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2010 Metodos&EnsinodoTrombonenoBrasil Seixas
2010 Metodos&EnsinodoTrombonenoBrasil Seixas
Rio de Janeiro
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE LETRAS E ARTES
ESCOLA DE MÚSICA
MESTRADO EM MÚSICA
Rio de Janeiro
2010
INSERIR FICHA CATALOGRÁFICA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE LETRAS E ARTES
ESCOLA DE MÚSICA
MESTRADO EM MÚSICA
Aprovado por:
_____________________________________
Prof.ª Dr.ª Vanda Lima Bellard Freire - Orientadora
Escola de Música da UFRJ
_____________________________________
Prof.ª Dr.ª Thelma Alvares
Escola de Música da UFRJ
_____________________________________
Prof. Dr. Carlos Eduardo Mello
Escola de Música da UNB
Dedico este trabalho ao grande amigo, mestre
e professor Gilberto Gagliardi, in memorian,
exemplo de profissionalismo, ética, amor por
seu instrumento e pelo próximo.
AGRADECIMENTOS
Este trabalhou surgiu a partir do Método Para Trombone de Vara escrito por José Gagliardi,
cujo manuscrito original me foi confiado por seu neto, Jorge Gagliardi. Com este método em
mãos procuramos compreender quais métodos de trombone são utilizados e como se dá o
ensino/aprendizagem de trombone no Brasil. Os procedimentos metodológicos para o
desenvolvimento da presente pesquisa iniciaram-se com uma revisão bibliográfica a respeito
de ensino de música e práticas instrumentais do século XVII aos dias atuais. Os suportes
teóricos para a metodologia utilizada na pesquisa foram a dialética e a fenomenologia. Seis
métodos de trombone de diferentes autores, representando diferentes nacionalidades e escolas
de trombone foram analisados sob dois pontos de vista acerca dos seus conteúdos de ensino:
aspectos técnicos e aspectos pedagógicos. Foram, também, aplicados questionários em
professores e alunos das universidades federais do Brasil que possuem curso superior,
especificamente, em trombone e sua análise revelou como o ensino/aprendizagem de
trombone se dá no ambiente acadêmico. O referencial teórico utilizado tanto para a análise
dos métodos de trombone como para os questionários foi tomado à Libâneo (1990), Freire
(1997) e Marques (1999), sendo Libâneo utilizado na classificação das principais tendências
pedagógicas presentes na Educação Brasileira e Freire e Marques utilizados pelos seus
trabalhos a respeito do pensamento pós-moderno na educação. A conclusão evidencia a
correspondência entre os métodos e questionários analisados revelando os pontos principais a
respeito do ensino/aprendizagem de trombone no Brasil.
This work started from José Gagliardi´s Method for Slide Trombone which the original
manuscript was given to me by his grandson Jorge Gagliardi. With this method in hands we
tried to realize which methods are being used and how trombone teaching/learning happens in
Brazil. The methodological procedures to develop this research started with a bibliographic
review concerning about musical teaching and instrumental practices from centuries XVII
until nowadays. The theory supports for the methodology used were the dialectic and the
phenomenology. Six trombone methods from different authors, representing different
nationalities and trombone schools were analyzed from two perspectives concerning about its
learning content: technical aspects and pedagogical aspects. Questionnaires were, also,
applied to trombone professors and students from the Federal Universities of Brazil which
have undergraduate programs specifically in trombone, and were analyzed in order to reveal
how teaching/learning in trombone happens in the academic environment. The theory
referential used for analyzing both methods and questionnaires came from Libâneo (1990),
Freire (1997) e Marques (1999), being Libâneo used for the classification of the main
pedagogical tendencies presents at Brazilian education and Freire and Marques being used
because of their works concerning about the postmodern thinking at education. The
conclusion evidences the correspondence among the trombone methods and the
questionnaires analyzed revealing the main points about trombone teaching/learning in Brazil.
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 13
2.1 ENSINO DE MÚSICA E PRÁTICAS INSTRUMENTAIS – SÉCULOS 13
XVII A XIX.......................................................................................................
2.2 ENSINO DE MÚSICA E PRÁTICAS INSTRUMENTAIS – SÉCULOS XX 20
E XXI.................................................................................................................
3 METODOLOGIA E REFERENCIAL TEÓRICO....................................... 37
3.1 METODOLOGIA............................................................................................... 36
3.1.1 Enfoque Teórico-Metodológico da Pesquisa.................................................. 37
3.1.2 Procedimentos Metodológicos......................................................................... 47
3.2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................... 59
4 LEITURA ANALÍTICA DOS MÉTODOS DE TROMBONE.................... 64
4.1 ANÁLISE DOS ASPECTOS TÉCNICOS........................................................ 64
4.1.1 Número de Volumes do Método (Editados ou Manuscritos)........................ 69
4.1.2 Explicações Técnicas e/ou Teóricas................................................................ 69
4.1.3 Utilização de Imagens Ilustrativas.................................................................. 70
4.1.4 Explicações Sobre: Manuseio do Instrumento, Limpeza e Manutenção e 70
Escolha do Bocal...............................................................................................
4.1.5 Explicações Sobre Embocadura...................................................................... 71
4.1.6 Tessitura Utilizada............................................................................................ 71
4.1.7 Exercícios Sobre Notas Pedais, Referências ao Trombone Alto em Mib, 72
Explicações Sobre o Trombone Com Rotor e Exercícios Para Trombone
Baixo..................................................................................................................
4.1.8 Referências à Respiração Fisiológica ou Musical.......................................... 73
4.1.9 Sugestão Para o Uso de Diferentes Posições no Manuseio da Vara do 73
Trombone..........................................................................................................
4.1.10 Referências a Ajustes na Afinação.................................................................. 73
4.1.11 Uso das Claves de Dó na 4ª e 3ª linhas............................................................ 74
4.1.12 Utilização de Pausas......................................................................................... 75
4.1.13 Exercícios Sobre o Duplo e Triplo Staccatos................................................. 75
4.1.14 Estudos em Legato e Staccato-Legato............................................................ 75
4.1.15 Utilização de Diferentes Articulações............................................................. 76
4.1.16 Efeitos no Trombone (Glissando, Frullato e Vibrato).................................. 77
4.1.17 Explicação Sobre Trinados.............................................................................. 77
4.1.18 Utilização ou Explicação Sobre Ornamentos................................................. 77
4.1.19 Variações de Agógica....................................................................................... 78
4.1.20 Variação de Dinâmicas..................................................................................... 78
4.1.21 Sugestão de Exercícios Diários........................................................................ 78
4.1.22 Utilização de Arpejos e Escalas....................................................................... 79
4.1.23 Utilização de Cromatismos e Escalas Cromáticas......................................... 79
4.1.24 Fórmulas de Compassos (Simples, Compostos e Mistos).............................. 80
4.1.25 Aplicação das Técnicas a Textos Musicais..................................................... 81
4.1.26 Práticas em Conjunto....................................................................................... 81
4.1.27 Referências a Estilos Musicais e Interpretação............................................. 82
4.1.28 Explicação Sobre Surdinas e Seu Uso............................................................. 82
4.2 ANÁLISE DOS ASPECTOS PEDAGÓGICOS............................................. 83
4.2.1 Conteúdos de Ensino....................................................................................... 93
4.2.2 Metodologia de Ensino.................................................................................... 94
4.2.3 Relacionamento Professor-Aluno................................................................... 96
4.2.4 Pressupostos de Aprendizagem....................................................................... 98
5 LEITURA ANALÍTICA DOS QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS...... 101
5.1 QUESTIONÀRIOS RESPONDIDOS POR PROFESSORES........................ 101
5.2 QUESTIONÀRIOS RESPONDIDOS POR ALUNOS................................... 116
6 CONCLUSÂO.................................................................................................. 143
REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 147
ANEXO A – MÉTODO DE TROMBONE DE JOSÉ GAGLIARDI 151
ANEXO B – TABELA DE CURSOS DE MÚSICA NAS UNIVERSIDADES 198
FEDERAIS DO BRASIL...............................................................................................
ANEXO C – QUESTIONÁRIOS PROFESSORES..................................................... 200
ANEXO D – QUESTIONÁRIOS ALUNOS................................................................. 220
ANEXO E – MÉTODOS DE TROMBONE DE VARA.............................................. 264
.ANEXO F - BIOGRAFIA JOSE GAGLIARDI.......................................................... 269
10
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho nasceu como fruto da relação que desenvolvi com o Professor
Gilberto Gagliardi grande músico, trombonista e professor brasileiro, com quem tive a honra e
o prazer de conviver durante o período de 1993 até sua morte em 2000. Esta relação estendeu-
se às nossas famílias de modo que pude desenvolver uma sólida amizade com seu filho Jorge
Gagliardi, que logo após a morte de seu pai procurou-me com um material antigo perguntando
se era do meu interesse. Neste material encontrava-se o manuscrito original do método para
trombone escrito por seu avô e pai do Professor Gilberto Gagliardi, José Gagliardi, para o
próprio.
Sempre foi objeto de minha curiosidade conhecer o método em que tão célebre músico
havia estudado, como o próprio Professor Gilberto Gagliardi descreve em sua biografia nas
primeiras páginas do seu “Método de Trombone Para Iniciantes”:
O método foi escrito em três partes sendo que, segundo informou-me Gagliardi
(1936), a primeira e a última parte se perderam. De posse do manuscrito original de parte do
método escrito por José Gagliardi e de um álbum contendo algumas de suas memórias
artísticas, como recortes de jornal, fotografias e programas de concerto deu-se o ponto de
partida para a presente pesquisa A partir da leitura do método concluí que seria interessante
expandir a pesquisa incluindo outros métodos representantes de diferentes escolas e épocas
para compará-los sob os pontos de vista dos conteúdos técnico e pedagógico. A análise dos
métodos deu origem a um novo questionamento “Quais são os métodos de trombones
adotados nos cursos superiores do país e como se dá o ensino de trombone nestas
instituições?”. Este questionamento originou a necessidade de uma pesquisa com professores
e alunos das Universidades Federais do país que possuíssem curso superior em trombone a
fim de levantar informações quanto ao ensino/aprendizagem de música através do trombone
no Brasil.
11
Nos anexos, destacamos a inclusão da parte que restou do “Método Para Trombone”
de José Gagliardi, revisado e digitalizado permitindo o acesso deste material a todos os
trombonistas e pesquisadores interessados. Incluímos, também, algumas informações
biográficas sobre o autor desse método, os questionários aplicados ao longo da pesquisa, uma
tabela com todas as universidades federais do país evidenciando as que possuem os cursos de
licenciatura e/ou bacharelado em música, destacando as que possuem curso superior de
trombone, e uma tabela contendo diversos métodos de trombone escritos de 1795 a 1992.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
O ensino de música na Europa, praticado do século XVII até o século XIX, era
caracterizado pela transmissão direta e individual de informações do mestre ao seu discípulo,
e até o advento da Revolução Francesa (1789), o aprendizado sistemático de música foi,
praticamente, privilégio da nobreza e das Igrejas e restrito a esses grupos. Até então, segundo
Fagerlande (1996), os conjuntos de exercícios compostos pelos professores para atender às
necessidades específicas de seus alunos eram inseridos em um contexto musical, do qual
algumas músicas eram aproveitadas nos estudos, como podemos observar na seguinte citação:
E completa:
A tendência das obras didáticas nesta época era a de unir de maneira muito
natural as dificuldades técnicas com as musicais. Em outras palavras,
aprendia-se a tocar o cravo, o clavicórdio, o órgão, através de peças de
música que continham as exigências técnicas desejadas, mas sem esquecer o
sentido artístico, musical. (FAGERLANDE, 1996, p. 25)
Se, então, o ensino de práticas instrumentais era tão vinculado às práticas musicais, do
séculos XVII até o século XVIII, porque se passou a priorizar a prática de “mecanismos” a
partir de então?
As transformações ocorridas entre o século XVIII e o século XIX (sociais,
econômicas, políticas, tecnológicas e filosóficas) também repercutiram no ensino de música e
no próprio conceito de música.
Com o advento, na Europa, da burguesia como classe expressiva, do ponto de vista
econômico, a música “erudita” passa a ser vista como um produto, passível de ser consumido
por uma massa que até então não tinha acesso a ele.
Música e Declamação, de Paris, fundado em 1795, apenas seis anos após a Revolução
Francesa, foi a primeira instituição concebida nestes moldes. Além disso, estabeleceu o
modelo de ensino de música que foi reproduzido posteriormente por muitas outras instituições
e que permanece, em muitos casos, presente até os dias atuais. Este modelo instituiu
procedimentos padronizados que pretendiam alcançar determinados objetivos comuns a todos
os estudantes de música, elegendo a música “erudita” como modelo.
A este respeito vejamos considerações estabelecidas por alguns autores.
Segundo Jorquera:
E para Fonterrada:
Esta visão de mundo mecanicista teve reflexos diretos na música e nas artes, segundo
afirma Rónai:
As afirmativas anteriores, de Fonterrada e Jorquera contêm uma palavra que pode ser
considerarada chave para o entendimento das práticas pedagógicas sistemáticas, sobretudo a
partir do século XVII – o Método. Isto explica por que no século XIX o estudo de
instrumentos musicais torna-se tão mecanicista. Para isto é fundamental entendermos o
significado da palavra “método”, no sentido musical, e como ela foi se alterando
conceitualmente ao longo do tempo. Jorquera assim o define:
Nos séculos XVII e XVIII os mestres europeus dedicados ao ensino da música erudita,
compunham músicas ou exercícios específicos para seus alunos. Nas aulas, quase sempre
individuais, eram transmitidas in loco todas as informações, observações, correções e
sugestões para o aluno, daí não haver a necessidade de documentá-las e possivelmente por
isso os métodos que datam desta época não continham textos ou explicações sobre os
exercícios. Os conceitos de exercício e estudo também mudam consideravelmente com o
tempo - inicialmente eram peças musicais nas quais os professores, e, ao mesmo tempo,
compositores abordavam as dificuldades a serem superadas pelos seus alunos, conforme
observamos no comentário de Fagerlande:
Este virtuosismo fez com que nos dias atuais o caminho musical inverso fosse
percorrido. O desenvolvimento técnico de determinados instrumentistas deu-se de tal maneira
que o repertório só do seu instrumento já não é suficiente para que o músico demonstre toda a
sua versatilidade, apropriando-se, então, de obras originalmente escritas para outros
instrumentos, como é o caso do tubista americano Arnold Jacobs, que durante muitos anos
tocou seu instrumento na Orquestra Sinfônica de Chicago e gravou o concerto para Trompa e
Orquestra de Richard Strauss na tuba. O trombonista sueco Christian Lindberg, que entre
outras obras que não são originalmente escritas para o trombone, gravou todos os Concertos
para Trompa e Orquestra de W. A. Mozart, e as Quatro Estações de Vivaldi, originalmente
escrita para violino e orquestra. No Brasil, os trombonistas Wagner Polistchuk (SP) (1969-) e
Radegundis Feitosa (PB) (1962-2010), gravaram o choro “Espinha de Bacalhau”, composto
por Severino Araújo, originalmente para clarineta, numa demonstração do grande virtuosismo
que alcançaram no seu instrumento. Outro exemplo da apropriação de repertório de
instrumento é a solicitação, em audições de trombone baixo para seleção e ingresso nas
principais orquestras sinfônicas do mundo, da Sarabanda da Suíte n° 5 para Violoncelo Solo
de J.S. Bach, peça que requer grande controle de respiração, dinâmicas, legato e contém
intervalos grandes de até duas oitavas.
Além desses fatores, não podemos desconsiderar os grandes avanços tecnológicos que
se processaram a partir de meados do século XVIII, com a Revolução Industrial. Estes
avanços refletiram-se na própria construção dos instrumentos musicais, que, com novos
recursos, permitiram aos seus executantes maior destreza e agilidade na sua execução,
19
estimulando assim compositores a escrever passagens cada vez mais difíceis, explorando ao
extremo vários aspectos, como tessitura, dinâmica e velocidade.
Todos estes elementos parecem ter contribuído, para que, a partir da solidificação do
modelo de conservatório no século XIX, a técnica fosse dissociada do conteúdo musical. E
como cita Rónai, “Se no século XVIII havia uma preocupação de ligar todo e qualquer
exercício de técnica a um problema específico encontrado no decorrer do estudo, no século
seguinte a técnica passa a ser vista não como um sistema de resolução de problemas, mas
como uma atividade de caráter preventivo.” (RÓNAI, 2008, p. 119).
Verdadeiros manuais contendo inúmeras combinações de exercícios foram escritos
com a finalidade de preparar o aluno para qualquer dificuldade com que porventura este
viesse a se deparar na sua trajetória como instrumentista. Alguns desses métodos
apresentavam apenas exercícios técnicos, escalas e arpejos, sem conter sequer um exemplo de
sua aplicação num contexto musical, e como Fagerlande atesta, “A prática de aliar música e
técnica foi, contudo se alternando à medida em que se avançava no século XIX.” (Fagerlande,
1996 p.26). O aspecto criativo foi cada vez mais sendo deixado à margem no processo
pedagógico, cuja ênfase estava calcada na imitação e repetição de modelos e exercícios à
exaustão. A improvisação e composição, práticas cotidianas no universo musical do período
Barroco foram sistematicamente sendo postas de lado durante o século XVIII e praticamente
abolidas no século XIX, como observa Rónai: “À medida que os problemas de técnica
ocupam lugar de destaque nos métodos tradicionais, questões ligadas à interpretação e à
improvisação perdem espaço, e os exercícios se tornam mais mecânicos e repetitivos. (Rónai,
2008 p.45), e completa:
os alunos em determinadas épocas e permanecem em muitos casos até os dias de hoje. São
desta época os famosos “exercícios diários”, prática muito difundida até os dias atuais, nos
quais uma seqüência de exercícios deve ser executada diariamente pelo músico
(instrumentista ou cantor) a fim de que este mantenha sempre as condições mínimas
necessárias ao bom desempenho de sua performance musical.
A editora alemã Musikverlag Zimmermann publicou, a partir de 1885, uma série de
livros intitulados “Red Tutor”, criada por músicos de sopros trabalhando na Rússia. Estes
livros eram editados em três idiomas, alemão, inglês e russo e foram, inicialmente,
presenteados a todos que comprassem um instrumento de sopro da Musikverlag
Zimmermann, que também os produzia. Compreendia um manual instrumental gratuito, uma
idéia que se mostrou muito eficiente, na época, em termos de propaganda e marcou a
fundação da mais antiga editora do mundo em termos de literatura instrumental tutorial para
sopros, conforme relatado no método “Schule für Zugpozaune” composto por Robert Müeller
e editado pela editora Musikverlag Zimmermann, em 1902.
Com a ênfase dada à técnica instrumental, as práticas instrumentais tornaram-se cada
vez mais solitárias. O estudo de música, muitas vezes, limita-se quase que ao aluno e seu
instrumento praticando, horas a fio, exercícios e estudos.
Artes em geral e especificamente a Música e seu ensino sofreram influência direta de todos
estes acontecimentos.
Curiosamente observaremos ao longo do século XX uma interessante dicotomia: de
um lado surge uma preocupação com o ensino de música que será objeto de estudo para
muitos autores e trará discussões, análises e propostas de procedimentos pedagógicos a serem
utilizados com os alunos e por outro lado, a grande maioria das instituições de ensino de
música preservando o modelo de “conservatório” do século anterior. A este respeito Freire
(1997) afirma: “Já é tempo, aliás, de na área de música, nos perguntarmos se o que queremos
é “conservar” conhecimentos – fato que o termo Conservatório, também ele em nosso meio,
parece sugerir.”
Ainda segundo considerações de Freire (1997), as teorias de John Dewey, do
pragmatismo aplicado à educação, visavam a eficiência, como uma necessidade do
capitalismo, enfatizando a necessidade de desenvolvimento de um processo educativo que
efetivamente contribuísse para a participação produtiva na sociedade. Estas idéias são o ponto
de destaque na educação das primeiras décadas do século XX, e no Brasil tiveram
desdobramentos no movimento denominado Escola Nova que teve em Anísio Teixeira um de
seus principais nomes. A Escola Nova teve como idéia central o processo de ensino voltado
para o interesse do educando, retirando o professor do centro do processo, como
“transmissor” do conhecimento.
