França, continue fazendo isso com
amor.

Emocionada, a abracei e pude escutar as palmas de todos


no local, eu estava infinitamente feliz, mesmo que eu não
ganhasse nada, eu estava satisfeita apenas em ter mostrado
o que eu amo fazer para todas essas pessoas.
— Muito obrigada, Anne, isso é tudo o que sou, obrigada por
me dar essa oportunidade — sussurrei em seu ouvido.

— O mérito é todo seu.

Anne se afastou e disse os nomes das outras duas garotas,


Michele e Bruna também passaram, comemorei com elas e
trocamos algumas dicas rápidas sobre nossas receitas.

Antes de ir falar com Beto, dei um pequeno depoimento


sobre a prova, pois fazia parte do protocolo do programa e
assim que terminei tudo, corri para os braços do meu
namorado que me abraçou forte.

— Parabéns, amor, você conseguiu de novo, eu sabia que


conseguiria. — Afastou um pouco a cabeça e beijou meus
lábios, num beijo calmo.

— Eu nem acredito que estou mais perto do que nunca de


realizar meu sonho, Beto… — confessei baixinho.

— Eu garanto que você vai conseguir, amor, essa vaga já é


sua, ouviu o que a Anne falou? Ela está praticamente
contando com sua vitória. — Ele segurou meu rosto com as
duas mãos e olhou em meus olhos. — Você vai para a França
e vai ganhar esse concurso, ok?

Concordei com a cabeça e ela me beijou novamente, mas


por dentro, eu estava morrendo de medo de criar
expectativas em vão.

Saímos de lá e fomos direto para minha casa, hoje iríamos


jantar na casa dele para comemorar, todo mundo iria, só
não Bella que teria que ficar com a avó, mas prometi
comemorar com ela no fim de semana.
Capítulo 28

Saí do banho e fui direto para o quarto trocar de roupa, hoje


passaríamos a tarde na casa de Mel tomando um banho de
piscina e paparicando a Bella por ela não ter vindo ontem
para o jantar.

Mel convidou a mim, Beto e a Kelly para passarmos a tarde


lá, topamos é claro, minha prima ficou animada, mas fingiu
se irritar quando Daniel se ofereceu parar ir, trocaram
algumas farpas, fazendo todos rirem.

Daniel passou o jantar todo provocando-a, ela não ficou


muito atrás, sempre o provocava de volta, o clima entre eles
era de pura atração, mas parecia que ela estava disposta a
não ceder facilmente.
Vesti minha roupa que estava em cima da cama de Beto,
como eu costumava passar alguns fins de semana com ele,
eu tinha peças de banho na bolsa que eu havia deixado em
sua casa.

Optei por um maiô branco ombro a ombro e um short leve


para passar o dia na casa da minha cunhada.

Coloquei um vestido na bolsa que eu iria levar para vestir


quando voltasse para casa.

Fui até o espelho enorme que Beto tinha no quarto e


enquanto colocava meus brincos na orelha, ele chegou por
trás e beijou minha nuca, fazendo meus pelos se
arrepiarem.

— Deliciosa desse jeito, como poderei sair de casa com


você? Vai ser uma tortura tomar banho de piscina com você,
com todos eles, e não poder te foder na água como faço
quando estamos aqui em casa. — Esfregou sua ereção em
minha bunda enquanto sussurrava em meu ouvido.

— Para, amor, prometemos a Bella que iríamos, e você


abaixe esse fogo, você é insaciável homem, se dependesse
de você, não faríamos outra coisa a não ser transar.

— Que culpa tenho eu se a minha namorada é uma


perdição? Só de tá perto dela me faz ficar de pau duro. —
Mordeu meu lóbulo da orelha e me virei pra ele.

— Fico feliz em saber disso, eu também me sinto excitada


quando estamos juntos, mas você vai ter que se controlar
hoje, mocinho, mas garanto que compenso à noite. — Deixei
um selinho em sua boca. — Kelly chegou? Escutei a
campainha— perguntei.

— Chegou, sim, está lá em baixo e mandou eu descer logo


com você, segundo ela, não quer ficar esperando enquanto
a gente se agarra no quarto. — Corei assim que ele terminou
de falar.

— O quê? Meu Deus que vergonha, vamos agora. — Eu me


apressei para sair, mas ele me puxou de volta para seus
braços.

— Não fique envergonhada, amor, ela estava brincando.

— Beto, se ela falou isso é porque você não sabe disfarçar,


meu Deus que vergonha, ela deve tá achando que a gente
só tran…

— Ei, para com isso, não damos bandeira, ela só jogou


verde, agora me dá um beijo. — Sem nem esperar resposta,
ele tomou meus lábios com os dele num beijo apaixonado.

Antes que pudéssemos aprofundar o beijo, Kelly invade o


quarto, me fazendo descolar nossas bocas.

— Graças a Deus não estão transando! — exclamou,


exagerada, balançando os braços. — Parem de agarramento
e vamos embora logo.

Colocou as mãos na cintura e sorriu para mim, na certa


vendo o quanto eu estava vermelha.

— Tiveram a noite toda pra vocês e ainda não foi suficiente?


— ela provocou
— Para, Kelly…  não tem nada a ver... — Tentei não gaguejar.

— Deixa de besteira, Day, sabe que tô brincando. Mas é


sério, estamos em cima da hora, vamos logo? — Caminhou
até a porta e eu a segui, Beto ficou para trás rindo de mim.

— E esse biquíni aí é novo? — Puxei assunto, vendo a tira da


peça se sobressair no vestido em que vestia.

— Sim, comprei essa semana, é a ocasião perfeita para usá-


lo. — Ela piscou para mim e eu já entendi tudo.

— Vai matar o homem, você sabe disso, né? Ele vai ficar
babando.

— Essa é a intenção, querida. — Sorriu, maléfica.

— O que está acontecendo entre vocês, afinal? — perguntei,


curiosa, na esperança de ela se abrir sobre isso.

— Digamos que ele está provando um pouco do próprio


veneno... — Deu de ombros. — Ele me esnobou quando eu o
queria, agora eu é que o estou fazendo penar, outro dia te
conto tudo, mas resumindo: eu gostei dele desde a primeira
vez, e ele ficava sempre falando para eu não me apegar em
todas as vezes que saímos depois daquele dia da boate.

Ela olhou para trás vendo se Beto estava perto, voltou a falar
quando percebeu que ele não estava atrás de nós.

— Eu cansei de ele me tratar como uma qualquer, decidi


cair fora, ele sumiu por um tempo, quando eu não corri mais
atrás, ele me ligou e eu ignorei. Agora onde eu estou o
desgraçado está. — Sorriu vitoriosa
— Então tudo é premeditado? — falei, incrédula

— Sempre, toda vez que ele me chama para sair, eu digo


que não posso, pois tenho um compromisso e claro lhe falo
onde vou, então ele sempre vai e eu finjo surpresa, mas o
auge foi levar o Jonas. Prima, você não sabe como Daniel
ficou naquela noite. — Seus olhos brilharam e tive certeza
de que eles passaram a noite juntos. — Ele tava tão puto. —
Riu. — Mas eu domei bem a fera. — Piscou um olho. —
Depois daquela noite, eu sumi de novo, ele está mais
insistente, tenho que aguentar firme só mais um pouquinho.

— Tem certeza de que ele vale a pena todo esse esforço? —


perguntei, preocupada

— Vale, dessa vez eu tenho certeza, você sabe que depois de


tudo que aconteceu, eu tive medo de arriscar alto, né? —
falou, se referindo a seu ex-marido. — Mas sinto que com o
Dan vale a pena, mas se não valer também, não vou morrer
por causa disso. — Deu de ombros.

Chegamos na garagem e ela abriu a porta traseira e entrou,


eu entrei no banco do passageiro e apenas assenti com a
cabeça, pois Beto chegou logo em seguida. Ela parecia
satisfeita com o que estava fazendo e eu só rezava para ela
não se machucar novamente.

Pisquei para ela através do retrovisor do carro e ela piscou


de volta. Então assim cúmplices e com um Humberto alheio
a tudo seguimos para a casa de Melissa.
O trajeto até a casa de Max e Mel não demorou muito a ser
feito, logo estacionamos na garagem da linda casa e
seguimos para área externa que ficava nos fundos.

A piscina era maior do que a da casa de Beto, estava com


várias boias espalhadas e uma garotinha esperta tendo o pai
passando o protetor em seu rostinho.

Sorri olhando a cena e me aproximei devagar, logo sua


atenção foi atraída para mim e ela virou o rosto em minha
direção.

— Daysi — gritou e correu até mim, deixando o pai com a


mão no ar cheia de filtro solar.

— Oi, princesa. — Eu me abaixei a tempo de pegar seu


corpinho e o apertar num abraço gostoso.

— Que saudades eu tava de você, fiquei feliz de você ter


passado de novo a prova de bolos, da próxima, você me
deixa ir de novo? — Ela me olhou nos olhos esperançosa.

— Deixo, sim, e quero todos lá hein? — falei alto para todos


os que estavam presentes e eles concordaram.

— Desculpa, não ter ido ontem, amiga, mas tinha que


desenhar as últimas peças para a coleção. O lançamento
está chegando, estou uma pilha de nervos. — Mel se
desculpou.

— Eu entendo, amiga — eu a tranquilizei.

Kelly também ganhou um abraço de Bella e as duas


correram para a piscina depois que Max terminou de passar
o filtro solar nela.

Retirei o short e eu e Mel nos juntamos as duas, enquanto


Max e Humberto preparavam o churrasco.

Pouco tempo depois, escutamos a voz de Daniel, ele chegou


já procurando por Kelly, ela logo se animou e saiu da água,
lógico que o provocando, pois seus olhos percorreram o
corpo dela como se fosse a coisa mais bonita que ele tinha
visto na vida.

— Agora sim a festa está completa, esses dois vão acabar


namorando, hein Daysi — Melissa comentou atrás de mim,
me fazendo olhar para ela.

— Tomara, não aguento mais essas provocações entre eles.

— Sim, tá na cara que tão a fim um do outro, mas até que


Kelly está sabendo o domar bem, nunca o vi se interessar
por uma mulher assim antes, Daysi. Aposto que ele só não
se entregou ainda por medo do que sente. — Riu

— Eu torço para darem certo, mas que ele não faça minha
garota sofrer.

— Porra, Kelly emagreceu dez quilos agora, com essa secada


que você está dando nela, Dan — Max brincou, nos fazendo
rir

— Fecha a boca, moleque, a baba está escorrendo! —


Humberto também tirou sarro do amigo.

— Vão pra puta que pariu — exclamou, irritado, finalmente


desviando os olhos da minha prima.
— Não pode falar palavrão, tio Dan, é feio — repreendeu
Bella.

— Verdade, princesa, me desculpe. — Mandou um beijo para


ela.

— Bom dia, Kelly — Daniel cumprimentou, indo até ela e


dando-lhe um beijo na bochecha.

— Bom dia, Daniel. — Ela deu de ombros e rebolou até a


espreguiçadeira, se deitando em seguida.

Ele a seguiu com o olhar, mas caminhou até os meninos


para os ajudar e acredito para não dar bandeira do quanto
minha prima mexia com ele.

O dia foi maravilhoso, nos divertimos muito, Bella brincou


na piscina conosco, até que depois do almoço, ela apagou e
a babá a levou para o quarto.

Ficamos até anoitecer, Beto estava louco ´para ir para casa,


na piscina, suas mãos viviam me tocando, como se fosse
uma necessidade me ter sempre ao alcance das mãos,
muitas vezes sussurrava em meu ouvido que estava com
vontade de fazer comigo quando estivéssemos a sós,
acendendo meu corpo.

Eu não me atrevia a provocá-lo com medo de alguém ver a


gente, mas nas vezes que fui ao banheiro, ele ia atrás e me
roubava beijos de tirar o fôlego.

Na hora de irmos embora, Kelly disse que iria com Daniel


para casa, Beto ainda brincou, mas aquilo não abalou os
dois, que saíram de lá com um sorriso no rosto.

— Vamos para casa, amor? Estou faminto — Humberto falou


enquanto colocava o cinto de segurança.

— O quê? Você comeu até agora, amor, que fome é essa? —


perguntei, espantada

— Ah, meu amor... — Colocou a mão na minha coxa e


apertou. — Quem disse que é esse tipo de fome? — Então
entendi o que ele queria dizer.

— Você não tem jeito mesmo, né? — gargalhei, mas meu


corpo todo já estava em alerta, querendo saber o que faria
comigo quando chegássemos em casa.

Mas assim que chegamos, ele me agarrou ainda no carro, eu


me afastei, sorrindo pois tinha que usar o banheiro, minha
bexiga estava cheia.

— Deixa de ser apressado, homem. — Saí do carro e ele fez


o mesmo. — Preciso fazer xixi, antes de qualquer coisa —
falei, já indo em direção à porta de entrada.

— Tá certo, vai lá, eu vou acionando os alarmes aqui de fora


e já te encontro no quarto. — Ele me deu um selinho e um
tapa na bunda — Que mulher, meus Deus, que mulher —
exclamou, olhando para o céu e me fazendo rir.

Caminhei para dentro de casa e assim que entrei na sala,


percebi que a gente tinha visitas.

Os pais dele estavam sentados no sofá, minha sogra foi a


primeira a olhar para mim e vi o quanto aquilo não a
agradou.
Capítulo 29

Saí do quarto do meu pequeno furacão, ela ainda dormia,


passei apenas para lhe dar um beijo antes de ir.

Tinha certeza de que iria dar trabalho aos pais essa noite,
mas ela brincou muito conosco, estava cansada.

Senti meu celular vibrando no bolso com a chegada de uma


mensagem, peguei o aparelho, era da minha mãe.

Mãe: “Boa noite, filho, está em casa?”

“Oi mãe, boa noite, estava na casa da Mel, estou indo para
casa agora.”

Ela não visualizou de imediato, então eu segui para o jardim


onde todos já se despediam. Quando cheguei até eles, o
celular voltou a vibrar.

“Mãe: Tudo bem, meu amor.”

Não demorei a responder:

“Está precisando de alguma coisa?”

Guardei novamente o celular no bolso e chamei Daysi para


irmos, o que eu mais queria era tê-la só para mim.

Senti o celular voltar a vibrar, mas deixei para ver o que ela
queria quando chegasse em casa.

O trajeto de volta para casa foi feito com muitas


provocações, principalmente da minha parte, eu amava
deixá-la vermelha.

Chegando em casa, ela entrou primeiro e eu fui acionar os


alarmes, quando lembrei da minha mãe, na mesma hora
peguei o celular e vi a mensagem:

“Nada, só que eu e seu pai estamos passando perto


da sua casa, vamos te esperar lá, está bem?”

Na mesma hora, fiquei em alerta, Daysi estava lá com eles


na sala, e temi o que minha mãe poderia fazer. Ela não ia
ser direta em nada, afinal ela nunca perde a pose, mas seus
olhares poderiam magoar minha garota.

—Merda — exclamei, já indo em direção à entrada


novamente.
Quando entrei na sala, Daysi estava parada no meio do
caminho, como se tivesse com medo de seguir adiante.

— Pai? Mãe? Não sabia que vocês estavam aqui. — Coloquei


uma mão nas lombar de Daysi e ela finalmente olhou para
mim, como se saísse de um transe.

— Acho…acho melhor eu ir pra casa, Humberto — sussurrou


e ali tive certeza de que ela sentiu como minha mãe a tinha
lhe tratado no evento, meu coração se apertou.

Tinha esperança de que ela não tivesse notado nada, já que


não tinha falado nem demonstrado. Olhei bem nos olhos
dela e falei:

— Claro que não, vai ficar aqui. — Fui firme também


sussurrando para ela.

— Oi filho, é que sua mãe estava com saudades, há uma


semana não te via, decidimos passar aqui, ela te mandou
mensagem, não é? Nem passou pela nossa cabeça que você
poderia estar com sua namorada, desculpe. — Meu pai se
levantou e veio até nós, me abraçando e puxando Daysi
também para um abraço.

Ela retribuiu o carinho e aquilo me deixou menos tenso,


olhei para minha mãe que ainda estava calada, sentada no
mesmo local, apenas olhando para nós.

Voltei meus olhos para meu pai que beijou a testa de Daysi
com carinho como sempre fez com Mel. Ele era incrível, eu o
admirava muito, sempre muito carinhoso com todos, sem
preconceito, sem arrogância, diferente da minha mãe.

— Olá minha querida, que bom te ver de novo.

— Pedro, é bom ver vocês também — disse com um sorriso


no rosto e ele a soltou do abraço.

— Filho, a gente não imaginava mesmo que você estaria


ocupado,

— Sim, ela mandou. Só vi agora quando cheguei em casa


que vocês estavam aqui. — Caminhei até minha mãe que
finalmente se levantou e me abraçou apertado.

— Oi filho, pensei que não teria problemas, podemos voltar


outro dia já que está com visitas. — Olhou para Daysi e
acenou com a cabeça.

— Não precisa, Ana, eu vou para o quarto, podem conversar,


foi um prazer ver você novamente. — Deu um sorriso para
minha mãe e foi em direção ao meu quarto.

Respirei fundo e olhei para minha mãe, ela tinha se sentado


novamente no sofá.

— Não vou demorar, filho, só quis passar para te ver, saber


como está, estava com saudades — falou com voz mansa.

— Tudo bem, mãe. Eu também estava com saudades de


vocês, mas eu estou bem, e a senhora?

— Estou bem, filho, fomos passear hoje, mas seu pai não
quis ficar muito.
— Ontem ela ficou tonta, não quis arriscar — falou,
preocupado e eu a olhei.

— Como assim, mãe, tontura? Tem que ver o médico.

— Estou bem, foi só porque eu comecei uma dieta nova,


pare de drama, Pedro. — Aquilo me fez revirar os olhos, eu
sabia o que ela queria dizer e me irritou muito.

— E para quê fazer dieta? A senhora está dentro do seu peso


ideal, não?

— Só estou me cuidando, não quero ficar acima do peso.

— Olha, mãe, pare de grosseria, se isso tem a ver com… —


Não me deixou terminar de falar.

— Claro que não tem nada a ver com a garota, Humberto, eu


só percebi que tenho que me cuidar mais. Thais está me
ajudando com isso.

Aquilo me deixou ainda com mais raiva, eu sabia que ela


estava tentando me atingir, mas eu não daria esse gostinho
a ela.

— Então se cuide, acha mesmo que precisa fazer dieta? Vai


arriscar sua vida sem nem procurar um profissional
adequado para isso?

— Eu falei isso a ela, filho, mas você sabe como ela é


teimosa, não me escuta de jeito nenhum. — Meu pai
suspirou.
— Eu estou bem, parem de se meter na minha vida. —
Revirou os olhos.

— Tá bom, mãe.

— Nós já vamos, mas eu e sua mãe queríamos te chamar


para um almoço lá em casa no sábado, aniversário dela —
meu pai me convidou e eu olhei para minha mãe.

— Pode levar sua namorada, filho, só quero estar com minha


família. Prometo não fazer nada daquilo que fiz no evento,
me desculpe, só fui pega desprevenida — disse, parecendo
convincente e eu aceitei.

— Isso significa muito pra mim, mãe. Obrigado. — Beijei sua


testa.

— Então vamos lá, você tem companhia lá em cima filho, vá


lá. — Meu pai sorriu cúmplice para mim e eu sorri de volta.

— Acompanho vocês até a porta. — Ajudei minha mãe a se


levantar e os levei até a porta, nos despedimos e eu subi
para ver minha garota.

Entrei no quarto e ela não estava, fui até o banheiro e ela


estava na banheira, com o corpo submerso na água com
espuma, só a cabeça para fora, apoiada na borda.

