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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO
DIVISÃO DE ENSINO SUPERIOR
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL
PROFESSOR: CEL COSTA
6º MÓDULO – DO NEGÓCIO JURÍDICO

FATO ATO NEGÓCIO


JURÍDICO JURÍDICO JURÍDICO
NASCIMENTO REGISTRO INVENTÁRIO

1. TEORIAS E CONCEITOS:

FATO – Qualquer ocorrência que interesse ou não ao direito, ao âmbito jurídico.


FATO JURÍDICO - Qualquer ocorrência que interesse ao direito, ao âmbito jurídico ou ao
mundo jurídico.
NEGÓCIO JURÍDICO - É a ação humana, fruto de uma vontade qualificada, que visa
diretamente alcançar um fim permitido na lei. 

2. CONCEITOS SOBRE NEGÓCIO JURÍDICO

Para Silvio Venosa: “São todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta,
ocasionam efeito jurídico.” (VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. Responsabilidade civil. 5.
ed. São Paulo: 2005. v. IV.)

Para Pontes de Miranda o Mundo Jurídico: “Nada mais é o mundo onde ocorrem os
fatos jurídicos.” (PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. 4.
ed. São Paulo: RT, 1974. t. II)

3. CARACTERÍSTICAS DO NEGÓCIO JURÍDICO:

OBJETIVO - Criar, Modificar, Conservar ou Extinguir relações jurídicas.


FATO GERADOR: A vontade humana,
LIMITES - Função social e boa–fé objetiva.

4. PRESSUPOSTOS BÁSICOS:

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EXISTÊNCIA – VALIDADE – EFICÁCIA

5. PENSANDO ACERCA DO NEGÓCIO JURÍDICO ACERCA DOS SEUS PRESSUPOSTOS BÁSICOS:

O ATO JURÍDICO PODE EXISTIR, MAS NÃO SER VÁLIDO – EX: O REALIZADO POR MENOR
SEM SER ASSISTIDO OU REPRESENTADO - CAMPO DA VALIDADE;
O ATO JURÍDICO EXISTE É NORMA, MAS NÃO É EFICAZ – EX: LEI DA MULTA DO USO DE
MÁSCARA – CAMPO DA EFICÁCIA.

5.1 PRINCÍPIO DO ATUAL CÓDIGO CIVIL QUANTO A VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO: (Art.
2.035):
A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor
deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus
efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se
houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem
pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da
propriedade e dos contratos. (acrescento aqui a boa-fé)
Ex: multa onerosa:
Contrato celebrado à luz CC/1916; até 2003, previa uma multa excessiva em caso de
inadimplemento, se o contrato perdura até hoje, será a aplicado o art. 406 e 413 do atual
Código Civil de 2002:
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que
estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. 
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação
principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.

“ESCADA PONTEANA”. (PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado.


4. ed. São Paulo: RT, 1974. t. III, p. 1)
Plano da Eficácia:
- Condição;
- Termo;
- Consequência de
Capacidade; inadimplemento;
- Outros elementos.
Liberdade – Vontade
Plano de validade: Plano de validade:
Capacidade; Capacidade;
Liberdade – Vontade livre; Liberdade – Vontade livre;
Licitude; Licitude;
Adequação às formas. Adequação às formas.

Plano de Existência: Plano de Existência: Plano de Existência:


- Agente; - Agente; -2Agente;
- Vontade; - Vontade; - Vontade;
- Objeto; - Objeto; - Objeto;
- Forma; - Forma; - Forma;
6. ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

6.1 ELEMENTOS NATURAIS - Pressupostos de existência;


6.2 ELEMENTOS ESSENCIAIS - Pressupostos de validade;
6.3 ELEMENTOS ACIDENTAIS – Pressupostos de eficácia.

6.1 PLANO DA EXISTÊNCIA:

6.1.1 - ELEMENTOS NATURAIS:

Quando analisamos os termos abaixo de forma isolada, percebemos que são apenas
substantivos sem adjetivos jurídicos, portanto, sem valor como negócio jurídico, é o que
chamamos de elementos naturais do negócio jurídico, são eles:

I - Parte; (Agente)

II - Vontade;
III - Objeto;
IV - Forma.

6.2 ELEMENTOS ESSENCIAIS. (OLHAR ART 166)

No entanto, quando enxergamos estes mesmos termos sob o aspecto do negócio


jurídico, devemos dar-lhes uma valoração jurídica que lhes dê um caráter jurídico. São os
denominados ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO nos termos do art. 104
CC/2002, são eles:

I - Agente capaz;
II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - Forma prescrita ou não defesa em lei.

EXCEÇÃO: (art. 1647 a 1649 do CC/2002):


Outorga ou Vênia Conjugal;
Súmula 332 do STJ:
A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia.
(NULIDADE)

6.3 ELEMENTOS ACIDENTAIS

Como Leciona Maria Helena Diniz “são aqueles em que as partes podem adicionar em
seus negócios para modificar uma ou algumas de suas consequências naturais”.
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I - Condição (evento futuro e incerto).
II - Termo (evento futuro e certo).
III - Encargo ou Modo (ônus introduzido em ato de liberalidade).
IV - Regras relativas ao inadimplemento do negócio jurídico (resolução).

Analisemos os elementos a partir dos essenciais, tendo em vista que a partir deles que
há a existência de um negócio jurídico.

7. DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

7.1 AGENTE CAPAZ

Para ser agente capaz é necessário possuir a capacidade absoluta nos termos do art.
1º do CC/2002, tendo e vista que o negócio jurídico realizado pelo agente incapaz
absolutamente, em regra é nulo, salvo se representado. Quando o agente for pessoa jurídica,
esta deve sempre ser representada. Apenas a título de conhecimento, segue abaixo os
representantes de algumas pessoas jurídicas:

7.2 PESSOA JURÍDICAS PÚBLICAS:

A União – Representa-se pelo Advogado Geral da União- AGU;


Os Estados – Representam-se pelos Procuradores Gerais - PGE;
Os Municípios – Representam-se pelos Procuradores Gerais - PGM;
Ministério Público União - Representam-se pelos Procuradores Gerais da República – PGR;
Ministério Público dos Estados - Representam-se pelos Procuradores Gerais da República –
PGR;
Polícia Militar da Paraíba – Representada pela PGE. A PMPB não é órgão autônomo para
figurar do polo passivo, os órgãos da administração direta e indireta serão representados
pela PGE-PB.
PESSOAS JURÍDICAS PRIVADAS – São representadas pelo seu corpo jurídico, que neste caso
deve ser inscrito junto a OAB.

