You are on page 1of 15

DIREITO FINANCEIRO

Pág. 1 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
Sumário
1. Introdução e parte geral do Direito Financeiro ..............................................................................................3
2. Receitas públicas ..............................................................................................................................................6
3. Operações de Crédito Público .......................................................................................................................10
4. Ciclo de orçamentação...................................................................................................................................12

Pág. 2 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
1. Introdução e parte geral do Direito Financeiro

O Direito Financeiro é todo previsto e regulamentado na Constituição Federal de 1988. Veremos os


conceitos e classificações.

Parte Geral

1. Direito Financeiro é ramo próprio, porque possui o seu microssistema: princípios, normas
materiais e normas instrumentais.
2. O Direito Financeiro pertence ao ramo do Direito Público. Isso quer dizer que possui origem na
constituição Federal, e é regido pelo princípio da Legalidade.

Legalidade do Direito Financeiro:

Fonte originária: é aquela que cria, altera ou extingue conceitos, classificações, prazos, processos etc.

A fonte originária do Direito Financeiro, por ser ramo do direito público e sujeito ao princípio da
legalidade, é a lei no sentido genérico (o que é lei e tem força de lei).

Fontes derivadas: significa que já existe lei e está sendo editado um decreto, um regulamento, e os
demais atos normativos para o devido “funcionamento” da lei.

3. Quem legisla em Direito Financeiro: artigo 24 da CF/88.


O artigo 24 traz um rol de temas que são legislados por meio de competência concorrente, o que
quer dizer que a União faz normas gerais, através de Lei Complementar, e os Estados fazem
normas supletivas, que podem ser editadas por lei ordinária.

*Os Municípios não concorrem com União e Estados em matéria de Direito Financeiro, exceto para
regulamentar uma lei (Federal ou Estadual) que verse sobre um determinado e relevante interesse local
(irá afetar somente o interesse local).

4. Objeto do Direito Financeiro:

Atividade Financeira do Estado – Ente público:


Trata-se dos gastos e pagamentos (DESPESAS) feitos pelos entes públicos e dos recebimentos (RECEITAS).

“O objeto da atividade financeira é a circulação de dinheiro pelos cofres públicos na forma de despesas
e receitas públicas”.

Pág. 3 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
Orçamento pessoal:
1) Custo de vida: moradia, transporte, alimentação, serviços;
2) Obrigações legais: IPTU, condomínio;
3) Preparar o seu futuro: adquirir bens, aplicações.

• Receber e depois devolver um pagamento para seu tio. Pois ele não tem conta bancária. Esse
dinheiro não consta no seu orçamento.
• Se o banco fizer um depósito indevido na sua conta, você deverá fazer o estorno. E este valor
não constará no seu orçamento.

O que estiver no seu orçamento, terá o nome de ORÇAMENTÁRIO. Este será objeto do nosso estudo.

O que não estiver no seu orçamento, terá o nome de EXTRAORÇAMENTÁRIO.

Objetivos do orçamento público:

1) Garantir o funcionamento da máquina pública – remuneração dos servidores, contas de luz e


água, aluguel dos imóveis, materiais de consumo da administração.

2) Obrigações constitucionais, tais como: saúde pública, educação, segurança etc.

3) Promover o Desenvolvimento Nacional.

ITENS 1, 2 E 3: OPERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS


No cenário dos itens 1, 2 e 3, temos dinheiro que sai do Estado para cobrir o orçamento público, o que
chamamos de despesas orçamentárias.

Exemplo: o Estado precisa devolver um depósito de terceiro que recebeu erroneamente, ou seja, restituir
impostos cobrados a mais. Esses exemplos envolvem dinheiro, mas não precisam constar do orçamento
público. São operações EXTRAORÇAMENTÁRIAS. Despesas extraorçamentárias.

O Estado deverá fazer orçamento para garantir o funcionamento da máquina pública, para cumprir
obrigações constitucionais e para promover o desenvolvimento nacional. Estes gastos pertencem ao
orçamento público, e são gastos DO Estado e PARA o Estado.

Não constam do orçamento:


• Devolver valores;
• Repassar a terceiros.

