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RESENHA : A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E DA PEDAGOGIA -

GERAL E DO BRASIL

Aranha, Maria Lúcia de Arruda – História da educação e da pedagogia: geral e do


Brasil.3 ed.rev e ampl. São Paulo: Moderna. 2006.

Por Christianne Néry

Antes de iniciarmos as discussões acerca dos capítulos é de fundamental


importância ressaltar alguns aspectos pontuados pela autora na Apresentação do
livro proposto.

Aranha expõe o fato de sermos históricos devido às nossas ações e


pensamentos mudarem com o tempo ao enfrentarmos problemas. Produzimos a
nossa cultura. O passado não está morto porque nele se fundamentam as raízes
do presente.  Com a história da educação que interpretamos as maneiras dos
povos transmitirem sua cultura, as suas instituições escolares e as teorias que as
orientam, mas inúmeros foram os modos de compreender o ser humano no seu
tempo e na sua história.

Aranha relata duas funções da história da educação: docência e pesquisa.

A docência refere-se À história da educação como disciplina de um curso


em que pessoas envolvidas com o projeto de educar novas gerações, tenham
sempre uma intencionalidade atenta às mudanças necessárias.
A pesquisa é a história da educação como atividade científica de busca e
interpretação das fontes, para melhor conhecer nosso passado e presente. Aqui
abordaremos nesses três capítulos a história da educação como docência.

No capítulo 1 para a autora, é muito difícil caracterizarmos as comunidades


tribais, pois há muitas diferenças entre essas sociedades e não podemos avaliá-
las segundo a nossa cultura. O ideal seria considerá-las como povos diferentes de
nós e não inferiores.

As sociedades tribais são míticas e de tradição oral. A natureza está


carregada de deuses e o sobrenatural penetra em todas as dependências da
realidade vivida. As atividades das mulhres adquirem caráter social não só
doméstico e o chefe guerreiro ou o feiticeiro xamã possuem prestígio para exercer
obediência. O chefe é porta voz da comunidade. Assim o social não se separa do
político. Os adultos respeitam o ritmo das crianças. Essa educação difusa, em que
todos participam, desenvolve aguda percepção do mundo e aperfeiçoa
habilidades. Elas aprendem para a vida e por meio dela sem que ninguém esteja
destinado para ensinar. Essa formação é integral e universal em que todos têm
acesso ao saber e ao fazer.

Com o surgimento da escrita devido algumas necessidades administrativas


dos negócios mudam-se o modo de agir e pensar dessas comunidades. Surgem
as cidades, novas técnicas, alterando as relações humanas e a sociabilidade. Cria-
se a hierarquia, privilégios de classes, formas de servidão e escravismo no
trabalho. O Estado administra as terras, e a mulher passa apenas a procriar e
exercer tarefas do lar. O saber antes universal torna-se patrimônio e privilégio da
classe dominante. Surge a necessidade da escola com a função de exclusão.

No capítulo 2 Aranha retrata inúmeros povos que constituíram a chamada


Antiguidade Oriental. Algumas civilizações Fluviais ou sociedades hidráulicas que
fazem uso da terra fértil como Mesopotâmia, Egito, índia e a China. Estas
possuíam culturas diferentes, mas impuseram governos de caráter teocrático com
poderes absolutos ao rei ou imperador se sustentando na crença e na origem
divina.

Somente no segundo milênio surge a difusão da escrita pelos Fenícios


(escrita fonética alfabética) deixando esta de ser monopólio de uma minoria e
perdendo aos poucos o caráter sagrado.
Quando as sociedades se tornam mais complexas as mudanças exigem
uma revolução na educação que deixa de ser igualitária e passa a ser privilégio
para alguns. Não havia reflexão pedagógica e as orientações permeavam os livros
sagrados daí seu caráter de educação Tradicional, sendo imposta e não discutida.

Aranha expõe que na civilização Egípcia apesar de forte teor religioso da


cultura o Estado era centralizador e teocrático, sendo a transmissão do saber
restrita a poucos. As escolas funcionavam em templos e casas e os mestres eram
considerados e os alunos levados à obediência. O falar bem não era inicialmente o
intuito dessa educação e sim voltada para a formação de escribas, peritos, e para
a formação de artesãos e treinamento dos guerreiros em nível inferior.