7.3 QUANTO A LICITUDE DO OBJETO

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Objeto do negócio jurídico tem que ser lícito, ou seja, de acordo ou nos limites
impostos pela lei, não sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública, à boa-fé e à sua
função social ou econômica de um instituto.
Ex.: Não é admissível que se estabeleça relações contratuais onde o negócio jurídico
ou objeto seja o plantio de drogas, exploração de menores, etc.

7.4 QUANTO A POSSIBILIDADE

Quanto à POSSIBILIDADE do negócio jurídico esta pode ser FISICA ou JURÍDICA. A


possibilidade física se subdivide em possível e impossível. Será FÍSICA possível quando o
objeto puder ser apropriado por alguém, a exemplo de um contrato de compra e venda de
um veículo ou um objeto e será física impossível, quando não for possível que o adquirente
possa se apropriar do bem, a exemplo da venda de uma viagem ao sol.
Quanto ao CAMPO JURÍDICO, o negócio será válido quando a lei não vedar o seu
conteúdo por ser contrário aos bons costumes, à ordem pública, à boa-fé ou a função social
ou econômica de um instituto, por exemplo: venda de um imóvel para plantação de milho. Já
se esse mesmo imóvel tiver como objetivo o plantio de drogas, embora seja possível dom
ponto de vista físico, lhe falta a possibilidade jurídica.

7.5 QUANTO DETERMINAÇÃO:

O objeto jurídico além de requerer agente capaz, objeto possível e lícito, deve
também ser DETERMINADO seu objeto, ou seja, específico, ou DETERMINÁVEL, aquele que se
pode identificar, por exemplo: Uma arma de fogo possui um numero próprio e único, não
havendo outro, para cada arma um registro, assim esse objeto é determinado. Mas, caso
objeto não seja determinado, mas ao menos determinável, este fato não torna o negócio
jurídico inválido. Por exemplo: Quando adquire-se uma arma de fogo por uma empresa
devidamente legalizada a venda, não se sabe ainda os números da armas que serão objeto do
negócio, no entanto, é possível determinar que tais armas, com as características especificas
pertencerão a um lote X, assim sendo, embora não seja possível determinar quais as armas
de per si, sabe-se a quem elas serão entregues portanto o objeto é determinável.

7.6 OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: (art. 106 do CC/2002)

A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se


cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. (convalidação do negócio
no tempo)
Como Exemplo citamos a venda de um automóvel para ser entregue em tal data,
havendo uma greve que atrasa a entrega do veículo, nulo não será o negócio, posto que uma

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vez paralisada a greve, sendo o veículo fabricado o negócio fica mantido. No entanto, não fica
afastada a responsabilidade por danos morais ou materiais da concessionária, conforme o
caso, por exemplo: Digamos que, o veículo seria para transporte e carga, como o comprador
não pode fazer os transportes contratados, devido a greve, teve assim ele prejuízo nos lucros
da empresa, fato que justifica o ingresso de uma ação visando rever estes lucros cessantes e
as questões morais decorrente de seu descumprimento do contrato com seu cliente.

7.7 ANÁLISE QUANTO A FORMA

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma


especial, SENÃO QUANDO A LEI EXPRESSAMENTE A EXIGIR. (PRINCÍPIO DA
LIBERDADE DAS FORMAS).

CONCEITO DE FORMA : “ Conjuncto de solemnidades, que se devem observar, para que a


declaração da vontade tenha efficacia juridica. É o revestimento juridico, a exteriorizar a
declaração de vontade. Esta é a substancia do acto, que a fórma revela”. Clóvis Beviláqua
apud Flávio Tartuci.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

O NEGÓCIO JURÍDICO REALIZADO PELO INCAPAZ SEM REPRESENTAÇÃO É NULO; (art.


166, I do CC/2002)

O NEGÓCIO JURÍDICO REALIZADO PELO INCAPAZ RELATIVAMENTE É ANULÁVEL; (art.


171, I, do CC/2002)

8. DOS ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Os elementos acidentais do negócio jurídico, conforme leciona Maria Helena Diniz são
aqueles: “que as partes podem adicionar em seus negócios para modificar uma ou algumas
de suas consequências naturais”.
Os elementos acidentais do negócio jurídico não estão no plano da sua existência ou
validade, mas no PLANO DE SUA EFICÁCIA, sendo a sua presença até dispensável. Entretanto,
em alguns casos, que serão estudados, sua presença pode gerar a nulidade do negócio,
situando-se no plano da validade.
São elementos acidentais do negócio jurídico a CONDIÇÃO, o TERMO e o ENCARGO ou
MODO, tratados nominal e especificamente entre os arts. 121 a 137 do CC

 Condição (evento futuro e incerto).


 Termo (evento futuro e certo).

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 Encargo ou Modo (ônus introduzido em ato de liberalidade).

Quanto a regras relativas ao inadimplemento do negócio jurídico (resolução), não será


objeto de nosso estudo, tendo em vista a visão geral de nosso estudo no curso e formações de
oficiais da PMPB.

8.1 CONDIÇÃO (evento futuro e incerto). (Art. 121 do CC/2002)

Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da


vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto.

Condição pode ser conceituada como sendo: “Uma modalidade voluntária dos atos
jurídicos que lhes subordina o começo ou o fim dos respectivos efeitos à ocorrência ou não de
um evento futuro e INCERTO”. Ressalta-se que na hipótese em que o efeito do negócio estiver
subordinado a evento futuro e certo, o elemento será o termo e não a condição.
O elemento CONDIÇÃO se classifica quanto a LICITUDE, a POSSIBILIDADE, a ORIGEM,
aos EFEITOS.

8.1.1 QUANTO A LICITUDE

Quanto a sua licitude a CONDIÇÃO pode ser:

a) LICITA (art. 122 – CC/2002)

Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem
pública ou aos bons costumes (...)

Exemplo de uma condição lícita: O contrato de compra e venda.

b) ILÍCITA (in fine do art. 122 – CC/2002)

Quando o contrato só beneficia uma parte.

Art. 122 – (...) entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo
efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.

