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ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

RESOLUÇAO DE EXAMES DE DIREITO


PROCESSUAL CIVIL III (PROCESSO
EXECUTIVO)
TÓPICOS DE RESOLUÇÃO:

CASO PRATICO SOBRE O S PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS:

1) Analisar os pressupostos processuais que fala no enunciado:


a. Tipo de título executivo;
b. Competência
c. Em razão da matéria geral:
i. Critério de atribuição positiva:
ii. Critério de competência residual;
d. Em razão da hierarquia:
i. Apenas os tribunais de 1º instância tem competência executiva, art.º 86 CPC;
e. Em razão do território:
i. Se for um título judicial – 85/1 CPC
ii. Se for uma decisão de um tribunal arbitral – 85º/3 CPC;
iii. Execução de coisa certa ou divida com garantia real – 89º/2 CPC;
iv. Divida pecuniária ou prestação de facto sem garantia real – 89º/1 CPC;
f. Em razão da matéria em concreto:
i. Há juízo de execução (129º/1 LOSJ) – este tem competência exclusiva, salvo exceções nº 2.
ii. Não há juízo de execução:
1. Juízo central cível – em ações de valor superior a 50 mil€, 130º/2/c LOSJ
2. Juízo local cível ou de competência genérica em ações de valor igual ou inferior a 50mil€,
117/1/b LOSJ

Havendo infração das normas de competência em razão da matéria, da hierarquia e competência internacional, há
incompetência absoluta , nos termos do art.º 96 CPC

Havendo infração das normas da competência em razão do valor e do território, há incompetência relativa, nos termos
do art.º 102 CPC.

g. Legitimidade processual
h. Tem legitimidade quem figura no título como credor e devedor, artigo 53 CPC
i. Exceções, nos termos do art.º 54 CPC
i. Sucessão
ii. Ação sobre bens de terceiro;

Em caso de haver ilegitimidade, esta constitui uma exceção dilatória de conhecimento oficioso nos termos do art.º
577/e e 578 CPC;

j. Patrocínio judiciário
k. Se o valor da causa exceder a alçada da relação, 30mil€, é obrigatória a constituição de advogado –
58º/1/1º parte;
l. Se o valor da causa esta entre a alçada da comarca e da relação (superior a 5mil€ inferior a 30mil€) o
patrocínio judiciário é igualmente obrigatório, mas pode ser exercido por advogado estagiário ou
solicitador – 58º/3 CPC
m. Em caso de ação ou incidente que siga os termos do processo declarativo (ex. Embargos) ou no apenso
da verificação do crédito para apreciação deste, e quanto o valor exceder a alçada da comarca (superior
a 5mil€) é obrigatória a constituição de advogado – art.º 58/1/2ºparte e 58º/2 CPC.
2) em relação à forma do processo, tratando-se de uma ação para pagamento de quantia certa.
pode seguir duas formas do processo comum:
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

a. sumário
b. ou ordinário (art.º. 550.º/1).

No processo sumário, não há lugar a despacho liminar (art. 855.º/1), e a penhora é realizada antes de o executado ser citado
(art. 856.º/1)

o requerimento é enviado ao agente de execução (art. 885.º). Este, desconfiando da verificação do pressuposto processual
da competência, deverá enviar o requerimento ao juiz para que este profira despacho liminar (art. 885.º/2/b)).

1) Sendo um caso de incompetência absoluta, ocorre o indeferimento liminar (art. 99.º/1), com possibilidade de
aproveitamento dos autos nos termos do n.º 2.
2) Sendo um caso de incompetência relativa, o juiz profere despacho de aperfeiçoamento – 726º/4 CPC

EXAME DE ÉPOCA DE RECURSO DE 2018


Distinga sucintamente entre:

a) Iliquidez e inexigibilidade da obrigação exequenda.

São quatro os pressupostos processuais específicos da ação executiva: liquidez, exigibilidade, certeza e existência de um
título executivo.

A obrigação exequenda tem de ser certa, exigível e líquida.

A obrigação é exigível quando se encontra vencida ou o seu vencimento depende, de acordo com estipulação expressa
ou a regra supletiva do art.º 777./1 CC, de simples interpelação do devedor e esta já foi feita (obrigações puras). Assim, é
inexigível quando, não tendo ocorrido o vencimento, este não dependa de mera interpelação.

São exemplos de obrigações inexigíveis as obrigações de prazo certo, quando este ainda não ocorreu (art.º. 779.º CC);
obrigações de prazo incerto, a fixar pelo tribunal (art. 777.º/2 CC); obrigações sujeitas a condição suspensiva, quando
esta ainda não se verificou (art. 270.º e 715.º/1 CC); e obrigações dependentes de uma prestação do credor (art. 428.º). A
exigibilidade da obrigação exequenda tem de se verificar antes de serem ordenadas as providências executivas: quando
não resulte do título nem de diligências anteriores, abre-se uma fase liminar no processo executivo (sem prejuízo de
poder ter lugar no requerimento executivo a atuação necessária); quando tenha resultado de diligências anteriores à
propositura da ação executiva, é necessário fazer a prova complementar do título (art. 715.º/1 a 4).

Proposta a execução baseada em título de que resulte a incerteza da obrigação ou a inexigibilidade da prestação, não
sendo imediatamente efetuada prova complementar do título nem requeridas as diligências necessárias a tornar a
obrigação exigível, o juiz profere despacho de aperfeiçoamento (art. 726.º/4), havendo lugar ao indeferimento do
requerimento executivo no caso de o requerente não aperfeiçoar a petição (n.º 6).

Já a obrigação ilíquida é aquela que tem por objeto uma prestação cujo quantitativo ainda não esteja determinado. O CPC
distingue a liquidação que depende de simples cálculo aritmético e aquela que dele não depende. Na liquidação por
simples cálculo aritmético, o exequente deve fixar o seu quantitativo no requerimento executivo mediante especificação e
cálculo dos respetivos valores (art. 716.º/1). É exemplo a liquidação de uma obrigação de pagamento de juros. Se a
liquidação não depender de simples cálculo aritmético (ex.: pagamento de uma indemnização quando ainda não se sabe
a extensão dos danos, art.556.º/1/b)), a quantificação da obrigação faz-se, desde 2003, antes da propositura da ação
executiva, por apenso à ação declarativa (se for título judicial, já pode ser feita no processo executivo, art. 716.º/4).

Temos ainda a liquidação por árbitros e a liquidação da obrigação de entrega de uma universalidade (art.716.º/4 a 7). Se
não for requerida a liquidação da obrigação ilíquida, o juiz deve igualmente proferir despacho de aperfeiçoamento,
indeferindo o requerimento no caso de a petição não ser aperfeiçoada. No caso de a execução continuar sem a
verificação destes pressupostos, o executado pode opor-se à execução (art. 729.º/e)).

b) Título executivo judicial e título executivo extrajudicial;


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O título executivo é um pressuposto processual formal da ação executiva, e define-se nos termos do art.º 703 CPC. O
titulo executivo, define o tipo de ação executiva que se pode recorrer, é um pressuposto processual formal especifico da
ação executiva, nos termos do art.º 10/5 CPC, nos termos dos títulos executivos, vale o principio da taxatividade, apenas
são admitidos os títulos presentes no art.º 703º CPC, que nos termos do artigo são sentenças condenatórias (títulos
judiciais), documentos exarados ou autenticados, por notário ou por outras entidades com competência para tal que
importem constituição ou reconhecimento de qualquer obrigação; os títulos de credito, ainda que meros quirógrafos; os
documentos a que por disposição especial, seja atribuída força executiva, tais como requerimentos de injunção e atas de
assembleia de condóminos;

Nestes termos são títulos judiciais as sentenças condenatórias, alínea a) do art.º 703 CPC, sendo os restantes títulos
extrajudiciais, ou seja os documentos que não contam com a intervenção de tribunal, alienas b) c) e d). no entanto há
quem fale numa categoria intermedia, denominados títulos para judiciais, que são os casos das sentenças homologatórias
de negócios processuais.

II. Artur e Berta casaram, sob o regime de comunhão de adquiridos em 2010, e residem num apartamento que
Artur adquiriu, ainda enquanto solteiro, sito em braga, no 8º andar de um edifício constituído em propriedade
horizontal, o qual é, por conseguinte um seu bem próprio.

Com base em atas de assembleia de condóminos, a administração de condomínio (com sede em Santarém) do
referido edifício intentou contra Artur e Berta, em janeiro deste ano uma ação executiva, tendo por fim a
realização coerciva do dever de pagar o montante de 1,500€, correspondente a contribuições devidas e não
pagas ao condomínio entre os anos de 2012 e 2017.

1) A referida ação executiva, por solicitador, foi proposta no juízo de execução do tribunal judicial da
comarca de Santarém. Artur entende que o tribunal onde a execução foi instaurada é incompetente e que
o requerimento executivo não poderia ter sido subscrito por um solicitador. Em que sentido e em que
momento decidiria quanto aos referidos aspetos, caso fosse o juiz de tanto incumbido? Justifique?

Trata-se de um caso de analisar os pressupostos processuais, em concreto o patrocínio judiciário e a competência.

No caso concreto temos um título executivo extrajudicial, fundado em ata de assembleia de condóminos, que é um título
executivo ao abrigo do art.º 6/2 do DL 268/94.

Em relação a competência. A competência em razão da matéria em geral avalia-se em função de um duplo critério, um
critério de atribuição positiva segundo a qual cabem na competência dos tribunais judiais todas as ações executivas
baseadas na realização de uma prestação devida segundo as normas de direito privado; e um critério residual que nos diz
que são competentes para as ações executivas os tribunais judiciais, quando essas ações não caibam no âmbito da
competência atribuída aos tribunais de outra ordem jurisdicional (art.º 40/1 LOSJ e 64 CPC).

Em razão da hierarquia, apenas são competentes para a execução de ações executivas os tribunais de 1º instâncias nos
termos do artigo 86º CPC.