Os mesopotâmios tinham conhecimentos diversos, inventaram a escrita


cuneiforme, bibliotecas, calendários, astronomia e medicina sendo esses saberes
impregnados de misticismo com uma cultura poderosa da classe sacerdotal
depositária do saber e da educação.

Na índia existiam duas tradições que permanece até os dias atuais: as


hindus (Bramanismo) e o Budismo com bastante discriminação e divisão de
classes. Os Brâmanes eram os considerados os mais importantes sendo
privilegiados na educação e dependiam da iniciativa privada com estudos de
função religiosa e moral. Os Budistas tinham a educação com caráter espiritual,
valorizando a relação entre mestre e discípulos.

Na China a educação reproduzia caráter conservador, voltados para a


transmissão do saber contidos nos livros clássicos. Também elitista onde os
letrados eram mandarins responsáveis pela máquina burocrática do Estado.

Os hebreus valorizavam seus antepassados. As sinagogas serviam de local


para a instrução religiosa transmitida pelo estudo da bíblia. Houve interesse pela
educação para o trabalho.

No capítulo 3, a autora dá destaque à civilização Grega por ter sido a que


mais marcou na civilização ocidental até os dias atuais.  A educação voltava-se
para o desenvolvimento e construção do consciente centrada na formação integral
(corpo e espírito) com preparo militar ou esportiva e também elitizada. Havia dois
modelos de educação nas cidades de Esparta e Atenas.

Em Esparta era orientada para a formação militar. As mulheres tinham que


gerar filhos robustos e abandonar deficientes e frágeis. Aos 7 anos recebiam do
Estado uma educação pública e obrigatória centrada nas artes e aos 12 focavam-
se no treino militar. Valorizava-se a obediência e a educação moral.

Em Atenas aos 7 a criança era separada da autoridade  materna e


conduzida por um escravo(pedagogo) pára o ensino da leitura e escrita, educação
física e musica. O mestre era humilde, mal pago, sem prestígio. Método
tradicional, sem atenção a formação profissional.

Com o surgimento de educação geral amplia-se o conhecimento (período


helenístico), o saber erudito, as questões metafísicas e políticas eram substituídas
por temas éticos. Os novos mestres eram os Sofistas, sábios itinerantes que
procediam as discussões sobre moral e política sendo criadores da educação
intelectual com valorização ao professor.

Platão representava um modelo aristocrático de poder com pensamento


utópico. Propôs a Sofocracia em que o Estado poderia ser governado pelos
filósofos tentando assim dominar a alma inferior se contrapondo as diversas
tendências do seu tempo.

Isócrates que criticava os pensamentos de Platão por achá-los elitista e


restrito ao público centrou sua atenção à linguagem descobrindo novas formas de
aprendizagem do discurso.

Para Aristóteles que desenvolveu o método lógico de ensinar, a educação


tem a finalidade de alcançar a plenitude e a realização pessoal.

Surgem as escolas filosóficas como o Estoicismo e o Epicurismo.

O Estoicismo representado por Zeno de Citio em que o ser humano deveria


fugir de qualquer forma de prazer se contrapondo ao Epicurismo, representado por
Epicuro em que o papel da razão teria destaque assim como a busca pela
felicidade. As duas tendências marcaram o pensamento filosófico por predominar a
religião oriental e cristã.

No capítulo 4 a autora dá ênfase a cultura grego-romana e sua real


contribuição aos aspectos da educação e da pedagogia.

A história dos Romanos, que antes, viviam em regime de comunidade


primitiva, com culto aos antepassados e autoridade máxima do pater-famílias,
ocupava as Colinas do Lácio sendo neste local fundada a cidade de Roma
propriamente dita. Surge a propriedade privada da terra e a divisão de duas
classes sociais: os Patrícios e os Plebeus.

No período Republicano Romano nasce o cargo político e tudo o que esse


sistema representa: enriquecimento dos patrícios e alguns plebeus como
comerciantes e a intensificação das lutas pela igualdade de direitos políticos e
civis, ficando os outros plebeus as margens do processo político e econômico.

Outro fator importante e de destaque é o crescimento da escravidão, o


nascimento de fortunas e a expansão romana.