8.1.2 QUANTO A POSSIBILIDADE:

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Quanto a possibilidade da condição está poderá ser:

a) POSSÍVEL – São aquelas que podem ser cumpridas, física e juridicamente, não influindo na
validade do negócio, por exemplo: A venda subordinada a uma viagem a Europa;
b) IMPOSSÍVEL – São aquelas que não podem ser cumpridas, por uma razão natural ou
jurídica, influindo na validade do ato e gerando a sua nulidade absoluta, nos termos do que
prevê a lei. Quando são suspensivas geram a nulidade absoluta do negócio jurídico (art. 123,
I, do CC). Exemplo: venda subordinada a uma viagem do comprador ao planeta Marte.

8.1.3 QUANTO A ORIGEM

Quanto a origem a CONDIÇÃO pode ser:

a) CAUSAIS ou CASUAIS – venda de dependente de um evento casual – Ex.: Se chover ou se


fazer sol;
b) POTESTATIVAS: Depende da vontade humana e se subclassificam em:

- MERAMENTE POTESTATIVAS – Depende da vontade de duas pessoas – Ex: Cantar em um


show;
- PURAMENTE POTESTATIVAS – Depende da vontade unilateral. Ilícita – segundo o art. 122 do
CC/2002. Ex: Dou-lhe um veículo se eu quiser.;
- PROMÍSCUAS – Que inicialmente inicia-se é meramente potestativa, entretanto, dificulta a
sua realização, exemplo: Dou-lhe um carro, se você for campeão e se você jogar o
campeonato seguinte.
- MISTAS - Depende tanto da vontade humana como de um evento casual, exemplo: Dou-lhe
um veículo se você cantar amanhã, desde que não esteja chovendo.

8.1.4 QUANTO AOS EFEITOS

Quanto aos efeitos a CONDIÇÃO pode ser:

a) SUPENSIVAS – Quando suspende os efeitos do negócio jurídico enquanto não ocorrem.


(art.125 CC/2002)
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição
suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a
que ele visa.

Exemplo: A venda de um vinho que dependa da aprovação do ad gustum do comprador.

OBS. 1 (art. 126 CC/2002)

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Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e,
pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor,
realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.

Exemplo: Alteração do valor do vinho.


Exemplo: Venda de vinho, pendente de análise por técnico, porém o adquirente é
incapaz sem assistência.

b) RESOLUTIVAS – Quando, mesmo não sendo implementadas, não afeta o negócio jurídico
principal. (art. 127 CC/2002):

Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará
o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por
ele estabelecido.

Ex: A propriedade resolúvel (art. 1.359 CC/2002);

Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo


advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais
concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a
resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha.

Ex: Retrovenda (art. 505 CC/2002);

Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la


no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e
reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período
de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização
de benfeitorias necessárias.

Ex: Alienação Fiduciária.(Art. 1.361 do CC/2002)

Art. 1.368-B. QA alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel


confere direito real de aquisição ao fiduciante, seu cessionário ou sucessor.

OBS. 2 : REGRAS PARA INDETIFICAR UMA CONDIÇÃO SUSPENSIVA OU RESOLUTIVA:

As condições suspensivas sempre vêm antecedidas da conjunção “SE”. Enquanto que as


condições resolutivas sempre vêm antecedidas da conjunção “ENQUANTO”.

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8.2 TERMO

O TERMO é o elemento acidental do negócio jurídico que faz com que sua eficácia fique
subordinada à ocorrência de evento futuro e CERTO. Melhor conceituando, o termo é: “o
evento FUTURO E CERTO cuja verificação se subordina o começo ou o fim dos efeitos dos atos
jurídicos”.
O TERMO, classifica-se em INICIAL (dies quo) com o início do negócio jurídico e FINAL
(dies ad quem) com o fim do negócio jurídico.

QUADRO DEMONSTRATIVO DA DIFERENÇA ENTRE CONDIÇÃO SUSPENSIVA E TERMO INICIAL


CONDIÇÃO SUPENSIVA – suspende o exercício Ambos permitem a
e a aquisição do prática de atos de
direito; (art. 131 conservação do direito.
CC/2002)

– subordina a eficácia
do negócio a evento
futuro e incerto.
(Compra do vinho)

TERMO INICIAL (OU – suspende o exercício,


SUSPENSIVO) mas não a aquisição do
direito;

– subordina a eficácia
do negócio a evento
futuro e certo.
(Inventário – herdeiro
legítimo – bem de
família)

Quanto a ORIGEM o TERMO pode ser: LEGAL quando Fixado pela norma, exemplo do
momento da atuação do inventariante. Ou CONVENCIONAL, quando é fixado pelas partes do
negócio, por exemplo, o fim do contrato de locação.

Quanto a CERTEZA o TERMO pode ser CERTO ou DETERMINADO, quando se sabe o


momento de sua ocorrência, a exemplo do fim do contrato de locação. Ou TERMO INCERTO ou

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INDETERMINADO, quando não se sabe quando o evento ocorrerá a exemplo da morte de uma
pessoa.(mas a pessoa vai morrer, condição humana)

OBS. 1 REGRA PARA IDENTIFICAR UM TERMO QUANTO A CERTEZA, o elemento TERMO


sempre vem antecedido da conjunção “QUANDO”, Ex.: Dou-lhe um carro quando seu pai
falecer.

8.3 ENCARGO OU MODO

Elemento acidental que traz um ônus relacionado com uma liberalidade. Exemplo:
doação, testamento e legado. O encargo é usualmente identificado pelas conjunções PARA
QUE e COM O FIM DE.

OBSERVAÇÃO - 1:

Nos termos do art. 136 do CC/2002, o encargo não suspende a aquisição nem o
exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo
disponente, como condição suspensiva.

Por exemplo: O donatário que recebe um terreno para construir uma creche e não a
constrói no prazo estabelecido pelo doador, é causa de revogação do contrato de doação.


Encargo Condição
ou modo suspensiva

EXEMPLO GERAL PARA COMPREENSÃO DE ALGUNS ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

DOU UM TERRENO PARA PLANTAÇÃO DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS (encargo) A SEREM


DOADOS A PESSOAS CARENTES, (possível o exercício do direito) DESDE QUE(condição
suspensiva), NÃO SEJAM PAGOS OS DIREITOS TRABALHISTAS DAS PESSOAS NA OBRA
EMPREGADAS. (condição suspensiva impossível) - nulidade absoluta – incidência do art. 123, I
do CC/2002) (não é possível o exercício do direito)

OBSERVAÇÃO - 2:

Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se


constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o
negócio jurídico.

