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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL – UNIDADE PALMEIRA DOS ÍNDIOS

PLANO DE ENSINO PARA O PERÍODO LETIVO EXCEPCIONAL (PLE)

DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA ECONOMIA

Profª Ma. Monique Rodrigues


CATEGORIAS DA CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA

▪ As categorias da Economia Política devem ser compreendidas no duplo sentido: ontológico e


reflexivo.

São categorias ontológicas porque possuem existência na realidade, independente do homem


ter conhecimento ou não. É essa existência real que possibilita aos homens conhecê-las e
apreender suas estruturas fundamentais (a essência).Sendo assim, podem ser reproduzidas,
conceituadas como produtos do pensamento, passando também a serem categorias reflexivas.

Ex: o dinheiro
A COMUNIDADE PRIMITIVA E O EXCEDENTE ECONÔMICO
Há cerca de uns 40 mil anos, os primeiros grupos
humanos surgem sobre a Terra. Por mais de 30 mil
anos vivendo em estágios anteriores ao que
passou a se denominar civilização.
▪ Abrigos: nomadismo;

▪ Alimentação: coleta, caça eventual, para consumo


imediato e pesca;

▪ Instrumentos: rudimentares, produzidos com ossos,


chifres de animais, e depois foram aperfeiçoando:
machados, arco e flecha, redes de pesca, canoas e
remos;

▪ Organização: igualdade, carência generalizada,


distribuição equitativa e diferenciação social mínima.
▪ Vejamos que, nas sociedades primitivas,
[...] o que caracterizava o trabalho nessa comunidade primitiva era o fato de que
todos trabalhavam e também usufruíam do produto do trabalho (Lessa e Tonet,
2008, p. 55).

os indivíduos, por mais que divergissem, tinham no fundo o mesmo interesse:


garantir a sobrevivência de si e do bando ao qual pertenciam (Lessa e Tonet,
2008, p. 55).
▪ Para Lessa e Tonet (2008), o fato da produtividade ser muito pequena e a fome estar muito
presente nessas comunidades, não havia possibilidade econômica de haver a exploração
do homem pelo homem.
▪ Comunidade primitiva: durou mais de 30 mil anos. Gradualmente, foram gestadas em seu
interior, elementos que levariam ao seu fim, os principais são: a domesticação de
animais e o surgimento da agricultura.
Distinção entre comunidades;
Pastoreio e cultivo de terras;
O nomadismo vai ficando pra trás;
As comunidades vão passando a se estabelecer num território;
▪ Processo histórico que se consolida entre os anos 5.000 a 2.000 antes de Cristo.
A DOMESTICAÇÃO DE ANIMAIS E O SURGIMENTO DA AGRICULTURA.
• Para Lessa e Tonet, essa é a primeira grande revolução na capacidade humana de transformar a
natureza.
• Acarretam significativas mudanças: aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho, controle do
tempo;
• A principal transformação:

[...] residiu no fato de, nessas comunidades, os resultados da ação do homem sobre a
natureza permitirem uma produção de bens que ultrapassava as necessidades imediatas
da sobrevivência dos seus membros. Os progressos o processo de trabalho tornaram-no
mais produtivo: dele provinham mais bens que os imediatamente necessários à
manutenção do grupo. Numa palavra, estava surgindo o excedente econômico: a
comunidade começava a produzir mais do que carecia para cobrir suas necessidades
imediatas (p. 69).
Com a possibilidade de acumular produtos, ou seja com o excedente econômico:

I. Produção de bens que não serão destinados ao autoconsumo da comunidade e serão,


portanto, destinados à troca com outras comunidades. A partir daí temos a mercadoria e
as primeiras formas de comércio.
II. A possibilidade de acumular possibilita explorar o trabalho humano e a divisão da
comunidade entre os que produzem e os que se apropriam dos bens excedentes.

Para Lessa e Tonet, temos aqui a gênese de algo radicalmente novo na história
humana (p. 55).
Quando se efetivam acumulação e exploração: a comunidade primitiva entra em
dissolução e é substituída pelo escravismo.
FORÇAS PRODUTIVAS, RELAÇÕES DE PRODUÇÃO E MODOS DE PRODUÇÃO

Surgimento do excedente econômico

Desenvolvimento do processo de trabalho

Meios de trabalho Objeto do trabalho Força de trabalho

Forças produtivas
▪ Ou seja, a produção depende das forças produtivas:
▪ meio de trabalho + objeto de trabalho + força de trabalho.

▪ A força de trabalho é a mais valiosa das forças produtivas, pois é ela que viabiliza o
processo de trabalho, aperfeiçoa e inventa instrumentos de trabalho, descobrem novos
objetos e adquire habilidades e conhecimentos.