Quanto à Grécia, encontrava-se no período helenístico, com influências


estrangeiras principalmente do Egito e da índia, com costumes luxuosos e
governos personalistas.

No Império, ressalva para o sec. De Augusto, conhecido pelo grande


desenvolvimento cultural e urbano, com grandes obras e expansão comercial em
Roma.

Aranha divide o 4ª capítulo em Educação e Pedagogia. Deixando claro que


uma não se separa da outra. Apenas a título de entendimento em relação ao
contexto a ser analisado.

Em Educação conceitua a palavra “humanista” designando uma cultura


universal, cosmopolita, com tendência de caracterizar o ser humano em seu tempo
e lugar. Tornando o indivíduo moralístico, político, e literário.

Aranha divide a educação em 3 aspectos: heróico-patricia, cosmopolita e


Império.

Na educação heróico-patrícia valorizava a cultura dos seus ancestrais, da


nobreza de sangue. Nesta, aos 7 anos as mulheres permaneciam aos cuidados da
mãe e os meninos aprendiam com os pais o patriotismo, a consciência histórica,
cultivo da terra, alfabetização, cálculo e o serviço militar. Aos 15 anos praticavam o
Civismo e aos 16 eram encaminhados ao serviço militar ou político.

Na educação Cosmopolita, época da República, nasce a escola do LUDI


MAGISTER (jogo, divertimento) com professores mal pagos, demora no “ler e
escrever” com estruturas péssimas. Com a expansão do comércio professores
aprendem duas línguas e ensinam aos Romanos. Assim jovens dos 12 aos 16
anos conhecem a cultura Grega ampliando seus conhecimentos em várias áreas
como astronomia, geometria entre outras.

Na educação do Império não houve grandes mudanças, apenas destaque


para a entrada do Estado que assume a educação em diversas esferas, criando
mais escolas e instituindo um valor a ser pago ao professor.

No aspecto Pedagogia temos algumas ressalvas da Grega e da Romana.

A pedagogia Grega apresenta duas vertentes: uma visão Filosófica


sistematizada de Platão e a escola Isócrates. Essas duas exigiam a dedicação de
seus alunos nas questões filosóficas no sentido mais amplo, como a Metafísica
(causas fundamentais do ser).

A pedagogia Romana, não destacou as reflexões filosóficas, preferindo os


assuntos éticos e morais, voltados para uma postura mais pragmática, do
cotidiano, para uma ação política.

Aranha destaca os principais representantes e contribuições na área da


educação e da pedagogia.

CONSIDERAÇÕES

 Aranha conclui traçando o processo histórico observando que a educação


nos tempos remotos era voltada exclusivamente para as ações militares, com
exclusão de classes sem a preocupação para o profissional.

Traça todo o processo histórico do período desde os tempos heróicos até o


helenismo com uma educação voltada para a área militar do guerreiro e chega ao
cidadão polis que passa a freqüentar os ginásios até chegar aos assuntos da
literatura e retórica.

A concepção do corpo é transformada em obstáculo para a vida espiritual.


Destaque aos gregos que valorizavam a formação profissional e o trabalho manual
além da técnica associada a atividade servil.

Importante  ressaltar  que ao buscarmos elementos para compreender as


questões educacionais percebemos o quanto as relações econômicas, sociais e
políticas são indissolúveis. O poder, a exclusão social e de classes além do
método tradicional ainda hoje perpetua nas diversas sociedades. A não
valorização pelo professor  que continua com baixos salários e condições mínimas
para o compartilhar conhecimentos. A formação dos alunos para a busca da
felicidade e realização pessoal ainda está para acontecer. E a interação professor
e aluno também se distanciam.

Aranha com uma linguagem de fácil compreensão nos mostra nos três
primeiros capítulos que os conflitos educacionais sugerem sempre mudanças. E
sem dúvidas alguma são necessários políticas públicas para que a exclusão, o
acesso e permanência dos alunos na escola ocorram de fato.

Já no 4ª capítulo percebe-se que a educação pouco se voltava para o


preparo intelectual e mais para a formação moral, baseada na vivência cotidiana e
na imitação de modelos representados não só pelo pai, mas também pelos
antepassados. Predominava uma educação aristocrática por ser privilégio da elite,
excluindo novamente o trabalho manual.