Seu olhar estava fixo no teto, distraída não me viu entrar,


me aproximei e comecei a tirar a roupa para entrar com ela,
só então virou suas esmeraldas para mim e me perdi
naquele olhar.
— Seus pais já foram?

— Foram, sim. Temos todo tempo do mundo agora. — Ela foi


um pouco mais pra frente para que eu pudesse me
posicionar atrás, quando o fiz, a puxei para deitar a cabeça
no meu ombro e a abracei.

— Sua mãe não gostou de mim, não é? — perguntou e eu


travei por um segundo. Meus dedos começaram a acariciar
seus braços.

— Não é nada disso, princesa, ela foi pega de surpresa…

— Por você está namorando uma mulher gorda? — Daysi me


interrompeu, eu não soube o que falar.

— Amor, eu…

—Tudo bem, Beto, estou acostumada a falar sobre isso —


disse por fim.

— Ela não quis ser preconceituosa, só não estava preparada


mesmo, mas já conversei com a minha mãe e ela entendeu
que o fato de você ser gordinha, não interfere no que
sentimos um pelo outro, que eu gosto de você por completo,
cada pedacinho seu, seu corpo, olhos, boca, o jeito como
cora quando falo sacanagem perto dos nossos amigos e
principalmente, me apaixonei por seu coração e alma —
confessei tudo, pois ela merecia saber.

— Sou gorda, Humberto, não gordinha, esse diminutivo não


ajuda em nada. Não me importo que falem gorda, pois não
me ofendo com isso, a não ser que falem de forma
pejorativa, aí sim me ofende.

Virou o rosto e me encarou, fiquei surpreso com o que ela


falou, não sabia muito sobre como ela se sentia em relação
a como as outras pessoas olhavam para ela.

— Obrigado por ser quem é, me deixou ainda mais


apaixonada por você em saber que gosta de mim assim, eu
não poderia estar mais feliz.

— Eu também estou, amor, e eu não sabia que a palavra


gordinha te ofenderia, desculpa — falei, envergonhado.

— Não me ofende Beto, só não gosto, é como se gorda fosse


sinônimo de feio, algo ruim, mas não é, entende? Eu passei
a infância e adolescência toda sofrendo por causa do
bullying, crianças podem ser cruéis também. — Daysi me
olhou nos olhos e continuou:

— Mas em casa, tinha dois pais incríveis, que me exaltavam


a todo momento, via o amor do meu pai para minha mãe,
mesmo ela sendo gorda, assim como eu. E aquilo não
parecia errado como as pessoas falavam. Mas foi na
adolescência que eu comecei a sofrer ainda mais, as piadas
ficaram pesadas demais, o fardo de não ser magra igual as
mulheres famosas que eu admirava, de não ter o corpo ideal
começou a pesar sobre meus ombros. — Suspirou e eu só
consegui ficar calado escutando.
— Comecei a fazer dietas e mais dietas, comecei a me achar
feia, não querer usar roupas que marcassem meu corpo,
comecei a usar roupas dois números acima do meu e tentar
não ser notada. Mas era impossível, eles sempre me viam.
Kelly era a única a me tratar de igual para igual. Até que
depois do ensino médio, eu comecei a sair cada vez menos
de casa, eu praticamente me excluí do mundo. A confeitaria
era só o que me deixava sobreviver, o amor pela culinária
era o que me fazia viver, ter um propósito, sabe? — Seus
olhos tinham um brilho diferente, não consegui identificar.

— Sinto muito, amor. — Foi tudo o que eu consegui dizer.

— Tudo bem, Beto — ela me confortou e aquilo me deixou


admirado, pois era ela quem tinha sido tão machucada. —
Isso não me machuca mais. — Sorriu para mim e voltou sua
atenção para o teto.

— Depois de muito tempo trancafiada em casa, por opção


minha, eu vi uma coisa que mudou minha vida, vi meus pais
na sala de casa, dançando. Vi o brilho nos olhos dele ao
olhar para minha mãe, era amor puro, sincero, genuíno. Era
prazer em tê-la nos braços, era também cuidado, carinho e
eu desejei ter aquilo um dia também. Queria alguém me
olhasse com tanto amor quanto meu pai olhava para minha
mãe. — Suspirou. — Percebi que eu tinha um problema,
procurei ajuda psicológica, sozinha eu não conseguiria. Não
foi fácil.
Seus olhos voltaram-se para mim e eu fiquei apenas
esperando que ela falasse.

— No início, eu não acreditava em mim mesma, a minha


psicóloga fez um exercício, eu tinha que ficar em frente ao
espelho todos os dias ao acordar e falar coisas bonitas para
mim, me elogiar. Mas sabe o que mais doía? Era me olhar no
espelho e não ver refletido todas aquelas palavras. E me
machucava. Kelly como sempre foi meu porto seguro,
quando eu não pude fazer, ela fez por mim, até eu começar
a enxergar quem ela via no espelho, e quando finalmente eu
me vi, foi libertador.

Seus olhos se enchem de lágrimas e meu peito doeu, nunca


imaginei que ela tivesse passado por isso e ver minha mãe a
tratando daquele jeito me deixou ainda mais envergonhado.

— Amor… não chore, já passou. — Tentei, mas ela sorriu e


limpou os olhos.

— Estou bem, amor. Hoje em dia, eu sei quem sou, meu


tamanho não me define, nem as roupas que uso. Não me
comparo a ninguém, sou feliz de ser quem sou, tenho
orgulho de mim, do meu corpo, minha mente e
principalmente da minha alma. Vi no olhar de sua mãe que
ela não se agradou, mas não será isso que me afastará de
você. — sem resistir, segurei seu rosto com as duas mãos e
beijei sua boca com carinho.

— Ainda bem, pois se você desistisse de mim, eu não te


daria sossego — brinquei, mas minhas palavras eram
sinceras, não vou desistir da minha mulher.

— Mas me diga aí, o que seus pais queriam? — Voltou a se


acomodar em meus braços e minhas mãos voltaram a
passear pelo seu corpo.

— Bom, vieram nos convidar para um almoço na casa deles,


sábado é aniversário da minha mãe — falei um pouco com
receio. — Se você não quiser, eu vou entender, mas eu não
queria ir sem você, é importante para mim te ter no meio da
minha família. Garanto que não são todos iguais minha
mãe, e ela mesmo te convidou, me pediu desculpas pelo
jeito que te tratou no evento. Tenho certeza de que vai te
pedir desculpas também, é orgulhosa, mas sabe reconhecer
quando erra.

— Tudo bem, eu vou. — Daysi me tranquilizou e a apertei


ainda mais contra mim.
Capítulo 30

A semana passou voando, Humberto e eu quase não tivemos


tempo juntos. Ele viajou na terça e voltou ontem, mas só à
noite conseguimos nos ver direito, ele estava cansado,
apenas dormimos abraçados, foi suficiente para eu aplacar
um pouco da saudade que eu estava dele.

Mas pela manhã, ele me acordou daquele jeito especial, me


levando às nuvens com aquela boca deliciosa e eu fui dele
mais uma vez.

Não demoramos a chegar na casa dos meus sogros, eles


moravam perto de Humberto, uns cinco minutos apenas de
carro até lá.

Quando o carro estacionou, me dei conta de que não era


apenas uma reunião em família. No estacionamento, havia
muitos carros e um tanto de gente na área externa da casa,
que me assustou.

— Meu Deus, eu não sabia que era uma festa grande assim.
Poderia ter vindo mais arrumada — falei com Humberto
enquanto descia do carro. Sem demora, ele já caminhava
até mim e segurava meu rosto.

— Você está perfeita, amor, linda demais, a mulher mais


linda dessa festa — sussurrou essa parte em meu ouvido.

— Você nem viu quem está na festa direito, como pode


afirmar uma coisa dessas? — brinquei, lhe dando um tapa
no peito.

— Não preciso ver mais ninguém para saber que eu tenho


razão, amor. Você sem dúvidas, é a mais bela de todas? —
falou todo galante.

— Mas é um galanteador mesmo, viu? Como resistir a você?


— Fingi inocência.

— Não resista, simples! — Sorriu e me deu um beijo casto


nos lábios. — Agora vamos procurar a aniversariante.

Sorrindo, vamos de mão dadas à procura de Ana. No


caminho, todos nos olhavam, alguns paravam para nos
cumprimentar, outros apenas acenavam para Beto.

Quando via algum parente, ele parava para me apresentar e


eu era recebida com abraços e beijos da maioria deles,
pareciam ser bem carinhosos.
Mas nem todos na festa me olhavam assim. Como no
evento, quanto maior o status as pessoas pareciam ter, mais
eram os olhares julgadores direcionados a mim, eu
simplesmente fingia não ver.

Hoje em dia, a maioria dos olhares não me atingem, como


no evento em que fui apresentada aos seus pais. Lá eu
simplesmente ignorei, aqui eu parecia um ET para a
maioria.

Sem que eu quisesse, meu coração se apertou, seria sempre


assim quando ele me levasse em eventos do seu ciclo de
amizade e família?

Tentei não me deixar abalar, com um sorriso no rosto, fiz o


que meus pais sempre me ensinaram, fui educada e
simpática com todos.

— Olha lá, amor, aqueles dois ali sentados são meus avós,
vamos lá. — Apontou para um casal que estava sentado,
logo à frente e me conduziu até lá.

— Oi vó, oi Vô, que saudades eu estava de vocês. —


Humberto abraçou cada um e eles retribuíram
calorosamente.

— Meu menino, eu pensei que você não viria, sempre chega


cedo, hoje está um pouco atrasado — falou sua avó em tom
de repreensão.

— Vó, eu garanto que foi por uma boa razão, eu estava


esperando minha garota ficar pronta. — Nossa que cara de
pau de ele falar isso, eu fiquei pronta primeiro.

— Larga a mão de ser mentiroso, Humberto, fiquei pronta


uma hora antes de você. — Eu o empurrei de leve e ele riu.

— Não acredito que você quis colocar culpa na moça, meu


filho, que coisa feia. — A senhora o puxou para perto e
segurou sua orelha de leve.

— Ai vó, não sou mais criança! — Gargalhou e abraçou a


mulher.

— Então assuma suas atitudes — disse, rindo também. —


Então essa é a Daysi, sua namorada? — Levantou os olhos
para mim.

— Sou eu, sim. — Estendi a mão para ela.

— Olá querida, sou Tereza. Como vai? — Ela me puxou para


um abraço também e eu retribuí.

— É um prazer conhecê-la, dona Tereza. — Beijei seu rosto e


abracei seu Paulo, avô de Beto.

— Seja bem-vinda à família, minha querida. — Apontou para


a cadeira na frente dele e eu me acomodei com eles na
mesa, Beto se sentou ao meu lado.

— Meu Deus, você tem um rosto lindo, olha esses olhos,


Paulo? Tão verdes, tão belos! — comentou Tereza, e na
mesma hora eu sorri, aquele comentário não me atingiu,
pois mesmo que ele fosse ofensivo, eu sei que não foi a
intenção dela, via em seu olhar o carinho.
Na mesma hora, Beto colocou a mão em minhas costas e
alisou, como se pedisse desculpas, olhei para ele e balancei
discretamente a cabeça dizendo que não me senti ofendida
pelo comentário de sua avó.

Ficamos uns quinze minutos com eles ali na mesa, até a


Melissa se juntar a nós com Bella, Max e Daniel. Ele
perguntou por Kelly, eu apenas disse que ela estava na loja
e ele acenou com a cabeça. O pai de Beto, Pedro, também
se juntou a nós minutos depois. Só faltava a minha sogra,
que eu não tinha visto ainda.

Mais ou menos uma hora depois, Ana chegou à nossa mesa.


Nunca a vi tão sorridente como naquele dia, fiquei feliz por
ela estar mais receptiva. Ela nos cumprimentou e só então
percebi que tinha uma loira ao seu lado.

— Desculpem o atraso, meus queridos. Olha só quem eu


encontrei ali numa mesa sozinha, filho, a Thais. Tive que a
convidar para se juntar a nós.

Sorri para a mulher e depois voltei meus olhos para


Humberto, que tinha retesado o corpo ao meu lado, fiquei
sem entender nada.

— Oi Beto, estava com saudade — ela falou como se


estivesse com saudades somente dele, mas logo emendou:
— dessa família maravilhosa. — Não desfiz meu sorriso
enquanto tirava minha atenção dela, de volta para ele.
— Oi Thais — respondeu seco. Aquilo me deixou em alerta e
eu parei de sorrir na hora. O que estava acontecendo ali?

Olhei para Melissa que estava parada, apenas olhando a


situação, ela me dirigiu um olhar envergonhado o que me
deixou ainda mais confusa.

— Thais, essa é Daysi, nova namorada do Humberto — Ana


me apresentou para ela.

— É um prazer, Thais — eu a cumprimentei com um sorriso


contido.

— É? Eu nem sabia que ele estava namorando — falou,


chocada. E eu levantei uma sobrancelha. — O prazer é meu,
Daysi, né? Que sejam felizes, não o vi com ninguém depois
que terminamos nosso noivado. — Não consegui me
controlar, meus olhos se arregalaram e ela sorriu vitoriosa,
então me arrependi da reação que tive.

Humberto ia falar alguma coisa, mas eu reagi a tempo e


com uma falsa calma, sorri para ela e respondi:

— Engraçado, também nunca ouvi falar de você desde que


estamos juntos, mas deve ser porque não é relevante, já que
terminaram. E você não saber que ele está namorando
também é normal, já que ele não deve satisfação à ex, não
é? — Ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas desistiu,
vitoriosa olhei para Daniel, que estava escondendo o sorriso
com o guardanapo em frente à boca.
Percorri meus olhos pela mesa e vi uma Melissa sorridente,
que piscou pra mim. Eu só lhe dei um sorriso em resposta e
olhei para minha sogra. O que ela estava querendo fazer
trazendo aquela mulher baixa ali? Porque já deu para
perceber que essa Thais não superou o fim, já que se
insinuou para Beto.

— Mãe não sei se é uma boa ideia a Thais ficar na nossa


mesa… — Ele ainda tentou, mas Ana não estava disposta a
deixar sua ex-nora sozinha na festa.

— Deixa de besteira, filho, ela vai ficar sozinha? Vocês ainda


são amigos, que mal tem? Tenho certeza de que Daysi não
se importa, não é? — Minha sogra me deu um sorriso falso.

—Ah não, de jeito nenhum isso me incomoda. — E simples


assim eu me virei de novo para Melissa e disposta a ignorar
aquela mulher a noite toda.

Eu não dirigir mais meu olhar para tal Thais, fiquei


conversando com os avós de Beto, Mel, Max, Daniel e até
Bella.

Beto também a desprezou, o que me deixou aliviada, toda


vez ela tentava se meter em nossa conversa, nem eu, nem
ele permitíamos. Mel ainda era educada, o que me fez
perceber que eram amigas.

Beto ficou o tempo todo com as mãos em mim, parecia que


tinha medo de que eu fugisse, mas eu não faria aquilo. Beto
me levou para conhecer o restante da propriedade dos pais,
mas eu sabia que era uma desculpa para falar comigo.

Quando chegamos dentro de casa, ele me levou a um


quarto no andar de baixo e segurou-me contra a porta.

— Amor, desculpas pela cena que minha mãe e a Thais


fizeram lá, eu nem imaginava que ela estaria aqui. — Foi
logo se explicando e eu também fui direta.

— Você não tem que se explicar, quem fez isso não foi você.
Mas só me responde uma coisa, você realmente é amigo
dela? Ainda tem contato próximo? — Ele me olhou nos olhos
e balançou a cabeça.

— Não somos amigos, mas ela trabalha comigo, é minha


segunda designer. Ela e Melissa são mais amigas, mas eu
não sou amigo dela.

Sem querer deixar aquilo me afetar, eu olhei bem nos olhos


dele e perguntei o que eu tinha evitado até ali, desde que
conheci seus pais.

— Você não falou sobre mim para seus pais, e agora para
sua ex… Tem algum proble… — Ele não deixou que eu
terminasse de falar, e simplesmente tomou meus lábios de
forma intensa.

— Nunca mais fale isso, ok? Ela mentiu, eu disse a ela que
estava namorando. Ela não superou o término, mas da
minha parte não sinto nada por ela. Só tenho olhos pra você,
linda — falou assim que desfez o beijo.
Vi a verdade em suas palavras e olhar. E lembrei de todas as
vezes que ele me apresentou sorrindo como sua namorada.
Percebi o quanto eu errei em perguntar algo que não tinha
cabimento.

— Me desculpa, mas é que agora ficou claro que sua mãe


realmente tem um problema comigo. Não quero alimentar
esse mal-estar, vou fazer de tudo para que ela me aceite,
mas dói saber que ela não gosta de mim, Beto. — Meus
olhos ardiam, mas não deixei que as lágrimas caíssem.

— Amor, me desculpa, eu não falei com minha mãe sobre


nós por falta de oportunidade mesmo, mas eu sempre disse
que estava saindo com alguém, depois que virou namoro
realmente não falei a eles, mas nada tem a ver com você, eu
nunca seria capaz de fazer algo desse tipo com você, meu
amor. — Ele beijou meus olhos e eu o abracei.

— Eu acredito em você, Beto.

— Me desculpe te fazer passar por isso, você quer ir pra


casa? — Beto me perguntou quando segurou meu rosto
entre as mãos.

— Eu até queria, mas é aniversário da sua mãe, não posso


dar mais motivos para ela não gostar de mim. — Sorri
tentando brincar. — E não quero dar essa vitória para aquela
mulher sem sal também. — Fiz careta e ele sorriu.

— Ficou com ciúmes? — provocou.


— Lógico que não. — respondi. — Não tenho motivos ou
tenho?

— Não, não tem, amor. — Puxou-me pela cintura, mais para


perto dele.

— Pois bem. Mas eu não gostei de ela se insinuando para


você na minha cara. — Revirei os olhos, irritada. — Só tente
afastar essa mulher, ela faz tudo aquilo quando vocês estão
só? Você permite?

— Amor, Não. Eu não deixo, eu vivo deixando claro para ela


que acabou, agora não sei mais o que fazer. Depois que
disse que estava namorando, ela largou do meu pé. Pensei
que finalmente tinha entendido. — Suspirou.

— Tudo bem, vamos voltar lá. Vamos fingir que nada


aconteceu. — Eu não poderia deixar aquilo estragar o que
nós construímos, mas me machucou um pouco, há tempos
eu não tinha esse sentimento estranho dentro de mim.

Claro que eu senti ciúmes, mas também tive medo que Beto
estivesse mentindo sobre os seus sentimentos. Finalmente
encontrei alguém que me valorizasse.

Ele fazia com que eu me sentisse segura e amada.

Mal conheci essa mulher e ela já me deixou desse jeito, não


basta todos em volta dele me julgando? Ela tinha que dar
em cima dele assim, bem na minha cara?
Respirando fundo, eu o abracei forte e ele beijou meus
cabelos, me deixando ainda mais confortável em seus
braços, eliminando todo medo que senti nos últimos
minutos.

Depois de mais um beijo, ele me levou de volta para mesa,


eu claro não demonstrei fraqueza para ela, continuei
ignorando-a e sendo simpática com todos na mesa me
trataram com carinho, menos Thais. Ana se esforçou para
falar comigo, não sabia dizer se era porque queria, ou só
para agradar o filho, mas não me dirigiu aquele olhar de
julgamento.

O restante da tarde seguiu tranquilamente, a família de


Beto contando o que ele e Mel aprontavam quando crianças,
eu me diverti muito, apesar da presença indesejada da loira
na mesa.

Quando a noite caiu, Beto me levou para casa, eu estava


feliz em conhecer mais da vida dele e seus avós eram um
amor. Dona Tereza era muito fofa, mandou Humberto me
levar em sua casa e claro que eu queria ir.
Capítulo 31

Mais um mês se passou e minha vida tinha dado uma


mudada brusca com altos e baixos.

