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REVISTA Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 NOTRE CC a eS TUT Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Nimero 1, jan-jul, 2021 EDITORIAL Respeitaveis Inmios MCDB, Noeenrer on NUS Ven a cate Career Oar ee Mace CPOE CS REST Se ee eo Rn mona en OT en correspondentes no exterior. Com isso, nossa responsabilidade e vontade de fazer mais somente aumenta! E Pin weneteen cleus Cerone re ican Cle E, seguindo o planejado, mesmo com a pandemia, como previsto no Regulamento Geral de nosso CMDB, em breve estaremos noticiando os Membros Correspondentes 2020 e 2021 eleitos para se torarem Vr etna eran ens) Chegamos a mais uma edigdo de nossa revista DB33. Nao podemos deixar de agradecer o belissimo Te Sn coe Cc ed Oca bet Ce ne CORR RO cre aL YAO eco) Reranch crete} Nesta edigdo, temos um excelente trabalho do Dr, Jodo Paulo Guimaraes Soares, Ex-VM de nossa Loja de Pesquisas, sobre 0 Mito do Demiurgo. O Inmao Seba é outro que nos surpreendeu com seu artigo Rete Re eC eRe Een VR RCE RSS etc) interessantes esclarecimentos sobre Liturgia, Rito ¢ Ritual. E o MCDB Paulo Rangel de Carvalho Jinior faz Re ene nt nnn ne ent he ene E como a revista DB33 reconhece a importancia histérica que as revistas magénicas tém no Brasil, ORS Cr RMS ha ce Ren ese ones O Rta RUT circunstincias da escolha donome Astréa, por Mario Behring, para a revista de estudos do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Magonaria para a Reptiblica Federativa do Brasil KENNYO ISMAIL Norse sp uCutd Pe oe CO oe] Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 CONHECER A SI MESMO E SEU LUGAR NO MUNDO TE LEVA DA OBSERVAGAO DE APRENDIZ A DUALIDADE DE COMPANHEIRO Paulo Rangel de Carvalho Jinior, MCDB 19081701 1. Introdugao Desde 0s primérdios da humanidade, a partir do momento em que o homem compreendeu que tudo a0 seu redor tinha sua origem a partir de uma inteligéncia superior, surgiu a triplice indagagao: De onde viemo: Quem somos? Para onde vamos? Controvertem os doutos acerca da resposta desses questionamentos, sendo um mistério incognoscivel. Religides, doutrinas, correntes filoséticas ¢ escolas iniciaticas tentam levantar ovéu que encobre omistério. ‘Na Maconaria ndo ¢ diferente. A resposta dessas perguntas ¢ amplamente debatida no grau de Companheiro, grau dois, eivado pela dualidade. Segundo Varoli “a lembranga do inquietante mistério tem por principal escopo convencer 0 magom de sua insignificdncia como ser humano ou microcésmico, incapaz de atingir a Verdade Suprema.” 2. Da observagiio do Aprendiz Insta tecermos breves consideragdes a respeito do grau de Aprendiz ¢ de Companheiro antes de apontarmos a evolugo de um gran para outro. Segundo 0 Dicionario Michaeli on-line, A palavra Aprendiz significa: Eeyore | Oqueaprende uma arte ou oficio que da os primeiros passos em uma atividade; novato, novigo, principiante; 3+ Pessoa que tem pouca habilidade ou experiéncia; leigo, nedfito; 4 Primeiro grau damaconaria simbélica grau de Aprendiz corresponde infiincia do homem, época em que ainda esti impregnado pela superstigio ¢ ignorincia, O Aprendiz € incipiente na senda magnica e, por isso, necessita primeiro conhecer os instrumentos de trabalho e os simbolos da Arte Real, sempre com a orientagdo dos Mestres. O iniciante nao sabe ler e nem escrever, s6 soletrar e, por essa razio, necessita ser guiado pelo tragado feito pelos Mestres na Prancheta. Vale lembrar que o Aprendiz. tem assento na Coluna do Norte, parte mais escura do Templo, de onde no emana luz. A luz do conhecimento provém de outros pontos cardeais, por intermédio das Luzes da Loja. Em Loja de Aprendiz, as pontas do Compasso estdo sobrepostas pelo Esquadro, razio do Aprendiz ainda estarenvolto da materialidade. Mathias nos traz um conceito bem interessante, de significado mistico, onde o Aprendiz de Feiticeiro ‘temo sentido de pessoa que desencadeia forgas e torna- se incapaz de controla-las”, sendo necessiria a supervisio dos irmaos mais versados. Acreditamos que essa definigdo tem ampla correlago com o Aprendizado Macénico. 3. Da dualidade do Companheiro © grau de Companheiro, segundo muitos eal Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 6 o grau mais importe da Maconaria Simbilica. Parafraseando Assis Carvalho, 0 Magom que nio conhecer profundamente © Grau de Companheiro, nao pode ser considerado um Magom completo, Nao se trata de uma mera passagem para se chegar ao Mestrado. Segundo Toledo, “na Magonaria Operativa os mesires de obras ~ que apenas exerciam as funcées de dirigentes de trabalhos — eram escolhidos dentre os Companheiros mais experientes e capazes de exercer naturalmente a lideranca, surgindo, entéo, 0 “Master” da Loja ~ embriéio das funcées de Venerdvel Mestre, na Magonaria Especulativa ~ que, pelo respeito que possuia junto aos seus obreiros, erao dirigentemaximo dos irabathos.” © Companheiro jé libertou uma das pontas do compasso, pois livre de superstigdes, de convengdes ¢ preconceitos, iniciou sua emancipagdo da matéria em direcdo ao espiritual; caminha das trevas para a luz da verdade. Como disse Barinani é “a transformagiio do Homem-Ego para 0 Homem-Césmico.” O Companheiro, por ter adquirido mais conhecimento da filosofia, ritualistica e simbologia magénica, aperfeigoou suas habilidades de trabalho no esquadrejamento da P=.B», transformando esta massa disforme em algo mais similar com a P2Ps., mas ainda eivada de asperezas. Contudo, a continuidade da burilagdo permitira que futuramente seja a P-.Cy. utilizada na construgio do Templo Interior e posteriormente do Social. A Arte Real primeiro transforma o homem para depois este, modificado, possa ser pega itil 4 sociedade. Somente com o estudo ¢ 0 trabalho arduo 0 Companheiro poder conceber a P.