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Capituto 1 Mistura de géneros: a reconfiguragao do pensamento social I iste uma série de SEG, a mu ver SERED eles & qu estes ciltimos anos, Glo de espécies continua a passo acelerado.(Outaaiverdade buscando, hoje, algo capaz de demonstrar a conexio entre crisintemos cespadas, mais do que um método que identifique a relagio entre planetas e péndulos, a ade é 8 Armeu ver, estes fatos nao s6 sio verdadeiros, como também acontecem simultaneamente; Esta indisting2o dos generos & mais complexa que o tipo de confusio estilistica que transformou Harry Houdini ou Richard Nixon em personagens de romances, ou que faz.com, que uma orgia de assassinatos no oeste central americano “teers (basta lembrar Stanley Cavell escrevendo sobre Beckett ou Thoreau; ¢ Sartre sobre Flaubert), debates cien- tificos se assemelham a textos selecionados das belles lettres 33 (Hoots Hanus, Loren Biseley), fantasias barrocas so apre- ‘ontulas come sérias observacdes empiricas (Borges, Bare thelmie), estirias so composts de equagies € tabelas ou yasecent testemunhos em juizo (Fogel ¢ Engerman, Le Roi Ladue), Med, parabolan alot posturt de cenon cna), taados tericos mais parecem conte msmastataie gny re)ren Sie ncrogritie Crean Sa, aeenauador poten (tl Feyerabend c polémices me tings diargnsseem reméries pessoas Games Wat won) 0 tage palida, de Nabokoe tim objeto teriso Suclnen parece ser ealmcote um produto dees tempos vinn rograa cn age estudos epistemolégicos sio elaborados FE bem verdade que, até certo ponto, este tipo de conf ssio estilistica sempre existia, Afinal, Lucrécio, Mandeville e Jon ctr ne anon mento?) ‘omo classificamos Ater Babel de George Steiner — lingiistica, critica literati, historia da cultura? © On being blue de William Gass, © que € — um tratado, uma palestea, uma apologia?) Tratase, portanto, de algo mais sério que a simples pritica de um esporte temporirio, ou a satislagio de uma curiosidade ‘ocasional; nem podemos justifies-lo pelo fato reconhecido de que coisas inovadoras s10, por definicio, dificeis de eateqoriza, mwabhicacio de umas poucas fronteiras mais dlemnareacao de mais alguns pitorescos lagos de montanha 34 (CaS n ES Eo ae [io que seja necessirio aceitar pontos de vista herméti: cos onde a écriture passa a ser algo assim como marcos que sinalam caminhos, ou entregarnos to inteiramente 20 prazer do texto que seu significado seja ofuscado por nossas reaches, para verificar que uma disposicio distintamente demoeritica introduziu-se na visio que temos daquilo que lemos € daquilo que eserevemos, Ou que 0s colocam, pelo menos ontologieamente falando, no mesmo nivel, NGA SEARS iM pORAATES ; €, em ver de termos 3 frente uma colegio de estlos naturuis, estaticamente dlvididos pelas diferencas qualitativas profuridas que apresentam cn- diferentes, trabalhos estes que s6 podemos ordenar na {que apresentem entre si e segun- do nossos propésitos mais imediatos. Nao é que tenhamos abandonado as convencées de interpretacio; ao contrario, mais que nunca as estamos construindo ~ ¢ algamas vezes construindo 3s pressas ~ para adaptar-nos a um: ‘mesmo tem] Com relagio 4GREREEOEEE © que isto significa € a falta de personalidade que hes era atribufda ¢ freqiiente- mente lamentada nao as separa mais das outras ciéncias, tousenytnteuocmnenenay sv Teheepeanet ee eae ae pam orem a ajuda de scrores oss a mbsio das Homan GERD. 0 3iss como um tipo diferente de empreendimento, claramente demarcado, uma pritica, através da rel 35 terccira cultura além das duas que Snow canonicamente identificou. Mas tudo isto & para o bem geral: (6) Gbrigagto|MEETMICHSES CUSAS GANURIAOH, j4 que nin- .guém mais os ergue, @SUNEPIA OS que Se GOnSKIGrAR IER {IStIISOEIAIS (ou comportamentais, ou humanos, ou cculturais) podem agora moldar seu trabalho de acordio com as necessidades que estes apresentem € no para satistazer “percepeSes externas sobre aquilo que devem ou nao fazer. ‘O que Clyde Kluckhohn disse uma ver sobre a antropologia ~ que € uma licenga intelectual para cacar em terreno alheio = nao s6 parece mais verdadeiro hoje, mas aplica-se também a outras ciéncias além da anteopologia, Nascidas oniformes, as ciéncias socials prosperam medida que a sitagio que descrevi acima se generaliza Nessas circunstincias, os cientistas sociais subitamente se}dlerampcontaydesqueMnaOyprecIsaMMAS scr fisicos da mimica, ou humanistas de arnvirio, ov sag@Htiel alguna ‘outra esfera do ser que se transforme no objeto de suas investigagoes. Fm vez disso, podem continuar sua vocagio, tentando descobrir ordem na vida coletiva,¢ decidir de que forma aquilo que faziam — quancio conseguiram fazer algo ~ se relacionava com outras atividades paralelas: muitos deles adoraram umaabordagem essencialmente hermenéutica (se por acaso a palavra atemoriza, invocando imagens de zelotes biblicos, fraudes literdrias ou professores teutdnicos, pode: mos dizer GRtepeeUua) (Gri|SURSTRERS, Dada a nova dispersio de géneros, muitos adoraram outros tipos de abordagem: estruturalismo, neopesitivismo, acomarxismo, descritivismo micro-micro, construclo de sistemas macro- macro, € aquela combinacio curiosa de senso comum com contra'senso comum, a sociobiologia. © movimento que defendde uma concepcao da organiza¢io da vida social em termos de simbolos (sinais, representacoes, signifiants, Darstellungen... a terminologia varia), cujo sentido (sense, import, signification, Bedeutung) devemos captar se quiser- mos entendé-ta e formular seus prinefpios, cresceu em pro- 36 porcdes assustadoras. Os bosques estio hoje repletos de intérpretes entusiasmados. (AERPEACIO MEADE — trata-se de uma forma de cexplicaci o de algum tipo de glossografia exaltada ~ concentra-se no significado que instituigdes, ages, imagens. elocugées, eventos, costumes ~ ou seja, todos os objetos que normalmente interessam aos cientistas sociais - (Ba. ‘seus “proprietarios". Por esta razo, seus instrumentos de 19 NAO $i Te como os de Boyle, MEM FOAEIS, como os de Volta/(0u ainda EGRBISIDS, como os de Darwin EB SHRIEBASTAIGOES como as de Burckhardt, Weber ou Freud tum sistemitico desfazer de malas no mundo conceptual onde vivem condotiere, calvinistas ou parandicos, |v onesmno a maneira como slo feitas estas construgses WABIR Burckharde retraza, Weber cria modelos, Freud fz dliagnésticos, Todas elas, no entanto, fEPRESERGRNTESTORSOS para formularconceitos que expliquem como este ou aquele ovo, esc ou aquele periodo, esta ou aquela pessoa, fazem sentido para si mesmos, , quando este processo torna-se claro, bscam explieagdes para a ordem social, para ice os histcriess. ot para o funcionamento psiguico de ua FIGATBERA), A investigacio €orteneaa para casos, ov grUpOS de casos, e para os tragos particulars que os dstinguem uns {ios ouses. sets objetivos, porém, slo tio amplos como os dda mecinica ou da fisiologia:identifcar com que materiais ‘iftaexperiénciashuman, Com tis objetivos ¢ tas inscrumentos para alcang!-1os, kgdb alenH0 GidadeS na retGrica analitica fs tropos.€ no imagindrio dal xPHEAGHD. Pos, jé que a teoria~ seja esta cienifiea ou nao ~avanga principalmente gracas analogia, um tipo de com preensio que “vé" aquilo que € menos intclighel através de {uma comparagdo com o mais intligivel (a terra coragio uma bomba de gua, a luz uma onda, 0 céxebro wm computador, o espago tum balio), quando esta muda de eurso, 08 conceitos através dos quais el se expressa também se modificam, Nos estigis inicias das ciéncias narurais, 7 antes que #8 analogias se tornassem to fortemente acadé- ias (cihernética, neurologia) onde micas — € naquelas ci isto ainda persiste ~ foi o mundo artesanal, ¢, mats tarde, a inckistria que, na maioria dos casos, forneceram as realida des mais inteligiveis (mais inteligfveis porque, como disse Vico, certtom