Na educação musical, as idéias da Escola Nova tiveram reflexos em iniciativas como
as de Antônio Sá Pereira e Liddy Chiaffarelli Mignone, inspirados em Dalcroze, na criação
dos cursos de Iniciação Musical, na Escola de Música da Universidade do Brasil (atual Escola
de Música da UFRJ) e no Conservatório Brasileiro de Música. Nestes cursos, a musicalização
das crianças era realizada introduzindo-as na percepção de alturas e ritmos, não mais
utilizando a chamada Teoria Musical como porta de entrada para o universo musical. Outros
autores, nesta mesma época desenvolveram métodos para o ensino de música em seus
respectivos países, como: Orff (Alemanha), Kodály (Hungria) e Suzuki (Japão). Estes
métodos tornaram-se bastante populares e tiveram aplicações fora de seus países de origem. A
este respeito Fonterrada comenta:
Muitas vezes, ao aplicar esses métodos no Brasil, não nos lembramos dos
fatores que os geraram e, atendo-nos às propostas originais, buscamos
reproduzir seus materiais, sem analisar nossas próprias condições, a situação
de nossas crianças e jovens, as questões que envolvem a Arte e a escola, ou
mesmo as características de nossa música. (FONTERRADA, 1997, p. 10)
22
A observação de Santos aponta que nenhum método é completo o bastante para dar
conta de todas as necessidades e demandas dos alunos. Santos defende que o professor deverá
ser criativo o bastante para adequar contextos e linguagens estranhos à sua realidade,
explorando o potencial máximo de cada método em favor do desenvolvimento de uma
linguagem própria, que atenda ao contexto educacional a que se propõe.
Swanwick (2003) também critica a ênfase do ensino de música nos métodos,
descontextualizado de um pensamento musical e de uma compreensão crítica da realização
musical:
E conclui:
Observamos, segundo Santos, que a globalização tem o seu lado positivo, ao permitir
acesso ao conhecimento que ele denomina “total”, mas que cada grupo o aplicará da maneira
como lhe for mais conveniente, transformando-o em “local”.
Em concordância com Freire (1999), Hall discorda da globalização como fenômeno de
homogeneização cultural, e aponta três aspectos como passíveis de análise neste sentido:
Podemos observar que, como afirma Queiroz, o fator afetivo é fundamental para que o
desenvolvimento da atividade educativo-musical possa realizar-se na sua plenitude e atingir
os objetivos a que se propõe.
Observa-se, portanto, que um ensino de música descontextualizado da realidade do
aluno, segundo Blacking, não lhe é familiar e por conta disso, muitas vezes, desinteressante.
Ainda a este respeito Loureiro afirma que:
[...] na prática educativa deve-se procurar, por meio dos conteúdos e dos
métodos, respeitar os interesses dos alunos e da comunidade onde vivem e
constroem suas experiências. (LOUREIRO, 2003, p. 174)
Esta segunda visão, apresentada por Moreira, está em consonância com as práticas
pedagógicas apresentadas por John Dewey na primeira metade do século XX:
28
Dewey pode ser considerado como um dos mais geniais observadores das
relações entre educação e produção, entre educação e sociedade; a fórmula já
lembrada de sua pedagogia, o learning by doing, o aprender fazendo, é o
centro da unidade de instrução e trabalho. (MANACORDA, 1996, p. 320).
Outros autores mais recentes também compartilharam, pelo menos em parte, com as
idéias inicialmente propostas por Dewey, como Swaniwck. Este afirma que: “O cume da
experiência estética é escalado somente quando a obra se relaciona fortemente com as
estruturas de nossa experiência individual, quando ela clama por uma nova maneira de
organizar os esquemas, os traços, os eventos vividos anteriormente.” (SWANWICK, 1979, p.
36 apud SWANWICK, 2003, p. 22).
Percebe-se que estes autores privilegiam, em suas práticas pedagógicas, as
experiências vividas pelos alunos. Estas experiências terão segundo Dewey e Swanwick, mais
validade, quanto mais próximas estiverem da realidade dos alunos, pois estes serão os
principais responsáveis por sua aplicação, funcionando, a escola, como agente estimulador de
experiências significativas (estéticas). No Brasil estas idéias produziram reflexos, no
movimento denominado Escola Nova como já citamos. Esta abordagem pedagógica coloca o
conteúdo do aluno, suas experiências prévias e as que a escola irá estimular como centro do
processo de aprendizagem, como atesta Souza:
Este modelo de estudo, que data de fins do século XVIII, é muito contestado
atualmente, pois determina que todos têm as mesmas dificuldades e que aquilo que é difícil
para uma pessoa, por exemplo, será igualmente difícil para todos. É sabido que os seres
humanos não são todos iguais e que o modo de compreender determinada atividade ou
conteúdo para um indivíduo pode ser muito mais fácil do que para outro em iguais condições.
Por que ensinar a todos, então, da mesma maneira se os modos de apreensão variam tanto de
uma pessoa para outra?
A psicologia também tem se interessado em analisar as relações entre aprendizagem e
experiência vivida. Entre os psicólogos que estudam os processos de aprendizagem
reconhecem-se duas correntes principais sobre o assunto: a cognitiva e a comportamental, às
quais não vamos nos ater, pois não correspondem à linha metodológica adotada por esta
pesquisa.
Apesar dessa observação, cabe citar um dos autores que estudou os processos de
aprendizagem foi Howard Gardner. Gardner, da corrente cognitiva, desenvolveu sua Teoria
das Inteligências Múltiplas e lançou-a no seu livro “Estruturas da Mente” em 1983. A
visualização dessas diferentes inteligências também contribui para que se compreendam as
relações entre aprendizagem e vivência.
Gardner formulou inicialmente uma lista com sete inteligências: as duas primeiras
(lingüística e lógico/matemática) são as típicas valorizadas nas escolas; as próximas três são
associadas às artes (musical, corporal/cinestésica e espacial) e as duas últimas são o que
Gardner denominou de “inteligências pessoais” (interpessoal e intrapessoal).
Desde a publicação de “Estruturas da Mente” (1983), muito se tem discutido a respeito
de que outros tipos de inteligências poderiam ser incluídas nesta listagem inicial (e até mesmo
excluídas dela). Pesquisas e reflexões subseqüentes de Gardner e seus colegas apontaram para
mais três possibilidades: a inteligência naturalista, a inteligência espiritual, que não tem
ligação com o religioso, mas com a transcendência da capacidade de entender o que não é
físico e a inteligência existencial. Gardner concluiu que somente a primeira das três “merece
ser adicionada à lista original das sete inteligências” (GARDNER,1999, p. 52).
Segundo Gardner estas oito inteligências são inerentes a todos os seres humanos,
sendo que determinadas aptidões são mais desenvolvidas por uns do que por outros. Daí
30
explica-se porque determinadas pessoas têm mais facilidade nas atividades relacionadas à
música enquanto outras têm mais facilidade para atividades relacionadas à dança, por
exemplo, o que não significa que somente alguns podem aprender a se expressar
musicalmente bem.
O fato é que ainda hoje, no ensino de música, o modelo cartesiano ainda prevalece
sobre uma abordagem dialética ou mesmo psicológica, segundo as quais os conteúdos e
experiências dos alunos são, também, relevantes no processo de aprendizagem, não cabendo
eleger alguns métodos como modelos ideais.
A respeito do ensino baseado na reprodução de um modelo, a “prática modelar”,
Penna (2006) afirma que:
Como mostra Célia Maria de Castro Almeida (2001, p.26-28), o ensino das
artes baseado na reprodução de modelos – a chamada “prática modelar” –
dificulta o desenvolvimento de habilidades ligadas à formação global, como
a autonomia ou “a capacidade de dizer mais e melhor sobre si mesmo e
sobre o mundo (Almeida, C. M., 2001, p.25). Segundo a autora:
Porém o que parece mais grotesco é que, ainda hoje, tenhamos esse sistema
31
Observa-se, assim, que as práticas musicais no ensino superior de música não são
totalmente convergentes com as diretrizes propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Básico.
32
Fischer (s.d.) é outro autor que registra a crise, no mundo burguês, da cisão
entre música "erudita", afastada do povo, e musica "popular", de diversão,
com pequeno valor, em geral. O autor afirma que um dos objetivos da
educação sistemática é exatamente ampliar essa cisão (p.221). (FREIRE,
1992, p. 142)
Loureiro também concorda com esta cisão entre música “erudita” e “popular” no
âmbito da educação musical, cabendo, contudo, destacar que esses conceitos estão hoje sendo
amplamente problematizados na área de música:
Ainda, segundo o mesmo autor, esse projeto é tido por muitos estudiosos
como aquele que deu origem à idéia do ensino instrumental coletivo. O
alcance do projeto pode ser visto nos números do ano de 1908: 400.000
alunos de escolas britânicas estavam efetivamente estudando violino. Essa
idéia foi levada para os Estados Unidos, e em 1911, o inglês Albert Mitchell
sentiu-se incentivado a implantar o ensino coletivo de instrumentos musicais
nas escolas públicas norte-americanas. (CRUVINEL, 2005, p. 69)
Outro exemplo adotado no Brasil, na década de 70, na Escola de Música da UFRJ pela
professora Maria de Lourdes Junqueira foi sua pesquisa sob o título “O Ensino de Piano em
Grupo – nova abordagem no ensino do instrumento.” Segundo a própria Maria de Lourdes
Junqueira sua pesquisa nasceu da “insatisfação com métodos e materiais de piano para
iniciantes disponíveis no Brasil” (BASTOS, 1999, p. 39).
Bastos (1999, p. 44) lista uma série de vantagens para aulas de piano em grupo, que
acreditamos, parecem ser extensivas a outros instrumentos:
O aspecto criativo, mencionado por Loureiro, é, também, analisado por Freire que
atesta sua quase completa ausência nos cursos de ensino superior de música:
Esta revisão de literatura teve por objetivo revisar alguns aspectos e temas relevantes
para esta pesquisa e refletir sobre o ensino de música e práticas instrumentais do século XVII
aos dias de hoje, a partir de perspectivas históricas e pedagógicas. Constata-se que os séculos
XX e XXI foram profícuos nas discussões sobre Educação Musical, mas que há ainda um
grande hiato entre a teoria e a prática e que, possivelmente no ensino superior de música, é
onde há ainda maior resistência à mudança.
Currículo e método também foram alvos de revisão, subsidiando a presente pesquisa
para a análise dos diferentes métodos de trombone, segundo alguns elementos pedagógicos
escolhidos e que serão detalhados no próximo capítulo – Metodologia e Referencial Teórico.
37
3.1 Metodologia
Todo cientista, ao fazer ciência, saberá que não faz a ciência, mas oferece
apenas um enfoque, um ponto de vista, uma interpretação, já que ele
próprio não passa de um cientista. Assim, o critério de demarcação científica
mais importante será a discussão crítica, até o ponto de reconhecer como
científico somente aquilo que se apresentar discutível e assim se mantiver.
Manter-se discutível não é um projeto formalizante, para esfriar a dinâmica
processual. Ao contrário, manter-se discutível é precisamente manter-se em
movimento, adotar o vir-a-ser como modo de ser. (DEMO, 2009, p. 37,
grifos do autor).
É preciso deixar claro ainda que não existe “a” dialética, como se todos os
dialéticos formassem um exército com a mesma roupa e as mesmas armas.
Este fenômeno seria muito pouco dialético. Na prática encontramos não só
dialéticas diferentes, divergentes, mas até mesmo contraditórias, como em
qualquer campo metodológico. (DEMO, 2009, p. 88).
39
A unidade dos contrários a que se refere o autor é uma das três leis da dialética do
materialismo dialético de Marx e Engels que explicaremos a seguir.
Segundo Freire, “A dialética tem suas origens mais recentes em Hegel, com uma
concepção idealista, e em Marx e Engels, com uma concepção materialista.” (FREIRE, 1992
p. 156) e completa:
O materialismo dialético, proposto por Marx e Engels veio defender uma prática
dialética que não ficasse restrita somente ao discurso, mas que passasse ao campo das ações.
Segundo Konder, “A grande preocupação de Engels era defender o caráter materialista da
dialética, tal como Marx e ele a concebiam.” (KONDER, 2007 p. 58). Engels concluiu,
analisando uma certa dialética na natureza, que esta era pré- condição para que pudesse existir
a dialética humana, e a partir do exame dos princípios que ele chamou “dialética da natureza”,
formulou, apoiado em Hegel, as leis gerais da dialética, que são comuns tanto à natureza
41
quanto à história humana e que reduziu, no essencial a três. Triviños destaca o pensamento de
Engels:
De uma forma bastante simplificada, Triviños assim descreve as três leis da dialética:
Se a “Lei da Unidade e da Luta dos Contrários” nos explica por que ocorre o
desenvolvimento e a “Lei da Transformação das Variações Quantitativas em
Qualitativas (e inversamente)” nos diz como, qual é o mecanismo do
desenvolvimento, esta terceira Lei da Dialética, a “Lei da Negação da
negação”, nos faz saber quais as relações entre o antigo e o novo no
processo de desenvolvimento dos fenômenos. (TRIVIÑOS, 2008, p. 71,
grifos do autor).
Analisando a unidade dos contrários, segunda lei da dialética, Demo afirma que:
“Dialética é sobretudo o respeito a uma realidade tão complexa, profunda e dinâmica, que nos
impõe a reverência típica do mistério. Quanto mais pesquisamos, mais temos a perguntar.
Quanto mais transformamos práticas históricas, mais temos a transformar.” (DEMO, 2009,
p.125) e Triviños ressalta que “O novo também envelhece e é negado por outro fenômeno. A
primeira negação é já a negação da negação e todo o desenvolvimento está constituído por
graus de desenvolvimento nos quais um é negação do outro.”(TRIVIÑOS, 2008, p.72).
Por fim, a dialética foi escolhida como uma das visões metodológicas aplicadas à
presente pesquisa por acreditarmos na proposta de uma educação calcada na dialética, que
discuta e construa com os alunos um pensamento crítico, contribuindo para a formação de sua
consciência social, histórica e cultural. A este respeito Freire (1992) afirma:
E completa:
Santos faz uma análise detalhada do “atraso” das ciências sociais em relação às
ciências naturais, atestando que por muito tempo as práticas metodológicas destas últimas
foram utilizadas nas primeiras, o que não dá conta do fenômeno social como ele realmente é,
pois na pesquisa de cunho social o sujeito não está completamente fora ou afastado do objeto
e sim, na maioria das vezes, interagindo ou como parte integrante do mesmo.
Ainda na sua análise, Santos afirma que “na teoria das revoluções científicas de
Thomas Kuhn o “atraso” das ciências sociais é dado pelo caráter pré-paradigmático destas
ciências, ao contrário das ciências naturais, essas sim paradigmáticas.” (SANTOS, 2003, p. 7).
Isto significa que:
A ciência social será sempre uma ciência subjectiva e não objectiva, como as
ciências naturais; tem de compreender os fenômenos sociais a partir das
atitudes mentais e do sentido que os agentes conferem às suas acções, para o
que é necessário utilizar métodos qualitativos em vez de quantitativos, com
vista a obtenção de um conhecimento intersubjectivo, descritivo e
compreensivo, em vez de um conhecimento objectivo, explicativo e
nomotético. (SANTOS, 1993, p. 7-8)
Por fim, Santos encerra seu pensamento apontando a fenomenologia como uma das
metodologias científicas para as ciências sociais: “Esta concepção de ciência social
reconhece-se numa postura antipositivista e assenta na tradição filosófica da fenomenologia e
nela convergem diferentes variantes, desde as mais moderadas (como a de Max Weber) até as
mais extremistas (como a de Peter Winch).” (SANTOS, 2003, p. 8). Observamos que as
considerações de Santos datam de trabalho relativamente antigo, que, em alguns momentos,
necessitaria de uma discussão mais aprofundada, contudo foi trazida a esta pesquisa por
apontar, com clareza, as possibilidades que a fenomenologia pode trazer à construção de
conhecimento, em bases distintas do positivismo.
Esta postura antipositivista da fenomenologia também é defendida por Triviños,
quando afirma que “A fenomenologia, sem dúvida, representa uma tendência filosófica que,
entre outros méritos, parece-nos, tem o de haver questionado os conhecimentos do
positivismo, elevando a importância do sujeito no processo da construção do conhecimento.”
(TRIVIÑOS, 2008, p. 48)
A adoção da fenomenologia como metodologia apropriada às ciências sociais é
compartilhada por Demo ao afirmar que “É visível que metodologias alternativas guardam
postura dialética mais ou menos discernível, pelo menos no sentido de que partem da idéia de
que a realidade social necessita de método próprio, embora não exclusivo.” (DEMO, 2009, p.
230), daí constrói-se a ponte entre dialética e fenomenologia. O autor completa que “Mais
importante, pois, que métodos alternativos concretos é a postura metodológica,
profundamente dialética, de conservar o horizonte da alternatividade, que coincide com a
discutibilidade, à sombra da qual criticar e superar métodos é do próprio método.”(DEMO,
2009, p. 256).
A fenomenologia, como metodologia descritiva e de captação da realidade social, é
objeto de análise por autores como Triviños e Demo. Para Triviños:
E para Demo:
Assim como afirmado anteriormente por Demo, que não existe “a” dialética, Triviños
postula que situação semelhante aplica-se a outras metodologias das ciências sociais como o
positivismo e a própria fenomenologia.
E completa:
Clifton considera que sujeito sem objeto de experiência, e objeto sem sujeito
para o qual haja um significado são, ambos os casos, impensáveis. O objeto
musical localiza-se, ainda segundo o mesmo autor, em algum lugar entre a
opinião e o fato, entre a ilusão e o teorema. O objeto musical e sua
experiência constituem o fenômeno, e atividade de descrevê-lo constitui a
fenomenologia. (FREIRE e CAVAZOTTI, 2007, p. 44).
Os autores seguem, apontando suas vantagens como metodologia de estudo nesta área
do conhecimento:
Análise de conteúdo não fica apenas nas fichas, nos relatórios, nas
gravações, porque sabe que isto é instrumento, vestimenta, aparência. É
preciso ir além disso, de modo hermenêutico. Saborear as entrelinhas,
porque muitas vezes o que está nas linhas é precisamente o que não se queria
dizer. Surpreender as insinuações, que cintilam no lusco-fusco das palavras e
superam as limitações da expressão oral e escrita. Escavar os compromissos
para além das verbalizações, pois jamais há coincidência necessária entre um
e outro. (DEMO, 2009, p. 246)
Passaremos a descrever, agora, como foi efetuada a aplicação dos questionários entre
professores e alunos, bem como seus conteúdos e a escolha das instituições onde foram
aplicados.
UFRJ 1
UNI-RIO 1
CBM 1
UFBA 1
UFPB 2
a) Informações pessoais:
- Nome
- Instituição
- Nível de formação, com opções para assinalar se Bacharel, Mestre ou Doutor
- Tempo de docência
- Idiomas e nível (fluente, avançado, intermediário, básico).
a) Informações pessoais:
- Nome
- Instituição
- Nível de formação, com opções para assinalar se Licenciado, Bacharel, Mestre,
Doutor ou outra formação.
- Tempo de docência
- Idiomas e nível (fluente, avançado, intermediário, básico).
UFBA 1 1 1
UFPB 2 2 1
UFG 1 1 1
UFMG 1 2 1
UFSM 1 1 1
UFRJ 1 1 1
UFRN 1 1 1
UNB 2 2 2
TOTAL 11 11 9
Os dados sistematizados a partir das respostas dos questionários são objeto de análise
no capítulo IV.
Instituição Quantidade de
Questionários Aplicados
UFRJ 10
UNI-RIO 4
UFBA 2
a) Informações pessoais:
- Nome
- Instituição
- Qual período
- Idiomas e nível
Tal como no caso dos professores nenhuma orientação para preenchimento dos
questionários foi dada. Somente solicitou-se o seu preenchimento e retorno pela mesma via
através da qual foi aplicado - a internet.
Assim como relatado no caso dos professores, após uma breve análise, os
questionários foram reformulados para dar maior abertura aos novos entrevistados, evitando
induzir respostas e assim ficou em sua nova configuração, com as diferenças destacadas em
negrito:
a) Informações pessoais:
- Nome
- Instituição
- Curso
- Qual período
- Idiomas e nível
questionário foi enviado, o que decorre do fato de o professor não ter fornecido nenhum
contato para aplicação do mesmo.
A tabela abaixo sistematiza algumas informações, no tocante aos alunos: as
instituições a que pertencem, a quantidade de alunos de cada instituição, segundo informações
dos próprios professores, a quantidade de questionários enviados e a quantidade de
questionários respondidos.