Trata-se de uma inovação, não havendo correspondente no Código Civil de 1916. O


comando em questão traz, em sua primeira parte, o princípio da conservação negocial ou
contratual, relacionado com a função social dos contratos. Desse modo, despreza-se a ilicitude
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ou a impossibilidade parcial, aproveitando-se o resto do negócio. A segunda parte traz previsão
pela qual o encargo passa para o plano da validade do negócio, caso seja fixado no instrumento
como motivo determinante da liberalidade, gerando eventual nulidade absoluta do negócio
jurídico.

Para ilustrar, podemos citar a doação de um prédio no centro da cidade de João Pessoa,
feita com o encargo de que ali se reúnam ETs, deve ser considerada como pura e simples,
enquanto que, se essa doação tiver o encargo da criação de um Tribunal de Exceção, neste caso
há uma condição suspensiva ilícita e impossível, nulidade absoluta do negócio jurídico.

9. DOS VÍCIOS OU DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

9.1 CONCEITO: Consistem em fatos que, uma vez presentes no negócio jurídico o tornam nulo
ou passível de anulação. São, pois, falhas, anomalias, que fazem com que a vontade não seja
corretamente ou totalmente manifestada e observada.(*)

(*)(https://www.jusbrasil.com.br/artigos/defeitos-ou-vicios-do-negocio-juridico/.(pesquisado em
26/05/2023.)

DE
CONSENTI
MENTO

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VÍCIOS
9.2 OS VÍCIOS DE CONSENTIMENTO SÃO: SOCIAIS
9.2.1 ERRO – (art. 138 a 144 – CC/2002)
9.2.2 DOLO - (art. 145 a 150 – CC/2002)
9.2.3 COAÇÃO - (art. 151 a 155 – CC/2002)
9.2.4 ESTADO DE PERIGO - (art. 156 – CC/2002) NOVO
9.2.5 LESÃO - (art. 157 – CC/2002) NOVO

9.3 JÁ OS VÍCIOS SOCIAIS SÃO:

9.3.1 FRAUDE CONTRA CREDORES - (art. 158 a 165 – CC/2002)


9.3.2 SIMULAÇÃO - (art. 167 – CC/2002) – Dúvida na doutrina se ainda é vício.

INFORMAÇÕ ES ADICIONAIS

VÍCIOS
VÍCIO OU REDIBITÓR
VÍCIO DO
DEFEITO PRODUTO (art. IOS
N.J. 18 a 26 do – (art. 441-
CDC 446 cc/2002)

9.2.1 DO ERRO: (art. 138 CC/2002)

O erro é um engano fático, uma falsa noção, em relação a uma pessoa, ao objeto do
negócio ou a um direito, que acomete a vontade de uma das partes que celebrou o negócio
jurídico.
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de
vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa
de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

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Em síntese, mesmo percebendo a pessoa que está agindo sob o vício do erro, do
engano, a anulabilidade do negócio continua sendo perfeitamente possível.

São princípios do negócio jurídico que devem ser levados a efeito quando da análise de
negócio jurídico à luz do vício do erro:
A BOA FÉ que pode ser subjetiva, sendo elemento do suporte fático de alguns fatos
jurídicos; a qual não mais sub-existe no direito civil, sendo suprimido pela boa-fé subjetiva que
passa a ser uma norma de conduta a ser observada em todo negócio jurídico que impõe e
proíbe certas condutas, além de criar situações jurídicas ativas e passivas. 
São ainda princípio A ÉTICA e a MANUTENÇÃO DO NEGÓCIO.
Quanto a CULPA no negócio jurídico a doutrina diverge acerca da culpa no erro do
negócio jurídico.
O erro pode ser ESCUSÁVEL, ou seja, perdoável por ser inevitável, estando presente a
boa fé objetiva.
Por exemplo: “A” vende um carro para “B”, porém mesmo após uma perícia simples não
foi possível se identificar a adulteração no chassis, somente diante de uma perícia feita pelo IPC
foi detectada, neste caso é evidente que “A”, não agiu com dolo e até nem culpa, é um fato que
qualquer estaria sujeito, o erro no caso foi do órgão estadual de transito por não ter um corpo
de peritos hábeis.
Por outro lado, o erro pode ser INESCUSÁVEL, ou seja, imperdoável.
Peguemos o exemplo acima, só que desta feita “A” e nem “B” buscam fazer uma perícia
no veículo, neste caso há uma culpa pela negligência de não observar as normas legais acerca
da compra e venda de veículo. Há que se verificar neste caso se a culpa de ambos, ou até, se for
o caso, o dolo de “A”. Neste caso não existe a boa fé objetiva por parte de “A” e quanto a “B” a
que ser verificado.
Seguem a linha doutrinária da desnecessidade de ser verificada a culpabilidade no
ERRO: Sílvio de Salvo Venosa, Inácio de Carvalho Neto, Gustavo Tepedino, Heloísa Helena
Barboza, Flávio Tartuce e Maria Celina Bodin de Moraes. Já os que defendem que sim deve ser
avaliado o erro são: Maria Helena Diniz, Sílvio Rodrigues, J. M. Leoni Lopes de Oliveira, Carlos
Roberto Gonçalves.
Porém, de acordo com art. 138 do CC/2002, não mais interessa se o erro é escusável
(justificável) ou não. Isso porque foi adotado pelo comando legal o princípio da confiança. Boa
Fé Objetiva; Eticidade e Manutenção do Contrato. Tal fato fica evidenciado na expressão: “erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio.”
Voltemos ao exemplo da venda do veículo: Se “B”, é maior e capaz, naturalmente sabe
que é fundamental fazer uma perícia ao se adquirir um veículo (diligência normal), mas devido
o preço (circunstância) ele silencia devido à vantagem no valor, mesmo diante do silêncio

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imperdoável de “B” o negócio é anulável à luz do art. 138 do CC/2002, o que não ocorreria se
estivesse em vigor o CC/1916.
O ERRO se classifica conforme sua circunstância, podendo ser: ERRO SUBSTANCIAL (art.
139); ERRO POR FALSO MOTIVO (art. 140); ERRO POR MEIO INTERPOSTO (art.141); ERRO
ACIDENTAL (art. 142); ERRO DE CÁLCULO (art. 143).
a) ERRO SUBSTANCIAL (art.139 CC/2002) pode ser IN CORPORE, IN PERSONA ou de DIREITO.

- ERRO IN CORPORE
Afeta o objeto principal da declaração, ou a alguma de suas qualidades a ele essenciais.
No exemplo utilizado, o veículo é objeto do erro por ser adulterado.

