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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE DO RIO GRANDE DO SUL


DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA
DISCIPLINA DE FRUTICULTURA

CITRICULTURA

POR

CRISTIANO BELLÉ

FREDERICO WESTPHALEN, RS, BRASIL.


2008
INTRODUÇÃO

A potencialidade produtiva do gênero Citrus é determinada principalmente pela


combinação copa-porta enxerto. No entanto, a expressão dessa potencialidade irá
depender também de outros fatores, como das características físico-químicas do solo, da
nutrição das plantas, da densidade populacional do pomar, das práticas de manejo, e,
fundamentalmente, das condições climáticas ao longo do ciclo produtivo
No Brasil, apesar da citricultura se concentrar no Estado de São Paulo, existem
pomares comerciais desde o Estado do Sergipe, na latitude de 10oS, até o Estado do Rio
Grande do Sul, na latitude de 30 oS, englobando diversos tipos de clima, como o tropical
úmido, tropical de altitude e subtropical, onde normalmente não há sérias restrições à
produção, exceto em algumas áreas da Região Nordeste, onde ocorrem períodos de
déficit hídrico acentuado, e na Região Sul, onde as geadas são freqüentes.

FENOLOGIA DOS CITROS

A fenologia é a ciência que estuda as diferentes fases de desenvolvimento dos


vegetais e a relação destas com as condições físicas do ambiente, especialmente com a
temperatura do ar, o fotoperíodo e a disponibilidade hídrica do solo.
O estabelecimento de tais relações, possibilita o conhecimento das respostas das
plantas quando submetidas a diferentes condições climáticas, informação de grande
importância para o planejamento e implantação da citricultura.
As plantas cítricas, por serem perenes, apresentam ciclo de desenvolvimento que
varia de seis a dezesseis meses, dependendo da espécie, da variedade e da variação
sazonal das condições térmicas e hídricas do local.
Dentro desse período, a planta passa por diversas fases, como mostra o esquema
a seguir, sendo as mais enfatizadas pela literatura as que vão do florescimento à
maturação dos frutos; porém, sendo igualmente importantes as fases de indução floral e
repouso vegetativo, esta última ocorrendo apenas nos locais onde períodos de estresse
térmico ou hídrico são bem definidos.

ESTÁDIOS E FASES FENOLÓGICAS DOS CITROS

Indução Floral - é o resultado de estímulos ambientais, que normalmente estão


ligados à redução do crescimento das plantas. Geralmente, esses estímulos ambientais
são proporcionados pela diminuição das temperaturas, mesmo que não caiam abaixo
dos 12,5 oC, nas regiões subtropicais, ou por período de seca, nas regiões tropicais.
Repouso Vegetativo - os pomares de citros cultivados em regiões de clima
tropical, com estação seca, e subtropical, com inverno relativamente rigoroso, estão
sujeitos a entrarem em repouso vegetativo. Esse período de repouso vegetativo,
caracterizado pela redução na taxa de crescimento ou até mesmo pela sua paralisação,
ocorre devido à redução na taxa metabólica das plantas, sendo que sua duração varia de
acordo com as condições ambientais.
Florescimento - ocorre após o período de indução e repouso, quando existir
condições térmicas e hídricas favoráveis. Apesar do florescimento poder ocorrer durante
todos os meses do ano, normalmente ele é mais intenso, nas regiões subtropicais,
durante o final do inverno e início da primavera. Por outro lado, nas regiões de clima
tropical, onde há a ocorrência de estiagem durante certa época do ano e não ocorre
variação sazonal das condições térmicas, o florescimento irá ocorrer sempre após o
restabelecimento das chuvas, enquanto que nas regiões de clima árido o florescimento
somente irá ocorrer, após período de estresse hídrico, com o uso da irrigação.
Fixação do fruto - o período de fixação dos frutos é bastante extenso, iniciando-
se logo após a polinização. Ao logo da fase de crescimento do fruto, é difícil identificar
as causas responsáveis pela sua queda, haja visto que as plantas de citros se adaptam a
uma grande diversidade de condições climáticas. No entanto, fatores de ordem
fisiológica, ambiental e fitossanitária são os principais responsáveis. Maior queda
ocorre em novembro.
Crescimento do fruto - o crescimento dos frutos da grande maioria das espécies
de Citrus segue um modelo sigmóide, que pode ser sub-dividido, basicamente, em
quatro fases:
1) DVC – divisão celular (define tamanho potencial do fruto)
2) DFC – diferenciação celular
3) EC – expansão celular (rápido crescimento, durando de 2 a 12 meses)
4) M – maturação (lento crescimento do fruto, pequeno aumento do total de sólidos
solúveis e rápido decréscimo da acidez total)

EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS DO CITROS

Radiação Solar e Fotoperíodo:


Os citros são cultivados em uma ampla faixa de latitude, entre 40oN e 40 oS. Em
razão disso, os pomares de citros espalhados pelo mundo são submetidos, ao longo do
ano, a diferentes condições de disponibilidade de energia solar e fotoperíodo. Enquanto
na faixa equatorial o fotoperíodo fica ao redor de 12 horas ao longo de todos os meses
do ano, nas latitude mais elevadas ocorre significativa variação na duração do dia,
chegando nas latitudes de 40 o N ou S a oscilar entre cerca de 9h, no inverno, e 15h, no
verão.
A assimilação líquida de CO2 pelas folhas dos citros aumenta linearmente com o
aumento da radiação fotossinteticamente ativa (RFA), entre 0 e 700 mmolcm-2s-1,
atingindo a partir daí o ponto de saturação luminosa, estabilizando a assimilação de CO2
em cerca de 9 a 10 mmolcm-2s-1. Nas regiões tropicais, a RFA normalmente atinge o
ponto de saturação luminosa ao longo de todo o ano, o que resulta em maior e mais
rápido crescimento das plantas e dos frutos, enquanto que nas regiões subtropicais, onde
a variação sazonal de RFA é notória, o crescimento das plantas e dos frutos é mais lento
e menor, devido à oscilação nas taxas de fotossíntese, que no inverno representam cerca
de 50% das obtidas no verão.

Temperatura do Ar:
A temperatura é um dos principais elementos meteorológicos/climáticos a
influenciar a distribuição geográfica dos citros. Apesar disso, as plantas cítricas
apresentam uma ampla adaptação a diferentes regimes térmicos, desde temperaturas
elevadas e constantes, como ocorre por exemplo em Itabaianinha, SE, com uma
amplitude térmica média anual de menos de 4oC, até condições de ampla variação
sazonal de temperatura, como nos climas subtropicais dos Estados Unidos, China, Irã e
Espanha, onde a amplitude térmica média anual oscila entre 15oC e 25oC. A temperatura
do ar exerce influência sobre todas as fases de desenvolvimento das plantas cítricas,
desde a germinação e crescimento das mudas até a maturação dos frutos.
Na fase de crescimento vegetativo, a maioria das espécies de citros tem seu
crescimento, tanto da parte aérea como das raízes, sensivelmente reduzido a uma
temperatura diurna constante entre 12oC e 13oC, paralisando-o por volta dos 5 oC. Acima
de 12oC, a taxa de crescimento da parte aérea da planta, expresso em termos de massa
verde, aumenta gradativamente, alcançando o máximo por volta dos 23 oC a 31oC.
Acima de 32 oC, a taxa de crescimento passa a decrescer, até que a partir dos 37oC o
crescimento cessa, devido a danos fisiológicos.
Além dos efeitos no crescimento e desenvolvimento da planta e dos frutos, a
temperatura do ar também exerce papel fundamental na qualidade dos frutos,
relacionada principalmente às colorações externa e interna, tamanho e sabor, além de
injúrias. A coloração da casca dos frutos e da polpa, aspecto importante na
comercialização in natura, o tamanho e o sabor estão associados às temperaturas
noturnas durante a última fase de crescimento do fruto, ou seja, durante a maturação.
Normalmente, nas regiões de clima tropical úmido, onde a amplitude térmica diária e
anual é menor, os frutos tendem a ser maiores, com casca verde e mais fina e com mais
suco; porém, com menor total de sólidos solúveis e concentração de ácidos no suco do
que os frutos produzidos em regiões de clima subtropical

Chuva
As plantas cítricas são sempre verdes, o que faz com que elas transpirem ao
longo de todo o ano, sob taxas variáveis, que irão depender, basicamente, da espécie, da
combinação enxerto - porta enxerto, da demanda hídrica da atmosfera, da
disponibilidade de água no solo, da profundidade do sistema radicular, da fase
fenológica em que se encontra, de sua área foliar, dos tratos culturais e do espaçamento
adotado.
A necessidade hídrica dos citros, para que se obtenha altos níveis de rendimento,
por conseguinte, também irá depender das variáveis citadas acima, variando de 600 a
1.300mm por ano.
Sob condições naturais e de alta demanda atmosférica, a ETc de um pomar
adulto de lima ácida ‘Tahiti’ pode chegar a mais de 150 litros por planta por dia nas
condições de clima tropical, durante o verão, caindo para cerca de 70 litros por dia,
durante os meses de inverno.
Quando os pomares sofrem deficiência hídrica, ocorre queda de flores e dos
frutos jovens ou redução do crescimento dos frutos já desenvolvidos, com alteração de
sua qualidade (diminuição do teor de suco e da acidez). Esse efeito é mais significativo
entre o florescimento e a “queda fisiológica”, enquanto que na fase de maturação os
citros são menos sensíveis ao déficit hídrico.

Umidade do ar
O efeito mais significativo desse elemento meteorológico está relacionado à
fitossanidade dos pomares. De acordo com ORTOLANI et al. (1991), em condições de
clima muito úmido, como por exemplo nas regiões produtoras do Rio Grande do Sul,
Paraná e Rio de Janeiro, problemas com doenças fúngicas são freqüentes, especialmente
no caso do Colletotrichum, causador da queda de frutos jovens, e do Elsinoe, causador
da verrugose.
De acordo com RODRIGUEZ (1987), a umidade do ar também interfere na
qualidade dos frutos, sendo que nas regiões onde a umidade relativa do ar é
normalmente elevada, os frutos das laranjeiras tendem a ser maiores e achatados,
frouxos, de coloração pálida, suculentos e de sabor aguado. Tais condições climáticas,
no entanto, são as preferidas pelas mexeriqueiras, que são cultivadas de norte a sul do
Brasil, na faixa litorânea.
Além dos efeitos citados acima, a umidade relativa do ar é o elemento, que
juntamente com a velocidade do vento, define o poder evaporante do ar. Isso acaba
sendo um fator importante na determinação da demanda hídrica das plantas cítricas,
especialmente onde a irrigação é fundamental, como nos climas áridos e semi-áridos do
Irã, do Egito, da Espanha e Israel.

Velocidade do vento
O vento é um dos elementos meteorológicos que influi diretamente no
microclima de uma área, interferindo, desse modo, no crescimento dos vegetais, tendo
tanto efeitos favoráveis como desfavoráveis (PEREIRA et al., 2002). Dentre os aspectos
favoráveis, destacam-se o transporte de calor, vapor d’água e CO2 entre as plantas e a
atmosfera, interferindo, assim, nas taxa de assimilação de CO2 e de transpiração.
Por outro lado, quando os ventos são intensos e contínuos, acima de 10km/h,
podem provocar danos mecânicos, anatômicos e fisiológicos nas plantas.
HURST & RUMNEY (1971) apresentam dados que mostram que em três
regiões produtoras de citros na Califórinia, EUA, os ventos excessivos podem provocar
redução nos rendimentos que oscilam entre 19 e 68%, dependendo de sua intensidade e
duração.

FATORES METEOROLÓGICOS ADVERSOS

Geada
Um dos grandes problemas para os pomares dos citros conduzidos nas regiões
subtropicais, nas latitude acima de 20 o S ou N, é a ocorrência de geadas (ORTOLANI et
al., 1991; GAT et al., 1997). Esse fenômeno atmosférico, corresponde à ocorrência de
temperatura igual ou inferior à temperatura crítica da planta, que no caso das espécies
de citros é da ordem de –4 oC a –8 oC, ao nível do tecido foliar (ORTOLANI et al., 1991;
DOORENBOS & KASSAM, 1994; GAT et al., 1997).

Vento
Na regiões produtoras de citros do Brasil, o vento aparentemente não é fator
limitante à produção. De acordo com ORTOLANI et al. (1991), no estado de São Paulo,
que concentra cerca de 80% da área cultivada do país, os ventos tem baixa velocidade
média, entre 1,7 m/s, nas regiões norte e noroeste, e 2,9 m/s, na região sul, sendo a
grande maioria dos pomares conduzidos sem quebra-ventos.

APTIDÃO E ZONEAMENTO CLIMÁTICOS DOS CITROS


O zoneamento climático dos citros, de acordo com NOGUEIRA (1979), é
bastante complexo, em razão da grande variedade de espécies e da respostas dessas às
diferentes condições ambientais. De um modo geral, o principal elemento
meteorológico a ser levado em consideração no zoneamento climático das espécies
cítricas é a temperatura do ar, dada a sua grande influência no crescimento,
desenvolvimento, rendimento e qualidade das plantas e dos frutos (GAT et al., 1997).
Apesar disso, quando os pomares são conduzidos sem irrigação, o aspecto hídrico
assume importante papel na aptidão da cultura, devendo ser levado em consideração.
A CITRICULTURA NO RIO GRANDE DO SUL

Segundo dados do IBGE de 2006, a citricultura, no Rio Grande do Sul, ocupava


uma área de 42.454 ha, sendo 27.476 ha de laranjas (65%), 13.197 ha de bergamotas ou
tangerinas (31%) e 1.781 ha de limões (4%).
A produção em escala comercial de frutos cítricos, iniciou no século XIX no
vale do rio Taquari, com imigrantes portugueses e posteriormente se expandiu para o
vale do rio Caí, onde os agricultores de origem germânica também passaram a dedicar-
se à atividade.
Com o surgimento de novos pólos de produção, nas últimas décadas, o cenário
da citricultura gaúcha modificou-se consideravelmente.
A partir da década de 1990, iniciou-se uma drástica redução nas áreas de laranjas
naquelas regiões tradicionais. No vale do Taquari, o reflorestamento começou a ocupar
grande parte dos laranjais e pomares de limões.
Por sua vez, no vale do Caí, as áreas de citros aumentaram, mas houve uma
reconversão, com uma especialização para variedades de bergamotas que, atualmente,
ocupam mais de 70% dos pomares. Com isto a importação de laranjas para suco, de São
Paulo e de outros estados, cresceu significativamente. Entretanto, o lançamento pela
Secretaria da Agricultura e Abastecimento em 1989 e o desenvolvimento na década de
1990 do Programa Estadual de Citricultura, que fomentou o cultivo de citros para novas
regiões, veio diminuir o impacto da redução de laranjas nas áreas tradicionais.

