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História e

conceitos de
Astronomia

Prof. Dr. R. Boczko


Calendários:
Medindo o
tempo no
Mundo Antigo
Definição de
calendário
DEFINIÇÃO DE CALENDÁRIO

É fato inconteste que, desde a mais remota antiguidade, o


nascer e o ocaso do Sol nortearam a vida do homem. Não lhe deve
ter demorado muito para perceber que esses fenômenos eram
cíclicos. Usar esses fatos como um contador de tempo deve ter
sido um passo natural.
Com a evolução do homem, suas necessidades sociais
começaram a se tornar cada vez mais complexas. Chegou o dia em
que ele passou a precisar organizar sua vida cronologicamente. A
partir daí, foi preciso que ele criasse um Calendário.

Um calendário é um conjunto de regras que permitem associar um


número inteiro de dias em períodos maiores, com o intuito de
computar a passagem do tempo.
Calendário
Janeiro
Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Dom

1 2 3 4 5 6 7

8 9 10 11 12 13 14

15 16 17 18 19 20 21

22 23 24 25 26 27 28

29 30 31

É um conjunto de regras para associar dias INTEIROS em períodos


maiores com a finalidade de contar a passagem do tempo em escala
maior que um dia.
Períodos usados
em calendários
Períodos usados em calendários

Entre os períodos escolhidos, alguns tinham caráter


artificial e místico, como é o caso da semana, enquanto que
outros se baseavam em fenômenos astronômicos
observáveis, tais como o mês lunar e o ano das estações.

Talvez lhe chame a atenção o destaque dado ao termo


inteiro da definição de calendário. Veremos, no decorrer
desse artigo, que todo o problema da criação de um bom
calendário reside em descobrir maneiras eficientes de
gerenciar as partes fracionárias envolvidas nos períodos
escolhidos.
Períodos usados para
a formação de
calendários
• Dia(fundamental) Ligado ao nascer do sol
• Semana Origem astrológica
• Mês Ligado às fases da Lua
• Ano Ligado às estações do ano
• Metônico Ciclo luni-solar (19 anos)
• etc.
Mês
Ciclos usados Outono Quarto
Cheia

minguante
Fases
em calendários da
Lua
Quarto
crescente

Nova

Sol
Inverno Verão

Estações
do ano

Rotação
da Terra
Dia
Ano
Primavera
Dia:
Período
fundamental do
calendário
DIA E NOITE
Já que o dia era a unidade de medida para o cômputo da passagem
do tempo, urgia defini-lo convenientemente.
Em muitas línguas, incluindo entre elas o português, existe uma
imprecisão no termo dia: ele tanto pode significar apenas a parte clara do
dia, como também, pode se referir ao dia todo, ou seja, à justaposição da
parte clara de um dia com sua noite. É verdade que existe o termo nictêmero
com esse significado: o período compreendido pela justaposição da parte
clara do dia com uma noite, mas, ele é raramente, se tanto, usado. Neste
texto, sempre que dissermos dia, estaremos nos referindo ao nictêmero;
quando quisermos especificar o período correspondente à parte clara do dia,
usaremos a expressão dia claro. Assim,
Dia = Dia Claro + Noite.
Meia Meio Meia
Noite Dia Noite

Noite Dia Claro Noite

Dia = Nictêmero
Dia = Nictêmero
Movimento diurno aparente Zênite
do Sol PS
É bastante provável que os
primeiros povos a definirem
o dia tenham se baseado no
período entre dois nasceres Nascer
sucessivos do Sol; o dia Meio-dia
começava com o nascer do
Sol. Outros povos usaram o
período entre dois ocasos
do Sol; o dia começava ao
pôr do Sol. Outros
adotaram, como início do
dia, o instante em que o Sol
cruzava a linha meridiana
local, instante no qual a Meia-noite
sombra de uma vara, Ocaso
verticalmente fincada no
chão, era a mais curta do
dia; o dia começava ao
meio-dia.
Sol
Uma vara, geralmente na vertical, fincada no chão
horizontal, era chamada de Gnômon (termo grego
significando 'relógio de Sol') e foi, talvez, depois do
olho humano, o mais antigo instrumento astronômico
do homem. Foi com ele que os antigos fizeram uma
série enorme de descobertas astronômicas.

Gnômon
( Relógio de Sol )
Gnômon
Os antigos astrônomos puderam
verificar que, ao longo do dia, a
direção e o tamanho de sua
Determinação do sombra, projetada pelo Sol,
variavam, sendo que, quando ela
meridiano e dos atingia o menor comprimento do
dia correspondia ao instante que
pontos cardeais dividia a parte clara do dia em
duas metades.