- No ERRO IN PERSONA.
Aqui há uma falha na pessoa, por exemplo: Digamos que “B” fosse incapaz de celebrar
um negócio sem um assistente ou representante. Outro exemplo: Ignorar um vício
comportamental de alguém e celebrar o casamento com essa pessoa, erro essencial previsto no
artigo art. 1.557 do CC/2002:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro
tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao
cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne
insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que
não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio
ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua
descendência.

- ERRO de DIREITO
Há uma falha no direito que rege o contrato, por exemplo: o veículo vendido com preço
superior ao de mercado, desconhecimento de “B”, é possível a anulação do contrato para que
seja o valor atualizado. O erro de direito é uma novidade no CC/2002.
Outro exemplo: CONTRATO DE LOCAÇÃO – AÇÃO RENOVATÓRIA - NOVO CONTRATO
MAIS ONEROSO – DESCONHECIMENTO DO LOCATÁRIO – PRAZO AINDA VINCENDO – BOA FÉ
OBJETIVA – PRESENTE - ERRO ESSENCIAL OU SUBSTANCIAL DE DIREITO – ANULAÇÃO DO NOVO
CONTRATO – POSSIBILIDADE - EXCEÇÃO AO ART. 3º DA LINDB.

b) ERRO POR FALSO MOTIVO – (art. 140 CC/2002)

Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso


como razão determinante.

15
O erro desta espécie tem que ser expresso como razão determinante do negócio
jurídico. Por exemplo: DOAÇÃO SOB A ALEGAÇÃO DE “A” SER PROPRIETÁRIO, DEPOIS
DESCOBRE-SE QUE “A” NÃO ERÁ PROPRIETÁRIO, NESTE CASO HÁ NEGÓCIO ANULÁVEL POR
VÍCIO DETERMINANTE DE FALSO MOTIVO.
Porém, se “A” Compra de “B” um veículo rosa para presentear uma filha, porém o
Aniversariante filho. Não obstante o erro de “A”, para “B” o objetivo da compra era presentear
um dos filhos, não importando qual deles seria presenteado. Negócio não anulável por falso
motivo.

c) ERRO POR MEIO INTERPOSTO – (art. 141 CC/2002)

Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é


anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.

É a transmissão errônea da vontade por meios interpostos ocorrendo a transmissão


errônea da vontade por meios interpostos, sendo causa de anulabilidade e não de nulidade
como aparentemente posto pelo Código anterior. Entre os meios interpostos de transmissão da
vontade inserem-se todos os meios de comunicação, escrita e audiovisual, sobretudo a
internet. O dispositivo aplica-se, portanto, aos chamados “contratos eletrônicos”, por exemplo:
Compro um celular por um aplicativo e me vem um tijolo; Compro um celular Apple e recebo
um celular Motorola ou compro um terreno num lote A recebo outro em lote B.
Deve-se atentar para a grande importância dos contratos eletrônicos, que se
enquadram como contratos atípicos, aqueles sem previsão legal, nos moldes do art. 425 do CC.

“Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais
fixadas neste Código.”

d) ERRO ACIDENTAL – (art. 142 CC/2002)

Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a


declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e
pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.

Sabe-se que o erro acidental diz respeito aos elementos secundários, e não essenciais
do negócio jurídico. O erro acidental não gera a anulabilidade do negócio, não atingindo o
plano de sua validade. Ao contrário do erro essencial, no erro acidental o contrato é celebrado
mesmo sendo conhecido pelos contratantes. O erro acidental está previsto no art. 142 do
Código Civil, eis que nos casos de erro quanto ao objeto (error in corpore) e de erro quanto à
pessoa (error in persona), não se anulará o negócio jurídico quando for possível a identificação
dessa coisa ou pessoa posteriormente. Por exemplo: “Se “A” pensar que comprou o lote n. 4 na

16
quadra “X”, quando, na verdade, adquiriu o lote n. 4 na quadra “Y”, ter-se-á erro substancial
que não invalidará o ato negocial se o vendedor “B” vier a entregar-lhe o lote n. 4 da quadra
correta, visto que não houve qualquer prejuízo a “A”, diante da execução do negócio de
conformidade com a sua vontade real. Como prevê o art. 144 do CC/2002:

Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a


pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para
executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.

e) ERRO DE CÁLCULO – (art. 143 CC/2002)

Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de


vontade.

É a hipótese de erro material retificável, sendo certo que o erro de cálculo não anula o
negócio, mas apenas autoriza a possibilidade de retificação da declaração de vontade, por
exemplo: Você compra um veículo em 5% de juros e o cálculo é feito com 6%. Se o vendedor
corrigir não há que falar anular o contrato.

9.2.2 DO VÍCIO DE CONSENTIMENTO DOLO - (art. 145 a 150 – CC/2002)

O dolo pode ser conceituado como sendo o artifício ardiloso empregado para enganar
alguém, com intuito de benefício próprio. É como diz a doutrina a arma ou instrumento do
ESTELIONATÁRIO.
São espécies de vício de dolo: ESSENCIAL; (art. 145); ACIDENTAL; (art. 146) SILENCIOSOS
(art. 147); DE TERCEIRO (art. 148); DO REPRESENTANTE LEGAL (art. 149) e o RECÍPROCO (art.
150, CC/2002).

a) DO DOLO ESSENCIAL (art. 145)

Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua
causa.

Nessa espécie de dolo uma das partes do negócio utiliza artifícios maliciosos, para levar
a outra a praticar um ato que não praticaria normalmente, visando a obter vantagem,
geralmente com vistas ao enriquecimento sem causa. Mas o dolo se revela na sua causa. Ex:
“A” vende algo a “B”, sabendo que não é seu.

b) DOLO ACIDENTAL - (art. 146)

17
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é
acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por
outro modo.

Ocorre quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. Ex:
Aluguel de imóvel, com promessa de posse em 30 dias, porém, o locador sabe que o atual
inquilino pagou por mais 60(sessenta) dias no imóvel.

DOLO ACIDENTAL - art. 146 DOLO ESSENCIAL – art. 145

Não está obrigatoriamente relacionado com um Está relacionado com um negócio


negócio jurídico, não gerando qualquer jurídico, sendo a única causa da
anulabilidade. sua celebração (dolo essencial).