IMPLANTAÇÃO DE POMARES (de todas frutas) – 2003-2007:


•14.914 Projetos elaborados
•17.759 Fruticultores beneficiados
•21.626 hectares implantados
•R$ 174.117.732, em investimentos

Na citricultura, desde então, foram implantados mais 5.915 hectares de laranjas,


beneficiando mais de 5.000 citricultores, totalizando R$ 19.353.301,89 em
investimentos de 2003 a 2007. Mais de 70% dos novos pomares estão localizados em
municípios do Alto Uruguai.
Para plantios de bergamotas, no mesmo período, foram implantados 679
hectares para 667 citricultores. A região do vale do Rio Caí predominou em novos
pomares de bergamotas. Estes investimentos, na quase totalidade com recursos do
PRONAF, a exemplo dos plantios de laranjas, somaram R$ 2.565.789,20.
Em relação a bergamoteiras, destaca-se a variedade Montenegrina, responsável
por mais de 50% dos novos plantios no Estado. De maneira geral, os projetos efetuados
para implantação de pomares de bergamotas têm sido em número bastante reduzido em
relação às laranjas.
A grande expansão destas frutas na década de 1990, no vale do Caí, fez com que
o RS alcançasse uma oferta considerável em relação à demanda e necessitasse,
inclusive, exportar parte da produção da variedade Montenegrina para garantir preços
compensadores aos citricultores do vale do Caí.
Além destes dois pólos de citricultura, o Vale do Caí, com a produção de
bergamoteiras em primeiro plano e o Alto Uruguai, com laranjas, os citros também vêm
sendo cultivados em outras regiões de forma crescente. Praticamente em quase todos os
municípios, com exceção daqueles localizados nas áreas mais frias, existem pomares
fazendo com que estas frutas sejam as mais populares no Rio Grande do Sul.
Na Fronteira Oeste, em Rosário do Sul, São Gabriel e Santa Margarida do Sul,
foram iniciados projetos no final da década de 1990 com variedades sem sementes.
O potencial de clima e solos e custos relativamente baixos têm atraído
investimentos de empresários estrangeiros interessados em abastecer a entressafra do
mercado europeu. Com isto existe a perspectiva de se consolidar como um pólo
diferenciado devido às variedades cultivadas e ao caráter empresarial.
Outra região que já é tradicional em fruticultura e cujos produtores vêm
apostando cada vez mais em citros, em especial nas variedades tardias, é a Serra
Gaúcha. Aproveitado os micro-climas existentes no Vale do rio das Antas e outros rios,
as produções de laranjas de umbigo e bergamota Montenegrina já são bastante
expressivas.
Também podem ser citadas áreas significativas na Depressão Central (vale do
rio Jaguari), Implantação de pomares de citros 2003 a 2007 na Zona Sul (Pelotas,
Piratini, Canguçu), entre outras.
Quanto a limões, observa-se no vale do Caí uma retomada, embora ainda em
pequena escala, do plantio de pomares da lima ácida Tahiti, uma vez que praticamente
não há mais pomares comerciais de limão verdadeiro, ou seja, do Siciliano ou de outras
variedades.
No tocante a mercado, o Estado ainda importa dezenas de milhares de toneladas
de laranjas, tanto para atender as indústrias como para o mercado de mesa. Entre as
variedades mais importadas estão as laranjas Pêra, Valência, Folha Murcha, entre
outras, para suco, e as laranjas de umbigo. A origem destas frutas está em grande parte
no estado de São Paulo, embora haja importação também de outros estados e do
Uruguai. Já a produção de bergamotas, além do abastecimento estadual, tem
proporcionado exportações a outros estados do país em um volume que, nos últimos
anos, está entre oito e dez mil toneladas anuais e onde se destaca a variedade
Montenegrina. Entre as variedades precoces e de meia estação o mercado gaúcho tem a
concorrência da variedade Ponkan colhida em São Paulo e no Paraná antes da safra
gaúcha, o que afeta negativamente os preços de comercialização no primeiro semestre.
Finalmente, pode-se dizer que a citricultura gaúcha apresenta condições para
produção de frutos de excelente qualidade. Graças ao clima, apresentam boa coloração,
formato e sabor, tanto para variedades tradicionais como para as novas cultivares sem
sementes, cuja tendência, a longo prazo, é dominar o mercado de frutas.
Também, a produção de citros é basicamente desenvolvida pela agricultura
familiar, em pequenas propriedades, com uma área média de pomar por propriedade ao
redor de 2 ha.
Constata-se ainda, de maneira geral, um baixo uso de insumos químicos e de
equipamentos mecanizados. Por outro lado, graças à diversificação existente nas
propriedades, a utilização de adubação orgânica é prática bastante comum. Esses e
outros aspectos contribuem para que a citricultura gaúcha esteja mais próxima da
sustentabilidade, além de ser importante fator de geração de trabalho e renda.

A CITRICULTURA NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO


SUL.
A região Norte do Rio Grande do Sul, na divisa com o Estado de Santa Catarina
com 50 Municípios possui, conforme o zoneamento Agroclimático de Citros, condições
favoráveis à Citricultura, com uma variação entre 2.500 – 2.900 horas graus-dias como
soma térmica, com risco a geadas menor que 30% e apta para utilização de todas as
cultivares de porta-enxertos.
Os municípios onde a citricultura cresce nesta região são os situados nas
encostas do Rio Uruguai, zona esta de microclima e que possui solos com aptidão ao
plantio de culturas permanentes.
A citricultura na região com enfoque comercial começou na década de 1980,
com a plantação de pomares em alguns Municípios do vale do Rio Uruguai, entre eles
Aratiba, Itatiba do Sul, Mariano Moro e Marcelino Ramos entre outros.
Em 1989, através da iniciativa do governo do Estado, via projetos de Emater e
Prefeituras Municipais, foram fomentadas por alguns anos o plantio de citros, que eram
financiados pela FEAPER (Fundo Estadual de Apoio aos Pequenos Estabelecimentos
Rurais) alguns destes pomares continuam ainda hoje produtivos.
No final de 1999 muitos pomares ficaram embaixo d’água pela formação das
Barragens das Usinas de Itá e Machadinho.
A partir do ano de 2003 com a implantação do Pró-Fruta com crédito acessível
aos produtores e preços bons, iniciou-se um novo ciclo de plantio de citros na região.
A área de citros existente na Região em 2003 era de aproximadamente 3.000 ha
e, em 5 anos, passamos a aproximadamente 8.000 ha. Isto deve-se também ao apoio
forte das Prefeituras Municipais e às mudas de qualidade (viveiros telados) que virou
regra nos pomares implantados.
A citricultura que está sendo desenvolvida hoje é basicamente praticada em
pequenas propriedades, servindo como diversificação e alternativa aos grãos, possui,
quando bem conduzida, alta produtividade e na região basicamente planta-se laranja,
mais de 90% da área são do cultivar Valência.
No ano de 2007 produziu-se mais de 100.000 toneladas de citros, sendo que 70%
da produção foi vendida para consumo in natura. Para o ano de 2008 existe uma
previsão de plantio de 800 ha.
Começa a haver movimento por parte de lideranças com o objetivo de implantar
na Região, viveiros de mudas e futuras indústrias para aproveitamento destas novas
áreas que estarão em produção e foram implantados nos últimos anos.
Importância da citricultura para a Região, que em alguns Municípios já é
responsável por mais de 10% da arrecadação de impostos.

PORTA-ENXERTOS PARA CITROS NO RIO GRANDE DO SUL

INTRODUÇÃO
Inicialmente a propagação dos citros era feita somente através de sementes. A
propagação via sexual foi posteriormente substituída pela propagação vegetativa, ou
assexual. Dentro desta última, a prática da enxertia se constituiu no método de
propagação mais empregado (Morin, 1980).
Segundo Pompeu Junior (1988), a planta cítrica é uma unidade de produção
formada pela associação de dois indivíduos, copa e porta-enxerto, geneticamente
diferentes e que devem viver em estreito relacionamento, mutuamente benéfico, para
que a planta criada na ocasião da enxertia, seja produtiva e tenha maior longevidade.
Portanto, as árvores cítricas são constituídas de duas variedades de plantas obtidas
através de uma operação, que consiste em fixar uma parte viva de uma variedade
(gema), em outra que receberá esta gema, e que será o porta-enxerto. A gema se
desenvolverá constituindo a copa. O resultado será uma planta com características
conferidas pela copa e pelo porta-enxerto.
O porta-enxerto induz à variedade copa alterações em vários fatores: no seu
crescimento; tamanho; precocidade de produção; produção; época de maturação e peso
dos frutos; coloração da casca e do suco; teor de açúcares e de ácidos dos frutos; tempo
de permanência dos frutos na planta; conservação da fruta após a colheita; transpiração
das folhas; fertilidade do pólen; composição química das folhas; capacidade de absorção
de nutrientes; tolerância à salinidade; resistência à seca e ao frio; resistência e tolerância
a moléstias e pragas (Pompeu Junior, 1991).
Porém, em algumas combinações copa/porta-enxerto, podem ocorrer certos
distúrbios decorrentes da ausência de afinidades entre os dois simbiontes. Estes
distúrbios podem revestir- se de ampla graduação de efeitos, desde anormalidades que
praticamente não chegam a refletir no comportamento cultural e econômico das plantas,
até atingir graves manifestações que chegam a inviabilizar a enxertia, ou a provocar,
logo no decurso dos primeiros anos, a morte das plantas (Nogueira, 1983).
Segundo Pompeu Junior (1991), as incompatibilidades mais importantes para a
citricultura brasileira, são as das laranjeiras ‘Pêra’ e ‘Seleta de Itaboraí’, quando
enxertadas sobre ‘Trifoliata’ ou em limão ‘Rugoso da Flórida’; dos limoeiros ‘Eureka’ e
‘Siciliano’, quando sobre ‘Trifoliata’ e citranges; do limoeiro ‘Siciliano’ e da laranjeiraa
‘Pêra’ quando enxertados em citrumelo ‘4475’ (‘Swingle’), do tangor ‘Murcote’ sobre
‘Trifoliata’, e da laranjeira ‘Pêra’ sobre limoeiro ‘Volkameriano’.
Conhecendo-se a interdependência existente entre a copa e o porta-enxerto e as
interações que daí derivam, facilmente conclui-se que as características de cada porta-
enxerto irão influenciar, em termos específicos, também o comportamento geral e final
da copa. E então se deduz, imediatamente, a importância que o porta-enxerto poderá
exercer sobre o comportamento geral das árvores (Nogueira, 1983).

HISTÓRICO
Apenas no início deste século, quando a citricultura brasileira alcançou
expressão comercial e com o conhecimento das vantagens da enxertia, passou-se ao uso
de plantas enxertadas (Pompeu Junior, 1991). Até aproximadamente 1920, a laranjeira
‘Caipira’ foi o porta-enxerto mais utilizado no Brasil (Teófilo Sobrinho & Figueiredo
1984).
A baixa resistência da laranjeira ‘Caipira’ à seca e à gomose de Phytophthora,
motivou a sua substituição pela laranjeira ‘Azeda’, principal porta-enxerto da época em
quase todos os países citrícolas. De 1920 a 1940, a laranjeira ‘Azeda’ predominou como
porta-enxerto na nossa citricultura, satisfazendo todas as exigências dos citricultores,
principalmente em relação à produção, rusticidade e adaptabilidade aos diferentes tipos
de solos, das plantas nela enxertadas. Outros cavalos eram utilizados em menor escala,
entre eles o limoeiro ‘Cravo’, a laranjeira ‘Caipira’ e o limoeiro ‘Rugoso’ (Teófilo
Sobrinho & Figueiredo, 1984). Com o aparecimento do vírus da tristeza, em 1937, no
Vale do Paraíba, no estado de São Paulo e devido a sua rápida disseminação pelo
pulgão preto, as plantas enxertadas em laranjeira ‘Azeda’, que eram intolerante ao vírus,
morreram (Figueiredo, 1985).
Foram instalados, na época, ensaios de porta-enxertos conduzidos pelo Instituto
Agronômico de Campinas, que demonstraram a existência de porta-enxertos tolerantes a
essa virose. A partir daí, novos pomares foram formados tendo como porta-enxertos o
limoeiro ‘Cravo’, a laranjeira ‘Caipira’ e em menor proporção o limoeiro ‘Rugoso’ e a
tangerineira ‘Cleópatra‘ (Figueiredo, 1985).
Deve ser considerado, que devido às excepcionais qualidades apresentadas pelo
limoeiro ’Cravo’, que satisfizeram tanto o produtor de mudas, quanto o citricultor, ele
passou a ser maciçamente utilizado no Brasil. Exceção feita apenas para o estado do Rio
Grande do Sul, onde a preferência no período ‘pós tristeza’, foi pela laranjeira ‘Caipira’
(Figueiredo, 1985), por ser uma variedade tradicional introduzida pelos açorianos, nesta
região.
A susceptibilidade do limoeiro ‘Cravo’ às doenças exocorte e xiloporose, cujas
presenças nos pomares eram mascaradas pela tolerância da laranjeira ‘Azeda’,
tornaram-se graves problemas, pois elas poderiam reduzir em até 70% a produção das
plantas. A utilização dos clones nucelares, a partir de 1955 e de porta-enxertos
tolerantes, como a laranjeira ‘Caipira’, a tangerineira ‘Cleópatra’ e o limoeiro ‘Rugoso’
permitiram superar estes obstáculos (Pompeu Junior, 1991).
Atualmente, nos Estados de São Paulo, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Bahia, Goiás e no Distrito Federal, o limoeiro ‘Cravo’ é o porta-enxerto predominante.
Em São Paulo a Morte Súbita dos Citros (MSC) é uma nova doença que surgiu matando
somente as plantas enxertadas sobre limão ‘Cravo’, principalmente quando a copa eram
variedades tardias, fazendo com que novos porta-enxertos fossem estudados, para obter
novas alternativas resistentes à doença. No Rio Grande do Sul, a preferência é pelo
Poncirus trifoliata (Pompeu Junior, 1991).
Na primeira metade do século XX, o crescimento da citricultura no Rio Grande
do Sul foi constante até aproximadamente 1940. Em 1926, iniciaram-se pequenas
exportações para os países do Prata (Uruguai e Argentina) e em 1933, para a Europa
(Inglaterra). Esse crescimento foi no entanto bruscamente interrompido provocados por
duas catástrofes: a II guerra na Europa, que impediu as exportações, e o surgimento da
virose ‘tristeza’, que destruiu as plantas enxertadas sobre laranjeira ‘Azeda’, então o
principal porta-enxerto usado no País. Nesta fase já se usava a enxertia e os principais
porta-enxertos eram as laranjeiras ‘Comum’ (‘Taquari’ ou ‘Caipira’) e ‘Azeda‘
(Conselho Estadual de Citricultura do Rio Grande do Sul, s.d.).
Como a laranjeira ‘Caipira’ é tolerante ao vírus da Tristeza, passou a ser o porta-
enxerto exclusivo no Rio Grande do Sul, após a destruição causada por este vírus. Até
1977, esta situação se manteve, quando os viveiristas passaram a enxertar cada vez mais
sobre ‘Trifoliata’ (Souza et al. 1992).
Assim, a laranjeira ’Caipira’ foi em grande parte substituída como porta-enxerto
pelo ‘Trifoliata’, que resiste melhor aos solos rasos, ao frio e geadas, aos espaçamentos
reduzidos e à gomose, além de produzir frutos de melhor qualidade, em coloração,
tamanho e porcentagem de acidez. Esta mudança evidenciou uma grande deficiência na
citricultura gaúcha: a inexistência de mudas certificadas. ou ao menos com garantia de
serem isentas do viróide da exocorte, ao qual o ‘Trifoliata’ é intolerante (Conselho
Estadual de Citricultura do Rio Grande do Sul, s.d.).
Em 1989, no Rio Grande do Sul, cerca de 90% das mudas estavam formadas
com o ‘Trifoliata’ como porta-enxerto (Pompeu Junior, 1991), situação que perdura até
hoje. Esta acentuada predominância de um porta-enxerto torna a citricultura gaúcha
muito vulnerável a um eventual problema que surja com este porta-enxerto (Porto,
1989). A baixa qualidade e baixa produtividade do Rio Grande do Sul são atribuídas a
este porta-enxerto, por induzir plantas de pequeno porte (Moraes, 1998). Segundo João
(1998) é o único estado do Brasil onde existe a predominância de Poncirus trifoliata
como porta-enxêrto, Tendo em vista, que não existiam resultados anteriores de trabalhos
em relação a portaenxertos para as cultivares mais utilizadas na região produtora de
citros do Rio Grande do Sul, na década de 1970, a Estação Experimental Fitotécnica de
Taquari, implantou uma série de experimentos neste sentido, visando dentro de uma
série de porta-enxertos, determinar aqueles mais adequados para as cultivares de citros.
Dentro do grupo de porta-enxertos que foram avaliados encontravam-se híbridos
Citranges obtidos por cruzamentos realizados na própria Estação (Reck 1983).
Atualmente, o Estado do Rio Grande do Sul dispõe de recomendação de porta-
enxertos para diferentes copas de citros, geradas pela experimentação local, e
adequadas às peculiares da citricultura gaúcha.
Os resultados de mais de uma dezena de experimentos vêm permitindo a seleção
de porta-enxertos, tolerantes ao Declínio e a Tristeza e que começam a ser utilizados
pelos citricultores (Silva et al., 1990).
A falta de diversificação de porta-enxertos, na produção de mudas, é um
problema no Rio Grande do Sul. Isso torna a citricultura gaúcha altamente vulnerável ao
surgimento de novas moléstias que podem ser fatais, a exemplo do que ocorreu na
década de 40, com o surgimento da Tristeza e ao que vem ocorrendo com o Declínio e
Morte Súbita dos Citros no estado de São Paulo (Conselho Estadual de Citricultura do
Rio Grande do Sul, s.d.).

CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS PORTA-ENXERTOS

Trifoliata
• Baixa resistência à seca;
• Alta resistência ao frio;
• Induz média precocidade de produção;
• Alta produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho pequeno e alta longevidade;
• Alta tolerância à gomose;
• Tolerância à tristeza e xiloporose;
• Intolerância à exocorte e declínio;
• Resistente ao nematóide;
• Maturação da semente de março a maio.

Citrumelo Swingle
• Baixa resistência à seca;
• Boa resistência ao frio;
• Induz média precocidade de produção;
• Alta produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho pequeno e alta longevidade;
• Alta tolerância à gomose;
• Tolerância à tristeza e xiloporose;
• Intolerância à exocorte e declínio;
• Tolerante à morte súbita dos citros;
• Resistente ao nematóide;
• Maturação da semente de maio a julho.

Citrange Troyer
• Baixa resistência à seca;
• Boa resistência ao frio;
• Induz média precocidade de produção;
• Alta produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho pequeno e alta longevidade;
• Alta tolerância à gomose;
• Tolerância à tristeza e xiloporose;
• Intolerância à exocorte e declínio;
• Maturação da semente de maio a julho.

Citrange Fepagro C 13
• Baixa resistência à seca;
• Boa resistência ao frio;
• Induz alta precocidade de produção;
• Alta produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho pequeno e alta longevidade;
• Alta tolerância à gomose;
• Maturação da semente de abril a junho.

Limão Rugoso
• Boa resistência à seca;
• Pouca resistência ao frio;
• Sensível à gomose;
• Tolerância à tristeza;
• Intolerância à exocorte;
• Maturação da semente de maio a julho.

Limão Volkameriano
• Resistente à seca;
• Média resistência ao frio;
• Induz alta precocidade de produção;
• Alta produção;
• Média qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho grande e alta longevidade;
• Média resistência à gomose;
• Tolerância à tristeza e exocorte;
• Intolerância à xiloporose e declínio;
• Maturação da semente de maio a julho;

Limão Cravo
• Resistente à seca;
• Média resistência ao frio;
• Induz alta precocidade de produção;
• Alta produção;
• Média qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho médio e alta longevidade;
• Média resistência à gomose;
• Tolerância à tristeza;
• Intolerância à exocorte, xiloporose e declínio;
• Suscetível ao nematóide;
• Maturação da semente de maio a agosto.

Laranja Azeda
• Resistente à seca;
• Induz resistência ao frio;
• Induz média precocidade de produção;
• boa produção;
• boa qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho grande;
• Média resistência à gomose;
• intolerante à tristeza;
• Tolerante à exocorte e xiloporose;
• Maturação da semente de junho a agosto.

Laranja Comum
• Sensível à seca;
• Alta resistência ao frio;
• Induz média precocidade de produção;
• Alta produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho grande e crescimento rápido;
• Baixa resistência à gomose;
• Tolerância à tristeza, exocorte, xiloporose e declínio;
• Maturação da semente de julho a agosto.

Tangerina Sunki
• Sensível à seca;
• Alta resistência ao frio;
• Induz tardia entrada em produção;
• Média produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho médio e média longevidade;
• Resistente à gomose e ao declínio;
• Tolerância à tristeza, exocorte e xiloporose;
• Tolerante à morte súbita dos citros;
• Resistente ao nematóide;
• Maturação da semente de julho a agosto .

Tangerina Cleopatra
• Média resistência à seca;
• Alta resistência ao frio;
• Induz tardia entrada em produção;
• Média produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho médio e média longevidade;
• Alta resistência à gomose;
• Tolerância à tristeza e xiloporose;
• Tolerância à exocorte e declínio;
• Resistente ao nematóide;
• Maturação da semente de agosto a setembro;
GRUPOS DE TOLERÂNCIA AO VIRUS DA TRISTEZA

Grupo 1 – cultivares tolerantes ao vírus da Tristeza permitindo a multiplicação


do vírus em seus tecidos.As plantas desse grupo podem ser usadas como porta-enxertos
de qualquer cultivar decitros: laranjeiras doces (exceto ‘Pêra’), tangerineiras, limoeiros
‘Cravo’ e ‘Rugoso’, tangorese alguns tangelos.
Grupo 2 - cultivares intolerantes e que permitem a multiplicação do vírus em
seus tecidos. Essas plantas não devem ser usadas como porta-enxertos a não ser em
circunstâncias muito especiais: pomeleiros, limeira ‘Galego’, laranjeira ‘Pêra’ e
cidreiras.
Grupo 3 - cultivares tolerantes e que não permitem a multiplicação do vírus em
seus tecidos. As plantas desse grupo podem ser usadas como porta-enxertos sem
restrições: Poncirus trifoliata e alguns de seus híbridos.
Grupo 4 – Cultivares intolerantes e que não permitem a multiplicação do vírus
em seus tecidos. As cultivares desse grupo são também chamadas de resistentes ou
hipersensíveis, porque as células inoculadas com o vírus morrem, isolando-o.
Nesse grupo estão a laranjeira ‘Azeda‘ e os limoeiros verdadeiros. Essas
cultivares somente devem ser usadas como porta-enxertos, se enxertadas com plantas do
mesmo grupo.
Entretanto, quando enxertadas com plantas dos grupos 1 e 2 , que emitem a
multiplicaçãodo vírus, este prolifera em grande quantidade na cultivar copa e circulando
pelos vasos liberianosatinge o porta-enxerto intolerante, matando em pouco tempo todas
as células na região daenxertia.

INCOMPATIBILIDADE

A incompatibilidade do porta-enxerto com a copa pode levar ao pequeno


desenvolvimento do sistema radicular, da copa e até levar a planta à morte.
Segundo a literatura mundial e paulista, o tangor Murcott é intolerante ao
Trifoliata, quando este último é usado como porta-enxerto. Entretanto, no Rio Grande
do Sul esta combinação é amplamente usada, sem que apareça nenhum sintoma de
incompatibilidade.
O Rio Grande do Sul possui porta-enxertos com potencial produtivos e que
venham a conferir resistência as doenças e adaptáveis às características climáticas e
edáficas do Estado.
Apesar dos dados apresentados serem de experimentos realizados a algumas
décadas atrás, eles continuam atuais. Os dados de produção e resistência as doenças são
os mesmos.
O que se torna necessário e urgente é a continuidade deste trabalho, agora, com
novosporta-enxertos, frente as novas doenças que estão surgindo no País e no Estado.
Assim, novos experimentos de porta-enxertos devem ser executados pelos órgãos
depesquisa, comparando desta vez, com Citrumello ´Swingle´, que confere resistência a
Morte Súbita dos Citros em São Paulo e vem substituindo o Limão ´Cravo´ como porta-
enxerto neste Estado.
Nos experimentos em São Paulo, o Citrumello ´Swingle´, apresentou melhor
rendimento de suco (55,2%) quando comparado com os limoeiros ´Cravo´, ´Rugoso
Mazoe´, ´Volkameriano´, tangerineira ´Sunki´ e laranjeira ´Caipira´.

A QUALIDADE DA MUDA PARA A IMPLANTAÇÃO DO POMAR

Uma muda frutífera leva 6 a 8 anos para expressar seu potencial e de sua
qualidade dependerá a vida útil de um pomar.
A muda cítrica pode ser obtida pelas formas sexuada e assexuada. A primeira é
utilizada principalmente para a obtenção dos porta-enxertos. A segunda é usada
comercialmente para a produção de mudas, restringindo-se ao método da enxertia por
“T” invertido, além da microenxertia, empregada para a limpeza de enfermidades.

A propagação sexuada apresenta as seguintes vantagens:


- permite o melhoramento genético
- permite a limpeza de vírus

Como desvantagens deste método de propagação, cita-se:


- as plantas levam longo tempo para produzir
- ocorre segregação genética
- há presença de espinhos
- apresentam um porte elevado

A propagação assexuada apresenta as seguintes vantagens:


- maior precocidade de produção
- maior uniformidade do pomar
- as plantas apresentam porte baixo
- há ausência de espinhos

Este método de propagação tem as seguintes desvantagens:


- ausência de diversidade genética
- maior risco de disseminação de doenças
A qualidade da muda, portanto, é fundamental, devendo ser observados cuidados
tanto no tocante a sua produção, no caso de viveiros, quanto na sua aquisição por parte
dos citricultores.

OS PRINCIPAIS CUIDADOS NA FASE DE PRODUÇÃO DA MUDA SÃO:

Escolha do local.
O local para a instalação do viveiro deverá estar distante de pomares, visando
reduzir os riscos de pragas e doenças. Deverá estar próximo de mananciais, com água
em abundância e de qualidade, principalmente isento de doenças. . Presença de quebra-
ventos Obrigatoriamente os viveiros deverão estar protegidos por quebra-ventos
naturais ou artificiais, pois são importantes barreiras contra pragas e doenças, além de
proteger contra danos mecânicos às mudas.

Limpeza de ferramentas.
As ferramentas usadas no viveiro devem ser constantemente desinfestadas,
visando prevenir contra a disseminação de doenças. . Cuidados com circulação de
pessoas. Deve-se restringir a circulação de pessoas no viveiro, somente permitindo o
acesso aos funcionários, pois o ser humano é importante disseminador de enfermidades.
De qualquer maneira, recomenda-se o uso de botas e macacões sempre limpos
para toda e qualquer pessoa que circular no viveiro. Obtenção de sementes e material
vegetativo.
As sementes e borbulhas são os materiais mais importantes na formação de uma
muda de qualidade. O viveirista deve ter plantas matrizes para produção de sementes e
borbulhas em local isolado, as mesmas devem estar bem adubadas e tratadas
preventivamente contra pragas e doenças.
Estas matrizes devem estar identificadas, para haver certeza da genética varietal,
bem como devem estar certificadas de isenção de doenças viróticas e bacterianas. .

Correta escolha de recipientes e substratos


No caso da produção de mudas ser feita em ambiente protegido, a correta
escolha dos recipientes e do substrato são fundamentais para a produção de uma boa
muda. Quanto menor o recipiente, maior será a economia de espaço e de substrato;
porém, o uso de recipientes de pequeno volume aumenta o risco de enovelamento de
raízes. Além do mais, deve-se levar em conta a fase de produção da muda para
determinar o tamanho e o tipo de recipiente. Na fase de sementeira, recomenda-se o uso
de recipientes de aproximadamente 150 ml, que podem ser bandejas alveoladas de
isopor ou tubetes plásticos. Na fase de viveiro, deve-se empregar recipientes de 4 a 5
litros, com aproximadamente 15 cm de largura e 20a 30 cm de altura, podendo ser
bolsas plásticas ou citropotes. . Desenvolvimento da muda: desbrota, irrigação,
tutoramento, tratamentos Durante o desenvolvimento do porta-enxerto, anteriormente à
enxertia, deve-se mantê-lo em haste única, removendo as brotações laterais e os
espinhos, o que facilitará a operação de enxertia e permitirá que o porta-enxerto atinja
mais rapidamente o ponto de enxertia.
Após a enxertia, igualmente, deve-se somente permitir o desenvolvimento da
brotação oriunda da borbulha, eliminando as demais brotações. Esta brotação da
borbulha deverá ser tutorada desde a fase inicial de brotação, o que permitirá a
formação de uma muda ereta, nos padrões exigidos pelalegislação.
No viveiro, a irrigação deve ser diária e em baixos volumes. A muda jamais
deve sofrer estresse hídrico, pois implicará na maior demora em sua formação,
associada a uma menor qualidade.
Além da quantidade certa, deve-se observar a qualidade da água, pois águas com
pH elevado ou baixo demais, prejudicará absorção dos nutrientes pelas mudas. O pH
ideal situa-se ao redor de 6,0. Também deve-se cuidar para que não esteja contaminada
com fungos , bactérias ou outros organismos patogênicos, principalmente quando a água
é proveniente de açudes. Recomenda-se realizar análises periódicas na qualidade da
água. .

Observar a legislação
Tem-se uma legislação vigente, que trata de vários aspectos, como por exemplo,
necessidade de responsável técnico, local para instalação do viveiro, padrões das mudas,
dentre outros. Além do mais, deverá entrar em vigor, em breve, a exigência da produção
de mudas de citros em ambiente protegido. Portanto, recomenda-se aos viveiristas que
observem as “Normas e Padrões para a Produção de Mudas de Citros”, que podem ser
conseguidas junto ao Ministério da Agricultura e Abastecimento ou Secretaria da
Agricultura do Estado.Informações detalhadas são encontradas na INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 24, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2005 DO MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA e na PORTARIA NÚMERO 065/2004, DA SECRETARIA DA
AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

No caso de citricultores que queiram adquirir mudas, recomenda-se os


seguintes cuidados:

Conhecer a procedência das mudas.