quod factum, isham sido criadas pelo proprio homem) que permitiriam “trazer” as menos inteligiveis (me- ‘pos inteligiveis porque o homem ndoas criara) para o imbito do entendivel. A cigncia deve mais A miquina a vapor, que esta a cigneia; sem a arte do artesio que tingia, a quimica do existii teorizada, 2B GeRERSSOEIS, ou pelo menos naquelas que abandonaram ‘uma concepgao reducionista de sua funcio, @AGBASS> (6BHEAB) coi freqiténcia cada vez maios, qasjauvidadesjcul, furaise nto nos instrumentos de manipulacio fsica M0) “Yeatzo, na pintura, na gramitica, na literatura, no direito € ‘até nos jogO. O que a alavanca fez um dia para a fisiea, 0 movimento de uma peca de xadrez promete fazer hoje para a sociologia, ‘a metalisgica € a minera Promessas nem sempre sio cumpridas, éclaro, quando ‘sao, muitas vezes acabam sendo ameacas; m2 QRHOHE gem da teoria soctaljem termos mais conhecidos,por Joga dores ¢ esteticistas do que por bomberros © engenheitos, jt eesti em processo avangado, cstio recorrendo is humanidades na busca de suas analogs ‘Explieativas a0 nicsmo tempo, evideners da esestabitiza: ‘gio dos generos € de que agora chegou a vez da inter spretagio, O resultado mais visivel deste processo € que OS ‘estuclos sociais estio adotando um novo estilo de discurso, 0s instrumentos do raciocinio esto se modificando §REBRE (SenRaSE A SOCICRAEERUAVEZTEREAGS como uma maquina ccomplicada ou como um quase-organismo , cada vez:mais, ‘como um jogo serio, um drama de rua, ou um texto sobre comportamento. 38 u ‘Toda esta movimentagio nas propricdades de composi- ‘do, investigagio © explicacio significa, sem duvida, uma ‘mudanca radical na imaginagdo sociol6iea, impulsionando- 26m diregdes que sio to dificeis como pouco conhecidas como sempre suicede com todas as mudancas deste upo, {que alteram padroes mentais, esta pode levar tanto A obscu- dade € 3 iisio como ¥ precisio e a verdade, Pasa que 0 ‘produto final nao scja apenas uma conversa um pouco mais Claborada, ou algum contra-senso ainda pior, @HECSEAS ese clesenvolvaumarconsciéncizeritics ji que agora uma [proporgio maior do imaginario, da metodologia, da teoria € do estilo sera importada das humanidades, esta conse éncia critica também EVER MOSHUMEISES seus se ores, ¢ nao de cientistas naturals e dos que os segue. Nio Seria cxagero ou pessinisino afirmar que os humanist, tendo considerado os cientistas sociais como teendlogos ou intrusos durante tantos anos, simplesmente no estio equi- ppados para tal earefa Por outro lado, 0s pr6 pros ISAO) EEE FAULELVFIPSE, ¢ 56 parcialmente ESUASTIUSGESTIESICOs sociais — com leis que tudo explicam, eiéncia tinica, opera Glonalismo,ete,>-tumbém nio esta0 melhor equipados. Para estes, esta mistura de identidades vocacionais nio poderia terstrgido em momento mais adlequado. Se forem realmen tc elaborae sistemas de analise nos quais onceitos tais como seguir regras, construir una representagio, expressar uma atitude ou formar uma intengao passem a ocupar um papel pprincipat ~ Gm_ver de coneeitos como isolar a causa, deter ar a varivel, GHG EMER, ou definir uma fancio ~ 6 cientistas sociais vao precisar de todo 0 apoio que pude- gemppbrer daquecles que tem mais famifiaridade com estes Conceitos, Neste aso, FORTE a HMAREAE NES aplinas, ou sequeno ecletismo erudito que se tornam neces- Siri0s £ unjneconhceimento, por todas as partes envolvidas, de que as linha que agrupavam académicos em varias 39 eGrunidateritelectuaispou (o que tem mais ou menos 0 mesmo resultado) os dividiam em comunidades diferentes, estdo se cruzando em angulos muito excénteicos hoje em dia, (© tema que necessita reflexes mais urgentes da parte ‘dos humanistas em felagio as priticas sociocientifieas ¢ aguele que diz: eine fo A utillzagio, em anifises sociais/a08) ‘modelos miportadosde territérioshhumvanistas—nas palavras de Locke, “aquele raciocinio cauto que vem da analogi {que “freqiientemente nos leva a descoberta de verdades € produgio de resultados de grande utilidade, que, sem ele, poderiam ter permanecido escondidos.” (Locke se referia 20 processo de esfregar dois gravetos um no outro para produ- zi fogo, ¢ A teoria do calor resultante da frieea0 ator tembora pudesse ter usado a sociedade de empresas € 0 cconteato social com resultados semelhantes.) (aniter © Giocinio eauto © portanto Util, € portant verdadeiro, ¢. como costumamos dizer, o tuque do negocio. (QRRALSERCORFORES|E) «0 mesmo tempo GREER tomando mais popular na teoria social contemporina. ¢ Tambem a que maiyiedessitn uni exame eriteeeA tendencia i comparar este ou aquele tipo de comportamento social Com este ou aquele tipo de jogo (Ca NAeAT SARE) (040 texcluindo, talvez, aimportincia do esporte como espeticulo ddemassa), As mats importantes, porém, sio a concepcto de Wittgenstein sobre mods de vidaicomo jogos lingisticos, a visio hidica da cultura de Huizinga, € as estratégias recen- tes de von Neumann ¢ de Morgenstern em Theory of games land economic bebaviour De SERSTERI VER OTEORCED de que atos intencionass “seguem regras": de Huizinga, © jogo como uma forma paradigmsticadavida coletwa; devon Neumann © Morgenstern, 0 compostamento social como ‘uma manobra reciproca para obter resultados distrbutivos Tuntos, eles eonduzema um estifo de interpretagao HESS ‘ enervante que, nas ciéncias sodais, combina uma forte Scinsicae da ordem formal das coisas com uma sensagio 40 mente forte da arbitsariedad@) radical desta ordem: witabifidade de tabuleiro de xadce2, que poderia ter acon forma (ApREAUGIOME|ETng Goffman, taver 0 socidlogo nor teamericano mais conhecido ne momento SASEHESEHAUASS {oralmentesnaanalogia.comsjogos. (Goffman usa também a Traengem teatral Cony Bastante freqiéncia, mas como para lee teatro é uma forma meto estranha de jogo interativo ~ im jogo de pingue-pongue usando mascaras~ seu trabalho thao € baisica e essencialmente dramatigico) Goffman usa timagens de jogos em praticamente tudo que conseaue agar fae Como ele no costuma ser muito respeitador dos dir (oede propriedade, este“praticamente tudo” incluium vasto tuimero de elementos. O ie vir de mentiras, metaxmentiras Nerades inacreditaveis, ameacas, orturas, subornos ¢ chan Tigens que compdem o mundo da espionagem construido Como “um jogo de expressio”; um camaval de enganos, um pouco assim como a vida em geral, pois, em uma fase que Porderia ter sido escrta por Conrad ou Le Carré, “espises foto) um pouco como todos nés, ¢ todos nds somos uM pouco como espices.” SkiquetayEiplomaciaserimesinan day publicidade, direito, seducio, € toda est Recoro” cotidiano é considerada como “jogos inturmatios nln labisinto de estruturas de jogadores, equipes, tances, posigees, sinals, i ‘inal, nos quais 86 05 "bons jogadores —wqucles que este ispestos.-dissimular- qualquer cofst c sio capues de fazé-lo -¢@FOSpeTaIm, ‘© que se passa em uma clinica psiquitrica, em qualquer hospital ou penitenciia, ow até mesino em colegios inter fos, é no trabalho de Goffman, uma “brincadeira citual de Corum eur em que a equipe de tabalho tem em suas m0 se eartas mas importantes ¢ todos os runfos. Uma conversa f dois, uma deliberagio de um jtri, torna-se “uma tarefi Executada em eonjunto por pessoas fisicamente proximas" {im par daneando, o ato do amor, ow até uma luta de box ~ a na realidade, qualquer tipo de encontro cara a eara— passam a ser jogos nos quais, “como todo psicético e comediante deve saber, qualquer movimento inadequado pode perfurac a fina camada que protege a realidade imediata.” Contlito social, marginalidade, talento empresarial, papéis desempe- nhados na atividade sexual, rituais religiosos, eategorias sociais, e até a simples necessidade humana de aceitagio recebem 0 mesmo tratamento, A vida nio passa de uma tigela de estratéias. Ou, melhor ainda, como Damon Ruayon comentou certa vez, & um