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SikULUME = Cnr (Oroniies ae es 40 > fazendo aqui? — perguntou o pai, entre preocupado © 1e de gente? — 0 que voces es Mao sabem que sua mie gosta de comer car triste. — m uma voz vinda da floresta ‘oui Antes que tives que mais parecia um tovao. Virandose, depararam-se com a mae saindo de em tempo de responder dentro do mato, os olhos estranhamente ameacadores. rrastou para dentro de casa ¢ os escondeu Assustado, rapidamente 0 pai os num canto ¢ a mie suro, cobrindo-os com um monte de peles. Em seguid: entrou carregando o corpo de um animal ¢ o de um homem, — Que cheiro bom — observou el n af pra mim? Que cheiro bom é esse que sinto a, farejando 0 = m minha casa? —Vocé deve estar sonhando, mulher — disse 0 marido, , brilhantes de interesse e astici Os olhos da mulher estreitaran ncio atemori: lo dele encontrasse respostas no s\ punta’ — Sio nossos filhos, niio so? — perguntou daquele jeito de quem per as ja tem antecipadamente a resposta. — Diga-me onde cles esto, Sohinazinei, diga! Eles continuam com o avo, mulher Ela o empurrou de um lado para o outro até que nao mais escondesse as duas criangas. —Lamento muito que estejam aqui, meus filhos — disse ela— Mas como bem sabem, eu preciso muito de care de gente. Minanzici abracow-se a irma, mudo de espanto, € 0s dois nada disseram tio assustados estavam, A mae cozinhou o animal que havia trazido da floresta para o marido e para 08 filhos © © que restara do homem, para si, Apos 0 jantar, enfastiada, ela | saiu € 0 pai aproveiton para conversar com as duas criancas. — Vocés precisam ficar acordados quando eu ¢ sua mae formos dormir — disse. — Assim que ouvirem 0 barulho de gente dangando, feras selvagens rosnando ¢ ces latindo de dentro da barriga de sua mae, podem ter certeza | | | de que ela esta dormindo, Nessa hora levantem-se ¢ yao embora. As crianeas concordaram ¢ assim que © casal foi dormir, deitaram-se, fingindo que faziam o mesmo. Pouco depois, os ruidos foram saindo da barriga da me, sons temiveis, rosnados amedrontadores, uma confusio que deixaria até o mais valente dos homens arrepiado ¢ tremendo dos pés a cabeca — Ela esté dormindo — concluiu a menina, num sussurro. Acenaram para o pai e safram silenciosamente. Um pouco depois, a mie despertou ao descobrir que elas hayiam partido, apanhou o machado ¢ partiu no encalco de ambos. Scus gritos ecoaram noite adentro, mergulhando toda a floresta no siléncio mais apavorante, fazendo todas as criaturas (estivessem elas no alto das arvores, ‘enfiurnadas em buracos ou tocas, as margens dos rios ¢ lagos) sairem do seu caminho — Nossa mie... — balbuciou Hinanzi — Ela veio auréis de nés — acrescentou sua irma, Correram mas a impressio que tinham era de que quanto ma 5 corriam mais préxima ela parecia estar. Cansados, viram- naem gir da escuridio, brandindo © machado, a fisionomia transformada por uma careta pavorosa, provocada por aquela fome interminavel que atormentaya sua existéncia. — Cante uma de suas cangdes, minha irma — pediu Hinanzici, — Uma daquelas que nossa mae cantava para nés quando éramos bern criangas ¢ ela ainda néo comia gente... A menina tentou mas 0 medo era tanto que cla nem sequer falava, — Talver cla se comova e desista de nos comer — insistiu o menino. 1 nao vai ouvir nada, pois esté cega pela vontade de nos comer, meu niio — disse a menina. — Mas pelo menos tente, minha irma, Talvez dé ce Finalmente ela conseguiu entoar uma pequena cancio. Ao ouvila, sua mae parou ¢ acabou por desistir de persegui-los, voltando para casa. Encontrando 0 marido esperando-a junto da porta, arremeteu sobre el brandindo 0 machado. —Pare, mulher! — gritou ele. — Se me matar, quem sera seu marido € cuidara de voce? Ela parou € ficou pensando, pensando ¢ acabou concordando. — Mas cu continuo precisando de carne de gente — disse ela, reini Os dois} estivam chegando na aldeia onde morayam cont 0 avo quando a Mae os alcancou. Correram, mas, completamente enfraquecida, a menina, gr hienino ter o mesmo destino, Enlouquecida pela proximids gente, jd que as mulheres, criancas € velhos que sairam de suas casas atraidos pelos gritos dos irmaos corriam cm sua dire aando pelo irmao, acabou engolida: Mais alguns