Assim comparando aos dias atuais, temos ainda uma educação elitista com
o preparo exclusivo para o Estado e não para a vida.

Aranha destaca os principais representantes e contribuições na área da


educação e da pedagogia.

QUADRO COMPARATIVO DOS PRINCIPAIS REPRESENTANTES DA PEDAGOGIA ENTRE


OS ROMANOS

PENSADOR DATA CONTRIBUIÇÃO

CATÃO 234-149 A.C Retorno à cultura Romana

VARRÃO 116-27 A.C Orientação aos jovens pela


virtude, enciclopédia
gramatical, sátiras.

CÍCERO 106-43 A.C Idéias compostas pelo


platonismo, epicurismo e
estoismo. Ampliou o
vocabulário latino, valorizou
o discurso, a argumentação,
desenvolvimento das
habilidades literárias,
valorização da persuasão...

SÊNECA 4 A.C-65 Filosofia como função de


ensinar a vida humana
verdadeira. Educação prática
e com exemplos. O domínio
dos apetites pessoais.
Formação moral. A
psicologia como instrumento
para a preservação da
individualidade.

PLUTARCO 45-C.125 Importância da música e da


beleza e formação do
caráter. Escreveu “Vidas
paralelas” destacando os
valores gregos e romanos.

QUINTILIANO C.35-C.95 Destaque aos aspectos técnicos


da educação, formação do
orador, fases de aprendizado
das crianças, ensino simultâneo
da leitura e escrita, alternarem
trabalho e recreação,
importância da aprendizagem
em grupo, exercícios físicos,
clareza e correção gramatical,
valorização pelos clássicos.
Destaca os aspectos físicos,
psicológicos e morais.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Olá alunos! Achei o texto muito interessante e serve como
resumo do livro estudado.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

Pedagogia é a teoria crítica da educação, isto é, da ação do


homem quando transmite ou modifica a herança cultural. A
educação não é um fenômeno neutro, mas sofre os efeitos da
ideologia, por estar de fato envolvida na política.

Sociedades Tribais:a educação difusa


Nas comunidades tribais as crianças aprendem imitando os
gestos dos adultos nas atividades diárias e nas cerimônias
dos rituais. As crianças aprendem "para a vida e por meio da
vida", sem que alguém esteja especialmente destinado a tarefa
de ensinar.
Antigüidade Oriental: a educação tradicionalista
Nas sociedades orientais, ao se criarem segmentos
privilegiados, a população, composta por lavradores,
comerciantes e artesãos, não tem direitos políticos nem
acesso ao saber da classe dominante. A princípio o
conhecimento da escrita é bastante restrito, devido ao seu
caráter sagrado e esotérico. Tem início, então, o dualismo
escolar, que destina um tipo de ensino para o povo e outro
para os filhos dos funcionários. A grande massa é excluída da
escola e restringida à educação familiar informal.

Antigüidade Grega: a paidéia


A Grécia Clássica pode ser considerada o berço da pedagogia.
A palavra paidagogos significa aquele que conduz a criança,
no caso o escravo que acompanha a criança à escola. Com o
tempo, o sentido se amplia para designar toda a teoria da
educação. De modo geral, a educação grega está constantemente
centrada na formação integral – corpo e espírito – mesmo que,
de fato, a ênfase se deslocasse ora mais para o preparo
esportivo ora para o debate intelectual, conforme a época ou
lugar. Nos primeiro tempos, quando não existia a escrita, a
educação é ministrada pela própria família, conforme a
tradição religiosa. Apenas com o advento das póleis começam a
aparecer as primeiras escolas, visando a atender a demanda.

Antigüidade Romana: a humanitas


De maneira geral, podemos distinguir três fases na educação
romana: a latina original, de natureza patriarcal; depois, a
influência do helenismo é criticada pelos defensores da
tradição; por fim, dá-se a fusão entre a cultura romana e a
helenística, que já supõe elementos orientas, mas nítida
supremacia dos valores gregos.