Nascente Ponto
Leste

A esse instante chamaram


Ponto Meridiano Ponto
Norte Sul
de Meio-dia e a
Linha do Meiodia direção da linha
em que a sombra se
projetava recebeu o
Ponto nome de Linha Meridiana.
Ocaso Oeste
Origem
astrológica da
Semana
Reunião dos Nascimento da
adoradores do
Sol idéia de semana
Os 5 planetas visíveis a ollho nu, mais o Sol e a
Lua, devem ter chamado a atenção pelo fato de
se moverem entre as cerca de 6 mil estrelas
fixas. Essa diferenciação deve ter sido o
suficiente para serem tratados de maneira
especial.

Reunião dos
adoradores da
Lua
A falta de conhecimentos para explicar o
comportamento desses astros, deve ter
contribuido para que eles fossem considerados
deuses e que passassem a ser idolatrados.
Assim, logo surgiram os seguidores do deus
Sol e que se reuniam periodicamente para
reverenciá-lo. O mesmo procedimento deve ter
ocorrido com os seguidores da Lua e dos
demais planetas.
Nomes dos dias da Semana
Assim, havia 7 deuses a serem adorados; cada um sendo reverenciado num
dia, acabou por definir o período de uma semana.

Em diversas línguas ainda se pode notar vestígios dessa origem


astrológica dos dias da semana:

Astro Português Espanhol Inglês Alemão


• Lua Segunda Lunes Monday Montag
• Marte Terça Martes Tuesday Dienstag
• Mercúrio Quarta Miercoles Wednesday Mittwoch
• Júpiter Quinta Jueves Thursday Donnerstag
• Vênus Sexta Viernes Friday Freitag
• Saturno Sábado Sabado Saturday Samstag
• Sol Domingo Domingo Sunday Sonntag
As fases da Lua
e o Mês
Observador
Fases da Lua no hemisfério
Se, para a contagem de Sul da Terra
Quarto
pequeno número de dias,
crescente
a semana era um período
conveniente, para
intervalos maiores, ela se
mostrava insuficiente.
Urgia encontrar um
período confiável e mais
longo. De há muito os
antigos haviam percebido
Nova Cheia
o cíclico mudar do aspecto
do disco lunar: ora ele se
apresentava como um
círculo completamente
iluminado, ora como um
mero filete circunferencial
mal notável; entre esses Quarto
extremos, o disco lunar minguante Lunação
apresentava-se 29,530589 dias
parcialmente iluminado. 29 d 12 h 44 m 03 s
Fases da Lua
A seqüência entre o filete circunferenial e o círculo completamente
iluminado apresentava uma ordem e um período bem definidos e
razoavelmente bem comportados do ponto de vista temporal. A
essa seqüência de aspectos da Lua os gregos chamaram de
fases da Lua.
Quarto Quarto
Nova Cheia Nova
Crescente Minguante

Nova Q.Crescente Cheia Q.Minguante

Crescente Minguante
Lunação
29,530589 dias  29 d 12 h 44 m 03 s
Mês Lunar : 29 ou 30 dias
Descrição das Fases da Lua
Quando a Lua era vista apenas como um filete circunferencial, ou
simplesmente deixava de ser visível, dizia-se que iniciava-se a Lua Nova.

Esta fase continuava até que a metade do disco lunar aparecesse iluminada;
quando isto ocorria, iniciava-se a Lua Quarto-crescente, que se prolongava até
que o disco lunar estivesse completamente iluminado, quando então iniciava-
se a Lua Cheia.

A partir desse instante o disco lunar começava a ficar parcialmente escuro;


quando apenas a metade do disco lunar estava iluminada, dizia-se que
começava a fase de Lua Quarto-minguante, a qual se prolongava até que,
novamente, aparecia apenas o filete circunferencial brilhante da Lua Nova.

Quarto Quarto
Nova Cheia Nova
Crescente Minguante

Nova Q.Crescente Cheia Q.Minguante


Lua Crescente e Minguante

Quarto Quarto
Nova Cheia Nova
Crescente Minguante

Nova Q.Crescente Cheia Q.Minguante

Crescente Minguante
Notar que, desde o início da fase Da mesma forma, desde o início
de Lua Nova até o início da fase da Lua Cheia até o início da Lua
de Lua Cheia, diz-se que a Lua Nova, diz-se que a Lua está
esta Crescendo, sendo que a Lua Minguando, sendo que o instante
Quarto Crescente é o instante em em que o disco lunar está
que exatamente a metade do exatamente iluminado pela
disco lunar está iluminada. metade, temos o início da Lua
Quarto Minguante.
Definiçoes de Corpo
Luminoso e de corpo Lua
Iluminado Corpo
Iluminado:
É aquele
que
apenas
reflete a
Sol luz que
recebe de
outro
corpo.

