You are on page 1of 8

1) Considerando o sensor da anemometria térmica, descreva a sua constante de tempo,

considerando uma resposta de 1a ordem.

O filamento aquecido possui inércia térmica, e, portanto, uma constante de tempo associada.

Um instrumento é de primeira ordem se somente a derivada de ordem unitária existe na relação


funcional entre saída e entrada. O que isto implica, fisicamente, é que há um atraso entre entrada e
saída, em outras palavras, decorre um certo tempo para que se tenha efeito total do sinal de entrada
no sinal de saída. Assim,

onde t = a1/a0 é a constante de tempo e, novamente, k = 1/a0. A resposta de um instrumento de


primeira ordem para um sinal de entrada tipo pulso (sinal rampa ou step function) de amplitude A é:

kA é a resposta permanente e todo o segundo termo à direita do sinal de igualdade é a chamada


resposta transiente, sendo y0 a condição inicial (a magnitude do sinal antes da entrada tipo pulso).

A figura abaixo exemplifica a resposta de um instrumento de primeira ordem à função pulso de


amplitude A para uma resposta permanente kA maior que a condição inicial, kA > y0.

A constante de tempo é definida como o tempo necessário para que o instrumento responda à função
rampa com 63,2% da faixa de variação do sinal, isto é, o range (kA-y0). A influência da constante de
tempo t na resposta do instrumento de primeira ordem à entrada em pulso aparece abaixo. No caso,
fizemos a condição inicial nula, y0 = 0, e a solução se reduz a:
Para exemplificar a utilidade da formulação matemática de um instrumento de primeira ordem,
vamos definir a fração erro:

ou, definindo a fração de erro:

Note então que o logaritmo da fração erro varia linearmente com a temperatura, e a inclinação da
reta é (-1/t). Uma expressão do tipo torna prática a determinação experimental da constante de
tempo de um instrumento de primeira ordem à uma entrada tipo pulso, veja:

2) O anemômetro térmico pode ser utilizado tanto para a medição de velocidade quanto para a
medição de temperatura. Explique como a ponte deve ser ajustada para cada tipo de medida e,
considerando as equações pertinentes, calcule a sensibilidade do instrumento à velocidade e à
temperatura.

Os anemômetros utilizando sensores termo-resistivos aquecidos tem constante de tempo pequena e


boa sensibilidade para pequenas velocidades. O circuito da ponte é dimensionado de forma que a sua
configuração resulte em uma corrente de específica no ramo onde se encontra o filamento. Além
desse ajuste de corrente, no ramo oposto deve ser dimensionado um divisor de tensão com resistor
variável para que a tensão de referência possa ser ajustada de maneira a equilibrar a tensão da ponte
no valor mais próximo possível de 0V.

O elemento sensível é geral um fio de tungstênio de 5 microns de diâmetro de 1.25 mm de


comprimento. Podem ter as extremidades recobertas para evitar perda de calor para as agulhas.

A variação da resistência de um sensor termo-resistivo com a temperatura depende do seu tipo. Para
os sensores do tipo PTC, cuja resistência é diretamente proporcional à temperatura, a variação de sua
resistência com a temperatura é dada por:

em que:

Pode-se fazer uma aproximação com um polinômio de segunda ordem sem perda de precisão. A
equação é escrita então da seguinte maneira:

Os termos de potência elevados maior que um, da equação, podem ser desprezados, logo esta
equação reduz-se a:

em que:

β é o coeficiente de temperatura de sua resistência elétrica.