Pág. 4 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
São as despesas públicas, que podem ser orçamentárias ou extraorçamentárias. É preciso colocar dinheiro
no caixa público. Parte deste dinheiro pertence ao Estado, o que quer dizer que pode gastar com o
orçamento. E a outra parte deste dinheiro não pertence ao Estado; logo, ele não pode gastar com seu
orçamento.

Despesas e receitas orçamentárias: são aquelas propriamente do Estado, e diretamente relacionadas


com a atividade financeira do Estado.
• Despesas orçamentárias:
1) Despesas Correntes: aquelas que são permanentes, não param nunca.
2) Despesas para futuro – Despesas para constituir / formar capital: são despesas extraordinárias;
acontecem de forma esporádica.
• Receitas orçamentárias:
1) Receitas correntes: permanentes, não param nunca.
2) Receitas extraordinárias – de capital: como por exemplo a venda de um prédio público.

• Despesas (do Estado) são obrigatoriamente submetidas a orçamento, de acordo com a CF/88.

1) Despesas Correntes – ordinárias:


a. Custeio: quando trouxer contrapartida do Estado. O Estado paga e recebe algo em troca.
b. Transferência: quando o Estado paga, por estar obrigado, mas nada recebe em troca.

2) Despesas de Capital – extraordinárias:


a. Investimento: quando tiver por objetivo aumentar os ganhos do Estado.
b. Inversão: é para formar patrimônio sem o objetivo final de aumentar os ganhos.
c. Transferência: é residual, o que não for nenhuma das demais opções, irá se enquadrar
neste caso.

• Receitas orçamentárias do Estado:


1) Receitas correntes: são aquelas de fluxo constante.
a. São chamadas de receitas originárias, quando o Estado gerar a riqueza pessoalmente.
b. São chamadas de receitas correntes derivadas, quando terceiro gera riqueza e o Estado
arrecada para ele uma parte.

2) Receitas de Capital: são as extraordinárias:


a. Receita de capital de amortização: quando os devedores pagam ao Estado o que devem
a ele. Exemplo: parcela em atraso do IPTU.
b. Receita de capital de inversão: se dá por meio da venda dos bens públicos.
c. Crédito: são empréstimos tomados pelo Estado.

Recomendação de leitura: artigos 11, 12 e 13 da Lei 4.320/1964 - Site do Planalto.

Pág. 5 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
2. Receitas públicas

Cofres públicos: caixa único do Governo – a lei estabelece que cada ente de direito público terá apenas
um caixa. É o chamado princípio do caixa único.
Esse dinheiro pertence ao ente público, e gera o ingresso definitivo. Então, receita pública para fins
orçamentários depende necessariamente do ingresso definitivo, que irá fazer com que o dinheiro se
torne uma disponibilidade financeira daquele ente público.

Exceções: Fundos especiais.


• SUS
• Fundo para o desenvolvimento da Amazônia;
• Fundo de Amparo ao Trabalhador.

Esses fundos podem constituir outros caixas.


Temos pessoas e empresas que vão mandando para este caixa o dinheiro, sempre que for trazido para o
caixa do governo, chamamos de ingresso ou entrada financeira. São as empresas pagando os impostos,
pessoas pagando impostos, temos por exemplo o pagamento por serviços públicos etc.
Em caso de calamidade por exemplo, a ONU faz repasse de dinheiro para ajudar com o “problema”. Esse
dinheiro não compõe o plano orçamentário, e sim o ingresso transitório ou permutativo. São recursos
indisponíveis para o ente público.

Receitas públicas: ao longo do ano diversas pessoas vão trazendo recursos financeiros para dentro do
caixa do Estado. Por lei, cada ente público pode ter um único caixa para receber e administrar todos os
dinheiros que são dirigidos a ele. É o PRINCÍPIO DO CAIXA ÚNICO DO GOVERNO, que proíbe o ente
público de possuir mais de um caixa financeiro salvo a exceção prevista na lei para os chamados “caixas
especiais” ou “caixas para fundos especiais” que são fundos administrados pelo governo e que são
destinados a determinadas finalidades especificas tal como fundo de amparo ao trabalhador, fundo de
atendimento à saúde etc.