Enviados Respondidos
UFBA 4 4 3
UFPB 8 8 2
professor
UFMG 3 3 2
UFSM 3 3 2
UNIRIO 4 4 2
UFRJ 10 10 6
UFRN 14 14 2
UNB 3 3 1
TOTAL 49 49 20
Os dados obtidos a partir das respostas dos questionários são objeto de análise no
capítulo V.
Os questionários de alunos e professores são considerados, nesta pesquisa, como
visões subjetivas, não generalizáveis, sendo todas elas consideradas legítimas para a análise
que se pretende realizar.
Além da aplicação dos questionários, o outro procedimento metodológico utilizado na
presente pesquisa foi a análise de alguns dos métodos de trombone mais utilizados nas
instituições de ensino de música, representando diversos países e suas respectivas escolas. Os
54
método estão assinaladas, permitindo que um mapeamento e a comparação entre eles seja
evidenciada. Os elementos obtidos a partir da análise dos métodos foram agrupados por áreas
afins, e seguem relacionados abaixo:
Conteúdo Autor
Número de Volumes do Método (editado ou
manuscrito)
Índice
Explicações Teóricas e/ou Técnicas
Textos Em Mais de Um Idioma
Histórico do Instrumento
Utilização de Imagens Ilustrativas
Explicação Sobre Manuseio do Instrumento
Explicação Sobre Limpeza e Manutenção
Explicação Sobre Escolha do Bocal
Explicação Sobre Embocadura
Tessitura Utilizada
Exercícios Sobre Pedais
Referências à Respiração Fisiológica ou Musical
Sugestão Para o Uso de Diferentes Posições no
Manuseio da Vara no Trombone
Referências a Correções
Uso da Clave de Dó na 4ª Linha
Uso da Clave de Dó na 3ª Linha
Utilização de Pausas
Estudos Sobre o Duplo Staccato
Estudos Sobre o Triplo Staccato
Estudos em Legato
Estudos em Staccato-Legato
Utilização de Diferentes Articulações
Utilização de Glissandos
Utilização de Frullato
Explicação Sobre Vibrato
Utilização de Trinados
Utilização ou Explicação Sobre Ornamentos
Variações de Agógica
Variações de Dinâmicas
Sugestão de Exercícios Diários (mecanismos)
56
Utilização de Arpejos
Utilização de Escalas
Utilização de Cromatismo e Escalas Cromáticas
Referências Metronômicas
Utilização de Fórmulas de Compassos Simples
Utilização de Fórmulas de Compassos
Compostos
Utilização de Fórmulas de Compassos Mistos
Aplicação das Técnicas a Textos Musicais:
.do próprio autor
.de outros autores
. Músicas escritas para trombone solo
.Trechos musicais escritos para trombone na
orquestra sinfônica
.Músicas transcritas para trombone a partir de
obras orquestrais
.”folk songs”
Práticas em Conjunto:
.Duetos de Trombone
.Blocos
.Banda
.Com Piano
Referências a Estilos Musicais e Interpretação
Explicação Sobre o Trombone com o Rotor:
Rotor em Fá
Rotor em Mi
Exercícios Para o Trombone Baixo
Explicações Sobre Surdinas e seu Uso
Quadro 1: Comparativo, com ênfase em aspectos musicais e da técnica do
Trombone
Fonte: O autor
interpretação das tendências pedagógicas em que estão inseridos. A escolha dos conceitos e
tópicos que compõem a tabela não foram decidos a priori, mas decorreram da leitura
preliminar dos métodos, sendo a tabela aperfeiçoada no decorrer da pesquisa.
1. Conteúdos de Ensino
1.1 Informações e valores repassados ao aluno
1.2 Conteúdos relacionados aos interesses, à
experiência e à cultura do alunos
1.3 Conteúdos Relacionados aos processos
mentais e habilidades cognitivas
1.4 Conteúdos visualizados como meios e não
como fins
1.5 Conteúdos sistematizados e ordenados
racionalmente
1.6 Conteúdos políticos, como ferramenta de
ação social voltado para a transformação social
2. Metodologia de Ensino
2.1 Exposição verbal da matéria e/ou
demonstração
2.2 Ênfase nos exercícios e na repetição de
conceitos e fórmulas como recurso de
memorização e formação de hábitos
3. Relacionamento Professor-aluno
3.1 Professor como centro do processo e
transmissor do conteúdo
3.2 Professor como auxiliador do
desenvolvimento livre e espontâneo do aluno
3.3 Aluno como centro do processo
3.4 Professor como elo de ligação entre a
verdade científica e o aluno
3.5 Relação horizontal, na qual ambos se
posicionam como sujeitos do ato de
conhecimento
3.6 Professor como orientador e parte do grupo
para uma reflexão comum
3.7 Professor como mediador, confrontando os
conteúdos propostos com as experiências dos
alunos
4. Pressupostos de Aprendizagem
4.1 Ensino concebido como transmissão de
conhecimentos para o aluno
4.2 Programas ordenados numa progressão
lógica, sem levar em conta as características dos
alunos
4.3 Avaliação por meio de exames de curto e
médio prazos
4.4 Aprendizagem como atividade de
descoberta, que passa a fazer parte da estrutura
cognitiva para ser empregada em novas
situações
4.5 Avaliação tenta ser eficaz à medida que os
esforços e êxitos são reconhecidos pelo
professor
4.6 Aprendizagem significativa para o aluno,
onde só é retido o que se dá pela relevância do
aprendido em relação a si próprio
4.7 Privilégio da auto-avaliação
4.8 Ensino como processo de condicionamento
através do uso de reforço das respostas
pretendidas
4.9 Aprendizagem como um ato de
conhecimento da situação real vivida pelo
educando
4.10 Aprendizagem como ferramenta política
59
de crítica social
4.11 Ênfase na aprendizagem informal, e, em
grupo com negação a qualquer forma de
repressão
4.12 Experiência como recurso de
aprendizagem e aplicação a novos contextos
4.13 Aprendizagem como capacidade de
processamento de informações a partir dos
dados disponíveis na experiência do aluno.
[...] para designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das
realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da
educação. Evidentemente a pedagogia progressista não tem como
institucionalizar-se numa sociedade capitalista; daí ser ela um instrumento de
luta dos professores ao lado de outras práticas sociais. (LIBÂNEO, 1992, p.
32)
É importante ressaltar que o autor lista e analisa todas as tendências pedagógicas, e faz
opção e, por isso a defende, pela pedagogia crítico-social dos conteúdos, por acreditar na
interação dialógica entre professor e aluno, na prática pedagógica, como ferramenta de
construção do conhecimento crítico e da realidade social, objetivando a transformação da
sociedade, conforme afirma na seguinte citação:
Em consonância com a opção de Libâneo por uma pedagogia com bases dialéticas,
complementamos nosso Referencial Teórico com dois autores, Freire (1997) e Marques
(1999) que privilegiam este tipo de pensamento associado a outros elementos que
destacaremos a seguir e são definidos como pedagogia ou pensamento pedagógico pós-
moderno.
Marques (1999) citando Lourenço (1998), afirma que a ideologia pós-moderna
sustenta:
1) que não existe qualquer critério objetivo para hierarquizar pontos de vista
e interesses em confronto;
2) que a racionalidade é um critério demasiado abstrato porque é despido de
emoção e de sensibilidade moral;
3) que a universalidade é um critério etnocêntrico que sobrevaloriza o
individualismo da sociedade ocidental em desfavor de outras narrativas mais
locais;
4) que ao aceitar os mesmos padrões para fazer comparações entre teorias
diferentes, a comensurabilidade subestima o que é peculiar a cada história
pessoal ou narrativa local. (LOURENÇO, 1998, p. 184 apud MARQUES,
1999).
E segue sua análise, observando que o objetivo do educador deve ser não “[...]
estabelecer um diálogo voltado para a conformidade e o acordo, mas para a compreensão, a
tolerância e o respeito entre as diferenças, um diálogo voltado para manter a diferença e não
eliminá-la.” (MOREIRA, 1997, p. 19).
Outro autor a quem utilizamos como referencial teórico é Freire (1997). A autora, em
seu trabalho, identifica pontos positivos na pedagogia crítico-social dos conteúdos, que tem
várias convergências com o pensamento pedagógico pós-moderno:
Utilizamos o referencial teórico dos autores supracitados por acreditar que suas visões
a respeito da educação em geral e, no nosso caso específico, da educação musical, são
complementares, pois valorizam não só o diálogo como ferramenta de construção do
conhecimento e do pensamento crítico, mas também as expressões culturais e manifestações
individuais como partes de um contexto conflituoso em que a realidade social reflete-se em
cada indivíduo e, respeitadas as diferenças, é possível a construção de um saber
comprometido com a transformação da realidade social e na busca de um ser humano melhor.
64
Utilização de Escalas X X X X X X
Utilização de Cromatismo e Escalas Cromáticas X X X X X X
Referências Metronômicas X X
Utilização de Fórmulas de Compassos Simples X X X X X X
Utilização de Fórmulas de Compassos Compostos X X X X X
Utilização de Fórmulas de Compassos Mistos X X X X
Aplicação das Técnicas a Textos Musicais:
.do próprio autor X X X X X X
.de outros autores
.Músicas escritas para trombone solo X X X X
.Músicas escritas originalmente para outro X
instrumento
.Trechos musicais escritos para trombone na X
orquestra sinfônica
.Músicas transcritas para trombone a partir de obras X
orquestrais
“folk songs” (*****) X X
Práticas em Conjunto:
.Duetos de Trombones X X X X X X
.Blocos X
68
.Banda X
.Com Piano X
Referências a Estilos Musicais e Interpretação X X
Os itens marcados com “X” são os que aparecem nos referidos métodos.
* Textos em Alemão, Inglês e Russo
** Textos em Francês, Inglês, Alemão e Espanhol
*** Somente na Tabela dos Harmônicos e Suas Correções (pág. 7)
**** Somente no exemplo orquestral do “Pássaro de Fogo” de Igor Stravinsky
***** Utilização desde o início do método
****** Trombone Baixo em Mi
(*) Não constam no método nem no site da Yamaha Advantage o número de volumes em que o método foi editado. O volume em questão,
analisado na pesquisa, é o de número 1.
(**) O Índice não é compatível com o conteúdo apresentado. No volume 3 o Índice indica que o método deveria conter 280 páginas
quando na verdade só contém 192 páginas, ficando uma parte do método sem ser apresentada.
(***) Notas abaixo do Si bemol 0, inclusive. São as notas fundamentais das séries harmônicas do trombone tenor em Si bemol.
(****) Ajustes de afinação com a vara do trombone.
(*****) Mantidas as denominações originais encontradas nos métodos.
69
Por ser o único método manuscrito, José Gagliardi não desfruta de recursos gráficos
como utilização de imagens ilustrativas, presentes em todos os outros métodos.
Naquela época, veio apresentar-se no Brasil uma Big Band americana e Gilberto
Gagliardi foi assisti-la. Sempre muito curioso e interessado em saber das novidades que
vinham do exterior, dirigiu-se a um dos trombonistas da Orquestra e perguntou-lhe o que
utilizava para lubrificar a vara do instrumento e o músico americano respondeu “Cold
cream!”. A partir daí, Gilberto Gagliardi foi buscar o que seria “cold cream” e descobriu que
era o creme PONDS-C. Daí em diante disseminou-se o uso deste creme entre os trombonistas
de todo país, prática que ainda persiste em muitos lugares até os dias atuais. Subieta (1998)
71
em seu trabalho assinala que o método de Gilberto Gagliardi não aborda o tema “postura do
corpo e das mãos”, com o que discordamos, visto que o método apresenta, inclusive,
explicações e imagens ilustrativas de como segurar corretamente o instrumento nas páginas 5
e 6.
este fato ocorra em virtude de o método ter continuação em outros volumes nos quais,
possivelmente, a tessitura deva ser ampliada. É interessante ressaltar que os métodos Peretti e
Lafosse, quando apresentam seus quadros com a tabela geral dos harmônicos do trombone,
apresentam a tessitura do trombone tenor na região grave somente até a nota Sol 0. A este
respeito Oliveira (1998, p. 30) analisa em seu trabalho:
4.1.7 Exercícios Sobre Notas Pedais, Referências ao Trombone Alto em Mib, Explicações
Sobre o Trombone Com Rotor e Exercícios Para Trombone Baixo
Quanto à respiração, todos os métodos fazem algum tipo de referência, seja dando
explicações sobre como respirar corretamente, como é o caso de Müller, Lafosse, Peretti,
Gilberto Gagliardi e Feldstein e Clark, ou apontando respirações fraseológicas ou mesmo
indicando que determinado exercício deverá ser executado em um só fôlego como José
Gagliardi.
Este método foi concebido para que os alunos entrem em contato logo no
início do curso com todas as posições e todas as tonalidades, sem que eles se
apercebam disso, pois todos os acidentes são ocorrentes e isso fará com que
tomem conhecimento de todas as notas por mais estranhas que possam
parecer. O que me leva a pensar assim é o fato de que muitos alunos têm
dificuldades em tocar notas tais como: DO b (dó bemol) SI # (si sustenido)
SI bb (Si dobrado-bemol) FA bb (Fá dobrado-bemol) etc. Eu penso que pelo
sistema apresentado neste método, já nas primeiras lições estas notas se
farão presentes e assim o aluno irá se identificando com elas e em pouco
tempo esse problema já estará superado. (GAGLIARDI, s.d., p. 1).
Com relação às correções (ajustes na vara para obtenção da afinação perfeita) todos os
métodos as citam, com maior ou menor ênfase. Müller e Peretti fazem referência, em seu
quadro geral de harmônicos, somente à correção da sétima nota da série harmônica de cada
posição do trombone, informando que esta deverá ser sempre corrigida para cima por ter a
afinação muito baixa. Lafosse apresenta uma tabela geral de harmônicos e explica a relação
74
Todos os métodos utilizam pausas, é óbvio, porém Müller e José Gagliardi não as
utilizam nos seus exercícios iniciais. Todos os outros métodos intercalam exercícios com som
e pausa desde o início. Observa-se, contudo, o uso da pausa mais voltado para a técnica ou
como artifício técnico do que seu emprego como recurso estético.
Lafosse e José Gagliardi são os únicos métodos a abordar os assuntos duplo staccato e
triplo staccato. Interessante salientar que ambos sugerem o mesmo tipo de silabação na
pronuncia do staccato duplo e triplo com as sílabas tu-ku-tu-ku, para o staccato duplo e tu-tu-
ku para o staccato triplo. José Gaglirdi salienta em seu método que para suavidade do som
pode ser empregada também a sílaba du-gu-du-gu para o staccato duplo e du-du-gu para o
staccato triplo. Ambos os métodos apresentam uma série de estudos sobre estes dois tipos de
staccato, aplicado tecnicamente, sem enfatizar seu uso estético. Vale observar a maneira como
José Gagliardi sugere o estudo do duplo e triplo staccato:
legato natural. No staccato-legato, também conhecido como legato artificial, todas as notas
são pronunciadas com a língua. Gilberto Gagliardi sugere que o staccato-legato seja
executado com a pronúncia ta-ra, inicialmente e depois, com o domínio da técnica passe para
a pronúncia ta-da, a critério do professor. Os métodos, em geral, não enfatizam as
possibilidades estéticas do legato. Afirma ainda que:
Feldman & Clark indicam que o legato deve ser uma leve pronuncia da língua sobre
cada nota, sem indicar qualquer tipo de sílaba para tal. Müller afirma que o legato deverá ser
executado sem o auxílio da língua, somente com a pressão dos lábios e velocidade da vara.
Sugere ainda a sílaba du-i para o legato em intervalos ascendentes e di-u para intervalos
descendentes. Peretti também discorre sobre o legato afirmando que deverá ser executado sem
o uso da língua, porém para evitar-se o glissando poderá optar-se pelo staccato-legato.
Lafosse é o que mais se detém neste assunto fazendo, inclusive, comparações de como o
legato é executado em outras famílias de instrumentos como: instrumentos sapatilhados
(flauta, obóe, etc.), instrumentos a pistões (cornet, trompete, etc.) e instrumentos de arco.
Lafosse explica que, no caso do trombone, é necessário o uso da língua, da maneira mais leve
possível, para a execução do legato perfeito, visto que o trombone, diferentemente das outras
famílias de instrumentos, não possui recursos para evitar o desagradável efeito do glissando,
sem, no entanto, sugerir qualquer tipo de silabação para a pronúncia desta articulação.
O assunto “trinado” somente é abordado por Lafosse e Peretti; os outros métodos não
fazem nenhum tipo de referência a este recurso. Lafosse faz uma detalhada explicação de
como desenvolver o trinado e como executá-lo em diferentes situações. Peretti é mais sucinto
somente explicando que é necessária grande velocidade dos lábios para executá-lo
corretamente e cita exemplos de como o trinado é notado e como deve ser executado. Ambos
os métodos apresentam uma série de exercícios, a seguir das explicações para
desenvolvimento deste recurso, com ênfase, estritamente, na técnica.
apresentam uma série de exercícios sobre cada ornamento apresentado, sem aprofundar
considerações sobre seu uso estético.
Com respeito à variação de dinâmicas, novamente todos os métodos fazem uso, não só
como recurso expressivo, mas como ferramenta para controle do som como propõem em
exercícios Müller, Lafosse, Peretti, José Gagliardi e Gilberto Gagliardi.
Exceção feita a Müller e Feldstein e Clark, todos os outros métodos fazem sugestões
de exercícios diários. Estes exercícios têm como proposta principal a manutenção da técnica
adquirida e consistem, basicamente, em notas longas executadas em diferentes dinâmicas,
escalas, intervalos e arpejos, como podemos observar na citação do método de Gilberto
Gagliardi:
importante se nos afigura, por que é através dos estudos das escalas que se
formam os grandes instrumentistas. (GAGLIARDI, s.d., p. 62).
Como observado no item anterior, arpejos e escalas fazem parte dos exercícios diários
de quatro dos seis métodos analisados. É interessante ressaltar que apesar de Müller e
Feldstein e Clark não abordarem o assunto exercícios diários, ambos também utilizam escalas
e arpejos em seus métodos. Feldstein e Clark é o método que dá menos ênfase a estes tópicos;
os outros métodos apresentam longas seqüências de combinações e tonalidades tanto para os
arpejos como para as escalas, também apresentando diferentes articulações como staccato,
staccato-legato e legato. Interessante ressaltar que Peretti, José Gagliardi e Gilberto Gagliardi
apresentam em determinadas partes dos seus métodos seqüências de estudos melódicos
precedidos por escalas pertencentes às mesmas tonalidades. Peretti e José Gagliardi utilizam,
inclusive, o mesmo modelo de escalas com a única diferença que Peretti não indica qualquer
tipo de articulação e José Gagliardi utiliza o staccato-legato. A própria sucessão em que as
tonalidades são apresentadas é comum aos dois métodos. Outra diferença entre os dois é que
no caso de Peretti os estudos que seguem às escalas foram escritos por outros autores, e no
caso de José Gagliardi foram escritos pelo próprio.
Gilberto Gagliardi. Subieta (1998) afirma em seu trabalho que “Verifica-se que nem todos os
trabalhos relacionados apresentam Escala cromática, como é o caso dos métodos de Dangain,
Collis, Artrud e Gagliardi.” (SUBIETA, 1998 p.36, grifos do autor). Oliveira (1997) considera
que:
“As escalas cromáticas, que sem dúvida revelam-se um dos aspectos mais
importantes para o desenvolvimento da técnica do trombone, são
surpreendentemente pouco enfatizadas por Gagliardi em seu livro para
iniciantes.” (OLIVEIRA, 1997, p. 32).
A respeito de surdinas e seu uso, o único método a abordar o assunto é Lafosse que
afirma que elas são mais utilizadas pelos trombonistas de jazz para obter efeitos sonoros
diferenciados. O autor discorre somente sobre as surdinas “wa wa” e “bol”, sendo esta última,
acredito, conhecida como “solo tone” atualmente.
Para análise dos aspectos pedagógicos presentes nos métodos de trombone, foi,
também, elaborada uma tabela (tabela 2), a fim de facilitar a visualização e evidenciar a
comparação entre os métodos.