Estas devem ser adquiridas de viveiristas idôneos, registrados no Ministério da
Agricultura. Jamais deve-se adquirir mudas de caminhões de venda ambulante, pois não
há registro de procedência das mudas, normalmente apresentando sérios problemas de
sanidade.

Escolha das variedades copa e porta-enxerto:


A escolha e o uso de um porta-enxerto podem significar a diferença entre o
sucesso e o fracasso de um pomar, pois afeta mais de 20 características hortícolas e
patológicas da planta, como sólidos solúveis totais, tamanho da copa e dos frutos,
resistência a moléstias e ao frio,distribuição das raízes.
Também cabe destacar os seguintes detalhes:
- limoeiro cravo é sensível à morte súbita dos citros;
- certificar-se de que não haja incompatibilidade enxerto/porta-enxerto;
- sanidade das mudas: evitar introdução de pragas e doenças não existentes.
É conveniente o uso de mais de uma variedade porta-enxerto e diversificação de
variedades copa por pomar, o que permite maiores garantias sanitárias e financeiras.

Recomendações para o transporte, recebimento e plantio das mudas:


- transporte em caminhões cobertos, lavados e desinfetados com amônia
quaternária;
- armazenar as mudas em locais com boa drenagem (não deixar muito tempo);
- manter as mudas antes do plantio longe de pomares com doenças (cancro);
- no momento do plantio recomenda-se pulverizar as plantas com cobre (0,1%
Cu);
- Cortar raízes enoveladas (3 cm);
- manter o substrato umedecido;
- molhar bem a muda após o plantio.
ADUBAÇÃO DE POMARES DE CITROS

As plantas cítricas apresentam, em sua composição, grande número de


elementos, que em geral são absorvidos do solo, através das raízes, porém, a planta só
necessita de alguns deles para crescer e multiplicar-se.
Somente 15 elementos são indispensáveis para que a planta cresça e se
reproduza. Eles são: C - carbono, O - oxigênio, H - hidrogênio, N - nitrogênio, P -
fósforo, K - potássio, Ca - cálcio, Mg - magnésio, S – enxofre, B - boro, Cu - cobre, Fe -
ferro, Mn - manganês, Mo - molibdênio e Zn - zinco.
Além desses elementos, o Na - sódio, o Cl - cloro e o Si - silício também podem
exercer efeito nutricional, porém o silício só é importante em determinadas espécies de
plantas, principalmente gramíneas, ao passo que a ação do Na e do Cl, embora benéfica,
também pode ser exercida por outros nutrientes.
O carbono e o oxigênio são absorvidos do ar e o hidrogênio é fornecido pela
água. Tanto o ar como a água são duas fontes muito abundantes em nosso planeta e,
assim sendo, as plantas só não se nutrem abundantemente deles em casos excepcionais.
Assim, restam só 12 elementos minerais, que são considerados nutrientes
essenciais. Eles são absorvido pelas raízes e sua disponibilidade, no solo, deve ser
adequada, para atender as necessidades vitais e o bom desempenho das plantas, em
crescimento e produção de frutos.
Os nutrientes N, P, K, Ca, Mg e S são denominados de macro-nutrientes, porque
eles são requeridos em quantidades maiores do que o B, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn, que são
considerados micro-nutrientes.
Em geral, os solos considerados férteis, contêm os nutrientes essenciais em
quantidades e proporções adequadas, principalmente quando o teor de matéria orgânica
for superior a 3 ou 4%. Contudo, solos que foram cultivados durante vários anos, ou
mal utilizados e erodidos, freqüentemente são deficientes em um ou vários nutrientes
essenciais. Alguns solos, mesmo sendo inexplorados, também podem apresentar
deficiências de nutrientes minerais, devido ao processo de origem e formação.
Em solos deficientes, as raízes das laranjeiras têm dificuldade em absorver um
ou vários nutrientes, em quantidades e proporções adequadas, para o satisfatório
crescimento e frutificação, sendo conveniente ao citricultor corrigir as deficiências
através de adubações e/ ou calagens (Koller, 2002).
Entretanto, antes de fazer adubações, o citricultor deve ter certeza de que,
efetivamente, as laranjeiras estão encontrando dificuldades em absorver determinados
nutrientes. Além disso, também é conveniente verificar quais são os motivos das
deficiências, porque às vezes certos nutrientes podem estar presentes em quantidades
suficientes no solo, porém sua disponibilidade para as raízes pode estar limitada pelo
pH inadequado.
As plantas bem nutridas são mais resistentes ao ataque de doenças e pragas,
sendo que cada nutriente afeta características importantes no comportamento das
plantas, principalmente na produtividade e qualidade físico-química dos frutos
(Biggi,1986; Malavolta et al, 1989; Rodrigues, 1991; Koller, 1994).

Importância dos nutrientes

Importância dos Macro-nutrientes

Nitrogênio. Em quantidades adequadas, o N favorece o crescimento, a brotação


e a frutificação, porém, em plantas bem nutridas os frutos são menores. Em excesso ele
torna os tecidos suculentos e frágeis, aumentando a suscetibilidade a diversas doenças
(gomose, cancro cítrico) e insetos-pragas (larva minadora); os frutos se tornam muito
grandes e de casca grossa e de coloração deficiente, diminuindo seu valor comercial.
Fósforo. Boa disponibilidade de P favorece o desenvolvimento das raízes e o
crescimento inicial das plantas; aumenta os teores de suco e sólidos solúveis dos frutos
(Zanette, 1977). Estes são menores, mais compactos (Figura 8.5), apresentam casca
mais fina, mais colorida e menos rugosa.
Potássio. Este nutriente é um catalisador do metabolismo da planta (Koo, 1983);
ele não tem grande influência no número de frutos produzidos, mas aumenta o tamanho
dos mesmos, a espessura da casca e a acidez do suco. O K enrijece os tecidos da planta,
tornando-a mais resistente ao ataque de doenças e insetos-praga.
Cálcio. O Ca é o nutriente que é absorvido em maior quantidade pela planta. Ele
favorece o crescimento do sistema radicular e consequentemente a absorção de outros
nutrientes, entretanto, quando presente em quantidade excessiva no solo, o Ca inibe a
absorção de Mg e K.
Magnésio. Ele é um dos principais constituintes da molécula de clorofila, sendo
assim muito importante para a fotossíntese. O Mg está presente em maior quantidade
nas folhas e nos frutos, particularmente nas sementes, por isso as variedades cujos frutos
possuem sementes são mais exigentes em Mg (Rodrigues 1980). Nos solos deficientes
em Mg, este nutriente se desloca das folhas velhas (Figura 3) ou maduras para as folhas
novas e para os frutos. Agravando-se a deficiência, as folhas velhas tornam-se cloróticas
e caem, diminuindo a fotossíntese e a produção das árvores, que se tornam mais
sensíveis a danos por geadas e pulverizações com óleos minerais (Malavolta, 1983).
Enxofre. O S está presente em aminoácidos e proteínas. O S é um dos
componentes da matéria orgânica do solo, de adubos orgânicos, de diversos fertilizantes
químicos e também de fungicidas. O S também está presente em emanações gasosas de
erupções vulcânicas. Assim sendo, são raros os casos em que há necessidade de fazer
adubações específicas com S.

Importância dos micro-nutrientes

Boro. A presença de B é importante na planta para facilitar o transporte de


açucares, promover a síntese de pectinas e a divisão celular. Deficiências de B causam o
espessamento do albedo da casca dos frutos, presença de goma, abortamento de
sementes e intensa queda de frutos novos (Malavolta et al, 1989).
Cobre. Em geral o Cu está presente em diversos fungicidas utilizados para o
controle de doenças, como a calda bordalesa, sendo raros os casos de deficiências, que
existindo, se evidenciam pela diminuição do número de brotações, porém estas, embora
esparsas, são vigorosas e apresentam folhas bem maiores do que o normal. Com o
agravamento da deficiência pode ocorrer a morte de ramos novos, prejudicando a
frutificação (Chapman, 1968). Entretanto, os países afetados pelo cancro cítrico, como
na Argentina, Uruguai e nos estados da Região Sul do Brasil, as pulverizações com
produtos cúpricos, recomendadas para o controle dessa doença e de outras como a
verrugose, pinta preta e alternária, podem redundar em problemas de uso excessivo,
refletindo-se em toxidez às plantas. Esta pode manifestar-se através de redução do
crescimento, queda de folhas, diminuição da frutificação e diminuição do tamanho dos
frutos.
Ferro. O Fe entra na composição de enzimas e é importante na formação da
clorofila. Sua deficiência pode provocar queda de folhas novas, morte de ramos novos e
formação de frutos pequenos pouco coloridos (Biggi, 1986). No brasil, cujos solos
geralmente são ácidos e bem providos de Fe é muito rara a ocorrência de deficiências.
Manganês. Deficiências de Mn provocam o aparecimento de manchas cloróticas
irregulares, principalmente em folhas novas. Segundo Chapman (1968), em vários
estudos realizados na Califórnia, deficiências fracas não afetam a produtividade das
plantas, como também observaram Peliser (1991) e Peliser et al (1993), mas podem
desmerecer a coloração da casca e do suco e aumentam a flacidez do fruto. Entretanto
deficiências fortes e persistentes podem reduzir a produção em 7 a 19%. Em solos
ácidos é mais raro, acorrerem deficiências de Mn, sendo que Zanette et al (1978)
verificaram que adubações nitrogenadas, com sulfato de amônio, aumentam a absorção
de Mn; esse efeito sinergético do N pode estar relacionado com a acidificação do solo,
causada pelo sulfato de amônio. Já em pomares submetidos a calagens as deficiências
de Mn podem se manifestar com certa freqüência, tanto assim que, em regiões próximas
aos vales dos rios Caí e Taquari, no Rio Grande do Sul, aproximadamente 40% dos
pomares revelaram-se carentes deste nutriente (Koller et al, 1986).
Molibdênio. o Mo é indispensável para a redução de nitratos na planta e atua na
biossíntese de proteínas e ácidos nucleicos (Biggi,1986). Deficiências podem acontecer
em solos muito ácidos, arenosos e orgânicos, e por excesso de adubações nitrogenadas
(Malavolta et al (1989). Em casos de deficiência surgem manchas amarelas nas folhas e
quando a deficiência se acentua ocorre intenso desfolhamento das árvores. Na parte
externa da casca dos frutos podem surgir manchas marrons com halo amarelo, que
depreciam o aspecto dos frutos mas não atingem o albedo (Chapman, 1968). As
deficiências são mais comuns em solos ácidos e nos arenosos. O Mo é facilmente
perdido por lixiviação, sendo arrastado para camadas mais profundas do solo.
Zinco. o Zn exerce funções muito importantes na planta, sendo indispensável
para a síntese do triptofano, que é um precursor do ácido indol-acético (AIA). Segundo
(Malavolta et al (1989), carências de Zn podem ocorrer em solos pobres, arenosos e
muito ácidos, quando se efetuam calagens ou adubações fosfatadas excessivas.
Deficiências de Zn diminuem as brotações, cujas folhas novas diminuem de tamanho,
tornam-se afiladas e apresentam manchas cloróticas entre as nervuras (Figura 2),
podendo ocorrer a morte de ramos terminais. O florescimento e a produção de frutos
diminuem, sendo que estes se tornam menores, pálidos e com baixo teor de suco
(Rodrigues, 1983). Carências de Zn são freqüentes no Brasil, sendo que, num
levantamento feito no Rio Grande do Sul, Koller et al (1986) verificaram que, em
aproximadamente 80% dos pomares da região produtora dos vales dos rios Caí e
Taquari, as plantas apresentavam-se deficientes.
As deficiências podem ser corrigidas mediante pulverizações foliares com
sulfato de zinco, preferentemente durante os fluxos de brotação primaveril (floração) e
em novembro/dezembro. Entretanto, Koller et al (1979) e Peliser et al (1993)
verificaram que se a carência for fraca as adubações não redundam em aumento da
frutificação.

Métodos para avaliar a necessidade de adubação de pomares

Há diversos métodos para avaliar a necessidade de adubação, alguns dos mais


importantes serão abordados a seguir. Todos apresentam vantagens e desvantagens, mas
nenhum deles é perfeito. Por isso, é melhor basear as adubações em mais de um método
de avaliação.

Análise do solo
Antes de iniciar a instalação de qualquer pomar é muito importante analisar o solo, para
conhecer a fertilidade inicial do mesmo, principalmente para corrigir a acidez, com
calcário ou cinzas e/ou fazer uma adubação corretiva, principalmente com fósforo. Isto,
porque o calcário e o fósforo quase não se movem no solo, então é muito importante
incorporá-los a profundidades desde 0 até 20 a 40cm, bem misturados com a terra, antes
do plantio. Em pomares adultos as raízes se distribuem em todo o terreno, não sendo
mais recomendada a incorporação de adubos e calcário em profundidade, porque a
lavração causaria o rompimento de grande número de radicelas e raízes, debilitando as
árvores e causando ferimentos que facilitariam a penetração de doenças, principalmente
da gomose, causada por Phytophthora sp.
Quando o pomar já estiver estabelecido, é aconselhável fazer análises de solo a
cada três ou quatro anos, para verificar como está o pH, a disponibilidade e a proporção
de nutrientes, uns em relação aos outros. Pode-se assim corrigir desvios de adubação.