pasos ¢ foi a vez deo le de tanta do, a mulher lancowse sobre todos, até mesino sobre o av, Nenhum deles escapou. Apenas qucles que estivam trabalhando nas rocas nao foram atacados, O proprio gado que pasiaxa nas redonde: ts acabou devorado pela inulher canibal. Ao entardecer, mal se agiientando sobre as propr S per as dle tanto que comer, cha partin de volta para casa; No meio do caminho, atravessando um yale profuundo’e naqticle momento tomado pelas sombras do fin do « avistou um lindo passaro de canto muito envolveute, Sentindose atraida, aproximotise, No mesmo instante, «t pequenia ave comecou a crescer ¢ (oi crescendo, erescencl uté ficar do tamanho, de uma cabana, quantoa mulher pensava en: uma maneira de capturelo para dar de presente ao marido, 0 passato poxse a cantar algo mais ou menos assim: nosoid ste aayjnte y 0rd 0 opuntassoadd ) 9810] 1094 PUA EpUNADS y jpitod se Ovu “ioNvy 104 nnsisul — setiod soqiutt op wsiooid Hoa 9 Use) Ula APsotja vied vssad woD o}s9 ‘OBIEI09 OY ap ose UpLIING — svurod sep vuln 10} 95 ¥] 9 94]03 040% speaettr woul Joajosop aur 9908 98 vioquio nos onb oankng — nooydns oyjntt 2 74 BEN Set 9 OpEII6D Oy OdeIq ONG oovig NOU tos ayo vied epraio9 197 ossod vt 9 9140) WoO ese) fp Hs OPLTWITE NO], {USE PDE OBEN — ser, achava mais prudente que ambos fossem criados longe dela. Certo dia, os dois viraram-se para o avd € 0 menino disse: — Ja estamos vivendo com o senhor por muitos anos ¢ gostariamos muito de conhece nossos pais. © av, claro, preocupowse — Eu tenho medo de que vocés nao voltem ina, com ca — Nao se preocupe, meu avo — pediu a me ho. — Nés 0 amamos muito € certamente voltaremos. — Nio € disso que tenho medo ¢ vocés bem sabem disso. — Do que esta falando, meu av6? — O qué? Acaso ji esqueceram que sua mae é canibal? — Claro que Jo, meu av — respondeu o menino —, mas ela é a nossa ma ic € temos certeza de que, mesmo gostando de comer carne de gente, nao nos far’i mal algum. E os dois tanto pediram ¢ velho fing nto argumentaram que 0 mente concordou: — Vio, mas procurem chegar antes do anoitecer, de modo que sua ma que prefe se aproxi a noite ao d nao 05 veja OU, se 0s vir, nio tenha coragem de ar, Fiquem com seu pai, pois ele nao é canibal, ci, 0 Menino, prometeu que se cuidaria antes de o sol se por os dois partiram, Ao chegarem, ouviram a voz do pai c chamaram por cle vontades, 6 qlic significa que ela se reeusou a pedir qualquer coisa a serpente Dior do que isso somente o canto ironico que entoou, debochanco de Isinyobolokondwana, que dizia assim. Algo sem o menor sentido, apenas uma brincadcina, uma Zombaria com grande cobra, que, como € de se imaginary ficou Com muita raiva © acabou por mordédla, No momento seguinte, a pele da filha do cliefe ficou igualzinha ada cobra. As outras mocas, horrorizadas, gritaram ¢ Sairam correndo na direeao da aldcia, Temerosas das conseqiiencias de seus atos qpressaraun-se em coldcar uma delas dentro da palhoca, para que se passasse pela filha do chet Abandonada no meio da floresta ¢ muito assustada, pois naquele momento sua pele em tudo se parecia com a da serpente ¢, como um mal bem contagioso, aquele aspecto desagradavel s6 fazia se espalhar por todo 0 seu corpo, ela subiu para o alto de uma drvore, morta de vergonha e sem entender muito bem o que estava acontecendo. Ao mesmo tempo, seu pai, que acabara de matar uma vaca para a grande festa preparada para ela, mandou um de seus ajudantes atrés de pedacos de pau para fazer uma grade onde pretendia pendurar a pele do animal. O homem estava cortando alguns galhos quando ouviu uma voz acima de sua cabeca implorando: —Homem que esté cortando lenha, corra até a aldeia e diga a meu pai ¢ a minha mae que Isinyobolokondwana me mordeu. © jovem ajudante ouviu a voz lamentosa mas inconfundivel da filha do chefe ¢ correu para avist-lo. Este, desconfiando de que tudo nao passasse de uma grande mentira, uma maneira de fugi mandou seu filho € mais outro jovem guerreiro para descobrir exatamente 0 ajudante vira e, até mesmo, se ele vira alguma coisa. > trabalho que lhe confiara, que 0 seu — Vou castigé-lo severamente se for mentira — prometeu, ameacador. LY judante foi obrigado a voltar a floresta e reiniciar 0 trabalho ido. Ele cortava lenha quando mais uma vez a voz profundamente infeliz.