Corpo Luminoso:
É aquele que gera sua
própria luz
Terra
Aristarco e a explicação das fases da
Lua
A constatação da existência das fases da Lua se perde na história
do homem.

A explicação para essas fases foi dada por Aristarco no século III
a.C. .

Elas decorrem das posições relativas entre a Lua, o Sol e a Terra,


já que, sendo a Lua um corpo iluminado (apenas reflete a luz que
recebe do Sol) pelo Sol (corpo luminoso, ou seja, emissor de luz),
apenas se lhe vê a parte iluminada quando essa está voltada para
a Terra.

Chamamos de fase da Lua ao aspecto de sua face iluminada


quando vista da Terra.
Explicando Quarto
crescente

as Fases
da Lua

Sol
Nova PS Cheia

Devido às
diferentes posições
da Lua com relação
à Terra e ao Sol, da
Terra vê-se
Quarto
diferentes parcelas minguante
da face iluminada Desenho projetado no
da Lua. plano da eclíptica
Plano Nodo descendente

orbital da
Lua Terra Lua

A linha intersecção
do plano da órbita
da Lua com a
eclíptica se chama
linha dos nodos.

Nodo ascendente

Observações das
diferentes trajetórias
da Lua permitiram
Eclíptica i concluir que ela não
girava em torno da
Terra no plano da
i Eclíptica eclíptica, mas sim
Terra num plano inclinado
Inclinação da órbita lunar .
de cerca de 5,20 com
i  5,2 0 relação à eclíptica.
Lua

Com eclipse Eclipses e fases da Lua


LN
Terra

LC Eclipse
Apesar de o ângulo Lunar SOL

de inclinação se LC
manter
aproximadamente
constante (5,20) a
direção da linha dos LC
nodos varia, Terra
efetuando uma volta
LN
completa sobre a
eclíptica em cerca Eclipse
de 18,61 anos : Solar Terra
chama-se a
retrogradação dos
nodos da Lua.

Para que possa ocorrer um eclipse, é necessário que a Lua esteja Sem eclipses LC
perto de um de seus nodos, caso contrário não passará pelos cones
de sombra e/ou penumbra.

LN
Fases da Lua vistas do
Hemisfério Sul da Terra
Lua
Quarto
Minguante
Lua
Cheia
Sol

Lua
Nova
Lua Pelo fato de o Sol não estar sempre no plano
Quarto orbital da Lua, nem sempre ocorrem eclipses
Crescente nas fases de Lua Nova e de Lua Cheia.
Diferença entre Mês lunar e Lunação
Notar que cada fase da Lua dura cerca de 1 semana, enquanto que a duração de um
ciclo completo de mudança das fases, ciclo chamado de
Lunação,
era conhecido como tendo cerca de 29,5 dias (sabemos que a duração média de
uma lunação é de cerca de 29,530589 dias ou seja 29d 12h 44m 03s).

A parte fracional da duração da lunação foi o primeiro problema a ser


vencido para a construção de um sistema eficiente de contagem do tempo. Por
exemplo, se se adotasse a lunação com 29,5 dias, um certo mês começaria à meia-
noite, enquanto que o mês seguinte começaria ao meio-dia. Isso seria pouco prático.

Para evitá-lo, alguns povos da antigüidade instituiram o


Mês Lunar,
que consistia em períodos alternados de 29 ou 30 dias, de modo que, em média,
tivessem cerca de 29,5 dias.

Os meses, como nós os conhecemos hoje, tiveram, como ancestrais


longínguos, os meses lunares supra-definidos. Nem todos os calendários mantêm
essa correlação entre fases da Lua e meses do ano.
Definição de Ano
das Estações
Motivos da definição do Ano
Três fenômenos devem ter contribuido para que viesse à tona o
conceito de Ano:

1.-Necessidade de um período mais longo que o mês - A semana e o


mês satisfaziam apenas parcialmente a necessidade de medir períodos
mais longos de tempo;

2.-Estações do Ano - Povos do norte da África e do Oriente Próximo


puderam observar que as condições climáticas variavam de forma mais
ou menos cíclica, alternando épocas quentes com outras frias, cada
uma com períodos razoavelmente previsíveis;

3.-Comprimento da sombra do gnômon ao meio-dia de diferentes dias -


Apesar de que, ao meio-dia, de cada dia, a sombra do gnômon é a
menor do dia, a cada dia essa sombra mínima tinha um comprimento
diferente; nas épocas mais quentes ela era mais curta e nas épocas
mais frias era mais comprida.
Verão

Primavera
Ano das
ou
Outono estações
Primavera Verão Outono Inverno
Inverno
Ano das Estações

O Verão inicia-se O Inverno inicia-se quando a


quando a sombra, sombra, ao meio-dia, é a maior de
ao meio-dia, é a todas as sombras ao meio-dia.
menor de todas as
Nascente
sombras ao meio-
dia.