Análise foliar
Todos os nutrientes absorvidos pelas raízes são transportados para as folhas,
onde geralmente eles são metabolizados, para entrar na constituição de diversos
compostos, ou atuar como co-fatores de reações bioquímicas. Assim sendo, a análise
química da matéria seca das folhas permite detectar a quantidade de nutrientes nelas
presentes, possibilitando, através da comparação com padrões já estabelecidos, avaliar o
estado nutricional da planta e do pomar.
A análise foliar é considerada como um dos melhores métodos de avaliar a
necessidade de adubação, porque, em princípio, ela indica se, nas condições de
ambiente do pomar, as raízes conseguem absorver quantidades adequadas de nutrientes
ou não. A diagnose foliar do estado nutricional de uma planta se fundamenta no
princípio de que aumentando a disponibilidade de um nutriente no solo, a absorção
pelas raízes aumenta, elevando o teor do mesmo nas
folhas.
Deve-se levar em consideração que, com a
mesma taxa de absorção radicular, a concentração de
um nutriente na folha se modifica com a época do
ano, idade da folha e presença ou não de frutos no
ramo do qual foi coletada a folha. Portanto é
necessário padronizar as folhas coletadas para análise.
Em geral, se recomenda coletar as folhas recém
amadurecidas, com 5 a 7 meses de idade, nos meses
de janeiro a março, de ramos frutíferos, que se
formaram na brotação primaveril. Deve-se escolher
da segunda à quarta folha, a partir do fruto (Figura 1).
Para identificar melhor a idade das folhas é
preferível coletá-las de ramos frutíferos, escolhendo a
3ª e/ou 4ª mais próxima do fruto (Grupo Paulista de
Adubação e Calagem para Citros, 1994), como se
pode observar na Figura 1. Essas folhas se formam
por ocasião da brotação primaveril, assim sendo,
coletando-as nos meses de fevereiro a março, 5 a 7
meses depois da floração, elas estarão com essa idade.
Por amostra colhem-se 4 a 5 folhas de cada
quadrante da planta, ( N, S, L e O), na altura mediana
da copa, de 8 a 10 plantas, bem distribuídas, em áreas
de terreno uniforme, no pomar.
As folhas devem ser acondicionadas em sacos plásticos ou de papel, mantidos
sempre à sombra e enviadas para o laboratório até 2 dias após a coleta. Se houver
demora maior, as amostras acondicionadas em sacos plásticos devem ser mantidas em
refrigerador, em temperaturas entre 4 e 6º C e as folhas acondicionadas em sacos de
papel devem ser secadas ao sol.
Para efetuar a diagnose do estado nutricional do pomar, os teores foliares de
nutrientes revelados pela análise foliar, devem ser comparadas com padrões de teores
foliares, como os utilizados pelo Grupo Paulista de Adubação e Calagem (1994),
apresentados na Tabela 1. Os teores adequados dos padrões baseiam-se em análises
foliares de plantas sadias e produtivas.
Se os teores de nutrientes da análise estiverem na faixa adequada é sinal de que
não há necessidade de adubar, ou se o pomar estiver sendo adubado, deve-se continuar
adubando com as mesmas quantidades que vinham sendo usadas. Quando os teores de
alguns nutrientes estiverem baixos, deve-se incluí-los na adubação, ou aumentar as
doses que vinham sendo utilizadas. Da mesma forma, se os teores foliares forem
excessivos, deve-se parar de adubar, ou diminuir as doses dos nutrientes que estavam
sendo aplicadas, nas adubações subseqüentes.

Exportação de nutrientes
Cada fruta cítrica colhida contém certa quantidade de nutrientes, que foram
absorvidos pela planta. Portanto, com a colheita e o consumo de frutos, fora do pomar,
são retirados ou exportados nutrientes, que foram extraídos do solo. A quantidade de
nutrientes que é exportada, por unidade de área, depende do seu conteúdo nos frutos e
da quantidade de frutos produzidos.
A análise química dos frutos revela seus teores de nutrientes e, conhecendo-se a
produtividade do pomar, pode-se calcular a quantidade de cada nutriente que é
exportada pela colheita (Tabela 2). Em princípio, a quantidade exportada deve ser
devolvida ao solo do pomar, através de adubações, para manter a fertilidade.
O conhecimento da quantidade de nutrientes exportada é um fator valioso para
determinar a necessidade de adubação de um pomar, entretanto outros aspectos também
devem ser levados em consideração, tais como: a reciclagem de nutrientes no solo;
perdas de nutrientes por lixiviação ou erosão; fixação de nutrientes pelo solo, em formas
não assimiláveis pelas raízes; e imobilização de nutrientes pelas árvores na formação de
raízes, tronco, ramos e folhas.
Sintomas de deficiência
Plantas que enfrentam carências nutricionais evidenciam sinais de deficiência
dos nutrientes que não são absorvidos em quantidade suficiente, tais como: cloroses e
alterações na forma e/ou tamanho das folhas (figuras 2 e 3); atraso ou diminuição da
taxa de crescimento; morte de ramos novos; redução ou falta de floração e frutificação,
e anomalias nos frutos.
Conhecendo-se os sintomas típicos de deficiência de cada nutriente, a maioria
dos quais já foram identificados em pesquisas, pode-se saber se existem carências
nutricionais no pomar e qual ou quais são os nutrientes que estão faltando.
Alguns sintomas de deficiência podem ser identificados através da comparação
com fotografias existentes na bibliografia especializada Koller et al (2006). Entretanto a
identificação de nutrientes deficientes se torna mais difícil, quando no pomar existem
carências simultâneas de dois ou mais nutrientes. Neste caso os sintomas podem se
mascarar, uns pelos outros, tornando difícil a identificação.
Além disso, para fazer o diagnóstico é necessário verificar se os sintomas se
apresentam em vários ramos de uma árvore e em várias plantas do pomar, porque às
vezes outros problemas, como ferimentos e lesões provocadas por doenças, insetos-
praga e danos mecânicos, que interrompem a circulação da seiva, num ramo isolado, ou
no tronco e/ou sistema radicular de uma árvore, provocam sintomas de deficiência que
não são decorrentes de baixa disponibilidade de nutrientes no solo.

Recomendações de adubação
Em muitos livros, revistas e boletins técnicos são feitas recomendações de
adubação para pomares de citros. Entretanto, uma rápida reflexão sobre os fatos que
foram abordados em itens anteriores, permite deduzir que nenhuma delas deve ser
aplicada indiscriminadamente, em qualquer pomar. Sempre há necessidade de ajustes,
em função da região, clima, solo, variedades, idade das plantas, presença de pragas e
sistemas de manejo utilizados em cada pomar.
Portanto, as recomendações de adubação, mesmo que tenham sido elaboradas
criteriosamente, apenas servem como importantes instrumentos, para orientar técnicos e
citricultores, sobre as quantidades de adubos que, em geral, são requeridas por um
pomar de citros. Existem raras circunstâncias em que uma recomendação de adubação
pode ser aplicável ipsis líteris, em outras, dependendo das condições em que se encontra
cada pomar certos nutrientes podem ser requeridos em maior ou menor quantidade e,
também existem situações em que a aplicação de alguns nutrientes, é totalmente
dispensável e até prejudicial.
O conhecimento desses aspectos é muito importante, porque, se não forem
verificadas as reais necessidades de cada pomar, o uso indiscriminado de
recomendações de adubação pode causar problemas, tais como gastos desnecessários,
baixo desempenho produtivo do pomar, desequilíbrios nutricionais e fitotoxidez de
nutrientes aplicados em excesso, durante um ou vários anos.
Feitas essas importantes ressalvas, quanto aos benefícios e problemas que podem
resultar, com o uso indiscriminado de recomendações de adubação, somente a título de
orientação, será apresentada, a seguir, a recomendação para os estados do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina, feita pela Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC
(2004).

Recomendação de adubação para os citros nos estados do Rio Grande do


Sul e Santa Catarina
A quantidade de nutrientes requerida por uma árvore, em pomares de citros,
depende de diversos fatores, dentre os quais, principalmente do tamanho das plantas, do
espaçamento de plantio (número de árvores/ha) e da produtividade, obtida ou esperada
anualmente. Por isso as recomendações foram feitas por unidade de área, ou seja, por
hectare e não por planta. Se houver interesse em determinar as quantidades de nutrientes
a serem aplicadas por planta, bastará dividir a quantidade de adubos recomendada/ha
pelo número de árvores existentes num ha.

Adubação pré-plantio.
A adubação a ser feita antes do plantio do pomar deve ser feita com base nos
resultados da análise química do solo. Em geral a calagem e a adubação corretiva com
fósforo e potássio devem ser feitas em área total e a incorporação ao solo deve ser
profunda, mediante lavração, seguida de gradagem para misturar bem o calcário e os
adubos com a terra.
Quando nos primeiros anos após o plantio do pomar o espaço que fica livre,
entre as linhas de laranjeiras, não for utilizado para culturas intercalares, a adubação
pré-plantio e a calagem podem ser feitas em faixas, só nas linhas de plantio e, dois a três
anos mais tarde se incorpora o calcário e os adubos entre as linhas,
As doses requeridas para as adubações corretivas de fósforo e potássio são
apresentadas na Tabela 8.15, sendo que a adubação potássica pré-plantio somente será
necessária se forem plantadas culturas intercalares no pomar, ou se houver interesse em
estimular e acelerar o crescimento de vegetação expontânea entre as linhas de árvores
cítricas.

Adubação pós-plantio do pomar


As recomendadas de adubação apresentadas a seguir se destinam a pomares de
laranjeiras plantadas em espaçamento de aproximadamente 3X7m, comportando
aproximadamente 475 árvores/hectare.

Adubação nitrogenada de crescimento


As adubações com nitrogênio, recomendadas desde o 1º até o 4º ano de idade do
pomar em crescimento constam na Tabela 4.
Adubação nitrogenada de produção
Para pomares com produção de até 20 toneladas de frutos/ha, continuar usando
anualmente as quantidades de N recomendadas para o 40 ano e para cada 10t./ha de
incremento real e/ou esperado da produção de frutos, aumentar em 40kg/ha a adubação
anual com N.
Quando o teor foliar de N, acusado pela análise foliar, for superior a 2,7g/kg-1,
reduzir a dose de N em 20% e quando ela for inferior a 2,3g/kg-1 aumentá-la em 20%,
sem ultrapassar porém a dose de 300kg de N/ha, principalmente em solos com mais de
2,5% de matéria orgânica.

Adubação pós-plantio com fósforo


Nos pomares cujos solos receberam adubação corretiva de fósforo, se os teores
foliares desse nutriente não forem inferiores a 0,13g/kg-1, não há necessidade de fazer
adubações posteriores, de crescimento ou manutenção.
Se as análises foliares e/ou de solo acusarem deficiência, deverá ser realizada
uma adubação de cobertura, com as quantidades indicadas pela análise de solo para a
profundidade de 0-20cm, conforme consta na tabela 3. Embora o efeito dessas
adubações seja lento, porque o P é pouco móvel no solo; mesmo assim, não se deve
fazer a incorporação do adubo ao solo, para evitar ferimentos nas raízes, que as tornem
suscetíveis ao ataque da gomose ou de outras doenças.

Adubação potássica de crescimento


As quantidades de potássio recomendadas para pomares em crescimento são
apresentadas na Tabela 5.

Adubação potássica de produção


Do 5° ano em diante, deve-se continuar usando as doses recomendadas para o 40
ano, estimada para uma produção de 20 ton/ha de frutos, porém adicionando 60kg de
K2O/ha anualmente, para cada aumento real e/ou esperado da produção de 10 ton./ha,
independentemente da disponibilidade natural do solo.
Quando a análise foliar acusar mais de 1,5g/kg-1 de potássio, diminuir em 20%
as doses que estavam sendo usadas e, ao contrário, quando o teor foliar for inferior a
1,0g/kg-1, aumentar as doses em 20%, sem, entretanto, ultrapassar a quantidade de
400kg/ha, principalmente em solos com disponibilidade natural superior a 40mg/L de
K2O.
Adubação orgânica
A composição de máteriais orgânicos disponíveis é
bastante variável, dificultando a realização de recomendações de
adubação generalizadas.
Em princípio, nas adubações orgânicas não é necessário
aplicar as doses de nutrientes que seriam requeridas em adubações
químicas, porque a liberação geralmente é mais lenta e gradual;
além disso, a disponibilização de nutrientes, pelas adubações
orgânicas é maior do que com adubações químicas, porque os
adubos orgânicos ativam a microflora e fauna, melhorando as
propriedades físicas do solo.
Em função desses aspectos, simplesmente a título de
orientação, sugere-se o uso de doses, de adubos orgânicos,
próximas das que são apresentadas na Tabela 6, para os primeiros
quatro anos de idade do pomar.
Do quinto ano em diante, para uma produção de 20 toneladas/ha de frutos, usar a
mesma dose do quarto ano, acrescentando anualmente 25%, para cada aumento real ou
esperado da produção de 10 toneladas de frutos/hectare. Fazer análises foliares anuais
ou bienais, para verificar a necessidade de aumentar ou diminuir as doses.

Posicionamento dos fertilizantes nas adubações


As maneiras de localizar a distribuição dos adubos, em relação à posição das
plantas e dimensões de suas copas, são sugeridas na Tabela 7. Ao passo que na Figura 4,
podem ser observadas e melhor entendidas as diversas formas de distribuir os adubos,
superficialmente, sobre o solo, em relação às copas das árvores, sem incorporá-los ao
solo.

A recomendação de distribuição superficial dos adubos, sem incorporá-los ao


solo, se deve a estudos sobre sistemas de adubação realizados por Koller & Barradas
(1979), que testaram diversas formas de adubação e concluíram que é preferível aplicar
os adubos na superfície do terreno, na periferia e debaixo da copa, tanto em solos
arenosos como naqueles de textura franco-argilosa.
Épocas e parcelamento das adubações
As épocas mais recomendadas para realizar adubações são apresentadas na
tabela 8, sendo que, em pomares que estão afetados pelo cancro cítrico (Xanthomonas
axonopodis pv. citri), ou naqueles situados em zonas de risco, próximas de outros
pomares já afetados, para não estimular ou agravar o ataque dessa doença, não devem
ser feitas adubações nitrogenadas no verão; neste caso, suprime-se a aplicação de N em
novembro/dezembro.
Pelo mesmo motivo, adubações orgânicas (ricas em N), só devem ser realizadas
no período de abril a julho, durante o qual o frio inibe a brotação das plantas.
Em regiões assoladas por geadas precoces ou do cedo, não se deve retardar a
adubação nitrogenada além dos meses de março/abril, para evitar riscos de danos de
frio.
No caso de serem evidenciadas deficiências de Mn, Zn e Mg, é recomendada a
adubação foliar, podendo-se diluir em 100 litros de água: 200 a 300g de sulfato de
manganês, 300 a 500g de sulfato de zinco e 2 a 3 kg de sulfato de magnésio. no caso de
adubações foliares com Zn e/ou Mn, a adição de 2% de uréia aumenta a absorção dos
micro-nutrientes.
PRÁTICAS PARA QUALIDADE DOS FRUTOS

PODA DE FRUTIFICAÇÃO

Na citricultura fatores como coloração, tamanho e sanidade dos frutos, entre


outros, são fundamentais e devem ser trabalhados de forma a atender o desejo dos con-
sumidores. Neste sentido, a poda visando equilibrar a frutificação com o crescimento
vegetativo em plantas cítricas vem sendo utilizada há várias décadas em países como
Itália, Espanha, EUA, e outros e, mais recentemente no Uruguai, onde também já é
prática rotineira. A produção de frutas por árvore depende de uma relação adequada
entre seiva bruta e seiva elaborada, o que sugere manter uma proporção favorável entre
a absorção de nutrientes pelas raízes e fotossíntese realizada pelas folhas.
Com a poda buscamos ter na planta uma relação ideal de folhas/madeira/frutos,
pelo princípio básico de um melhor aproveitamento da luz e de estímulos ao
crescimento de novos ramos.
Uma luminosidade adequada no interior da copa permite um maior número de
brotações, com, conseqüentemente, maior número de frutos nesta área. É comum
verificar que, em laranjeiras e bergamoteiras, copas muito sombreadas deixam de
produzir no seu interior, ficando a área produtiva restrita a camada superficial da planta.
Além disto, a poda de produção efetuada logo após a caída natural dos frutos terá o
efeito raleador de frutos, diminuindo ou tornando desnecessária esta prática.
Ao mesmo tempo que este raleio de ramos permite corrigir ramos mal situados,
a maior quantidade de luz evitará doenças como rubelose (Corticium salmonicolor) e
camurça (Septobasidium pseudopedicellatum) que causam o secamento de galhos.
Para o planejamento e realização da poda dos citros, no que tange a época e
intensidade, é importante levar em conta fatores como variedade copa e porta-enxerto,
idade das plantas, clima, época de brotações, solo, carga de frutos e tamanho final dos
frutos a ser buscado. A poda deve começar pelos ramos secos, doentes, velhos e mal
localizados. Deve-se evitar cortes que venham a deixar um “vazio” na planta, cortes na
área superficial que só irão gerar brotações onde já há muita vegetação, sombreando
ainda mais o interior da copa e também a própria descontinuidade anual desta prática.
A poda de produção é, portanto, uma prática de grande auxílio ao citricultor,
equilibrando o crescimento vegetativo com a frutificação, evitando alternâncias de
produção e melhorando não só a qualidade, como a produtividade dos pomares.