83
a) Pedagogia Liberal:
1- Tradicional
2- Renovada Progressivista
3- Renovada Não-diretiva
4- Tecnicista
b) Pedagogia Progressista:
1- Libertadora
2- Libertária
3- Crítico-social dos conteúdos
Aliada a estas sete tendências temos uma oitava corrente que representa o pensamento
pedagógico pós-moderno, aqui embasado pelos autores Freire (1997) e Marques (1992).
A tabela 2 aponta, a partir do referencial teórico, características pedagógicas presentes
na prática escolar e que serão identificadas em cada método, para subseqüente análise. É
interessante ressaltar que há características comuns a mais de uma tendência pedagógica que,
por isso, aparecem assinaladas mais de uma vez na tabela, assim como há métodos que se
enquadram em características de diversas tendências pedagógicas diferentes.
Não é objetivo de nossa análise enquadrar cada método em uma única tendência
pedagógica e sim avaliar a predominância do pensamento pedagógico presente em cada um
dos métodos, bem como buscar a intersecção entre os diversos pensamentos ou características
pedagógicas que possam ser comuns aos diferentes métodos.
Ao lado de cada item assinalado na tabela está assinalada qual ou quais tendências
pedagógicas correspondem aos itens marcados.
84
Os tópicos que integram a tabela decorreram da leitura dos métodos, não partindo,
assim, de uma listagem a priori.
85
Práticas Robert Müller André Lafosse Serse José Gagliardi Gilberto Sandy Feldstein
Pedagógicas/Método Gagliardi
(1902) (1921) Peretti (1936) e Larry Clark
(s/d)
(1928) (2001)
1. Conteúdos de Ensino
1.1 Informações e valores X (a1) X (a1) X (a1) X (a1) X (a1)
repassados ao aluno
1.2 Conteúdos relacionados X (a2, b3 e PM)
aos interesses, à experiência
e à cultura dos alunos
1.3 Conteúdos relacionados
aos processos mentais e
habilidades cognitivas
1.4 Conteúdos visualizados
como meios e não como fins
1.5 Conteúdos X (a4) X (a4) X (a4) X (a4) X (a4)
sistematizados e ordenados
racionalmente
1.6 Conteúdos políticos,
como ferramenta de ação
social voltado para a
transformação social
86
2. Metodologia de Ensino
2.1 Exposição verbal da X (a1) X (a1) X (a1) X (a1) X (a1)
matéria e/ou demonstração
2.2 Ênfase nos exercícios e X (a1) X (a1) X (a1) X (a1) X (a1)
na repetição de conceitos e
fórmulas como recurso de
memorização e formação de
hábitos
2.3 Valorização de tentativas X (a2)
experimentais, pesquisa e
descoberta
2.4 Adequação das X (a2)
atividades à natureza e às
etapas de desenvolvimento
do aluno
2.5 Valorização do trabalho X (a2) X (a2)
em grupo como condição
para o desenvolvimento
mental
2.6 Criação de um estilo
próprio por parte do
professor visando facilitar a
87
3. Relacionamento
Professor-aluno
4. Pressupostos de
Aprendizagem
Os itens marcados com “X” são os que aparecem nos referidos métodos.
91
Como relatado anteriormente, quando da análise dos aspectos técnicos dos métodos
em questão, é importante observar que os métodos Müller, Lafosse, Peretti, José Gagliardi e
Gilberto Gagliardi foram escritos no século XX (quatro deles ainda na primeira metade do
século) e somente Feldstein e Clark foi escrito no século XXI.
Certamente este hiato temporal refletirá características pedagógicas de cada momento,
mas é relevante ressaltar que muitos desses métodos escritos na primeira metade do século
XX ainda são bastante utilizados até os dias atuais. Outro ponto relevante a ser observado, é
que os métodos Müller, Lafosse, Peretti, José Gagliardi e Gilberto Gagliardi, foram escritos
por grandes trombonistas em seus respectivos países e épocas. O método de Feldstein e Clark
foi escrito por pedagogos, especialistas em educação musical para jovens.
Os cinco métodos escritos no século XX, salvo suas diferenças no conteúdo, têm
enfoques pedagógicos muito semelhantes. Observa-se uma grande diferença de concepção
pedagógica entre estes métodos e Feldstein e Clark, que começa já na apresentação do próprio
método. O método Feldstein e Clark possui um design moderno e colorido na paginação, já
formatado para tornar o estudo mais prazeroso, segundo os próprios autores ressaltam na
introdução. Nesta mesma introdução os autores apresentam o formato em que foi concebido o
método: dão as boas vindas ao aluno e afirmam que aprender um instrumento musical é algo
que os marcará para o resto das suas vidas e que o mais importante de tudo: será algo
divertido (grifos nossos); orientam também para que, no caso de o aluno possuir um
computador, visite o site da Yamaha Advantage, um site concebido para ajudá-lo a aprender
mais e divertir-se mais e terminam a apresentação afirmando: “Have a great time making
music”.
A seguir os autores explicam sobre o livro:
The Yamaha Advantage foi concebido para parecer-se com uma tela de
computador – como um site da internet. Os “botões” no topo de cada página
mostram os conceitos que você aprenderá através do método. Tudo que
aparece de novo no alto da página é apresentado com um colorido menu que
se abaixa. Cada exercício que reforça estes conceitos é destacado com uma
cor correspondente. Por exemplo, se uma nova nota é introduzida, ela é
mostrada em vermelho neste menu. O número do exercício que mostra pela
primeira vez esta nota é também destacado em vermelho. As primeiras
páginas do seu livro apresentam as melhores notas para ser iniciado no seu
instrumento. Não tenha pressa e “pés no chão” para um bom começo.
Durante o Yamaha Advantage você verá o desenho de uma mão apontando
para exercícios extras que aparecem no final do livro. Use estes exercícios
para estudo complementar. (FELDSTEIN; CLARK, 2001 p. 1, tradução
nossa)
93
Do ponto de vista dos conteúdos de ensino, observamos que Müller, Lafosse, Peretti,
José Gagliardi e Gilberto Gagliardi aproximam-se das pedagogias liberal tradicional e liberal
tecnicista. Na pedagogia liberal tradicional, os conteúdos de ensino visam à preparação para a
vida dentro de uma ordem social vigente, portanto, o aluno recebe conhecimentos e valores
que perpetrarão esta ordem social. No caso destes métodos o conteúdo apresentado, sem
abertura para experiências ou vivências advindas do cotidiano dos alunos, reflete esta
preparação para a vida, dentro de uma ordem em que o aluno deve se contentar em receber os
conteúdos estabelecidos pelo currículo ou pela proposta de ensino subjacente, como no caso
dos “métodos” analisados. Libâneo (1990) afirma que esta tendência pedagógica é criticada
justamente por ser considerada “como intelectualista e, às vezes, como enciclopédica”.
(Libâneo, p.24). Estes métodos aproximam-se, também da pedagogia liberal tecnicista, pois
os conteúdos são apresentados sistematicamente, ordenados de forma a racionalizar e otimizar
os resultados e em ordem de dificuldades crescentes, seguindo o modelo cartesiano de dividir
grandes dificuldades em dificuldades menores. Feldstein e Clark, aproximam-se, ainda a
respeito dos conteúdos de ensino, de três tendências pedagógicas: liberal renovada
progressivista, progressista crítico-social dos conteúdos e pós-moderna, conforme
justificamos a seguir.
Ao analisar o tópico “conteúdos relacionados aos interesses, à experiência e à cultura
dos alunos”, podemos identificá-lo como uma das características presentes nestas três
tendências pedagógicas apontadas. A pedagogia renovada progressivista aponta que “o
conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessidades” (LIBÂNEO, 1990, p. 25),
portanto o aluno só apreenderá aquilo que realmente for do seu interesse ou necessidade.
Feldstein e Clark, neste ponto, procuram trazer uma linguagem atualizada, próxima da
realidade e conseqüentemente, dos interesses dos alunos. No tocante às pedagogias
progressista crítico-social dos conteúdos e pós-moderna, ambas têm como uma de suas
premissas a valorização da experiência e dos conteúdos trazidos pelo aluno. O método
Feldstein e Clark valoriza este aspecto, abrindo espaço para que o aluno possa compor e
94
improvisar, por exemplo, momento onde este poderá aportar sua experiência de vida prévia e
dialogicamente, tanto com o professor, como com os outros alunos, contribuir para a
construção do conhecimento, sem, contudo objetivar-se um conhecimento único e sim o
conhecimento elaborado, respeitando as características e a individualidades de cada aluno.
Esta análise pode ser também adequada ao item “conteúdos voltados para o pensamento
crítico”, pois somente com este tipo de abordagem do conteúdo será possível a construção de
um pensamento crítico individual, diferentemente da pedagogia liberal tradicional, por
exemplo, que objetiva a construção de um saber comum e ideal sem preocupar-se com a
individualidade e com o desenvolvimento do pensamento crítico e autônomo.
Clark já no seu design, simulando uma tela de computador, com muitas cores e recursos como
site para pesquisa de mais exercícios e explicações, se aproxima da realidade do jovem do
século XXI, tirando o estigma de que um método de ensino de instrumento é um livro
monocromático com uma sucessão incontável de exercícios e escalas que deverão ser
praticados diariamente para o desenvolvimento e manutenção da técnica. Ao abrir espaço para
o aspecto criativo por parte dos alunos, Feldstein e Clark também estão apoiando-se no saber
vinculado à realidade social dos alunos e suas práticas de vida dentro do contexto pedagógico.
Interessante ressaltar, também que o método Feldstein e Clark não faz discriminação entre
gêneros musicais (“erudito” x “popular”) e apresenta exercícios e estudos onde ambos os
gêneros são privilegiados, incluindo, entre outros, o “Rock” e o “Blues”, o que também é uma
característica da pedagogia pós-moderna aplicada à educação musical: a não discriminação ou
valorização de qualquer gênero musical em detrimento de outro.
do aluno, possivelmente o estudo tornar-se-á algo enfadonho podendo levar, até mesmo, à
desistência.
Relato aqui uma experiência que aconteceu comigo, exemplificando o caso acima: fui
contatado pelo Sr. R. com idade por volta dos 60 anos, empresário, divorciado, que morava
sozinho e cujo sonho era aprender a tocar trombone. Na época eu tinha por volta de 25 anos, e
a referência didática que eu tinha era a minha própria experiência com meus professores. O
Sr. R. comprou um trombone e comecei a orientá-lo, com fundamentação teórica, já que ele
nunca havia tido contato com música formalmente, e paralelamente, indicava exercícios
técnicos de trombone. O progresso era muito lento, devido à rotina de trabalho do aluno, que
possibilitava pouco tempo de contato com o instrumento, mas, sobretudo porque as
expectativas dele eram umas e as minhas outras. O aluno queria somente tocar músicas e
melodias ainda que de forma errada, somente para seu deleite pessoal e como hobby. Minha
expectativa, é claro, não era torná-lo um trombonista profissional, mas ensiná-lo a tocar
trombone corretamente, ou com apuro técnico como objetivo imediato, assim como eu fora
ensinado, o que demandaria contato diário de pelo menos uma ou duas horas com o
instrumento. À medida que as expectativas do aluno não iam sendo atendidas, comecei a
perceber o desânimo nas constantes desmarcações de aula e na improdutividade no que havia
sido deixado como estudo para a semana. Finalmente, após um período de muita instabilidade
o aluno desistiu, visto que seus interesses não estavam sendo atendidos. Na época, pela minha
inexperiência, não consegui captar estas diferenças de expectativas e segui insistindo no
modelo que me fora aplicado, esquecendo que eu almejava ser um músico profissional e meu
aluno não. Por outro lado, ao atender às expectativas dele, provavelmente teria sido possível
alcançar apuro técnico de forma gradativa, segundo o tempo dele.
O método de Feldstein e Clark, mais uma vez, trás elementos pertencentes a mais de
uma tendência pedagógica no tocante à relação professor-aluno. A pedagogia tradicional
renovada progressivista tem como elemento, nesta relação, o “professor como auxiliador do
desenvolvimento livre e espontâneo do aluno”. Isto é observado no método Feldstein e Clark
nos exercícios chamados “Advantage”. Não são exercícios obrigatórios e sim complementares
e o aluno, livre e espontaneamente poderá optar por fazê-los ou não, de acordo com o seu
interesse. Em caso de optar por fazê-los, o professor atuará como auxiliador, dirimindo
eventuais dúvidas ou auxiliando em possíveis dificuldades. As pedagogias crítico-social dos
conteúdos e pós-moderna também se fazem presentes neste item quando, observamos o
aspecto “professor como mediador, confrontando os conteúdos propostos com as experiências
dos alunos”. Conforme relatado anteriormente, ao abrir espaço para o aspecto criativo
(improvisação, composição), Feldstein e Clark, abrem espaço para que os alunos tragam as
98
suas experiências que, mediadas pelo professor, juntamente com o conteúdo proposto,
proporcionarão construção do conhecimento, respeitando as características individuais de
cada aluno.
implicitamente, pretendido pela filosofia destes métodos: dotar o aluno de ferramentas para
que ele possa superar as dificuldades que venha a encontrar em sua carreira, tendo-as
trabalhado previamente.
O método Feldstein e Clark é o que apresenta características pertencentes a mais
tendências pedagógicas no assunto pressupostos de aprendizagem. No item “aprendizagem
como descoberta, que passa a fazer parte da estrutura cognitiva para ser empregada em novas
situações”, presente na pedagogia liberal renovada progressivista, observa-se que o método
incentiva o aluno à pesquisa e à descoberta, por exemplo, nos exercícios complementares
“Advantage”, ou mesmo quando o aluno é estimulado a exercer o aspecto criativo em
composições e improvisações.
Outra tendência observada na análise deste método é a tendência liberal renovada não-
diretiva, no item “aprendizagem significativa para o aluno, segundo a qual só é retido o que se
dá pela relevância do aprendido em relação a si próprio”. Neste ponto, acredito que o fator
afetivo seja de extrema importância para que o aluno possa identificar elementos que lhe são
próximos e com isso sejam significativos. É interessante ressaltar que o método Feldstein e
Clark procura aproximar-se da linguagem dos jovens, ao apresentar seu design como uma tela
de computador, ao apresentar gêneros e estilos musicais “populares” como o “Rock” e o
“Blues” e mesmo nas peças de gênero “erudito”, apresentando obras de conhecimento do
grande público, como a Valsa Danúbio Azul, de J. Strauss e Can-Can, de J. Offenbach, por
exemplo. Estes recursos permitem ao jovem tornar a aprendizagem significativa, visto que o
material exposto lhe é atraente e relacionado com a sua realidade.
Outra tendência pedagógica identificada neste ponto e presente no método Feldstein e
Clark é a tendência progressista libertária, no aspecto “Experiência como recurso de
aprendizagem e aplicação a novos contextos”. A experiência, tanto individual, como em
grupo são valorizadas neste método como recurso para que o aluno vivencie situações que lhe
permitam passar do nível teórico ao nível prático. Os demais métodos analisados apresentam
exercícios e estudos, na maioria das vezes, técnicos, descontextualizados do fazer musical e
da experiência musical. Feldstein e Clark, desde o início preocupam-se com o fazer musical e
a partir daí constroem, paralelamente, o arcabouço teórico, portanto a experiência, neste
método, é de extrema importância para a construção do conhecimento e aplicação a novos
contextos e situações.
Dois itens que são comuns às pedagogias crítico-social dos conteúdos e pós-moderna e
são observados no método Feldstein e Clark são: “aprendizagem como capacidade de
processamento de informações a partir dos dados disponíveis na experiência do aluno” e
“avaliação como ferramenta de confirmação para o aluno de sua aprendizagem”. É
100
Este questionário contém duas partes distintas, nas quais se colhem diferentes
informações. A primeira parte visa subsidiar uma análise mais objetiva, como: nível de
formação, tempo de docência e leitura de língua estrangeira. A segunda parte aborda os
aspectos destinados à análise qualitativa, como: escolha do instrumento, iniciação, tempo de
estudo, métodos utilizados e motivo, aspectos valorizados na orientação dos alunos, utilização
102
Motivo Incidência
Escuta de intérpretes do instrumento (solistas e em Orquestras) 1
Ambiente Familiar “de forma lúdica”. O pai tocava o instrumento. 1
Em função da aceitação pelo mercado de trabalho 1
103
Iniciação: Com o objetivo de apurar onde e como foi a iniciação dos professores
entrevistados no instrumento, formulou-se a seguinte pergunta: “Onde e como foi sua
iniciação no trombone?”.
Foi apurado, a partir das respostas dos professores, que 5 (cinco) deles tiveram a sua
iniciação em Bandas Escolares e que dois, dentre eles, a consideraram inadequada:
Minha iniciação musical ocorreu na Banda Marcial da escola onde estudava em (...). A
iniciação foi “informal,” ocorreu de uma forma que eu jamais recomendaria. (Professor A)
Na Escola Técnica Federal da (...) (hoje CEFET), na Banda de Música (...) sob a
regência de (...). Tive um grande incentivo na época de Aleudo Lopes. (Professor F)
Minha iniciação musical ocorreu na banda da escola onde eu estudava, com o maestro
da mesma que era saxofonista e professor de violão. (Professor G)
Comecei aos 14 anos de idade, na banda marcial do colégio onde estudava (ensino
médio). Na época o mestre da banda ensinava tudo de ouvido, mas como eu já sabia ler
partituras (tocava violão e um pouco de piano desde pequeno...), fui pegando as notas mais
rápido. Tecnicamente a orientação era totalmente inadequada: "coloca a língua entre os dentes
e sopra...", conseqüentemente o som não era lá essas coisas. Um ano mais tarde entrei para o
conservatório local e assim que pude comprar meu primeiro instrumento (YSL 354) deixei a
banda marcial. No conservatório tive orientação melhor, comecei a tocar em conjuntos e
participar de cursos de férias. (Professor I)
Outros 3 (três) professores informaram que sua iniciação deu-se na Banda da Cidade:
Na banda de música da cidade de (...). Comecei estudar trombone apenas conhecendo
a escala de Dó maior. (Professor C)
Na minha cidade natal, (...). Aprendi primeiro o trombone a pistons, passei por vários
instrumentos e depois peguei sozinho o trombone de vara. (Professor D)
Iniciei na Banda (...), aos 12 anos. Inicialmente tocando trombone de pistões e depois
de vara. (Professor E)
Somente um dos professores teve sua iniciação em casa, conforme afirma em
sua resposta – “Em casa com o meu pai.” (Professor B).
105
Tempo de Estudo: A fim de verificar o tempo que cada docente tem de estudo foi
formulada a pergunta: “Há quanto tempo você estuda trombone?”. As respostas, assim
como no item “tempo de docência”, foram agrupadas em intervalos de tempo a fim de obter-
se uma melhor visualização das mesmas, conforme demonstrado no quadro abaixo:
Métodos Citações
J.B. Arban 3
M. Bitsch (Rhytmical Studies) 1
O. Blume 1
M. Bordogni 1
C. Colin (Advanced Lip Flexibilities) 1
M. Davis (15 Minutes Warm Up Routine) 1
G. Gagliardi (Método Para Iniciantes) 6
G. Gagliardi (Método Para Trombone Baixo) 1
L. Gillis (Trombone Baixo) 1
G. Kopprasch (Selected Studies) 2
106
A. Lafosse 1
L. Maggio (The Louis Maggio System for Brass) 1
S. Peretti 1
C. Pichaureau 1
E. Remington (Warm Ups) 1
G. Roberts & P. Tanner (Let´s Play Bass Trombone) 1
J. Rochut 3
R. Sauer (Clef Studies) 1
G. Senon (Rhythm-Technique Etudes) 1
Não mencionou 2
Não utiliza 1
Outros (não especificados) 3
Uma primeira observação do quadro acima nos permite uma interessante constatação:
vários docentes se utilizam de métodos que foram escritos originalmente para outros
instrumentos e, posteriormente, adaptados para trombone, como é o caso dos métodos J. B.
Arban, C. Colin e L. Maggio – originalmente escritos para trompete; G. Kopprasch – escrito
originalmente para trompa grave e M. Bordogni e J. Rochut – vocalizes compostos para canto
e adaptados para trombone. Ambos os métodos apresentam vocalizes do mesmo autor Marco
Bordogni, porém a autoria da compilação e adaptação, no primeiro caso, não foi explicitada.
No segundo caso, J. Rochut realizou a compilação e adaptação dos vocalizes para trombone.