Em razão do território, e sendo no nosso caso uma divida pecuniária, nos termos do art.º 89/1 LOSJ, será competente o
tribunal do domicílio do executado ou tribunal do lugar em que a obrigação deva ser cumprida. No nosso caso no tribunal
judicial na comarca de braga ou Santarém.

Em razão da matéria em concreto, devendo da existência ou não de juízo de execução na comarca competente,
assumindo que e competente o tribunal judicial da comarca de Santarém, existindo, juízo de execução este tem
competência exclusiva nos termos do art.º 129/1 LOSJ.

Nestes termos não se verifica nenhum problema de competência no nosso caso.

Em relação ao pressuposto processual do patrocínio judiciário, este depende do valor da ação em causa, se o valor da
causa exceder a alçada da relação, 30mil€, é obrigatória a constituição de advogado – 58º/1/1º parte; se o valor da causa
esta entre a alçada da comarca e da relação (superior a 5mil€ inferior a 30mil€) o patrocínio judiciário é igualmente
obrigatório, mas pode ser exercido por advogado estagiário ou solicitador – 58º/3 CPC. No nosso caso a ação é inclusive
de valor inferior a 5mil€, podendo o executado estar sozinho na ação. Sendo assim este pressuposto também se verifica.

Quanto a forma do processo como vimos supra, é uma ação para pagamento de quantia certa, fundada num título
extrajudicial, assim sendo nos termos do art.º 550/1/ d CPC, como o valor não segue a ação dos tribunais de 1º instância
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o processo devera seguir a forma sumaria. Assim sendo não haverá lugar no processo de citação previa à penhora do
executado nem despacho liminar. Impende por força do art.º 855 CPC nº 1/b ao agente de execução em caso desconfiar
da não verificação dos pressupostos processuais, suscitar a intervenção do juiz de forma a que este proceda a execução
de despacho liminar, nos termos do ar.º 726 CPC, o que não é o nosso caso.

2) A exequente fundamentou a circunstância de ter intentado a ação executiva também contra Berta, com
base no facto de estar em causa uma divida destinada a ocorrer aos encargos normais da vida familiar
(art.º 1691/1/b CC). pronuncie-se quanto ao pressuposto da legitimidade processual no presente caso.

Quanto aos pressupostos processuais da legitimidade, este este regulado nos art.º 53 e 54 CPC, normalmente vigoram
como exequente e executado, as mesmas pessoas que figuram no título executivo como credor e devedor. Mas no nosso
caso questiona-se se a legitimidade conjugal se estende ao cônjuge do executado.

De acordo com o regime patrimonial do matrimonio as dividas podem ser próprias os comuns dos cônjuges, sendo que
por cada categoria de divas respondem diferentes patrimónios, no caso em apreço o exequente invoca que a divida seria
comum, por ser uma divida feita de forma a acorrer aos encargos normais da vida familiar, nos termos do art.º 1691/1/b
CC. assim sendo seria uma divida comum. Pelas dividas comuns respondem em primeiro lugar os bens comuns, e
solidariamente, na falta ou insuficiência destas os bens próprios de qualquer um dos cônjuges.

No nosso caso, não se levanta nenhuma questão de posterior comunicabilidade da divida mas sim um caso de
litisconsórcio necessário, pois ambos os cônjuges foram chamados a ação executiva, nos termos do art.º 34 CPC.

Assim sendo não temos nenhum problema de legitimidade.

3) Artur pretende invocar que a divida (ou uma parte dela) já prescreveu. Identifique o meio processual
adequado para tal efeito, bem como as consequências processuais da sua procedência e improcedência.

O que temos aqui em causa é a possibilidade ou não de Artur vir a ação produzir oposição á execução, através do
instrumento dos embargos do executado.

Uma vez citado o executado pode opor-se a execução por meio de embargos de executado nos termos do art.º 728/1
CPC, que constituiu uma verdadeira ação declarativa que corre por apenso ao processo de execução, e visa a extinção
mediante o reconhecimento da inexistência da obrigação ou falta de um pressuposto da ação executiva. Esta previsto no
art.º 728 e ss CPC. O CPC enumera os fundamento possíveis de oposição à execução, no art.º 729 CPC e ss consoante
o tipo de titulo executivo em causa, no nosso caso pratico o que temos é um titulo extrajudicial, que se regula nos termos
do art.º 731 CPC, o que significa que para alem dos fundamentos presentes no art.º 729, o executado poderá invocar
quaisquer outros. Isto é assim porque o executado não teve ocasião de em ação declarativa, se defender, por isso o
executado pode alegar nos embargos matéria de impugnação ou de exceção (art.º 571/2 CPC).

Ora no nosso caso, Artur quer embargar com base em prescrição da divida, ou seja nos termos do art.º 729/g CPC. A
oposição á execução deve ser deduzida no prazo de 20 dias a contar da citação do executado, art.º 728/1 CPC, deduzida
a oposição em princípio a execução não será suspensa, apenas se o executado prestar caução, nos termos do art.º
733/1/a. Os embargos a execução constituem uma verdadeira ação declarativa, seguindo a tramitação do processo
declarativo, 732º/2 CPC. A procedência dos embargos extingue a execução nº4 do mesmo artigo.

4) Carlos é credor de Artur, desde 1998, e beneficia nessa qualidade, de direito real de garantia (hipoteca)
sobre um veículo automóvel, propriedade de Artur. O referido bem foi penhorado no âmbito desta ação
executiva. Poderá Carlos deduzir embargos de terceiros. justifique?

A resposta de forma sintética é não. Os embargos de terceiro são um meio de reação contra a penhora por parte de
terceiros baseando-se na impenhorabilidade subjetiva dos bens penhorados. Tendo legitimidade para deduzir embargos
de terceiro pelo art.º 342/1 CPC, o possuidor, em nome próprio em nome alheio correspondente a direito pessoal de gozo
ou de aquisição e o promitente comprador, também quem tenha um direito de propriedade ou um direito real de gozo
menor em relação ao bem penhorado.

Quanto aos direitos reais de gozo ou garantia, como é o caso da hipoteca, em princípio não haverá razão para invocar
embargos de terceiros, porquanto o titular do direito encontrara a satisfação desse direito no esquema da própria ação
executiva, reclamando o seu crédito, o titular do direito ou adquira o bem através da venda executiva ou obterá o
pagamento pelo produto daquela venda.
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Apenas terá legitimidade para invocar embargos de terceiro, quando o direito real de aquisição ou garantia seja posto em
causa porque é questionada a titularidade do bem pelo executado, caso em que a reclamação do credito por parte do
titular daquele direito pode ter interesse em embargar de terceiro, a fim de demonstrar que o bem penhorado pertence a
outra pessoa que não o executado, o que não é esse o nosso caso.

Nestes termos não faz sentido Carlos deduzir embargos de terceiros, pois ira ter o seu momento na ação executiva,
quando esta chegar a fase de chamamento e concurso de credores, em que será chamado nos termos do art.º 786/1/b a
reclamar o seu crédito, por ser titular de um direito real de garantia, a hipoteca.

EXAME DE ÉPOCA NORMAL DE 2018


I. Distinga sucintamente:
a) Arresto e penhora;

A penhora é a apreensão judicial de bens do executado feita no quadro de uma ação executiva para pagamento de
quantia certa, privando-se o executado do pleno exercício dos poderes sobre esses bens, com vista à realização das
finalidades da ação executiva. Está prevista no art. 735.º e segs. As duas funções da penhora são a de especificar, isolar
e determinar os bens ou direitos que são apreendidos, para que possam ser transmitidos; e conservar os bens ou direitos,
impedindo que possam ser ocultados, deteriorados, onerados ou alienados em prejuízo do requerente.

A penhora não se confunde com o arresto, que é um procedimento cautelar que serve para acautelar um direito de crédito
ainda incerto, mas provável (art. 391.º e segs.), enquanto que a penhora é um ato do processo de execução, que visa
reintegrar efetiva e coercivamente um crédito cuja existência se presume em função da apresentação do título executivo.
Por outro lado, enquanto que o arresto antecipa a futura sujeição à execução, sendo um meio de conservação de garantia
patrimonial, a penhora representa já o atuar na execução da responsabilidade patrimonial. Outra diferença ainda é a de
que, enquanto que o arresto só pode ter por objeto bens do devedor ou adquiridos por um terceiro ao devedor (art. 391.º/1
e 392.º/2), a penhora pode incidir sobre bens de terceiros, quando sobre estes incida direito real constituído para garantia
do crédito exequente ou quanto tenha sido julgada procedente impugnação pauliana (art. 735.º/2). No entanto, o arresto
pode ser convertido em penhora, retrotraindo-se os seus efeitos à data do registo do arresto (art. 822.º/2).

b) Obrigação exequenda incerta e obrigação exequenda ilíquida;

São quatro os pressupostos processuais específicos da ação executiva: liquidez, exigibilidade, certeza e existência de um
título executivo.

A obrigação exequenda tem de ser certa, exigível e líquida.

A certeza diz respeito a natureza qualitativa daquilo que se tem de prestar. É certa a obrigação cuja prestação se
encontra qualitativamente determinada (ainda que esteja por liquidar ou individualizar), não é certa aquela em que a
determinação ou escolha da prestação entre uma pluralidade esta por fazer (art.º 400 CC), temos como exemplo de
obrigações cuja prestação esta incerta as obrigações alternativas – 543º CC, ou as obrigações genéricas de espécie
indeterminada – 539 CC. o problema destas obrigações incertas é a escolha, aqui há varias hipóteses que se colocam,
esta escolha pode recair ao devedor, ao credor ou a terceiro. As normas supletiva indicam que a escolha em principio
cabe ao devedor – 539º e 543º CC. nos termos dos art.º 714 e 724/1/h CPC, se a escolha cabe ao credor este deve faze-
la no requerimento executivo, se a escolha cabe ao devedor, quando ele é citado para se opor a execução ele tem o ónus
de no mesmo prazo escolher a prestação, se a escolha cabe a um terceiro, ele é notificado para fazer a escolha no prazo
fixado, se estas duas pessoas não fizerem a escolha ela será devolvida ao credor.