Idade Média: a formação do homem de fé


Os parâmetros da educação na idade média se fundam na
concepção do homem como criatura divina, de passagem pela
Terra e que deve cuidar, em primeiro lugar, da salvação da
alma e da vida eterna. Tendo em vista as possíveis
contradições entre fé e razão, recomenda-se respeitar sempre
o princípio da autoridade, que exige humildade para consultar
os grandes sábios e intérpretes, autorizados pela igreja,
sobre a leitura dos clássicos e dos textos sagrados. Evita-
se, assim, a pluralidade de interpretações e se mantém a
coesão da igreja. Predomina a visão teocêntrica, a de Deus
como fundamento de toda a ação pedagógica e finalidade da
formação do cristão. Quanto às técnicas de ensinar, a maneira
de pensar rigorosa e formal cada vez mais determina os passos
do trabalho escolar.

Renascimento: humanismo e reforma

Educar torna-se questão de moda e uma exigência, segundo a


nova concepção de homem. O aparecimento dos colégios, do
século XVI até o XVIII, é fenômeno correlato ao surgimento de
uma nova imagem da infância e da família. A meta da escola
não se restringe à transmissão de conhecimentos, mas a
formação moral. Essa sociedade, embora rejeite a autoridade
dogmática da cultura eclesiástica medieval, mantém-se ainda
fortemente hierarquizada: exclui dos propósitos educacionais
a grande massa popular, com exceção dos reformadores
protestantes, que agem por interesses religiosos.

Brasil: início da colonização e catequese

A atividade missionária facilita sobremaneira a dominação


metropolitana e, nessas circunstâncias, a educação assume
papel de agente colonizador.

Idade Moderna: a pedagogia realista

De maneira geral as escolas continuam ministrando um ensino


conservador, predominantemente nas mãos dos jesuítas. Além
disso, é preciso reconhecer, está nascendo a escola
tradicional, como passaremos a conhecê-la a partir do século
XIX.

O Brasil do séc. XVII

Por se tratar de uma sociedade agrária e escravista, não há


interesse pela educação elementar, daí a grande massa de
iletrados.

Século das Luzes: o ideal liberal de educação

O iluminismo é um período muito rico em reflexões


pedagógicas. Um de seus aspectos marcantes está na pedagogia
política, centrada no esforço para tornar a escola leiga e
função do Estado. Apesar dos projetos de estender a educação
a todos os cidadãos, prevalece a diferença de ensino, ou
seja, uma escola para o povo e outra para a burguesia. Essa
dualidade era aceita com grande tranqüilidade, sem o temor de
ferir o preceito de igualdade, tão caro aos ideais
revolucionários. Afinal, para a doutrina liberal, o talento e
a capacidade não são iguais, e portanto os homens não são
iguais em riqueza...

O Brasil na era pombalina

Persiste o panorama do analfabetismo e do ensino precário,


agravado com a expulsão dos jesuítas e pela democracia da
reforma pombalina. A educação está a deriva. Durante esse
longo período do Brasil colônia, aumenta o fosso entre os
letrados e a maioria da população analfabeta.

Século XIX: a educação nacional


É no séc. XIX que se concretizam, com a intervenção cada vez
maior do Estado para estabelecer a escola elementar
universal, leiga, gratuita e obrigatória. Enfatiza-se a
relação entre educação e bem-estar social, estabilidade,
progresso e capacidade de transformação. Daí, o interesse
pelo ensino técnico ou pela expansão das disciplinas
científicas.

Principais pedagogos:

Pestalozzi – é considerado um dos defensores da escola


popular extensiva a todos. Reconhece firmamente a função
social do ensino, que não se acha restrito à formação do
gentil-homem.

Froebel – privilegia a atividade lúdica por perceber o


significado funcional do jogo e do brinquedo para o
desenvolvimento sensório-motor e inventa métodos para
aperfeiçoar as habilidades.

Herbart – segundo ele, a conduta pedagógica segue três


procedimentos básicos: o governo, a instrução e a disciplina.

Brasil: a educação no Império

Ainda não há propriamente o que poderia ser chamada de uma


pedagogia brasileira. É uma atuação irregular, fragmentária e
quase nunca com resultados satisfatórios. O golpe de
misericórdia que prejudicou de uma vez a educação brasileira
vem de uma emenda à Constituição, o Ato adicional de 1834.
Essa reforma descentraliza o ensino, atribuindo à Coroa a
função de promover e regulamentar o ensino superior, enquanto
que as províncias são destinadas a escola elementar e a
secundária. A educação da elite fica a cargo do poder central
e a do povo confinada às províncias.