Se eventualmente atingir um negócio, gera Sendo o dolo essencial ao ato,


somente o dever de pagar perdas e danos, devendo causará a sua anulabilidade, nos
ser tratado como dolo acidental (art. 146 do CC). termos do art. 171, II, do CC,
desde que proposta ação no
prazo de 4 anos de celebração do
negócio, pelo interessado (art.
178, II, do CC).

c
c) DO SILÊNCIO DOLOSO - (art. 147)

Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das
partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado,
constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria
celebrado.

Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de
fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que
sem ela o negócio não se teria celebrado.
Ex.: “A” vende um carro para “B” e silencia quanto acerca de irregularidade no DETRAN.
ERRO INESCUSÁVEL; SILÊNCIO DOLOSO; DOLO ESSENCIAL.

18
d) DOLO DE TERCEIRO: (art. 148)

Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro,
se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em
caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá
por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.

Conforme o art. 148 do CC, isso pode acontecer se a parte a quem aproveite dele tivesse
ou devesse ter conhecimento. Em caso contrário, ainda que válido o negócio jurídico, o terceiro
responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. Simplificando, tendo
conhecimento o contratante ou negociante beneficiado, haverá dolo essencial. Não havendo tal
conhecimento, o dolo é acidental, o que logicamente depende de prova.
De qualquer forma, é difícil a prova desse conhecimento da parte beneficiada ou que ela
deveria saber do dolo. Para tanto, deve-se levar em conta a pessoa natural comum, o que antes
era denominado como homem médio, a partir das regras de comportamento e de experiência,
o que está de acordo com a teoria tridimensional de Miguel Reale. Em suma, deve-se ter como
parâmetro a conduta do homem razoável (“reasonable man”).

FATO

CONDUTA DO REGRAS DE
HOMEM COMPORTAMENT
RAZOÁVEL O

VALOR NORMA

19
No dolo de terceiro, se a parte a - TEM CIÊNCIA O negócio é anulável.
quem aproveita dele:
- NÃO TEM CIÊNCIA O negócio não é
anulável, mas o lesado
pode pedir perdas e
danos ao autor do dolo.

LOJA (concessionária)

Se ambos têm
Negócio conhecimento
Principal Dolo de Terceiro, Senão,
COMPRA Perdas e danos.
E
VENDA
(veículo)

COMPRADOR VENDEDOR (TERCEIRO)


Veículo está em linha de
produção.

e) DOLO DO REPRESENTANTE LEGAL – (art. 150)

Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o


representado a responder civilmente até a importância do proveito que
teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado
responderá solidariamente com ele por perdas e danos.

Aqui uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância
do proveito que teve. Mas se o dolo for do representante convencional, o representado
responderá solidariamente com ele por perdas e danos. Ou seja, quem age em nome da parte é
20
seu representante, como se fosse o próprio. Se o representante induz ao erro a outra parte,
este será anulável.

f) DOLO RECÍPROCO: “TU QUOQUE” (art. 150).

Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo
para anular o negócio, ou reclamar indenização.

Segundo tal artigo, não podem as partes alegar os dolos concorrentes, permanecendo
incólume o negócio jurídico celebrado, não cabendo também qualquer indenização a título de
perdas e danos. Exemplificando, se duas ou mais pessoas agirem com dolo, tentando assim se
beneficiar de uma compra e venda, o ato não poderá ser anulado. De toda sorte, se os dolos de
ambos os negociantes causarem prejuízos de valores diferentes, pode ocorrer uma
compensação parcial das condutas, o que gera ao prejudicado em quantia maior o direito de
pleitear perdas e danos da outra parte. Também chamado de dolo bilateral (de ambas as
partes) ou DOLO COMPENSADO OU DOLO ENANTIOMÓRFICO.

9.2.2.1 CLASSIFICAÇÃO DO DOLO:

a) QUANTO AO SEU CONTEÚDO:

- DOLUS BONU - Lábia do vendedor, enganar para tomar remédio e espelho em academia que
emagrece.

- DOLUS MALUS – Astúcia maliciosa

b) QUANTO A CONDUTA DA PARTE:

POSITIVO - Propaganda enganosa;


NEGATIVO – Omissão dolosa – silêncio doloso – prédio na planta;
RECÍPROCO OU BILATERAL. Dolo enantiomórfico , recíproco ou bilateral.

INFORMAÇÃO ADICIONAL:

TRT-PR-08-02-2008 BOA-FÉ OBJETIVA - REGRA TU QUOQUE - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA -


AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO Viola a regra tu quoque, decorrente da boa-fé objetiva
(CCB, art. 422), o Administrador Público que contrata trabalhador sem observância da
exigência do art. 37, II, da Constituição da República, e depois lhe nega qualquer direito,
pretendendo aproveitar-se do próprio ato ilícito. Não é possível reconhecer, por aplicação da
boa-fé objetiva, a existência de contrato de trabalho, sem aprovação em concurso público,

21
pois a boa-fé objetiva deve ser instrumento para viabilizar a aplicação dos princípios
constitucionais, e não negá-los. A boa-fé objetiva, contudo, permite a reparação do prejuízo
sofrido pelo trabalhador, de haver trabalhado como se empregado fosse, mas sem
reconhecimento dessa condição, através do arbitramento de indenização equivalente aos
direitos que teria o trabalhador em contrato formal de trabalho. (TRT-9 71200723901 PR 71-
2007-23-9-0-1, Relator: EDUARDO MILLÉO BARACAT, 2A. TURMA, Data de Publicação:
08/02/2008)

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR POLICIAL MILITAR EM FOLGA.


RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA
VIGÊNCIA DAS LEIS Nº 13.015/2014 E 13.467/2017. RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE
EMPREGO. POLICIAL MILITAR. SEGURANÇA PRIVADA. REQUISITOS DO ART. 3º DA CLT.
SÚMULA Nº 386 DO TST. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO. I.
(TST-RR: 10013632620175020261, Relator: Alexandre Luiz Ramos, Data de Julgamento:
01/06/2021, 4ª Turma, Data de Publicação: 11/06/2021).

9.2.3 COAÇÃO: (art.151)

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que
incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerávvel à sua
pessoa, à sua família, ou aos seus bens.

9.2.3.1 CARACTERÍSTICAS:

a – GRAVE;
b) – CAPAZ DE IMPUTAR MEDO OU TEMOR DE DANO SÉRIO;
c) – INJUSTA (ilícita, contrária ao direito, abusiva);
d) – IMINENTE E ATUAL;
e)– DEVE CONSTITUIR AMEAÇA DE PREJUÍZO À PESSOA OU BENS DA VÍTIMA OU DE
SEUS FAMILIARES.