Já a obrigação ilíquida é aquela que tem por objeto uma prestação cujo quantitativo ainda não esteja determinado. O CPC
distingue a liquidação que depende de simples cálculo aritmético e aquela que dele não depende. Na liquidação por
simples cálculo aritmético, o exequente deve fixar o seu quantitativo no requerimento executivo mediante especificação e
cálculo dos respetivos valores (art. 716.º/1). É exemplo a liquidação de uma obrigação de pagamento de juros. Se a
liquidação não depender de simples cálculo aritmético (ex.: pagamento de uma indemnização quando ainda não se sabe
a extensão dos danos, art.556.º/1/b)), a quantificação da obrigação faz-se, desde 2003, antes da propositura da ação
executiva, por apenso à ação declarativa (se for título judicial, já pode ser feita no processo executivo, art. 716.º/4).

Temos ainda a liquidação por árbitros e a liquidação da obrigação de entrega de uma universalidade (art.716.º/4 a 7). Se
não for requerida a liquidação da obrigação ilíquida, o juiz deve igualmente proferir despacho de aperfeiçoamento,
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indeferindo o requerimento no caso de a petição não ser aperfeiçoada. No caso de a execução continuar sem a
verificação destes pressupostos, o executado pode opor-se à execução (art. 729.º/e)).

II. António é casado com Berta, em regime de comunhão de adquiridos. Ambos residem em Coimbra.
Sucede que António, funcionário publico foi condenado a pagar (só ele foi condenado a pagar ) a
empresa RAJOY, MUEBLES , S.A, com sede em Salamanca, Espanha, a quantia de 6 mil €, por
sentença emitida pelo 1º juízo cível da instancia local de Coimbra, há 6 meses, devido a falta de
pagamento do preço de um conjunto de moveis de sala e de quarto, adquiridos há dois anos para a
casa de morada de família de António e Berta.

A credora, munida desta sentença (proferida na ação declarativa que apenas fora intentada contra António,
interpôs, há três meses, ação executiva contra António e Berta, no juízo de comercio de Coimbra, sendo que
o requerimento executivo foi subscrito por um solicitador.

1) Aprecie os pressupostos processuais da competência, internacional e interna, do tribunal; da legitimidade


processual e do Patrocínio judiciário; na sua verificação, não verificação e consequências; poderá o
exequente, querendo, neste caso alargar a exequibilidade do título na própria execução a pessoa de
Berta. Justifique?

No nosso caso em apreço temos um titulo executivo judicial, proveniente de uma ação declarativa condenatória.

Cabe agora analisar os diversos pressupsotos processuais em causa.

Em primeiro lugar, importa analisar a competência internacional dos tribunais portugueses. No caso, os tribunais
portugueses são competentes, nomeadamente com fundamento no critério da causalidade (art. 62.º/b)): foi praticado em
Portugal o facto que serve de causa de pedir na execução, a obrigação exequenda e a produção do título executivo. Note-se
que, nos termos do Regulamento de Bruxelas I bis, a competência executiva é determinada pelas normas internas de cada
Estado-membro.

Quanto a competencia interna, esta determina-se em função da matéria, hierarquia, valor e território.

A competência em razão da matéria em geral avalia-se em função de um duplo critério, um critério de atribuição
positiva segundo a qual cabem na competência dos tribunais judiciais todas as ações executivas baseadas na realização
de uma prestação devida segundo as normas de direito privado; e um critério residual que nos diz que são competentes
para as ações executivas os tribunais judiciais, quando essas ações não caibam no âmbito da competência atribuída aos
tribunais de outra ordem jurisdicional (art.º 40/1 LOSJ e 64 CPC).

Em razão da hierarquia, apenas são competentes para a execução de ações executivas os tribunais de 1º instâncias nos
termos do artigo 86º CPC.

Em razão do território, e sendo no nosso o caso o titulo executivo uma sentença declarativa, ao agrigo do art.º 85 CPC,
o processo corre no mesmo tribunal onde a sentença declarativa foi proferida, no nosso caso no tribunal da comarca de
coimbra.

Em razão da matéria em concreto, esta depende da existência ou não de juízo de execução na comarca competente,
assumindo que é competente o tribunal judicial da comarca de Santarém, existindo, juízo de execução este tem
competência exclusiva nos termos do art.º 129/1 LOSJ, salvo exceções.

No nosso caso há uma violação da competencia em função da matéria, pois é nos dito no enunciado que a ação foi
intentada no juízo de comercio e não no juízo de execução. Nestes termos há lugar a incompetência absoluta, ao abrigo
do art.º 96/a CPC.

Quanto a legitimidade processual, normalmente tem legitimidade para ser exequente e executado, quem figura no titulo
como credor e devedor. Nos termos do art.º 53 CPC. A partida Berta não teria legitimidade passiva neste processo, e
como tal temos um caso de ilegitimidade, que contituiu uma excecçao dilatória de conhecimento focicioso nos termos do
art.º 577/e e 578 CPC.
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Quanto ao patrocinio judiciário, este esta regulado nos termos do artigo 58º CPC. Se o valor da ação for superior a alçada
da relação, 30 mil € é obrigatória a constituição de advogado, se o valor de ação for inferior a 30mil€ euros e superior a 5
mil euros, podem as aprtes estar representadas por advogado estagiário ou solicitador. Sendo a nossa valor de 6 mil€
cabe no segundo caso por isso não há nenhum problema em relação ao pressuposto processual do patrocinio judiciário.

Quanto a forma do processo, tratando-se de uma ação para pagamento de quantia certa, com base numa ação
declarativa, por força do art.º 550/1/a CPC, e 624/2 CPC, o processo seguira a forma sumaria, o que significa que não
haverá em principio lugar a citação do executado nem despacho liminar. Nestes termos cabe ao agente de execução, se
suspeitar da falta ou incumprimento de pressuposto processual, nos termos do art.º 855 CPC, solicitar a intervenção do
juiz que ira proferir despacho liminar.

Sendo um caso de incompetência absoluta, como o nosso, ocorre indeferimento liminar nos termos do art.º 99/1 CPC,
com possibilidade de aproveitamente dos autos no nº2.

2) Se a execução prosseguir somente contra António, pode ser penhorado um automóvel levado para o
casamento por Berta, que é portanto, um bem próprio desta? Justifique?

Nada nos é dito se houve tentativa ou não de comunicabilidade da divida ao cônjuge, nos termos do art.º 740 e ss CPC,
e mesmo que houvesse esta não iria proceder pois era necessário ao abrigo do art.º 741 e 742 CPC, sendo o titulo
executivo um titulo judicial que esta comunicabilidade tivesse sido feita nos termos da ação declarativa, como não foi não
pode mais ser feita.

Sendo assim o problema que temos em mãos é de que bens é que respondem por esta divida. Sendo a divida própria de
Antonio, nos termos do art.º 1692 CC, respondem nos termos do art.º 1696 CC, os bens próprios de antonio em primeiro
lugar e subsidiarimanete a sua meação nos bens comuns.

Assim sendo, nunca poderia nestes termos ser penhorado o aumovel de berta, que era um bem próprio desta. Se tal
acontecer, berta poderia duduzir embargos de terceiro, a titulo de embargos de cônjuge, art.º 343 CPC,

Os embatgos são um meio de reação contra a penhora por parte de terceiros, baseando-se na impenhorabilidade
subjetiva dos bens penhorados. O terceiro embargante, no nosso caso sera o cônjuge do devedor. Por este meio o
cônjuge do executado poderá defender os seus direitos relativos a bens próprios e relativos a bens comuns, que
indevidamente hajam sido atingidos pela penhora. No nosso caso estavam em causa bens propriso, e portanto a penhora
não pode subsistir, mesmo quando os bens próprios do outro cônjuge respondam pelas dividas do cônjuge devedor,
porque a penhora so pode ser movida contra quem e o executado, para haver lugar a penhora de bens próprios do
cônjuge do executada haveria de ter sido feita execução contra os dois.

3) Se António deduzir oposição à execução por meio de embargos de executado, poderá alegar, nestes
embargos, que a obrigação exequenda já fora por ele paga há um ano, no início da ação declarativa cuja
sentença esta agora a ser executada? Justifique?

De forma sumaria temos que dizer que não a Antonio

A questão que se coloca aqui é se há possibilidade de deduzir embargos de executado, uma vez citado o executado pode
opor-se a execuaçao através de embargos de executados, art.º 728/1 CPC, que contitui uma verdadeira ação declarativa
que corre por apenso ao processo de execução e visa a extinção da ação executiva. Esta previsto no art.º 728 e ss CPC,
o CPC enumera os fundamentos de oposição À execuaçao, consoante o titulo executivo em causa. Sendo o titulo
executivo uma sentença apenas poderá produzir embargos conforme os fundamentos do art.º 729 CPC, o que o antonio
pretende fazer era invocar ao abrigo do art.º 729/1/g, um facto modificativo ou extintivo da obrigação, no entanto apenas
o poderia fazer se este facto tivesse ocorrido apos a conclusão da ação declarativa, tendo o facto ocorrido na pendencia
da ação declarativa, antonio devia ter invocado este facto no âmbito desta ação, como não o fez, já não o pode agora
fazer.

4) Suponha que foi penhorado e vendido, nesta execução um automóvel levado para o casamento por
António (que é bem próprio de António), o qual havia sido hipotecado ao novo banco, antes do registo da
penhora, a fim de financiar a sua aquisição. Diga-se apos a venda executiva deste automóvel, a hipoteca
que o onera se extingue ou continua a onera-lo. Justifique.

Esta em causa o efeito da venda judicial de caducidade de direito.


ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

Com efeito, a particularidade da venda executiva é que esta faz com que tenha outros efeitos, para alem dos efeitos da
compra e venda em geral, sendo que nos termos do art.º 824/2 CC, diz que os bens são transmitidos livres de direitos de
garantia que os oneram, bem como dos demais direitos que não tenham registo anteiro ou de qualquer arresto, penhora
ou garantia, com exceção daqueles que contituidos em data anteior, produzam efeitos em relação a terceiros
independentemente de registo”.