RALEIO DE FRUTOS

O raleio de frutos é uma prática fundamental, especialmente em bergamotas, com


resultados altamente positivos como se descreve a seguir:
- Evitar a alternância de produção de um ano para outro.
- Aumentar o tamanho dos frutos colhidos.
- Evitar quebra de galhos com muita carga.
- Favorecer o crescimento adequado de plantas novas.
- Aumentar a rentabilidade do citricultor.
As variedades mais sujeitas a alternância de produção e que mais necessitam de
raleio são: Bergamotas Comum/Caí, Montenegrina, Parecí, Murcott, Ponkan, Satsuma,
Clemenules, Marisol, Dancy, entre outras.
Em laranjas, embora esta prática seja menos necessária, em anos em que há
excesso de carga o raleio pode ser vantajoso.
A época de fazer o raleio é que vai determinar o maior ou menor resultado desta
prática. De maneira geral quanto antes, ou seja logo após a caída natural de frutinhos
que ocorre, em nossas condições, em novembro/dezembro, o citricultor fizer a retirada
dos frutos em excesso, melhor será o resultado obtido Muitos citricultores esperam para
ralear os frutos entre fevereiro e abril a fim de venderem os frutinhos às indústrias de
óleo essencial. Este atraso retira a maior parte dos benefícios do raleio especialmente
quanto ao tamanho dos frutos e principalmente em evitar a alternância de produção.
Esta operação, normalmente, em nossas condições, é feita manualmente embora
também exista a possibilidade de raleio químico com produtos à base de etileno. Na
execução do raleio, o ideal é o produtor deixar cerca de 15 cm entre frutos, deixando em
média dois frutos por ramo de ano ao mesmo tempo que aproveita para fazer uma
seleção,retirando primeiro os frutinhos manchados e os menores.
A intensidade do raleio vai depender da carga que a árvore apresenta. Em anos
de alta produção o raleio pode chegar até 80 % do total de frutinhos e em anos de baixa
produção pode até ser dispensado.
Finalmente pode-se afirmar que para as variedades de bergamotas citadas o
raleio é prática obrigatória para a comercialização de frutos no mercado de mesa, cada
vez mais exigente em qualidade.

VARIEDADES COMERCIAIS DE LARANJA MAIS CULTIVADAS NO


RIO GRANDE DO SUL

Valência: variedade mais importante no mundo e a mais plantada no Sul do


Brasil. Apesar do nome, sua origem não é espanhola, mas a mesma é de origem
portuguesa, tendo surgido por volta de 1860 nos Açores (Saunt, 1992). Os frutos
apresentam forma esférica, cor da casca e polpa laranja, com alta porcentagem de suco e
boa relação entre açúcares totais e acidez total, peso médio de 150 -170g. A casca é
fina, levemente rugosa. São plantas autocompatíveis, produzindo um número médio de
6 sementes por fruto. Sua época de colheita no Estado de São Paulo vai de meados de
agosto a dezembro; na Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul vai de
meados de agosto a meados de fevereiro. As plantas são vigorosas, grandes, de
crescimentos eretos, muito produtivas, mas apresentam uma certa tendência à
alternância de produção. São moderadamente resistentes ao cancro cítrico.
Folha-murcha: surgiu no Estado do Rio de Janeiro, mas há divergência quanto
à sua origem, podendo ser uma mutação espontânea das laranjeiras 'pêra', 'valência',
'natal', ou mesmo da 'seleta' (Donadio et ai, 1995). Atualmente, há maior tendência em
considerá-Ia como uma mutação da laranjeira 'valência'. Os frutos se assemelham muito
ao da laranjeira 'valência', apresentam forma arredondada, levemente achatada, com alta
porcentagem de suco e boa relação entre açúcares totais e acidez total, peso médio de
150 -170g. A casca é fina, levemente rugosa, de cor laranja. São plantas
autocompatíveis, produzindo um número médio de 6 sementes por fruto. Sua época de
colheita no Estado de São Paulo vai de novembro a meados de março; na Depressão
Central do Estado do Rio Grande do Sul, vai de setembro a fevereiro. As plantas são de
vigor inferior ao da laranjeira 'valência', possui folhas enroladas, com aspecto de
murchas. São produtivas e consideradas resistentes ao cancro cítrico.

CONTROLE DO CANCRO CÍTRICO


O cancro cítrico asiático ou cancrose A, é uma doença causado pela bactéria
Xanthomonas axonopodis pv. citri Vauterin et al. (Hasse Vaut), que foi introduzida no
Brasil, procedente do Japão, em Presidente Prudente-SP, no ano de 1957. Apesar das
medidas de controle postas em prática, por exclusão e erradicação, a doença se
disseminou para outras regiões paulistas e outros Estados, como Mato Grosso do Sul,
Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Existem cinco tipos de cancro cítrico, diferenciando-se pela patogenicidade e
sintomatologia. O cancro cítrico causado pela estirpe A da bactéria X. axonopodis pv.
citri, também denominado de cancro cítrico asiático, é a forma mais importante da
doença, que afeta todas as espécies do gênero Citrus e gêneros afins, sendo uma doença
quarentenária A2 (presente, mas sob controle) para o Brasil.
A bactéria multiplica-se em condições de temperaturas entre 20oC e 35oC, sendo
ótimo para o seu desenvolvimento 28oC. Ela penetra naturalmente nos tecidos
hospedeiros, através de aberturas naturais (estômatos), durante a fase de crescimento
vegetativo (folhas, ramos e frutos novos) e/ou, em qualquer idade, desde que haja
ferimentos, que são muito comuns durante a colheita.
Para que haja penetração da bactéria sempre é necessária a presença de uma
película de água sobre a superfície dos tecidos suscetíveis da planta, como acontece
durante as chuvas, e dias com intensa neblina ou orvalho.
A bactéria não é capaz de sobreviver por longos períodos de tempo no solo, em
ervas invasoras ou em restos de culturas. Na ausência de plantas cítricas, há um rápido
declínio na população da bactéria existente no solo, porém a mesma consegue
sobreviver por vários anos em tecidos de citros desidratados. A disseminação da
bactéria a curtas distâncias dá-se através de chuvas, acompanhadas de ventos fortes,
enquanto que a longa distância dá-se por meio de mudas, frutas, materiais de colheita,
maquinas e viaturas contaminados. Na Florida, devido aos furacões a bactéria foi
disseminada por vários quilômetros na forma de aerossóis.
As espécies, híbridos e cultivares de citros apresentam grande variação na
resistência ao patógeno. Dentre os moderadamente suscetíveis enquadram-se o
tangoreiro ‘Murcott’ e a tangerineira ‘Cravo’, como moderadamente resistentes a
‘Mexeriqueira do Rio’ e tangerineiras ‘Caí’, ‘Montenegrina e ‘Dancy’, enquanto que
dentre as resistentes encontram-se a tangerineira ‘Ponkan’ e as Satsumas. Não há,
entretanto, nenhuma espécie cítrica que seja imune.

Sintomas
Os sintomas se evidenciam pela presença de lesões salientes, sobressaem nas
duas faces da folha, sem deformá-la. Inicialmente aparecem pequenos pontos eruptivos,
levemente salientes, de cor creme ou parda que, posteriormente tornam-se esponjosas,
esbranquiçadas e, em seguida, pardacentas, circundadas por um halo amarelado (Figura
5). As folhas novas são as primeiras que apresentarem os sintomas. Nos frutos surgem
manchas amarelas pequenas e superficiais que crescem aos poucos, ficando com
coloração marrom, apresentando pequenas rachaduras ou crateras ao centro. As
manchas nos frutos, de uma maneira geral são salientes, com aparência de verrugas
corticosas (Figura 5). Quando o número de lesões é grande pode ocorrer a queda dos
frutos antes desses atingirem a maturação. Nos ramos são produzidas crostas de cor
parda, também salientes (Feichtemberger 2005).

Danos
Nos casos de grande incidência da doença, em cultivares muito suscetíveis, os
principais danos consistem na queda de folhas, queda prematura de frutos e
eventualmente na morte de ramos novos.
Sua importância econômica reside nos seguintes aspectos: redução de safra;
depreciação comercial dos frutos; retardamento do desenvolvimento de plantas jovens;
elevação do custo de produção; tornar problemático o cultivo de variedades suscetíveis
(laranjeiras de umbigo, pomeleiros e limoeiros verdadeiros); existência de limitações de
ordem legal, na exportação e na comercialização de frutos e mudas produzidas em
regiões contaminadas, não cabendo indenização para pomares e viveiros erradicados
(Porto 2006).
Outras doenças, com a pinta preta e pragas, como o ácaro da leprose e as
moscas-dasfrutas, em geral, causam danos muito mais expressivos do que o cancro
cítrico.

Controle
No Brasil, desde a detecção do cancro cítrico até hoje, a legislação de defesa
sanitária vegetal do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MARA) só admite a
erradicação como método de controle dessa bacteriose. Presentemente são admitidos
quatro métodos opcionais de erradicação, segundo as condições do pomar, a critério da
Comissão Executiva da CANECC (Campanha Nacional de Erradicação do Cancro
Cítrico). O quarto método, relativo a poda drástica, foi desenvolvido por Porto (1989),
em uma empresa privada, no Rio Grande do Sul. Este método foi bastante eficiente até
o surgimento da larva minadora, porque, planta podada brota, vigorosamente, e o
referido inseto danifica as folhas, na sua fase inicial de desenvolvimento e deste modo,
facilita a infecção pelo agente causal do cancro cítrico (Porto 2004).
No estado de São Paulo o controle baseia-se em medida de exclusão e
erradicação, adotada pelo estado de São Paulo, complementado com outras alternativas,
de caráter cultural e químico, as quais são adotadas pelos demais estados da federação.
No caso do estado de São Paulo, conforme Portaria em vigor, quando constatada a
presença de sintomas em uma planta contaminada, o talhão deverá ser inspecionado por
três equipes, consecutivas. Se o número de árvores doentes ultrapassar 0,5% do total do
talhão, todo ele deverá ser eliminado. Se for menor que 0,5%, é erradicada apenas a
planta foco e as que estiverem num raio de 30 metros. Nos talhões contaminados
deverão ser feitas vistorias mensais até que nenhum sintoma seja encontrado. As
propriedades contaminadas devem ficar interditadas para a colheita até o final dos
trabalhos de erradicação, o que deverão ser realizados o mais rapidamente possível.
Durante dois anos não poderá ser feito o replantio de citros na área onde ocorreu a
erradicação. As áreas próximas às erradicadas devem ser protegidas com produtos a
base de cobre, fazendo pulverizações em vegetações novas, principalmente no período
chuvoso do ano (Feichtenberger et al., 2005).
Contudo, é muito difícil obter êxito na erradicação, pois, desde 1957, até agora,
com a legislação vigente, a doença ainda não foi erradicada do Brasil e nem mesmo do
estado de São Paulo, onde anualmente se investem milhões de reais neste sentido. Deve-
se levar em consideração que também não se conseguiu erradicar o cancro cítrico da
Argentina e do Uruguai.
Além disso, com seu enorme potencial econômico, nem o estado da Flórida-
USA, depois de diversas tentativas frustradas, conseguiu erradicá-la.
Para que o cancro seja erradicado de um pomar, é necessário que se elimine
todas as plantas contaminadas, pois basta uma remanescente para dar início à nova
epidemia. Neste particular, a maior dificuldade reside na falta de confiabilidade das
vistorias, sendo muito difícil detectar tecidos com lesões entre nas copas de plantas bem
enfolhadas, quando o nível de infecção é baixo, tanto assim que, testes de inspeção,
feitos no norte do estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro, revelaram que após 14
vistorias, efetuadas no mesmo pomar, por equipes independentes de inspetores, mais de
20% de plantas doentes não foram localizadas (Gimenes-Fernandes & Barbosa, 1999).
Nas condições do Rio Grande do Sul, considera-se que o cancro cítrico poderia
ter sido evitado, se tivesse sido impedida sua entrada no estado. A doença também
poderia ter sido erradicada, tão logo foram identificados os primeiros focos. Entretanto,
na atual situação, em que, após a introdução do “minador dos citros” a doença se
disseminou por todo quase todo estado, a erradicação é uma utopia. Ainda assim, se o
cancro cítrico fosse erradicado, seria quase impossível evitar novas infestações, com a
introdução de materiais infectados, provenientes da Argentina, Uruguai e de outros
estados brasileiros.
Assim sendo, o que resta à citricultura do Rio Grande do Sul é a adoção de
medidas de controle alternativas à erradicação, que serão abordadas a seguir

Prevenção
Medidas para evitar a presença da doença no pomar: Implantar o pomar em área
livre de cancro cítrico; Eliminar, do imóvel, toda planta cítrica que não apresentar
interesse econômico ou genético; Implantar o pomar com mudas, com garantia de não
estarem infectadas pela bactéria; estabelecer cortinas de árvores para quebra-ventos;
Permitir, no pomar, o trânsito de veículos, máquinas e implementos somente
pertencentes à propriedade; Reduzir, ao máximo, a entrada de pessoas estranhas ao
pomar; Todo o operário deverá utilizar, no imóvel, roupas e calçados desinfetados e de
uso exclusivo no pomar; Fazer a carga de frutas e descarna de mercadorias e insumos na
entrada da propriedade, a fim de evitar a entrada de caminhões e equipamentos
estranhos no pomar; Possuir material de colheita de uso exclusivo, caso não seja
possível , o material emprestado deverá ser desinfestado, antes de ser usado, imergindo-
o em uma solução de amônio quaternária, na concentração de um litro, em mil litros de
água; todos utensílios de colheita (sacolas, caixas e escadas) e veículos que tiverem
acesso à propriedade, ao entrar, deverão ser pulverizados com a solução já referida (É
necessário renovar a solução com amônia quaternária a cada dois dias, porque esse
produto perde sua atividade). Finalmente, mesmo na ausência da doença, em condições
de risco, deve-se pulverizar o pomar, com produtos cúpricos, sempre que estiverem em
fase de brotação (folhas com 12 a 30 dias).