Meridiano
Primavera Inverno A Primavera e o Outono
Verão Outono começam quando o Sol, ao
Ano das Estações meio-dia, está na bissetriz
do ângulo formado pelo
tem ~ 365 dias
Sol no início do verão e no
Ocaso início do inverno.
Verão, Inverno e Ano das Estações
Unindo as duas últimas características citadas, os antigos puderam
definir as estações do ano:

O Verão iniciava-se quando a sombra, ao meio-dia, era a menor de


todas as sombras ao meio-dia

O Inverno iniciava-se quando a sombra, ao meio-dia, era a mais


comprida de todas as sombras ao meio-dia.

Resultou a seguinte definição para


Ano das estações ou Ano Solar:
é o intervalo de tempo entre os inícios de 2 estações homônimas
sucessivas.

Para isto basta observar a sombra do gnômon sempre ao meio-dia e


verificar as datas em que as duas sombras são de iguais comprimentos.
Definição dos solstícios
Já para a definição dos inícios das demais estações que ainda hoje
usamos, o processo foi mais indireto.
Verificando que havia estações intermediárias, não tão drásticas como o
verão e o inverno, trataram de definir seus inícios.

Ao meio-dia do início do verão, o Sol parecia bem alto no céu, enquanto


que, à mesma hora no início do inverno, ele parecia bem mais próximo ao
horizonte.

Isso indicava que, ao longo de uma metade do ano, o Sol, ao meio-dia,


encontrava-se sempre mais alto que no dia anterior e que durante a outra
metade do ano ele se encontra, a cada dia, mais baixo que no dia anterior.
Assim, nos dias do início do verão e do inverno, o Sol parece mudar seu
sentido de deslocamento em altura, ou seja, parece que nesses dias ele
"pára" para mudar seu sentido de caminhar.

Esses dias recebem o nome de Solstícios ou seja, de Sol estático no céu.


Primavera e Outono
Entre os dias solsticiais, o Sol deve, duas vezes por ano, passar pelo
ponto de altura média entre as alturas mínima e máxima dos solstícios.
Essas datas receberam o nome de Equinócios já que a duração da
parte clara do dia e a duração da noite eram, nessas datas, iguais
(equi = igual, noce = noite).

Quando esse ponto é atingido, depois do início do verão, temos o


Equinócio do Outono e quando ele ocorre depois do início do inverno,
recebe o nome de Equinócio da Primavera.

As estações respectivas têm inícios nos dias equinociais


correspondentes.
Vera é palavra de origem latina correspondente à estação.
Assim, primavera significa "primeira estação", sendo que o termo está
ligado ao fato de que, nas latitudes em que a descoberta foi feita, a
primavera representava o fim de uma época de poucas atividades e o
início de outra cheia de vida; representava o "renascer" das atividades.
Muitos anos de observação puderam mostrar
Ano Trópico que o início de duas primaveras sucessivas
ocorria em intervalos de pouco mais de 365
ou dias. Sabemos, hoje, que a duração do
Ano das Estações é de cerca
Ano das Estações de 365,242199 dias
(365d 05h 48m 46s)
e é chamado de
Ano Trópico.

Primavera Verão Outono Inverno

Ano Trópico ou Ano das Estações

365,242199 dias  365 d 05 h 48 m 46 s


Conforme vimos, podemos observar que:
1.-não há um número interio de dias numa lunação (29,530589 dias)
2.-não há um número inteiro de dias num ano trópico (365,242199 dias)
3.-não há um número inteiro de lunações num ano trópico (12,368267 =
365,242199/29,530589)

Qual o grande problema na


formulação de um calendário?
A incomensurabilidade!

A incomensurabilidade é a impossibilidade de se medir,


exatamente, a duração de um ciclo com a duração de outro
ciclo astronômico adotado na confecção dos calendários.

Vejamos como, diferentes povos procuraram resolver o problema.


PN
Estações do
Início da
Ano no Primavera
Hemisfério 23 set
W Solstício Início do
Sul Equinócio Inverno
22 jun

As estações do
ano e a trajetória
anual aparente do
Sol no céu.

Iníciogdo
Equinócio
Solstício
Início Sol Início das estações
para além do Trópico
do de Capricórnio
Verão Outono
22 dez 21 mar
A linha amarela é uma
representação da trajetória PS N Sul
anual aparente do Sol com IP
Primavera Inverno
II
Câncer

relação às constelações Equador


Capricórnio
IV
Verão
IO
Outono
Diferentes
calendários
Calendário Egípcio

Verão Pri/Out Inverno

Primavera Verão Outono Inverno

30 30 5
Dias
de festas

O Ano Egípcio, numa data muito remota, consistia de 12


meses de 30 dias cada e mais 5 dias no final dos 12 meses
para que o ano perfizesse 365 dias, que era a duração que
seus sábios haviam detectado para o Ano das Estações.