Com este efeito visa-se por um lado evitar a desvalorização ou depreciação dos bens e por outro, obrigar os credores a
reclamar os créditos.

Em relação aos direitos reais de garantia, tal como a nossa hipoteca, esta ira caducar, mesmo que o titular não tenha
vindo a ação executiva exercer as suas prerrogativas, nomeadamente reclamar o seu credito. Há porem uma posição
minoritária, do dr. MENEZES CORDEIRO, que acha que o direito de retenção do promitente comprador com tradição da
coisa, não caduca, faz uma interpretação da letra do art.º 824 CC, como ainda permitindo a não caducidade deste direito
de forma a tutelar a habitação e a sua estabilidade.

EXAME DE ÉPOCA NORMAL DE 2016

I. António esta casado com Berta no regime de comunhão de adquiridos e ambos residem no porto-
sucede que António foi condenado (só ele foi condenado) a pagar a quantia de 31 mil € acrescidos de
juros (já vencidos no montante de 500€ e a vencer), a empresa edições almeida, SA, com sede em
Coimbra, por incumprimento de um contrato de distribuição de livros. A sentença condenatória foi
proferida pelo juízo de competência genérica da comarca de Coimbra.

Face ao não pagamento voluntario da quantia em causa, a empresa edições almedina instaurou ação executiva
na mesmo juízo de competência genérica, em 1/03/2016, requerendo que a execução tramite nos próprios autos
da ação declarativa (art.º 85/1 CPC). O requerimento executivo foi subscrito por um solicitador. Responda as
perguntas que se seguem:

1) António entende que o dito juízo de competência genérica onde a execução foi instaurada, para nele
tramitar é incompetente e que o requerimento executivo não podia ter sido subscrito por um solicitador.
Quid iuris? Analise estes pressupostos processuais e diga qual a forma de processo executivo comum
em que esta execução deve tramitar. Justifique?
2) António entende que a execução também devera seguir contra a sua mulher. Berta, dado que a divida terá
sido contraída por ele no exercício do comercio (art.º 1691/1/d CC). pode ele, António suscitar a
intervenção de Berta, nesta concreta execução, para que a divida seja considerada, comunicável e ambos
poderem ser executados. Justifique?
3) Imagine que em 10/05/2016, foi penhorado a propriedade plena de um prédio rustico situado em braga,
inscrito no registo predial em nome de António, que havia sido por ele adquiridos antes de casar com
Berta. O registo da penhora desse prédio rustico é da mesma data. Todavia em 2/01/2016, António
constituirá um direito de superfície sobre esse prédio a favor de Carlos, pelo prazo de 25 anos, o qual
ainda não registou a constituição deste direito real em seu nome. Pode Carlos defender agora, o seu
direito de superfície perante a penhora da propriedade plena do dito imóvel? Como? Justifique?

Esta em causa o efeito da venda judicial de caducidade de direitos.

Com efeito a particularidade da venda executiva é que esta produz mais efeitos em relação a compra e venda em
geral, sendo que nos termos do art.º 824/2 CC, os bens são transmitidos livres de direitos de garantia que os onera,
bem como dos demais direitos que não tenham registo anterior ou qualquer penhora, arresto ou garantia, com
exceção dos que constituídos em data anteior, produzam efetios em relação a terceiros independentemente de
registo.

Com este efeito, visa-se por um lado, evitar a desvalorização ou depreciação dos bens, e por outro obrigar os
credores a reclamar os seus créditos no âmbito da ação executiva.

Em relaºao ao direitos reais de garantia caducam todos, a coisa em venda executiva é vendida livre dos direitos reais
de garantia, mesmo que o titular não tenha vindo a ação executiva exercer as prerrogativas, nomeadamente reclamar
o seus credito.
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

Se o direito real de gozo for anterior a qualquer direito real de garantia que possa ser exercido na ação executiva o
direito real de gozo prevalece não caduca.

Se o direito real de gozo não é anterior a um direito real de garantia, que pode ser exercido na ação executiva, temos
3 hipoteses. O direito real de gozo é posterior a penhora, não afeta a ação executiva e caduca. O direito real de gozo
é anterior a penhora, mas posterior a um direito real de garantia do exequente, o direito real de gozo vai caduar. O
direito real de gozo +e anteior a penhora, mas posterior a um direito real de garantia de um credor reclamante, neste
caso o credor reclamante tem o ónus de ir a ação executiva requerer o alargamento da penhora ao âmbito da sua
garantia, se cumprir este ónus o direito real de gozo caduca, se não não caduca.

No nosso caso o nosso direito real de gozo é anterior a penhora, por isso prevalece.

Mesmo não tendo registado, porque no nosso ordenamento jurídico esta em vigor o art.º 5/4 CRPRED que define
uma conceção restrita de terceiros, ou seja são terceiros aqueles que adqurirem direitos total ou parcialmente
contraditórios do mesmo dante causa, pro força da sua vontade, ou seja não estão abrangidos para estes efeitos
aqueles que adquiram por força da venda executiva, do arresto, da penhora, ou de uma hipoteca judicial.

Como tal, estes terceiros que sejam titular de um direito real de gozo no nosso caso o direito de superfície, podem vir
a ação produzir embargos de terceiro, art.º 342 e ss CPC, e o seu direito prevalecera, podendo apenas ser vendido
no âmbito da venda executiva a nua propriedade.

EPOCA DE RECURSO DE 2014


I. João é casado com maria, em regime de comunhão de adquiridos. Ambos residem no porto.

Sucede que João aceitou três letras de cambio que só ele emitiu o aceite, com data de vencimento de 1/06/2014,
cuja sacadora é a empresa SOMOVEIS, LDA, com sede em braga, no montante unitário de 3mil€ total das três
letras 9mil€, para pagamento do preço dos imoveis para três quartos, que irão mobilar a casa que recentemente
adquiriram.

A credora, SÓMOVEIS, LDA, com base na falta de pagamento das referidas letras instaurou, no juiz local cível da
comarca do porto, uma ação executiva somente contra João, sendo que o requerimento executivo foi subscrito
por um solicitador.

1) Aprecie os pressupostos processuais da competência do tribunal da legitimidade processual e do


Patrocínio judiciário, sua verificação e não verificação e consequências;

Resolução:

• Tipo de ação em causa;


• Analise dos pressupostos da competência, em razão da matéria, hierarquia, valor, território;
• Em razão da matéria, analise do duplo critério de atribuição positiva e atribuição residual;
• Em razão da hierarquia apenas o tribunal de primeira instância tem competência executiva;
• Em razão do território – temos um título executivo extrajudicial por isso é competente o tribunal do domicílio do
executado (89/1 CPC);
• Em razão da matéria dentro do tribunal judicial – cabe ao juízo de execução;
• Violação do critério, consequência incompetência absoluta;
• Averiguação da legitimidade processual das partes (art.º 53 e 54 CPC)
• Verificação do pressuposto do patrocínio judiciário – art.º 58 CPC.

Esta em causa uma ação executiva para pagamento de uma quantia certa, proposta pelo credor SOMOVEIS contra João.

Quanto a competência interna dos tribunais, importa analisar a competência em razão da matéria, da hierarquia, do
território e do valor. Quanto a competência material dos tribunais judiciais (em geral) esta afere-se através de um duplo
critérios: um critério de atribuição positiva, segundo o qual cabem na competência dos tribunais judiciais todas as ações
executivas baseadas na realização de uma prestação devida segundo as normas de direito privado; e um critério residual,
segundo o qual são também competentes para as ações executivas que não caibam no âmbito da competência atribuída
aos tribunais de outra ordem jurisdicional (art.º 40/1 LOSJ e 64º CPC). No caso, esta em causa uma obrigação derivada
da subscrição de uma letra de cambio, pelo que os tribunais judiciais são competentes.
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

Quanto a competência em razão da hierarquia, apenas os tribunais de 1º instância tem competência executiva (85º e 86º
CPC).
No que toca a competência em razão do território, e sendo o título executivo
um título extrajudicial (letra de câmbio, art.703.º/1/c)) e a execução por dívida pecuniária, é competente o tribunal do
domicílio do executado (art.º. 89.º/1). Assim, é competente o tribunal da comarca do Porto. Importa agora analisar a
competência material dentro do tribunal judicial: à luz da LOSJ, os tribunais de comarca desdobram-se em juízos de
competência especializada e juízos de competência genérica, sendo que nos juízos de competência especializada estão os
juízos de execução (art.81.º/3 LOSJ). Quando haja juízo de execução, este tem competência exclusiva (art. 129.º/1 LOSJ),
salvo exceções, pelo que, no caso, a competência pertence ao juízo executivo do tribunal da comarca do Porto. O critério
da competência intervém apenas no caso de não existir juízo de execução, repartindo a competência entre
o juízo central cível (ações de valor igual ou superior a 50.000€) e os juízos locais cíveis ou de competência genérica
(ações de valor inferior).