¢ angustiada da filha do chefe se fez ouvir, O irmao a reconheceu de imediato e, rumando para a arvore no alto da qual ela se encontrava refugiada, convenceu-a a descer € a levou para casa. O chefe ficou surpreso ao vé-la naquele estado ¢ enfureceuse com stias companheiras por tentarem engané-lo, além de a terem levado ao rio, 0 que todas sabiam que era proibido. Todas foram castigadas ¢, em seguida, 0 chefe deu ordens para que alguns homens levassem sua filha e algumas cabecas-de-gado para um local distante daa ¢ la construiram uma cabana onde ela passaria a morar daquele momento em diante, Passou-se um certo tempo ¢ alguns comecaram a perceber que as vacas que haviam levado para ela produziam mais leite que 0 necessério € 0 excesso comecou a ser derramado num buraco feito no chao. A surpresa aumento ainda mais quando, sem mais nem menos, o leite comecou ajorrar como se fosse uma caseata espirrando para 0 alto ¢ tudo se transformou yerdadeiro encantamento quando a filha do chefe, curiosa, aproximou-se do buraco e acabou atingida por um dos jatos de leite. No momento seguinte, como uma cobra costuma fazer de tempos em tempos, todos a viram se despir daquela pele de aspecto horrivel que a cobria, revelando mais uma ver a grande beleza que sempre encantara a todos na aldei Com espanto ¢ emocao geral, o velho chefe derramouse em lagrimas ao ver a filha voltar para junto de si. Dias mais tarde, um jovem e poderoso chefe ixonouse imediatamente, Imaging pr itas perguntas, ¢, assim, foi informado que passava pela regiao a viu e a do que ela fosse filha de um dos homens que em sua palhoca no meio da floresta cle se aproximou ¢ fez ha do chefe. de que se apaixonara pela No mesmo instante, cle 0 procurou ¢ ofereceu um grande dote com varias cabecas de gado para que 0 chefe concordasse com o casamento de ambos. Contase que ela também se apaixonou pelo jovem chefe ¢ acabou se transformando em sua principal esposa, sendo muito amada ¢ the dando muitos filhos fortes e saudiveis que ; como o pai, o chefe de sta gente por muito ¢ mu A HISTORIA DA MENINA QUE NAO RESPEITOU A TRADICAO NTONJANE E O QUE ACONTECEU COM ELA Os mais velhos sao uns dos poucos que ainda contam a histria de uma ceria filha de um chefe que atingira a idade de obs jane. Por isso, ela foi colocada numa palhoca onde deveria permanecer até o dia da ceriménia. No entanto, numa certa maha, algumas amigas a ervar a tradicao nto éximo da convenceram a ir banharse nas aguas de um rio que corria bem p aldeia, o que era terminanteme tarde € jd entardecia quando clas resolveram sair de dentro instante, surpreenderam-se ao encontrarem Isinyobolokondwana, uma serpente com a te proibido. O dia avancou pela a’ igua ¢ voltar para a aldeia, N pele coberta de manchas € aspecto assustador, deitada exatamente sobre suas roupas, Isinyobolokondwana cra uma criatura enorme; todas ficaram com muito medo e sem saber o que fazer diante dela. Aos poucos, uma ou outra conseguia recobrar a calma e, estimulando as companheiras, todas comecaram a entoar uma cancio que dizia inyobolokondwana, Sinyobolokondwana, traga meu manto! Ao que a grande cobra respondia: — Pode apanhé-lo ¢ va embora! Nem olhe para trés ¢ me deixe em paz! Uma a uma as mocas pediram que a serpente lhe trouxesse suas roupas € conseguiram a devida permissio para apanhélas. A filha do chefe ficou por tiltimo e, como cra filha do chefe, era extremamente orgulhosa ¢ cheia de © monstro, a0 ouvila, aproximouse sorrateiramente € disse — Por favor, chegue mais perto, Eu nao estou con: lo ouviela, Como no sabia com quem estava lidando, a mulher atendeu-o €, mais do que depressa, ele também a engoliu. Aleancando as cou muito feliz ao profundezas malcheirosas do grande chefe dos animais, descobrir que seus filhos ainda estavam vivos, além de um ntimero, incaleulavel de vacas ¢ cachorros. Como as criancas reclamavam por estarem famintas, matou um dos animais eacendendo uma fogueira com a lenha que carregava, corinhou um grande pedaco de costela para alimenté-los bem como a muitas outras pessoas que P P P i foi encontrando a medida que avancava pelas entranhas do monstro.

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