A parte boa é que tinha vencido as seleções, agora só faltava


mais uma e eu estaria dentro da grande competição.

Com o concurso, as vendas do Dally triplicaram, Kelly está


muito atarefada, mas contente com esse sucesso todo, até
me ajudou na cozinha essa semana. Eu estava morrendo de
saudades de tê-la ao meu lado preparando os doces.

Meu namoro só estava melhorando, meus pais gostavam


muito de Beto, minha mãe estava apaixonada por ele, vivia
mimando-o quando passávamos o domingo na casa deles.
Mel, Max, Bella, Seu Pedro e os avós dele também me
tratavam bem. Em contrapartida, a mãe dele e muitos
amigos me olhavam torto. Ana nunca mais me tratou como
na festa dela, ao que parece, era tudo um teatro.

Quando Beto não estava atento, eu percebia seu olhar para


mim, quando ela percebia que eu estava olhando,
disfarçava, mas aquilo vinha me magoando muito.

Ele não tinha culpa, nunca teria coragem de responsabilizá-


lo pelos erros da mãe. Não falava muito dela, preferia não
me meter na relação deles, mas sabia que ele percebia
também e evita falar sobre ela também.

Semana passada, fomos para um jantar na casa dos avós


dele. Eu iria com um vestido amarelo, mas ele salientava
muito minhas curvas, sabia o olhar da mãe dele e de alguns
parentes, então optei por um mais soltinho e preto, sem
marcar nada.

Há muito tempo eu não fazia aquilo, tentar me encaixar em


um local, mas para não sentir que não pertencia naquele
lugar, eu optei por renunciar algo que me agradasse para
agradar aos outros.

Foi estranho, mas eu o fiz, passei por cima de mim mais


uma vez, mas prometi a mim mesma que não seria sempre
assim. Eu fiz a mesma coisa ontem, quando fomos a um
barzinho com uns amigos dele.
Aquilo não estava me fazendo bem. Valeria a pena abrir mão
de me divertir com ele, apenas para vestir o que eu queria?
Ou não ser eu para me encaixar entre eles? Eu vivia em
conflito comigo mesma.

Humberto me fazia feliz, eu o amava, não sabia se queria


voltar a ter uma vida sem tê-lo comigo. Todas as noites
estávamos juntos na sua casa ou na minha.

Sempre me mimava, me elogiava e fazia questão que eu


estivesse ao seu lado. Era isso que eu sempre sonhei, não
era? Mas por que eu não estava inteiramente feliz? Eu não
tinha a resposta para isso.

Minhas mãos estavam suadas, hoje era a final da seleção, só


uma de nós três estaria no concurso, só uma iria para Paris.

Anne já estava com o envelope na mão para anunciar quem


passou, minhas mãos tremiam, suavam enquanto eu
apertava o avental, meus olhos vidrados no envelope.

Kelly, Beto, Bella, Mel, Max, Daniel e até Seu Paulo e Dona
Tereza estavam na plateia. Eles fizeram questão de vir e eu
fiquei muito emocionada.
Mas eu não conseguia olhar para eles agora, eu estava
nervosa demais. Pela visão periférica, vi um movimento da
plateia, só então desviei meus olhos de Anne, e ali vi o
homem da minha vida em pé, dizendo para eu ter calma,
que tudo iria dar certo e eu acreditei nele. Igual ao dia que
ele escreveu para mim sem nem me conhecer.

Sorri para ele e voltei a olhar para Anne que agora abria o
envelope e sorria para o papel.

Quando ela levantou os olhos em nossa direção, meu


coração deu um salto, ela sorriu para mim depois para a
plateia e começou a falar:

— Eu estou muito feliz em anunciar quem é nossa campeã.


Essas três mulheres deram o seu melhor aqui na
compétition. Mas essa — balançou o envelope — se
destacou desde o início. — Meu coração já batia mais do que
o esperado, minha mente gritava dizendo que era eu,
lágrimas saltaram dos meus olhos, molhando meu rosto.

— Ela mostrou confiança no que fazia, não hesitou, não


falhou, e sempre foi muito humilde. Sempre tratou suas
adversárias com respeito. Eu não poderia estar mais content
em anunciar que — virou-se para mim e apontou o dedo em
minha direção — você, Daysi, é quem vai representar o
Brasil, em Roi de la Confiserie.

Eu não aguentei mais, me ajoelhei e só agradeci a Deus por


ele ter me dado essa oportunidade.
Ouvi gritos, aplausos e meu nome repetidas vezes pela
plateia. Senti uma mão em minhas costas e levantei os
olhos, era Anne, ela estava ajoelhada ao meu lado e então
me abraçou forte.

As meninas que estavam competindo também me


abraçaram, me dando felicitações.

Não sei dizer como foi que consegui me levantar e finalizar


meu depoimento. Eu era só lágrimas, mas consegui falar
tudo o que foi necessário.

Quando saí da sala, onde ficavam as câmeras, Anne me


esperava do lado de fora.

— Parabéns, Daysi, eu estou muito feliz por você. Entre


todas, você era a melhor, não tinha como não ganhar. Há
muito tempo eu não selecionava uma grande chefe, tão
competente igual você, tenho certeza de que Raul também
vai ficar encantado com suas técnicas e sabores.

— Muito obrigada, Anne. Eu ainda estou em êxtase —


confessei —, mas te garanto que darei meu melhor lá
também.

— É só isso que precisa, mon cher. Eu estarei torcendo por


você. — Ela me abraçou e eu retribuí o gesto. — Acho que
tem alguém louco para te dar um abraço também — falou
quando desfez o abraço e apontou para alguém atrás de
mim.

Eu me virei já sabendo de quem se tratava. Ele abriu os


braços para mim e eu corri até ele, me jogando em seus
braços. Ele me amparou e me abraçou forte.

— Eu sabia, linda, tinha certeza de que você ganharia, meu


amor. — Beijou minha testa e eu voltei a chorar em seus
braços.

— Eu consegui… amor.. vou realizar… meu sonho — falei


entre soluços.

— Aeeeh, Daysi. — Dois bracinhos abraçaram as minhas


pernas quando Beto desfez o abraço.

— Oi pequena! — Eu a peguei o no colo e a abracei forte.

— Você venceu, Daysi, eu sabia que você era a melhor —


falou feliz com os olhos brilhantes e eu sorri.

— Obrigado Bella, fico muito feliz por escutar isso, você não
sabe o quanto. — Beijei sua testa e ela me abraçou mais
forte.

Depois todos os outros vieram me cumprimentar e


parabenizar, Kelly foi a última e estava chorando igual a
mim.

— Parabéns, Day, você mais do que todos aqui merece isso,


você é a melhor, eu sempre acreditei em você. Porra mulher,
você conseguiu — ela exclamou e me abraçou de novo. —
Temos que comemorar! Vamos para a boate hoje à noite, e
vamos comemorar em grande estilo. Já liguei para a Pati
ontem, ela já reservou a área VIP para gente.

— O quê? Como assim? E se eu não ganhasse? — perguntei,


espantada.
— Querida, eu sabia que você não me decepcionaria —
falou, divertida.

— Você sempre pensa em tudo, Kelly — Daniel elogiou.

— Eu sei. — Ela logo desfez o sorriso enquanto o respondia.


Kelly desistiu de Daniel já que ele nunca iria assumi-la.

Para não perder o clima, Beto acertou o horário com todos, e


fomos levar seus avós em casa antes de partirmos para a
minha casa.

Tereza foi só elogios, não parava de falar, sabia a quem Bella


puxou, ela se parecia muito com a mãe e bisa.

Deixamos os dois em casa e fomos para a minha, mas antes


passamos na dele para pegar sua roupa para comemoração
de hoje à noite.

Já era quase oito horas da noite quando saímos para a


boate. Eu estava em um vestido Vermelho, e um salto básico
nos pés, afinal eu iria me acabar na pista de dança.

Humberto Campari
Chegamos na ala VIP e todos os nossos amigos estavam lá,
todos para comemorar a vitória da minha garota.

Daysi estava radiante, mas não era para menos, não é? Era o
sonho dela, entrar para essa competição. Mês que vem, ela
já embarcaria para Paris, eu estava me organizando para
poder acompanhá-la, ela estava feliz, pois eu disse que iria.
Kelly não poderia ir por causa da loja, que com o programa,
aumentou a clientela.

— Finalmente os pombinhos chegaram! — Kelly nos recebeu


com abraços e beijos.

— Cheguei e vamos dançar muito hoje — Daysi falou,


empolgada, já indo em direção à Mel e os outros.

A noite estava sendo perfeita, mas a tensão entre Kelly e


Daniel era palpável. Ele tentava puxar assunto, mas ela o
ignorava.

Certa hora da noite, ela desceu para dançar e ele ficou puto
quando a viu dançando com outro homem, queria descer,
mas eu e Max não deixamos.

— Para com isso, porra — Max repreendeu.

— Me deixa em paz, cacete — rosnou para o nosso amigo. —


Não tá vendo que ela tá ali, toda se oferecendo? Vou acabar
com a festinha dela, o que ela pensa que é? — Ele estava
muito puto.

— Que é uma mulher livre, que dança com quem ela quiser
e você não tem nada a ver com isso — falei, sério e ele me
olhou espantado. — Qual é a tua Dan? Vocês não namoram,
por que essa possessividade?

Ele desviou o olhar de volta para ela lá embaixo e balançou


a cabeça, depois esfregou o rosto com as mãos.
— Eu… eu não sei… — suspirou. — Não sei o que essa
mulher fez comigo, mas ela não sai da minha cabeça de
jeito nenhum.

— Então assume, porra. Tá aí caidinho por ela, mas só dá


uma mancada atrás de outra — Max fala.

— Eu não sei se é isso que eu quero — sussurrou.

— Então vai acabar perdendo a mulher — falei. — Você


mesmo disse que ela não sai da sua cabeça, então investe,
cara, ou deixa Kelly ser feliz com outro. — Ele arregalou os
olhos.

— Não a imagino nos braços de outro.

— Então, sinto muito lhe informar, mas você está


apaixonado por aquela loira, amigo. — Max riu. — Mano, eu
vivi para ver o Dan de quatro por uma mulher.

— Será? — Ele arregalou os olhos novamente.

— Só você pode afirmar isso — falei, rindo.

— Quando você percebeu que Mel era a mulher da sua vida?


— perguntou ao Max.

— Desde que eu bati meus olhos nela. Ela mexeu comigo,


meu coração disparava quando eu estava perto dela. No
nosso primeiro beijo, eu já fiquei viciado nela, depois que a
tive para mim, percebi que nenhuma outra me fazia sentir o
mesmo. Eu só queria Mel, nenhuma outra parecia
interessante, nenhuma outra mulher parecia ser boa o
bastante, era só ela. — Ele sorriu olhando para minha irmã.

— Eu dormia pensando nela, acordava com ela na cabeça,


fazia tudo pensando nela, e foi então que eu decidi que a
queria para mim, só para mim.

Daniel estava vermelho, ofegante e me olhou, fazendo a


mesma pergunta silenciosamente.

— Eu não precisei de muito, a vi e a quis para mim, simples


assim. Não precisei de muito, ela simplesmente penetrou e
povoou meus pensamentos. E eu fiz de tudo para tê-la,
quando finalmente a tive, eu percebi que era ela quem eu
queria ao meu lado.  — Olhei para Daysi sentada
conversando com nossos amigos.

— Eu nunca pensei que sentiria essa necessidade de


pertencer a alguém, mas com ela foi assim. E eu apenas
deixei rolar e aqui estou eu. — Dei de ombros e olhei para
Daniel novamente.

— Daniel, fala alguma coisa, você tá vermelho, caralho.  —


Max o sacudiu.

— Eu… eu… — falou com dificuldade.

— Você o que, cara? — perguntei, nervoso, com medo, de


ele estar passando mal.  — Fala, Dan.

— Eu estou… apaixonado por ela. Eu… eu sinto todas essas


coisas. — Ele me olhou com medo. — Kelly, eu só penso
nela, não consigo mais transar com nenhuma outra mulher,
eu tento, mas não vai…

— Então por que está lutando contra esse sentimento? —


perguntei, a música era alta então ninguém estava
prestando atenção em nós.

— Eu não sabia que era isso, até vocês falarem, como eu


poderia saber? — Levou as mãos aos cabelos e os bagunçou.
— Porra, eu estraguei tudo, agora ela não quer mais nada
comigo. Ela nem falou comigo desde que eu cheguei, como
vou tê-la para mim?

— Lute por ela, cacete! — exclamei.

— Vai lá em baixo e pega tua mulher, porra. Mostra para ela


que você a quer — Max incentivou.

Dan olhou para nós, depois para Kelly lá embaixo e seu rosto
se iluminou. Ele sorriu e saiu apressado, entre a multidão.
Daysi e Melissa correram até nós.

— O que aconteceu? — indagaram juntas.

— Daniel foi buscar a mulher dele. — Max deu de ombros e


abraçou a mulher por trás.

— Quem? — Mel perguntou.

— Não estou entendendo nada — Daysi falou, confusa, eu a


abracei e apontei para Kelly.

— Espere um pouco e vocês verão.


Elas olham para Kelly e vimos Daniel chegando, tirando-a
dos braços do homem com quem dançava.

O cara protestou, mas Dan o empurrou e puxou Kelly para


seus braços, ela falava alguma coisa, quando ele a segurou
pela nuca e a beijou com intensidade.

— Puta que pariu — Mel falou, sorrindo

— Finalmente, ele tomou uma atitude. — Daysi sorriu e se


virou para mim. — Que ele possa fazer Kelly feliz, assim
como você me faz, amor.

— Ele vai, agora que descobriu que está apaixonado por ela,
aposto que não vai deixá-la escapar.

Ela sorriu e eu a beijei também, ter seus lábios nos meus,


era uma sensação incrível. Eu faria qualquer coisa por ela,
tudo mesmo, pois ela era tudo para mim.
Capítulo 32

Desfiz o beijo e o abracei, me virei novamente e vi minha


prima e Dan conversando, ela falou alguma coisa para ele,
negou com a cabeça, mas ele a puxou de volta e sussurrou
algo em seu ouvido.

Quando se afastaram, ele a levou para fora da boate, Kelly


parecia indecisa, mas ainda assim o acompanhou.

— Agora é só esperar as cenas do próximo capítulo —


Melissa brincou.

— Tomara que aquele lerdo consiga fazer com que ela mude
de ideia, ou ele estará muito ferrado — Max disse.

— Kelly gosta dele, só está magoada, mas se realmente ele


mostrar que gosta dela, não vejo motivos para ela recusar. —
Dei minha opinião.

— Tomara, pois quero pegar no pé dele. Dan sempre disse


que nunca seria de uma mulher só, agora tá de quatro pela
sua prima. Isso irá me render altas gargalhadas — foi a vez
de Humberto falar.

— Amanhã ele que me aguarde — Max falou.

— Vocês não vão fazer nada. É a primeira vez que ele se


apaixonou, os dois — Mel apontou para o irmão e para o
marido — não vão fazer nada que o faça desistir de viver
isso, entendeu?

— Não posso perder essa chance, amor — protestou Max.

— Max, não me faça repetir isso. — Ela cruzou os braços,


séria.

— Porra… — resmungou e ficou sério também.

Eu adorava ver como ele a obedecia dependendo da


ocasião. Melissa sabia como dobrar o marido e eu achava
engraçado.

— E você também, Beto, nada de piadinhas.

— Não respondo por mim quando ele estiver perto.

— Acho que Mel tem razão, amor — falei

— Amor, não dê razão a ela. — Ele riu. — Se ele desistir fácil


por causa de piadas, vai sair perdendo. — Deu de ombro.

— Concordo, irmão — Max falou, animado.


Eu ri deles enquanto Mel tentava fazer com que eles
mudassem de ideia.

A noite seguiu tranquilamente, alguns minutos depois, Kelly


e Daniel voltaram para perto de nós.

Eles estavam de mãos dadas, o que me deixou feliz, era


sinal de que tudo tinha dado certo.

Daniel parecia feliz, estava com um sorriso nos lábios, Kelly


parecia da mesma forma, ainda que estivesse mais contida
e com o rosto vermelho, deixando claro que que fizeram há
pouco.

— Que sorriso é esse, Daniel? Viu um passarinho verde? —


Beto brincou.

— Um passarinho não, talvez um avião! — Piscou para Kelly


e aquilo fez todos rirem.

O restante da noite foi maravilhoso, sem contratempos e nos


divertimos, como nunca. Todos pareciam feliz.

Eu me acabei de dançar na pista de dança, as meninas me


acompanharam, o que fez os meninos estarem sempre
pertos, Max e Daniel eram mais possessivos.

Beto era mais contido, mas ele não me largava, deixando


claro para todos que eu estava acompanhada que me tirou
boas risadas. Mas claro que me aproveitei e o provoquei
bastante, por volta das duas da manhã, ele me arrastou para
casa.
Chegando lá, não me deixou nem sair do carro, me fez dele
ali mesmo. E eu não pude reclamar, foi gostoso, apertado e
quente. Depois disso, me devorou ainda na sala e em sua
cama, me deixando exausta.

Eu estava no shopping com Kelly, hoje à noite, Beto voltaria


para casa depois de oito dias fora por causa de uma viagem.

Eu estava morrendo de saudades, foram dias só


conversando por vídeo chamada. Não via a hora de poder
estar em seus braços novamente.

Decidi sair para comprar algo que apimentasse nossa noite.


Kelly se ofereceu para ir comigo e eu aceitei, pelo menos ela
me ajudaria nas escolhas.

Olhei para trás novamente e não vi nada. Estava com a


sensação de estar sendo vigiada, ou seguida.

Não havia motivos, eu sabia. Mas algo estava estranho, meu


sexto sentido nunca falhava e eu não estava gostando nem
um pouco de me sentir assim.
Entramos em uma loja plus size de lingerie, eu adorava essa
loja, tinha tudo o que eu procurava.

Fomos para sessão de peças mais sexy, peguei algumas


peças e fui provar. Kelly me ajudou nas escolhas, estava
mais empolgada que eu.

— Day você tem que levar essa vermelha, o Humberto vai


pirar, acho que vou ver se tem algo parecido para mim em
outra loja, Daniel vai ficar animado — disse, empolgada.

— Vou provar essa para ver se fica bonita. — Peguei a peça


que estava nas mãos dela. — E como vai esse namoro, hein?
— É isso mesmo, o maluco a pediu em namoro na boate
mesmo, ela estava feliz, então eu também estava.

— Está indo bem, não tenho o que reclamar — Ela me olhou


com os olhos brilhantes e sorriu.

— Você merece! — Pisquei para ela.

— Mereço mesmo — confirmou, sorrindo. — Depois de um


casamento fracassado com o Renato, eu merecia finalmente
ser feliz. — Deu de ombros e seguimos para o provador,
onde eu entrei pensativa.

Há seis anos, Kelly tinha se divorciado de Renato. Ela tinha


um relacionamento abusivo, viveu com ele por apenas dois
anos, mas ela não era feliz.

Ele nunca chegou a levantar a mão para ela, mas sempre a


humilhava, dizia que ela não iria ser ninguém sem ele.
Ela nunca aceitou aquilo, eles viviam brigando, pois ela o
enfrenta, fazia o que gostava, e ele ficava furioso.

Quando Renato a ofendia dizendo que ela se oferecia para


qualquer um e que o traía, ela dizia que ia embora, mas ele
sempre a convencia de que não faria mais, e Kelly foi
levando.

Até o dia em que bateu em um amigo nosso por ter dado


carona a Kelly, pois seu carro estava na oficina e eu não
poderia levá-la naquela noite.