▪ Divisão social do trabalho:


A primeira acontece nas comunidades primitivas: a divisão sexual do trabalho;
Divisão entre artesanato e ocupações agrícolas;
Divisão entre campo e cidade.
▪ As forças produtivas operam dentro de relações de caráter técnico e social, determinadas
entre homem e natureza e entre os próprios homens: são as relações de produção.

I. Relações técnicas de produção: envolvem o grau de especialização do trabalho, as


tecnologias empregadas, o controle do home sobre o processo de trabalho.

I. Relações sociais de produção: subordinam as relações técnicas, são determinadas pelo


regime de propriedade dos meios de produção, podendo ser coletiva ou privada. Na
propriedade privada está a raiz da sociedade de classes.
Meios de trabalho
Relações técnicas
Objetos de FORÇAS RELAÇÕES DE
trabalho PRODUTIVAS PRODUÇÃO
Relações sociais
Força de trabalho

MODO DE PRODUÇÃO
▪ Os modos de produção não resultam de processos harmoniosos, nem estáticos do desenvolvimento
da sociedade, são atravessados por contradições e se transformaram ao longo da evolução humana

I. No modo de produção está a base econômica da sociedade. Mas é necessário um conjunto de


instituições e ideias com ela compatível: o que se chama de superestrutura - instâncias jurídicas,
políticas, ideologias, etc. As leis que regem as atividades econômicas possuem caráter tendencial;
e tem validade limitada, ou seja, cada época histórica é marcada por um modo de produção com
leis próprias.

II. Quando as forças produtivas entram em contradição com as relações de produção, o modo de
produção pode ser dissolvido, por meio de uma revolução social, um determinado período que não
é pequeno e que marca a transição de um modo para outro. (ver citação, p. 74).
PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E CONSUMO

▪ Os valores de uso produzidos por uma sociedade constitui a produção social global:
produção.
▪ Forma pela qual o produto social global é dividido entre os diferentes membros da
sociedade: distribuição.
▪ Produção e Distribuição: relação determinada pelo regime de propriedade dos meios de
produção fundamentais
Propriedade coletiva a repartição tende a ser igualitária;
Propriedade privada a repartição tende a ser desigual

AS RELAÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO SÃO DETERMINADAS PELAS RELAÇÕES DE


PRODUÇÃO
▪ Os valores de uso se realizam quando são consumidos.

Consumo produtivo: produtos de trabalho consumidos na produção de outros bens;


Consumo improdutivo: produtos de trabalho que não são consumidos na produção de outros bens;
Consumo coletivo: valor de uso consumido por um conjunto de membros da sociedade;
Consumo individual: consumo direto de um valor de uso, por um membro da sociedade.

É a produção que oferece o produto de trabalho para ser consumido;


As relações de distribuição são determinadas pelas relações de produção

CENTRALIDADE DA PRODUÇÃO E DAS RELAÇÕES DE PRODUÇÃO


ESCRAVISMO
▪ Período: 3.000 anos antes de Cristo até a queda do Império Romano 476 depois de Cristo (Século V)

▪ Agora, com a existência do excedente entra em cena a escravização e exploração dos homens, por meio
da força e da violência.

proprietários de terra e de escravos (Senhores)

camponeses e artesãos livres

homens que não tem o direito de dispor nem da própria vida (Escravos)

▪ O excedente vai tomando forma de mercadoria, o comércio vai se desenvolvendo, muitos territórios foram
conquistados e mais homens foram sendo escravizados, o que levava a aumentar os tributos pagos ao
Império
▪ No Escravismo não houve muito desenvolvimento das técnicas e da organização da produção.
▪ Surgem os impostos, despesas militares, o funcionalismo público, o Direito. Surge então, o
Estado (Lessa e Tonet, p. 59-60).
▪ É com o escravismo que a sociedade sai do estágio da antiga barbárie e ingressa no estágio
da civilização.

O Escravismo em relação à comunidade primitiva: apresentou avanços, como diversificação dos


bens produzidos, incremento da produção de mercadorias e estímulo ao comércio
Desde que a civilização se baseia na exploração de uma classe por outra, todo o seu
desenvolvimento se opera numa constante contradição. Cada progresso na produção é,
ao mesmo tempo, um retrocesso na condição de classe oprimida, isto é, da imensa
maioria. Cada benefício pra uns é necessariamente um prejuízo pra outros; cada grau de
emancipação conseguido por uma classe é um novo elemento de opressão para outra
(p. 80)
Crise do Escravismo:
▪ Dificuldade dos senhores, para manter exército e
Estado;
▪ Revolta do exército e funcionários públicos;
▪ Invasões e revoltas no interior do império;
▪ Economia desestruturada.