Controle em pomares infectados


Nos pomares onde a doença estiver presente e não houver possibilidade de
erradicá-la, pode-se evitar que ela se alastre, nem cause danos econômicos expressivos,
adotando um conjunto de práticas culturais de controle, incluindo quase todas as
medidas que foram preconizadas para a exclusão.
‘O citricultor deve estar consciente de que, o sucesso no controle do cancro cítrico só é
conseguido quando são usados todos os procedimentos desfavoráveis à doença. Com
medidas isoladas não há sucesso, ou o resultado é pouco expressivo. È fundamental que
as fontes de inóculos (lesões) sejam reduzidas ao mínimo possível, porque são as lesões
as principais fontes de bactérias que causam novas infestações. Tanto isso é verdade
que, em pomares protegidos por quebra-ventos, em pesquisas desenvolvidas pela
Faculdade de Agronomia da UFRGS, com base em resultados obtidos por Theisen
(200), Theisen (2007) e Reis et al (2008), foi possível reduzir a incidência de lesões a
menos de 3% dos frutos de laranjeiras ‘Valência’ e menos de 7% em laranjeiras de
umbigo ‘Monte Parnaso’, com as seguintes práticas de controle:
-Evitar o plantio de mudas enxertadas sobre porta-enxertos vigorosos como os
limoeiros ‘Cravo’ e ‘Volkameriano’, sendo preferível usar o ‘Trifoliata’ e o citrumeleiro
‘Swingle’;
-Em pomares muito infectados, nos meses de junho e julho fazer a poda e
queima de ramos que apresentem folhas com lesões. Entretanto não se deve fazer essa
poda em períodos de brotação, como na primavera e verão, porque, nestes períodos, a
poda estimularia o surgimento de novas brotações, fora de época;
-Adubos nitrogenados, químicos e/ou orgânicos, devem ser utilizados
racionalmente. Não devem ser aplicados nos meses de setembro a fevereiro, porque o
nitrogênio estimula o crescimento da planta e se aplicado nesta época, favorece o
surgimento de brotações freqüentes e abundantes, favorecendo o cancro cítrico pela
presença constante de novos tecidos, suscetíveis à penetração das bactérias causadoras
da doença. Por isso, na Região Sul do Brasil, adubos que contenham nitrogênio só
devem ser aplicados no outono ou um pouco antes da brotação primaveril, porque
devido ao frio as plantas cítricas, geralmente, não brotam no outono/inverno, ao passo
que, a brotação primaveril, é inevitável e necessária para o florescimento e frutificação.
Além disso, nesta época, devido às baixas temperaturas, as bactérias causadoras do
cancro cítrico são pouco ativas. Portanto adubações nitrogenadas, feitas no final do
inverno, aumentam a produtividade do pomar e quase não favorecem a doença.
-Fazer pulverizações com calda bordaleza a 1% ou com outros produtos cúpricos
comerciais, na dosagem de 0,15% de cobre metálico, sempre que houver um ciclo de
forte brotação, em que as folhas estiverem com 11 a 15 dias de idade, principalmente
nas seguintes épocas: na plena floração primaveril; na brotação de novembro/dezembro
e na brotação de fevereiro/março;
-Nos intervalos das brotações, para proteger os frutos que ainda estão suscetíveis
e surtos irregulares de brotação, fazer uma pulverização com calda bordaleza a 1% ou
com outros produtos cúpricos na dosagem de
0,15% de cobre metálico em outubro (30 a 40 dias
após a plena floração) e, outra, em janeiro, 30 a 40
dias após a brotação de novembro/dezembro;
Para potencializar a ação bactericida dos
produtos cúpricos e favorecer o controle de outras
doenças (pinta preta e alternaria), pode ser
adicionado mancozeb em algumas pulverizações
cúpricas. Observou-se que a adição de 0,01% de
sulfato de zinco e 0,05% de sulfato de manganês
também aumenta a ação protetora das caldas
cúpricas.
É da máxima importância, para obter
sucesso no controle do cancro cítrico, com
pulverizações cúpricas, fazê-las sempre nos
momentos corretos, de suscetibilidade das
brotações, sendo que o cobre pulverizado exerce
proteção até 40 ou 45 dias após os tratamentos,
independente da ocorrência de chuvas. Sabendo-
se que a bactéria se dissemina e penetra nos
tecidos das plantas cítricas principalmente durante
as chuvas, em períodos de suscetibilidade, é muito

Figura 5. Sintomas de cancro cítrico


evidenciados por lesões corticosas e salientes,
importante conhecer as previsões meteorológicas e sempre fazer as pulverizações antes
das chuvas, ou nos intervalos entre uma chuva e outra, nunca depois, porque depois que
as folhas e os frutos estiverem secos a bactéria não consegue penetrar neles. Portanto, é
importantíssimo que antes de os tecidos da planta serem molhados, por chuvas, neblinas
ou orvalho, o cobre tenha sido aplicado, revestindo os tecidos e assim protegendo-os,
para eliminar as bactérias, antes que tenham condições de penetrar nos tecidos. Isso é
muito importante, porque depois que as bactérias penetraram no tecido, o cobre que for
aplicado, em pulverizações, não as atinge mais.
Pesquisas mais recentes, ainda publicadas, realizadas pela Faculdade de
Agronomia da UFRGS, em parceria com a Ecocitrus, indicam que pulverizações com
5,0% da calda Super Magro, ou com 6,0% de biofertilizante líquido da Ecocitrus
também exercem proteção contra o cancro cítrico, podendo reduzir a incidência a menos
de 7% dos frutos de laranjeiras ‘Valência’. Embora menos eficientes do que as
pulverizações cúpricas, esses produtos podem ser usados em pomares sob manejo
orgânico ou ecológico.
Portanto, se o citricultor utilizar um conjunto de medidas, que também são muito
úteis para o controle de outras doenças (pinta preta, alternária e antracnose), bem como
para a produção de frutos sadios e de boa aparência, é perfeitamente possível produzir
frutas cítricas, com um mínimo de perdas, sem enfrentar os pesados gastos da
erradicação de plantas e/ou pomares, em regiões ou estados onde a presença do cancro
cítrico se tornou endêmica.

VERRUGOSE
A verrugose encontra-se disseminada em todas as regiões produtoras de citros do
país. Sua importância é grande em pomares que produzem frutas para o consumo “in
natura”, pois os frutos afetados são muito depreciados pela doença. Ela é também
importante por contribuir para o aumento na severidade de leprose, pois o ácaro
transmissor dessa virose protege-se em frutos com lesões salientes e corticosas de
verrugose. Portanto, um bom controle de verrugose é medida obrigatória no controle da
leprose.
Há dois tipos principais de verrugose: verrugose da laranja azeda, de ocorrência
generalizada em todas as regiões citrícolas do globo, que afeta todos os órgãos aéreos de
um pequeno número de variedades cítricas, incluindo laranjas azedas, limões rugosos,
limões verdadeiros, limões Cravos, pomelos, trifoliatas, tangor, calamondin e algumas
tangerinas (Cravo, King, Satsuma) e verrugose da laranja doce, de ocorrência restrita à
América do Sul, que afeta principalmente frutos de laranjas doces e, com menor
intensidade, outras espécies de citros e gêneros afins, como algumas tangerinas, limas
doces, limas ácidas, Kunquates, pomelos e tângelos.
No Brasil, a verrugose da laranja doce é considerada a principal doença do fruto,
sendo a doença da cultura que mais consome fungicidas para seu controle. A verrugose
da laranja azeda é de importância menor, por afetar espécies e cultivares de interesse
econômico secundário. Entretanto, ela é muito importante em viveiros contendo porta-
enxertos suscetíveis, que podem ter seu desenvolvimento muito comprometido pela
doença.
Sintomas - Os sintomas gerais das duas verrugoses são muito semelhantes.
Entretanto, a verrugose da laranja azeda afeta ramos, folhas e frutos, ao passo que a
verrugose da laranja doce afeta quase que só frutos, sendo raramente encontrada em
folhas ou ramos. A verrugose é doença de órgãos em desenvolvimento. Folhas com
mais de 1,5 cm de largura, ou que tenham atingido um quarto do seu tamanho final, são
praticamente imunes. Os frutos são suscetíveis até atingirem o tamanho aproximado de
um quarto do seu diâmetro final, o que na prática corresponde ao período de 10 a 12
semanas após a queda das pétalas. Em folhas, os sintomas geralmente aparecem de 4 a 7
dias após a infecção. Em folhas e ramos novos, a doença manifesta-se de início como
pequenas manchas deprimidas de aspecto encharcado. Em seguida, com a hiperplasia do
tecido na área afetada, as lesões se tornam salientes, corticosas, irregulares, cor de mel
ou canela, espalhadas por ambas as faces da folha ou pela superfície de ramos. Em
folhas, a saliência da lesão em uma das faces corresponde a uma reentrância na face
oposta. Em frutos, as lesões são também irregulares, salientes, corticosas, de coloração
palha ou cinza escura. As lesões são maiores e mais salientes quanto mais novo for o
tecido quando do início da infecção. Quando as lesões ocorrem em grande número em
tecidos muito jovens, elas provocam deformações no órgão afetado. Em frutos, as lesões
podem coalescer e tomar grandes áreas da casca. E comum encontrar misturadas
grandes lesões, provenientes de infecções primárias, e um grande número de lesões
menores, espalhadas pela superfície do fruto, que se originam de infecções secundárias.
Em todos os órgãos infectados as lesões são superficiais, não se aprofundando no
interior dos tecidos.
Controle - O controle convencional da verrugose é feito por meio de
pulverizações com fungicidas, visando sempre a proteção de tecidos jovens suscetíveis.
A eficácia dos tratamentos depende não só do fungicida utilizado e sua dose, mas
também da época e número de aplicações feitas. As pulverizações realizadas antes da
floração das plantas são pouco eficazes. Os tratamentos devem ser iniciados quando
cerca de 2/3 das pétalas tiverem caído, visando reduzir as infecções primárias nos frutos
recém-formados, quando eles são muito suscetíveis. Recomenda-se uma segunda
aplicação de 4 a 5 semanas após a primeira, no caso de pomares com histórico de
doença severa nas safras anteriores. Em caso de ocorrência de floradas de importância
após a florada principal, os frutos provenientes dessas floradas também devem ser
protegidos. Em pomares irrigados por aspersão, recomenda-se também a realização de 2
aplicações, pois neles os níveis de infecção são geralmente maiores. Produtos cúpricos
(oxicloreto de cobre, óxido cuproso e hidróxido de cobre), benzimidazóis (benomyl,
carbendazin e tiofanato metílico) e ditiocarbamatos (ziram) vêm sendo recomendados
no controle à doença. Excelentes resultados de controle são obtidos com a utilização de
um benzimidazol ou ziram na aplicação de florada (2/3 pétalas caídas) e um produto
cúprico na pulverização pós-florada. A utilização de cobre na segunda aplicação visa
também proteger os frutos contra a melanose.
O controle de verrugose da laranja azeda em viveiros é essencial, pois os
principais porta-enxertos de citros utilizados no país são muito suscetíveis. Métodos
culturais de controle devem ser utilizados visando reduzir a severidade da doença. O
viveiro deve ser mantido livre de restos de cultura, que podem funcionar como fontes de
inóculo. As irrigações por aspersão devem ser evitadas nas 3 semanas após as brotações.
As brotações novas devem ser protegidas com fungicidas cúpricos e benzimidazóis, em
aplicações alternadas, para se prevenir um possível desenvolvimento de resistência do
fungo aos benzimidazóis.

PODRIDÃO FLORAL DOS CITROS


A podridão floral dos citros (PFC) afeta principalmente flores e frutos recém-
formados. Perdas variam em função da quantidade e distribuição de chuvas durante o
período de florescimento das plantas. A PFC foi observada pela primeira vez em 1956,
em Belize, na América Central. Atualmente, a doença é endêmica em muitas regiões
produtoras de clima tropical úmido e sub-tropical das três Américas, como: Argentina,
Brasil, Costa Rica, Jamaica, México, Panamá, República Dominicana, Trinidade e
Tobago, e Estados Unidos (Flórida). No Brasil, a PFC ocorre há muito tempo afetando
plantas de lima ácida Tahiti. No Rio Grande do Sul, a doença se constitui num dos
principais problemas da cultura, afetando as principais variedades e cultivares de citros.
Em outros estados, a doença é grave somente em anos em que chuvas contínuas
ocorrem durante o período de florescimento das plantas.
Sintomas - O fungo agente causal de PFC infecta flores, provocando lesões
necróticas de coloração róseo-alaranjada. As lesões geralmente aparecem em pétalas,
após a abertura dos botões florais, embora, em ataques severos, as lesões possam
ocorrer antes mesmo da abertura das flores, provocando a completa podridão dos botões
florais. O fungo forma acérvulos de coloração salmão-rosa sobre as lesões de flores
infectadas (Prancha 25.12). Quando as condições são muito favoráveis, as lesões se
desenvolvem rapidamente, até comprometerem todos os tecidos das pétalas, que ficam
rígidas e secas, mantendo-se firmemente aderidas ao disco basal por vários dias, ao
contrário das pétalas de flores sadias, que caem logo após sua abertura.
Os frutos recém-formados apresentam uma descoloração amarelo-pálida e caem
rapidamente, enquanto que os discos basais, os cálices, e os pedúnculos ficam
firmemente aderidos aos ramos, formando estruturas que recebem a denominação de
“estrelinhas”. Essas estruturas são típicas da doença e podem permanecer retidas nos
ramos por mais de 18 meses. Elas não são formadas durante a queda fisiológica normal
de frutos recém-formados, pois nesse caso a abcisão ocorre na base do pedúnculo,
deixando apenas uma pequena cicatriz no ramo. Em algumas situações, a doença pode
fazer com que os frutos recém-formados fiquem presos ao disco basal e terem seu
desenvolvimento interrompido. Nesse caso, os estigmas e os estiletes permanecem
aderidos aos frutos, e um vigoroso crescimento fúngico pode ser observado ao longo do
estilete persistente.
As folhas localizadas ao redor de um grande número de flores infectadas são
geralmente menores, distorcidas, de coloração bronzeada, e apresentam nervuras
espessadas, dando ao ramo o aspecto de uma roseta.
Controle - A PFC é uma doença de difícil controle. Contudo, como ela só é
severa quando o florescimento das plantas coincide com períodos de chuvas
prolongadas, todas as práticas que contribuem para antecipar o florescimento das
plantas devem merecer especial atenção. Entre essas práticas incluem-se a irrigação, o
uso de hormônios e a utilização de porta-enxertos que induzem florescimento precoce.
A irrigação por aspersão deve ser evitada durante o período de florescimento das
plantas. Contudo, caso ela se faça extremamente necessária, os pomares devem ser
irrigados à noite, para permitir um rápido secamento das partes aéreas das plantas nas
primeiras horas do dia, reduzindo o período de molhamento na superfície de órgãos
suscetíveis.
As plantas em processo avançado de deperecimento devem ser eliminadas dos
pomares. Essas plantas geralmente apresentam surtos contínuos de florescimento,
podendo funcionar como reservatórios de inóculo. Portanto, as plantas com
manifestações severas de gomose de Phytophthora, tristeza, declínio e outras doenças,
pragas e anomalias que induzam florescimentos extemporâneos, devem ser substituídas.
Os pomares devem ser mantidos em boas condições sanitárias e nutricionais.
O controle químico da doença é difícil e algumas vezes inviável. Ele somente
deve ser iniciado se o histórico da doença e as condições climáticas forem favoráveis à
manifestação severa da doença. As pulverizações com fungicidas devem visar a
proteção das flores durante o período em que elas são suscetíveis. O número de
aplicações pode variar em função das condições climáticas e da uniformidade e duração
do período de florescimento. Benomyl e tebuconazole são os fungicidas até o momento
registrados no país para o controle de PFC.