Foi horrível, Marcos ficou muito mal, ainda no hospital, ele


recebeu a visita de policiais por ter dado entrada após ter
sido agredido e fez o registro da ocorrência, Kelly foi
testemunha no caso, em seguida, decidiu pedir divórcio, o
que revoltou Renato.

Para se vingar dela, jogou todas as suas roupas e pertences


na rua, sem deixar que ela entrasse na casa. Como Kelly que
tinha ido morar com ele, não pôde fazer muito.

Ainda assim, ela não baixou a cabeça, pegou suas coisas, e


foi para casa dos meus pais, logo depois encontrou um
apartamento para morar.

Renato descobriu seu endereço e mandou ameaças, ela logo


entrou com um pedido protetivo para que ele não chegasse
perto, mas isso não fez com que o verme se afastasse.

Um dia ela chegou em casa e ele estava lá, tinha ingerido


álcool e a ameaçava com uma faca. Até hoje, ninguém sabia
dizer como ele tinha conseguido entrar.
A sorte dela é que depois das ameaças, ela passou a andar
com um spray de pimenta na bolsa.

Conseguiu tirar atenção dele pedindo para ele calma e


queria conversar em paz.

Quando ele se acalmou e baixou a faca em sua mão, ela


alcançou o objeto na bolsa e espirrou em seus olhos. Ele
urrou de dor, Kelly correu para fora do apartamento e com a
ajuda do porteiro do prédio, chamaram a polícia, que o
levou.

Ele foi preso, mas conseguiu liberdade provisória, foi exigido


que ele se mantivesse afastado dela e teve que comparecer
ao cartório.

O processo de divórcio foi litigioso, já que Renato não queria


se separar por livre e espontânea vontade. Um ano depois, a
justiça finalmente lhe concedeu o divórcio e ela pôde se ver
livre dele.

Saí dos meus devaneios e coloquei a primeira peça, era um


conjunto preto, eu amei.

O sutiã era todo rendado, sustentava bem meus seios e não


deixava nada fora do lugar. A calcinha fio dental também
era completamente rendada.

Abri a cortina e mostrei a Kelly que elogiou a peça. Fiz isso


com todas os cinco conjuntos que separamos, ela aprovou
todas e eu fiquei feliz com a compra e já escolhi a que
usaria com ele hoje à noite.
Pagamos tudo e seguimos para o salão de beleza, fiz as
unhas, coloquei a depilação em dia e até hidratei os cabelos.

Sentindo-me poderosa, voltei para casa, lavei a peça que eu


vestiria à noite e arrumei tudo especialmente para essa
noite.

Por volta das dezenove horas, comecei a me arrumar, de


banho tomado, fui para o closet e vesti a lingerie vermelha
que escolhi para essa noite.

Era linda, tinha rendas e tules transparentes, o que deixava


tudo muito sexy. Na coxa esquerda, havia um persex da
mesma cor, deixando tudo ainda muito sexy.

Nos pés, coloquei um scarpin vermelho e me olhei no


espelho, sorri com a imagem refletida. Nela havia uma
mulher sexy, poderosa e acima de tudo, feliz.

Eu amava aquela mulher livre na minha frente, sem medos,


sem inseguranças, só sendo eu mesma, deixando que meu
desejo tomasse o controle de tudo.
Sorri para mais uma vez e caminhei até a cama, onde me
deitei e esperei por ele.

Menos de quinze minutos depois, eu o escutei entrar em


casa me chamando. Corri para o meu closet e esperei até
que entrasse no quarto.

Ele mandou mensagem antes dizendo que já tinha passado


em sua casa para deixar suas malas e tomar banho, depois
seguiu direto para o meu apartamento.
Capítulo 33

Passei em casa só para tomar um banho antes, pois eu sabia


que quando a visse, não aguentaria esperar por mais nada
para a ter para mim.

Oito dias longe da minha garota foi um martírio, eu cheguei


à conclusão de que estava viciado nela, pois estava a ponto
de subir pelas paredes.

Tomei um banho rápido e dirigi até sua casa. Quando passei


pela porta, me deparei com um clima sexy no ar.

Luzes apagadas, com algumas leds vermelhas iluminando o


lugar, um cheiro que não sabia identificar de algumas velas
aromáticas acesas pelo local, deixando tudo ainda mais
gostoso e eu fiquei ainda mais em alerta.
Deixei minhas chaves e carteira no aparador perto da porta
e varri o lugar com o olhar procurando-a, mas não a
encontrei.

— Amor, cadê você? — Não obtive resposta e fui em direção


ao quarto de onde vinha uma música baixa.

Sem demorar muito, cheguei ao cômodo desejado, mas para


minha frustração, não a encontrei de imediato.

Lá a única iluminação era das luzes vermelhas, deixando


tudo mais quente, meu pau latejou dentro da calça na
expectativa de tudo o que aquilo representava.

— Daysi? — Tentei novamente.

— Sente-se na cama. — Sua voz saiu do closet.

Sem demora, fiz o que ela pediu, não podendo esperar mais


nenhum segundo.

— Pronto, amor — disse, apressado e escutei sua risada.

A música aumentou, imaginei que ela estava controlando


pelo celular. Acomodei-me melhor, já tirando os sapatos e
meias, largando ao lado da cama.

Nesse momento, Daysi saiu do closet, e puta que pariu, ela


estava uma verdadeira perdição.

Gostosa pra caralho!


Não consegui falar nada, só contemplar sua beleza. A
lingerie de renda vermelha, combinava com o ambiente e a
fita em sua coxa deixava tudo ainda mais quente. Nos pés, o
salto completava o look.

A safada virou de costas no ritmo da música lenta, balançou


aquele rabo gostoso para mim, a calcinha fio dental, fez
meu pau inchar ainda mais, e eu o apertei ainda coberto
pela calça.

— Rebola, mais para mim, minha gostosa. — Minha voz saiu


rouca afetada pelo tesão.

Ela baixou o tronco, se apoiando na mesinha do quarto, e


empinou bem a bunda para mim e rebolou como pedi.

Virou o rosto em minha direção e sorriu de forma safada,


deixando a visão ainda mais sexy.

Não demorou muito e se virou para mim novamente. Levou


as duas mãos até os seios, os apertando, me deixando louco
para fazer aquilo.

A mão que estava em meu membro o apertou mais, porém


não era suficiente, me segurei para não abrir a calça e o
libertar.

Daysi mordeu o lábio e desceu uma das mãos pela barriga,


até a calcinha onde alisou sua boceta gostosa, me deixando
com água na boca.

Subiu novamente a mão, largando também os seios,


alisando a lateral do corpo. Caminhando até mim, parou em
minha frente e baixou o rosto até o deixar na altura dos
meus.
Para me provocar ainda mais, baixou o olhar até meu pau e
passou a língua nos lábios, depois voltou a olhar para mim.
Tudo parecia que estava em câmera lenta, me deixando
ainda mais acesso.

— Gostou da recepção? — provocou.

Sem lhe dar uma resposta verbal e sem poder esperar mais,
levei minha mão até sua nuca, a puxando para colar nossos
lábios.

Ela gemeu em minha boca, me recebendo de bom grado,


suas mãos foram para meus ombros, se apoiando ali, minha
outra mão foi para sua bunda, puxando-a mais para mim.

Sem que eu pedisse, sentou-se em meu colo de pernas


abertas, joelhos apoiados na cama e a segurei ali no lugar,
alinhando sua boceta em meu pau.

A mão que estava em sua nuca puxou seus cabelos para trás
desfazendo o beijo. Desci meus lábios por seu pescoço,
minha língua varreu todo o local, me deixando provar sua
pele.

Ela gemeu baixinho, me deixando ainda mais louco, então


minha boca continuou descendo, até a altura dos seus seios,
abocanhei um dos mamilos, ainda coberto pela renda do
sutiã.

Daysi gemeu mais alto, seu corpo tremeu sobre mim,


demonstrando que também sentiu saudades.
— Esfrega essa bocetinha no meu pau, amor, mostra o
quanto você me quer — falei, levantando o rosto para vê-la
melhor.

Ela abriu seus olhos e suas esmeraldas estavam mais


escuras, brilhando, deixando transparecer o tamanho do seu
desejo.

Daysi começou a circular o quadril, se esfregando em meu


pau, fazendo com que ele latejasse preso da peça de roupa.

Depois de um tempo, deixando-a dançar em cima de mim, a


tirei com cuidado e seu rosto delicado estava corado, seu
peito descia e subia, denunciando sua respiração acelerada,
espelhando a minha.

Fiquei de pé, me livrando das minhas roupas, largando-as de


qualquer jeito no chão.

Agarrei meu pau, duro feito rocha, começando a manuseá-lo


devagar. Ela olhava fixamente para ele, mordendo os lábios
e esfregando uma perna na outra, tentando controlar o
tesão.

— Gostando do que ver, baby?

Acenou com a cabeça e se ajoelhou onde estava, abrindo a


boca, mostrando com gestos o que queria.

Caminhei até ela ainda me masturbando, parando em sua


frente, segurei sua cabeça e direcionei meu membro à sua
boca.
Abocanhou esfomeada, como se dependesse disto para
sobreviver. Ela me sugou para e me comeu com aquela boca
gostosa.

Joguei a cabeça para trás, gemendo baixo, deixando que ela


me devorasse. Ela ditava o ritmo me levando à loucura, eu
sabia que não duraria muito, mas eu precisava gozar em sua
boca.

Minutos depois, senti a pressão dentro de mim, respirei mais


rápido, segurei seu cabelo forte e olhei para ela.

Seus olhos subiram para ver o meu, uma das mãos foi para
minhas bolas e as massageou enquanto sua boca me comia
com maestria.

Aquilo foi minha perdição, urrei e gozei em sua boca como


nunca. Senti o líquido sair e se acumular em sua boca, ela
aguentou e sugou tudo o que eu tinha.

Quando finalmente meu corpo se acalmou, tirei meu pau


dos seus lábios, a vi tomar todo meu gozo, sorrindo e
limpando o que tinha escorrido pela lateral de sua boca.

— Eu tava morrendo de saudades — disse enquanto se


levantava.

— Porra, mulher, agora é minha vez, quero me lambuzar


nessa bocetinha carnuda. — Eu a levei até a cama e a deitei.

— Faça o que quiser comigo — falou e eu fiz.

Lentamente tirei seu sutiã e a calcinha, deixando-a apenas


com os sapatos e o acessório na coxa.
Minha boca distribuiu beijos, mordidas e lambidas, do
pescoço até a parte baixa do seu ventre.

Abri o máximo que pude suas pernas, ciente de suas


limitações, puxei dois travesseiros, deixando um de cada
lado para ela poder apoiar as coxas a deixando aberta e
relaxada para mim.

Não podendo esperar mais, passei minha língua por toda a


extensão de sua boceta, ela gemeu alto, se entregando ao
prazer.

Abri suas dobrinhas e encontrei meu objeto de desejo, seu


clitóris. Fechei minha boca ao redor do brotinho e o suguei
com fome, desejo e saudade.

Seus gemidos eram músicas para meus ouvidos, seu corpo


se contorceu sob meus lábios.

Minha língua desceu para sua entrada, que já derramava


seu mel, seu gosto explodiu em minhas papilas gustativas,
fazendo minha fome dobrar de tamanho.

Voltei a abocanhar seu clitóris e introduzi dois dedos nela, a


fazendo gemer mais alto, deixando que o tesão a varresse
completamente.

— Beto… — ela me chamou em meio à neblina de prazer.

Levei minha outra mão até meu pau e comecei a me


masturbar para ficar pronto para ela novamente.

Minha boca e meus dedos em sua boceta, trabalhavam


freneticamente para levá-la ao orgasmo libertador.
Senti meu pau inchar ainda mais, meus dedos eram
esmagados por seus músculos internos, achei o ponto
específico dentro dela e o estimulei.

Ela gritou, seu corpo tremeu e eu sabia que Daysi estava


perto, e não parei até que a sentir, se desmanchando com
meus dedos e boca.

— Ahh Beto… Ahh — clamou por mim em meio ao gozo e


não parei até que ela me desse tudo.

Quando senti que ela parou de gozar, afastei os dedos e


boca. Meu pau estava no ponto e a invadi com pressa e
tesão, ela gemeu ainda mais, me abraçando com as pernas.

Há mais ou menos um mês, nos livramos da camisinha,


tanto eu, quanto ela estávamos limpos.

Daysi estava com o controle da natalidade em dia, usava


DIU, então decidimos dispensar o uso do preservativo.

Era uma delícia sentir a quentura da boceta dela em volta


do meu pau. Ela era apertadinha, tinha o tamanho exato
para receber meu membro.

Arremeti nela, dentro e fora, rápido, forte, aplacando nosso


desejo, ela rebolava embaixo de mim, intensificando as
sensações.

— Mais… mais… — pediu, alucinada. Suas unhas em minhas


costas me arranhavam, mas eu não me importava.
E eu o fiz, soquei forte dentro dela, nossos gemidos
ecoavam pelo quarto, a música ficou como plano de fundo.

— Ahh… assim… tá gostoso… Ahh.

Seu prazer era palpável e isso me incentivava ainda mais,


estava quase no meu limite, mas estava disposto a
prolongar nosso prazer.

As paredes da sua boceta estavam me apertando, me


levando até a borda, tive que parar meus movimentos, o que
a fez protestar.

— Não, amor… não para… — Rebolou embaixo de mim e


abriu seus olhos, focando-os no meu. — O… o que foi? —
perguntou, confusa.

— Nada, minha gostosa, estou quase gozando só de olhar


para esse seu rostinho vermelho de prazer. — Estoquei mais
uma vez forte, e vi seu rosto se contorcer de prazer.

— Essa cara de quem tá sendo bem comida, me deixa


insano. — Levei as duas mãos até seus seios e os apertei,
desci a boca até um deles e suguei seu bico rosadinho.

— Ah… delicia — gemeu.

— Você está sendo bem comida, amor? — Com meu pau


todo enterrado nela, circulei o quadril, massageando assim
seu ponto de prazer.

— Siim — gritou e eu sorri sentindo seu corpo todo tremer.


— Nada de gozar agora, minha linda — sussurrei em seu
ouvido e saí de dentro dela.

— Não… por favor, Beto… Volta aqui! — Tentou me segurar,


mas eu saí da cama. — O que…

Não deixei que falasse, segurei suas pernas e a fiz virar,


ficando de bruços.

— Ai — gritou, assustada.

— Fica de quatro, junta as pernas, deixa essa bunda


empinada para receber meu pau nessa bocetinha grande e
gostosa — exigi e ela assim o fez.

Segurei meu membro e o masturbei devagar, controlando a


respiração para não perder o controle.

Quando ela estava na posição ideal, não resisti e passei


minha língua em sua entrada, que estava bem lubrificada,
me inebriando com seu gosto.

Só então, subi na cama e fiquei em pé, me posicionando da


melhor forma possível, as mãos apoiadas em sua lombar, a
montei como um animal no cio, estocando forte e rápido.

Ela me sugava para dentro de si como se tivesse me


comendo também, e porra, aquilo me fazia ficar ainda mais
voraz.

— Caralho, que boceta gulosa… toma meu pau, gostosa. —


Eu entrava nela com mais força, enterrando até as bolas, e
voltando só para repetir o processo.
— Ahh, assim… assim… — gemia, descontrolada.

O tesão crescia à medida que nós nos entregamos ao prazer,


nossos corpos suados, colados se completavam
perfeitamente.

Olhei para ela apertando o lençol entre os dedos, seu rosto


colado no colchão, seus olhos fechados, boca entreaberta
mostrando o tamanho do seu prazer.

Inchei ainda mais e estoquei mais vezes, até que senti ela
tremer e meu gozo sendo formado.

— Toma tudo, amor… Você é minha… minha… — disse


enquanto me derramava dentro dela, ela me apertava,
sugando até a última gota do meu prazer, seu corpo
convulsionou sob o meu.

— Só sua… — sussurrou quando caiu sobre a cama, toda


mole pelo gozo recente.

Sorri, deitando sobre ela, e beijei suas costas, alisando seu


corpo com uma das mãos, a outra controlava o peso que eu
deixava cair em cima dela.

— Eu ainda não acabei com você… — sussurrei em seu


ouvido.

— Espero que não… — Sorriu, safada. — Mas me dê alguns


minutos…

Saí de cima dela e admirei seu corpo ao lado do meu. Como


se só aquilo bastasse para me acender, meu pau começou a
dar sinais de que estava pronto para outra rodada.
— Não sei se conseguirei esperar muito, amor, oito dias sem
você foi um martírio.

— Para mim também — confessou, se virando de frente,


Daysi me puxou para perto exigindo meus lábios e eu os dei.

Meu pau buscava atenção, me esfregando contra ela, que


gemia entre o beijo, mas seu corpo ainda estava letárgico.

Separei o beijo e desci meus lábios por seu pescoço, seios,


barriga e por fim, sua intimidade, separei seus lábios,
desencapei seu brotinho e o suguei para dentro da boca,
com lentidão e carinho.

Ela estava sensível demais, mas dei a atenção necessária


até acendê-la de volta. Minutos depois, eu a tinha pronta
novamente, gemendo meu nome, pedindo por mais.

Subi de volta para ela, beijando sua boca, alinhando nossos


sexos e a fazendo minha mais uma vez.

Separei o beijo e nossos olhos se encontraram, com o olhar,


confessamos nosso amor sem precisar de palavras e nos
amamos até o amanhecer.
Capítulo 34

Hoje era o dia do lançamento da nova coleção de joias da


Mel, ela estava uma pilha de nervos, e dei toda a assistência
que ela precisava.

Thais se disponibilizou em ajudar minha irmã na


organização do evento e dessa vez, ela superou todas as
expectativas, estava tudo muito bonito.

Assim, Melissa ficou mais livre, se preocupou apenas em


conferir a produção de suas joias.

O evento começaria às duas da tarde, seria aqui na Campari


mesmo, cheguei mais cedo, Daysi e Kelly chegariam no
horário marcado assim como os convidados.

Perto do horário, minha irmã chegou acompanhada do


marido e filha, olhou para ambiente arrumado e sorriu
satisfeita. Quando me viu, veio até mim e me abraçou.

— Está tudo lindo, Beto — Desfez o abraço. — Thais deixou


tudo perfeito, tenho que agradecer a ela.

— Verdade, eu também achei tudo muito lindo e


organizado. Viu o tamanho do telão para a exibição da
coleção?

— Vi, enorme, maior do que eu queria, vai ficar perfeito,


todos vão conseguir ver cada detalhe sem deixar nada
passar despercebido.

— Verdade — concordei.

— Tio Beto, minha mãe disse que fez um anel com meu
nome, sabia? — Bella falou, orgulhosa da mãe. — E vou
poder ter o meu, ela mandou fazer um do meu tamanho, eu
vou ficar linda, não é? — Balançou as mãozinhas mostrando
empolgação.

— Vai, sim, princesa, e eu não estava sabendo disso, mas


fiquei feliz por saber que minha mini furacão vai ter uma
joia exclusiva. — Beijei a ponta de seu nariz e ela sorriu.

Mel saiu com Bella para ver o resto das coisas e Max ficou
conversando comigo até que elas voltassem.

No horário marcado, os convidados começaram a chegar e


se a se acomodar nos lugares indicados.

Kelly e Daysi chegaram cedo também e ficaram na mesa da


minha família, conosco e Daniel.
Eu estava feliz por meu amigo, apesar das brincadeiras, ele
não pirou quando eu e Max tiramos sarro da sua cara, até
entrou na brincadeira se zoando, ele estava feliz e Kelly
também parecia assim.

— Amor, como esse lugar está tão bonito, eu estou


impressionada. Nunca fui a um lançamento de joias — Daysi
sussurrou em meu ouvido.