9.2.3.2 ESPÉCIES DE COAÇÃO: (art.151 CC/20020)

a) COAÇÃO FÍSICA:

Celebração de contrato por pessoa sob efeito de substância alucinógena.

b) COAÇÃO MORAL ou PSICOLÓGICA:

Pagamento de dízimo a igreja sob pena de ser condenado ao inferno.

22
(TJRS, Apelação Cível 583443- 30.2010.8.21.7000, Esteio, 9.ª Câmara Cível, Rel. Des. Iris
Helena Medeiros Nogueira, j. 26.01.2011, DJERS 11.03.2011).

c) COAÇÃO INDIRETA: (P. Único do art.151)

Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do


paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.

Aqui o temor se refere a amigo íntimo do negociante ou à sua namorada, pode-se falar
na presença desse vício do consentimento. Ex.: Ameaça a noiva do negociante.

9.2.3.4 DA ANÁLISE DO ATO DE COAÇÃO (art.152)

Ao apreciar o ato de coação, deve o magistrado levar em conta, o sexo, idade, condição
(social), saúde, temperamento do paciente e outras circunstâncias que possam influir na
gravidade dela.

9.2.3.5DO TERMOR REVERENCIAL (art.153)

Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um


direito, nem o simples temor reverencial.

Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples


temor reverencial. Ex.: Um filho doa para uma instituição um valor X, para não deixar seu pai
magoado por um erro cometido.
ATENÇÃO – Se houver coação por parte da Universidade.

9.2.3.6 DA COAÇÃO POR TERCEIRO: (art.154 e 155)

Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela
tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta
responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.

Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem


que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas
o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver
causado ao coacto.

23
Só vicia o negócio se, a parte que se beneficiou tinha conhecimento e há
responsabilidade solidária, por perdas e danos, independente do conhecimento.
Ex.: Um casamento onde há coação de um familiar, se a noiva tiver conhecimento o
negócio é anulável e responsabilidade é solidária, caso ela não tenha, apenas o responsável
pela coação.

9.2.4 DO ESTADO DE PERIGO (art.156)

Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da


necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.

Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se,


ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte,(elemento subjetivo)
assume obrigação excessivamente onerosa.(elemento objetivo)
A sanção a ser aplicada ao ato eivado de estado de perigo é a sua anulação – arts. 171,
II, e 178, II, do CC. O último dispositivo consagra prazo decadencial de quatro anos, a contar da
data da celebração do ato, para o ingresso da ação anulatória.

ESTADO DE
PERIGO

ELEMENTO
ELEMENTO
SUBJETIVO:
OBJETIVO:
SITUAÇÃO DE
ONEROSIDADE
PERIGO CONHECIDO
EXCESSIVA
DA OUTRA PARTE

24
ESTADO DE PERIGO DE TERCEIRO: (P. Único do art.156)

Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do


declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.

Exemplo: Alguém que tem pessoa da família sequestrada, tendo sido fixado o valor do
resgate em R$ 10.000,00 (dez mil reais). Um terceiro conhecedor do sequestro oferece para a
pessoa justamente os dez mil por uma joia, cujo valor gira em torno de cinquenta mil reais. A
venda é celebrada, movida pelo desespero da pessoa que quer salvar o filho. O negócio
celebrado é, portanto, anulável.

Outra ilustração relevante é apontada pelo professor paraibano Rodrigo Toscano de


Brito. Sinaliza o doutrinador para o caso do pai que chega com o filho acidentado gravemente
em um hospital e o médico diz que somente fará a cirurgia mediante o pagamento de R$
100.000,00. O preço é pago e a cirurgia é feita, mediante a celebração de um contrato de
prestação de serviços.

Como se vê, estão presentes todos os requisitos do estado de perigo: há o risco,


conhecido pelo médico (elemento subjetivo), tendo sido celebrado um negócio
desproporcional, com onerosidade excessiva (elemento objetivo)

9.2.5 LESÃO: (art.157 CC/20020)

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou
por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta.

Trata-se de uma das mais festejadas inovações do Código Civil de 2002, criada para se
evitar o negócio da China, o enriquecimento sem causa, fundado em negócio totalmente
desproporcional, utilizado para massacrar patrimonialmente uma das partes.

LESÃO

ELEMENTO ELEMENTO
SUBJETIVO: OBJETIVO:
PREMENTE 25
PRESTAÇÃO
NECESIDADE OU MANIFESTAMENTE
INEXPERIÊNCIA. DESPROPORCIONAL
9.2.5.1 ELEMENTOS DA LESÃO

a) PREMENTE NECESSIDADE

A premente necessidade dever ser entendida como aquela circunstância que, por si só,
devido à sua gravidade, leva a parte a contratar prestações manifestamente desproporcionais e
lesivas aos seus próprios interesses, afastando, assim, a vontade negocial.

b) PODE SER PRESUMIDA?

Nos termos do art. 6º da CRFB/88 o direito de moradia, o direito a saúde, a segurança


são presumem-se como necessidades prementes, posto que tem como bem maior a vida.

c) INEXPERIÊNCIA:

Não apenas inexperiência e imaturidade, mas também falta de conhecimento do


negócio jurídico. (Abrangência maior), como exemplo podemos citar a Hipossufiência - Art.6º,
inciso VIII do CDC, Lei 8.078/1990 – Inversão do ônus da prova, onde ônus da prova é atribuída
a parte mais forte na relação de consumo, devido a falta de conhecimento jurídico do
consumidor.

D) PRESTAÇÃO MANIFESTAMENTE DESPROPORCIONAL AO VALOR DA PRESTAÇÃO OPOSTA.

Por exemplo, de acordo com art. 4.º, da Lei de Proteção à Economia Popular, Lei
1.521/1951, dispõe que: “obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente
necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda o quinto
do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida, representa uma lesão no negócio
jurídico.

Vale observar ainda que se aprecia a desproporção das prestações segundo os valores
vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. Em ocorrendo a desproporção, o
negócio jurídico será revisto com base nos artigos 317 e 478 do CC/2002:

Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção


manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua
execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure,
quanto possível, o valor real da prestação.