Dois professores não mencionaram se utilizam algum método específico e um deles
afirmou não utilizar qualquer método. Três docentes responderam que utilizam outros
métodos, mas não os especificaram. O método apontado pelo maior número de docentes (seis)
foi o de Gilberto Gagliardi (Método Para Iniciantes).
Quanto aos motivos pelos quais os métodos acima foram escolhidos, apuramos muitas
diferentes opiniões, como observamos nas respostas dos professores:
O Professor “A” destaca o estímulo auditivo e o incentivo ao estudo de música e não
do instrumento como fundamentais, porém sem indicar um método específico:
O método hoje uso reforça o estímulo auditivo: Ouvir a mesma quantidade de tempo
que se estuda o instrumento, tocar por conceito e não sensação (não concordo com coisas do
tipo: prepare a embocadura para tocar, pense onde a sua língua deve bater antes mesmo de
começar a tocar) enfim qualquer coisa que estímule as funções de sensação (primeiro sentir e
107
depois reagir) são totalmente desencorajadas. Estudar a música e não o instrumento. Estou
estudando o que a Janet Kagarice da Universidade do Norte do Texas chama de “The New
Operating System”. Esse método também é empregado pelo meu orientador (...) da University
of (...). (Professor A)
O Professor “B” não cita os métodos que utiliza, mas afirma que os mesmos enfocam
aspectos técnicos e musicais com o objetivo de preparar o aluno para os diversos campos de
atuação:
Costumamos seguir a programação feita para o curso de Bacharelado em Trombone da
Universidade (...). Nas ementas das disciplinas apresentamos uma lista de bibliografia diversa
para tratar aspectos técnicos-musicais e um repertório relevante para a construção do
performer nos ambientes orquestrais, camerísticos e do trombone solo. (Professor B)
O Professor “C” afirma que o motivo para a escolha dos métodos que utiliza é a
didática e a variedade de exercícios: “Utilizo os métodos do profº Gilberto Gagliardi. Escolhi
esses métodos pela sua didática e exercícios variados.” (Professor C)
A adoção de diferentes métodos de acordo com a necessidade de cada aluno foi um
ponto em comum nas respostas dadas pelos professores “D” e “E”. Além deste aspecto, o
Professor “E” explica, individualmente, os métodos adotados e os respectivos motivos para a
sua adoção:
São vários. Uso de acordo com a necessidade de cada aluno, já que cada método é
melhor em algum aspecto. Os principais para mim que eu uso e gosto são Arban´s, Joannes
Rochut (Vocalises), Gagliardi e Peretti. (Professor D)
Sim. G.Gagliardi para iniciação (é um método que atende a maior parte das
necessidades de um aluno iniciante; além de servir para ser utilizado para corrigir os
problemas técnicos em alunos mais adiantados)
Rochut (Além de ser o método mais utilizado no mundo pelos professores de
trombone, trabalha aspectos importantes como o legato e a expressão musical);
Arban (trabalha técnica, com ênfase na articulação);
Método de claves - Ralph Sauer (Inicia o estudante na leitura de claves);
Let’s Play Bass Trombone – George Roberts and Paul Tanner (Trabalho a utilização
das chaves)
15 minut warm up routine – Michael Davis (aquecimento e trabalho técnico)
Remington (Rotina) – (aquecimento e trabalho técnico)
108
O Professor “H” afirma não utilizar nenhum método específico, e sim um conjunto de
idéias, fruto da sua vivência e experiência profissional:
Não utilizo um único método de estudo, nem de ensino. Minha metodologia na prática
com o trombone é o resultado de um conjunto de idéias que elaborei ou com as quais tive
contato ao longo da minha carreira como músico, em contato com diversos outros
trombonistas, professores e alunos. (Professor H)
109
O último professor consultado, Professor “I”, cita os métodos que utiliza sem, no
entanto, justificar a sua adoção: “Rochut, Koprasch, Senon, Pichaureau, Bitsch, Gagliardi,
Blüme e outros.” (Professor I)
Diversos docentes afirmaram utilizar o método de G. Gagliardi como ferramenta de
ensino. A análise das respostas permite-nos supor que o método em questão é o “Método Para
Iniciantes”, visto que o mesmo autor possui mais outros três métodos, não editados –
“Estudos e Duetos”; “Coletânea de Estudos - para manutenção da técnica do trombone” e
“Método Para Trombone Baixo”.
O último docente analisado, Professor “B”, destaca, como aspectos relevantes na sua
orientação a vivência do “vocabulário musical em sua totalidade” e o “domínio nos conteúdos
da música tradicional aliados às concepções estéticas e senso crítico”:
O vocabulário musical deve ser vivenciado em sua totalidade. O domínio nos
conteúdos da música tradicional aliados às concepções estéticas e senso crítico devem ser
integrantes da boa formação musical do trombonista. (Professor B)
métodos que adota com seus alunos. Essas revelações permitem, também, perceber a
perspectiva mais ampla do professor sobre o que é música e sobre seu ensino.
Os Professores “E”, “F” e “H” afirmaram que fariam acréscimos aos métodos
sem, no entanto, especificá-los. Os Professores “E” e “I” informaram, também, que não
retirariam nenhum conteúdo de nenhum método:
Não retiraria, apenas acrescentaria. No caso de não concordar ou achar não indicado
algo, explico para o aluno o porque da não utilização do mesmo. (Professor E)
Só acrescentaria (Professor F)
As minhas raras intervenções não retiram nenhum conteúdo de nenhum método, mas
acrescenta. (Professor H)
O Professor “C” também não faria nenhuma supressão, acrescentando, apenas, mais
questões relativas à didática:
Não tiraria nada, apenas colocava mais questões de didática. (Professor C)
O Professor “A” não faria nenhuma modificação no momento, pois acredita que as
modificações deveriam ser fruto das conclusões de uma pesquisa mais aprofundada sobre o
assunto:
particular quanto ao histórico na música brasileira que dá o suporte cultural necessário para a
realização dessa atividade. O contexto escolar acadêmico do “ensino do trombone” é ainda
um ambiente novo. (Professor B)
O Professor “C” considera que o aluno deva possuir um embasamento teórico musical
antes de iniciar-se no instrumento:
Três pontos são abordados pelo Professor “E” em suas contribuições livres: a
importância da Universidade preparar o aluno para o mercado de trabalho; a formação de
músicos e não somente instrumentistas; e por fim, a instrução dos alunos sobre a ética
profissional respeitando as diversidades do mercado musical:
Gostaria de salientar a necessidade da Universidade preparar o trombonista para as
diversas áreas de atuação do mercado (orquestras, bandas, música popular, ensino, entre
outros). Formar músicos e não apenas trombonistas. Estes devem ser “instruídos” para
atuarem comprometidos com a ética profissional, respeitando as diversidades existentes no
mercado musical. (Professor E)
O Professor “H” observa que os métodos mais antigos não contemplam os recursos
oferecidos pelos instrumentos atuais. Neste caso, não segue as orientações prescritas pelo
método:
Há métodos mais antigos, excelentes, mas que indicam um caminho técnico diferente
daquele que pode ser seguido hoje, devido principalmente aos recursos oferecidos pelos
instrumentos atuais. Nesses casos, nós costumamos não considerar a prescrição. (Professor H)
Motivo Incidência
Disponibilidade do instrumento 5
Escolha do maestro 4
Por considerar que o trombone é o instrumento que melhor se adaptou 2
Referências à sonoridade e/ou efeitos sonoros 4
Curiosidade pela maneira como se emitiam as notas (manejo da vara) 1
Gostou do instrumento 1
Achou o instrumento bonito 1
Influência familiar (avô era músico) 1
Tocava bombardino e quando foi estudar na escola de música não tinha o curso 1
do referido instrumento, optando, assim, pelo trombone
Curiosidade pelo formato do instrumento “modelo” 1
Escuta de intérpretes do instrumento 1
Não informou 1
Dentre as respostas obtidas, cinco alunos informaram que sua opção pelo trombone
deu-se pela disponibilidade do instrumento:
O instrumento que eu havia escolhido não havia (trompete) disponibilidade, devido à
grande procura; Como a procura pelo trombone não era grande decidi escolhê-lo. (Aluno 8)
Porque era um dos poucos instrumentos que tinha e o que me adaptei melhor. (Aluno
9)
Por acaso, quando entrei na banda da escola, era um dos poucos que tinha sobrando.
(Aluno 11)
Não escolhi. Quando entrei no projeto de música da Escola me deram o trombone por
que era o único instrumento disponível. (Aluno 13)
Minha iniciação musical foi numa banda de musica e quando passei pela parte teórica
peguei um bombardino furado pra tocar por falta de outro instrumento, um ano e seis meses
depois consegui pegar um trombone de pistons porque havia chegado pra banda um kit da
Weril com esse instrumento que era melhor do que aquele que estava tocando. Então não foi
uma questão de escolha foi uma falta de opção pra época. (Aluno 19)
A escolha do trombone pelo maestro foi apontada por quatro alunos como motivo da
opção pelo instrumento:
119
O trombone não foi escolha minha e sim do regente da banda da igreja evangélica
onde iniciei meus estudos de música e não me arrependo, pois descobri um instrumento que
não conhecia muito bem, e tinha uma imagem distorcida dele. (Aluno 2)
Como a maioria dos músicos (...), eu iniciei meus estudos em uma banda de música.
Depois de aprender a parte teórica o maestro da banda em um dia de aula abriu a sala onde se
guardava os instrumentos da banda. Foi aí que o maestro me olhou e pediu para que eu
levasse um trombone de pisto para casa. A escolha do instrumento foi pelo maestro já que eu
não tinha preferência por nenhum. (Aluno 12)
Foi indicação de meu Maestro e de amigos que já tocavam trombone. (Aluno 17)
Na verdade eu comecei a estudar musica com a intenção de ser percussionista, mas por
indicação do professor, talvez por faltar o instrumento na banda, foi me dado o trombone.
(Aluno 18)
Além do aluno “9”, o aluno “1” também considerou a escolha do trombone por ser o
instrumento a que melhor se adaptou:
Referências à sonoridade e/ou efeitos sonoros, como motivo para escolha do trombone
como instrumento, foram apontadas por cinco alunos. O aluno “16” ressaltou, também, a
influência familiar na sua escolha:
A minha escolha pelo trombone se deu por me identificar pelo seu timbre sua
capacidade de projeção seu lirismo e ao mesmo tempo seu vigor inconfundível. (Aluno 4)
Por influência do meu avô, que era músico militar e também pelo som grave do
instrumento. (Aluno 16)
O aluno “14” fez referência à “sonoridade brasileira que ele tem”, o que nos faz supor
que sua escolha pode ter sido motivada também pela escuta de intérpretes do instrumento,
como relatou o aluno “10”:
Sou cantora e, num curso de verão da escola de música de (...), assistindo um show do
Vitor Santos, me apaixonei pelo instrumento. (Aluno 10)
O motivo pelo qual optei pelo trombone foi para ingressar na (...), na época eu tocava
bombardino e nesta escola não havia o curso para este instrumento. (Aluno 20)
O aluno “7” respondeu à pergunta, mas sua resposta não foi clara quanto à informação
solicitada:
Já toco trombone desde os 14 anos de idade, comecei cedo a tocar na noite, fui para o
Exército, onde sou músico efetivo e devido a uma transferência vim para (...) e me interessei
pelo curso. (Aluno 7)
Iniciação: Com o objetivo de apurar onde e como foi a iniciação dos alunos
entrevistados no instrumento, formulou-se a seguinte pergunta: “Onde e como foi sua
iniciação no trombone?”.
Foi apurado, a partir das respostas dos alunos, que 13 (treze) deles tiveram a sua
iniciação em Bandas sejam elas musicais, marciais, escolares ou municipais. Alguns alunos
relataram que sua iniciação ocorreu de maneira bastante informal, com os músicos mais
antigos das bandas atuando no papel de professor. Em outros casos a iniciação no instrumento
é relatada como não tendo sido realizada por um “professor” especialista no instrumento:
121
Minha iniciação no trombone se deu quando eu tinha 13 anos na bela cidade de (...)
onde vivi minha infância e parte de minha adolescência. No meu colégio de ginásio existia
uma banda filarmônica como é chamada aqui (...) as bandas de música. Acabei entrando na
banda por acaso, depois de algum tempo recebi o trombone como instrumento e nunca mais o
larguei. Tive a oportunidade de participar mesmo que breve de um encontro da ABT
(Associação Brasileira de Trombonistas) em (...) em 2002, encontro esse que mudaria minha
vida dai para frente. Nesta oportunidade conheci o professor (...) de quem passaria a ser aluno
e a quem devo uma importante parte de minha formação. (Aluno 4)
Em bandas escolares. (Aluno 7)
Na escola em (...) quando cursava a sexta série tocava em uma banda marcial e depois
de um ano tocando prato chegaram os instrumentos de sopro trombones e trompetes ai o que
consegui tirar som mais fácil foi no trombone. (Aluno 9)
Iniciei meus estudos na Escola Municipal onde fiz o Ensino Médio. Foi através de um
projeto criado pela Prefeitura dedicado a criação de Banda Marcial. (Aluno 13)
Foi na sociedade musical (...) (banda musical (...)) era ensinado pelos colegas mais
antigos. (Aluno 18)
Tive minha iniciação com onze anos de idade numa corporação musical da cidade de
(...), onde o ensino era bem fraco e lá não havia um professor de trombone e sim o mestre de
bandas, aquele que sabe um pouquinho de cada instrumento. Aos dezoito anos escolhi a
musica como minha profissão e pra isso teria que ter um bom instrumento e conhecer mais
sobre ele. Em 2000 tive minha primeira aula e fiquei estudando com um professor por um ano
e meio depois tive que parar por falta de dinheiro. Voltei a estudar o trombone quando passei
no vestibular da (...) em 2005 e continuo estudando ate hoje. (Aluno19)
Comecei a estudar o trombone na Banda Musical (...), desde o início tive muita
afinidade com o instrumento. (Aluno 20)
Dentre os alunos que responderam ao questionário, quatro deles afirmaram ter iniciado
no instrumento em igrejas evangélicas. O aluno “8” considera que a iniciação não foi boa:
Foi em uma igreja evangélica, onde cresci, e não considero como boa porque meu
primeiro professor de trombone era na verdade professor de trompete. (Aluno 8)
O aluno “1” relatou que sua iniciação foi no trombone a pistons com um professor que
lecionava vários instrumentos:
O aluno “10” informou que sua iniciação deu-se em uma escola de música:
Iniciei meus estudos na cidade de (...) em 1994 tocando trompete. Toquei trompete de
1994 a 1998 e me interessei pelo trombone em fevereiro de 1998 pelos motivos acima citados.
Sem Professor específico e sem muita informação. (Aluno 15)
Tempo de Estudo: A fim de verificar o tempo que cada aluno tem de estudo foi
formulada a pergunta: “Há quanto tempo você estuda trombone?”. As respostas foram
agrupadas em intervalos de tempo a fim de obter-se uma melhor visualização das mesmas,
conforme demonstrado no quadro abaixo:
Cabe ressaltar, neste item, que alguns alunos consideraram como “tempo de estudo”
somente o período a partir do início de estudos sistemáticos ou do ingresso no curso superior.
Outros alunos informaram que “tocam há muito tempo”, mas estudam há menos tempo, como
os alunos “1” e “9”:
124
Há 9 anos estou com um trombone nas mãos, mas considero estudá-lo há 6 anos.
(Aluno 8)
Desde quando passei a ser orientado no estudo do trombone, a maior parte do trabalho
foi para corrigir os problemas técnicos adquiridos ao longo do tempo. Até agora o objetivo
tem sido de conseguir domínio da parte técnica básica. (Aluno 3)
Sou orientado a desenvolver uma parte técnica, com exercícios clínicos, ou seja,
flexibilidade, stacatos, etc. e uma parte de repertório, incluindo também muitos estudos
melódicos. (Aluno 7)
Sempre começar lento, e ter atenção nas interpretações de frases. (Aluno 14)
125
Hoje eu sou muito bem orientado pelo Professor (...) da Universidade Federal (...). Em
termos técnicos, e interpretativos também. (Aluno 15)
Como eu disse: tive uma iniciação bem fraca e quando entrei para o curso superior de
musica precisava recuperar o tempo perdido por isso estudei muitos exercícios para leitura,
interpretação, peças e postura frente aos grupos que tenho como objetivo trabalhar. (Aluno
19)
Outros aspectos: O aspecto disciplinar foi apontado por alguns alunos como
significativo na orientação recebida:
Com muita cobrança. Leitura de métodos; prática de grupo; leituras de primeira vista.
(Aluno 5)
Sou orientado a não deixar de lado os estudos diários e ser disciplinado nas atividades
afins. (Aluno 18)
Os alunos “1” e “6” informaram que são bem orientados por seus professores, sem, no
entanto, informar como se dá esta orientação:
Acho que sou bem orientado pelo meu professor. E também por outras formas como
informações e aulas que as vezes consigo ter acesso. (Aluno 1)
O aluno “4” relatou a ênfase nos exercícios diários na orientação recebida, porém
ressalta, também, a importância da atualização quanto ao repertório e novos conhecimentos:
Procurar ler e ouvir muito sobre o instrumento. E sobretudo enfatizar e buscar superar minhas
dificuldades e potencializar minhas qualidades. (Aluno 4)
Os alunos “11”, “13” e “17” informaram que sua orientação se dá com aulas regulares
com um professor:
Sou orientado pelo meu professor (...) integrante do (...) e professor da (...). (Aluno 17)
O aluno “16” relatou, somente, que seguia a grade curricular do curso de trombone da
Universidade onde estuda:
Atualmente sou orientado pelo meu professor da faculdade (...) e sigo a grade
curricular da faculdade e sugerida pelo professor. (Aluno 16)
O Aluno “9” informou que, à época da aplicação dos questionários, estava sem
professor e estudando por conta própria:
Ultimamente não tive professores então estou sem uma orientação especializada estou
estudando por conta própria. (Aluno 9)
Ênfase em aspectos técnicos: Os alunos “4”, “5”, “6”, “7”, “8”, “9”, “10”, “12”,
relataram que os aspectos mais importantes na orientação recebida se referem aos aspectos
técnicos:
Que o trombone tem um grande potencial de ser usado como solista. (Aluno 2)
Sempre começar lento, e ter atenção nas interpretações de frases. (Aluno 14)
O aspecto disciplinar foi apontado por alguns alunos como valorizado na orientação
recebida:
A disciplina musical é o aspecto mais importante cobrado pelo meu professor. (Aluno
13)
O aluno “17” citou o aspecto disciplinar, aliado às práticas coletivas, aspectos técnicos
e musicais e/ou interpretativos:
O aluno “19” relatou que todos os aspectos abordados em sala de aula foram
relevantes, devido ao seu pouco conhecimento quando ingressou no ensino superior:
Todos os aspectos abordados foram importantes. Pra uma pessoa como eu que veio do
interior de Minas com pouco conhecimento teórico, técnica musical, dentre outras coisas tudo
que era falado dentro de sala era importante, por tanto não teve um aspecto em especifico que
foi mais importante do que outro. (Aluno 19)
O aluno “16” parece não haver compreendido a pergunta, pois sua resposta não é
compatível com o que foi perguntado:
Acho importante o professor ter paciência ao ensinar, pois nem sempre o aluno tem
facilidade para fazer tal coisa sugerida pelo professor e isso às vezes desanima o aluno ou até
mesmo, vícios que futuramente serão difíceis de corrigir. Também é importante que o
professor toque em todas as aulas, para servir de exemplo para aluno, nos sentidos auditivo e
visual. (Aluno 16).
a) Métodos Utilizados
Métodos Citações
J. Alessi (Warm up Routine) 1
J.B. Arban 9
M. Bitsch (Rhytmical Studies) 2
V. Blazhevich (Clef Studies) 7
130
O. Blume 1
M. Bordogni 1
H. Clarke (Method) 1
C. Colin (Advanced Lip Flexibilities) 2
G. Gagliardi 8
G. Gagliardi (Coletânea de Estudos Diários) 2
G. Gagliardi (Método Para Trombone Baixo) 2
L. Gillis (Trombone Baixo) 2
G. Kopprasch (Selected Studies) 4
A. Lafosse 4
L. Maggio (The Louis Maggio System for Brass) 2
R. Marstellar 1
R. Müller 3
A. Ostrander 1
S. Peretti 4
C. Pichaureau 2
A. Raph (Double Valve Bass Trombone) 1
G. Roberts & P. Tanner (Let´s Play Bass Trombone) 1
J. Rochut 13
M. Schlossberg (Daily Drills & Technical Studies) 3
G. Senon (Rhythm-Technique Etudes) 1
B. Slokar 1
C.Vernon (The Singing Trombone) 2
H. Voxman (Selected Studies) 1
Na análise das respostas dos alunos, podemos observar que, assim como nas respostas
dos professores, alguns deles utilizaram métodos que foram escritos originalmente para outros
instrumentos e, posteriormente, adaptados para trombone, como é o caso dos métodos J. B.