jogo de trés a dois, contra, Pois a imagem da sociedade que emerge do trabalho de Gofiman, ¢ conse- qilentemente da produgio do enxame de académicos que de um modo ou de outro, 0 seguem ou depenciem dele, é de uma série continua de gambitos, manobras, artficios, blefes, dissimulacoes, conspiracdes ¢ imposturas rematadas, neste processo em que individuos € coalizes de individuos esforcam-se ~ algumas vezes dle forma inteligente, mas mais freqtientemente de forma emica para jogar jogos enigmé- ticos cuja estrutura € dbvia mas eujo objetivo nao & ‘Mas isto no a torna menos poderosa. F, com sua ética do “jogue segundo as regras, sem reclamar’, nem é assim to desumana, (GRREREMEFORD <0 tio deprimentes comoa de Gofiman, Igumas chegam a ser bastante divertidas ‘que as regras $40 do tipo que permitem estratégias; que as estratégias sio do tipo que inspiram ages; € que as agdes sao do tipo que compensam, 42 stents como devoedo, sta sexual + sat CONG! ‘motim em um Banco). ‘uarios = mundos Fechados © sem at, de jogsdas slas, avida en reégfe. Contam que quando um dos seus stiditos sussurrouthe a0 ouvido, em um baile real, que 0 war de ia morrido, o principe Metternich disse: tuxlos 0s russos ‘Me pergunto qual tera sido seu objetivo...” = esforcando-se pari Ura Vantage, "de virias manciras, consegue captar seu espitito, (“Se voce ddizia uma charge em um agiienta © maquiavelismo’ mimero recente do New Yorker, “saia da cabala’.) Portanto, A analogia dos jogos nao podera ter como, olbar pelo qualquer oposic instrumentos apenas o desprezo, ou uma recs telesedpio, ou repetigoes exaltadas de verdades santas, ch tan 4 Biblia para defenderse do sol. & preciso examinar dletalhes, analisar trabalhose fazer critcas As interpretacoes, Scjam estas a de Goffinan, que vé 0 crime como uma forma de apostar com o proprio caciter; ou a de Harold Garfinksl aque compara a mudanca de sexo com jogos de identidade ua de Gregory Bateson para quem a esquizofrenia € ero nas regras: ow a minha prdpria, quando interpreto as conf Soes que acontecem em vim bazar do Oriente Médio como tm concurs de cones QUISBEDRERY = dlona metaforas propulsivas (ah 3 (a linguagem do lazer), 43 om que s Pelo menos desde os anos 30, = prineipalmente ns tantos topo aol panos rizava seu uso mais geral ~ um mero espeticulo, com mas- cearas ¢ palhagadas ~¢ sim com uma forma mais estrutural ¢ genuinamente dramatiirgica. Na expressio do antropélogo Victor Turner, fazendo, ¢ ni fingindo, 8 claro que estes dois acontecimentos se relacionam. Uma visio construcionista do teatro ~ ou seja, poiesis — subentende que uma perspectiva dramatizada nas ciéncias sociais tem que abranger um pouco mais que meras referen- cias a0 fato que todos nés temos momentos determinados ara entrar e sair do palco, ou que todos temos que desem- penhar papéis, que as vezes perdemos nossas deixas, e que adoramos fingir. © mundo pode ou nio ser o de Barnum € Bailey, e nés podemos ou nio ser sombras caminhantes, mas levar a analogia dramitica a sério significa levar a investic gacio além dessas ironias comuns, ¢ chegar a meios de expresso que facam da vida coletiva alguma coisa que valha ‘pena. O problema com as analogias - também sua gl6ria = € que fazem a conexio entre as coisas que comparam em ambas as diregdes. Por terem tratado a linguagem teatral de forma um tanto ou quanto leviana, alguns cientistas so acabaram descobrindo que se haviam enrolado nos fios meio ‘embaralhados de sua estética = como analogia ¢ nao como metaforas ‘easionais ~ feve origem em algumas fontes humanistas ni0 tio bem elaboradas, Temos, de um lado, a chamada (€6# (Aptet ocats com Sgures Ho vers como Jane Harrison, Francis Fergusson, TS. Elfot ¢ Antonin Ar- hud. De oot, + Se segundo 0 autor — desenvolvida pelo tebrico literario © filésofo norte-americano Kenneth Burke, cuja influéncia, pelo menos nos Estados Unidos, € imensa, mas, ao mesmo