Ora, a Acão foi instaurada no juízo de competência genérica da comarca do Porto, pelo que temos uma violação das
normas de competência em razão da matéria.
Esta violação origina incompetência absoluta do tribunal (art. 96.º/a)).
Assim, uma vez que o processo segue a forma sumária (trata-se de um título extrajudicial cujo valor não excede o dobro
da alçada do tribunal de 1ª instância, art. 550.º/2/d)), não há lugar a despacho liminar do juiz e o requerimento é enviado ao
agente de execução (art. 885.º). Este, desconfiando da verificação do pressuposto processual da competência, deverá enviar
o requerimento ao juiz para que este profira despacho liminar (art. 885.º/2/b)). Sendo um caso de
incompetência absoluta, ocorre o indeferimento liminar (art. 99.º/1), com possibilidade de aproveitamento
dos autos nos termos do n.º 2.
Em relação à legitimidade processual, segundo o art. 53.º, tem legitimidade como exequente e executado quem no título
figura como credor e devedor, seguindo um critério de legitimidade puramente formal. No caso, não estamos perante
nenhum desvio à regra (art. 53.º e 54.º), pelo que tem legitimidade como exequente a credora Somóveis e como executado
o devedor João. O pressuposto da legitimidade está, como tal, verificado.
Finalmente, no que toca ao patrocínio judiciário, dispõe o art. 58.º/1 que, nas ações executivas cujo valor exceda a alçada
da Relação, é obrigatória a constituição de advogado; já naquelas cujo valor esteja entre a alçada da comarca e a da
Relação, o patrocínio é igualmente obrigatório, mas pode ser exercido por advogado, advogado estagiário ou solicitador
(n.º 3). No caso, a Acão tem o valor de 9.000€, pelo que se verifica a segunda hipótese e o patrocínio pode ser exercido por
solicitador. Este pressuposto está igualmente verificado.

2) Poderá o exequente SOMOVEIS, LDA, alargar no caso concreto a presente execução a pessoa de maria,
que não subscrevera nem aceitara as letras de cambio? Justifique.
• Incidente de comunicabilidade da divida;
• Neste caso ao cônjuge – art.º 740 e ss CPC
• Verificação da possibilidade por se tratar de um título extrajudicial;
• Neste caso a divida seria comunicável e respondiam 1º os bens comuns e subsidiariamente os bens próprios;
• O cônjuge poderia requerer separação de bens; mas só se não aceitar a comunicabilidade 1º
• O processo em razão deste incidente segue a forma comum.

Está em causa saber se é possível suscitar o incidente de comunicabilidade da dívida, alargando a execução ao cônjuge
do devedor.

A comunicabilidade da dívida ao cônjuge é um incidente declarativo enxertado no processo, e está previsto no art. 740.º e
741.º. No caso de a dívida ser da responsabilidade de ambos dos cônjuges pelo direito substantivo, mas apenas houver
título executivo (extrajudicial) contra um dos cônjuges, este incidente permite alegar que a dívida é comum, alargando a
execução ao cônjuge do devedor. Pode ser levantado pelo exequente, em requerimento executivo ou até ao início das
diligências da venda (art. 741.º); ou pelo executado em oposição à penhora (art. 742.º). No caso, o exequente pode suscitar
este incidente, uma vez que a execução se funda em título extrajudicial contra um só dos cônjuges (se fosse um título
judicial, já não poderia, uma vez que o não chamamento do cônjuge na acção declarativa preclude a invocação da
comunicabilidade da dívida) – art. 741.º/1. Esta dívida é da responsabilidade de ambos os cônjuges pelo art. 1691.º/1/b)
(contraída para ocorrer aos encargos da vida familiar). O cônjuge do executado é citado para declarar se aceita ou não a
comunicabilidade da dívida (art. 741.º/2). Se aceitar, forma-se título executivo contra ele. Note-se que, se o cônjuge tiver
aceite que a dívida é comum, então esta aceitação é incompatível com a separação de bens, já não pode requerer a
separação de bens nos termos do art. 740.º/1. Se a dívida for considerada comum, então a execução
prossegue também contra o cônjuge do executado. Pelas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges respondem os
bens comuns do casal e, na falta ou insuficiência destes, os bens próprios de qualquer dos cônjuges (art. 1695.º/1).
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

Finalmente, o incidente de comunicabilidade da dívida origina uma alteração na forma do processo: é aplicável a forma
ordinária quando o exequente alegue a comunicabilidade da dívida (art. 55o.º/3/c)).

1) Se João deduzir oposição á execução instaurada no porto, poderá alegar que a mesma obrigação
exequenda se encontra igualmente a ser objeto de uma outra ação executiva simultaneamente pendente
(embora há mais tempo) na secção de execução do tribunal da comarca de braga, com base em copias
das mesmas letras de cambio? Como poderá faze-lo? Justifique.
• Possibilidade de abertura da embargos de executado, explicar o que são;
• Fundamento do embargo ao abrigo do art.º 731º CPC, titulo não judicial;
• Prazo de 20 dias a contar da citação – 728/ CPC;
• Na procedência dos embargos a execução extingue-se 732º/4 CPC

A questão que se coloca é se João pode deduzir embargos de executado.


Uma vez citado, o executado pode opor-se à execução por meio de embargos de executado (art. 728.º/1 CPC), que
constitui uma verdadeira acção declarativa que corre por apenso ao processo de execução e visa a extinção da execução,
mediante o reconhecimento da inexistência da obrigação ou da falta de um pressuposto da acção executiva. Está previsto
no art. 728.º e segs. O CPC enumera os fundamentos de oposição à execução, consoante o título executivo.
Sendo o título executivo um título de crédito, aplica-se o art. 731.º, que diz que os embargos podem fundar-se, quer nos
fundamentos previstos no art. 729.º, quer em qualquer causa que fosse lícito deduzir como defesa no processo de
declaração. Isto é assim pois o executado não teve ocasião de, em acção declarativa prévia, se defender, por isso o
executado pode alegar nos embargos matéria de impugnação ou de excepção (art. 571.º).
Ora, no caso, João pretende embargar com fundamento na litispendência.
Pode fazê-lo – a litispendência como fundamento dos embargos do executado está prevista no art. 729.ºc) (falta de
pressuposto processual), uma vez que se trata de um pressuposto processual negativo. A litispendência em processo
executivo pressupõe que a execução tenha sido proposta pelo mesmo devedor contra o mesmo credor e
tenham sido penhorados os mesmos bens, estando a anterior execução ainda pendente.
A oposição à execução deve ser deduzida no prazo de 20 dias a contar da citação do executado (art.
728.º/1); deduzida a oposição, a execução não é suspensa (art. 733.º/1), mas neste caso João poderia conseguir a suspensão
prestando caução (n.º 1, al. a)). Os embargos à execução constituem uma verdadeira acção declarativa, seguindo como tal a
tramitação do processo declarativo (art. 732.º/2). A procedência dos embargos extingue a execução (n.º 4).

EPOCA NORMAL DE 2013


I. O BANCO BESTE, S.A, com sede em lisboa, obteve em 6/01/2013, uma sentença condenatória proferia
pelo “juízo central cível do porto”, pela qual Abel, que é casado com Berta, no regime supletivo,
residentes no porto, foi condenado (só ele por a ação declarativa havia sido movida somente contra
ele) a pagar aquela quantia de 18 mil€, respeitante ao incumprimento de um financiamento destinado a
compra de um automóvel.

Abel faleceu subitamente em 7/02/2013. No entretanto, o mesmo BANCO BEST, SA, instaurou em 6/03/2013, uma
ação executiva contra Berta e os restantes herdeiros de Abel, os filhos Carlos e Daniel, no “juízo local cível” do
porto, patrocinada por advogado estagiário. Estes herdeiros alegaram ilegitimidade passiva para serem
executados.

1) Aprecie os pressupostos processuais da competência do tribunal, da legitimidade processual e do


Patrocínio judiciário, sua verificação, consequências da sua não verificação.
• Identificar o tipo de ação
• Analise dos pressupostos da competência, em razão da matéria, hierarquia, valor, território;
• Em razão da matéria, analise do duplo critério de atribuição positiva e atribuição residual;
• Em razão da hierarquia apenas o tribunal de primeira instância tem competência executiva;
• Em razão do território – temos um título executivo extrajudicial por isso é competente o tribunal do domicílio do
executado (89/1 CPC);
• Em razão da matéria dentro do tribunal judicial – cabe ao juízo de execução;
• Violação do critério, consequência incompetência absoluta;
• Averiguação da legitimidade processual das partes (art.º 53 e 54 CPC)
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

• Verificação do pressuposto do patrocínio judiciário – art.º 58 CPC.

Está em causa uma Acão executiva para pagamento de quantia certa, proposta pelo credor Banco Best contra os
herdeiros de Abel, devedor que entretanto faleceu.

A competência do tribunal em razão da matéria afere-se em razão e um duplo critério: critério de atribuição positiva,
segundo o qual cabem na competência dos tribunais judiciais todas as ações executivas baseadas na realização de uma
prestação devida segundo as normas de direito privado, e um critério residual, segundo o qual são também competentes
para as ações executivas que não caiam no âmbito da competência atribuída aos tribunais de outra ordem jurisdicional
(art.º 40º/1 LOSJ e art.º 64 CPC). No caso esta em causa uma sentença condenatória sobre obrigação desvirada de um
financiamento, pelo que os tribunais judiciais são competentes.

Quanto a competência em razão da hierarquia, apenas são competentes para a execução de ações executivas os tribunais de
1º instância, nos termos do art.º 85 e 86 CPC.

No que toca a competência em razão do território, e sendo o titulo executivo um titulo judicial, nos termos do art.º 85 CPC,
uma decisão condenatória de um tribunal judicial, que foi proposta num tribunal de 1º instância, então é competente para a
execução o tribunal de comarca em que a causa foi julgada, art.º 85/1 CPC, no nosso caso o tribunal de comarca do Porto.

Os tribunais de 1º instância são a luz da LOSJ, geralmente os tribunais de comarca, que se desdobram em juízos. Nos
juízos de competência especializada dos tribunais de comarca estão os juízos de execução nos termos do art.º 81 LOSJ.
Quando haja juízo de execução este tem competência material exclusiva, art.º 129/1 LOSJ, inclusive para a execução de
decisões proferidas pelo juiz central cível da comarca, salvo exceções. Quando este não existe a competência cabe em
razão do valor ao juízo local cível ou de competência genérica, nos termos do art.º 117/1/b LOSJ, em ações de valor igual
ou inferior a 50mil€, ou ao juízo central cível da comarca, nos termos do art.º 130º/2/c LOSJ, quando a ação seja de valor
superior a 50mil€.