O processo de decadência:
▪ Seu próprio desenvolvimento gerou contradições
que levaram a sua dissolução;
▪ Os escravos não conseguiram desenvolver um
conhecimento adequado que permitisse elaborar
uma proposta de sociedade;
▪ Não houve uma classe revolucionária
O FEUDALISMO (SÉCULO V AO SÉCULO XV)
Período de transição do escravismo para o feudalismo:
▪ Caótica, fragmentada, lenta e diferenciada de lugar para lugar;
▪ Praticamente desapareceram o comércio e o dinheiro;
▪ Necessidade de auto-suficiência;
▪ Regressão na produção, cultura e na sociedade;

A centralização imperial foi substituída pela atomização dos feudos, unidades


econômico-sociais desse modo de produção: base territorial de uma economia
fundada no trato da terra, o feudo pertencia a um nobre (senhor), que sujeitava os
produtores diretos (servos); a terra arável era dividida entre a parte do senhor e a
parte que, em troca de tributos e prestações era ocupada pelos servos (glebas) [...]
(p. 80)
• A condição servil dos servos era distinta das condições dos escravos. Os servos possuíam
ferramentas de trabalho e consumiam uma parte do que produziam;
• Os servos prestavam serviços e o senhor responsabilizava-se pela proteção do feudo e da
vida do servo;

• Novidade histórica: os servos ficavam com uma parte da produção, portanto, tinham o
interesse em aumentá-la.

• O excedente era apropriado por meio de violência exercida pelos senhores. Ressalta-se
que haviam muitas revoltas camponesas nessa época;
▪ No século XI, o feudalismo estava estruturado na Europa. Suas características:

Uma classe de produtores diretos, os servos, que já então gerava um excedente


agrícola significativo, expropriados pelos senhores feudais, classe parasitária
dedicada especialmente à caça e à guerra. Mas paralelamente, mantinha-se a
produção para a troca (isto é, a produção de mercadorias), centrada no trabalho
artesanal. Essas trocas serão estimuladas a partir das Cruzadas; assim, a estrutura
social do feudalismo começa a se tornar mais complexa [...] (p. 82).

▪ O dinheiro vai ganhando função privilegiada;


▪ Movimento urbanizador;
▪ Os comerciantes/mercadores vão ganhando importância na sociedade;
▪ Riqueza imobiliária
Crise do feudalismo: século XIV

▪ Comprometimento da produção pelo esgotamento das terras cultivadas;


▪ Limites técnicos;
▪ A peste negra;
▪ Agudização das lutas entre servos e senhores;
▪ Mediações de natureza mercantil: a terra como mercadoria, o dinheiro como pagamento.
▪ Formação do Estado Absolutista.
▪ O Estado Absolutista: concentração do poder político nas mãos de um representante, o rei.
Diminuição da autoridade dos senhores feudais.
▪ Financiamento do Estado: nem pelos nobres nem pelos camponeses/servos. Aos poucos
ganha maior importância o grupo de comerciantes/mercadores, financiando o Estado
Absolutista e operando a revolução comercial, por rotas voltadas para a América.

▪ Desenvolvimento da estrutura econômica e não da política (descompasso): a sociedade estava


cada vez mais burguesa e a ordem política continuava feudal, ou seja, surgiam forças
produtivas que exigiam novas relações de produção, travadas pelo Estado Absolutista (slide
12).

Revolução Burguesa
MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA
▪ Período de transição do feudalismo para o capitalismo: século XV ao XVIII;

▪ Revolução burguesa: 1688/89 na Inglaterra e 1789 na França e Revolução Industrial 1780 a 1840.

Com a Revolução Industrial, a sociedade burguesa atinge a maturidade, estabelecendo duas classes
sociais principais: burguesia e proletariado. Para isso:
▪ O trabalhador é separado de seus meios de produção, pelo processo chamado “Acumulação
primitiva de capital”;
▪ A burguesia compra do trabalhador apenas sua força de trabalho, que produz um valor maior do
que ela mesma vale e gera para o burguês um valor maior que o salário, a mais-valia.
▪ Criação do mercado mundial;
▪ O capital como regente da sociedade;
O modo de produção capitalista é para outro momento!

Para a próxima aula:


▪ Do feudalismo ao capitalismo – o desenvolvimento do mercado e da acumulação do
capital.
▪ Capítulos I a V do livro “História da riqueza do homem”, de Léo Huberman.

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