tempo, elusiva, pots pouquissimas pessoas fazem uso de seu vocabulirio barroco, com suas reducdes, indices, ete. O ac etasdas abordagens evar adie es (6 drama como uma forma de persuasio, a pl discursante como um palco. Torna-se, entao, bastante dificil identificar a base da analogia ~ exatamente 0 que no thea: trom & semelhante a que na dgora? Que a liturgia © a idcologia sao histsidnicas € bastante Sbvio, como também o catamente 0 que isto signi- sio a etiqueta e a publicidade. fica, no entanto, € muito menos evidente, em um conjunto de trabathos execlentes sobre a vida c tmonial de uma tribo centro-afticana, desenvolveu a @HGED- somo tum processo regenerative, que, acionando “o jogo social assim como a teoria de Gofliman| A interacdo estratégica, conseguiu atrair pesquisadlores de alto nivel em ntimero suficiente para constituirse em um escola interpretativa caracteristica ¢ de muita influéncia 45 se divide em faccdes, um marido que espanca a esposa, uma regiio que se rebela contra 0 Estado GSC MeSenFOla MEO) GESIEEHOAAA, geacas a um comportamento convencionali zado ¢ atuado em pablico. QUneAiGaTERGuETaTESN THRNSTORMRESBIEMPEHISS, c em um rapido Muir de emocoes intensileadas, onde individuos sentem-se ao mesmo tempo nvolvidos por um sentimento comum € livres de st amarras sociais (SHES ACGaIS Ue AGTOREAS = itgeCSO|IEUI) sactifcio, oracOes = sio invocadas para conter a crise © trans- formé-la novamente em ordem, Quando estas formas de auto- ‘idade tem sucesso, a rotura se solda, e volta-se a0 states quo, ‘ou aalgum outro tipo de organizacao que a ele se assemelhe. Se filham, no entanto, a rorura passa a ser vista como irreme: diivel, © a sociedade entra em colapso, com virios tipos de finals trigicos: migragdes, divércios, ou assassinatos na cate- Weal Em graus diferentes de zelo e detalhe, Turner ¢ seus seguidores aplicaram este esquema a rituals de passagem teibas ceriménias de cura © processos judiciais; insurreicdes mexicanas, sagas islandesas, © nas diffculdades de Thomas Becket com Henrique II; na narrativa picaresca, em movimen- tos milenirios, carnavais caribenhos, e na busca de mescal pelos indios americanos; e nas rebelides politicas dos anos 60. {Uma férmula para todas as estages, ssa facilidade em abrir suas portas para abrigar qual- {quer tipo de caso € um dos pontos fortes da versio de analogia dramatica proposta pela teoria ritual; &, também, Sua maior fagilidade,Capaz de expor alguns dos elementos ‘mais profundos do processo social, ela 0 fxA(GFERESTASE pidamente homogéneos assuntos obviamente diferentes. ‘Com raizes nas dimensdes da acto social relacionadas a Epresentaches repetitivas = a re-atuacio © consequente- ‘mente a re-expericncia de uma forma conhecida ~GuteOn® FUGIRASSOREV2, com uma clarcza peculiar, @AEASOS {EMPORAIS © COletIASTUESHISTAGHES ¢ sua nacureza ineren- temente publica: mostra também suatcapseidadiclemuclan AvIscropinioes (AAS, cone disse o critico Britanico Charles 46 organ arespeito do teatro proprament do ET Srammopmgsosesodamopinioes “O xr impacto (do vrmonganar ds senttos -. Ea capackade que o desencolst Mlodrama tem de envoler alma hur toe quand a migca uncon semua forma a inconclas de uma conchsio ‘© somos transformados conhecida”, te", um poder, ¢ que certamente no seri menos convine jpassivel de ser considerado sobrenatural) nos casos em que b'movimento” ocorre em un sito de iniciagao feminina, uma revolugio camponesa, em um épico naciona ‘camarim de uma estrela. tango, come dfrentes,Poderiamos dizer 4 Mroteagges part ida social tambo vers. i5GE® Matas centesdestas diterengs, oes do ital. no Sst ep parr comes pes semen poraue son preacupaato penal Woo gerd dacolsatforcchem, en, nos wins po de Frovenos soci as formas eos sigicados, 0 grandes amos damatcon a formas que govern OTE fem “Tues rextauradoeas da comeédia do que com a progresses

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