— Então essa é a primeira vez de muitas, linda. — Depositei


um beijo em seus lábios e ela sorriu, girou o corpo na
direção de Kelly lhe perguntando alguma coisa.

Aproveitei para admirá-la um pouco mais. Seu corpo


curvilíneo estava coberto com um vestido longo azul com
flores estampadas na barra, estava linda.

— Você a ama… — sussurrou minha avó que estava ao meu


lado.

— Sim… — sussurrei de volta. — Como sabe? — indaguei.

— Dar para ver pelo jeito que você a olha, como se fosse a
coisa mais preciosa que existe na terra. — Pegou em minha
mão e apertou.

— É assim que me sinto, vó — confessei.

— Já disse a ela? — Apontou para Daysi com a cabeça


discretamente.

— Não com palavras… — Voltei meus olhos para minha


garota e meu coração se encheu de amor.
— Então faça isso hoje, meu menino, ela merece saber, e eu
aposto que ela também o ama. — Dona Tereza chamou
minha atenção. — Não podemos adiar essas coisas, temos
que viver tudo intensamente, não deixe brechas para
dúvidas, você a merece, ela completará sua vida, tenho
certeza — disse carinhosamente e beijou meu rosto.

— Farei isso hoje à noite, vó. — prometi.

— É isso aí. — Soltou nossas mãos e voltou a conversar com


meus pais.

Eu me voltei para Daysi e vi que ela me olhava com


curiosidade.

— O que vocês tanto cochichavam, hein? — sussurrou.

— Conselhos de vó — disse apenas.

— São os melhores, espero que os siga, aposto que foram os


melhores conselhos que você recebeu na vida — brincou.

— Sem dúvidas — concordei.

Ela apenas me deu um sorriso em resposta e olhou para o


palco, onde vi Melissa, se posicionando para dar início ao
evento.

— Vou lá, até mais tarde, amor. — Beijei a testa de Daysi e


fui até minha irmã.
Estava tudo correndo bem, de acordo com que foi planejado,
as joias exibidas no telão deixavam todos impressionados.

Não havia dúvidas que as vendas iriam superar as dos outros


lançamentos, as peças ficaram realmente lindas.

Quando chegamos à última peça, o telão piscou e exibiu


uma foto, reconheci na hora minha mulher nela.

Daysi estava apenas de lingerie no que parecia ser um


provador de uma loja e ao que indicava não estava ciente de
que estava sendo fotografada.

Embaixo da foto continha uma legenda: “Que deplorável ver


uma mulher desse tamanho, tentando ser sensual, quem
acha isso lindo?”
Outra imagem apareceu, agora em formato de vídeo, ela
estava retirando a peça para colocar outra, estava
completamente nua, sendo exposta para todos ali verem.

“Essa gorda não tem noção do ridículo? Que visão do


inferno”
Outras imagens surgiram, mas eu voltei meu olhar para
minha mulher, que estava olhando o telão com lágrimas nos
olhos e aquilo me quebrou.

Como alguém poderia ter feito isso com ela? Que prazer
tinha em destruir a imagem de alguém e a ofender daquela
forma?

— Tirem essa porra, agora! — vociferei para o técnico de


imagens que corria para tirar os vídeos da tela, mas disse
que não vinha do computador dele, alguém de fora tinha se
conectado à rede de transmissão.

Corri meus olhos pelo salão e vi muitas pessoas gravando a


cena. Grande parte dos convidados ria dela, concordavam
com as legendas das fotos.

De repente, começou uma transmissão ao vivo, mostrando


onde estava Daysi, todos a procuraram com os olhos e
quando a acharam, a julgaram com o olhar.

Enquanto eu gritava com o técnico para parar aquela


merda, vi Melissa correr direto para Thais e tirar o telefone
de suas mãos, na hora o telão ficou em branco.

Soube ali que tinha sido ela que fez tudo aquilo. Foi armado,
calculado, para humilhar Daysi, eu acabaria com ela sem
nem pensar duas vezes.

Corri até Daysi que já se levantava, na certa indo embora, a


abracei pedindo desculpas e prometendo a tirar daquele
lugar. Quando ouvimos a voz da minha avó pelo microfone.
— O que aconteceu aqui é lamentável, uma vergonha, como
podem fazer isso com alguém? Aquela moça não merecia
algo assim. Mas o que me chocou ainda mais foi ver vocês
rirem e concordarem com esse vandalismo.

Daysi se soltou dos meus braços e olhou para minha avó.

— Filha, peço desculpas você está passando por isso, é


imperdoável mas vamos descobrir o culpado. Pode contar
com nosso apoio… — Enquanto ela falava, vi Daysi caminhar
até ela, minha avó chorava e a abraçou lamentando por isso.

Daysi a acalmou, quando era pra ser o contrário e aquilo me


deu ainda mais orgulho dela.

Caminhei até elas e o caos estava tomado, Melissa chegou


pedido desculpas, se explicando dizendo que não tinha
nada a ver com aquilo e surpreendentemente, Daysi a
consolou.

— Eu sei que vocês não têm culpa, eu nunca iria achar que
poderiam fazer isso comigo, fica em paz, amiga.

Kelly se aproximou da prima, mas respeitou seu espaço,


Daysi voltou o olhar para os convidados e muitos ainda
apontavam o celular para ela.

— Vocês não têm noção do quando isso machuca as


pessoas? Sabem quantas vidas são tiradas por esse tipo de
humilhação que eu passei aqui hoje? Não, vocês não têm, se
tivessem, não fariam isso, não ririam desta forma, muito
menos compactuam com essa atitude desprezível. —
Respirou fundo e continuou:
— Eu não sei qual o prazer algumas pessoas têm de se
achar melhor que o outro por status, roupas ou estilo de
vida. Eu só sei que muitos, igual a mim, não têm voz, se
matam tentando se encaixar nos padrões exigidos pela
sociedade. Não deveria ser assim, mas sabemos que é. —
Suas palavras tiveram um peso em todos nós, vi câmeras
sendo baixadas, sorrisos se desfazendo. Voltei meu olhar
para minha mulher novamente.

— O que vi naquelas imagens não foi uma pessoa sem


noção que não sabe seu lugar no mundo, nem que não é
digna de usar algo do tipo, é uma mulher que estava apenas
cuidando da sua vida, mas teve sua privacidade violada por
outra pessoa que não tinha nada melhor para fazer —
continuou, sem hesitação.

— Essa não foi a primeira, nem será a última vez que uma
pessoa gorda será motivo de chacota. Eu passei anos
fazendo terapia para poder me aceitar, conquistar meu
amor-próprio e não serão vocês que irão tirar isso de mim. 
— Meu coração se aperta vendo sua dor, mas tinha orgulho
dessa mulher forte.

— Só quero que saibam que meu tamanho não me define,


ele só me acrescenta, minha personalidade me acrescenta,
meu caráter e minha atitude me definem. Sou gorda por
opção, sou muito feliz cuidando da minha vida, e sugiro que
vocês façam o mesmo. — Saiu apressada em direção a saída
e fui atrás sem pensar duas vezes.
Capítulo 35

Passar por tudo aquilo me deixou arrasada, humilhada, mas


também furiosa. Até quando nós passaríamos por isso?

Quando comecei a falar, não tinha a intenção de dizer todas


aquelas coisas, mas as palavras saíram e foi libertador.

Ver todas aquelas pessoas rindo de mim, me fez perceber


que ali não era meu lugar.

Assim cheguei ao estacionamento, Beto me alcançou, e eu


não pude mais segurar as lágrimas.

— Me deixa ir, Humberto, eu preciso sair daqui — pedi.

— Eu te levo, você está nervosa, não deixarei você sair


assim.
— Não. Eu vou só, ter você perto só me lembrará de tudo o
que aconteceu aqui.

— Amor, eu não tenho culpa, sei que você se sente


humilhada… — eu o interrompi, a fúria dentro de mim
estava grande.

— Não, você não sabe. — Desabei em lágrimas. — Eu nunca


fui tão humilhada em toda a minha vida quanto hoje, Beto.
Você e nem sua família têm culpa alguma, eu sei. Mas não
sou bem-vinda aqui, nem em onde quer que você me leve.

— Daysi, do que você tá falando? — perguntou com medo.

— Você nunca percebeu que seus amigos, alguns, claro, me


olham com julgamento? Que sou uma espécie de alienígena
perto de vocês? Sua mãe mesmo me odeia. Eles não
entendem como você pode namorar uma mulher gorda.

Eu sabia que ele não tinha culpa, mas não era possível que
nunca tivesse percebido os olhares.

— Amor, me desculpa, eu não tinha ideia de que se sentia


assim. Na verdade, você sempre foi tão forte, parecia
sempre inabalável, não achava que aquilo te atingia assim
— falou, se aproximando mas eu não queria aquilo.

— Estar forte por fora, nem sempre significa que por dentro
estamos da mesma forma, Beto. Você nunca entenderia.
Não sei se continuar esse relacionamento é saudável para
mim. — Eu me afastei por mais que quisesse sentir seu
abraço.
— Por favor, Daysi, não me afaste, eu…

— Eu já não sou eu mesma, Beto. — Enxuguei as lágrimas,


porém elas insistiam em continuar descendo.

— Como assim? — Ele parecia confuso.

— Estar rodeada de pessoas do seu convívio me deixa


vulnerável, eu policio o que visto, o que como e tenho medo
de ser julgada pelo que eu faço. Estou me podando de novo,
deixando que meus galhos não cresçam mais. A culpa não é
sua, nunca poderia te culpar, você é perfeito, me faz me
sentir a pessoa mais especial do mundo, mas seu ciclo social
me torna quem eu demorei anos para me livrar.

— Eu… não sabia. — Ele parecia derrotado.

— Eu sei que não, é por isso que estou falando agora. Isso foi
o meu limite, não quero voltar a ser aquela mulher insegura
novamente. Quero poder ser eu mesma sem ter medo do
que vão achar de mim. Perto de você, eu não conseguirei
fazer isso.

— Por favor, amor, não diz que acabou — implorou.

— Não posso pôr um ponto final agora, mas eu preciso me


curar para poder ver se posso ser feliz com você. Acalmar
todos meus questionamentos e medos com você longe de
mim por enquanto. — Segui até meu carro, onde Kelly já
estava me esperando, sabendo que eu precisava apenas do
seu colo.
— Daysi, me deixa conversar com você quando estiver mais
calma, por favor, eu darei o tempo que você precisar, mas
vamos conversar depois. Por favor? — Humberto falou atrás
de mim.

— Depois vemos isso… — Foi tudo o que eu consegui falar,


entrei no carro, no banco do passageiro, Kelly assumiu o
volante e deu partida.

Olhei para o lado e o vi no mesmo lugar, ele agora chorava,


vendo o meu carro se afastar. Vi a dor em seus olhos, a
impotência em não poder tirar minha dor, mas também
enxerguei a compreensão de que eu precisava de tudo
aquilo, o que fez meu coração amá-lo ainda mais.
Capítulo 36

Meu coração estava apertado Daysi estava muito magoada,


eu não sabia o quanto tudo era pesado para ela e me
envergonhava de não ter feito nada para fazer com que ela
ficasse melhor.

Claro que percebia os olhares, mas pensei que eram


discretos, como eu conhecia bem aquelas pessoas, achei
que só eu percebia. Ledo engano.

Enquanto eu fingia não ver, minha garota era machucada.


Como eles não conseguiam a enxergar como? Por que
rotulam os outros? Não fazia sentido, mas era a realidade,
uma triste realidade.

Ver o que Thais fez com minha mulher me fez perceber o


quão suja ela era, o quão baixo pode ir para atingir a mim e
a Daysi.

A culpa era dela, mas me sentia cúmplice por ter


apresentado aquelas pessoas à minha linda e preciosa
namorada.

Como faria para tê-la de volta? Eu não sabia, mas meu foco
era falar diretamente com a responsável por tudo aquilo.

Voltei para Campari e muitos convidados já tinham ido


embora, Melissa estava visivelmente envergonhada com
tudo, mas depois eu conversaria com ela.

Procurei Thais em todos os lugares do salão, mas não a


encontrei, então caminhei até sua sala, onde provavelmente
ela estaria.

Ao me aproximar da porta, escutei vozes vindo de lá, não


entrei, apenas fiquei ouvindo, pois reconheci a voz da minha
mãe.

— Como você pode ser tão burra, Thais, fazer aquilo aqui?
No evento da minha filha? Você estragou tudo, eu mandei
soltar essas porcarias na internet, de forma anônima, não
em público, colocando um alvo na sua testa. — Paralisei
quando escutei as palavras da minha mãe, então ela
também estava envolvida?

— Isso não importa, eu assumo tudo, pode ficar tranquila.


Depois de hoje, Humberto não vai querer ficar com aquilo. —
Thais soltou uma risada e continuou:
— Foi tão fácil conseguir essas imagens, a pessoa que
contratei ofereceu dinheiro para uma funcionária da loja
implantar aquela câmera no provador, o resto veio de
bandeja para nossas mãos.
— Você só o fez ficar com pena da garota, o que deveria
afastar, vai juntar os dois, tudo isso por irresponsabilidade
sua — minha mãe falou, irritada.

Eu não podia acreditar em tudo aquilo, em como minha mãe


foi capaz de tramar algo contra Daysi, quando eu já tinha
deixado claro que não toleraria aquilo.

Sem esperar mais nada, entrei na sala pegando as duas de


surpresa, deixando claro que eu ouvi a conversa, não havia
escapatória.

— Como pôde, mãe? Como pôde tramar algo tão sujo assim?

— Filho, eu… a culpa não foi minha, eu estava colocando


juízo na cabeça de Thais e…

— Para de mentir, mãe, chega, não quero mais ouvir suas


histórias — vociferei. — Publicar as imagens na internet?
Humilhar Daysi desse jeito? Tem noção do quão cruel e sujo
foi?

— Filho… — ela tentou falar, mas não deixei.

— O que vocês fizeram vai ter um preço, não vão ficar


impunes. E você, Thais, arrume suas merdas dessa sala, saia
da minha empresa e da minha vida. — Ela arregalou os
olhos, assustada.
— E eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para
acabar com sua vidinha de merda.

— Humberto, por favor me escute, aquela mulher não serve


para você. Além de gorda, acha que pode agir como qualq…

— CALA A MERDA DESSA BOCA, PORRA! — gritei, me


aproximando dela que deu um passo para trás. — Arrume
logo essa sala e suma da minha frente, mas vou garantir
que você pague pelo que fez hoje. — Tremendo, ela
começou a arrumar as coisas. Thais chorou e implorou que
eu a escutasse, mas eu simplesmente ignorei.

Eu me virei para minha mãe novamente, que estava calada


até então.

— E você também não irá se safar disso. Mas nossa conversa


ainda não vai continuar aqui. — Fui embora.

Já no estacionamento, entrei no carro e dirigi para casa,


querendo esquecer tudo aquilo e ter minha garota de volta
em meus braços.
Capítulo 37

Eu não conseguia controlar as lágrimas que caíam dos meus


olhos, a dor estava sendo demais, lembranças do passado
me assombrando.

Kelly segurava minha mão sem falar nada, dividindo sua


atenção entre mim e a estrada.

Não demoramos para chegar em casa, saí do carro assim


que ela parou e corri para dentro de casa, indo direto para
minha cama, me deitando.

Kelly me seguiu e se sentou ao meu lado, esperando que eu


me sentisse melhor. Quando o choro cessou, ela afagou
meus cabelos e se deitou ao meu lado, limpou as lágrimas
do meu rosto e beijou minha testa.
— Eu sei que você está magoada, ferida e se sentindo
humilhada. Mas não deixe que isso te abale, não deixe que
isso tenha peso sobre você. Sei que está se lembrando do
passado, não deixe que tudo que aconteceu te destrua de
novo. Você é mais forte agora, lembra?

Apenas acenei com a cabeça e ela me abraçou forte, retribui


pois eu sabia que ela estaria sempre ali comigo, meu porto
seguro, melhor amiga, a minha irmã.

Minutos se passaram, ou horas, não sei, mas consegui me


sentar e tomar o copo de água que ela trouxe para mim.

— Obrigada, Kelly, eu não conseguiria sem você — falei


baixinho.

— Claro que conseguiria, você é a mulher mais forte que eu


conheço, minha inspiração, Daysi. — falou, emocionada,
deixando que suas lágrimas saíssem também.

— Kelly…

— Eu não sei quantas vezes você também me salvou de


mim mesma, e farei sempre o que estiver ao meu alcance
para fazer o mesmo por você, mas é você quem me inspira
todos os dias, prima. — Eu a olhei com carinho.

— Você é meu porto seguro, Kelly, sempre foi, desde criança.

— E você o meu. Ver o que fizeram hoje me deixou com


ódio, como pode ter gente tão ruim assim?

— Não sei, Kelly, só sei que conseguiram me atingir. Tenho


certeza de que foi a Thais, não tem por que ser outra
pessoa.

— Também acho. Aquela mal-amada, nunca superou que ele


te escolheu e a esnobou. É incrível o que o amor pode fazer
com algumas pessoas. Ou melhor, o amor não, a obsessão,
aquilo não é amor.

— Não mesmo — concordei, me levantando. — Vou tomar


um banho e tentar descansar.

— Tá bom, depois de você, eu vou. Vou ficar aqui hoje para


te fazer companhia.

Ela era inacreditável, a melhor pessoa do mundo. Apenas


sorri para Kelly e caminhei para o banheiro.
Capítulo 38

Já tinha se passado uma semana e eu não aguentava mais


ficar sem notícias dela.

Enviei uma mensagem pedindo que me recebesse em sua


casa hoje à noite, me surpreendi quando ela aceitou meu
pedido.

A semana tinha passado devagar demais, mandei


mensagem para ela falando os culpados sobre as fotos e ela
só tinha me respondido com um simples: “Ok, obrigada.”

Fui até a casa da minha mãe, brigamos feio, meu pai ficou
ao meu lado e entendeu meus motivos para gritar com
minha mãe pela primeira vez.

Ele também ficou chateado com ela, me afastei e informei


que Daysi já estava ciente que ela era culpada.
Ela não aceitou, disse que eu a estava atirando aos leões,
que era meu dever encobrir o que ela havia feito, ali percebi
que ela não conhecia o filho que tinha.

Eu deixei claro que aquilo tinha sido a gota d'água e que eu


só voltaria a pôr os pés naquela casa, ou ela na minha,
quando ela finalmente decidisse aceitar minha namorada e
pedisse perdão para Daysi.

Deixei claro que iria lutar por Daysi com todo o meu ser, e
que não permitiria que ela a humilhasse nunca mais.

Se ela não era capaz de aceitar isso, também teria meu


desprezo. Meu pai tentou apaziguar, mas não voltei atrás.

Minha mãe finalmente entendeu minha posição e o que ela


fez pesou contra nós e contribuiu para o nosso afastamento.

Ela chorou muito ao me ver ir embora, mas era orgulhosa


demais para dar o braço a torcer.

Eu não me arrependi do que fiz, ela era minha mãe, mas


não merecia minha compaixão se não teve o mesmo por
mim.

Quanto a Thais, não a vi desde aquele dia e estava bem


assim, não teria paciência para aguentar suas loucuras.

Soube por Mel que elas tinham brigado feio e disse que não
reconhecia a amiga, pois ela não parecia arrependida.
Poderia estar com algum problema psicológico.

Eu não queria saber mais dela, se fosse doença ou não, não


era da minha conta, eu não queria vê-la na minha frente de
jeito algum.

Melissa cortou relações com Thais, mas como estava


preocupada, disse que entraria em contato com os pais dela.
Eu não queria saber de nada e ela respeitou.

Mel também tinha se encontrado com Daysi para pedir


desculpas, disse que ela parecia frágil, mas se mantinha
forte por fora, ou tentava.