Arban, C. Colin e L. Maggio – originalmente escritos para trompete; G. Kopprasch – escrito
originalmente para trompa grave e M. Bordogni e J. Rochut – vocalizes compostos para canto
e adaptados para trombone.
131
Do total de alunos entrevistados, um único aluno (aluno “9”) fez observações críticas
quanto aos métodos estudados, especificamente o “Método Para Iniciantes” de Gilberto
Gagliardi, no qual considerou as lições iniciais muito longas e com utilização de uma tessitura
muito ampla e o método “Arban”, no qual considerou inadequado o seqüenciamento dos
assuntos a serem estudados e por esse motivo teve que ficar dando “saltos” e não seguiu a
ordem dos exercícios proposta pelo método (observa-se que o aluno acredita que os
conhecimentos devam ser ordenados previamente, em uma seqüência ideal aplicável a todos
os alunos):
Outros oito alunos entrevistados relataram o que mais gostaram nos métodos e
informaram que não fariam qualquer modificação nos mesmos. Interessante observar a crítica
feita pelo aluno “19” que afirmou não fazer nenhuma sugestão por não haver concluído
nenhum método, o que fez com que não tivesse uma visão mais específica de cada um deles:
132
Rochut, Arbans. Citei estes métodos por acreditar que são fundamentais entre outros,
mas não acrescentaria nada por saber que existem métodos específicos para cada necessidade.
(Aluno 2)
Durante o período que estudo, eu tenho usado somente o Arban e Gillis. Dois métodos
muito bons, de diferentes pontos técnicos. O Arban, muito técnico, com muitas escalas,
estudos básicos do dia-a-dia. O Gillis, com estudos graves, para maior sonoridade do rotor.
Não modificaria eles em nada. (Aluno 5)
Modificar nada. Mas o método do prof. Gagliardi para trombone baixo no meu ver um
excelente, porque é completo. (Aluno 6)
Utilizo o Arban o Schlossberg e o Rochut. Gosto muito dos 3 e não modificaria nada
em nenhum deles. (Aluno 15)
Uso o Arban, o Rochut, Gagliard, Gillis, André Laforce e outros. Eu não modificaria
nada neles, gosto deles assim. (Aluno 17)
Só penso que métodos devem ser seguidos até o final por que algum caminho ele tem
pra nos mostrar! (Aluno 19)
Logo nos meus primeiros anos de estudo ainda com o professor (...) eu estudei o
método do Gagliardi de iniciantes e posteriormente o método Peretti que são de certo modo
parecidos. Em ambos eu gostava de muito da possibilidade de aprender novas escalas tocá-las
de varias maneiras e logo em seguida fazer um estudo técnico interpretativo na mesma
tonalidade da escala aprendida. Atualmente já como aluno do professor (...) utilizo em aula
métodos diversos como o Rochut, Arban, Blazhevich, Kopprasch. Alem dos que gosto muito
de utilizar por conta própria se destacando os de Schlossberg, Remington, Slokar e Charles
Vernon. (Aluno 4)
Clarke os estudos de Arpejos, Colin estudos preparatorio para Trinados, Luis Maggio
estudos de escala, Marco Bordoni estudos melódicos. (Aluno 11)
Os que eu adorei foram o Gagliardi, Peretti e o Rochut. Adoraria estudar outros, mas
acho que no aprendizado além do método o aluno tem que ter uma vivência coletiva desde o
início para que ele evolua por completo. (Aluno 12)
134
Método para trombone baixo de Gilberto Gagliardi. Um método muito bom para
formação do estudante. (Aluno 13)
Os alunos “1”, “8” e “16” relataram, somente, quais métodos utilizaram, sem qualquer
explicação adicional:
O Aluno “1” relatou que, durante o curso, recebeu aulas de três professores, cada um
com sua forma particular de ensinar. Este aluno defendeu uma escola mais “definida” de
trombone o que facilitaria, no seu ponto de vista, a aprendizagem dos alunos:
O aprendizado de trombone no meu caso tem sido um pouco complicado, pois entrei
na Universidade e passei por 3 Professores e todos um diferente do outro na forma de ensinar,
se tivesse um escola de trombone mais definida seria melhor para nos alunos. (Aluno 1)
Ao meu ver a música popular deveria também ter a mesma importância da música
erudita,quanto ao ensino das diferentes linguagens,modo de tocar em naipe entre outros.
(Aluno 2)
Acho importante ressaltar que as universidades focam o ensino voltado para o gênero
“Clássico/Erudito”, onde aparentemente o músico estará mais preparado, mas em alguns
lugares o aluno nunca terá uma oportunidade numa orquestra sinfônica. Entretanto na MPB,
por exemplo, é um mercado que cresce a cada dia e faltam profissionais qualificados por falta
de preparo e conhecimento, muitas vezes tendo que aprender “tocando”. Acho importante
também que o professor tenha experiência em vários estilos musicais e que prepare o aluno
para que ele tenha chance de aproveitar as oportunidades diversas que o mercado exige.
(Aluno 16)
O aluno “4” teceu comentários sobre diferentes aspectos em sua resposta: considera o
ensino e aprendizado de música através do trombone no Brasil ainda com muitos desafios a
serem superados; atestou a existência de poucas escolas com professores qualificados;
considerou que há pouco intercâmbio entre os alunos de trombone das diversas regiões do
país; criticou o fato de os programas de curso serem distintos nas universidades; fez críticas,
também à Associação Brasileira de Trombonistas (ABT); considerou que a aprendizagem se
dá de forma equivocada em muitos lugares; afirmou que é necessário incentivar e divulgar o
trombone e, por fim, propôs a união para a superação dos desafios:
O aluno “10”, em consonância com o aluno “4”, também afirmou ser necessária maior
divulgação dos instrumentos de sopro em geral a fim de enriquecer sonoramente a música,
quando aliados aos instrumentos mais populares ao grande público. O aluno “12” também
compartilhou opinião semelhante:
Acredito que o instrumento de sopro de um modo geral, poderia ser mais difundido
que os instrumentos mais populares: piano, violão, canto e outros. Talvez, uma proposta
político-econômica de incentivo ao estudo desses instrumentos ensinaria mais às massas a
importância de cada um deles e um número maior de pessoas poderia conhecer as qualidades
que a música recebe quando se enriquece sonoramente. (Aluno 10)
137
Acho que todas as instituições deveriam ter mais projetos voltados aos metais, assim
como é feito pelas cordas. A sociedade ter mais conhecimento da versatilidade em que um
grupo de metais pode fazer. (Aluno 12)
O aluno “6” enfatizou o rumo correto em que seu estado está, no tocante ao
aprendizado do trombone, apesar de considerá-lo muito lento:
A minha contribuição é que fico feliz em ver que no (...) estamos indo na direção certa
no aprendizado de trombone. Embora as vezes muito lento mas estamos caminhando. (Aluno
6)
O aluno “9” destacou vantagens na sua iniciação com o instrumento por haver
estudado, previamente, leitura rítmica e solfejo e também enfatizou a necessidade de
capacitação de professores para trabalharem a iniciação correta no instrumento:
Praticamente quando aprendi trombone já havia tido aulas de leitura rítmica de solfejo
de coral e isso ajuda muito ainda mais que é um instrumento que você tem que prestar mais
atenção na afinação que os outros por não ter marcas e nem posições fixas quando começo um
aluno que não teve nenhum trabalho com música antes fica mais complicado para o aluno
pegar um ritmo de aprendizado. É um instrumento que exige muita dedicação e seriedade e o
trabalho de iniciação é muito difícil gostaria que houvesse capacitação para professores de
musicalização para dar instruções de como se trabalha com esse instrumento com o aluno
iniciante, pois cada caso é um caso e enquanto não tem isso com freqüência no Brasil vai
continuar aparecendo alunos que aprendem tudo errado com flautistas, saxofonistas e pessoas
que não sabem de nada sobre nosso instrumento e ensinam de qualquer jeito. (Aluno 9)
Acho que os estudantes do Brasil precisam de mais master classes, com professores
com boa didática de ensino e disposto a ensinar de verdade. (Aluno 15)
O aluno “17” atestou a necessidade de maior acesso às pessoas que não têm condição
de pagar um curso, sugerindo o uso de vídeo aulas:
Acho que os professores de Trombone do Brasil deveriam lançar vídeo aulas pra
mostrar tudo que eles podem ensinar. Isso ajudaria as pessoas que não podem pagar um curso
e aumentaria a capacidade de se tocar o trombone. (Aluno 17)
Muita coisa deve ser feita no ensino do trombone, mas acredito que o primeiro passo
seria as escolas de música do Brasil se preparar para receber alunos como eu e outros que
passam pelo mesmo problema. A escola onde me formei não esta preparada pra a realidade do
estado e nem faz nada pra mudar esse quadro. (...) é um dos estados com o maior numero de
bandas do país e com a qualidade musical baixíssima entre as corporações. Penso que a
informação deveria chegar aos alunos antes que eles cheguem à faculdade para que possam
aproveitar o curso como uma especialização e não aprendizado. Poderia ser criados oficinas
ou cursos de extensões acessíveis aos alunos de baixa renda que compõem as bandas de
música. Desta forma os alunos teriam base em seus estudos e as faculdades do Brasil
atingiriam a proposta de uma universidade que é de formar um profissional especialista e não
de curso de base como tenho visto. (aluno 19)
O aluno “20” salientou vários aspectos em sua resposta como a importância da escuta
de diversos gêneros, formações e instrumentos; a necessidade de escuta de boas gravações e
de assistir bons concertos; a importância do hábito da boa leitura e apreciação de outras
139
formas de expressão artística, como forma de ajuda ma compreensão musical e, por fim, a
relevância do músico saber a diferença de “como ele toca” e não “o que o músico toca”:
Acredito que o mais importante para o desenvolvimento de um trombonista seja a
própria música, ouvir todos os tipos de boa música, grupos com outras formações, outros
instrumentos, ouvir boas gravações e principalmente assistir a boas apresentações. O hábito
de boa leitura e apreciação de outras formas de expressões artísticas também ajuda muito na
compreensão da música. Também penso que não é o que o músico toca, mas como ele toca é
o que faz a diferença. (Aluno 20)
respondeu que foi orientado por este mesmo professor tendo utilizado diferentes métodos e
relacionando-os.
Os motivos para adoção dos métodos relatados pelos docentes foram,
fundamentalmente, de ordem técnica. Professores afirmaram utilizar os métodos segundo as
necessidades dos alunos e segundo a especificidade de cada método para enfocar determinado
aspecto técnico (ligadura, flexibilidade, escalas). Os alunos, por sua vez, confirmaram este
posicionamento dos docentes relatando o que mais apreciaram nos métodos, na grande
maioria das vezes, aspectos ligados à parte técnica e o enfoque de cada método citado para um
determinado aspecto técnico.
No tocante às modificações, acréscimos ou supressões nos métodos, tanto alunos
quanto professores foram unânimes em afirmar que não retirariam nada dos métodos que
utilizam. Alguns docentes afirmaram que fariam acréscimos aos métodos, sem, no entanto
relatar quais seriam estes acréscimos.
Os aspectos valorizados na orientação dada, informados pelos professores, foram,
essencialmente, sobre aspectos técnicos. Nas informações reveladas pelos alunos observamos
aspectos técnicos, mas também aspectos musicais e/ou interpretativos em algumas respostas.
À luz do referencial teórico adotado podemos tecer algumas considerações a propósito
dos questionários respondidos por professores e alunos e analisados anteriormente.
Observamos que do ponto de vista pedagógico a tendência pedagógica predominante,
conforme classificação de Libâneo (1990), é a tendência liberal tradicional.
O autor afirma que, nesta tendência pedagógica, os conteúdos de ensino são os
conhecimentos e valores repassados ao aluno e que são separados de sua experiência e das
suas realidades sociais. Observamos este aspecto, revelado nas respostas de docentes e alunos.
Os conteúdos de ensino visam à manutenção e perpetuação de aspectos da técnica
instrumental sem, segundo revelaram os próprios questionários, uma preocupação de
formação do pensamento crítico ou comprometimento do ensino/aprendizagem de música
através do trombone como ferramenta de transformação individual e social. Quando nos
referimos à “manutenção da técnica instrumental” referimo-nos à manutenção da tradição
musical ocidental européia, por ser esse o entendimento mais comum. Uma demanda relatada
por alguns alunos é a falta de preparo no campo da música popular, onde, certamente, têm
muito mais vivência e contato, através das bandas de música, igrejas evangélicas e trabalhos
informais que realizam. Os conteúdos de ensino, segundo relatado por professores e alunos
não privilegiam em nenhum momento esta área de atuação musical. Observamos ainda que
não há preocupação com um conteúdo que privilegie a realidade dos alunos ou mesmo a
abertura para outros conteúdos não pré-estabelecidos.
141
6 CONCLUSÃO
A análise dos dados coletados na análise dos métodos de trombone escolhidos para a
presente pesquisa, bem como dos questionários respondidos por professores e alunos de
trombone das Universidades Federais do país, permitiu-nos traçar um panorama, não
generalizável, do ensino de trombone, no Brasil, uma vez que a pesquisa privilegiou, como
universo, as universidades federais.
Observamos que os métodos de trombone analisados, que são amplamente utilizados
não só no Brasil, mas em várias partes do mundo, (com exceção dos métodos de José
Gagliardi e de Sandy Feldstein & Larry Clark), representam um pensamento pedagógico
predominante que norteou a educação em geral (escolar tradicional e também para as artes)
até a primeira metade do século XX, exceção feita ao método “The Yamaha Advantage” de
Sandy Feldstein & Larry Clark, que é o único método escrito no século XX e que adota
diversos preceitos dos pensamentos pedagógicos dialético e pós-moderno em sua concepção.
Os questionários analisados, não diferentemente dos métodos, refletiram o mesmo
pensamento pedagógico predominante, da pedagogia liberal tradicional, segundo Libâneo
(1990) o que, até certo ponto, poderia ser previsível, visto que seria muito difícil uma
tendência pedagógica alinhada com as concepções atuais da educação musical, utilizar, como
material didático básico, métodos que refletem um pensamento pedagógico com outras
concepções e objetivos.
Freire (1997) propunha, em 1997, uma reflexão quanto ao papel dos educadores
musicais na formação de novos músicos levando em consideração a realidade contemporânea:
A questão que quero deixar, hoje, aqui, como um desafio para todos nós é a
de refletirmos sobre que tipo de músicos temos formado e como ele pode se
inserir, efetivamente, no mundo contemporâneo. É imperioso que nos
perguntemos sobre que conteúdos e metodologias de ensino devem ser
adotados para darmos conta da realidade contemporânea. (FREIRE, 1997
p.6)
O aprendizado de trombone no meu caso tem sido um pouco complicado, pois entrei
na Universidade e passei por 3 Professores e todos um diferente do outro na forma de ensinar,
se tivesse um escola de trombone mais definida seria melhor para nos alunos. (Aluno 1)
Curiosamente o aluno reivindica uma escola “mais definida” quando deveria, no nosso
ponto de vista, valorizar aspectos positivos das diferentes orientações que recebeu. Aliás, o
conceito de diversidade não nos parece muito familiar tanto a professores quanto a alunos.
Fica evidente nos métodos analisados e nos questionários respondidos a ausência de abertura
para novos conteúdos e novas idéias, tornando as práticas instrumentais praticamente
inalteradas desde o século XIX até os dias de hoje, com ênfase na repetição. É evidente que
vários recursos técnicos foram desenvolvidos nos instrumentos o que possibilitou maior
desenvolvimento da técnica instrumental, mas o que estamos evidenciando é o conceito
pedagógico que permanece, no nosso modo de ver, praticamente inalterado.
Percebemos, com a análise dos métodos e questionários, que a abertura para conteúdos
não previstos ou oriundos dos próprios alunos é praticamente inexistente. Os conteúdos de
ensino, cartesianamente organizados, privilegiam a repetição de fórmulas e conceitos como
ferramenta de assimilação e acomodação do conhecimento e visam à preparação do
instrumentista para o melhor desempenho técnico possível, utilizando a experiência prévia em
situações novas, semelhantes às experimentadas anteriormente.
Em um modelo pedagógico de bases dialéticas, contradições e conflitos vivenciados
no cotidiano de professores e alunos são transportados para o contexto da sala de aula e
servem como ferramenta para construção de um conhecimento pautado na realidade social e
comprometido com a sua transformação. O conhecimento produzido não é alheio à realidade,
pois é fruto dos conflitos e discussões que nela se originam.
O modelo que observamos, a partir da análise dos métodos e questionários, não
privilegia os conteúdos e vivências prévias dos alunos, pelo contrário: alunos reivindicam um
145
melhor preparo prévio para poder ingressar na Universidade e acompanhar as demandas dos
cursos. A questão, segundo análise nossa, não reside em um melhor preparo prévio. Esta
demanda reflete uma realidade universitária “engessada” e por vezes, despreparada para
atender alunos diferentes, oriundos de realidades e contextos sociais diferentes entre si.
A partir da análise dos questionários percebemos, também, a demanda, de alguns
alunos, por abordagens referentes à música “popular” nos conteúdos ensinados. Esta demanda
reflete, não só uma preocupação com o mercado de trabalho, mas, segundo análise nossa, a
necessidade de aproximação com os contextos musicais com os quais os alunos têm maior
contato e participação (bandas de música, igrejas e trabalhos eventuais) e que, na grande
maioria dos questionários respondidos por docentes e alunos sequer são citados como
conteúdos de ensino. O contexto musical abordado em sala de aula, segundo nossa análise, é
bastante diferente do vivenciado cotidianamente pelos alunos em suas realidades sociais e
musicais, privilegiando um tipo de música que não faz parte da vivência dos alunos e de seu
meio social. Neste ponto o aspecto afetivo também se torna relevante, pois é muito difícil
despertar interesse em um conteúdo que seja desvinculado das expectativas e realidades
individuais.
Freire (1992) propõe a discussão em torno de um curso superior de música calcado em
novas diretrizes, “privilegiando a ação (criadora, política, artística, social), a reflexão
(fundamentada e inovadora), a produção (de saber musical e musicológico), a totalidade do
homem e de sua arte.” (FREIRE, 1992 p.201). Novamente esta discussão faz-se atual e
oportuna visto que quase 20 anos após a publicação de sua pesquisa muito pouco se avançou
nos aspectos expostos pela autora, conforme revelaram a análise de métodos e questionários.
Praticamente não observamos avanços no que concerne ao estímulo ao aspecto
criativo, segundo os métodos e questionários. A ênfase baseia-se na “prática modelar” (Penna,
2006), baseada na repetição de modelos, na qual o aspecto valorizado é a técnica pela técnica,
relegando a um segundo plano a expressão e iniciativa dos alunos. A técnica é estudada,
segundo revelaram os questionários à parte dos contextos musicais.
Esperamos que esta pesquisa contribua, de alguma forma, para que novas práticas
pedagógicas possam vir a ser cogitadas no ensino de instrumentos musicais tornando sua
linguagem mais acessível e próxima da realidade dos iniciados e não-iniciados em música. A
necessidade de interação com a realidade dos sujeitos que fazem a música é essencial para que
estes possam interagir dialogicamente com ela fazendo com que a música perca o status de
“manifestação artística para um grupo privilegiado” e possa exercer a função social de
ferramenta de transformação da sociedade.
146
O presente estudo não pretende estabelecer qualquer tipo de modelo pedagógico ideal
para o ensino de trombone ou qualquer outro instrumento musical, mas, a partir das análises e
conclusões aqui apresentadas propor uma reflexão a respeito dos procedimentos pedagógicos
que têm sido a base do ensino de trombone e, possivelmente, de outros instrumentos nas
universidades do país.