Como visto, todos os demais dinheiros são depositados no caixa único que pertence ao governo – e esses
dinheiros são divididos em dois grandes tipos, de duas grandes naturezas:

a. Dinheiros que dão “entrada ou ingresso” de forma transitória ou compensatória ou permutativa:


são valores depositados no caixa do Estado, mas que não pertencerão ao Estado. Em outras
palavras, são dinheiros que o terceiro depositou no caixa do Estado para que o Estado repasse
para terceira pessoa por determinação daquele que fez o depósito.
Exemplo: a ONU deposita no caixa do governo uma doação para ser repassada para os
desabrigados de uma enchente. Eventuais depósitos de terceiros serão usados como garantia, tal
como uma empresa que vence uma licitação e que é obrigada a fazer um depósito caução para
garantir que não causará danos ao Governo/Estado, e que ao final da contratação esses valores
deverão ser devolvidos para essa empresa.

Pág. 6 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
Importante: ESSAS ENTRADAS OU INGRESSOS TRANSITÓRIOS NÃO CONSTITUIRÃO RECEITAS
ORÇAMENTÁRIAS, POIS NÃO PODEM SER USADAS PELO ENTE PÚBLICO PARA QUE CUMPRA SEU
ORÇAMENTO.

b. Dinheiros que promovem um “ingresso ou entrada” definitivo: são os recursos financeiros que
pertencerão ao ente público, ou seja, constituirão disponibilidades financeiras que o ente público
poderá utilizar para cumprir sua programação orçamentária. Ex: pessoa que paga para usufruir
serviços prestados pelo Estado, uma empresa pagando seus tributos etc.

Receitas Orçamentárias
São as receitas fundamentais para o ente público cumprir seu orçamento anual e rigorosamente regidas
por lei. Dentre as exigências legais está o cumprimento de 4 estágios obrigatórios que vão constituir o
“ciclo da receita”, a saber:

a. Estimativa ou previsão: cabe ao chefe do Poder Executivo estimar através de cálculos regidos por
lei o total de receitas orçamentárias que esse ente público receberá no próximo ano, tendo em
vista que os orçamentos são anuais, e não mensais.
b. Lançamento: é o ato formal que irá constituir a receita, ou seja, é no lançamento que serão
definidos o valor, a data prevista para cobrança ou recebimento, quem deverá pagar e qual foi o
fato que gerou aquela receita.
c. Arrecadação: é o ato de realização do lançamento – tal como o contribuinte pagando o boleto de
imposto na rede bancária autorizada.
d. Recolhimento: é o ato de trazer de todos os valores arrecadados pelos bancos em geral para
dentro do caixa único do governo.

• A despesa pública orçamentária é constituída por:


a. Empenho;
b. Liquidação;
c. Pagamento.

Além disso, a despesa pública orçamentária também possui um regime contábil de competência.
Regime contábil: a despesa pública é relevante para o direito quando ocorrer o empenho, pois será nesse
ano que será criado o dever de pagamento daquele ente público, ainda que a liquidação do empenho
ocorra em um ano futuro e o pagamento ocorra em um próximo ano posterior ao da liquidação.
Logo, despesas pertencem ao exercício financeiro do empenho e isso é chamado de “Regime contábil de
Competência”.

As receitas estão sujeitas a outra regra contábil, pois para o Direito Financeiro a receita é juridicamente
relevante quando estiver efetivamente disponível para ser usada.

Pág. 7 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
Assim, uma receita que foi estimada em 2013 teve o seu lançamento em 2014, mas o contribuinte só
conseguiu pagar seus impostos em 2020, implicando assim em uma receita que pertencerá ao ano de
2020. Portanto, a receita pública pertence ao exercício financeiro em que ocorre a arrecadação – e na
contabilidade isso é chamado de “regime contábil de caixa”.

• Classificação das receitas – artigo 11° - Lei 4.320/1964 – é uma classificação econômica.
As receitas orçamentárias são classificadas conforme sua natureza econômica e a lei as divide em duas
grandes naturezas: receitas correntes e receitas de capital.