No nosso caso existem juízos de execução no tribunal do porto, pelo que a ação seria da competência deste juízo. Assim
sendo podemos concluir que temos uma violação do pressuposto processual da competência, que da origem nos termos do
art.º 96/a CPC a incompetência absoluta do tribunal.

Assim, uma vez que o processo segue a forma sumária, a partida (trata-se de um título extrajudicial cujo valor não
excede o dobro da alçada do tribunal de 1ª instância, art. 550.º/2/a)), não há lugar a despacho liminar do juiz e o
requerimento é enviado ao agente de execução (art. 885.º). Este, desconfiando da verificação do pressuposto processual da
competência, deverá enviar o requerimento ao juiz para que este profira despacho liminar (art. 885.º/2/b)). Sendo um caso
de incompetência absoluta, ocorre o indeferimento liminar (art. 99.º/1), com possibilidade de aproveitamento
dos autos nos termos do n.º 2.

Em relação ao pressuposto da legitimidade processual, diz-nos o art. 53.º que a execução tem de ser
promovida contra o credor e deve ser instaurada contra a pessoa que no título executivo tenha a posição
de devedor (critério puramente formal). Esta é a regra. Porém, no caso, o devedor faleceu, pelo que houve
sucessão na obrigação. Aplica-se aqui o art. 54.º/1 (uma adaptação da regra geral), que diz que, tenho
havido sucessão na obrigação, a execução deve correr contra os sucessores da pessoa que figura no título
– Neste caso, contra os herdeiros de Abel. Assim, estes não têm razão em alegar a ilegitimidade
processual. Note-se que o exequente deve, no próprio requerimento para execução, deduzir os factos
constitutivos da execução.

Quanto ao patrocínio judiciário, nas ações executivas cujo valor exceda a alçada da Relação, é obrigatória a constituição
de advogado em processo executivo (art. 58.º/1, 1ª parte); nas ações cujo valor esteja entre a alçada da comarca e a da
Relação, o patrocínio é igualmente obrigatório, mas pode ser exercido por advogado, advogado estagiário ou solicitador
(art. 58.º/3). Sendo obrigatório, o patrocínio
judiciário é pressuposto processual. No caso, o valor da ação é de 18.000€, pelo que o patrocínio pode ser exercido por um
advogado estagiário.

2) Se Abel, antes de morrer tivesse interposto recurso de apelação para a relação do porto da sentença
condenatória, será que com isso ele impedia a prepositura da ação executiva? Justifique.
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

Está em causa saber se a sentença pode ou não constituir título executivo, uma vez que foi interposto recurso da
decisão condenatória.

Um título executivo é um documento que serve de base à execução na medida em que, com grande probabilidade,
certificam ou constatam que uma obrigação exequenda foi constituída e ainda existe e é eficaz. Não há execução sem
título, sendo que o art. 703.º enumera taxativamente os documentos que podem servir de base à execução.

Nos termos do art. 703.º/a), é título executivo uma sentença condenatória (sendo que existem decisões condenatórias
para além das sentenças condenatórias; e também podem ser títulos as sentenças proferidas no quadro de acções
executivas). Porém, para que a sentença seja exequível, é necessário que tenha transitado em julgado, i.e., seja
insusceptível de recurso ordinário ou reclamação (art. 628.º), salvo se contra ela tiver sido interposto recurso com efeito
meramente devolutivo (art. 704.º). A atribuição de efeito devolutivo significa que se devolve a reapreciação do caso para a
2ª instância, há uma nova relação jurídica processual, logo os efeitos jurídicos da sentença de 1ª instância podem
produzir-se. O efeito devolutivo constitui a regra no recurso de apelação (art. 647.º) e ocorre sempre no recurso de revista
(art. 676.º). O art. 647º/4 consagra, no entanto, uma válvula de escape para o executado: este pode requerer, ao interpor
o recurso, que a apelação tenha efeito suspensivo da execução, quando esta lhe cause prejuízo considerável e preste
caução.

No caso, foi interposto recurso de apelação, que tem efeito meramente devolutivo, pelo que se pode propor acção
executiva com base na sentença. O recurso não impede a propositura da acção executiva. Esta execução tem, porém,
natureza meramente provisória, sofrendo as consequências da decisão que a causa venha a ter nas instâncias superiores
(art. 704.º/2): se a causa vier a ser definitivamente julgada, a decisão extingue a execução se for totalmente revogatória
da decisão exequenda ou modifica-a, se apenas revogar em parte a decisão exequenda. Se o tribunal de recurso proferir
decisão que seja objecto de recurso para um tribunal superior, então a execução suspende-se ou modifica-se, se a
decisão da 2ª instância for total ou parcialmente revogatória da decisão e o recurso tiver efeito devolutivo; ou prossegue,
se tiver efeito suspensivo.

3) Suponha que a instância processual foi regularizada. E que foi penhorado e vendido pelo agente de
execução um prédio rustico que era propriedade de Abel, mas que tinha sido hipotecado ao BANCO
Espírito SANTO, SA, em 1/04/2005, e sobre o qual incide um direito de superfície titulado por Joaquina,
irmã de Abel, direito de superfície que foi registado em 2/02/2009. Algum destes direitos (hipoteca e direito
de superfície) caduca com a venda executiva do prédio rustico sobro o qual incidem. Justifique?

Está em causa o efeito da venda judicial de caducidade de direitos.


Com efeito, a particularidade da venda executiva faz com que tenha outros efeitos para além dos da compra e venda geral,
sendo que o art. 824.º/2 CC diz que “os bens são transmitidos livres dos direitos de garantia que os oneram, bem como dos
demais direitos que não tenham registo anterior ou de qualquer arresto, penhora ou garantia, com excepção dos que,
constituídos em data anterior, produzam efeitos em relação a terceiros independentemente de registo”.
Com este efeito, visa-se, por um lado, evitar a desvalorização ou depreciação dos bens e, por outro, obrigar os credores a
reclamar os créditos.
Em relação aos direitos reais de garantia. Assim, a hipoteca a favor do Banco Espírito Santo caduca. E o direito de
superfície? Em relação aos direitos reais de gozo, é necessário distinguir entre aqueles que
sejam de constituição (ou registo) anterior à constituição de todos os direitos reais de garantia invocados ou constituídos no
processo e aqueles que sejam posteriores. Se for anterior, subsiste e não caduca.
Porém, neste caso, o direito de superfície foi constituído depois da hipoteca e antes da penhora. Neste caso, a penhora não
abrange a propriedade plena; porém, a lei diz que o bem se transmite livre do direito real. Temos assim um desfasamento
entre o objeto da penhora e o objeto da venda, o que não pode suceder – como tal, os autores propõem uma interpretação
restritiva e neste caso o direito de superfície não caduca, porque não abrangido pela penhora.
Porém, isto poderá trazer prejuízos para o credor reclamante Banco – a sua hipoteca recai sobre a propriedade plena, mas a
venda judicial não a abrange; pelo que teria de intentar uma nova acção executiva sobre o titular do direito de superfície
para pagar o remanescente do seu crédito, e a soma da venda dos direitos parcelares é normalmente inferior à venda da
propriedade plena. Assim, este credor, quando for citado para reclamar o seu crédito, deverá requerer a extensão da
penhora ao objecto da sua garantia, abrangendo a propriedade plena.

4) Suponha que sobre o prédio referido na pergunta anterior ainda incide um direito de retenção constituído
em 1/10/2011, em favor de Rui (que havido obtido a tradição do prédio, 755/1/f CC), a quem Abel o tinha
prometido vender, mas que se recusou faze-lo antes da instauração da ação executiva.
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

O direito de retenção, enquanto direito real de garantia, caduca com a venda executiva (art. 824.º/2 CC). Todos os direitos
reais de garantia caducam com a venda executiva, sejam eles de constituição anterior ou posterior à penhora e tenha havido
ou não reclamação na execução dos créditos.
Menezes Cordeiro entende que o direito de retenção não caduca com a venda executiva; porém, não é este o entendimento
da doutrina e jurisprudência dominantes.

EPOCA DE RECURSO DE 2012


I. O banco BIG, SA, através da sua agencia em Coimbra, obteve em 7/05/2012, uma sentença
condenatória proferida pelo “juízo central cível de Coimbra”, pela qual António, que é casado com
maria, no regime de comunhão de adquiridos, ambos residentes no porto – foi condenado (só ele,
pois a ação declarativa havia sido movida somente contra ele) a pagar aquela instituição financeira a
quantia de 11 mil € respeitante ao incumprimento de um empréstimo destinado a compra de um
automóvel e de moveis para a casa de morada de família, que contraiu em janeiro.

Em 15/05/2012, António sofreu um grave acidente de viação, estando em coma desde essa data. O banco BIG,
instaurou em 15/06/2012, uma ação executiva contra maria e os filhos de António, Carlos e Daniel, no juízo de
execução da comarca do porto. O requerimento executivo foi subscrito por um licenciado em direito, não inscrito
na ordem dos advogados.

1) Aprecie os pressupostos processuais da competência do tribunal, da legitimidade processual e do


patrocínio judiciário, sua verificação e consequências da não verificação.

Em relação a competência primeiro temos de averiguar a questão da matéria em geral. Este critério afere-se através de um
duplo critério: critério da atribuição positiva , que nos diz que cabem na competência dos tribunais judiciais todas as ações
executivas baseadas na não realização de uma prestação que é devida segundo as normas do direito privado, quanto ao
segundo critério de competência residual, cabem na competência dos tribunais judiciais todas as ações executivas que não
caibram no âmbito da competência atribuída aos tribunais de oura ordem jurisdicional;
Estando no nosso caso, ao abrigo do primeiro critério por se uma condenação numa ação declarativa condenatória.
Em razão da hierarquia, apenas o tribunal de primeira instância tem competência executiva, ou seja apenas os tribunais de
comerca podem executar este tipo de ações por força dos art.º 85 e 86 CPC.