A estimação da velocidade do fluido, ϑ, é feita a partir da equação do equilíbrio termodinâmico, na


qual o coeficiente de transferência de calor (h) com o meio varia com ϑ. A equação de King trata da
relação da troca de calor entre o sensor e o meio. Para estudos de fluidos com baixos valores do
número de Mach (relativa à velocidade do som), densidades e viscosidades constantes, o coeficiente
é dado por:

h=a+bϑ

onde:

a, b e n são constantes determinadas experimentalmente;

ϑ é a velocidade do fluido;

Quando os efeitos de outras grandezas físicas, além da velocidade, são importantes como densidade
e viscosidade do meio, esse coeficiente é dado por:

Nu = a + bRen ;

Re = ρdϑ/µ
Sendo:

Nu é o número de Nusselt;

Re é o número de Reynolds;

d é o diâmetro do sensor;

ρ é a densidade do meio

µ é sua viscosidade;

3) Explique como o circuito do anemômetro térmico mantém a temperatura do sensor constante.

No sistema de temperatura constante, um controlador tenta manter a temperatura constante


mantendo a resistência constante. Assim, a partir da equação de transferência de calor por convecção:

Q = Rw · I 2 = h · A (Tw − T∞)

Nesta equação, Q é o calor gerado pela dissipação de Joule no elemento sensor aquecido, Rw = Rw(Tw)
é a resistência do elemento sensor que é mantida constante (portanto a temperatura Tw também é
mantida constante), h é o coeficiente de convecção que varia com a velocidade e propriedades do
fluido, A é a área superficial externa do sensor, T∞ é a temperatura ao longe.

Efeito da temperatura ambiente - Um outro efeito que pode ter grande impacto é a temperatura
ambiente T∞. Variando a temperatura ambiente, muda-se a transferência de calor. A literatura
propõe diversas técnicas para se compensar este efeito usando a própria eletrônica, mas para manter
o sistema simples e lembrando que o sistema utiliza microcontroladores e computadores, esta
correção pode ser feita matematicamente como se descreve a seguir.

Se a saída eletrônica do anemômetro for a tensão no elemento sensor então,

Dada uma medição nas condições de operação (E e T∞), as condições nas condições de calibração
para uma mesma velocidade (E0 e T∞,0), desprezando quaisquer variações no coeficiente de
convecção h, podem ser obtidas usando a seguinte expressão:

4) Apresente o princípio de funcionamento de um anemômetro a laser-Doppler. Explique como é


possível resolver a direção e o sentido do escoamento por meio desta técnica.

Os mecanismos básicos de um escoamento podem ser estudados a partir da obtenção do campo de


velocidades. Apesar da evolução dos métodos computacionais que presumem as características do
escoamento, ainda há necessidade dos métodos experimentais para melhor entendimento dos
fenômenos físicos envolvidos e/ou validação dos modelos físicos teóricos.
A técnica LDV também é chamada de anemometria laser doppler (LDA) e sua alta resolução espacial
combinada com sua capacidade de acompanhar flutuações rápidas de velocidade o tornam uma
ferramenta importante para o estudo da turbulência.

É uma técnica de medição pontual de velocidade frequentemente usada. foi introduzida pela primeira
vez na década de 1960 e foi desenvolvido para dispositivos de medição fáceis de usar e disponíveis
comercialmente. É também m método de medição de velocidade não intrusivo através do qual as
velocidades instantâneas do fluido local podem ser medidas em alta resolução temporal.

Uma fonte de luz coerente é utilizada para gerar dois feixes que se cruzam, dando origem a franjas de
interferência. A luz utilizada é o laser que tem característica de ser monodirecional e monocromático
viabilizando mudanças em sua direção e do seu comprimento de onda a partir do sistema ótico. A
coerência do laser garante que a localização das franjas de interferência é constante e a diferença de
fase dos feixes é independente do tempo. A interseção dos feixes é denominada volume de medição.
quando uma partícula presente no fluido passa pelo volume de medição, ela causa um espalhamento
de luz, que é detectado por um sistema óptico. a frequência dessa luz espalhada é diretamente
proporcional à velocidade da partícula na direção perpendicular às franjas de interferência, e assim a
grandeza desejada pode ser calculada.