Ano Egípcio = 12 x 30 + 5 Dias de festas = 365 dias


Ano Babilônio
( Lunar )
O antigo calendário babilônico era
estritamente lunar, contendo 12 meses Verão Pri/Out Inverno

lunares. O mês iniciava-se quando, por A longo prazo, a utilização de


observação direta, podia-se ver o início meses de 29 ou 30 dias
do crescente lunar, logo após o pôr-do- correspondia à utilização do
sol. Por convenção, o dia, também, mês com a duração média da
começava ao pôr-do-sol. lunação.

Primavera Verão Outono Inverno


11
30 29 30 30

Ano Babilônio = 12 Meses Lunares = 354 dias


Esse calendário puramente lunar sobrevive ainda hoje no atual calendário muçulmano.
Ano Grego
( Lunar )

Os antigos calendários gregos eram de


natureza lunar, como os babilônios,
sendo que não havia, inicialmente, o
Verão Pri/Out Inverno
interesse de manterem uma correlação
entre os calendários e as estações do
ano.

Primavera Verão Outono Inverno


11
30 29 30 30
Ano Grego = 12 Meses Lunares = 354 dias
Ano Grego ( Luni-Solar ) Com 12 lunações de
12,530589 dias, o Ano
Grego tinha 354 dias, ou
~11 dias faltantes para seja, 11 dias a menos que
354
completar o ano das estações o Ano Trópico. Assim, a
354 354 ~22 dias cada cerca de 3 anos, o
calendário grego defasava
354 354 354 ~33 dias
de cerca de 1 mês com
Quando decidiram possuir um calendário luni- relação às estações do
solar, os gregos instituiram a intercalação de um ano.
décimo terceiro mês, inicialmente sem nenhuma
regra fixa de uso.
Uso do Mês Intercalado
Primavera Verão Outono Inverno

30 29 30 29 30
13º mês
Ano Grego intercalado
12 Meses Lunares + 1 Mês Intercalado = 384 dias
Ciclo Metônico
( Grego, 432 a . C. )
1 Ano Trópico 2 3 17 18 19 anos

19 Anos Trópicos = 235 lunações = 19 Anos Lunares + 7 Lunações = 6940 dias

AnoLunar 1 AL 2 AL 18 AL 19
1 12 24 Número da Lunação 204 216 228
235
O grego Méton, por volta de 430 a.C., descobriu que em 19 anos solares havia 6940
dias (19x365,242199); verificou também que em 235 lunações existiam os mesmos
6940 dias (235x29,530589), ou seja, em 19 anos solares ocorriam quase que
exatamente 235 lunações. Esse ciclo de 19 anos é chamado de Ciclo Metônico.

Em 19 anos lunares existiam apenas 228 lunações (19x12), faltando, pois, 7 para
completar as 235 necessárias num ciclo metônico. Isso significa que a cada 19 anos
lunares deve-se intercalar 7 meses lunares extras de modo que o calendário não se
defase muito das estações.
___0
Interpretação
1
atual do Ciclo
2
Metônico 3
Dia do mês de janeiro
___1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 67 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1
Lua
19 01 Nova

Data da LN
02 Lua Nova LN
03 em janeiro
04 LN
de 1901
05 O gráfico representa as
datas dos inícios das fases
06 de Lua Nova no mês de
07 janeiro dos anos indicados.
08 Por exemplo, em 1901 a Lua
09 Nova ocorreu em 01 jan.
10
A
11
n
o 12 Durante 18 anos nota-se que a Lua
13 Nova começa sempre num dia
14 diferente do mês. Apenas 19 anos
15 depois é que a Lua Nova volta a
ocorrer no mesmo dia do mês, no
16
dia 1, por exemplo.
17
18 Assim, em 2029 as datas das mudanças
19 das fases da Lua ocorrerão nos mesmos
1920 dias em que ocorrem em 2010.
Calendários Romanos:

Calendário
Juliano
Sol

Calendário Juliano
( Duração do Ano )