Em razão do território, é necessário determinar a competência em concreto da comarca, sendo o título no nosso caso um
título judicial o requerimento executivo é apresentado no próprio processo em que a sentença foi proferida, correndo a
execução nos próprios autos, nos termos do art.º 85/1 CPC. No nosso caso trata-se de uma divida pecuniária, nos termos do
art.º 89/1 CPC, será competente o tribunal do domicílio do executado ou do lugar onde a obrigação devia ser cumprida.

Em razão da matéria dentro dos tribunais judiciais, há que averiguar se existe na comarca em questão um juízo de
execução, existindo juízo de execução será em princípio este o competente, nos termos do art.º 129/1 LOSJ, no nosso caso
seria então competente o juiz de execução do tribunal do Porto. Não havendo nenhum caso nenhuma falha de competência.

Em relação à legitimidade, a ação deve ser proposta contra quem no título figurar como devedor, ou seja,
António (art. 53.º). Não se verificando um caso de sucessão na obrigação (art. 54.º), não pode instaurar a ação contra os
seus herdeiros, pelo que são partes ilegítimas.
Em relação ao patrocínio, o valor da ação está situado entre a alçada da comarca e Relação, pelo que pode ser exercido por
um advogado, advogado estagiário ou solicitador. No entanto, no caso, foi exercido por um licenciado em direito.

Uma vez que o processo segue a forma sumária (trata-se de um título judicial, art. 550.º/2/a)), não há
lugar a despacho liminar do juiz e o requerimento é enviado ao agente de execução (art. 885.º). Este, desconfiando
da verificação do pressuposto processual do patrocínio e da legitimidade, deverá enviar o requerimento ao juiz para
que este profira despacho liminar (art. 885.º/2/b)). Estando em causa uma falha no patrocínio, o juiz deverá
proferir despacho de aperfeiçoamento, convidando o exequente a juntar procuração forense a favor de advogado,
advogado estagiário ou solicitador (art. 726.º/4); se não o fizer, o requerimento será indeferido (n.º 5). Porém,
também temos uma falha no pressuposto da legitimidade, que é uma exceção dilatória de conhecimento oficioso
(art. 577.º/e) e 578.º) e é insanável, e como tal o juiz deverá indeferir liminarmente o requerimento (art. 726.º/2/b)).

2) Se António tivesse interposto recurso de apelação para a relação de Coimbra, da sentença condenatória,
será que com isso ele impedia a propositura da ação?
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

(Igual a 2 do exame anterior)

Está em causa saber se a sentença pode ou não constituir título executivo, uma vez que foi interposto recurso da
decisão condenatória.

Um título executivo é um documento que serve de base à execução na medida em que, com grande probabilidade,
certificam ou constatam que uma obrigação exequenda foi constituída e ainda existe e é eficaz. Não há execução sem
título, sendo que o art. 703.º enumera taxativamente os documentos que podem servir de base à execução.

Nos termos do art. 703.º/a), é título executivo uma sentença condenatória (sendo que existem decisões condenatórias
para além das sentenças condenatórias; e também podem ser títulos as sentenças proferidas no quadro de acções
executivas). Porém, para que a sentença seja exequível, é necessário que tenha transitado em julgado, i.e., seja
insusceptível de recurso ordinário ou reclamação (art. 628.º), salvo se contra ela tiver sido interposto recurso com efeito
meramente devolutivo (art. 704.º). A atribuição de efeito devolutivo significa que se devolve a reapreciação do caso para a
2ª instância, há uma nova relação jurídica processual, logo os efeitos jurídicos da sentença de 1ª instância podem
produzir-se. O efeito devolutivo constitui a regra no recurso de apelação (art. 647.º) e ocorre sempre no recurso de revista
(art. 676.º). O art. 647º/4 consagra, no entanto, uma válvula de escape para o executado: este pode requerer, ao
interpor o recurso, que a apelação tenha efeito suspensivo da execução, quando esta lhe cause prejuízo considerável e
preste caução.

No caso, foi interposto recurso de apelação, que tem efeito meramente devolutivo, pelo que se pode propor acção
executiva com base na sentença. O recurso não impede a propositura da acção executiva. Esta execução tem, porém,
natureza meramente provisória, sofrendo as consequências da decisão que a causa venha a ter nas instâncias superiores
(art. 704.º/2): se a causa vier a ser definitivamente julgada, a decisão extingue a execução se for totalmente revogatória
da decisão exequenda ou modifica-a, se apenas revogar em parte a decisão exequenda. Se o tribunal de recurso proferir
decisão que seja objecto de recurso para um tribunal superior, então a execução suspende-se ou modifica-se, se a
decisão da 2ª instância for total ou parcialmente revogatória da decisão e o recurso tiver efeito devolutivo; ou prossegue,
se tiver efeito suspensivo.

3) Suponha que a instância processual foi regularizada, tendo a execução sido instaurada contra António.
Poderá ser penhorado um automóvel adquirido com o produto de trabalho de maria? Poderá esta obter o
levantamento da penhora sobre o referido automóvel?

A penhora é a apreensão judicial de bens do executado feita no quadro de uma acção executiva para pagamento de uma
quantia certa, privando-se o executado do pleno exercício dos poderes sobre esses bens, com vista à realização das
finalidades da acção executiva.

Fala-se de penhorabilidade subsidiária quando um bem ou património só possa ser penhorado depois de outros bens
ou património se terem revelado insuficientes para a satisfação do crédito exequendo ou ter havido prévia excussão dos
bens primeiramente obrigados. Está prevista no art. 745º CPC. Um dos casos de penhorabilidade subsidiária é a penhora
por dívidas da responsabilidade comum e própria dos cônjuges.

Com efeito, pelas dívidas que são da responsabilidade de ambos os cônjuges, respondem os bens comuns do casal
e só na falta ou insuficiência é que respondem os bens próprios de qualquer dos cônjuges (art. 1695.º/1 CC); e pelas
dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges respondem os bens próprios do devedor e só na sua falta ou
insuficiência é que responde a meação nos bens comuns (art. 1696.º CC).

No caso, a dívida é da responsabilidade de ambos os cônjuges nos termos do art. 1691.º/1/c); porém, apenas existe título
executivo contra um dos cônjuges, António. Não se pode deduzir o incidente de comunicabilidade da dívida, uma vez que
o título é judicial (o credor não demandou o cônjuge na acção declarativa, e isto preclude a invocação da
comunicabilidade da dívida). Assim, a penhora deve começar pelos bens próprios dele e, na sua falta ou
insuficiência, será penhorada a sua meação nos bens comuns. O automóvel adquirido com o produto do trabalho de
Maria, sendo António e Maria casados no regime da comunhão de adquiridos, é um bem comum (art. 1724.º/b)). O art.
740.º permite que se penhore a meação nos bens comuns, sento citado o cônjuge do executado para requerer a
separação de bens ou mostrar que esta já se encontra requerida; se o cônjuge nada fizer, a execução prossegue nos
bens penhorados, caso contrário é suspensa até que se verifique a partilha (n.º 2).

Porém, o automóvel apenas pode ser penhorado subsidiariamente, pelo que, se não forem penhorados primeiro os bens
próprios de António, Maria pode deduzir embargos de terceiro. Os embargos de terceiro são uma acção declarativa que
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

visa reagir contra penhoras ilegais, sendo que pode deduzir embargos de terceiro quem não seja parte na causa (art.
342.º), em particular o cônjuge (art. 343.º). Assim, pode embargar de terceiros o cônjuge do executado, para defesa dos
seus direitos relativos aos bens próprios e relativos aos bens comuns que hajam sido atingidos pela penhora. Tratando-se
de penhora de bens comuns, existem dois casos em que o cônjuge do executado não pode embargar: quando tenha sido
citado nos termos do art. 740.º/1 e o executado não tenha bens próprios; e quando a penhora incida sobre bens do art.
1696.º/2. Não se verifica nenhum destes casos.

Se os embargos forem julgados procedentes, a penhora é levantada.

4) Suponha que António pagou a quantia exequenda quando foi demandado na ação declarativa de
condenação, mas na contestação desta ação o seu advogado não alegou esse facto. Pode António, agora
em oposição a execução, alegar que já havia pago a obrigação e requerer a extinção da execução com
base nessa circunstância. Justifique.

Não pode deduzir oposição à execução com fundamento num facto extintivo da obrigação anterior ao encerramento do
processo declarativo (art. 729.º/g)).
QUESTÕES TEÓRICAS:
Distinga sucintamente:

1) Agente de execução e oficial de justiça.


O agente de execução é um profissional liberal com estatuto autónomo, a quem cabe a realização das várias diligências do
processo executivo quando a lei não o determine diversamente. Esta figura insere-se no modelo de desjudicialização da
acção executiva, adoptado entre nós em 2003, e que segue o modelo francês do huissier. O juiz exerce apenas funções de
tutela, intervindo em caso de litígio e controlo; a promoção das diligências executivas cabe antes ao agente de execução,
que é designado pelo exequente de entre os registados em linha oficial (art. 720.º/1).
Nos termos do art. 719.º, cabe ao agente de execução efectuar todas as diligências do processo que não estejam cometidas
à secretaria (oficiais de justiça) ou ao juiz. Assim, se a lei processual atribuir expressamente competência ao agente de
execução, mais ninguém tem competência em primeira linha para o praticar; se a lei expressamente não atribui
competência ao agente de execução, pode ser praticado pelo oficial de justiça e/ou juiz. Assim, a competência do juiz no
processo executivo propiamente dito ºe residual.
Já o oficial de justiça é um funcionário público a quem o legislador atribui a competência para certos actos no processo
executivo (art. 719.º/3) – recebe o requerimento executivo e executa as determinações do juiz no processo. Porém, o oficial
de justiça pode ficar encarregue das diligências próprias da competência do agente de execução, caso em que assume o
estatuto de agente de execução – art. 722.º.
Com efeito, o credor pode, certos casos, requerer que os actos na acção executiva sejam praticados por um oficial de
justiça (al. e) e f)); para além disto, o agente de execução é o oficial de justiça nas restantes hipóteses previstas,
nomeadamente nas execuções em que o Estado é exequente e em que o MP representa o exequente.