O elemento responsável por converter um sinal óptico em um sinal eletrônico é o fotodetector. Um


fóton de luz provoca a mudança do nível de energia de um elétron, ou seja, um fluxo de fótons do
sinal óptico implica em um fluxo de elétrons. a interação entre um campo óptico e o material
fotossensível é um fenômeno quântico, que inevitavelmente imprime um dado ruído ao sinal. essa
corrente produzida pelo fotodetector contém então a informação de frequência que será relacionada
com a velocidade do fluido.

As partículas traçadoras devem ter medidas que possibilitem seu acompanhamento com o
escoamento de modo que as velocidades medidas das partículas sejam idênticas à velocidade do
fluido. O sistema onde o escoamento percorre deve ser transparente o suficiente para possibilitar a
iluminação da área especificada. O fluido a ser medido também deve possuir transparência pelo
mesmo motivo.

Se pares adicionais de feixe de laser com diferentes comprimentos de onda forem direcionados para
o mesmo volume de medição, dois e até três componentes de velocidade podem ser determinados
simultaneamente. Para mudar o componente de velocidade que está sendo medido, deve-se alterar
o alinhamento do par de feixes em relação à direção desejada. Se num dos feixes do par houver um
incremento na frequência, o sistema LDV pode também medir reversões no escoamento.

Os sistemas LDV são normalmente equipados com moduladores óptico-acústicos, chamados de


células de Bragg, que permitem resolver o sentido do escoamento e permitem também a correta
avaliação das baixas velocidades. O propósito da Célula de Bragg é introduzir um desvio de frequência,
ou “shift”, fsh, em um dos feixes. Num sistema LDV sem deslocamento de frequência, as franjas no
volume de medição são estacionárias. Quando é introduzido o desvio na frequência de um dos feixes,
as franjas ópticas no volume de medição se movem no sentido do feixe de frequência modificada
(“shifted beam” – que está a uma frequência mais alta) para o outro (“unshifted beam” – a uma
frequência mais baixa). A frequência deste movimento das franjas é igual ao deslocamento de
frequência utilizado.

Movimento das franjas em um sistema LDV com “frequency shift”

Assim, uma partícula passando por este volume de medição e se movendo no sentido oposto ao das
franjas, gera um sinal com uma frequência que é igual à frequência de “shift” mais a sua própria
frequência Doppler. Por outro lado, o sinal de uma partícula passando pelo volume de medição, mas
se movendo no mesmo sentido que as franjas, será igual à diferença entre a frequência de “shift” e a
própria frequência Doppler. Se o escoamento que está sendo estudado apresenta reversões ou se há
componentes de velocidade pequenos a serem medidos, é necessário fazer uso de “frequency
shifting”.

Com uma frequência de desvio (fsh) de 1 MHz, a frequência de saída do sinal é de 1 MHz para
velocidade nula. A frequência aumenta de 1 MHz no sentido “positivo” do escoamento (é necessário
atribuir inicialmente o sinal positivo a um dado sentido e negativo ao outro, de acordo com a posição
dos feixes) e decresce de 1 MHz no sentido “negativo” do escoamento.

Deslocamento de frequência para a medição de reversões no escoamento.

A regra geral para medir reversões no escoamento é selecionar a magnitude do desvio de frequência
com valor de aproximadamente o dobro da frequência Doppler correspondente à máxima velocidade
negativa esperada. Sendo β o ângulo que caracteriza a mudança no sentido do escoamento, pode
haver uma reversão, tal que β =1800. O número de franjas no volume de medição (sem “shift” de
frequência) é NF. Neste caso, o número de ciclos no sinal do fotodetector, N1, depende da trajetória
da partícula

Onde V0 é a velocidade da partícula, df o espaçamento entre as franjas e dm o diâmetro do volume de


medição.

Com o desvio de frequência, ou “shift”, o número de ciclos no sinal, N, é:

onde NS é atribuído ao desvio de frequência.

5) Explique a diferença entre a medição do tipo forward scatter e backscatter na anemometria a


laser Doppler.