Assessoria:
Astrônomo Sozígenes

Norte Prim/Out Sul


Verão Inverno
Os egípcios haviam verificado que, Por volta do ano 238 a.C., Ptolomeu
depois de 365 dias, a sombra do 365 Euergetes propôs, então, que 3 anos de
gnômon, ao meio-dia, não voltava 365 365 dias cada fossem seguidos por um
exatamente onde esteve 365 atrás; 365 ano de 366 dias, chamado de Bissexto,
apenas depois de 4 anos de 365 365 o que faria com que o calendário não
dias e mais 1 dia é que o fenômeno 1 dia defasasse muito com relação às
ocorria. Com isso, propôs um estações. Esse procedimento foi
calendário em que que a duração adotado para o Calendário Juliano.
do Ano Médio seria de cerca de: 45 a .C. 366 dias Bissexto
44 a .C. 365 Normal
Ano Juliano médio 43 a .C. 365 Normal
42 a .C. 365 Normal
365,25d  365d 06h 41 a .C. 366 dias Bissexto
Ano Bissexto
Como pela definição de calendário, num ano deve haver um número inteiro de dias,
e como num ano trópico havia aproximadamente 365,25 dias, isso fazia com o Ano
de Calendário ser um pouco mais curto do que o Ano das Estações. Ocorria uma
defasagem entre o Calendário e as estações do ano.
primavera

primavera

primavera

primavera

primavera
Início da
Início da

Início da

Início da

Início da
365d 05h 48m 46s 365d 05h 48m 46s 365d 05h 48m 46s 365d 05h 48m 46s

Defasagem

365 dias 365 dias 365 dias 365 dias

1 dia

365 dias 365 dias 365 dias Bissexto: 366 dias

Como a defasagem era aproximadamente de 0,25 dias por ano, após 4 anos ela
atingia cerca de 1 dia inteiro. Para ressincronizar o calendário com as estações do
Ano, após 3 anos de 365 dias, adotava-se o ano bissexto de 366 dias.
Páscoa Cristã
Páscoa cristã
A definição da data da ocorrência da Páscoa foi um fato que determinou o
surgimento do Calendário Gregoriano substituindo o Calendário Juliano.

É adotado pela Igreja Católica que Cristo ressuscitou num domingo, logo após a
primeira Lua Cheia que ocorreu logo após o início da primavera boreal.

Assim, de acordo com o Concílio de Nicea, em 325 d.C., ficou definida a data do
Domingo de Páscoa:
é o primeiro domingo que ocorre depois da primeira Lua Cheia (eclesiástica)
que ocorre após ou no início da primavera boreal (eclesiástica).

O início da primavera eclesiástica, isto é, definida pela Igreja Católica, é sempre


no dia 21 de março
(o que nem sempre coincide com o fato real);
a Lua Cheia eclesiástica ocorre 14 dias depois da Lua Nova eclesiástica
(o que nem sempre é verdade, pois o movimento da Lua é bastante irregular);
finalmente, a Lua Nova eclesiástica é definida através do ciclo de Méton, o qual
pode ter um erro de 1 dia.
Lua
Início da Cheia Definição da
Primavera Eclesiástica Domingo
Boreal Eclesiástica de data
( 21 mar por definição ) Páscoa
Páscoa Cristã
Inverno Primavera Verão

Páscoa é o primeiro Domingo que ocorre após a


primeira Lua Cheia Eclesiástica que ocorre após ou
no Início da Primavera Boreal Eclesiástica ( 21 mar )
Lua 14 dias Lua
Nova Lua Cheia Eclesiástica: Cheia
14 dias depois da Lua Nova Eclesiástica ( Ciclo Metônico )

O ciclo Metônico pode diferir de 1 dia da verdadeira data da mudança da fase da Lua.
Cálculo da Data da Páscoa
Algoritmo de Oudin (1940) para cálculo da Páscoa para qualquer ano
A do Calendário Gregoriano. Todas as variáveis são inteiras.
Desprezam-se as partes fracionárias.
Por exemplo:
C = A/100, A = 2010
C = 20
N = A - 19*(A/19),
K = (C - 17)/25,
I = C - C/4 - (C - K)/3 + 19*N + 15,
I = I - 30*(I/30),
I = I - (I/28)*(1 - (I/28)*(29/(I + 1))*((21 - N)/11)),
J = A + A/4 + I + 2 - C + C/4,
J = J - 7*(J/7),
L = I - J,
M = 3  Março
M = 3 + (L + 40)/44, M = 4  Abril
D = Dia do mês D = L + 28 - 31*(M/4).
Definida a data (P) do Domingo de Páscoa, as demais datas das festas
Festas móveis do Calendário Religioso Católico ficam definidas da seguinte forma:

Cristãs Septuagésima
Domingo de Carnaval
Terça-feira de Carnaval
P-63 (dias antes da Páscoa)
P-49
P-47

Móveis Quarta-feira de Cinzas


Domingo de Ramos
P-46
P-7
Sexta-feira da Paixão P-2
Domingo do Espírito Santo P+49 (49 dias depois da Páscoa)
Santíssima Trindade P+56
Corpo de Cristo P+60 (sempre na quinta-feira)
Quarta-feira ( Quinta-feira )
de Cinzas Páscoa
Corpus Cristi
P - 46 P
P + 60