• Subdivisão das receitas conforme a lei:


1) Receitas correntes: como visto, são as receitas permanentes e as receitas de caráter continuado
(aquelas que sempre ocorreram e continuarão a ocorrer). São divididas em:
a. Receitas correntes originárias (receitas patrimoniais): quando a riqueza se originar de
meios ou recursos próprios do próprio ente público, do próprio Estado. Tal como as
receitas patrimoniais quando o ente público explorar o seu patrimônio público, alugando
para particulares, cobrando taxas de ocupação ou licenciando o uso do bem público a
alguém.
Receitas de serviços quando o ente público prestar serviços públicos contraprestacionais,
ou seja, o ente público cobra pelo serviço que está prestando para um usuário.
Exemplos: taxas de fiscalização, preços públicos etc.
Receitas industriais quando aquele ente público obtiver lucros com suas empresas estatais.

b. Receitas correntes derivadas: quando terceira pessoa gera a riqueza e a lei autoriza o ente
público a exigir para si uma parcela. É o caso das receitas correntes que serão obtidas
através dos impostos. As receitas de impostos são as mais importantes e, portanto, são
aquelas que terão natureza obrigatória segundo a lei. Para que um ente público possa
renunciar receitas de impostos, ele estará obrigado a planejar e efetivamente instituir
meios ou medidas de compensação daquelas receitas das quais ele abrirá mão.

2) Receitas de Capital: são aquelas receitas esporádicas ou extraordinárias que ocorrerão uma única
vez ou ocorrerão sem o ente público ter o pleno controle sobre a sua realização.
São subdivididas em três tipos:

a. Receita de capital de amortização: quando os devedores do Estado pagam as dívidas ou


parcelas das dívidas que possuem, tal como o contribuinte de IPTU que estava
desempregado e não pagou o imposto nos últimos dois anos, e agora que possui um novo
emprego, irá pagar os impostos atrasados.
b. Receitas de capital de inversão: quando o ente público vender seus bens públicos tal como
um Município vendendo um imóvel público que possuía e que estava ocioso.

Pág. 8 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
c. Receitas de capital de crédito: são aquelas que decorrem de financiamentos e
empréstimos tomados pelo ente público, criando assim a dívida pública, tal como o
Município pegando um empréstimo com o banco Itaú para fazer uma obra pública.

Quadro sinótico:

Despesas Receitas
• Correntes: • Correntes:
a. Custeio: quando tiver uma contrapartida; a. Receitas correntes Originárias: o ente
público gera com meios ou recursos
b. Transferência: quando não tem uma próprios;
contrapartida; b. Receitas correntes derivadas: terceiro
gera e o Estado cobra uma parte para
c. Capital si.

c.1. Capital de inversão: para formar o • Receitas de capital:


patrimônio público;
a. Amortização: quando os devedores do
c.2. Capital de investimento: para aumentar Estado pagarem suas dívidas públicas;
os ganhos do Estado;
b. Inversão: quando o Estado vender seu
c.3. transferência: são todas as demais que patrimônio;
não se classificam em qualquer outra forma
de despesa anterior, portanto é residual. c. Crédito: quando o Estado gerar sua dívida
pública.

Pág. 9 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
3. Operações de Crédito Público

Definição das operações de crédito público:


• São operações de empréstimos e financiamentos tomados por entes públicos;
• Possuem natureza de operação contratual e são regidas por regime privado;
• Não se submetem à obrigação de prévia licitação (não é nem hipótese de dispensa e nem de
inexigibilidade, mas uma situação em que não se exige obrigação de licitar).

Lei da Responsabilidade Fiscal: essa lei é extremamente rigorosa com as operações de crédito e definirá
como CRIME DE RESPONSABILIDADE FISCAL:
a) Fazer qualquer operação de crédito sem prévia autorização legislativa.
b) Indicar as FONTES FUTURAS DE RECEITAS QUE IRÃO PAGAR AQUELE EMPRÉSTIMO.
c) É proibido fazer operação de crédito com as próprias instituições financeiras. Exemplo:
governo federal tomando empréstimo do Banco do Brasil.

Para que serve a operação de crédito?


Tipos de operações de crédito: uma operação de crédito irá trazer para o ente público mais receitas do
que aquelas que já estavam programadas.
São dois os grandes tipos de operações de crédito:

a) Operação de crédito orçamentária: são os empréstimos e financiamentos de grande valor e de


longo prazo que o ente público tomará para realizar os grandes gastos públicos com o
desenvolvimento da coletividade ou o desenvolvimento econômico, taiscomo as grandes obras
públicas de infraestrutura.
b) Operação de crédito adicional: nesse caso serão financiamentos e empréstimos de pequeno valor
para serem pagos em curto prazo de tempo. Essas hipóteses estão ligadas à teoria da imprevisão
e os valores que serão obtidos pelo ente público serão usados de forma imediata para atender
àquela necessidade imprevisível.