Esta proposta de reflexão baseia-se nas práticas pedagógicas que estão sendo
empregadas nos cursos superiores atualmente segundo revelaram os métodos e questionários
analisados e que contemplam uma parte muito pequena do potencial que professores e alunos
poderiam desenvolver. Não se trata aqui de uma ruptura com tudo que foi realizado até hoje,
que certamente tem seus méritos reconhecidos na formação de alguns músicos de nível
internacional, mas agregar-se, aos aspectos positivos da pedagogia tradicional, outros aspectos
positivos das correntes dialética e pós-moderna da educação que, com certeza, poderiam
contribuir sobremaneira para a formação de músicos pensantes, que não meros reprodutores,
mas, também, criadores, críticos, formadores de opinião, transformadores da sua realidade e
da realidade à sua volta.
147
REFERÊNCIAS
CLARK, Larry; FELDSTEIN, Sandy. The Yamaha Advantage: musicianship from day one.
New York: Carl Fisher, 2001.
FREIRE, Vanda L. Bellard. Música e Sociedade: uma perspectiva histórica e uma reflexão
aplicada ao ensino superior de música. 1992. Tese (Doutorado em Educação)- Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1992.
JORQUERA, J. Maria Cecilia. ¿Existe Una Didáctica del Instrumento Musical? Revista de la
Lista Electrónica Europea de Música em La Educación, n. 9, maio 2002. Disponível em:
<www.musica.rediris.es/leeme>. Acesso em: 13 maio 2010.
LINS, Maria Judith Sucupira da Costa. Contribuições da Teoria de Piaget para a Educação.
Revista Educação & Cultura Contemporânea, v. 2. n. 4, p. 11-30, 2005.
QUEIROZ, Luiz R.S. A música como Fenômeno Sociocultural – perspectivas para uma
educação musical abrangente. In: QUEIROZ, L.R.S.; MARINHO, Vanildo M. (Org.).
Contexturas: o ensino da arte em diferentes espaços. Paraíba. Editora Universitária da
U.F.P.B, 2005, p. 49-65.
SANTOS, Boaventura de Souza. Um Discurso sobre as Ciências. São Paulo: Editora Cortez,
2003.
Prezado Professor:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: PROFESSOR A
Instituição:
O método hoje uso reforça o estímulo auditivo: Ouvir a mesma quantidade de tempo
que se estuda o instrumento, tocar por conceito e não sensação (não concordo com coisas do
tipo: prepare a embocadura para tocar, pense onde a sua língua deve bater antes mesmo de
começar a tocar) enfim qualquer coisa que estímule as funções de sensação (primeiro sentir e
depois reagir) são totalmente desencorajadas. Estudar a música e não o instrumento. Estou
estudando o que A Janet Kagarice da Universidade do Norte do Texas chama de “The New
Operating System”. Esse método também é empregado pelo meu orientador [...] da Univeristy
[...].
5- Que aspectos você considera mais relevantes na orientação que dá aos seus alunos?
Disciplina do estudo da música e não do instrumento: Saber Solfejo, ritmo, ter um forte
conceito (ter um som referência por escutar muito e não por praticar muito). Não se toca bem
sem se saber como se soa bem. Só se sabe o que é um bom som quando se ouve um. Para isso,
o estímulo a audição é primordial. Estar a par de sobre a importância do ar na relação com o
instrumento. Em geral, uma prática inteligente do instrumento e não a prática exarcebada. Por
exemplo: Eu acredito no estudo de bocal algumas razões: Para reforçar o solfejo (canto),
como resultado, boa afinação, abertura labial pequena e por conseqüência bom som e
resistência nas mais variadas áreas da tessitura do instrumento.
6- Caso você utilize algum método específico, você acrescenta orientações próprias?
Quais?
Grandes performers e professores famosos, assim como suas técnicas de ensino as vezes
podem refletir um pouco de suas personalidades. Por isso eu tento ter um balanço do que eu
tenho visto e ouvido de várias fontes. Em resumo cada músico tem necessidades diferentes
assim como suas personalidades variam e reagem a uma determinda técnica por isso reinforço
elementos como: Ouvir e cantar somente após isso cantar através do instrumento.
8, onde grande parte ou maioria destes alunos possuísem a mesma faixa etária. O objetivo
seria como esses grupos se comportariam com 4 formas diferentes de ensinar o trombone.
Talvez após isso eu faria alguma alteração.
8- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar
relevante sobre o ensino de trombone).
Quanto mais simples melhor! Ouvir, nestes dois últimos anos tem sido mais importante que
tocar. Depois cantar, depois ar e último tocar.
Prezado Professor:
Nome: PROFESSOR B
Instituição:
( ) Não
4- Caso você utilize algum método específico informe qual (ou quais)
e porque o(s) escolheu.
Prezado Professor:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: PROFESSOR C
Instituição:
( * ) Não
34 anos
4- Caso você utilize algum método específico informe qual (ou quais) e porque o(s)
escolheu.
Utilizo os métodos do profº Gilberto Gagliardi. Escolhi esses métodos pela sua didática e
exercícios variados
5- Que aspectos você considera mais relevantes na orientação que dá aos seus alunos?
Na Questão da didática
6- Caso você utilize algum método específico, você acrescenta orientações próprias?
Quais?
Sim, A orientação que passo para os alunos é no sentido de eles próprios procurarem o seu
jeito de tocar dentro dos métodos apresentados.
8- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar
relevante sobre o ensino de trombone).
Nome: PROFESSOR D
Instituição:
( ) Não
4- Caso você utilize algum método específico informe qual (ou quais) e porque o(s)
escolheu.
São vários. Uso de acordo com a necessidade de cada aluno, já que cada método é melhor em
algum aspecto. Os principais para mim que eu uso e gosto são Arban´s, Joannes Rochut
(Vocalises), Gagliardi e Peretti.
5- Que aspectos você considera mais relevantes na orientação que dá aos seus alunos?
A seriedade nos estudos, a importância do “aquecimento” como uma forma de saúde e
manutenção da performance, e a importância da prática diária para que possamos conseguir
bons resultados.
209
6- Caso você utilize algum método específico, você acrescenta orientações próprias?
Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
8- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar
relevante sobre o ensino de trombone).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________
210
Prezado Professor:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: PROFESSOR E
Instituição:
( ) Não
4- Caso você utilize algum método específico informe qual (ou quais) e porque o(s)
escolheu.
Sim. G.Gagliardi para iniciação (é um método que atende a maior parte das necessidades de
um aluno iniciante;além de servir para ser utilizado para corrigir os problemas técnicos em
alunos mais adiantados)
Rochut (Além de ser o método mais utilizado no mundo pelos professores de trombone,
trabalha aspectos importantes como o legato e a expressão musical);
Arban (trabalha técnica, com ênfase na articulação);
Método de claves - Ralph Sauer (Inicia o estudante na leitura de claves);
Let’s Play Bass Trombone – George Roberts and Paul Tanner (Trabalho a utilização das
chaves)
15 minut warm up routine – Michael Davis (aquecimento e trabalho técnico)
Remington (Rotina) – (aquecimento e trabalho técnico)
Kopprasch (estudos técnicos- articulação, agilidade...)
Método de trombone baixo (G.Gagliardi) . Melodias agradáveis e exercícios interessantes.
Entre outros, de acordo com a necessidade do aluno.
5- Que aspectos você considera mais relevantes na orientação que dá aos seus alunos?
Trabalho técnico voltado (som, afinação, ritmo...) com intuito de preparar o aluno para fazer
música (aspectos interpretativos).
6- Caso você utilize algum método específico, você acrescenta orientações próprias?
Quais?
Em todos procuro situar o método de acordo com as particularidades do aluno.
8- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar
relevante sobre o ensino de trombone).
Gostaria de salientar a necessidade da Universidade preparar o trombonista para as diversas
áreas de atuação do mercado (orquestras, bandas, música popular, ensino, entre outros).
Formar músicos e não apenas trombonistas. Estes devem ser “instruídos” para atuarem
212
Prezado Professor:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: PROFESSOR F
Instituição:
( ) Não
Na Escola Técnica Federal da [...] (hoje CEFET), na Banda de Música [...] sob a regência de
[...]. Tive um grande incentivo na época de Aleudo Lopes.
4- Caso você utilize algum método específico informe qual (ou quais) e porque o(s)
escolheu.
Utilizo vários métodos: Gilberto Gagliardi, Arban, André Lafosse, Gillis dentre outros. Com
isso dar pra você ter uma idéia geral das várias técnicas e exercícios específicos para o
trombone.
5- Que aspectos você considera mais relevantes na orientação que dá aos seus alunos?
Eu sempre oriento meus alunos a estudarem bastante escalas em várias articulações além dos
estudos de nota longa e respiração
6- Caso você utilize algum método específico, você acrescenta orientações próprias?
Quais?
Alguns métodos não trazem por exemplo um tipo de articulação definida, então sugiro que o
aluno faça esse trabalho. Criando novas idéias.
Só acrescentaria.
8- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar
relevante sobre o ensino de trombone).
Para o ensino de qualquer instrumento não só o trombone requer-se um grande empenho por
parte do orientador, no que tange a vários aspectos: respiração, de postura e da emissão do
som(embocadura). Partindo desse ponto tenta-se adequar o instrumentista a varias outras
coisas inerente a técnica de seu instrumento.
215
Prezado Professor:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: PROFESSOR G
Instituição:
(X) Não
Minha iniciação musical ocorreu na banda da escola onde eu estudava, com o maestro da
mesma que era saxofonista e professor de violão.
Uns 10 anos.
216
4- Caso você utilize algum método específico informe qual (ou quais) e porque o(s)
escolheu.
5- Que aspectos você considera mais relevantes na orientação que dá aos seus alunos?
6- Caso você utilize algum método específico, você acrescenta orientações próprias?
Quais?
Sim. São orientações baseadas naquilo que aprendi durante a graduação e nos cursos que
participei. Por exemplo: identificar e informar ao aluno a nacionalidade (escola) do autor do
método e sua influência em relação aos exercícios propostos.
Apenas tomaria cuidado com as sílabas propostas no método de Louis Maggio na execução
das notas agudas (ich), já que a tendência é que os exercícios sejam executados (pensando em
português) com a garganta “quase fechada”, prejudicando a sonoridade.
8- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar
relevante sobre o ensino de trombone).
Acredito que o ensino do trombone no Brasil vem evoluindo a cada dia, devido à ampliação
de escolas e, conseqüentemente de professores na área. Além disso, o aumento de cursos,
festivais e máster classes contribuem para a divulgação e principalmente da disseminação do
conhecimento sobre o instrumento.
217
Prezado Professor:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: PROFESSOR H
Instituição:
( ) Não
4- Caso você utilize algum método específico informe qual (ou quais) e porque o(s)
escolheu.
5- Que aspectos você considera mais relevantes na orientação que dá aos seus alunos?
Além dos fatores básicos necessários ao bom desempenho, como respiração, emissão do som,
afinação, articulação etc, acho muito importante informar o aluno acerca da ética que deve
envolver, em todos os momentos, o nosso comportamento profissional.
6- Caso você utilize algum método específico, você acrescenta orientações próprias?
Quais?
Somente quando necessário, considerando que nenhum método encerra em si, todos os
aspectos técnico-artísticos de forma completa.
As minhas raras intervenções não retiram nenhum conteúdo de nenhum método, mas
acrescenta.
8- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar
relevante sobre o ensino de trombone).
Há métodos mais antigos, excelentes, mas que indicam um caminho técnico diferente daquele
que pode ser seguido hoje, devido principalmente aos recursos oferecidos pelos instrumentos
atuais. Nesses casos, nós costumamos não considerar a prescrição
219
Fonte: A autoria das respostas, bem como o nome das instituições e quaisquer informações
que pudessem identificar os autores foram retiradas a fim de preservar o sigilo dos
entrevistados.
220
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Questionário Para Pesquisa Sobre Ensino de Trombone
(Aluno)
Nome: ALUNO 1
Instituição:
Curso: Bach. Trombone
Qual Período? 6º
Leitura de Língua Estrangeira: ( ) Sim Qual/Quais:__________
(*) Não
1- Por que escolheu o trombone como instrumento?
Foi o instrumento que melhor me adaptei.
2- Onde e como foi sua iniciação no trombone?
Comecei no trombone de pisto c/ um maestro que dava aulas de todos os instrumentos.
3- Há quanto tempo você estuda trombone?
Estudar há 4 anos, mas toco há muito tempo.
4- Como você é orientado no estudo do seu instrumento?
Acho que sou bem orientado pelo meu prof. E também por outras formas como informações e
aulas que as vezes consigo ter acesso.
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
Os aspectos sobre musicalidade.
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Já utilizei Blazhevich, C. Kopprasch, Rochut , Gagliard e Gerard Pichareau.
221
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
O aprendizado de trombone no meu caso tem sido um pouco complicado pois entrei na
Universidade e passei por 3 Professores e todos um diferente do outro na forma de ensinar,se
tivesse um escola de trombone mais definida seria para nos alunos.
222
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 2
Instituição:
(X) Não
13- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
Que o trombone tem um grande potencial de ser usado como solista.
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Rochut, Arbans. Citei estes métodos por acreditar que são fundamentais entre outros, mas não
acrescentaria nada por saber que existem métodos específicos para cada necessidade.
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
A meu ver a música popular deveria também ter a mesma importância da música erudita,
quanto ao ensino das diferentes linguagens, modo de tocar em naipe entre outros.
224
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 3
Instituição:
Curso: Instrumento
Qual Período? 4º
(x ) Não
Escolhi o trombone como instrumento por ver constantemente na banda de música da cidade e
me identifiquei bastante com o instrumento, achava muito interessante a maneira como
mudava de notas naquele instrumento, apesar de achar o som do instrumento um pouco
estranho, por causa da maneira de como tocavam lá.
iniciação ao trombone. No caso os alunos mais antigos mostravam para os mais novos as
posições das notas no instrumento e o som aproximado que deveria se procurar ao soprar.
Logo após esse aprendizado inicial começa a estudar os chamados dobrados, que são as
tradicionais músicas utilizadas em desfiles.
Desde quando passei a ser orientado no estudo do trombone, a maior parte do trabalho foi
para corrigir os problemas técnicos adquiridos ao longo do tempo. Até agora o objetivo tem
sido de conseguir domínio da parte técnica básica.
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Utilizo o método Arban, para o estudo de articulação, Vocalises de Marco Bordogni editadas
para trombone por Joannes Rochut, para melhorar a interpretação e as ligaduras, método de
estudo das chaves Let´s Play Bass Trombone de George Roberts e Paul Tanner, me agrada
bastante pois vai de exercícios muitos simples que avançam de nível numa maneira muito
gradual, além do Clef studies for trombone, editado por Alan Ralph, para o estudo das
diferente claves utilizadas na leitura de partes pra trombone.
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
226
Creio que é necessária uma divulgação maior dos conhecimentos a respeito da de aspectos de
técnica básica necessário para a execução do trombone, como informações sobre respiração,
vibração labial, ligaduras, articulações e fraseados. Pois muita gente esforçada acaba
estudando bastante mas de uma maneira não muito eficiente e de maneira digamos assim
errada, que não surte muito efeito, podendo levar a desistências e até comprometendo
carreiras que poderiam ser muito bem sucedidas.
227
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 4
Instituição:
A minha escolha pelo trombone se deu por me identificar pelo seu timbre sua capacidade de
projeção seu lirismo e ao mesmo tempo seu vigor inconfundível.
Minha iniciação no trombone se deu quando eu tinha 13 anos na bela cidade [...] onde vivi
minha infância e parte de minha adolescência. No meu colégio de ginásio existia uma banda
filarmônica como são chamadas aqui [...] as bandas de música. Acabei entrando na banda por
acaso, depois de algum tempo recebi o trombone como instrumento e nunca mais o larguei.
Tive a oportunidade de participar mesmo que breve de um encontro da ABT em [...], encontro
228
esse que mudaria minha vida daí para frente. Nesta oportunidade conheci o professor [...]de
quem passaria a ser aluno e a quem devo uma importante parte de minha formação.
Eu sou orientado a trabalhar diariamente todos os fundamentos para uma boa performance.
Estar sempre me atualizando quanto a repertório e a novos conhecimentos. Procurar ler e
ouvir muito sobre o instrumento. E sobretudo enfatizar e buscar superar minhas dificuldades e
potencializar minhas qualidades.
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
Respiração em primeiro lugar, boa qualidade de articulação, trabalhar sempre que possível
com um metrônomo, postura, relaxamento, buscar sempre o melhor som.
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Logo nos meus primeiros anos de estudo ainda com o professor [...] eu estudei o método do
Gagliardi de iniciantes e posteriormente o método Peretti que são de certo modo parecidos.
Em ambos eu gostava de muito da possibilidade de aprender novas escalas tocá-las de varias
maneiras e logo em seguida fazer um estudo técnico interpretativo na mesma tonalidade da
escala aprendida. Atualmente já como aluno do professor [...] utilizo em aula métodos
diversos como o Rochut, Arban, Blazhevich, Kopprasch. Alem dos que gosto muito de
utilizar por conta própria se destacando os de Scholossberb, Remington, Slokar e Charles
Vernon.
229
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
Nome: ALUNO 5
Instituição:
Curso: Bacharelado.
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 6
Instituição:
Qual Período? 8º
( ) Não
5-Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
A minha contribuição é que fico feliz em ver que no [...] estamos indo na direção certa no
aprendizado de trombone. Embora às vezes muito lento mas estamos caminhando.
233
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 7
Instituição:
( X ) Não
Já toco trombone desde os 14 anos de idade, comecei cedo a tocar na noite, fui para o
Exército, onde sou músico efetivo e devido a uma transferência vim para [...] e me interessei
pelo curso.
Em bandas escolares.
Estudar mesmo faz pouco tempo, aproximadamente 3 anos, mas já toco há bastante tempo.
Sou orientado a desenvolver uma parte técnica, com exercícios clínicos, ou seja flexibilidade,
stacatos, etc, e uma perte de repertório, incluindo também muitos estudos melódicos.
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que
você mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Acho que o estudo de trombone, assim como de todos os instrumentos de sopro, deveria ser
mais valorizado no mundo acadêmico e também pelas autoridades da área de educação.
235
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 8
Instituição:
Qual Período? 8º
( x ) Não
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
No caso do meu professor, o enfoque para a sonoridade do trombone tenor.
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Rochut, Ostrander, Voxman, Blazevich, Pichaorru, Bitsch, Senon, Blume, Gagliardi.
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
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Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 9
Instituição:
( x ) Não
Por que era um dos poucos instrumentos que tinha e o que me adaptei melhor.
Na escola em [...] quando cursava a sexta série tocava em uma banda marcial e depois de um
ano tocando prato chegaram os instrumentos de sopro trombones e trompetes ai o que
consegui tirar som mais fácil foi no trombone.
Aprendi a tocar trombone em 1996 mais estudar mesmo comecei em 2004 qdo entrei na
faculdade
Ultimamente não tive professores então estou sem uma orientação especializada estou
estudando por conta própria
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
Eu considero importante a orientação em geral por que com o olhar clinico do professor você
passa a perceber mais os defeitos ou problemas de sua atuação como musico e instrumentista
quando você passa um tempo sem essa orientação acaba ficando com alguns vícios que
atrapalham na execução e não percebe por isso considero a orientação importante como um
todo além de passar experiência
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
OBS:acho que nesses 3 métodos estão todos os estudos que precisamos os outros métodos só
iram reforçar o que estudamos nesses 3 a não ser o método de claves que estudei também
mais não me lembro o nome direito blazevitch acho que é assim que se escreve
239
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
Praticamente quando aprendi trombone já havia tido aulas de leitura rítmica de solfejo de
coral e isso ajuda muito ainda mais que é um instrumento que você tem que prestar mais
atenção na afinação que os outros por não ter marcas e nem posições fixas quando começo um
aluno que não teve nenhum trabalho com musica antes fica mais complicado para o aluno
pegar um ritmo de aprendizado. É um instrumento que exige muita dedicação e seriedade e o
trabalho de iniciação é muito difícil gostaria que houvesse capacitação para professores de
musicalização para dar instruções de como c trabalha com esse instrumento com o aluno
iniciante, pois cada caso é um caso e enquanto não tem isso com freqüência no Brasil vai
continuar aparecendo alunos que aprendem tudo errado com flautistas saxofonistas e pessoas
que não sabem de nada sobre nosso instrumento e ensinam de qualquer jeito.
240
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 10
Instituição:
Qual Período? 7º
( ) Não
Sou cantora e, num curso de verão da escola de música [...] , assistindo um show do Vitor
Santos, me apaixonei pelo instrumento.