Quaresma
(Corresponde aos 46 dias antes da Páscoa)

P - 49 P-2
Domingo Sexta-feira
de Carnaval da Paixão
Calendários Romanos:

Calendário
Gregoriano
CALENDÁRIO GREGORIANO
A duração média do ano Juliano era de 365,25 dias, que era 0,007801 dias mais
comprida do que o ano Trópico (365,242199). Desde o Concílio de Nicea (325) até
1582 (papa Gregório XIII), a defasagem entre a primavera boreal astronômica e a
eclesiástica atingiu cerca de 10 dias (0,007801x(1582-325)).
Isso significa que a Páscoa eclesiástica ocorria cerca de 10 dias depois da data em
que de fato o início da primavera ocorria.
Isso causava uma defasagem no período da Quaresma (46 dias que antecedem a
Páscoa).

Para corrigir esse erro, o astrônomo Lélio assessorou o papa Gregório XIII para a
chamada Reforma Gregoriana, que pode ser vista como composta de duas fases:

Fase 1: recoincidir o dia 21 de março (início da primavera eclesiástica) com o real


início da primavera; para isto, retiraram os 10 dias compreendidos entre 4 e 15 do
mês de outubro de 1582; com isso, à quinta-feira, dia 4, seguiu-se a sexta-feira, dia
15!
Fase 2: adotar um novo comprimento para o ano (que passou a se chamar
Gregoriano); seriam bissextos todos os anos divisíveis por 4, exceto os anos
centenais (terminados em 00) que não fossem múltiplos de 400. Assim, 1900 não é
bissexto, mas 2000 sim.
Defasagem entre o Ano Juliano e as Estações
Primavera Verão Outono Inverno

Ano Trópico  365,242199d  365d 05h 48m 46s


~0,007801 dias 11m14s
Ano Juliano Médio  365,2500d  365d 06h 00m 00s
O Concílio de
Nicéa (325 d.C.) O Ano Juliano era cerca de 0,007801 dias
definiu que a mais longo que o Ano Trópico. Isso fez
primavera deveria com que, em 1582, o Calendário Juliano Papado de
ocorrer sempre no
estivesse defasado de cerca de 10 dias Gregório XIII
dia 21 de março. ( 1582 )
com relação às estações do ano.

Defasagem entre 325 e 1582:


( 1582 - 325 ) * 0,007801  10 dias
21 mar Com isso, a primavera
21 mar
estava chegando 10 dias
365,25 365,25 antes do dia 21 de março. 365,25 365,25
A defasagem entre o Calendário Juliano e
Motivo da Reforma as estações do ano fez com que a Páscoa
eclesiástica ocorresse cerca de 10 dias
Gregoriana depois da data em que de fato o início da
Lua Cheia primavera ocorreria.
Quarta-feira Isso causava uma defasagem no período
de Cinzas da Quaresma
Início da
P- 46 (46 dias que antecedem a Páscoa).
Conforme a Primavera Páscoa
Astronomia
Quaresma com definição astronômica
Deveria ser
Conforme a Período de 10 dias
Igreja Abstinências
Quaresma Eclesiástica

Temos que corrigir o calendário


para que não haja carnaval num 21 mar
período que deveria ser de Início da Páscoa
abstinências!
Primavera Eclesiástica
Eclesiástico Lua Cheia
Papa Eclesiástica
Gregório XIII
Para que a
Reforma Gregoriana? Por causa da diferença de
O que estava Início da 0,007801 dias por ano, em 1582
Primavera
acontecendo em a primavera boreal estava caindo
Boreal
1582 no dia 11 de março.

Mar Mar

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23

Inverno Primavera

Por causa da definição do


11 13 15 17 19 21 23
início da primavera feita no
Mar Mar Concílio de Nicea, a Igreja
Catálica queria modificar o
O que a Igreja Calendário Juliano de modo
queria que que a primavera realmente
acontecesse caisse em 21 de março.
Reforma 1582
Nossa!
Será que dormi 10

Gregoriana
Outubro dias em seguida?
Sexta
15
( Acerto da Origem )

Outubro de 1582
Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Dom

1 2 3 4 15 16 17
Para recoincidir o dia 21 de março
18 19 20 21 22 23 24 (início da primavera eclesiástica) com
o real início da primavera, retiraram os
25 26 27 28 29 30 31 10 dias compreendidos entre 4 e 15
do mês de outubro de 1582; com isso,
à quinta-feira, dia 4, seguiu-se a
sexta-feira, dia 15!
Reforma Gregoriana
( Definição do Ano Gregoriano )
Ano Trópico  365,242199d = 365d 05h 48m 46s