-P:, trabalho digno de exaltago e aumento de salario, Detendo esses conhecimentos, o Companheiro toma conhecimento de si em dois aspectos: Primeiro, reconhece que é uma particula divina e indelével parte do Eu Sou. Reconhece que ¢ um espirito imortal fadado & constante evolugdo, Por seu tuo, no segundo aspecto o Fellow Craft compreende melhor a expresstio latina ValsTRel.O“Ls, "Visita Interiora Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem", que vislumbrou quando estava enclausurado na Camara de Reflexes. Significa: visita o interior da terra ¢, retificando, acharés a Lipide oculta ou pedra oculta. Filosoficamente, quer dizet 0 seguinte: Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontraras 0 Teu Eu Oculto, ou, a esséncia da tua alma humana. Alma e Espirito sao coisas diferentes. A Alma pertence ao Homem, enquanto © Espirito pertence ao Criador. © Magom precisa olhar para dentro de si e conhecer seus defeitos, limitagdes e outras mazelas colimando utilizar 0 mago (forga) eo cinzel (inteligéncia) com sabedoria para dosar o vigor no malho em cima do buril, este posicionado no local adequado, para alcangar o resultado pretendido, ou seja, climinaras suas asperezas. ‘Nesse contexto, o Companheiro também toma consciéncia de seu ugar no mundo. Atenta para 0 fato que seu espirito encontra-se neste plano terreno aprisionado ao seu corpo de forma que possa experimentar as vicissitudes do plano material tencionando evoluir. Charles Darwin comprovou que a natureza esta em constante evolugdo. Tudo esti fadado a evoluir, queiramos ou nao. Aquele que compreende esti igo e se alinha com Universo tende a progredir mais rapido e com menos sofrimentos em suas idas e vindas ao plano carnal. Oliveira nos traz uma reflexdo curiosa, afirmando que “o UM, sendo tudo, & incapaz de experiéncias a sim mesmo. E como a crianga que, sendo incapaz de diferenciar-se, ¢ também incapaz de sentir suas experiéncias como sendo suas. E um movimento necessitio a constituig3o da Consciéneia. Como disse Mestre Eckhart — 0 grande mistico cristo: Deus é tio necessirio ao homem quanto homema Deus.” Pari Passu desperta para o fato que é um trabalhador da iiltima hora e foi chamado a participar da Grande Obra do Supremo Arquiteto do Universo, sendo pega iitil na evolugdo de todos os seres. Sea liberdade éa aspiragiio do Aprendiz, que almejaa Luz, a solidariedade € a igualdade € a do Companheiro. O Pedr jamais deve esquecer que o seu propdsito ¢ realizar ¢ sempre ambicionaro mais perto possivel da perfeigaoem proveito da humanidade, Digo o mais perto possivel da perfeicdo, pois esta s6 éaleangivel pelo G.As.D-.U-.. Os Persas ja detinham tal concepgiio. E consabido que os tapetes persas so os melhores e mais caros do mundo. Apesar disso, os tapetes persas possuem imperfeigdes de propésito, Como somente Deus pode ser absoluto, os tapetes, que sio feitos por mao humanas, nio podem ser perfeitos. 4, Numerologia e Geometria Passaremos a um breve estudo dos nimeros colimando contemplarmos a dualidade. ce rr] Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 A Numerologia € 0 estudo filoséfico dos niimeros, jd que a matematica é uma ciéncia exata, A numerologia é a base para a compreensto dos simbolos que osmimeros representam, ‘A Unidade & 0 ponto sem dimensdes, 0 nada contendo 0 todo, 0 principio anterior a toda manifestagdo, o Principio Realizador. O Um se manifesta quando Ihe é acrescentado mais uma unidade. Em outras palavras, sem o Dois 0 Um nio pode ser manifestado. Onimero Dois ou © Bindrio, para o Aprendiz é simbolo dos opostos, dos antagdnicos, dos contririos, enfim, da davida. Representa Diade (palavra grega para par, grupo de dois) como o bem e 0 mal, luze escuridao, masculino e feminino, positivo e negativo, afirmagio € negaciio ete., sendo um niimero fatidico nesse grau. Os Gnésticos utilizavam 0 nome Sizigia (par) a todas as oposigdes de dois termos contririos. Por seu tumo, tendo 0 Companheiro aprofundado seus estudo nos significados do binério, entende que é 0 ponto em movimento, ago, irradiagiio e expansio eriadora, o Verbo. E a ago combinada de duas unidades, que apesar de antagénicas se completam, gerando o niimero trés, reflexo da perfeigdo, tendo em vista que aniquila a diferenga e a divisao. E a sintese resultante da tese antitese. A Geometria define que o ponto em movimento gera a linha e esta, por sua vez, concebe a superficie, e desta obtemos o sdlido, Tendo 0 ponto por Um, temos que a linha ¢ Dois, a superficie & Trés ¢ 0 sélido ou corpo é Quatro (volume), cuja medida é 0 eubo. Partindo da representagao filos6fica do ntimero dois, temos a dualidade, que ¢ a qualidade do que é dual ‘ou duplo em natureza, substincia ou principio. Pode ser tida como construgdo ideoldgica de que existem forgas opostas agindo em um mesmo objeto. Dai o perigo do Aprendiz aprofundar seu estudo no nimero dois, tido como fatidico e antagénico. No que tange a dualidade, Mathias ensina que “simbolicamente, por representar 0 mimero dois (os opostos, os contrdrios, a dualidade do ser) em muitos casos tanthém representa o embate entre as forgas do bem e do mal, 0 conflito entre 0 querer e 0 saber, 0 Seon dominio das paixbes e a vontade controlada pela visiio do que devo oundo fazer, de como agir. Pode e deve dar o passo lateral, sem esquecer, porém, de retornar aoeixo.” Partindo do principio que a dualidade se apresenta em forma da diades, sendo que a linha gerada pelo ponto (Um) em movimento, temos duas diregdes opostas que podem ser trilhadas pelo Companheiro, direita e esquerda; anterior e posterior; superior e inferior, sendo que um caminho pode o levar ao benéfico € outro 20 maléfico. Entretanto, como conheceremos a luz seniio soubermoso que¢ escuridao? 