1) Créditos orçamentários
Quando decorre da lei orçamentária anual, a operação de crédito vai gerar Receitas de Capital (só podem
ser usadas para despesas de capital e não podem ser superiores).

Regra de ouro do equilíbrio e responsabilidade fiscal: a regra de ouro proíbe o governante de planejar e
programar o dia a dia da máquina pública e manter a prestação dos serviços públicos mediante o
endividamento do ente público (ou seja, a lei proíbe programar as despesas orçamentárias em geral
através da tomada de empréstimos e financiamentos; na lei orçamentaria é permitido prever apenas a
tomada de grandes empréstimos para cobrir grandes despesas de capital que basicamente serão
destinadas para investimentos públicos).

Pág. 10 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
Logo, é expressamente proibido realizar o planejamento orçamentário das despesas correntes através de
operações de créditos orçamentários (essa proibição é chamada de “Regra de Ouro”).
Como visto, as operações de crédito orçamentárias estarão expressamente previstas e autorizadas na lei
orçamentária anual exclusivamente para cobrirem despesas de capital. Além disso, são as operações de
grandes valores e para pagamento a longo prazo – que é o prazo superior a doze meses.

2) Operações de créditos adicionais: são empréstimos e financiamentos para cobrirem necessidades


financeiras imprevisíveis/supervenientes que ou não estão contempladas na lei orçamentária
anual, ou estão previstas na lei orçamentária anual, mas por algum motivo o governante não terá
receitas financeiras suficientes para cobrir.
Como regra, são operações de empréstimos e financiamentos de pequeno valor e de curto prazo
para pagamento (prazo inferior a doze meses). Em regra, os créditos adicionais serão abertos,
usados e pagos ao credor dentro do mesmo ano/exercício financeiro, isto é, de 01° de janeiro até
31 de dezembro.
As três restrições da lei de responsabilidade fiscal incidem tanto sobre os créditos orçamentários,
como também sobre os créditos adicionais.
São três os tipos de créditos adicionais:

a) Créditos adicionais SUPLEMENTARES: são os empréstimos que o ente público irá tomar
quando houver momentânea falta de receitas do orçamento para cobrir despesas já
programadas para aquele período na lei orçamentária. Exemplo: no contexto de uma crise
econômica mundial, o Município arrecadou no mês de janeiro bem menos do que esperava
arrecadar com impostos. Entretanto, para o mês de janeiro, o Município terá que cumprir
todas as despesas previstas no orçamento anual, principalmente aquelas de natureza corrente
anteriormente planejadas para janeiro; logo, como arrecadou menos do que o esperado,
precisará pegar um empréstimo na forma de “crédito adicional suplementar”.
b) Créditos adicionais ESPECIAIS: são empréstimos tomados para cobrir uma nova despesa não
programada na lei orçamentária anual, porém inadiável. Exemplo: no meio do ano o
governante se viu obrigado a montar uma nova secretaria que até então não era necessária.
Como esse novo órgão foi criado no meio do ano, não está previsto na lei orçamentaria anual
daquele ano; logo, para cobrir as despesas e pagar os salários necessários para esse órgão, o
governante tomará empréstimos na forma de créditos adicionais especiais.
c) Créditos adicionais EXTRAORDINÁRIOS: previstos especificamente para cobrir despesas com
guerra ou situações de calamidade pública.

Pág. 11 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
4. Ciclo de orçamentação

Orçamentação: ideia de conjunto, cujo nome é ciclo orçamentário conforme a doutrina.

Ciclo de orçamentação: a CF/88 exige que sejam cumpridos três tipos de leis envolvendo a orçamentação
por todos aqueles que integrem o Estado e sejam de Direito Público: as pessoas políticas (União, Estados,
DF e Municípios) com seus órgãos, todas as autarquias de todos os tipos e as fundações públicas. Esse
ciclo exigido pela CF envolve 3 leis distintas em conjunto:
➢ Plano Plurianual (PPA);
➢ Lei Orçamentária Anual (LOA);
➢ Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO).