Elas se acertaram, o que me deixou com medo, já que ela só


não falou comigo. Mas tive paciência e hoje à noite
resolveria nosso impasse.

Quando o relógio indicou dezoito horas, deixei a Campari,


seguindo direto para a casa de Daysi.

Meia hora mais tarde, bati em sua porta, mesmo tendo as


chaves, sabia que não tinha mais o direito de entrar sem sua
permissão.

Ela abriu a porta e assim que nossos olhares se


encontraram, meu coração voltou a bater forte, como se ele
não batesse há dias.
— Oi, Humberto. Pode entrar — ela me cumprimentou e deu
passagem.

Não sabia se entrava ou a puxava para mim, mas optei por


entrar para não estragar qualquer chance que eu ainda
tivesse.

Ela me seguiu até o sofá onde me sentei, se acomodando ao


meu lado. Meus olhos a escanearam de cima a baixo,
reconhecendo o terreno, Daysi usava um vestido vermelho,
sabia que era sua cor favorita e sorri ao ver que ela estava
sendo ela mesma.

— Bom, eu estou um pouco nervoso, não sei no que isso


dará, mas quero que saiba que nada mudou para mim, eu te
quero da mesma forma, se não, até mais — falei, apressado
e ela sorriu, esfregando as mãos na barra do vestido,
também parecia nervosa.

— Também te quero, Beto — confessou e meu coração


disparou ainda mais em expectativa. — Mas não é tão fácil
assim.

Daysi me olhou nos olhos e senti algo me esmagando por


dentro, eu não queria perdê-la.

— Eu ainda estou ferida, preciso desse tempo para mim,


longe, para me reconectar, entende?

— Entendo… — Suspirei.

— Por isso antecipei minha passagem para Paris, estou


viajando no sábado. — Arregalei os olhos, surpreso com a
informação.

— Co…como? Mas sua viagem era para daqui a um mês.

— Sim, como falei, antecipei e queria te pedir um favor…


Que não fosse, me dê esse tempo, prometo que assim que
voltar, vamos resolver nossa situação.

— Amor, por favor, não precisamos disso…

— Não é um adeus, Humberto, porém ainda não estou


preparada para tudo que estar com você representa para
mim.

— Será diferente, eu juro. Não vou mais te expor daquele


jeito, não permitirei que alguém volte a fazer aquilo…

— E o que você vai fazer? Me esconder?

— Não, mas se minha mulher não é bem-vinda no meio das


pessoas que me encontrava, também não sou. Vamos
descobrir juntos novos lugares e pessoas que nos aceitem…

— Não quero que você se anule, Humberto, não vê?

— Não me anularei, estou revendo meus conceitos, não


penso como eles, não compactuo com aquilo, então não
preciso deles na minha vida. — Vi surpresa em seu olhar,
logo depois satisfação em escutar minhas palavras.

— Eu… eu fico muito feliz de ouvir isso, Beto. — Seus olhos


ficaram marejados. — Mas só me dê esse tempinho, não de
nós, é só para que eu me ache novamente. Por favor.
Aproximei-me dela e segurei suas mãos, nossos olhos
conectados.

— Te darei tudo o que você pedir, estarei aqui te esperando,


de braços abertos, porque eu te amo. — Ela se assustou com
minhas palavras, então repeti. — Eu te amo, Daysi.

— Eu… eu também te amo. — Lágrimas banhavam seu rosto


quando ela falou as palavras que fizeram meu coração
explodir.

Não consegui me conter, tomei seus lábios com os meus,


tinha pressa, saudade e amor.

Ela retribuiu com os mesmos sentimentos. Nossas línguas se


encontraram e dançaram juntas num ritmo único, se
reconhecendo e matando a saudade.

— Vá e faça o que é preciso, mas volte para mim, minha


princesa, não sei viver sem você. Eu nunca senti isso antes e
tenho certeza de que só irei sentir por você — confessei com
nossos rostos próximos.

— Vou me curar e voltar para você, meu amor. Prometo. —


Daysi se afastou e alisou meu rosto, enxugando minhas
lágrimas também.

Não foi exatamente assim que eu esperava terminar a noite,


mas sei que esse afastamento será um mal necessário para
nós dois.

Fui pra casa com o coração apertado, mas também com a


esperança de que a gente conseguiria se entender. Só
restava saber se eu iria aguentar passar tanto tempo sem o
amor da minha vida.
Capítulo 39

Os dias que seguiram aquele episódio lamentável não foram


fáceis. Quando descobri os culpados pelos vídeos e fotos,
fiquei surpresa.

Não pude acreditar que a mãe dele também estava


envolvida, mas sei que Humberto nunca mentiria sobre
aquilo.

Já sabia que tinha sido Thais, mas não que Ana estava como
cúmplice. Quando relatou tudo o que descobriu, fiquei ainda
mais surpresa de como as pessoas fazem qualquer coisa por
dinheiro.

Melissa também veio se desculpar, eu não estava chateada


com ela. Eu estava triste também por tudo ter dado errado
no seu lançamento.
Mel disse que aquilo era o menor dos seus problemas, que o
importante era eu estar bem e que poderia contar com ela
para qualquer coisa.

Não tinha noção se Mel sabia do envolvimento de sua mãe


na história, mas também não comentei nada no momento.

Kelly tinha me indicado uma ótima advogada, a Dra.


Fernanda foi super atenciosa, e me explicou tudo o que eu
deveria fazer a partir dali.

O primeiro passo era registrar a ocorrência por difamação na


delegacia contra elas e pornografia de vingança.

A advogada me alertou que todo esse processo não seria


rápido, ela seria como uma assistente de acusação no caso.

Explicou que o ministério público iria assumir a denúncia, e


após o processo, elas poderiam ser condenadas a me pagar
indenização por danos morais e poderiam ainda ser
condenadas a fazer uma retratação pública, já que me
expuseram publicamente.

Mesmo isso não apagando toda a humilhação que sofri,


fiquei um pouco mais aliviada por saber que toda essa
situação não ficaria impune, que as culpadas, ainda que de
forma mais branda do que eu desejava, pagariam pelo crime
que cometeram.

A visita de Humberto aquele dia mexeu muito comigo, sua


declaração me deixou abalada, eu o amava tanto, mas tinha
que me priorizar antes de qualquer coisa.
Ele me apoiou e respeitou meu espaço, o que me deixou
mais tranquila.

O sábado logo chegou e com ele, minha viagem, meus pais


e Kelly foram comigo até o aeroporto, foi uma despedida
emocionante, e repleta de boas vibrações para o que me
esperava em Paris.

Horas dentro do avião não puderam me preparar para a


grandeza do lugar. Era lindo, muito mais do que as fotos e
vídeos que eu tinha visto ao longo da minha vida.

Peguei um táxi que me levou para o flat onde ficaria


hospedada até o fim da competição, mesmo que eu não
chegasse à final, pretendia ficar naquele lugar até a data
prevista.

Meus olhos e a câmera do celular registraram tudo, estava


encantada, uma sensação de paz me atingiu e pude
finalmente respirar aliviada, sem todo o peso que eu
carregava por dias.

 
Cheguei há vinte dias e já me sinto em casa, passeei por
muitos lugares, mas nada tinha superado a beleza da torre
Eiffel iluminada à noite.

Mantive minha família atualizada de tudo com o que estava


acontecendo, Kelly me fez prometer que voltaria a Paris com
ela.

Mas nem tudo foi só tranquilidade, os vídeos gravados no


dia do evento repercutiram nas redes sociais do Brasil.

Diferente do que imaginei, uma onda de solidariedade


tomou conta dos brasileiros, eu fui acolhida como nunca
imaginei, ganhei muitos seguidores e muitas pessoas se
identificaram comigo pelo meu discurso.

Fiquei feliz que essa tragédia tenha servido para alguma


coisa boa. Afinal, não vemos com frequência uma pessoa
gorda se expor assim defendendo a causa.

Uma digital influencer plus size, que eu seguia há anos,


entrou em contato comigo para que eu desse uma
entrevista nas redes sociais dela, aceitei na hora, grata pelo
convite.

O tema seria conscientização contra a gordofobia, que vinha


crescendo no país e muitos fechavam os olhos.

Depois dessa entrevista, muitas pessoas se identificaram e


falaram o quanto sofrem com o preconceito e a luta para se
encaixar no “padrão”.
Foi libertador saber que pude contribuir um pouco com
aquilo, estava cansada de ver pessoas se anulando pela
opinião alheia.

Alguns programas de TV entraram em contato comigo, dei


pequenas entrevistas, mas soube por Kelly que até
especialistas, psicólogos e outros médicos, foram chamados
para fazer o alerta sobre o assunto.

Dra. Fernanda me confirmou que elas foram intimadas e


condenadas a pagar a indenização, também a fazer uma
retratação pública e finalmente aquilo acabou.

Com a ajuda da advogada e o assunto sendo bem


comentado lá no Brasil, o processo correu mais rápido do
que o esperado.

Agora me sentia em paz, a justiça havia sido feita, minha


insegurança tinha ido embora. Voltei a ter algumas sessões
online com Vanessa, o que me ajudou muito nesse processo
de cura.

Faltavam apenas quinze dias para as gravações começarem,


eu estava nervosa, mas muito feliz em estar conquistando
esse sonho.

Foquei em treinar algumas receitas locais, eu já sabia fazer


muitas receitas do Chef Raul, mas aprendizado nunca é
demais.

Minha mente ficou bastante ocupada com tudo, mas meu


coração sentia falta de Humberto. Perdi as contas de
quantas vezes me vi pensando nele. Em nós.
Não estava sendo fácil, mas a cada dia que passava, mas eu
tinha certeza de que valeria a pena estar com ele.

Melissa mandava mensagens perguntando como eu estava,


Bella fazia chamada de vídeo pelo aparelho da mãe, estava
com tanta saudade daquele mini furacão, que todas as
vezes me emocionava quando ela ligava.

Kelly e Daniel estavam cada dia mais firmes. Ela até


reclamou que ele estava indo rápido demais, querendo que
ela dormisse com ele todas as noites.

Era engraçado ver Kelly, a romântica incurável, freando


Daniel, que antes fugia de relacionamento, mas que agora
queria morar com ela. Parecia que os papéis haviam se
invertido.

Saí dos meus pensamentos e voltei a olhar para tela do


celular, que exibia uma foto minha e de Beto, estávamos
sentados no chão da sua sala na noite que me pediu em
namoro.

Será que ele estava pensando em mim? Eu não sabia, mas


esperava que sim.
Capítulo 40

Já fazia pouco mais de um mês desde que meu mundo virou


de ponta cabeça. Para ser mais exato, um mês e cinco dias.

Há vinte dias, Daysi estava na França, meu coração estava


em frangalhos, eu me mantinha distante, mas torcendo para
que ela cumprisse sua promessa.

Todas as noites, eu pensava em ligar para ela, semana


passada, quase comprei uma passagem para vê-la, mas Mel
me acalmou dizendo que tudo iria se resolver, que era para
eu acreditar no nosso amor e assim o fiz.

Mas como dizer para meu coração seguir a razão? Se tudo o


que mais queria era ter minha mulher comigo.

Minha mãe não entrou em contato comigo, mas meu pai


vivia me visitando, na certa orientado por ela.
Eles sempre foram próximos, nunca tivemos uma briga
assim. Eu amava minha mãe, mas eu ainda estava magoado
com tudo.

Soube que ela ficou chocada com a repercussão do caso na


mídia, meu pai tentava a todo custo se redimir por ela,
envergonhado por tudo o que ela foi capaz de fazer.

Dizia que a minha mãe tinha aprendido a lição, que era para
eu dar um voto de confiança para ela, mas eu não tinha
certeza se aquilo era verdade.

Não disse nada, desconversei todas as vezes que ele tentava


me fazer ir até ela. Se estivesse arrependida, ela que viesse
trás.

Sentia sua falta, mas eu não varreria para debaixo do tapete


as sujeiras que ela fez, como se nada tivesse acontecido.

Minha mãe e Thais pagaram pelo que fizeram, foram


condenadas a pagar uma indenização para Daysi e ainda
fizeram uma retratação pública.

Thais ficou com medo por causa da repercussão de todo o


caso, foi brutalmente atacada nas redes sociais.
Rapidamente, ela foi para Milão, ficar longe por um tempo.

Minha mãe não foi tão atacada, já que quem tomou a frente
de tudo foi Thais, mas ainda assim, algumas pessoas foram
em suas redes sociais, mas como sempre foi muito
reservada, conseguiu se esconder.
 
Capítulo 41

Chegou o dia das gravações, o programa iria ao ar quando a


gente estivesse na segunda gravação.

No Brasil e outros países seria lançado no mesmo dia, para


dar tempo de os episódios serem legendados.

Seriam dois episódios por semana: terças e sextas, seria um


mês intenso, mas que eu me dedicaria até a alma.

Coloquei meu dolmã e me encaminhei para a bancada que


me indicaram. Não demorou muito para o chefe chegar,
cumprimentou a todos, foi bem simpático conosco.

Conseguia entender o que ele falava, tinha feito o curso de


francês há alguns anos, mas não era fluente, entendia mais
do que falava.
Assim que o desafio foi nos dado, começamos a correr
contra o tempo, todos tinham duas horas para concluir a
prova.

Ao final do programa, eu estava classificada para a próxima


prova. Encontrei Anne, aquela diva, e ela me parabenizou,
claro que não na frente dos outros participantes, mas isso
me deu mais gás para vencer.

Finalmente cheguei na final, foi o mês mais intenso da


minha vida, foi choro, gritos e alegrias nesse set de
filmagens.

Mal tinha tempo de falar com minha família, mas todos os


domingos falava com eles, era um dia sagrado para nosso
encontro.

No terceiro episódio acabei queimando a mão logo no início


da prova, o chef pediu para que eu fosse para o atendimento
médico, mas eu não poderia largar tudo assim.

Apenas pedi para enfaixar a mão até terminar. Mesmo com


dor, consegui concluir a prova, não foi meu melhor trabalho,
mas ainda assim foi o segundo melhor do episódio.
A equipe do programa me levou até a emergência, tinha
sido uma queimadura de segundo grau, criou uma bolha,
mas com todos os cuidados necessários, consegui vencer
mais um desafio.

Tive que aguentar a histeria da minha mãe dias depois,


quando o episódio foi ao ar no Brasil, não tinha dito nada a
eles, mas garanti que já estava tudo bem.

Foram dias intensos, mas de muito aprendizado, agradeci a


Deus todos os dias, agora estava entre os três melhores de
todo o programa.

Conseguir chegar até a final já tinha sido uma grande


conquista, estava orgulhosa de onde eu tinha chegado, por
ter acreditado em mim mesma, com o apoio dos meus
amigos e familiares.

Coloquei a mão no bolso da calça e senti o papel dobrado.


Meu amuleto. Sim, era o bilhete de Humberto.

Em todas as etapas, ele esteve comigo para eu me sentir


perto de Humberto, pois eu sabia que ele estaria torcendo
por mim.

Escutei o sinal para todos irem para o set de filmagens e


sem demora, caminhei para lá. Hoje teria plateia, eram os
eliminados do programa, já que não poderia vazar nada,
esse episódio só iria ao ar daqui a dois dias.

Respirando fundo, caminhei até minha bancada, antes de


tudo, como sempre fiz, orei entregando a Deus as minhas
mãos, para que eu fizesse o melhor.
Quando abri os olhos, o Chef Raul já estava posicionado à
nossa frente, deu início ao programa e tudo foi ainda mais
intenso.

Teríamos apenas quarenta e cinco minutos de prova, não era


muito tempo, mas teria que ser o suficiente para eleger o rei
da confeitaria.

Eu me desliguei do mundo externo e me concentrei apenas


no que deveria fazer, garantindo que não cometeria erros e
seria a melhor da noite. Não era prepotência, era a certeza
de que eu daria tudo de mim.

Entreguei meu o meu prato faltando apenas doze segundos


para acabar o tempo, logo depois os outros participantes
fizeram o mesmo e a campainha tocou avisando que o
tempo tinha acabado.

Chef Raul e seus dois jurados provaram um a um, pelo visto


hoje a disputa estava acirrada, foram só elogios, nenhum
aparentemente estava ruim.

Eles tiveram dez minutos para discutir os votos, quem


ganharia ou não a competição. Meu coração parecia que
sairia pela boca de tanto nervosismo, por isso, me servi de
um copo de água e me sentei para esperar.

Quando os três voltaram, pensei que desmaiaria de


ansiedade, minhas mãos tremiam, meu coração acelerado,
as pernas bambas, parecia uma pilha de nervos por dentro.

Apoiei-me na bancada com uma mão e a outra foi


diretamente para o bolso segurar o papel que me trouxe
sorte desde o início.

— É com um grande prazer que eu anuncio o vencedor ou


vencedora do nosso programa. Eu quero agradecer a todos
que participaram deste ano — o chef falou com seu francês
impecável.

— Todos mereciam o prêmio, mas só um o levará para casa


— continuou seu discurso fazendo suspense até o final,
quando finalmente meu nome saiu de seus lábios, naquele
sotaque francês tão charmoso: — O Roi de la Confiserie
deste ano é você, Daysi. Ou melhor, a Reine de la Confiserie.

Não contive o choro, desabei em lágrimas mais uma vez,


agradecendo a Deus por tudo o que ele tinha feito por mim.

Todos me abraçaram, retribuí cada um, o último foi Raul, me


parabenizou e disse que estava honrado em passar esse
título para mim.

O programa ainda não tinha acabado, os prêmios foram


maravilhosos, além de ganhar cinco mil euros, ganhei toda a
linha de equipamentos e utensílio da linha do chef Raul o
que já era demais.

— Mas ainda não acabou, Daysi — o Chef falou —, você


também acaba de ganhar uma bolsa em minha escola de
confeitaria para a próxima turma.

Fiquei boquiaberta, era a primeira vez que alguém do


programa recebia essa bolsa. Não poderia estar mais feliz.
Quando pensei que havia acabado com as novidades, ele
disse que havia mais uma surpresa. Não estava em sua
programação, mas estava feliz em contribuir para minha
felicidade.

— O quê? — indaguei, confusa.

Não entendi nada, até que alguém saiu detrás da equipe de


filmagem. Meu coração errou uma batida, não podia
acreditar no que meus olhos estavam vendo.

Humberto estava ali, não era uma miragem, era ele, não
entendi como aquilo aconteceu, mas ele veio até mim.

Com um buquê de rosas vermelhas nas mãos, ele sabia que


eram minhas rosas favoritas. Parou diante de mim me
entregando as flores.

— O… o que você… faz aqui? — consegui perguntar,


voltando a chorar.

— Vim te buscar, meu amor. Eu morri nesses dois meses


longe de você, não podia esperar mais para te ter de volta.
— Ele enxugou minhas lágrimas.

— Não teve um dia em que meus pensamentos não estavam


em você. Não posso mais me manter longe, por isso vim até
aqui, mesmo prometendo que não viria, para garantir que
não te perderia novamente.

— Ah, Humberto… eu…

— Me escute… Eu precisava vir para te dizer o quanto eu te


amo, como poderia viver se meu coração está aqui com
você? Não tem como.

Se ajoelhou em minha frente e abriu uma caixa de joia, lá


havia um lindo anel com um rubi em cima, sorri, pois ele
pensou em tudo, até na cor da pedra.

— Quebrei minha promessa só para vir até aqui e perguntar


se você me aceita novamente em sua vida. Quer voltar a ser
minha namorada?

Eu não tinha outra resposta a não ser sim, me ajoelhei ao


seu lado, esquecendo todos a minha volta e o beijei com
toda minha alma.

Foi um beijo carregado de saudade, amor e carinho. Não


tinha espaço para mágoas, revoltas e inseguranças, éramos
apenas nós dois.