5. Consideragées finais © Companheiro jé tem capacitagao para cexperimentar, trilhar do nivel 4 perpendicular em busca da verdade, deixando a linha central tragada enquanto Aprendiz, dando os primeiros passos laterais ¢ obliquos, mas tendo em mente que em determinado momento deve retornar ao centro, pois pode ser enganado por seus sentidos. Tanto & verdade que um dos simbolos do Companheiro ¢ a Escada em Caracol, que com seus degraus em espiral permite ao obreiro girar em tomo de si, adquirindo conhecimento, mas que nao permite que se afaste muito do eixo central. Diante do exposto, concluimos que apés seu periodo de observagio como incipiente Aprendiz, 0 Companheiro, conhecedor de si ede seu lugarno mundo, além de mais preparado na seara mistica, esta apto a trilhar novos caminhos objetivando deixar 0 mundo objetivo dos sentidos ¢ aleangar © mundo subjetive do espirito. 6. Referéncias bibliogrificas ASLAN, Nicola. Grande Diciondrio Enciclopédico de Maconaria e Simbologia— volume 1. —¥ ed. ~ Londrina: Ed. Mag6nica“A Troha”, 2012. BARIANI, Walter de Oliveira. Caminhos da Perfeicao. O Companheiro. ~ 1* ed. ~ Sto Paulo: A Gazeta Magénica, 2002. CAMINO, Rizzardo da. Simholismo do Segundo Grau ~ Companheiro, -5* ed. ~ Sao Paulo: Madras, 2017. CAMINO, Rizzardo da. Diciondério Magénico, ~ 5° ed Sao Paulo: Madras, 2018. CARVALHO, ASSIS. Companheiro Magom. Francisco de Assis Carvalho, Xico Trolha. 3* ed - Londrina, Ed. aa Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 Magénica“A Trolha”, 2006. DICIONARIO MICHAELI ON-LINE GLP — Grande Loja do Parana. Ritual Do Grau de Companheiro Magom R.E%A +A... Curitiba - Ajit Gréifica e Editora Ltda, 2017. MATHIAS, Amilear Alabarce. Aprendiz, 0 inicio da jornada. 1" Ed. —Sio Paulo: Editora Hércules, 2019. MATHIAS, Amilcar Alabarce. Companheiro, entre as trevas ea luz. 1" Ed. — Sao Paulo: Editora Hércules, 2017, OLIVEIRA. Ozires Nunes de. De Pé e @ Ordem Il. Simbologiae Filosofismo, 2 Ed— Curitiba: Editora Entre Colunas, 2016. TOLEDO. Nilson de Oliveira. Pegueno Manual do Aprendiz Macom, $* ediga0—Curitiba: Timbiras, 2014. TOLEDO. Nilson de Oliveira. Pequeno Manual do Companheiro Macom, 1" edigao — Curitiba: Timbiras, 2014 VAROLI FILHO, Teobaldo. Curso de Magonaria Simbélica— Aprendiz — Témo I. \* edigao — Sao Paulo: A Gazeta Magénica, VAROLI FILHO, Teobaldo. Curso de Maconaria Simbolica ~ Companheiro ~ Tmo I. \* edigio ~ Sio Paulo: A Gazeta Magénica, 1976, DESVENDANDO A ASTREA Kennyo Ismail, VM A Astréa é a revista de estudos magdnicos publicada pelo Supremo Consetho do Grau 33 do Rito Escocés Antigoe Aceito da Magonaria para a Repibliea Federativa do Brasil (SC33, com sede em Jacarepagua, Rio de Janeiro). Criada por Mario Behring e publicada desde janeiro de 1927, é a revista ‘magnica mais antiga ainda em publicagao no Brasil, além de sera de maior tiragem e circulagaio no pais. O nome, Astréa, & da deusa da justiga da mitologia grega, tao ilustrada como uma virgem vendada, segurando uma balanga. Aprimeira edigdo (Ano 1, Namero 1), de janeiro de 1927, nfo justifica a escolha do nome. Contudo, seu editorial justifica seu langamento pelo fato oo eee Figural. Capada |* edigio da Astréa (Se33): De hi muito fazia-se sentir no meio magénico brasileiro a nnecessidade de uma revista consagrada, pura ¢ exclusivamente, aos estudos da magonaria, Da falta de uma publicagao desse ‘eénero e de livros que possam guiar os rnossos Ilr’. em sua carreira dentro da Ord.” decorte o mal de que todos nos queixamos, com justa razao, a profunda ignorineia das coisas ‘magSnicas, de que tém resultado n20 ppequenos danos ao desenvolvimento dda Sub.” Inst.".em nosso pais. Sendo a Mag.’. como é, de fato, uma escola, 0 Ap.”., a0 penetrar pela primeira vez em nossos temples, nto deve ser abandonado as proprias inspiragdo que, 8s mais das vezes, © cconduzirio por erradattilha (..)- Artigos doutrinarios, artigos de propaganda, matéria exclusivamente ‘mag6niea, nolas sobre a Ord”. em sgeral, sobre as Off”. espalhadas pelo Temitério pitrio, tudo isso ter guarida nas paginas de Astréa, que recusara apenas artigos de polémica e de po] Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 cardter pessoal que tanto desprestigiam a imprensa magénica em nosso pais (GRIFOS NOSSOS). Essa edigdo inaugural ainda traz artigos interessantes, como diferentes definigdes do que é a Magonaria, uma andlise da lei moral segundo Confiicio, as origens do REAA, eo primeiro congresso internacional de Supremos Conselhos. Na parte oficial da publicagao, tem-se, dentre outros decretos e extratos: + a publicagio do aditivo ao tratado entre 0 SC33 € 0 GOB, de 13 de outubro de 1926, solicitado pelo GOB. para tratar da divisdo das despesas do Palicio do Lavraci * o decreto do dia 22 de outubro de 1926, que cassa as, Cartas Constitutivas das Lojas Simbélicas, emitidas pelo SC33, as quais seriam substituidas por novas, exclusivas do GOB, enquanto determina que os graus, 4 em diante serio concedidos em Altos Corpos subordinados a0 SC33 ¢ no mais pelas "lojas capitulares"; © extrato da ata da assembleia do $C33, de 16 de novembro de 1926, presidida por Mério Behring, em que ele investe quatro Irmaos no 33° grau, dentre eles OctavioKelly. Entretanto, a escolha do nome, Astréa, permaneceu sem explicagdes, ja que essa deusa grega, ao contririo de Atena, Héracles e Affodite, no é mencionada em rituais ¢ literatura magdnica. Contudo, o que pode-se afirmar, & que existiu, 100 anos antes, um periddico Astréa no Brasil, e que Mario Behring sabia disso! © Astréa original teve seu primeiro nimero publicado em 17 de junho de 1826 e circulou até, pelo menos, agosto de 1832, somando mais de oitocentas edigdes. Dedicava-se a noticias politicas, em especial da Camara dos Deputados, ¢ era uum dos jomais mais antigos, com grande quantidade de edi ‘muito bem preservadas, dentre todos os periddicos catalogados na Biblioteca Nacional, da qual Mério Behring era diretor geral. Além disso, o Astréa original cobria 0 tema e 0 periodo relacionados abdicagao de Dom Pedro Il e o retomo de Montezuma, pai do SC33, ao Brasil, tendo, provavelmente, servido de fonte de pesquisa a Mario Behring sobre primeiro Soberano Grande Comendador, de quem ele era 0 legitimo Eeyore SUmSCREVESE, Figura 2. Cabopalho da Astréa,em 1826, Fonte: Hemeroteca da Biblioteca Nacional Figura 3. Caboyalho da Astréa, em 1832, Fonte: Hemeroteca da