*Empresas públicas e sociedades de economia mista não se sujeitam ao ciclo de orçamentação


constitucional. Já as estatais possuem liberação das receitas para o exercício financeiro, que será feito por
mero decreto editado pelo chefe do Executivo. Esse decreto é chamado de PDG (Plano ou Programa de
Dispêndios Globais).

Período do ciclo de orçamentação (PPA + 4 LOA + 4 LDO): um ciclo completo representa o cumprimento
do início ao fim de um plano plurianual, através da elaboração e execução de 4 leis orçamentárias anuais,
junto com a elaboração e execução de 4 leis de diretrizes orçamentárias.

1. Plano Plurianual: o Brasil é uma República Federativa e, portanto, são entes federados autônomos a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sem hierarquia entre eles. Isso quer dizer que cada
ente federado terá autonomia política e financeira em relação aos demais, sem que as políticas ou planos
financeiros de um ente federado sejam impostos ou condicionem a programação política e financeira de
outro ente federado, salvo as poucas exceções constitucionais.

Quando o candidato é eleito e toma posse, deverá traduzir o seu plano político para os próximos 4 anos
em um plano abstrato, técnico e programático plurianual. Logo, cada ente federativo terá seu próprio PPA
elaborado pelo seu chefe do Poder Executivo, e será de natureza política, abstrata, genérica e traduzirá
um programa a ser cumprido por 4 anos (chamado de “orçamento programa”).

Ao longo do primeiro ano do mandato de um governante, ele irá elaborar e aprovar perante o Poder
Legislativo seu plano plurianual. Logo, o PPA de um governante será executado a partir do segundo ano
de seu mandato até o encerramento do primeiro ano de mandato do governante seguinte.

São características do PPA:


I. 4 anos;
II. Político, abstrato e programático;
III. Deve ser regionalizado (o PPA deverá apontar suas propostas políticas e programáticas para
cada região da pessoa política que estará governando);

Pág. 12 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
IV. Deverão ser indicadas no PPA todas as despesas que aquele governante pretenderá cumprir
que se estendam por mais de dois exercícios financeiros;
V. Além de todos esses elementos, o PPA de cada governante deverá abordar todas as despesas
de capital que aquele governante pretende cumprir em seu mandato, principalmente as
despesas de capital de investimento.

2. Lei Orçamentária Anual: é o orçamento propriamente dito, que irá indicar, motivar e classificar CADA
despesa e CADA receita previstos para serem cumpridos no próximo ano.
Essa lei orçamentária anual é composta ou dividida em 3 níveis ou orçamentos distintos:
a) Orçamento fiscal: irá listar, de forma individualizada, cada despesa e cada receita para os
órgãos da administração direta, autarquias de todos os tipos e fundações públicas.
b) Orçamento da seguridade social: é o planejamento dos gastos daquele ente público com
saúde, previdência dos agentes públicos e assistência social em geral daquele ente público.
c) Orçamento de investimentos: será a previsão dos gastos daquele ente federativo com
despesas de investimentos pretendidas.

A Lei Orçamentária Anual possui vigência e validade por 1 ano, iniciando em 01° de janeiro e encerrando
em 31 de dezembro (pois no Brasil o exercício fiscal coincide com o ano civil).

Princípios orçamentários: tanto a elaboração quanto a aprovação e a execução de uma lei orçamentária
anual deverão observar e será rigidamente seguido/condicionado por princípios orçamentários. Os mais
importantes são:
I. Princípio da legalidade: o orçamento, depois de aprovado, será uma lei em sentido “formal” (o
chefe do Executivo encaminha ao Legislativo na forma de projeto de lei ordinária, porém de
tramitação especial, o Legislativo recebe e aprova seguindo o mesmo rito da lei ordinária, porém
sujeito a algumas regras especiais). Logo, orçamento é lei em sentido formal, pois tem forma de
lei, mas não é lei em sentido material, pois não regula direitos e obrigações para as pessoas, mas
apenas organiza as finanças daquele ente público.
II. Princípio da publicidade: tanto a elaboração quanto a aprovação e também a execução serão
sempre públicos e de livre acesso a qualquer um, até mesmo para permitir fiscalização pela
população (e nos Municípios a população pode até mesmo participar da sugestão na elaboração
do plano orçamentário no chamado “orçamento participativo”).
III. Princípio da unidade: orçamento é documento único, e aquilo que não estiver previsto ou
aprovado na lei orçamentária anual não poderá ser considerado como orçamento para aquele
ano. Uma lei orçamentária anual é acompanhada de anexos demonstrativos e planilhas.
IV. Princípio do orçamento bruto: no orçamento anual, é proibido incluir despesas ou receitas em
valores líquidos (com descontos ou deduções, ainda que esses descontos sejam obrigatórios pela
Constituição. Ex: a União é obrigada a dividir seus impostos federais com Estados e Municípios,
porém quando o Governo Federal tem que repartir receitas obrigatórias, deverá indicar no seu
orçamento anual os valores totais sem esses descontos).