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação


de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema
vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

26
A art. 157, § 2.º, do diploma civil em vigor determina que a invalidade negocial poderá
ser afastada “se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com
a redução do proveito”. Esse oferecimento pelo réu se dá por meio de pedido contraposto na
contestação. Esse comando está possibilitando a revisão extrajudicial ou judicial do negócio,
constituindo a consagração do princípio da conservação contratual e também da função
social do contrato. Ex.: O agiota resolve diminuir seu ganho com a redução dos juros.

Lesão (art. 157 do CC) Estado de Perigo (art. 156 do CC)

Elemento subjetivo: premente Elemento subjetivo: perigo que


necessidade ou inexperiência. acomete o próprio negociante, pessoa de
sua família ou amigo íntimo, sendo esse
perigo de conhecimento do outro
negociante.

Elemento objetivo: prestação Elemento objetivo: obrigação


manifestamente desproporcional (lesão excessivamente onerosa (lesão objetiva).
objetiva).

Aplica-se a revisão negocial pela Há entendimento doutrinário de


regra expressa do art. 157, § 2.º, do CC, aplicação analógica do art. 157, § 2.º, do
hipótese de subsunção. CC, visando a conservação negocial.
Adotada essa tese, há hipótese de
integração, não de subsunção.

9.3 DOS VÍCIOS SOCIAIS

9.3.1 DA FRAUDE CONTRA CREDORES – (art. 158 a 144 – CC/2002)

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida,


se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência,
ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários,
como lesivos dos seus direitos.

A Fraude contra Credores consiste num vício social decorrente da prática de atos de
disposição patrimonial pelo devedor com o objetivo de esvaziar o seu patrimônio e gerar
insolvência em face dos seus credores.

Ex.: “A” tem conhecimento da iminência do vencimento de dívidas em data próxima, em


relação a vários credores, e vende (ou dar) a “B” imóvel de seu patrimônio, havendo

27
conhecimento deste do estado de insolvência, estará configurado o vício social a acometer esse
negócio jurídico.

9.3.2 - REQUISITOS:

a) Anterioridade do Crédito – (art. 158, § 2º)

Art. 158 § 2 o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem


pleitear a anulação deles.

b) Eventus Damni – prejuízo causado ao credor;

c) Consilium Fraudis - Colusão ou conluio fraudulento entre quem dispõe e quem adquire.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

INSOLVÊNCIA NOTÓRIA: Ocorre quando for do conhecimento geral a insolvência o


transmitente, podendo ser presumida quando o adquirente tinha razões para conhecer a
situação financeira do mesmo. Exemplo: O devedor tiver seus títulos protestados ou ações
judiciais que impliquem a vinculação de seus bens.

FRAUDE NÃO ULTIMADA (Art. 160 e seu Parágrafo Único): Ocorre quando, o adquirente dos
bens do devedor insolvente, que ainda não tiver pago o preço pelo objeto do negócio, e este
valor for aproximadamente o corrente, caso ele deposite em juízo estará desobrigado, desde
que com a citação de todos os interessados. Porém, se for inferior o preço de mercado, o
adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o montante que lhes corresponda ao
valor real, outra consagração do princípio da conservação contratual e do princípio da boa fé
objetiva.

AÇÃO CABÍVEL – (Art. 161) AÇÃO PAULIANA:

PEDIDOS DA INICIAL: PROVAR A MÁ FÉ e o AFASTAMENTO DO ENREQUICIMENTO SEM


CAUSA. (Nos termos dos art.(s) 884 e 886 DO CC/2002.)

9.3.4 PRESUNÇÃO DE FRAUDE DO DIREITO DE OUTROS CREDORES (art. 163):

Ocorre quando o devedor insolvente dá a algum de seus credores em detrimento dos


outros antes de iniciado o rateio paritário, como isso, os demais credores receberão menos do
que aquele que tinha igualdade de condições com eles. É justamente tal diferenciação que a lei
visa evitar, presumindo como fraudulento o procedimento do insolvente.

9.3.5 PRESUNÇÃO DE BOA FÉ (art. 164):

Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à


manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e
de sua família, pode-se acrescentar a esses princípios dos da Dignidade da pessoa humana
28
(desemprego), função social da empresa (emprego) e Subsistência da pessoa e da família
(salário e alimentos).

9.3.6 RETORNO DOS BENS AO ACERVO (art. 165)

Art. 165 - Anulado o negócio nos termos do art. 158, os bens retornam ao acervo
sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.

9.3.2 DA SIMULAÇÃO - (art. 167 CC/2002)

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se


dissimulou, se válido for na substância e na forma.

A doutrina diverge quanto a qualidade da SIMULAÇÃO na categoria de vício social capaz


de anular o negócio jurídico. Os doutrinadores que a entendem como vício são: Maria Helena
Diniz, Sílvio de Salvo Venosa e Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Flavio Tartuce –
entendem que sim é um vício social dos negócios jurídicos pois causa sua nulidade. Já para os
doutrinadores, Inácio de Carvalho Neto, Paulo Lôbo e Francisco Amaral Gagliano e Rodolfo
Pamplona Filho a SIMULAÇÃO é o resultando da incompatibilidade entre esta e a finalidade
prática desejada concretamente pelas partes, que desejariam, na verdade, atingir o objetivo
diverso da função típica do negócio.

9.3.2.1 PRESSUPOSTOS PARA INDENTIFICAR UMA SIMULAÇÃO (art. 167, § 1º)

§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:

I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às


quais realmente se conferem, ou transmitem;

II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;

III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

9.3.2.2 PRESUNÇÃO DE VALIDADE DO NEGÓCIO EIVADO DE BOA FÉ.

Não obstante seja nulo o negócio jurídico simulado, subsistirá aquilo que se dissimulou,
se válido forma substância e na forma. Exemplo: Casamento putativo – art. 1561, § 2º CC/2002,
onde se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só
aos filhos aproveitarão.

INFORMAÇÃO ADICIONAL

CC/2016 – Ninguém pode obter vantagem de sua própria torpeza;

CC/2002 - A regra não mais prevalece, pois a simulação, em qualquer modalidade, (INOCENTE
ou CULPOSA) gera a nulidade do negócio jurídico, sendo questão de ordem pública.

29
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

- Brasil, Constituição Federal de 1988. De 05 de outubro de 1988;

- Brasil , Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002;

- DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 36;

- TARTUCE, Flávio Manual de direito civil : volume único / Flávio Tartuce. – 8. ed. rev, atual. e
ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018;

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. Responsabilidade civil. 5. ed. São Paulo: 2005. v. IV.;

- Pesquisas na Internet e outros apontamentos.

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