Biblioteca Nacional ara se ter uma ideia da importancia que teve 0 jomnal profano Astréa naquele periodo, de 1826 a 1832, Dom Pedro I era um de seus leitores fieis, © vez ou outra enviava cartas a tedagao, Ainda, era um dos poucos jornais brasileiros que possuia tipografia propria, a qual ficava na Rua da Alffindega, nimero 426, onde hoje esta localizado 0 Real Gabinete Portugués de Leitura, No entanto, para entender a escolha de Behring por este nome, Astréa, dentre tantas outras opgdes, faz-se necessério conhecer um pouco mais de sua vida profana: Mario Behring ra engenheiro agrénomo, jomalista c historiador. Ingressou na Biblioteca Nacional comoamanuense (espécie deescrevente), por concurso piiblico no qual passou em primeiro lugar, ¢ ld fez carreira, Foi professor do curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional, entre 1917 € 1921. Assumiu como Diretor Geral da mesma, em 27 de fevereiro de 1924, permanecendo no posto até 17 de novembro de 1952, quando pediu exoneragio para tratar da saiide, alguns meses antes de seu falecimento, em 14 de junho de 1933, a08 57 anos de idade Nos dois primeiros anos de sua gestio & frente da Biblioteca Nacional (1924-1926), Behring cedia o edificio da BN para as reunides da Camara dos Deputados, cujo Pakicio Tiradentes ainda estava em obras. E 0 jornal Astréa(o profano, eal Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 de 1826 a 1832) era uma importante fonte de informacio sobre o periodo inicial daquela casa legislati seu homénimo mag6nico, em seu nimero inaugural, o Astr " profano" (1826) justificao uso do nome mitolé; Astréa = Cega, ¢ sem atavios, desprezada dos ignorantes ¢ dos Jmpostores, que inundam omundo (..) A verdade, minha muralha, minhas baterias, é eterna: pode ser obscurecida pelas névoas do Erro e da Ignordncia; ‘mas €para como um novo sol, aparecer rmaisluminosa.(..) Estou bem longe de prevenir-me em favor da efetividade de to apurada perfeigao, sabendo que o orgulho da ignorincia, a pertinacia do ero © 0 delirio das paixdes esto sempre em continua oposigio com a Felicidade do Honey; mas nem por isso, a perfeigao deve ser menos oalvo, que se dirijam as nossas agdes. Nao podendo toci-la por muito subida, trabalhemos por aproximar-nos dela, quanto nossas forgas opermitem a. Diferente de Por estas roflexdes produs-me conconer com o meu débil trabalho para a giamle obra do bem coms, publicando a Astra, Todas us ideias henesteperiddio seh deexpender steio suberdinadasao seu titulo. Essa simbologia presente no editorial da. primeira edigdio da Astréa profana, das vendas (cegueira), da busca da verdade, do combate a ignorincia, de colaborar com a felicidade da humanidade e, principalmente, de subordinar 0 contetido da publicacio a esse ideal,coadunam coma filosofia magénica que aAstréa de Behring tao bem difuundiu. ‘Aiinda em sua gestio como Diretor Geral da Biblioteca Nacional, Mario Behring idealizou e langou a série "Documentos Histéricos", que contou com 19 volumes sob sua responsabilidade. Essa série dava acesso aos documentos oficiais do periodo régio Portugal-Brasil, sendo manuscritos que, a partir de entio publicados, serviram de base para estudos ¢ pesquisas dos principais historiadores do século XX. ‘Como jorma creveu por anos no famoso Jornal do Comércio, além do Imparcial e da revista Kosmos, da qual foi um dos fundadores. Quando de seu falecimento, a revista CINEARTE declarou que "o Cinema no Brasil perdeu a sua maior figura. Dr. Mario Behring era uma figura de extraordindria expressiio na intelectualidade brasileira", A homenagem péstuma, que ocupou a primeira pagina de contetido da edigtio de julho de 1933 da revista, apresenta aquela que talvez.seja a titima foto de Behring antes de sua eaten passagem ao Oriente Etemo, em que se pode vé-lo mais velho € sem o bigode caracteristico das imagens utilizadas no meio magonico. fo Figura. Mario Bohring,(CINEARTE, 1933) 9 Infelizmente, a0 contririo de todos os registros e publi que se tem na imprensa, alguns autores mai tendenciosos esforgaram-se muito na tentativa de macular 0 bom nome de Mério Behring, apontado por esses como portador dos piores defeitos possiveis na espécie humana, por sua iniciativa de promogio do sistema das Grandes Lojas brasileiras. E 0 mesmo foi feito posteriormente contra Athos Vieira de Andrade, pai da COMAB. José Castellani e William de Carvalho, por exemplo, ousaram chamar Behring de mediocre; acusé-lo de fraudar eleigies do GOB e de subtrair documentos; e sugeriram que ele foi "insinuante” para subir na carreira, ja que entrou na Biblioteca Nacional como amanuense © tomou-se Diretor Geral, E de se observar que, além de ter sido aprovado em primeiro lugar no concurso, Behring demorou mais de 20 anos até tornar-se Diretor Geral, tendo passado por todas as etapas da carreira: oficial, sub-bibliotecério, bibliotecdrio, chefe de segdo, diretor, até tomar-se Diretor Geral. Em todas as etapas, foi promovido por desempenho pelo conselho superior competente. Em seu auge profissional, ele era conhecido ¢ admirado por dirigentes de grandes bibliotecas e universidades da Europa, assim como pelos diretores dos maiores estiidios de Hollywood. Recebia frequentemente propostas de emprego no exterior e recusava todas por puro amor patrio esenso de dever. © mesmo Castellani usou, em outra obra, idéntica estratégia contra Athos Vieira de Andrade, pai da COMAB, pot] Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 acusando-o de ser comunista, por ter escrito um livro intitulado "Cuba, estopim do Mundo”. Aos incautos, basta ler a primeira pagina do livro para verificar que se trata de um critica ao entio regime Castrista, ¢ néio um elogio. Athos inclusive opinou em seu livro que "o comunismo &, indiscutivelmente, umaameaga a paz mundial” Vé-se que, para autores como esses, a verdade & secundaria e a escrita gira em tomo da velha fakicia do Argumentum ad hominem. Esses autores "magénicos” niio tiveram 0 mesmo cuidado