O ar faltou então o beijo foi desfeito, nos abraçamos e todos


aplaudiam pela cena emocionante que tinha acabado de
acontecer.
 
Capítulo 42

Ao entrar no flat que estava hospedada, vi Humberto colocar


meu troféu e minha bolsa em cima da mesinha de sala.

Depositei meu buquê em cima do aparador ao meu lado,


depois me virei para trancar a porta.

Sem me dar tempo para pensar direito, Beto virou meu


corpo e me prendeu entre ele e a porta, fazendo questão de
esfregar seu volume contra mim.

Arfei mostrando meu contentamento ao senti-lo, o que o fez


rosnar contra meus lábios, os beijando com volúpia,
tomando tudo de mim, não me dando outra escolha a não
ser segui-lo.
Minhas mãos foram para seus cabelos volumosos, sua barba
pinicava meus lábios, me deixando ainda mais excitada,
desejando por mais daquele homem.

Suas mãos por sua vez deslizavam pelo meu corpo,


reconhecendo cada curva, explorando o território,
reivindicando seu direito de tomar para si cada parte minha.

E eu sabia que não teria como lutar contra tudo isso, pois,
sim, eu pertencia a ele de corpo e alma, assim como ele
pertencia inteiramente a mim.

Descendo os beijos por meu queixo e pescoço, suas mãos


subiam minha blusa para retirá-la, levantei os braços
facilitando o processo, assim a peça foi retirada e jogada em
qualquer lugar.

Nossos olhos se encontraram, o amor estava lá, presente,


queimando como chamas vivas, nos queimando por dentro,
nos unindo ainda mais.

Com calma, ele retirou sua blusa, que teve o mesmo destino
que a minha. Humberto se aproximou, tomou meu rosto
com as duas mãos e beijou meus lábios castamente, sem
desfazer o contato visual.

— Eu te amo — falou baixo.

— Eu te amo, muito — disse com carinho, o fazendo sorrir.

— Eu não quero mais viver sem você, tive uma prévia do que
seria e não quero que isso volte a acontecer. — Seus olhos
demonstravam a dor que passou.
Eu o abracei ciente de que passei pelo mesmo neste período
de afastamento. Não foi fácil, mas serviu para nos unir ainda
mais.

— Nem eu, amor — sussurrei em seu ouvido.

Humberto se afastou um pouco, mas segurou em minha


mão como se não quisesse perder o contato de nossas peles.

— Onde fica seu quarto? — Sua voz estava rouca, mostrando


desejo.

— Vem. — Eu o levei até lá.

Assim que entramos no cômodo, ele me puxou de volta para


si e se ajoelhou aos meus pés. Com seu rosto paralelo ao
meu sexo, ele depositou um beijo bem ali, mesmo eu
estando ainda vestida pela calça.

Mordi meu lábio inferior reprimindo um gemido de


expectativa. Eu estava pegando fogo, eram dias, dois meses
sem tê-lo em mim, era muito tempo.

Ainda calmo, ele desfez os botões da calça e as baixou junto


com minha calcinha. Passei um pé, depois o outro e pronto,
estava completamente nua da cintura para baixo.

Ele olhou diretamente para minha boceta e passou a língua


nos lábios, como se apenas me ver lhe desse água na boca.

Segurou em meu quadril e esfregou seu nariz em minha


intimidade, me cheirando toda, com fome e desejo. Aquilo
era selvagem, cru, gostoso.
Sua barba fazia uma carícia gostosa em mim, o que
aumentava ainda mais meu tesão.

— Ahh.. — Joguei a cabeça para trás quando seu nariz roçou


meu clitóris.

Meu gemido deve tê-lo incentivado, pois subiu os lábios até


meu ponto sensível e sua língua começou a brincar com
meu brotinho.

— Ahh.. Humberto… Que gostoso.. Ahh! — Não consegui


mais conter os gemidos, era demais para mim.

Separei mais as pernas lhe dando mais acesso, minhas


mãos foram direto para seus cabelos, o prendendo contra
meu sexo.

— Não para… — exigi

E ele não parou, continuou sua tortura com línguas, lábios e


dentes. Humberto me comia com a boca, cheio de desejo.

Abri os olhos e olhei para baixo, a cena diante de mim fez


meu coração palpitar e o sangue ferver dentro de minhas
veias.

Mal podia acreditar que era ele ali, ajoelhado, me tomando


novamente para si. Desejei tanto tê-lo de volta nesses dias
que passamos longe um do outro que agora parecia um
sonho. Um sonho do qual eu não queria nunca mais acordar.

Humberto levantou os olhos e me encarou enquanto me


chupava, meu corpo todo em chamas começou a dar sinal
de que o orgasmo se aproximava.
Com a respiração acelerada, meu baixo ventre se
contorcendo, deixei que o gozo viesse. Eu me recusei a
fechar os olhos.

Meus dedos em seus cabelos trouxeram Humberto mais para


perto, abri mais as pernas e ele me tomou com força.

Comecei a gozar, era forte, intenso, quente, era tudo o que


eu precisava. Chorei e gemi seu nome enquanto gozava em
sua boca, mantendo nossos olhares conectados.

Meu coração transbordava amor por ele e eu sabia que ele


estava ciente disso, pois seus olhos expressavam seus
sentimentos.

Quando finalmente acabou, ele deixou um beijo casto em


minha boceta, me fazendo ter um pequeno e involuntário
espasmo por está sensível demais.

A sensação que eu tinha era que ele ainda continuava lá,


tudo culpa da sua barba espessa que tinha estimulado
aquelas terminações nervosas.

Ele se levantou alinhando nossos rostos, foi impossível não


descer, o olhar para sua barba suja dos meus líquidos.

Aquilo era muito sexy, ele adorava se lambuzar em mim, eu


amava aquilo, era gostoso demais, nunca me cansaria
daquela boca.

—  Estava com saudades do seu gosto na minha boca, linda.


— Ele se aproximou ainda mais e passou a barba pelo meu
queixo, me fazendo sentir o meu cheiro.
— Eu... também... — Foi tudo o que consegui falar.

Humberto se afastou e indicou a cama. Segui para lá sem


pestanejar, já me desfazendo do sutiã que ainda me cobria,
o joguei no chão sem me importar com nada.

Sentei-me na cama de frente para ele que já tirava sua


calça, se aproximando. Meus olhos foram direto para seu
membro recém-liberto, o reconhecendo.

Grosso, rosado, cheio de veias, minha boca salivou para tê-lo


em minha boca, provando o pré-gozo, o deslizando para
dentro e para fora, era o que eu queria e foi o que fiz.

Quando estava completamente nu, segurou seu instrumento


com uma das mãos e o masturbou lentamente, com a
respiração entrecortada, veio até mim, se oferecendo e não
perdi tempo em tê-lo entre meus lábios.

Humberto soltou um arquejo quando o levei completamente


para dentro, sua glande na minha garganta, me fazendo
quase engasgar.

Recuei um pouco só para poder voltar com tudo, o chupei


com desejo, querendo tirar tudo dele, Beto segurou em
minha cabeça, mas deixou que eu ditasse o ritmo.

Ele gemia enquanto eu o tinha em minha boca, o líquido


pré-gozo me deixava sentir seu gosto de macho, me fazendo
pingar por baixo.

Não consegui me conter e levei uma das minhas mãos até


minha boceta e me acariciei enquanto o chupava no ritmo
certo.

Minutos dedos, eu senti que ele gozaria e eu também estava


no limite, enfiei dois dedos dentro de mim e me fodi, minha
boca ia e vinha, exigindo cada vez mais.

A outra mãos acariciou suas bolas e aquilo foi sua perdição,


gozou em minha boca e eu gozei novamente, agora nos
meus dedos.

Gemi ainda com ele em minha boca, meu corpo ondulava,


mas eu tomei todos os seus jatos, engoli seu gozo e só então
me afastei.

— Ah minha gostosa, gozou de novo enquanto me chupava.


— Ele segurou meu rosto com uma das mãos e mordeu meu
lábio inferior. — Não aguentou, né minha safada?

— Não… — Sorri, voltando a esfregar meus dedos em meu


centro, seus olhos foram direto para lá e rosnou gostando do
que via.

Sua mão cobriu a minha e fez pressão em meu clitóris, gemi


baixo pois ainda estava sensível, mas continuei a carícia, ele
desceu um pouco os seus dedos e me penetrou, me fazendo
gemer alto.

— Tão quentinha e apertada... — Fez pressão dentro de


mim, me fazendo jogar a cabeça para trás. — Quer meu pau
aqui, enterrado em você? Hum? — Passou a barba pelo meu
pescoço me fazendo arrepiar todos os pelos do meu corpo.

— Si…sim... — gemi.
— Então você vai ter… — Tirou os dedos de dentro de mim e
me fez deitar na cama.

Eu me acomodei no centro dela e me abri para ele, que veio


faminto para cima de mim e rapidamente se posicionou em
minha entrada

— Ohh…

— Ahh… — gememos juntos quando entrou em mim.

Nossos olhares se encontraram novamente e assim ele


começou a me amar. Nossos corpos se completavam e
dançavam num ritmo só deles.

Ali eu me entregava novamente, com tudo de mim e ele


fazia o mesmo. Éramos nós outra vez, sem medos, sem
amarras, apenas amor.

Humberto levantou o tronco para poder ter mais precisão


nas estocadas, juntou nossas mãos e entrelaçou nossos
dedos, nos completando ainda mais.

Nossos olhos nunca se desviaram, mesmo o desejo


aumentando, o gozo vindo, não os fechamos para que nós
contemplássemos nosso amor.

— Não me deixe nunca mais — pediu enquanto gozava


dentro de mim.

— Nunca mais… — prometi enquanto acompanhava seu


orgasmo com o meu, o apertando dentro de mim.
Então ele me beijou, selando nosso acordo e assim foi
durante toda a noite, nós nos amamos como nunca,
confessando nossos sentimentos, prometendo nunca mais
nos afastar.

Acordei com beijos espalhados por minhas costas, sua barba


deixando minha pele formigando por onde passava, me
acendendo toda.

— Hum… — murmurei, gostando do que fazia.

— Bom dia, amor. — Sua boca se afastou de mim e se


aproximou da minha orelha, me fazendo cócegas por causa
dos pelos do seu rosto.

— Um ótimo dia para você, pois quero ser acordada sempre


assim. — Eu me virei para ele tomando seus lábios para
mim num beijo quente.

— Mal posso acreditar que finalmente te tenho em meus


braços, sabia? — confessou.

— Não é, eu estou aqui, ou melhor, você está aqui. Sou toda


sua, Humberto. Pelo tempo que desejar que eu esteja. —
Sorri para ele.

— Para sempre, então. Te quero para sempre ao meu lado,


Daysi. — Beto olhou no fundo dos meus olhos me mostrando
a verdade.

— Então é aqui que estarei. Para sempre. — Nós nos


beijamos novamente.

Depois de nos entregarmos ao desejo naquela cama, fomos


tomar banho juntos e seguimos para a cozinha preparar
algo para comer.

— Quando você chegou aqui? — perguntei, curiosa.

— Há dois dias… — respondeu enquanto nos servia de suco


de laranja.

— E posso saber como você soube o endereço do estúdio?

— Tive uma ajuda da Kelly. Ela entrou em contato com a


Anne e contou que eu queria fazer uma surpresa para você.
Ontem pela manhã, me encontrei com ela e expliquei o que
pretendia, ela disse que me colocaria lá dentro e falaria com
Raul sobre a possibilidade que eu fizesse a surpresa no fim
do programa. Anne ligou para ele que aceitou na hora e o
resto você já sabe. — Deu de ombros e eu fiquei boquiaberta
como tudo pode ter dado certo mesmo em cima da hora.

— Não acredito! — Sorri, impressionada. — Eles foram uns


fofos, eu pensei que eles fossem próximos, mas não tanto
assim — falei, pensativa.
— Que bom, não é? Mas ainda assim, eu te teria pra mim,
ontem à noite.

— Como assim, seu presunçoso? — Estava confusa.

— Estou hospedado aqui ao lado. — Arregalei os olhos e ele


sorriu para mim.

— O quê? Jura?

— Sim — afirmou. — E fiz uma força sobre humana para não


te procurar na noite em que cheguei. Até fiquei meia hora
em frente à sua porta, me segurando para não bater.

Fiquei surpresa com sua confissão e até achei fofo o modo


como se segurou, pois ele é muito impulsivo.

— Eu não te mandaria embora se viesse até mim —


provoquei, sorrindo.

— Mas não seria tão mágico quanto uma declaração de nível


internacional — brincou.

— Não mesmo. — Sorri. — Obrigada por ter feito tudo isso


por mim. Você é perfeito para mim… — falei e nos beijamos
novamente sem nos importarmos em entregar tudo naquele
ato de amor.

Nossas línguas dançavam num ritmo lento, reforçando


nossos sentimentos, sua mão que estava em minha nuca me
puxou para mais perto, a da cintura me forçou contra sua
ereção enorme entre nós, me fazendo gemer em excitação.

***
Na cozinha, eu separava todos os ingredientes para
fazermos waffle, Beto esperava os meus comandos, ele não
era um zero à esquerda na cozinha, mas fazia poucas coisas.

— Me passa a batedeira aí, amor. — Apontei para o objeto


atrás dele.

— É para já.

Primeiro misturei todos os ingredientes líquidos e bati até


virar um creme homogêneo, só depois iria acrescentar os
secos.

— Me passa a farinha, amor — pedi, mas ele acabou


deixando o recipiente que estava a farinha cair e subiu uma
grande nevoa branca pelo ambiente.

— Não acredito. — Ri da sua cara de assustado.

— Para de rir... — Tossiu, incomodado com o pó espalhado


pelo ar.

Aquilo me fez rir ainda mais, deixando Humberto sem graça,


mas eu não conseguia parar. Para minha surpresa, ele
encheu a mão de farinha e jogou no meu cabelo, me
sujando inteira.

— EU VOU TE MATAR, HUMBERTOOOO — gritei, tentando


limpar meu rosto para poder o enxergar em meio aquele pó
todo.

— Bem feito! Quem mandou rir de mim? — O filho da mãe


estava rindo.
Tateando a mesa, peguei mais um pouco de farinha e
assoprei em seu rosto, o fazendo ficar branco, me dando
outra crise de riso.

— Você vai ver só... — ameaçou, mas eu saí correndo, e ele


atrás de mim, com o saco de farinha na mão.

— Para... para... — Corri em volta da mesa, mas ele era mais


rápido e me alcançou, no final, a cozinha estava imunda,
nossos corpos cobertos pelo pó branco, no chão rindo de se
acabar.

Ele limpou meu rosto e eu o dele, nossos olhos conectados e


o clima mudou, ainda leve, mas com algo a mais.

Ele não se importou com a sujeira, tomou meus lábios para


si, num beijo calmo e exploratório, delicioso como sempre
era e me derreti em seus braços.

— Olha só o estado dessa cozinha? — falei assim que


separamos nossas bocas. — Como vou cozinhar com tudo
sujo? Sem falar que acabou com a última farinha que eu
tinha aqui?

— Simples. Você me ajuda a limpar essa lambança,


tomamos banho e eu peço algo para a gente comer aqui no
quarto, ou podemos ir naquele café que tem aqui perto. O
que acha?

— Café aqui perto, acho lá um clima tão romântico, só fui lá


uma vez e pensei em ter você lá comigo o tempo todo, não
fui mais, para não ficar sofrendo — confessei.
— Então vou realizar o desejo da princesa — brincou e me
beijou novamente.
 
Capítulo 43

Passamos só mais cinco dias em Paris, queríamos ficar mais


tempo, mas aproveitamos nosso último dia em Paris
passeando o dia todo e a noite foi ainda melhor.

Os outros dias matamos nossa saudade em grande estilo, se


eu já não conseguia manter minhas mãos longe dela muito
tempo antes, imagine minha necessidade depois de ficar
quase dois meses afastado dela.

Assim que voltamos para o Brasil, fomos recebidos por


nossos amigos e familiares. Da minha parte, apenas meus
avós, meu pai, Mel, Max e Bella, mas os familiares de Daysi
estavam quase todos lá.

Kelly fez uma grande festa na Dally Cake, todos muito


orgulhosos da minha garota, seus pais me parabenizaram
pela surpresa no fim do programa.

Nós conversamos muito aquela noite, me desculpei com


eles pelo que tinha acontecido com sua filha, mas eles não
me culparam, me acolheram como filho e disseram que
estavam felizes de nos ver juntos de novo, aquilo mexeu
comigo, pois era isso que eu desejava que dona Ana fizesse
com Daysi.

Já havíamos voltado há cinco meses, Dally virou quase um


ponto turístico de São Paulo, todos queriam ir para lá, filas
se formaram em frente à loja. Daysi estava cogitando abrir
uma filial em breve, pois a demanda tinha triplicado.

Novos profissionais foram contratados e ela conseguiu


finalmente descansar um pouco. Muitas encomendas
chegaram, mas só queriam que ela fizesse, então teve que
agendar tudo certo para não se sobrecarregar.

Eu estava orgulhoso da minha mulher, ela merecia tudo o


que estava acontecendo com ela, além de determinada e
forte, era inspiração para muitas mulheres.

Naquela noite faríamos nove meses de namoro, não a data


que fiz na França, mas a data oficial que fiz na minha casa.

Eu sabia exatamente que ela era a mulher da minha vida,


não tinha como ser diferente, ela virou meu mundo de ponta
a cabeça, ela foi a melhor coisa que já me aconteceu,
quando estava ao meu lado, parecia que nada mais
importava.
Por isso decidi que à noite iria pedi-la em casamento, eu a
levaria para o mesmo restaurante que a levei em nosso
primeiro encontro oficial, vi o quanto ela gostou, mas nunca
mais voltamos lá.

Eu usei essa desculpa para comemorar nosso aniversário de


namoro no restaurante do nosso primeiro encontro e ela
amou a ideia, também pedi para que fosse usando sua cor
favorita.

Aparentemente não desconfiou de nada, eu contava com


isso, pois queria pegá-la de surpresa, nunca falamos em
casamento, mas eu estava sempre deixando claro que a
queria para toda minha vida.

Daysi parecia se sentir da mesma forma que eu, mas se não


estivesse pronta, eu insistiria até ela aceitar. Não sou um
homem que desiste fácil.

Nós estávamos quase morando juntos, pois não tinha uma


noite em que eu não estava em sua casa ou ela na minha,
normalmente passamos o fim de semana na minha casa,
pois durante a semana, a dela é mais perto do trabalho.
Estacionei o carro em frente à casa dela e buzinei esperando
que saísse, tirei do bolso a caixinha e a abri apreciando o
anel pela milésima vez.

Melissa me ajudou, não saberia se encontraria em outro


lugar joia mais linda que aquela. Era uma peça única, feita
especialmente para a mulher da minha vida.

Pela visão periférica, a porta se abriu rapidamente, coloquei


a caixinha no bolso e saí ao seu encontro.

Assim como pedi, ela vestia vermelho, assim como eu, que
estava com uma camisa da mesma cor.

Seu corpo estava bem desenhado pelo vestido, seus seios


fartos estavam me chamando como sempre, o que me
deixou ainda mais animado para finalizar a noite.

Em seu rosto, uma linda maquiagem leve, que valorizava os


verdes de seus olhos verdes como uma esmeralda. Por fim,
sua boca carnuda me convidava para um beijo e assim eu
fiz.

— Boa noite, amor.

— Boa noite. — Sorriu olhando minha camisa — O que você


está aprontando dessa vez? Por que está de vermelho,
também? — sondou.

— Só quis agradar a minha namorada, não posso? —


brinquei, a levanto até o carro.

— Claro que pode, a namorada agradece! — Entrou na


brincadeira.
Abri a porta do carro para ela, que logo se acomodou no
banco. Dei a volta e assumi o volante dando partida no
carro, minutos depois já estávamos no local.