2) Obrigação exequenda inexigível e obrigação exequenda ilíquida.


São quatro os pressupostos processuais específicos da acção executiva: liquidez, exigibilidade, certeza e
existência de um título executivo.
A obrigação exequenda tem de ser certa, exigível e líquida. A obrigação é exigível quando se encontra vencida ou o seu
vencimento depende, de acordo com estipulação expressa ou a regra supletiva do art.
777.º/1 CC, de simples interpelação do devedor e esta já foi feita (obrigações puras). Assim, é inexigível
quando, não tendo ocorrido o vencimento, este não dependa de mera interpelação. São exemplos de
obrigações incertas as obrigações de prazo certo, quando este ainda não ocorreu (art. 779.º CC);
obrigações de prazo incerto, a fixar pelo tribunal (art. 777.º/2 CC); obrigações sujeitas a condição
suspensiva, quando esta ainda não se verificou (art. 270.º e 715.º/1 CC); e obrigações dependentes de uma
prestação do credor (art. 428.º). A exigibilidade da obrigação exequenda tem de se verificar antes de
serem ordenadas as providências executivas: quando não resulte do título nem de diligências anteriores,
abre-se uma fase liminar no processo executivo (sem prejuízo de poder ter lugar no requerimento
executivo a actuação necessária); quando tenha resultado de diligências anteriores à propositura da acção
executiva, é necessário fazer a prova complementar do título (art. 715.º/1 a 4).
Proposta a execução baseada em título de que resulte a incerteza da obrigação ou a inexigibilidade da
prestação, não sendo imediatamente efectuada prova complementar do título nem requeridas as
diligências necessárias a tornar a obrigação exigível, o juiz profere despacho de aperfeiçoamento (art.
726.º/4), havendo lugar ao indeferimento do requerimento executivo no caso de o requerente não
aperfeiçoar a petição (n.º 6).
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

Já a obrigação ilíquida é aquela que tem por objecto uma prestação cujo quantitativo ainda não esteja
determinado. O CPC distingue a liquidação que depende de simples cálculo aritmético e aquela que dele
não depende. Na liquidação por simples cálculo aritmético, o exequente deve fixar o seu quantitativo no
requerimento executivo mediante especificação e cálculo dos respectivos valores (art. 716.º/1). É exemplo
a liquidação de uma obrigação de pagamento de juros. Se a liquidação não depender de simples cálculo
aritmético (ex: pagamento de uma indemnização quando ainda não se sabe a extensão dos danos, art.
556.º/1/b)), a quantificação da obrigação faz-se, desde 2003, antes da propositura da acção executiva, por
apenso à acção declarativa (se for título judicial, já pode ser feita no processo executivo, art. 716.º/4).
Temos ainda a liquidação por árbitros e a liquidação da obrigação de entrega de uma universalidade (art.
716.º/4 a 7).
Se não for requerida a liquidação da obrigação ilíquida, o juiz deve igualmente proferir despacho de
aperfeiçoamento, indeferindo o requerimento no caso de a petição não ser aperfeiçoada.
No caso de a execução continuar sem a verificação destes pressupostos, o executado pode opor-se à
execução (art. 729.º/e)).
3) Penhorabilidade subsidiária e parcial.
A penhora é a apreensão judicial de bens do executado feita no quadro de uma acção executiva para pagamento de uma
quantia certa, privando-se o executado do pleno exercício dos poderes sobre esses bens, com vista à realização das
finalidades da acção executiva. Estão sujeitos à execução todos os bens susceptíveis de penhora (art. 735.º), existindo bens
impenhoráveis.
Fala-se de penhorabilidade subsidiária quando um bem ou património só pode ser penhorado depois de outros bens ou
patrimónios se terem revelado insuficientes para a satisfação do crédito exequendo ou depois de ter havido prévia excussão
dos bens primeiramente obrigados (art. 745.º). A penhorabilidade subsidiária ocorre nos seguintes casos: penhora por
dívidas de responsabilidade comum e própria dos cônjuges (art. 1695.º e 1696.º CC); penhora por dívidas em que haja um
devedor principal e um devedor subsidiário com benefício de excussão prévia (ex: fiador, arts. 627.º e 638.º CC); penhora
de bens do devedor especialmente afectos ao cumprimento da obrigação (dívidas com garantias reais); e penhora de bens
que respondam em último lugar (ex: EIRL, art. 10.º/1 e 22.º DL 248/86).
Já a penhorabilidade parcial ocorre quando um bem apenas pode ser penhorado em certa parte ou fracção aritmeticamente
calculada. São parcialmente penhoráveis os créditos mencionados no art. 738.º, que são vencimentos, salários ou qualquer
prestação que assegure a subsistência do executado. Apenas se pode penhorar 1/3 destes créditos, ou seja, são
impenhoráveis 2/3.
Se for penhorado um bem imediatamente, quando é apenas penhorável subsidiariamente, ou se for penhorado um bem com
uma extensão maior do que a permitida, pode o executado deduzir oposição à penhora (art. 784.º/1/a) e b)).
4) Impenhorabilidade absoluta e relativa.
Os bens absolutamente impenhoráveis jamais podem ser penhorados, estando previstos no art. 736.º, que porém não é
taxativo.
Já os bens relativamente impenhoráveis são aqueles cuja penhora está dependente de verificação de determinadas
circunstâncias ou da natureza das dívidas exequendas. O art. 737.º contém uma lista de bens relativamente impenhoráveis.
São exemplo os bens do Estado que se encontrem especialmente afectos a realização de fins de utilidade pública (n.º 1);
bens essenciais, que só podem ser penhorados se se tratar de execução destinada ao pagamento do preço da respectiva
aquisição ou reparação (n.º 2); e instrumentos de trabalho (n.º 3).
Se for penhorado um bem absolutamente impenhorável, ou um bem relativamente impenhorável se não estiverem reunidas
as condições para a sua penhorabilidade, o executado pode deduzir oposição à penhora (art. 784.º/1/a)).
5) Penhora, arresto e apreensão por coisa certa.
A penhora é a apreensão judicial de bens do executado feita no quadro de uma acção executiva para pagamento de quantia
certa, privando-se o executado do pleno exercício dos poderes sobre esses bens, com vista à realização das finalidades da
acção executiva. Está prevista no art. 735.º e segs. As duas funções da penhora são a de especificar, isolar e determinar os
bens ou direitos que são apreendidos, para que possam ser transmitidos; e conservar os bens ou direitos, impedindo que
possam ser ocultados, deteriorados, onerados ou alienados em prejuízo do requerente.
A penhora não se confunde com o arresto, que é um procedimento cautelar que serve para acautelar um direito de crédito
ainda incerto, mas provável (art. 391.º e segs.), enquanto que a penhora é um acto do processo de execução, que visa
reintegrar efectiva e coercivamente um crédito cuja existência se presume em função da apresentação do título executivo.
Por outro lado, enquanto que o arresto antecipa a futura sujeição à execução, sendo um meio de conservação de garantia
patrimonial, a penhora representa já o actuar na execução da responsabilidade patrimonial. Outra diferença ainda é a de
que, enquanto que o arresto só pode ter por objecto bens do devedor ou adquiridos por um terceiro ao devedor (art. 391.º/1
e 392.º/2), a penhora pode incidir sobre bens de terceiros, quando sobre estes incida direito real constituído para garantia
do crédito exequente ou quanto tenha sido julgada procedente impugnação pauliana (art.735.º/2). No entanto, o arresto
pode ser convertido em penhora, retrotaindo-se os seus efeitos à data do registo do arresto (art. 822.º/2).

Por outro lado, distingue-se também da apreensão para entrega de coisa certa, que tem lugar na acção de
ROSA AZEVEDO 2018/2019 RESOLUÇÃO EXAMES DPCIII

execução para entrega de coisa certa. Nesta acção, o credor não requer a execução do património do devedor (art. 817.º
CC), mas sim a entrega judicial da coisa devida (art. 827.º CC). Assim, não há lugar a penhora, mas antes o tribunal
procede à apreensão da coisa e a sua imediata entrega ao exequente, após efectivação das buscas e outras diligências
necessárias (art. 861.º). A apreensão não tem a função e efeitos da penhora: não consubstancia a constituição de um direito
real de garantia nem é dirigido à ulterior transmissão da coisa apreendido, mas sim à sua entrega ao exequente. Como tal,
não confere ao exequente qualquer direito de garantia nem opera a transferência da posse da coisa para o tribunal, e
também não se põe o problema da ineficácia dos direitos dispositivos. Para além disto, os limites objectivos da
penhorabilidade dos bens não têm aqui aplicação.
6) Penhorabilidade total e penhorabilidade parcial;
7) Penhora e arresto;
8) Reclamação e impugnação dos créditos reclamados;
9) Certeza e liquidez da obrigação exequenda;
10) Agente de execução e mandatário judicial;
11) Reclamação de créditos e graduação de créditos;
12) Execução para entrega de coisa certa e execução para prestação de facto;
13) Obrigação exequenda incerta e obrigação exequenda ilíquida;
14) Penhora e apreensão na execução por coisa certa;
15) Adjudicação de bens e remição de bens;
16) Venda por propostas em carta fechada e venda por negociação particular;
17) Reclamação de créditos e graduação de créditos;
18) Penhorabilidade parcial e penhorabilidade subsidiaria;
19) Exigibilidade e liquidez da obrigação exequenda;
20) Obrigação exequenda ilíquida e obrigação exequenda inexigível;
21) Agente de execução e solicitador;
22) Impenhorabilidade parcial e impenhorabilidade relativa;
23) Penhorabilidade relativa e penhorabilidade subsidiaria;
24) Obrigação exequenda incerta e obrigação exequenda inexigível;
25) Reclamação e impugnação de créditos no âmbito do concurso de credores;
26) Agente de execução e oficial de justiça com funções executivas;
27) Impenhorabilidade absoluta e impenhorabilidade relativa;
28) Ação executiva e execução especifica;
29) Penhora e penhor;

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