de Behring, quando da eriagao da Astréa, a0 observar que a literatura magOnica, assim como essa deusa groga, precisa ser justa, imparcial, cega para as questaes © opinides pessoais, dedicada exclusivamente a retiraros irmiios da ignordncia acerca da prépria Magonaria Assim, ao desvendarmos os nossos proprios olhos, podemos ver que, mesmo passado 95 anos da escolha, realmente no havia melhor nome para a revista do que ASTREA, Obrigado, Behring. NOTAS: BEHRING, M. Buitorial. ASTREA: Revista de Estudos Macdnicos. Ano 1, N. 1, Janeiro de 1927, p. 1-2. Disponivel em: hitp:/badigital.bn brlacervo~ digita/astrea749700 ASTREA, Ano 07, Nimero 832, 18 de agosto de 1832, p.1 ‘Anais cla Biblioteca Nacional, Ano 1903, Edigho 025, p. 315. CONDE, Elisio (org. Sesquicentendrio 1810-1960 - Guia da Biblioteca Nacional. Rio de Jancito: Biblioteca Nacional, 1960. ASTREA, Ano 01, Nimero 01, 17 de Junho de 1826, p. 1-2. CINEARTE, Rio de Janeiro, Ano 8, n. 370, p. 5, 01 jul. 1983 CASTELLANI, ; DE CARVALHO, W. 4. Histrfa do Grande Oriente do Brasil: 4 Magonaria na Historia do Brasil. Sao Paulo: Madras, 2009 CASTELLANI, J. 4 Cadeta Partida, Londeina: Bditora Magénica A Trolha, 1994 DEANDRADE, A. V. Cuba, estopim do Mundo, Belo Horizonte publicado pelo autor, p. 238, “Argumento contra a pessoa: quando se contraria um argumento atacando 0 autor € nio 0 conteido. Seon LITURGIA, RITO E RITUAL Wzautonio da Silva Machado Junior, CMDB 18110305 1.Introducio ‘A magonaria realiza as suas reuniGes através de cerim@nias litirgicas, fazendo uso de rituais que seguem determinados Ritos. Mesmo nos sistemas magdnicos onde nao se adota o temo Rito - como o inglés - as ceriménias seguem de modo geral uma ordem estabelecida, com 0 objetivo de revelar os contetidos inicidticos que a Ordem propde aos seus membros. O objetivo deste trabalho é apresentar as definigdes de Liturgia, Rito e Ritual, vocdbulos comumente utilizados no meio magénico, no entanto frequentemente mal-empregados e menos ainda compreendidos. A exata compreensio destes termos tende a clarificar 0 entendimento das cetiménias mag6nicas, proporcionando uma percepgao correta das formas ¢ dos contetidos, distinguindo o supérfluo daquilo que ¢ essencial, ¢ deste modo melhor internalizar as ligdes que estas ceriménias visam transmitir, 2.A Liturgia Liturgia vem do grego leitourgia, e significa servigo, agai, trabalho ou servigo piblico. Nesse sentido, no visa a ulilidade particular, mas a comunidade. A Liturgia pode ser conceituada como um conjunto de atos preordenados para o desempenho de um servigo piblico, cujo objetivo é estabelecer uma ordem coerente dos mesmos, de modo a proporcionar que os assistentes percebam qual a finalidade da cerimdnia que esta sendo realizada, A Liturgia pode ser de ordem social ou de ordem religiosa. Existem no plano social diversas formas de liturgias. Por exemplo, no Poder Judicidrio, quando se estabelece uma sequéncia de atos ordenados que tém por escopo promover a Justiga; ou em uma Inauguragao de edificio pablico, onde os atos solenes realizados buscam demonstrar ao piblico que aquela construgao tera uma importante finalidade social. Do mesmo modo, na esfera religiosa existem as formas de Liturgia. Por exemplo, as missas catdlicas ¢ os cultos judaicos, onde se pretende, através de uma ordem de atos cerimoniais ¢ rituais, transmitir os conceitos ¢ sentimentos religiosos que fomentam a fé e orientam os devotos a seguir os seus principios. aa Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Nimero 1, jan-jul, 2021 Nesse ponto, interessante anotar que no Antigo Testamento da tradugdo grega da Biblia (Biblia dos Setenta), 0 vocabulo “liturgia” & designativo do servigo de culto do Templo de Jerusalém. Somente mais que 0 termo pa: cristas. Salomio dedice 0 templo em Jemsakim . 1896-1902, James Jacques Joep Tissot anc, 1836-1902) ouscgsidore, Museu idsicode Nova York 2.1, Liturgia Cerimonial e Liturgia Ritual A Liturgia possui como tipos a Liturgia Cerimonial (da ceriménia)e a Liturgia Ritual (do rito). Enquanto a cerim6nia é 0 nome atribuido as formas exteriores de um ato, o Rito se relaciona com um Mito e com simbolos 10 central da Liturgia Cerimonial io de ordem e beleza, através das formas exteriores dos atos praticados, a0 passo que a Liturgia Ritual visa transmitir os elementos essenciais, a expressio dos mitos ¢ simbolos, a interiorizar nos participantes os contetidos iniciaticos, (MUNIZ, 2016, p. 35) Por exemplo, o caso do Sacramento do Batismo Catélico. A Liturgia Cerimonial pode ser identificada pelos atos de entrada do sacerdote, pelos objetos ou pelas vestes usadas. Ja Liturgia Ritual esta compreendida na esséncia do ato em si, que ocorre quando o sacerdote molha com Agua a cabega do batizado, consagrando-o na fécrista Trazendo esses conceitos para uma sessao magénica, podemos dizer que a Liturgia Cerimonial pode ser observada em clementos exteriores, como 0 sentido da circulagfio em loja, as miisicas tocadas, a prociss , 0§ titulos das autoridades magénicas, a posigdo de sentar, 0 local onde se coloca paramentos etc. Jaa Liturgia Ritual pode ser identificada em atos como a abertura e 0 fechamento da loja, a disposigio das Trés Grandes Luzes, a verificagao pelo Cobridor se 0 Templo esta coberto, as provas da Iniciagao, os sinais, toques e palavras etc. Todos estes si elementos internos essenciais da Liturgia. 