Fiz questão de reservar a mesma mesa reservada da outra


noite, ela amou ter privacidade e a linda vista que aquele
lugar nos proporcionou.

— Nossa, do mesmo jeito que nosso primeiro encontro,


amor! Que lindo. — Daysi me deu um beijo casto nos lábios
antes de se acomodar na cadeira.

Eu me sentei ao seu lado e o garçom logo veio nos entregar


o cardápio, dessa vez ela quem fez o pedido, sorri com sua
cara de confusão em sobre o que pedir, mas depois de
alguns minutos, se decidiu. O garçom foi embora e nós
ficamos a sós jogando conversa fora, enquanto nossos
pratos não chegavam.

— Você está estranho — falou quando terminamos de comer.

— Não está enganada, amor — respondi nervoso.

— Ai meu Deus, o que aconteceu, Beto? Você está me


deixando nervosa.

Segurei sua mão sobre a mesa e alisei seu punho com o


polegar.

— Calma, amor, não é nada de ruim. — Eu a tranquilizei,


mas a ruga de preocupação não suavizou em sua testa.

— Então o que é? — insistiu e eu tomei coragem.


— Você sabe o quanto eu te amo, não é? — perguntou.

Ela franziu ainda mais a testa, mas acenou em afirmativa


com a cabeça.

— Quando estou com você tudo parece não existir ao redor,


pois todo meu foco vira você, foi assim desde o primeiro
momento quando te vi entrar na Dally, sem nem te
conhecer direito. Foi amor à primeira vista. — Ela apertou
minha mão que estava na sua, sobre a mesa e sorriu para
mim.

— Em nossa primeira vez, eu sabia que você era a mulher da


minha vida, pois foi diferente em todos os sentidos bons da
palavra. Você é única, chegou sem avisar, arrancando meu
coração de mim e o guardando para você.

— Beto… — Levantei a mão impedindo-a de continuar e ela


respeitou o meu momento.

— Quase te perder me fez perceber que minha vida já não


tem mais sentido se você não estiver nela, e é por isso que
eu não posso deixar você escapar novamente. — Com a
outra mão, peguei a caixinha e me ajoelhei ao seu lado e ela
já entendeu o que eu faria.

Mostrei a joia dentro da caixa e lhe dediquei, ela sorriu


chorando enquanto eu fazia o pedido mais importante da
minha vida.

— Você aceita ser minha esposa? Quer se casar comigo? —


Ela chorou ainda mais, porém acenou com a cabeça.
— Sim, sim e sim. Mil vezes sim pra você, Humberto! — Ao
ouvir sua resposta, coloquei o anel em seu dedo, todos
aplaudiam em nossa volta.

Eu me levantei, fazendo-a me acompanhar e tomei seus


lábios com os meus, eternizando aquele momento mágico.

Depois que nos afastarmos, ela limpou as lágrimas e olhou


para o anel em seu dedo.

— É perfeito, aposto que foi obra da Melissa, não é? —


perguntou.

— Sim, amor, não poderia escolher qualquer outro, esse é só


seu.

— Igual todos os outros — afirmou.

— Sim, assim como todos que ainda te darei ao longo da


nossa vida. — Eu a beijei novamente selando a promessa.
Capítulo 44

6 meses depois...

Abri os olhos ainda sonolenta, tateei a cama a procura do


seu corpo, mas não o encontrei, como sempre, já tinha se
levantado, não conseguia entender como ele tinha
disposição logo cedo.

Rolei na cama, ficando de barriga para cima e encarei o teto,


nosso teto. Nem acreditava que agora a casa de Humberto
passou a ser nossa.

Um mês depois que aceitei seu pedido de casamento, me


mudei definitivamente para sua casa, agora nossa, como ele
costumava dizer. Foi fácil me acostumar a tê-lo comigo
todas as noites, sentir seu calor, seu corpo colado ao meu,
seus beijos todos os dias.
Sempre sonhei em ter um amor assim, como o nosso e
estava feliz que o havia conquistado e poderia vivê-lo sem
reservas.

Meus pais nos apoiaram e eu conseguia ver muito deles em


nós, isso me deixou em êxtase, pois nunca vi um amor mais
puro do que o deles.

Sua presença me encarando da porta me trouxe de volta ao


presente. Apenas com uma boxer preta, os músculos bem
trabalhados torneando seus braços.

Nas mãos havia uma bandeja de café da amanhã, com uma


rosa vermelha, o que me fez sorrir ainda mais e me sentar
na cama, com o cobertor me cobrindo parcialmente.

— Posso saber o que tinha de tão interessante no teto para


você estar olhando para ele com tanta felicidade? —
Caminhou até onde eu estava, com cuidado, depositou
nosso café ao meu lado e me beijou os lábios.

— Estava apenas divagando em meus pensamentos.

— Aposto que pensava em mim — disse, convencido.

— Ah meu Deus, que ego gigantesco. — Sorri. — Eu estava


pensando na gente — enfatizei o a gente, lhe dando um leve
empurrão, o fazendo rir.

— Ainda sim pensava em mim, já que estou incluído no a


gente. — Ele se gabou me fazendo revirar os olhos
dramaticamente.
— Você é impossível! — Sorri. — E amei essa recepção
maravilhosa na cama.

Passeis meus olhos pela bandeja, depois por todo seu


abdômen e mordi o lábio.

— Fome? — Ele me olhou com malícia ao fazer a pergunta.

— Muita! — Entrei na brincadeira.

— Posso saciar toda essa fome. — Humberto ia retirando a


badeja do meu lado, mas eu a segurei no lugar.

— Nada disso, eu disse fome de comida, não de você.

— Não me provoque, amor, você me fez promessas vazias...


— Beijou meu pescoço me causando arrepios.

— Me alimente antes, homem, você estava insaciável


ontem, estou sem energias — falei com um pouco de
dificuldade.

Ele se afastou sorrindo, sentando-se ao meu lado e me


acompanhando na refeição matinal.

À tarde ainda iriamos para casa dos seus avós para almoçar
e passar o restante do dia com eles.

***

Estávamos todos sentados à mesa, Tereza fazia uma oração


em agradecimento, como sempre fazia. Eu achava lindo,
minha avó também fazia isso quando ainda era viva, ela me
lembra muito a minha avó.
Assim que a oração acabou, levantei meus olhos e meu
coração errou uma batida ao ver minha sogra em pé,
próxima à entrada da cozinha olhando fixamente para
Humberto.

Seus olhos estavam tristes, os ombros encurvados


demonstrando toda a dor que sentia ao não estar tão
presente na vida do filho.

Eu sabia que ele sentia muita falta dela, mas estava


magoado demais, eu falei que ele não deixasse que o que
aconteceu comigo afetar a relação com sua mãe, mas ele
disse que ela teria que se arrepender verdadeiramente,
antes de qualquer coisa.

Eu sabia que ele a amava, mas não daria o braço a torcer


antes dela. Não podia imaginar ter uma relação assim com
minha mãe, então acreditava que ambos sofriam demais por
aquela separação.

Ana baixou o olhar e Tereza se levantou para falar com a


filha, se abraçaram e ela separou o lugar dela bem ao lado
de Humberto, eu sabia que Tereza tinha feito de proposito e
estava feliz por isso.

Não ter uma relação boa com minha sogra não queria dizer
que eu desejasse que ela se mantivesse distante do filho.

Ela se sentou ao lado dele e me doeu ver a força que fez


para não o abraçar como sempre faziam antes.

— Olá filho... — disse baixo.


Eu não tinha ideia de quanto tempo eles passaram sem se
ver ou falar um com o outro.

Vi o corpo dele todo ficar tenso, alisei seu braço tentando


passar confiança e o incentivando a falar com Ana, mas ele
se manteve olhando para o prato.

— Beto... — sussurrei para ele que apenas fechou os olhos.

— Humberto, sua mãe falou com você! Não seja mal-


educado — Tereza falou firme, o repreendendo e ele respirou
fundo e olhou para a mãe.

— Oi mãe — falou, olhando para ela, um sorriso se formou


nos lábios da minha sogra e seus olhos ficaram marejados.

Sorri satisfeita com esse pequeno avanço e voltei meus


olhos para a mesa, Melissa estava quase chorando, Max
sussurrou algo no ouvido dela que a fez sorrir e piscar várias
vezes, espantando as lágrimas.

O almoço seguiu tranquilamente, havia uma pequena


tensão no ar, mas resolvi ignorar. Em seis meses, seríamos
uma única família, não queria que eles permanecessem
muito tempo nesse clima.

Algumas horas depois, estava no jardim olhando Bella


brincar de bicicleta, enquanto os outros estavam espalhados
pela propriedade.

Senti alguém se aproximar devagar e sorri, achando ser


Humberto, então esperei para que ele se sentasse ao meu
lado. Imagine minha surpresa quando era a mãe dele que
tomou o lugar ao meu lado.

— Ah, oi Ana — eu a cumprimentei com cautela, não sabia


por que havia vindo.

— Olá, Daysi, será que podemos conversar um minuto. Por


favor? — perguntou com um certo medo e aquilo me deu
coragem para lhe dar o que me pedia.

— Claro, pode falar — respondi.

— Sei que nós não tivemos um bom começo e reconheço


que foi por minha causa, sei da minha culpa e não me
agrado disso. — Ela olhava para as mãos em seu colo,
enquanto falava.

— Eu sempre sonhei com meu filho se casando com alguém


do nosso ciclo social. Para mim, a Thais seria a pessoa
perfeita para ele. — Meu coração se apertou ainda mais, não
acreditando que ela começaria com aquilo de novo. — Não
via o quanto estava errada. — Ela me surpreendeu com suas
palavras.

— Eu fui preconceituosa, fui baixa, não me importando com


o que você e meu filho sentiam. — Olhou para mim.

— Eu idealizava uma coisa que para mim deu certo, sem


imaginar que ele não a amava. Quando romperam eu fiquei
triste, gostava muito dela, faria de tudo para tê-los juntos
novamente, até que por causa disso, eu perdi meu filho. —
Seus olhos estavam marejados, as lágrimas na borda.
— Não tem dor maior do que eu não poder ter meus filhos
em meus braços de novo, ele não fala comigo, perdi sua
confiança, seu amor, o que vou fazer sem o amor do meu
menino, Daysi? Se tudo o que eu mais amo na vida são ele e
Melissa? Como posso conviver sem o amor dele?

— Ele te ama — tentei falar mas ela não deixou.

— Não, eu acabei com esse sentimento quando pisei nos


sentimentos de vocês. Me envergonho tanto, Daysi, tanto
pelo que te fiz passar. Meu terapeuta me fez perceber o
quanto fui cruel com você, ver o mal que lhe causei e ao
meu menino. — Suas lágrimas começaram descer e as
minhas a se formar, não sabia o que falar.

— Me desculpe, me desculpe por tudo, eu me arrependo de


verdade. O que eu mais quero é vê-lo feliz, e quem faz ele
feliz é você. Ele vai se casar e eu nem sei se estarei lá. —
Chorou ainda mais.

— Eu sei que te magoei, mas quero seu perdão, não aguento


mais essa dor em meu peito. É você quem ele ama, é você
que o faz feliz e isso é o que importa para mim. Por favor,
me perdoe, só assim terei paz e meu filho de volta. Minhas
desculpas são sinceras, você pode nunca se sentir à vontade
comigo, mas eu prometo que estou disposta a te tratar
como você merece. Você é um balsamo para Beto, você
trouxe vida para ele, como eu não posso ser grata a você por
fazer tal coisa? — Segurou em minhas mãos.
— Me deixe pelo menos tentar te provar isso, não posso
apagar o passado, mas posso fazer diferente agora.

Meu rosto já estava banhado em lágrimas, com carinho


alisei suas mãos, lhe dando um sorriso sincero.

Cada palavra sua atingiu o mais íntimo do meu coração,


sabia que ela estava sendo sincera e o fato de ela
reconhecer seus erros e tentar concertar as coisas me fez
lhe dar um voto de confiança.

— Nós duas queremos apenas uma coisa, ver Humberto


feliz, ele não é cem por cento feliz ao meu lado porque te
ama, Ana. Ele também sofreu esses meses longe de você. Eu
quero fazê-lo feliz, mas também sei que ele só será
completamente com você ao nosso lado.

— Eu te perdoo, sei que seu pedido foi sincero, nada me


faria mais feliz nesse momento do que juntar vocês
novamente.

— Vo.. você tá falando sério? — Chorou ainda mais.

— Claro que estou. — Surpreendendo-me, Ana me abraçou


forte e juntas choramos, selando nossa paz em amor ao
Humberto.

Só então percebi que ele estava li perto, nos olhando e


chorando, como se finalmente pudesse viver em paz de
novo.
Estendi minha mão para ele, com Ana ainda abraçada a
mim, e ele veio, como uma criança procurando o colo da
mãe.

Afastei-me de Ana para que eles pudessem se abraçar e


assim aconteceu. Ele caiu ajoelhado ao lado da mãe que o
abraçou, pedindo perdão e colando seus corações
quebrados pela mágoa novamente.

 
Epílogo

Seis anos depois…

Coloquei o bolo de dois anos do nosso príncipe em cima do


suporte e contemplei minha obra de arte.

Eu era uma das donas da rede de confeitaria mais famosa


do país, a Dally cresceu tanto que hoje só perdia para a
Carlo's Bakery. Quando eu poderia imaginar que isso tudo
aconteceria?

Bom, mas foi exatamente isso que aconteceu, sou feliz e


grata a Deus por todas essas conquistas.

Kelly se juntou a mim contemplando a mesa de doces da


festa e sorri para mim.
— Está perfeito, o Caíque vai amar, está do jeito que ele
pediu, prima.

— Eu tinha que caprichar ainda mais nesse, né? Ele é crítico


demais, mesmo tendo apenas dois anos de idade, que
menino difícil, meu Deus! Detalhista demais.

— Puxou ao pai, ué, você queria o quê? É uma cópia


autenticada, não poderia ser diferente — ela brincou e eu
tinha que concordar, Caíque era a cara do pai.

— Não posso discordar. — Dei de ombros, quando de


repente um ser pequenininho correu em nossa direção e se
agarrou em minha perna.

— Quelo ver boio, Titi Day… Quelo ver boio…

Puxou minha roupa até que o peguei no colo para lhe


mostrar o que tanto queria ver.

— Uau Titi.. é indo, é indo… — Balançou as mãozinhas de


felicidade.

— Que bom que gostou, meu príncipe merece.

— Oia mamãe, oia que indo. — Mostrou a Kelly, empolgado


com o seu bolo.

— Eu estou vendo, querido, a tia Day arrasou, não é? — Ele


apenas concordou, me fazendo sorrir.

— Nossa filhão, sua festa está linda, olha só esse bolo. —


Daniel chegou abraçando a esposa e o filho, como sempre
costumava fazer.
Kelly e Daniel se casaram há três anos, logo minha prima
engravidou do seu primeiro filho, Dan era um pai coruja,
fazia todas as vontades do pequeno.

Feliz em ver a interação deles, caminhei em direção a mesa


onde estava nossa família. Humberto logo me puxou para
seu colo, me dando um beijo casto na boca, antes que eu
me sentasse na cadeira ao seu lado.

— Vi que o Caíque adorou o bolo, não parou de apontar para


ele — sussurrou em meu ouvido, indicando o pequeno com
os pais.

— Sim, ficou encantado. — Olhei para onde eles estavam.

— Não vejo a hora de ter o nosso — confessou pela milésima


vez.

— Calma, amor, já disse que daqui a um ano tudo se ajeita e


podemos tentar, antes disso, nem pensar. — Alisei seu rosto.

Há três anos, o chef Raul me chamou para ser uma das


juradas fixas do concurso “Roi de la Confiserie,” nosso
contrato acabaria em breve, eu não queria estar grávida
com tantos trabalhos tomando meu tempo, pois quando
engravidasse, queria aproveitar o máximo que conseguisse.

Humberto me entendeu muito bem, mas depois que Caíque


nasceu, seu desejo de ser pai aumentou ainda mais, mas eu
sabia que ele compreendia a situação.

— Eu sei, linda. — Beijou meus lábios com carinho.


Saí do seu colo e me acomodei na cadeira ao seu lado, onde
nossa família estava. Meus pais, os dele e Melissa e sua
família, que agora incluía mais dois pequenos.

Olivia e Oliver tinham quatro anos, eram gêmeos, Bella


agora com onze anos faz todos os gostos dos pequenos que
tanto adora.

Bella ainda estava no ballet, ao que tudo indicava, teria uma


carreira promissora, amava o que fazia e se dedicava ao
máximo para ser a melhor.

Minha sogra e eu finalmente nos entendemos, meses antes


de nos casarmos, ela me procurou e pediu desculpas por
tudo, disse que já não aguentava mais ficar longe do filho.

Ela parecia sincera, disse que se arrependeu de tudo o que


fez e que estava feliz em vê-lo feliz comigo e aquilo bastou
para que tivesse meu perdão.

Claro que no começo ficou tudo muito estranho, agora,


depois de cinco anos de casada com Humberto, minha
relação com ela era de amiga.

Eu estava em paz e ela também, ambas querendo apenas


um objetivo, fazer Humberto feliz, isso bastou para que nos
uníssemos.

Saí mais uma vez dos meus devaneios quando as crianças


começam a correr pelo jardim atrás do Caíque que se
divertia com os primos.
Contemplava todas aquelas pessoas ao meu redor e
lamentei que Tereza e Paulo não estivessem conosco para
celebrar esse dia.

Os avós de Humberto morreram há um ano, Seu Paulo


morreu com um câncer no pulmão e Tereza não aguentou a
ausência dele, indo um mês depois do seu amado.

Eles tinham Daniel como um neto, e ao conhecerem o


pequeno Caíque, ficaram felizes em poder ter mais um
bisneto.

Eu estava feliz com meu marido e família, minha carreira só


melhorava, Humberto também crescia nacionalmente e
agora estava querendo abrir lojas no exterior.

— O que tanto você sorrir aí, amor? — Humberto perguntou,


alisando meu rosto.

— Só pensando no quanto sou feliz por ter vocês em minha


vida. Eu não poderia escolher estar em outro lugar senão
aqui, com as pessoas que amo — confessei.

— Eu te amo — sussurrou, aproximando nossos lábios.

— Eu te amo. — Selei nossos lábios num beijo apaixonado.


Agradecimentos
 

Não sei por onde começar, foram dois anos escrevendo essa
história e me sinto tão realizada em ter concluído esse
sonho.

Primeiramente quero agradecer a Deus, por ter permitido


que eu chegasse até aqui.

Sou grata as minhas amigas que me apoiaram desde o


início, Nanda, Carlinha, Hylanna, Ana e Isadora. Sem esse
apoio inicial, talvez, eu não estivesse aqui. Também a minha
mãe Ozani e minha irmã Jhenny, que assim que contei sobre
essa nova aventura, me incentivaram a escrever. Mainha
obrigado por vibrar comigo quando finalmente coloquei o
último ponto-final.

Minhas betas queridas: Hylanna, Ana, Paula, Luana e


Carlinha, sem vocês eu não sei se conseguiria também,
foram o termômetro que eu precisava para saber o que seria
de Daysi e Humberto.

Meu carinho especial á minha revisora Isadora, que não


soltou minha mão, teve muita paciência comigo e me
ensinou tantas coisas. Seus ensinamentos foram essenciais
para mim.

Por último e não menos importante, a cada um de vocês que


chegaram até aqui, por confiarem em mim e embarcarem
nessa história e por me apoiarem nesse sonho.

Que esse seja o primeiro de muitos e que vocês possam


guardar com rainho esse livro que significa tanto para mim.

Muito obrigada!
 

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