Em seguida, procurei pelo professor de trombone da escola de música [...], professor [...] e ele
me iniciou nos estudos.
Logo tive que abandonar os estudos formais do trombone, pois, como disse, tinha que me
dedicar à carreira de cantora e tentar entrar no curso de licenciatura da [...], além de não
possuir instrumento para um estudo direcionado e adequado. Então, considero que meu estudo
de verdade se deu há pouco mais de 2 anos. O período a que me refiro antes disso se deu em
meados de 2005//2006.
Sou orientada a corrigir aspectos técnicos como: respiração, movimento de vara, articulação e
sonoridade.
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
Todos os citados na questão anterior, além de postura, tempo de estudo, repertório e métodos.
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que
você mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Gilberto Gagliardi para iniciantes, Rochut, Blazevich, Muller, Koprash; Não modificaria
nenhum deles, pois tem estudos específicos e direcionados para cada particularidade do
instrumento.
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar
relevante sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
Acredito que o instrumento de sopro de um modo geral, poderia ser mais difundido que os
instrumentos mais populares: piano, violão, canto e outros. Talvez, uma proposta político-
econômica de incentivo ao estudo desses instrumentos ensinaria mais às massas a importância
de cada um deles e um número maior de pessoas poderia conhecer as qualidades que a música
recebe quando se enriquece sonoramente.
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Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 11
Instituição:
Por Acaso quando entrei na banda da escola era um dos poucos instrumentos que tinha
sobrando.
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que
você mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Clarke os estudos de Arpejos, Colin estudos preparatorio para Trinados, Luis Maggio estudos
de escala, Marco Bordoni estudos melodicos
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
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Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 12
Instituição:
Curso: Trombone
Qual Período?
Formado em 2007
(X) Não
R: Como a maioria dos músicos em [...], eu iniciei meus estudos em uma banda de música.
Depois de aprender a parte teórica o maestro da banda em um dia de aula abriu a sala onde se
guardava os instrumentos da banda. Foi aí que o maestro me olhou e pediu para que eu
levasse um trombone de pisto para casa. A escolha do instrumento foi pelo maestro já que eu
não tinha preferência por nenhum.
R: Já tem 18anos.
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
R: Os que eu adorei foram o Gagliardi, Peretti e o Rochut. Adoraria estudar outros mas acho
que no aprendizado além do método o aluno tem que ter uma vivência coletiva desde o início
para que ele evolua por completo.
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
R: Acho que todas as instituições deveriam ter mais projetos voltados aos metais, assim como
é feito pelas cordas. A sociedade ter mais conhecimento da versatilidade em que um grupo de
metais pode fazer.
246
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 13
Instituição:
Qual Período? 4º
( x ) Não
Quando entrei no projeto de música da Escola me deram o trombone por que era o único
instrumento disponível.
Iniciei meus estudos na Escola Municipal onde fiz o Ensino Médio. Foi através de um projeto
criado pela Prefeitura dedicado a criação de Banda Marcial.
247
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Método para trombone baixo de Gilberto Gagliardi. Um método muito bom para formação
do estudante.
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________
248
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
6- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
249
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)
1: ANDRÉ LAFOSSE (TROMB. TENOR)
A SIMPLICIDADE QUE PASSA NAS ESCALAS
2: obs: NÃO MUDARIA NADA ACHO UM MÉTODO COMPLETO
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
250
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 15
Instituição:
( x ) Não
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
Aspectos técnicos e interpretativos.
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Utilizo o Arba’n o schossberg e o rochut. Gosto muito dos 3 e não modificaria nada em
nenhum deles.
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
Acho que os estudantes do Brasil precisam de mais master classes, com professores com
boa didática de ensino e disposto a ensinar de verdade.
252
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 16
Instituição:
Qual Período? 8º
( ) Não
14 anos.
253
Atualmente sou orientado pelo meu professor da faculdade [...] e sigo a grade curricular da
faculdade e sugerida pelo professor.
6- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
Acho importante o professor ter paciência ao ensinar, pois nem sempre o aluno tem facilidade
para fazer tal coisa sugerida pelo professor e isso às vezes desanima o aluno ou até mesmo,
vícios que futuramente serão difíceis de corrigir. Também é importante que o professor toque
em todas as aulas, para servir de exemplo para aluno, nos sentidos auditivo e visual.
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
Acho importante ressaltar que as universidades focam o ensino voltado para o gênero
“Clássico/Erudito”, onde aparentemente o músico estará mais preparado, mas em alguns
lugares o aluno nunca terá uma oportunidade numa orquestra sinfônica. Entretanto na MPB,
por exemplo, é um mercado que cresce a cada dia e faltam profissionais qualificados por falta
de preparo e conhecimento, muitas vezes tendo que aprender “tocando”. Acho importante
254
também que o professor tenha experiência em vários estilos musicais e que prepare o aluno
para que ele tenha chance de aproveitar as oportunidades diversas que o mercado exige.
255
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 17
Instituição:
( x ) Não
Sou orientado pelo meu professor [...] integrante do [...] e professor da [...].
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
Primeiro, é ele exigir bastante estudo, dedicação, compromisso e atenção de minha parte.
Segundo é participar de grupos e estudar peças, duetos e muitos Métodos...
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Uso o Arban, o Rochut, Gagliard, Gillis, André Laforce e outros.Eu não modificaria nada
neles, gosto deles assim.
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
Acho que os professores de Trombone do Brasil deveriam lançar vídeo aulas pra mostrar tudo
que eles podem ensinar. Isso ajudaria as pessoas que não podem pagar um curso e aumentaria
a capacidade de se tocar o trombone.
257
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 18
Instituição:
( X ) Não
Na verdade eu comecei a estudar musica com a intenção de ser percussionista, mas por
indicação do professor, talvez por faltar o instrumento na banda, foi me dado o trombone.
Foi na sociedade musical [...] (banda musical [...]) era ensinado pelos os colegas mais antigos.
Sou orientado a não deixar de lado os estudos diários e ser disciplinado nas atividades afins.
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Utilizei o Lafosse e gostei da idéia dos ornamentos, acho importante para um trombonista
saber utilizá-los.
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 19
Instituição:
( X ) Não
Minha iniciação musical foi numa banda de musica e quando passei pela parte teórica peguei
um bombardino furado pra tocar por falta de outro instrumento, um ano e seis meses depois
consegui pegar um trombone de pistons porque havia chegado pra banda um kit da weril com
esse instrumento que era melhor do que aquele que estava tocando. Então não foi uma questão
de escolha foi uma falta de opção pra época.
Tive minha iniciação com onze anos de idade numa corporação musical da cidade de [...],
onde o ensino era bem fraco e lá não havia um professor de trombone e sim o mestre de
260
bandas, aquele que sabe um pouquinho de cada instrumento. Aos dezoito anos escolhi a
musica como minha profissão e pra isso teria que ter um bom instrumento e conhecer mais
sobre ele. Em 2000 tive minha primeira aula e fiquei estudando com um professor por um ano
e meio depois tive que parar por falta de dinheiro. Voltei a estudar o trombone quando passei
no vestibular da [...] em 2005 e continuo estudando ate hoje.
Como eu disse: tive uma iniciação bem fraca e quando entrei para o curso superior de musica
precisava recuperar o tempo perdido por isso estudei muitos exercícios para leitura,
interpretação, peças e postura frente aos grupos que tenho como objetivo trabalhar.
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
Todos os aspectos abordados foram importantes. Pra uma pessoa como eu que veio do interior
de [...] com pouco conhecimento teórico, técnica musical, dentre outras coisas tudo que era
falado dentro de sala era importante, por tanto não teve um aspecto em especifico que foi mais
importante do que outro.
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que você
mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
Eu não tive uma seqüência de um método especifico. Fizemos vários exercícios de vários
métodos pra poder resolver os problemas que eu tinha, foi uma verdadeira salada de frutas...
Cada dia uma coisa nova. Não dávamos seqüência nos métodos, por tanto não cheguei a
finalizar nenhum... Não sei por quê? Mas tudo bem. Os exercícios eram dos métodos: Volume
I Joannes Rochut, Arban, Peretti, Robert Mueller, esses foram os principais que usei no meu
curso. Questão de gosto? Bom, gostei dos exercícios que fiz, não sei dizer se o método é bom
por que não cheguei ao fim de nenhum. No momento não irei sugerir nada, pois tenho que
estudar mais pra poder opinar nos pontos que devem ser modificadas.
261
Só penso que métodos devem ser seguidos até o final por que algum caminho ele tem pra nos
mostrar!
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar relevante
sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
Muita coisa deve ser feita no ensino do trombone, mas acredito que o primeiro passo seria as
escolas de musica do Brasil se preparar para receber alunos como eu e outros que passam pelo
mesmo problema. A escola onde me formei não esta preparada pra a realidade do estado e
nem faz nada pra mudar esse quadro. Minas Gerais é um dos estados com o maior numero de
bandas do país e com a qualidade musical baixíssima entre as corporações. Penso que a
informação deveria chegar aos alunos antes que eles cheguem à faculdade para que possam
aproveitar o curso como uma especialização e não aprendizado. Poderia ser criados oficinas
ou cursos de extensões acessíveis aos alunos de baixa renda que compõem as bandas de
musica. Desta forma os alunos teriam base em seus estudos e as faculdades do Brasil
atingiriam a proposta de uma universidade que é de formar um profissional especialista e não
de curso de base como tenho visto.
262
Prezado Aluno:
O presente questionário tem como objetivo levantar informações para a pesquisa de mestrado
que realizo sobre métodos, ensino e aprendizagem de trombone no Brasil, na UFRJ. Sua
contribuição será de extrema relevância para a presente pesquisa. Agradeço antecipadamente
a sua atenção e colaboração no preenchimento e envio das informações aqui prestadas.
Antonio Henrique Seixas
Nome: ALUNO 20
Instituição:
Qual Período? 2°
O motivo pelo qual optei pelo trombone foi para ingressar na Escola de Música [...], na época
eu tocava bombardino e nesta escola não havia o curso para este instrumento.
Comecei a estudar o trombone na Banda Musical do Colégio [...], desde o início tive muita
afinidade com o instrumento.
Há 14 anos
263
5- Que aspectos você considera mais importantes na orientação que você recebe de seu
professor quanto ao estudo de música ao trombone?
A fluência musical.
6- Caso utilize, ou tenha utilizado, algum método específico, cite-o e mencione o que
você mais gostou nesse(s) método(s) e o que modificaria, acrescentaria ou retiraria dele(s)?
No decorrer desses anos estudei um número razoável de métodos, posso destacar os mais
importantes: G. Gagliardi, iniciantes e estudos diários; Arbans; J. Rochut; R. Marsteller; R.
Muller; Schlossberg; Koprasch; Alessi Warm-up; Remington Warm-up; C. Vernon; Lafosse,
M. Bitsch e Blazievich.
Todos foram muito importantes e alguns ainda continuam sendo, cada um tem sua
peculiaridade.
7- Contribuições livres. (utilize este espaço para qualquer consideração que achar
relevante sobre o ensino e o aprendizado de música no trombone.
Fonte: A autoria das respostas, bem como o nome das instituições e quaisquer informações
que pudessem identificar os autores foram retiradas a fim de preservar o sigilo dos
entrevistados.
264
Fonte:http://www.open.ac.uk/Arts/cultures-of-
brass/trombone/Slide_trombone_methods.pdf em 23/08/09
269
José Gagliardi
1- Trajetória Popular
Muito da história de José Gagliardi se perdeu por falta de registros oficiais, mas por
relatos de seu próprio filho Gilberto Gagliardi, com quem tive a oportunidade de estudar e
270
conviver por alguns anos e das matérias que constam no álbum que me foi cedido pela
família pode-se ter uma boa idéia da abrangência da carreira deste músico.
Em uma matéria do jornal “Som” – São Paulo, 25 de junho de 1935, escrita por Nina
Sampaio o próprio José Gagliardi em entrevista declara:
“Com toda boa vontade, foi-nos contando que estudou música em São Paulo, e nem
julga necessário ausentar-se da cidade dynamica para adquirir cabedal artístico de valor.”
Em relatos do filho Gilberto, consta que ingressou logo cedo na Banda de Música da
Força Pública do Estado de São Paulo, ainda no trombone a pistões mudando,
posteriormente, para o trombone de vara, instrumento com o qual obteve grande projeção,
sendo considerado mesmo um virtuoso para a época.
Um músico do mundo, como muitos definiam, viajou já em 1924 para Portugal, onde
se apresentou em Lisboa com a Jazz Band da Companhia Velasco, onde acompanhava o
bailarino russo Sacha Gudine em apresentações como relata o Jornal “O Seculo” – Lisboa, 27
de junho de 1924, em cuja manchete lê-se: Um Bailarino Regente de Jazz-Band
“Este vae ser, sem duvida, um dos grandes attractivos da nova edição de “Arco-Íris”,
que a Velasco nos vae dar segunda feira no Lyrico. O bailarino russo Sascha Gudine, regerá
com satanica desenvoltura, um endiabrado “jazz-band”, e a quem manifeste desconfiança
acerca de sua vocação para tal mister basta dizer que o publico de Lisboa delirou quasi
matando de cansaço os pobres músicos de tal modo exigia bis!”
Cabe considerar que tal formação “Jazz-Band”, originou-se nos Estados Unidos, no
início do século XX e era formada basicamente por piano, bateria, banjo ou violão, saxofone,
271
trompete e trombone, oriunda das formações de “diexelands” americanas, que tocavam ritmos
como o rag-time e o fox-trot. Aculturou-se no Brasil, executando ritmos brasileiros e
Europeus, como polcas, maxixes, lundus, marchas e valsas. Teve expoentes no Brasil que se
projetaram também no exterior como Romeu Silva e sua Jazz Band Sul Americano.
Romeu Silva
Regente, saxofonista e compositor nasceu no Rio de Janeiro, RJ em 11/2/1893 e
faleceu na mesma cidade em 1/5/1958.
Aos 18 anos, era funcionário dos Correios e já tocava saxofone na orquestra do
Rancho Ameno Resedá. Ainda em 1911 integrou a orquestra da Sociedade Dançante
Carnavalesca Ninho do Amor, dirigida por Álvaro Sandim. Dois anos depois, ainda
na batuta de Sandim, integra a orquestra do Rancho Flor do Abacate.
Em 1923, deixando o conjunto do maestro Eduardo Souto, forma sua própria
1893 ~ 1958
orquestra, a Jazz-Band Sul Americano, mais tarde Jazz-Band Sul Americano Romeu
Silva. Sua orquestra tocava em festas, cabarés e na sala de espera do famoso Cine
Palais.
Seu primeiro disco foi registrado na Odeon em 1924, com os maxixes Tênis Clube
de Petrópolis (Sílvio de Souza) e Lolote estrilando (Mário Silva). Nesta mesma
época também começa a compor e grava Fubá e Dor de cabeça.
Divulgando a música brasileira, tocando sambas, maxixes e frevos, excursionou pela
Europa. Em Portugal atuou em Lisboa nos teatros Trindade, Politeama, Monumental
e Maxim's. O sucesso o leva para outras cidades portuguesas como: Figueira da Foz,
Porto, Braga, Estoril e Coimbra. Atuou ainda em várias cidades da Espanha, França,
Bélgica, Suíça, Inglaterra, Itália e Alemanha. No exterior chegou a gravar alguns
discos com a famosa cantora Josephine Baker.
Em 1932 volta ao Brasil, mas logo segue para Los Angeles, EUA, acompanhando a
delegação de atletas brasileiros aos jogos olímpicos, com a Brazilian Olympic Band.
José Gagliardi também participou da Jazz Band de Romeu Silva quando de seu retorno ao
Brasil após estada na Argentina, que detalharemos adiante. Segue matéria da coluna “Jazz”
que era então publicada no Jornal “O Globo” no Rio de Janeiro:
272
Quando de seu retorno ao Brasil da viagem que havia feito a Portugal, José Gagliardi
ingressou em uma Jazz Band denominada “Paul Wyer´s Red Devil´s”, grupo que era
originalmente formado por negros americanos e que se apresentou em Paris com grande êxito
acompanhando a cantora negra Josephina Baker, indo em seguida para Buenos Aires para
uma temporada de sete meses no Theatro Maipo onde também obteve grande sucesso. Após a
temporada em Buenos Aires o grupo, convidado a apresentar-se em São Paulo, se dissolveu
regressando dois de seus componentes para os Estados Unidos. Para completar o grupo foram
escolhidos músicos de renome no cenário musical nacional, entre eles, José Gagliardi.
Trazidos ao Brasil pela Companhia Portuguesa de Revistas, estabeleceram-se em São Paulo e
mudaram o nome, posteriormente para “Red Devil´s”. O grupo estreou no Casino Antarctica
em 25 de novembro de 1926 com a revista “Fox-Trot”. Em 5 de dezembro do mesmo ano
estreavam a Revista “Tiroliro”, já com o novo nome “Red Devil´s”, ao passo que tocava,
também, no Esplanada Hotel, onde estreou um dia antes, em 04 de dezembro.
273
274
Interessante ilustrar que José Gagliardi foi nomeado o novo líder e empresário do
grupo que teve seu contrato com o Casino Antarctica até o início do ano de 1927.
Entre 1927 e 1934, José Gagliardi residiu em Buenos Aires, onde, entre outras
atividades, montou e dirigiu a Jazz Band Rio Serenaders, orquestra de música internacional,
mas que obteve grande sucesso executando gêneros musicais tipicamente brasileiros como o
maxixe.
275
Nos dados disponíveis no álbum de José Gagliardi não é possível determinar por
quanto tempo a Jazz Band Rio Serenaders atuou, mas na documentação que possuo a última
data de atuação consta do ano de 1929.
Durante sua estada em Buenos Aires, José Gagliardi atuou com outros grupos
como a Pan American Ragtime Band, do Theatro Apolo, a Jazz Adolfo Carabelli e a Orquesta
“Gath & Chaves”, entre outras.
Retornando definitivamente ao Brasil, em 1º de julho de 1934, ingressou para o
“cast” da PRE7, onde dirigiu com grande sucesso a orquestra de dança daquela emissora até
1935. Curioso ressaltar que em entrevista ao jornal “Som” – São Paulo, 25 de junho de 1935,
escrita por Nina Sampaio, José Gagliardi é perguntado sobre sua opinião quanto à música fina
(erudita) brasileira, apontando para o novo rumo que sua carreira viria a tomar alguns anos
mais tarde, e ele responde: “Acho digna de melhor sorte. Os nossos directores de orchestra de
musica fina, deveriam tratal-a com maior carinho, e divulgal-a com mais freqüência perante
o grande publico. Auctores como Villa Lobos, Braga, Fernandes e Migliori merecem toda
admiração.”
Em 1935, José Gagliardi muda-se para o Rio de Janeiro onde começa a lecionar
para seu filho e sucessor profissional, Gilberto Gagliardi. Em agosto do mesmo ano começa a
escrever a segunda parte do seu Método Para Trombone de Vara, que permanece em
manuscrito até os dias e hoje e que foi o objeto de estudo de minha dissertação de mestrado.
Atuou nas orquestras dos Cassinos da Urca, Icaraí e Atlântico até ser convidado em 1940 para
ser fundador de uma nova Orquestra Sinfônica que surgia formada na sua maioria a partir de
músicos europeus refugiados da Segunda Guerra Mundial – a Orquestra Sinfônica Brasileira,
277
então regida pelo Maestro Eugen Szenkar, e que faz sua estréia no Teatro Municipal do Rio
de Janeiro em 17 de agosto de 1940.
Mesmo atuando na música sinfônica, José Gagliardi nunca deixou de lado sua vertente
de músico popular tendo se destacado, também, como compositor de músicas gravadas por
grandes cantores da época, como Nelson Gonçalves e Aracy de Almeida:
José Eu Sou do Ritmo Aracy de Almeida com Selo Victor Matriz S- Janeiro 1942 (gravado em 18 de
Gagliardi/ (marcha) Passos e sua Orquestra 34864-A 052426 Novembro de 1941)
de Louro
José Anoiteceu (samba) Aracy de Almeida com Selo Victor Matriz S- Janeiro 1942 (gravado em 18 de
Gagliardi/ Passos e sua Orquestra 34864-B 052427 Novembro de 1941)
de Louro
José Gagliardi – um músico que transitou com fluência do popular ao erudito e que deixou
como legado um método escrito para seu filho que foi o responsável pelo desenvolvimento de
várias gerações de músicos e trombonistas no país.