3.Rito Etimologicamente, a palavra Rito vem do latim ritus ¢ significa “ordem prescrita” ou “ordem estabelecida”,¢ traduz-um uso ou costume aprovado: O Rito éuma forma de expresso de um Mito. De fato, a magonaria se estrutura em torno de mitos, como por exemplo podemos citar a Construgdo do Templo de Salomio ea Lenda do Terceiro Grau. O Mito é0 coragao de um Rito, pois este se estrutura de modo a expressar aquele. Historicamente, ins dos primeiros Ritos conhecidos foram os primitivos Ritos Adivinhatérios e 68 Ritos Sactificiais, onde se pretendiam influenciar as forgas invisiveis e as divindades por meio de oferendas ouhomenagens (ASLAN, 2012, p. 1173). Como tempo, foram se desenvolvendo, de um lado, os Ritos Soc como 0 casamento ¢ 0 funeral, ¢ de outro lado os Rito: Religiosos, por meio de cerim@nias ecultos. Saerificio de um poreo na Grecia Anliga {arte tondo de uma taga, 510-500 aC, de Apolodoro, colegdes do Lousro) Os Ritos possuem um aspecto exterior, manifestado pela Liturgia Cerimonial, e um aspecto interior, exprimido pela Liturgia Ritual Em termos magénicos, o Rito € um método de conferir a luz mag6nica, ¢ se vale para esse intento de uma colecdo de graus, onde cada um deles contém uma etapa de conhecimento e progresso nos estudos. O Rito determina 0 conjunto de diretrizes gerais pelas quais se eal Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 praticam as sessdes, © por intermédio do qual se expressam os elementos da Ordem, Actedita-se que a terminologia magénica se inspirou na Tradig&o da Igreja Catélica (MELLOR, 1989, p. 213), que se divide em ritos, dos quais so espécies 0 Latino, 0 Bizantino, 0 Arménio, o Antioqueno, o Caldeue o Alexandrino, Como sabemos, na magonaria existem diversos Ritos, que se distinguem entre si pela forma e possuem pontos fundamentais em comum, que sfio uma sintese da esséncia da magonaria, Em outras palavras, a esséncia dos elementos magénicos esta presente nos Ritos, que so meios alternativos de se alcangar mesmo objetivo, que € 0 de transmitir 0 contetido simbélico, filoséfico ¢ iniciatico damagonaria, Em magonaria, podemos dizer, sem sombra de diivida, que a Ceriménia de Iniciagao, parte essencial de todos os Ritos, que a realizam de variadas formas, é uma experiéncia representativa de uma Tradigio que desde a Antiguidade segue os mesmos padrdes: o aspirante deve remunciar @ ambigao © & possiveis aspiragdes para se submeter a uma prova, a qual deve se sujeitar sem esperanga de sucesso. Deve estar preparado para passar por provagdes ¢ inclusive morrer. A criagao de uma atmosfera de morte e renascimento simbélicos é o verdadeiro propésito da Iniciagio (HENDERSON, 2008, p. 170). 3.1. Os ritos e suas versdes Como dissemos, € possivel que a magonaria tenha se inspirado na terminologia da Igreja Catélica, que possui Ritos. O Rito Latino, que € 0 adotado pela Igreja Catolica Apostilica Romana, possui como versdes 0 Rito Romano, o Rito Ambrosiano, 0 Rito Mogérabe © 0 Rito Galiciano (ou Lionés). As versoes so, portanto, formas diferentes de se praticar 0 mesmo rito. No exemplo, se tratam de variagdes do Rito Latino Fazendo comparagao com a maconaria, podemos ver que o mesmo ocorre com seus diversos Ritos, O Rito Escocés Antigo e Aceito possui versdesna forma como é praticado nos diversos paises, e mesmo dentro de um mesmo pais, como no Brasil, onde observamos que ha variagdes na sua pratica entre as poténcias simbélicas. Também no Rito de York americano isso é verdadeiro, na medida em que cada Grande Loja dos Estados Unidos pode adotar uma diferente versio do mesmo. No Brasil, a maioria das poténcias seguem o Poe modelo da Grande Loja de Nova York, mas encontramos variagdo na Grande Loja da Paraiba, por exemplo, que adotou o modelo da Grande Loja de Nevada. 3.2. Os ritos magénicos praticados no Bras O Brasil éum dos paises onde a magonaria pratica maior quantidade de Ritos diferentes, o que se configura em uma grande riqueza cultural disponivel aos magons brasileiros, Em nosso pais, os Ritos praticados pelas poténcias reconhecidas sio os seguintes: -Rito Escocés Antigo Accito ~Ritode York americano -Rito de Schrider ~ Rito Adonhiramita ~- Rito Francés ou Moderno -Rito Brasileiro Rito Joanita - Rito Escocés Retificado - Ennulation Work (sistema inglés) Além desses, ha outros Ritos que sio adotados por poténcias no reconhecidas, dentre os quais citamos 0 Rito Antigo Primitivo de Memphis-Misraim. Tagen Jodo Guultemre da Cruz Ribeiro (edad) 4. Ritual Appalavra ritual, do latim ritualis, isoladamente, possui outros significados. Como adjetivo, Ritual designa o que é relativo a Ritos (MENDES, 2011, p. 37) Como substantivo, designa o livro que contém a ordem e a forma de determinada ceriménia, das dramatizagdes e representagdes rituallsticas, O Rito prescreve 0 conjunto de principios gerais, enquanto que o Ritual é um conjunto de regras estabelecidas para a Liturgia das ceriménias mac6nicas. Ao fazer analogia com termos juridicos, 0 Rito pode ser comparado a uma Lei - um conjunto de preceitos ¢ obrigacdes gerais -, enquanto o Ritual pode ser comparado a uma Instrugdo Normativa - que regulamenta como essa Lei deve ser observada ¢ kal Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 praticada (ISMAIL, 2013). Como substantivo, Ritual & 0 livro que serve como “manual de procedimentos”, Chamamos de Ritual © livro que usamos nas sessdes, pois ele contém as formulas e instrugdes necessirias & pritica uniforme e regular dos trabalhos, como por exemplo a formula ritualistica de abertura e fechamento de uma sessio. Enquanto o Rito é um género, o Ritual é uma espécie, Em outros termos, 0 rito é “continente” - que contém - ¢ 0 ritual é “contetido” - esta contido naquele. Cada Rito magénico pode conter varios rituais, como o Ritual de Consagragao de Templo, os Rituais de Iniciagdo, Elevago ¢ Exaltagdo, o Ritual de Cerim@nia Fainebre, o Ritual de Loja de Mesa, os Rituais de abertura das sessdes, entre outros. Nesse ponto de nosso estudo, adverte-se nao confundir Liturgia com Rito e com Ritual. Os Ritos fazem uso da Liturgia (Cerimonial e Ritual) para alcangar a finalidade de transmitir 0 seu conteiido inicidtico e simbélico, e também fazem uso dos rituais pata organizar os scus procedimentos nas sessdes cerimOnias. 