Século XX: a educação para a democracia

A pedagogia do século XX, além de ser tributária da


psicologia, da sociologia e de outras como a economia, a
lingüística, a antropologia, tem acentuado a exigência que
vem desde a Idade moderna, qual seja, a inclusão da cultura
científica como parte do conteúdo a ser ensinado.

Sociologia: Durkheim

Antes dele a teoria da educação era feita de forma


predominantemente intelectualista, por demais presa a uma
visão filosófica idealista e individualista. Durkheim
introduz a atitude descritiva, voltada para o exame dos
elementos do fato da educação, aos quais aplica o método
científico.
Psicologia: o behaviorismo

O método dessa corrente privilegia os procedimentos que levam


em conta a exterioridade do comportamento, o único
considerado capaz de ser submetido a controle e
experimentação objetivos. Suas experiências são ampliadas e
aplicadas nos EUA por Watson e posteriormente por Skinner. O
behaviorismo está nos pressupostos da orientação tecnicista
da educação.

Gestalt

As aplicações das descobertas gestaltistas na educação são


importantes por recusar o exercício mecânico no processo de
aprendizagem. Apenas as situações que ocasionam experiências
ricas e variadas levam o sujeito ao amadurecimento e à
emergência do insight.

Dewey e a escola progressiva

O fim da educação não é formar a criança de acordo com


modelos, nem orientá-la para uma ação futura, mas dar-lhe
condições para que resolva por si própria os seus problemas.
A educação progressiva consiste justamente no crescimento
constante da vida, à medida que aumentamos o conteúdo da
experiência e o controle que exercemos sobre ela. Ao
contrário da educação tradicional, que valoriza a obediência,
Dewey estimula o espírito de iniciativa e independência, que
leva à autonomia e ao autogoverno, virtudes de uma sociedade
democrática.

Realizações da escola nova

Principais características da escola nova:

educação integral ( intelectual, moral, física); educação


ativa; educação prática, sendo obrigatórios os trabalhos
manuais; exercícios de autonomia; vida no campo; internato;
co-educação; ensino individualizado. Para tanto as atividades
são centradas nos alunos, tendo em vista a estimulação da
iniciativa. Escolas de métodos ativos: Montessori e Decroly
Montessori estimula a atividade livre concentrada, com base
no princípio da auto-educação. Decroly observa, de maneira
pertinente, que, enquanto o adulto é capaz de analisar,
separar o todo em partes, a criança tende para as
representações globais, de conjunto. Resta lembrar outros
riscos dessa proposta: o puerilismo ou pedocentrismo
supervaloriza a criança e minimiza o papel do professor,
quase omisso nas formas mais radicais do não-diretivismo; a
preocupação excessiva com o psicológico intensifica o
individualismo; a oposição ao autoritarismo da escola
tradicional resulta em ausência de disciplina; a ênfase no
processo faz descuidar da transmissão do conteúdo.
Teoria socialista – Gramsci A educação proposta por ele está
centrada no valor do trabalho e na tarefa de superar as
dicotomias existentes entre o fazer e o pensar, entre cultura
erudita e cultura popular. Teorias crítico-reprodutivistas
Por diversos caminhos chegaram a seguinte conclusão: a escola
está de tal forma condicionada pela sociedade dividida que,
ao invés de democratizar, reproduz as diferenças sociais,
perpetuando o status quo.

Teorias progressistas – Snyders Contra as pedagogias não-


diretivas, defende o papel do professor, a quem atribui uma
função política. Condena a proposta de desescolarização de
Ivan Illich. Ressalta o caráter contraditório da escola, que
pode desenvolver a contra-educação.

Teorias antiautoritárias – Carl Rogers Visam antes de tudo


colocar o aluno como centro do processo educativo, como
sujeito, livrando-o do papel controlador do professor. O
professor deve acompanhar o aluno sem dirigi-lo, o que
significa dar condições para que ele desenvolva sua
experiência e se estruture, por conta própria. O principal
representante dessa teoria é Carl Rogers. Segundo ele, a
própria relação entre as pessoas é que promove o crescimento
de cada uma, ou seja, o ato educativo é essencialmente
relacional e não individual.