Primavera Verão Outono Inverno

Ano Juliano Médio  365d 06h 00m 00s

Ano Gregoriano Médio  365,2425d = 365d 05h 49m 12s

O Ano Gregoriano
Decompondo a duração do Ano Gregoriano Médio:
acarretará um
• 365,2425 dias desvio de
• 365 + 0,2425 1 dia a cada cerca
de 3.300 anos
• 365 + ( 0,24 ) + 0,0025
• 365 + ( 0,25 - 0,01 ) + 0,0025 Definição dos Anos
Bissextos no
• 365 + ¼ - 1/100 + 1/400 Calendário Gregoriano
Comparando os diferentes tipos de anos

Primavera Verão Outono Inverno

Ano Trópico  365,242199  365d 05h 48m 46s

~ 11m 14s
Ano Juliano Médio = 365,25  365d 06h 00m 00s

~ 26s
Ano Gregoriano Médio  365,2425  365d 05h 49m 12s

O Ano Gregoriano acarretará um desvio de


1 dia a cada cerca de 3.300 anos

Correção (devida à defasagem) no ano de: 1.582 + 3.300 = 4.882


Ano
Gregoriano
Verificar se um ano é bissexto
2005
Resto de Ano / 4 ? Resto
1, 2, 3 365 dias 2006
2007

Resto = 0

2008
O ano acaba em 00 ? NÃO Bissexto 2012
366 dias 2016

SIM

O Ano é múltiplo 2100


de 400 ? NÃO 365 dias 2200
2300

SIM Serão bissextos todos os anos divisíveis


por 4, exceto os anos centenais
2000 (terminados em 00) que não fossem
Bissexto 2400 múltiplos de 400. Assim, 1900 não é
366 dias 2800 bissexto, mas 2000 sim.
Conclusão
O desenvolvimento cada vez mais preciso dos
calendários foi importante agente do
desenvovimento da astronomia antiga, pois,
basicamente, todos os calendários antigos
estavam ancorados nos ciclos astronômicos
observáveis pelos antigos astrônomos.

A incomensurabilidade entre as durações dos


diferentes ciclos astronômicos apresentou uma
dificuldade que os antigos procuram vencer
lançando mão de diferentes métodos, muitos
deles usados ainda hoje.

A aplicação religiosa de certos calendários fez


com que eles fossem moldados segundo os
interesses da classe religiosa dominante no
local e na época considerados.
a d

Exercícios

Aula # 1: valor de 1 ponto.


Aula # 2: valor de 1 ponto.
Aula # 3: valor de 1 ponto.
Aula # 4: valor de 1 ponto.
Aula # 5: valor de 1 ponto.
Aula # 6: valor de 1 ponto.
Exercícios a d
1. Como se define um calendário?
2. Quais os períodos utilizados para fins de definição de calendários?
3. A palavra "dia" em português é bastante imprecisa. Defina-a como
ela é usada em astronomia.
4. O que é um gnômon?
5. Como se pode determinar a linha meridiana usando um gnônom?
6. Como se define a duração do dia usando o gnômon?
7. Qual a origem do período chamado semana?
8. Quais as fases da Lua e qual o motivo delas?
9. Qual a diferença entre lunação e mês lunar?
10. Por que não se usa a lunação nos calendários?
Exercícios a d
11. Como foi definida e obtida a duração do ano solar?
12. Como se define as diferentes estações do ano?
13. Caracterize equinócios e solstícios.
14. O que é o ciclo metônico?
15. Como se verificou a duração do ano Juliano com 365,25 dias?
16. Como se define a Páscoa crista? E as demais festas cristãs
móveis?
17. Que motivo levou a Igreja Católica a patrocinar a mudança do
Calendário Juliano em 1582?
18. Quais os dois passos tomados na reforma Gregoriana?
19. Como pode-se determinar se dado ano gregoriano é bissexto ou
não?
20. Calcule a data da Páscoa no ano em que você comemorar seu
centésimo aniversário.
Referências
bibliográficas
 Boczko, R., Conceitos de
Astronomia, Editora Edgard
Blücher, 1984
 Friaça, A.C.S. & DalPino, E. &
Sodré Jr.,L. & Jatenco-Pereira,
V., Astronomia: uma visão
geral do Universo, EDUSP,
2000
 Pannekoek, A., A history of
Astronomy, Interscience
Publisher, 1961
 Vorontsov-Véliaminov, B.,
Recueil de problemes et
d'exercices pratiques
d'Astronomie, Éditions de
Moscou, 1977
www.cruzeirodosul.edu.br

Campus Liberdade
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