5.Consideragdes finais Conforme vimos, os vocabulos Liturgia, Rito e Ritual possuem definigdes diferentes, que se relacionam entre si, ¢ que muitas vezes so objeto de confusio quando empregados no meio magénico. A compreensiio destes termos possibilita ao magom ampliar a seu entendimento acerca das ceriménias da Ordem, e assim apreciar a sua ordem e beleza, consciente de que se tratam de elementos meramente formais, ao mesmo tempo em que se torna apto a captar os seus aspectos mais profundos cessenciais, 6. Referéncias Bibliograficas ASLAN, Nicola. jondirio Enciclopédico de Maconaria e Simbologia. Londrina: Editora Mag6nica “A Trolha”, 2012. HENDERSON, JosephL.. Osmitos antigos eo homemmoderno. In: JUNG, Carl G, O homem e seus simbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,2008. ISMAIL, Kennyo, O que é Rito eo que é Ritual, Blog No Esquadro, 2013. Disponivel em https://www.noesquadro.com.br/termos-e-expressoes, que-e-rito-e-0-que-e-ritual/. Acessoem 09 de maiode 2020, MELLOR, Alec. Dicionario da Franco-Magonaria e dos Franco- Magons. Sio Paulo: Martins Fontes, 1989, rande Dil Cen) MENDES, Fabio. Ritual de Emulagio ~ O grau de Aprendiz Magom, Sorocaba: Edigiodo Autor, 2011 MUNIZ, André Otivio Assis. Curso Elementar de Maconologia. Sto Paulo, Richard Veign, 2016. rr] Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 O CAO NA MACONARIA. Alexandre Bernardo de Assis Seba, CMDB 18110102 Gravura de Pierre Méjanel, 1887 1. Apresentagio: © cdo & um simbolo muito antigo dentro da simbologia Magénica ¢ de toda a humanidade, 0 seu significado & melhor descrito e apresentado em alguns graus superiores, porém nao se restringe apenas a simbologia de um determinado rito, Este simbolo é importante, pois aumenta a nossa compreensiio ¢ amplia os nossos horizontes sobre a principal lenda magdnica ¢ nos conecta com outras lendas e mitos que estio relacionados ao grau do Mestre ealém Neste artigo faremos uma breve jornada por sobre a imagem do cio (0 cachorro) como uma parte das antigas religides, mitos, lendas ¢ ao final vamos nos concentrar no simbolismo do cdo dentro da tradigao mac6nica Esclarego que um dos motivo deste artigo nao fazer mengdes as intimeras referencias que a Biblia faz a0 cdo, pois em determinados momentos o cio € visto como animal de guarda e pastoreio, em outros momentos era visto como um animal impuro pelo povo hebreu, talvez pelo simples motivo dos egipcios terem grande aprego aos Cas ¢ 0 povo judeu nao queria seguir tais tradigdes de um povo que os dominou. Na parabola de Jesus, O rico e o Lazaro, os cies silo a tinica companhia que o Lazaro, o leproso, tinha em vida, Em outro contexto os cies so colocados como sindnimo de perseguidores. Deste modo, a interpretagao dos textos biblicos ¢ a imagem dos cies deverio ser interpretados conforme 0 contexto, 0s fatos ea época. 2.Na Astronomia A constelagao de Co Maior (Canis Majoris ou Alpha Canis Majoris, (Canicula) é a Estrela Sirius ou Sirio (do grego que significa brilhante) sendo esti a estrela mais brilhante no céu noturno e pode ser vista por quase toda parte da tera ‘Cio Maior ¢ Cao Menor esto relacionados na astronomia antiga como astros que demarcam a chegada das estagdes do ano. Os antigos agricultores, ao observarem que anualmente a cheia do Nilo sempre vinha acompanhada do aparecimento de uma bela Estrela, que naquele periodo se mostrava na diregdio das nascentes daquele rio e parecia alertar o lavrador para que tomasse cuidado coma inundagao e assim o etiope ¢ oegipcio comparama posigdo daquela Estrela ao do animal que, latindo, avi doperigo,eadenominou por Cio. Quando do equinécio vernal, o Sol em Touro, Sirius se ergue um pouco antes do Sol ¢ quando no solsticio de Vero, 0 Sol em Ledo, por volta de 21 de jumho, indicava que dentro de quinze dias ocorreria a cheia doNilo. controle astrondmico auxiliava na agricultura, pois ajudava a identificar as cheias e os momentos para plantio e colheita, se 0 verdo seria mais quente que 0 normal ou se 0 inverno seria mais rigoroso. Até os dias de hoje nés usamos os movimentos dos astros para demarcarcom precisio o inicio e o fim d 3.NoEgito O cao esta conectado ao Deus Anibis, que possui © corpo de homem e a cabega de chacal ou cio (cinocéfalo), ele auxiliava e guiava as almas dos mortos nosubmundo. Nanarrativa do mito de Osiris, Antibis ajudou Isis e Horus na busca pelo corpo de Osiris. {sis foi auxiliada em sua busca por Anibis, na forma de um cio, essa Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 alegoria esta correlacionada com a estrela Sirius, 0 ;0¢ conselheiro de Osiris. Algumas interpretagdes alegam que Anibis é 0 inventor da linguagem, gramitica, astronomia, agrimensura, aritmética, musica e ciéneia médica; 0 primeiro criador de leis; e quem ensinou a adoragio dos Deusese a construgio detemplos. Outra lenda conta que isis soube que Osiris, por engano, teve ligagio com sua ima Néftis, desta relagdio nasceu uma crianga, a qual Isis, ajudada por seus cies procurou, encontrou, criou ese apegou, ¢ lhe deuo nome de Antibis, seu fiel guardiao. Andis tinha um papel muito importante no pés morte pois além de guiar a alma ele a conduzia ao julgamento de Osiris, onde 0 coragaio do morto seria pesado em uma balanga que de um lado estaria a pena de Maat edo outro o coracio daquele que seria julgado. Quando da troca cultural entre os gregos egipcios, no periodo helenistico, surge um novo sincretismo entre os deuses Hermes e Aniibis, pois ambos eram condutores de almas, ¢ assim surge 0 Deus Hermanubis, que seguiu sendo popular até o periodo do Império Romano. A estrela Sirius também esta associada a Deusa Sotis, que € representada por uma mulher que possui a cabega encimada por uma estrela de cinco pontas, esta deusa esta intimamente ligada 4 astronomia e com a agricultura ¢ as cheias do Nilo, sendo esta deusa um simbolo de fertilidade. Os egipeios por volta de 3000 a.C ja utilizavam os ees para iniimeras atividades similares a que utilizamos nos dias de hoje, para cagar, guardar, pastorear € inclusive realizavam corridas de ces. Representagdo do julgamento da alma, Livro das Mortos de Ani, 6 73a 4..Na Grécia Sirius cra o nome do cdo de Orion, que era um cagador € © favorito da deusa Artemis (Diana), Apolo enciumado enviou um escorpiao