Escola tecnicista
Proposta consiste em: planejamento e organização racional da
atividade pedagógica; operacionalização dos objetivos;
parcelamento do trabalho, com especialização das funções;
ensino por computador, telensino, procurando tornar a
aprendizagem mais objetiva.

Teorias construtivistas

Piaget – segundo ele, à medida que a influência do meio


altera o equilíbrio, a inteligência, que exerce função
adaptativa por excelência, restabelece a auto-regulação.

Vygotshy - Ao analisar os fenômenos da linguagem e do


pensamento, busca compreendê-los dentro do processo sócio-
histórico como "internalização das atividades socialmente
enraizadas e historicamente desenvolvidas". Portanto, a
relação entre o sujeito que conhece e o mundo conhecido não é
direta, mas se faz por mediação dos sistemas simbólicos.

Brasil no século XX: o desafio da educação


Nesse contexto, os educadores da escola nova introduzem o
pensamento liberal democrático, defendendo a escola pública
para todos, a fim de se alcançar uma sociedade igualitária e
sem privilégios. Podemos dizer que Paulo Freire é um dos
grandes pedagogos da atualidade, não só no Brasil, mas também
no mundo. Ele se embasa em uma teologia libertadora,
preocupada com o contraste entre a pobreza e a riqueza que
resulta privilégios. Em sua obra Pedagogia do Oprimido faz
uma abordagem dialética da realidade, cujos determinantes se
encontram nos fatores econômicos, políticos e sociais.
Considera que o conhecer não pode ser um ato de "doação" do
educador ao educando, mas um processo que se estabelece no
contato do homem com o mundo vivido. E este não é estático,
mas dinâmico, em contínua transformação. Na educação
autêntica, é superada a relação vertical entre educador e
educando e instaurada a relação dialógica. Paulo Freire
defende a autogestão pedagógica, o professor é um animador do
processo, evitando as formas de autoritarismo que costumam
minar a relação pedagógica. Na década de 70 destaca-se a
produção teórica dos críticos-reprodutivistas, que desfazem
as ilusões da escola como veículo da democratização. Com a
difusão dessas teorias no Brasil, diversos autores se
empenham em fazer a reeleitura do nosso fracasso escolar. A
tarefa da pedagogia histórico-crítica se insere na tentativa
de reverter o quadro de desorganização que torna uma escola
excludente, com altos índices de analfabetismo, evasão,
repetência e, portanto, de seletividade. Para Saviani, tanto
as pedagogias tradicionais como a escola nova e a pedagogia
tecnicista são, portanto, não-críticas, no sentido de não
perceberem o comprometimento político e ideológico que a
escola sempre teve com a classe dominante. Já a partir de 70,
começam a ser discutidos os determinantes sociais, isto é, a
maneira pela qual a estrutura sócio-econômica condiciona a
educação. O trunfo de se tornar um dos países mais ricos
contrasta com o fato de ser um triste recordista em
concentração de renda, com efeitos sociais perversos:
conflitos com os sem-terra, os sem-teto, infância abandonada,
morticínio nas prisões, nos campos, nos grandes centros.
Persiste na educação uma grande defasagem entre o Brasil e os
países desenvolvidos, porque a população não recebeu até
agora um ensino fundamental de qualidade.

A Educação no Terceiro Milênio

A explosão dos negócios mundiais, acompanhada pelo avanço


tecnológico da crescente robotização e automação das
empresas, nos faz antever profundas modificações no trabalho
e, conseqüentemente, na educação. Na tentativa de incorporar
os novos recursos, no entanto, a escola nem sempre tem obtido
sucesso porque, muitas vezes, apenas adquire as novas
máquinas sem, no entanto, conseguir alterar a tradição das
aulas acadêmicas. Diante das transformações vertiginosas da
alta tecnologia, que muda em pouco tempo os produtos e a
maneira de produzi-los, criando umas profissões e extinguindo
outras. Daí a necessidade de uma educação permanente, que
permita a continuidade dos estudos, e portanto de acesso às
informações, mediante uma autoformação controlada.
Bibliografia
ARANHA, Maria Lúcia Arruda

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