Enquanto no Laser Dopller quando uma partícula presente no fluido passa pelo volume de medição,
ela causa um espalhamento de luz, que é detectado por um sistema óptico. a frequência dessa luz
espalhada é diretamente proporcional à velocidade da partícula na direção perpendicular às franjas
de interferência, e assim a grandeza desejada pode ser calculada, o Backscatter é um tipo de
espalhamento no qual a direção do momento da partícula ou fóton espalhada muda de forma que a
direção da partícula é invertida ou o fóton é refletido de volta para sua fonte.

O Backscatter é uma das maneiras usadas na detecção de distância; você envia um laser e ele interage
em uma faixa de vários metros com o material em estudo e durante essa interação uma luz
retroespalhada (que possui características específicas para cada material) se move de volta para a
fonte do laser, onde você colocou seu detector também, então você pode coletá-lo e estudar o
material. Em geral, o momento das partículas espalhadas define essa nomenclatura; backscatter e
forward-scatter. Não há diferença na física de Backscatter e forward-scatter. Em ambos os casos, a
interação de sua partícula de sonda com um substrato a espalha através de algum ângulo θ. Se θ
estiver em torno de 180º, tendemos a chamá-lo de backscatter, caso contrário, é apenas forward-
scatter.

6) Explique matematicamente quais são as condições para considerar uma partícula como um
traçador adequado para as técnicas ópticas de medição de velocidade.

Uma partícula em suspensão em um escoamento unidirecional com gradiente de velocidade


transversal à direção do escoamento está sujeita a uma força de sustentação que atua na direção
transversal ao escoamento tendendo a desviar a partícula da linha de corrente (força de sustentação
de Safman). Para uma partícula esférica esta força é dada por:

onde Fs é a força de sustentação, cf uma constante, dp o diâmetro da partícula, ρf a massa específica


do fluido, uf a velocidade do fluido, up a velocidade da partícula, νf a viscosidade cinemática do fluido
e y é a direção normal ao escoamento. Observando-se a equação, fica claro que o diâmetro da
partícula deve ser pequeno para que o desvio seja aceitável.
Deve-se também considerar a diferença entre a massa específica do fluido e a massa específica das
partículas em suspensão. Para partículas de pequeno diâmetro, onde o número de Reynolds seja
suficientemente pequeno, a força de arraste pode ser aproximada pela lei de Stokes, sendo a
velocidade terminal em relação ao fluido, na direção da força gravitacional, expressa por:

onde, Vt é a velocidade terminal da partícula, g o módulo da aceleração da gravidade, ρp é a massa


específica da partícula, µf a viscosidade dinâmica do fluido e dp o diâmetro da partícula.

Outro fato a considerar é que a inércia da partícula impede que a mesma acompanhe variações
abruptas da velocidade do fluido ao seu redor. Para partículas com massa específica
aproximadamente igual à do fluido, a velocidade da partícula será aproximadamente igual a
velocidade do fluido ao seu redor, para qualquer instante, se o número de Stokes for menor que 1:

Nota-se que quanto menor o diâmetro da partícula, maior o espectro de frequências a que ela pode
responder. Entretanto, Adrian e Yao (1985) mostraram que existe um tamanho ótimo para as
partículas, devido ao fato que a potência luminosa necessária para obter a imagem aumenta quando
o tamanho da partícula diminui, e o tamanho da imagem da partícula diminui quando o tamanho da
partícula diminui. Adrian e Yao (1985) obtiveram como valor ótimo para o diâmetro das partículas dp
≈ 10 µm, para partículas de poliestereno em água e dp ≈ 5 µm para partículas de óleo ou vidro no ar.
Para partículas com 10 µm de diâmetro tem-se ωmax= 104 Hz. Quando comparamos este valor com
a resposta de frequência de um anemômetro de fio quente de temperatura constante, observa-se que
os dois valores são da mesma ordem de grandeza.

You might also like