gigante para matar Orion, ao ver 0 escorpido Orion se langa ao mar junto com seu cdo e Apolo nao perdeu a chance e langou um desafio a Artemis que era acertar uma de suas flechas em um pontinho muito distante no mar, entio Artemis: acertou Orion e ao ver o que ela havia feito ficou muito triste e porconta disso Artemis transformou Orion eo seu cao em duas constelagées, respectivamente Orion e Cao Maior, para que ela nunca os perdesse de vista. Apolo por sua vez transformou o seu escorpiio gigante na constelagaio de escorpiio de modo que pudesse perseguir Orion. Outra versio conta que Orion tenta violentar as Pléiades ¢ Artemis ¢ quem as defende © envia um escorpidio para matar Orion e apés sua morte transforma Orione seu cio em constelagdes € 0 escorpido para que os. persiga. O Cerberus, guardidio do Hades (submundo), € 0 cdo do deus Vulcano (Hefesto). Na mitologia existe uma importante passagem entre Hércules e este co mitico, onde Hércules o carregou ao longo de uma caverna que ligao mundo dos mortos (hades) até ao nosso mundo. Na Odisséia Argos, que era 0 cdo de Ulisses, foi o inico que o reconheceu quando ele retomnou para a sua casa. 5.No Hinduismoe Veda Yama, ou deus da Morte, citado no Rig Veda, coloca os cdes como seus emissirios e guardides, os cdes vistos como os guias das almas dos homens até que reencontrem os seus antepassados no além vida. No iiltimo canto (ou capitulo) do Mahabharata temos um dos livros mais importantes da humanidade, que é 0 Bhagavad Gita ¢ no cantico 5.18 0 cao € citado, Saliento que ele ¢ utilizado para tragar um profundo comparativo e mesmo que 0 cdo nao seja um dos animais mais sagrados, ele foi citado nesta comparagao juntamente comos principais animais sagrados dentro do Hindufsmo e dos Vedas: 5 sibios humildes, em virtude do conhecimento verdadeiro, veem com uma visdo equanime o brahmana eruditoe cortés, a vaca, 0 elefante, 0 cachorro e 0 comedor de cachorro [paria}. 6.NoMitraismo: Hoje em dia quando falamos no culto a Mitra logo somos levados pensarno Império Romano, porém nlioé ce rr] Loja de Pesquisas Dom Bosco N° 33 Volume 3, Numero 1, jan-jul, 2021 exatamente assim. Culto Romano denominado por os Mistérios do Mitra ou Mistérios Mitraicos teve sua origem em um antigo culto Persa, que durante as trocas culturais ocorridas entre o século LV e V a.C os Persas adotaram a figura de Mitra no pantedio do Zoroastrismo Persa. Aqui chamo aatengiio, pois o Cao era oanimal de estimagaio de Ahura Mazda, que ¢ o Deus central do Zoroastrismo, ¢ 0 papel do cio era afastar os maus espiritos. Mais tarde Alexandre, Grande, foi vitorioso contra os Persas eassim o culto a Mitra avangou por todo o petiodo helenistico. Mitra adotado pelos Persas tem sua origem no pantedo do Hinduismo, porém o Deus Mitra, assim como © Hinduismo, tema sua origem no pantedo Veda. Para os Vedas o deus Mitra era um dos deuses do Sol (ou Séis), deus da luz, ou a luz brilhante. Para os Vedas ele € 0 protetor da ordem, verdade eda amizade. A sua primeira apari¢ao data por volta de 1400 a.C. No Império Romano, segundo Plutarco, os Mistérios de Mitra foram introduzidos no Império por meio dos Legionarios Romanos que estavam no Oriente Médio, por volta do Século I d.C. Mais tarde 0 culto a Mitra tomou-se uma religidio pelo Imperador Aureliano em 274 d.C. quea chamou de Sol Invicto, porém anova religido nao extinguiu 0s Mistérios de Mitra, Tanto para ‘os romanos quanto para os gregos Mitra éum mito solar. As formas de cultuar Mitra eram diferentes entre cada cultura, porém a que maior ganhou destaque foi a forma utilizada pelosromanos, Dentro do Mistérios Mitraicos durante o Sacrificio do Touro por Mitra (Tauroctonia), figuram alguns animais que s30: 0 cdo, a serpente, 0 corve, 0 escorpido, 0 Iedo, 0 copo (taga) ¢ © touro. E sao interpretados como representagdes das constelagdes: Cao Menor, Hydra fémea, Corvo, Escorpiio, Leao, Aquarioe Touro. Aqui em particular temos um cao que se alimenta do trigo que nasce da ferida do touro, em outras versdes 0 io se nutre do sangue que escorre da ferida ou ainda das uuvas que nascem da ferida; e uma das interpretagdes & a ressurreigo, renascimento, a salvagiio ¢ o ciclo eterno da vida em transformagao. Existe uma correlagao entre a origemde Mitra co Sacrificio do Touro ¢ a Precessdio dos Equinécios, pois durante 0 periodo de desenvolvimento do Mito de Mitra a terra tinha o equinécio de primavera na constelagao de Touro, aproximadamente entre 2000 a.C. e 150/1604.C. oo Apis o ano de 160 d.C 0 equinécio de primavera passou a coincidir com a constelagao de Aries (ou carneiro) ¢ atualmente © equinécio da primavera coincide com a constelagao de Peixes. Tauroctonia de Mitra do século II, Museu Briténico, Londres 7. Nos Gnosticos Os gnésticos Ofitas, pregavam quanto a existéncia de sete espiritos inferiores (inferior a Ialdabaoth, 0 Demiurgo ou o real Criador), sendo eles: Michael, Uriél , Raphael, Gabriel, Thauthabaoth, Erataoth e Athaniel. Assim como os génios das estrelas. chamados de Touro, o Cfo, 0 Leo, o Urso, a Serpente, a Aguia e 0 Asno que anteriormente figuravam na constelagio de Cancer e simbolizados respectivamente por esses animais; e sendo as representagdes de Taldabaoth, Tao, Adonai, Blot, Orai e Astaphai, os seus respectivos génios de Saturmo, Lua, Sol, Jpiter, Venus e Mereiirio 8.NaAlquimia No bestidrio alquimico e filoséfico, a figura do cao devorado pelo lobo representa a purificagao do ouro pelo antiménio, que é também a pentiltima etapa da grande obra. Pode ser o simbolo do Enxofie, do Ouro eo c80 devorado por um lobo, ¢ © cachorro ¢ cachorta significamofixoe o volitil. O cao 0 lobo simbolizamo sabio, ouo santo, que se putifica sacrificando-se ¢ devorando-se. Ao mesmo tempo pode representar 0 controle dos impulsos ¢ do instinto animal, que em ambas representagdes nos permite acessar 0 conhecimento espiritual final, a grande obra, "osummum bonum" ae aa

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