153. Quando os países dominados por Arquelau foram reduzidos a Província,
Augusto deu-lhes o governo a Copônio, cavaleiro romano. Durante sua adminis- tração, um galileu, chamado Judas, levou os judeus a se revoltarem, censurando- os, porque pagavam tributo aos romanos, quase igualando homens a Deus, pois os reconheciam também como senhores. Judas foi o autor de uma nova seita, inteiramente diferente das três outras, das quais a primeira era a dos fariseus, a segunda, a dos saduceus e a terceira, a dos essênios, que é a mais perfeita de todas. Eles são judeus de nascimento; vivem em estreita união e consideram os prazeres como vícios, que se devem evitar, e a continência e a vitória sobre suas paixões como virtudes, que muito se devem estimar. Rejeitam o casamento, não porque julgam dever-se destruir a espécie humana, mas para se evitar a intemperança das mulheres que não guardam fidelidade aos seus maridos. Não deixam, entretanto, de reconhecer as crianças que lhes são dadas para instruírem e educá-las na virtude, com tanto cuidado e caridade como se fossem seus pais, e alimentam e vestem todas da mesma maneira. Desprezam as riquezas: todas as coisas são comuns entre eles, com uma igual- dade tão admirável que, quando alguém abraça a seita, despoja-se de toda pro- priedade, para evitar, por esse meio, a vaidade das riquezas, poupar aos outros a vergonha da pobreza e em tão feliz união viver juntos como irmãos. Não toleram a unção do corpo com óleo, mas se isso sucede a alguém, ainda que contra a vontade, eles limpam aquele óleo como se fossem manchas e julgam- se limpos e bastante puros, quando suas vestes são sempre brancas. Escolhem para ecônomos, homens de bem, que recebem todas as suas rendas e as distribuem segundo as necessidades de cada qual; não têm cidade certa onde morar; estão espalhados em várias, onde recebem os que desejam entrar em sua sociedade; ainda que jamais os tenham visto, dividem com eles o que têm como se os conhecessem há muito tempo. Quando fazem alguma viagem nada levam consigo, apenas armas para se defenderem dos ladrões. Eles têm em cada cidade alguns dos seus, para receber e alojar os de sua seita, que por ali passam e para lhes dar vestes e outras coisas de que podem ter necessidade.