Pág. 13 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
V. Princípio da especialização ou especificação: todas as despesas da lei orçamentária anual deverão
ser codificadas, com no mínimo 6 dígitos, conforme as regras contábeis públicas.
VI. Princípio da exclusividade: na lei orçamentária anual, deverão estar previstos exclusivamente
despesas e receitas (e seus desdobramentos em créditos e dívidas públicas). Portanto, é proibido
colocar no orçamento outras matérias que não sejam despesas, receitas e seus desdobramentos.
VII. Princípio da totalidade: no orçamento, deverão estar todas as despesas e todas as receitas que o
governante pretende para o ano (também chamado de princípio da universalidade).
VIII. Princípio da “não afetação” (não vinculação) (envolve conhecimentos em direito tributário): no
campo tributário, há 5 espécies tributárias (taxa, contribuição de melhoria, contribuição especial,
empréstimo compulsório e impostos). Por conta disso, das 5 espécies tributárias, as 4 primeiras
são vinculadas (afetadas); já os impostos são desvinculados, ou seja, não estão e não podem estar
previamente afetados a um fim. A Constituição prevê 5 espécies tributárias no Brasil:
• Taxas: são devidas pela prestação de um serviço público ou por uma fiscalização de poder
de polícia.
• Contribuições de melhoria: estão vinculadas a uma prévia obra que terá provocado uma
valorização no imóvel daquele ente público;
• Contribuições especiais: segundo a CF, estarão vinculados a um determinado serviço ou
atividade pontual específica;
• Empréstimos compulsórios: estarão sempre vinculados a um fim constitucional específico,
principalmente na área da saúde.
• Impostos: são uma figura tributária sem vinculação ou afetação específica; devem estar
previstos sem destinação previamente determinada, nem gasto, despesa ou pessoa a ser
destinado. Isso significa dizer que, como regra geral, os impostos deverão estar livres
(desimpedidos ou desvinculados) para serem livremente programados pelo administrador.

Excepcionalmente, a Constituição prevê uma afetação ou vinculação para alguns fins específicos:
saúde e educação, pacto federativo e administração tributária.

3. Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO): é uma lei técnica, que irá vincular a lei orçamentária anual para
que ela cumpra obrigatoriamente aquilo que está programado no plano plurianual. Na LDO, não serão
previstos nem planos políticos, nem despesas e receitas, mas apenas diretrizes técnicas, entre elas:
A. Os critérios que deverão ser observados no próximo ano, para manter o equilíbrio entre as
despesas e as receitas;
B. Os critérios para limitar a dívida pública e o endividamento;
C. As prioridades do próximo ano para a execução do orçamento;
D. As autorizações expressas para: mudanças, criações e extinções de tributos para o próximo
ano (alterações na legislação tributária); aumentos e reajustes na remuneração dos agentes
públicos; a contratação de novos agentes públicos; e as autorizações para criação de novas
despesas permanentes.

Pág. 14 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional
Toda lei orçamentária anual deverá ser obrigatoriamente acompanhada por dois anexos, a saber:
I. Anexo das metas fiscais, que indicará as poupanças e os resultados que serão obrigatórias para o
próximo ano;
II. Anexo dos riscos fiscais: nesse anexo, o administrador vai identificar tudo aquilo que possa colocar
em risco o equilíbrio fiscal do próximo ano, e todas as medidas que o administrador estará pronto
para adotar caso esses riscos ocorram. Exemplo: aquele Município é réu em um grande processo
judicial e no próximo ano poderá ocorrer a condenação do Município. Isso poderá colocar em risco
o equilíbrio fiscal do próximo ano.

Pág. 15 de 15
Exame de Ordem
Damásio Educacional

You might also like