ANTRACNOSE
A antracnose em frutos geralmente ocorre quando eles são previamente
injuriados por queimaduras de sol, ventos, pragas, pulverizações inadequadas com
defensivos agrícolas, e outras causas. Contudo, em algumas variedades de tangerina, os
sintomas de antracnose podem aparecer mesmo em frutos que não tenham sido
previamente injuriados.
Sintomas - Quando a antracnose é associada a frutos previamente injuriados, as
lesões são deprimidas, firmes e secas, de cor marrom-escura a preta, geralmente maiores
que 1,5 cm de diâmetro, podendo tomar grandes áreas do fruto. Em condições de
elevada umidade, massas de esporos de coloração rosa ou salmão são formadas na
superfície das lesões. Contudo, quando a umidade é baixa, essas massas são de
coloração marrom a preta. Quando as lesões se desenvolvem em frutos que não foram
previamente injuriados, as lesões são superficiais, firmes, inicialmente de cor prata,
passando depois para marrom a cinza-escuro.
Em ramos e folhas, as lesões somente aparecem após a morte de tecidos que
apresentam infecções quiescentes, resultantes de invasões anteriores pelo fungo. As
lesões são geralmente deprimidas e apresentam frutificações típicas do fungo em
acérvulos.
Controle - Evitar ou reduzir a formação de ramos secos nas plantas, mantendo
os pomares sempre em boas condições sanitárias e nutricionais, pois o fungo frutifica
abundantemente em ramos secos. Esses ramos devem ser removidos e queimados
durante a realização do tratamento de inverno.
Os ferimentos em frutos devem ser evitados em campo e em casas de
processamento. O período de armazenamento de frutos pós-colheita deve ser reduzido
ao mínimo. A lavagem dos frutos após a colheita promove a remoção de parte dos
apressórios quiescentes da superfície da casca dos frutos, reduzindo os riscos de
infecção. Contudo, no caso de desverdecimento com etileno, a lavagem prévia de frutos
não é recomendada. O desverdecimento com etileno poderá ser evitado com atraso na
colheita, até que a maioria dos frutos atinja a coloração normal. Pulverizações pré-
colheita com ethefon podem ser feitas para melhorar a coloração dos frutos, pois elas
não tornam os frutos mais sujeitos à antracnose. O tratamento pós-colheita com
thiabendazol ou benomyl e o armazenamento dos frutos abaixo de 50C, retardam o
desenvolvimento das lesões de antracnose.

MANCHA PRETA OU PINTA PRETA


A pinta preta, ou mancha preta dos citros (MPC), afeta folhas, ramos e,
principalmente, frutos, que ficam impróprios para o mercado de fruta fresca. As perdas
provocadas pela doença podem ser muito severas, principalmente em limões
verdadeiros e laranjas doces de maturação tardia. Em ataques severos os frutos podem
cair prematuramente. A MPC já foi encontrada afetando severamente plantios
comerciais de limões verdadeiros, laranjas doces, mexericas do Rio e Montenegrina e
tangor Murcote, nos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Plantas
velhas e estressadas são geralmente mais afetadas pela doença.
Sintomas - Os sintomas da MPC em folhas, ramos e frutos são sempre mais
freqüentes nas faces da planta mais expostas aos raios solares. Em frutos, quatro tipos
principais de lesões com denominação diferentes podem ocorrer: 1) manchas duras, que
são as mais comuns e as típicas da doença. Elas, em geral, aparecem quando os frutos
iniciam a maturação. Em frutos verdes, um halo amarelado aparece circundando as
lesões. Em frutos maduros, um halo verde aparece ao redor das lesões que apresentam o
centro deprimido de cor marrom-claro ou cinza-escuro e os bordos salientes de
coloração marrom-escura. No interior dessas lesões aparecem pequenas pontuações
negras, que se constituem nos picnídios do fungo; 2) manchas sardentas, que aparecem
geralmente depois que os frutos já passaram da coloração verde para a amarelada ou
laranja. As lesões são levemente deprimidas e avermelhadas. Elas podem coalescer,
formando uma grande lesão, ou permanecer pequenas, individualizadas; 3) manchas
virulentas, que geralmente se desenvolvem no final da safra, quando os frutos já estão
maduros e as temperaturas são elevadas. Elas também podem ocorrer após a colheita,
durante o transporte e o armazenamento dos frutos. As lesões aparecem como resultado
do crescimento ou coalescência de lesões dos dois tipos anteriores, dando origem a
grandes lesões deprimidas de centro acinzentado e bordos salientes de coloração
marrom-escuro ou vermelho-escuro. No centro dessas lesões também aparecem
pontuações escuras, que são os picnídios do fungo. A casca do fruto fica completamente
necrosada na área da lesão, mas a parte interna do fruto não é afetada.; 4) manchas de
falsa melanose, que geralmente aparecem quando o fruto já ultrapassou seu período de
suscetibilidade, que é de 4-5 meses após a queda das pétalas. As lesões são minúsculas e
numerosas, negras, muito semelhantes às de melanose.
Sintomas em folhas e ramos são menos freqüentes. Lesões em folhas são muito
semelhantes às do tipo duro dos frutos, apresentando o centro necrótico deprimido de
cor cinza, os bordos salientes marrom-escuros e um halo amarelado ao redor das lesões.
Controle - As medidas de controle incluem: plantio de mudas sadias produzidas
em regiões livres da doença; remoção de frutos temporões infectados antes do início da
florada, visando reduzir a fonte de inóculo representada pelos picnídios presentes em
lesões de frutos; controle do mato nas linhas de plantio com herbicidas pós-emergentes,
antes do início da florada, visando a formação de uma cobertura morta sobre as folhas
caídas ao solo, reduzindo assim a fonte de inóculo representada pelos ascósporos
produzidos nessas folhas; eliminação de plantas em estado de depauperamento
avançado do pomar; manutenção das plantas em boas condições de nutrição e sanidade;
pulverizações visando a proteção dos frutos durante o período crítico de suscetibilidade,
de até 4 -5 meses após a queda das pétalas, com fungicidas sistêmicos (benzimidazóis)
ou de contacto (à base de cobre, ou mancozeb). A adição de óleo (0,5%) melhora a
eficácia desses produtos no controle da doença.

GREENING
O Huanglongbing (HLB), também conhecido como greening, é considerado em
muitos países como a principal doença dos citros. A doença foi primeiramente relatada
na China no século XIX e, no início do século XX na África do Sul. Hoje a doença esta
presente em todos os países da Ásia e da África. Embora o psilídeo Diaphorina citri,
vetor da bactéria estivesse presente na Europa e nas Américas, até 2004 ainda não havia
relato da ocorrência da doença nesses continentes. A partir desta data, a doença foi
constatada em pomares do Estado de São Paulo, causando grandes perdas, visto que
todas as espécies do gênero Citrus de importância econômica são suscetíveis ao
patógeno.
A bactéria causadora do HLB, pertence às proteobactérias, a qual se restringe
aos vasos liberianos (floema). Até a constatação do HLB no Brasil, estavam associadas
à doença duas espécies: Candidatus Liberibacter asiaticus, causadora da forma asiática
da doença, e tolerante a altas temperaturas (superior a 30°C) e C. Liberibacter africanus,
causadora da forma africana e sensível a altas temperaturas (25-30°C). Entretanto, testes
moleculares em plantas sintomáticas de HLB coletadas na região de Araraquara
revelaram a presença de C. Liberibacter asiaticus e de uma nova bactéria, diferente das
duas espécies de Liberibacter causadora de HLB anteriormente conhecida. Em função
dessas diferenças, propôs-se o enquadramanto em uma nova espécie denominada
Candidatus Liberibacter americanus. Os resultados dos levantamentos têm demonstrado
ser essa a uma espécie com alta ocorrência nos pomares paulistas.
Existem duas espécies de psilídeo responsável pela transmissão da bactéria
causadora do HLB, Diaphorina citri e Trioza erytreae. O inseto tem como hospedeiros
as plantas cítricas e a ornamental Murraya paniculata, popularmente conhecida como
murta, falsa murta ou murta de cheiro, e pelo menos outros três gêneros pertencentes à
família Rutaceae. Também, no Brasil, a bactéria foi transmitida experimentalmente para
Vinca roseae. No Brasil, o psilídeo, responsável pela transmissão da doença,
freqüentemente coletado em pomares com sintomas de HLB, é Diaphorina citri. Em
condições favoráveis, cada fêmea é capaz produzir 800 ovos durante seu ciclo de vida.
Os mesmos são depositados em brotações terminais, antes do completo
desenvolvimento da folha. São depositados de forma agrupada e apresentam coloração
amarela. O inseto passa por 5 estágios de ninfas e leva de 15 a 30 dias para atingir
a forma adulta. Pesquisas demonstraram que a 18°C, a fase de ovos do psilídeo
sobrevive por oito dias e a 30°C, apenas três dias, apresentando alta mortalidade a 32°C.
Já na fase de ninfa, a 18°C o psilídeo sobrevive durante 39 dias e a 30°C por
aproximadamente onze dias. Em temperatura superior a 30°C, apresentou alta taxa de
mortalidade.
Para D. citri adquirir a bactéria, é necessário um período mínimo de alimentação
em uma planta infectada de 15-30 min., a qual confere uma baixa porcentagem de
transmissão. A eficiência de transmissão está diretamente relacionada ao período de
alimentação. No entanto, o psilídeo pode transmitir a bactéria durante toda a vida, a
partir de duas a três semanas de incubação. Não existe transmissão transovariana, tanto
o adulto como ninfas são capazes de adquirir a bactéria a partir do quarto ou quinto
instares, porém apenas o adulto a transmite. O psilídeo adulto de D. citri, apresenta
sempre uma inclinação de 45° na folha, sendo esta, um característica bastante peculiar,
a qual auxilia no reconhecimento do inseto no pomar.
O psilídeo é observado nos pomares durante todo ano, mas o seu pico
populacional ocorre no final da primavera e início do verão. No período seco e frio, a
população é baixa, no entanto, o inseto permanece nos pomares apenas se alimentando.
Neste período do ano é que há maior incidência de sintomas, havendo uma manutenção
de inóculo e vetor, resultando em aumento de insetos infectivos e com isso, aumento de
transmissão da doença na primavera e verão. Nesse período, dada à menor presença de
brotações ocorre maior movimentação dos insetos em busca de alimento e de locais de
reprodução.
A transmissão da bactéria C. Liberibacter americanus também pode ocorrer por
borbulhas contaminadas que podem resultar em mudas doentes, sendo este um
importante meio de disseminação a longas distâncias.
Os sintomas do HLB iniciam em ramo ou galhos, normalmente setorizado na
plantas e, paulatinamente, progridem até atingir a planta completamente. É comum
encontrar nos pomares afetados, plantas com diferentes estágios da doença. As folhas
apresentam um mosqueado característico, constituído por pequenas áreas verde-claras
ou amarelas, mescladas com o verde normal das folhas, com ausência de paralelismo,
sem a presença de um limbo nítido com nervura central, normalmente espessa e
saliente.
As brotações afetadas são menores, as folhas mais cloróticas. A planta muito
infectada perde em parte as folhas e sua copa fica reduzida. Com a evolução dos
sintomas, há uma intensa desfolha dos ramos afetados, seca dos ponteiros e os sintomas
podem progredir para toda a copa. Vale salientar que, a partir de ramos infectados, a
bactéria transloca pela planta, até que toda a copa seja contaminada, ocasião em que a
produção torna-se desprezível. A obstrução do floema causada pela bactéria impede a
distribuição de seiva elaborada que, em conseqüência, as plantas infectadas rapidamente
tornam-se improdutivas, enquanto as novas não chegam a produzir.
Após a colheita dos frutos e intensificação do período seco, os sintomas tornam-
se mais difíceis de serem identificados. Com o prolongamento da seca ocorre a queda
das folhas, sendo aquelas sintomáticas as que caem mais precocemente.
Os frutos que apresentam sintomas de HLB são menores, mais leves, mais
ácidos e com menos açúcares que os frutos colhidos em ramos sadios. Quanto mais
afetada a planta, maior a quantidade de frutos com baixa qualidade. Estima-se que uma
planta com 20% da copa com ramos sintomáticos tem sua produtividade reduzida em
30% em relação a uma planta sadia, quando a doença atinge 50% da copa da planta, a
produtividade cai aproximadamente em 60%. Dependendo da idade e porte da planta, os
sintomas de HLB podem afetar 100% da área foliar em 3-5 anos. Estudos realizados em
outros países e observação da doença no Brasil apontam que um pomar sem cuidado
pode desaparecer totalmente em 10 anos em conseqüência do HLB, mas bem antes
disso, com aproximadamente 5-6 anos após o aparecimento dos primeiros sintomas, a
produtividade pode ser reduzida em 30% tornando o pomar economicamente inviável.
Em estádios iniciais da doença, a percepção de sintomas pode ser confundida
com outros problemas, quase sempre de ordem nutricional, exigindo a execução de
outras técnicas que possam confirmar ou não o diagnóstico visual. Os sintomas de
greeening podem ser confundidos com os de CVC (clorose variegada do citros), ou
ainda, com Gomose do citros, deficiência de zinco, nitrogênio, magnésio, manganês e
cobre.
Os sintomas da CVC apresentam pequenas manchas amarelas e irregulares na
fase superior da folha que corresponde a lesão do tipo bolhosa, de coloração palha na
fase inferior. A presença da bactéria no xilema da planta interrompe o fluxo normal da
seiva. Embora a Gomose apresente folhas amareladas com nervura central mais clara a
confirmação da doença ocorre com a presença de lesões no tronco e nas raízes. Também
os sintomas tendem a apresentar correspondência entre o amarelecimento unilateral e
presença de sintomas no tronco.
Quando as plantas do pomar apresentam deficiência de cobre há a presença de
rachaduras nos galhos, além de apresentarem as folhas dos ponteiros amareladas e os
ramos mais novos ondulados e com rachaduras. Já deficiência de magnésio tem como
sintoma típico o amarelecimento observado em quase todas as folhas, exceto na área
foliar próxima ao pedúnculo, onde forma um “V” invertido, mais freqüente em folhas
maduras. A carência de zinco provoca a redução do tamanho de folhas jovens e clorose
acentuada do limbo entre as nervuras, as folhas novas ficam estreitas e pequenas e há
um claro paralelismo quanto à distribuição das manchas cloróticas. Já a deficiência de
manganês, os sintomas são mais freqüentes nas partes sombreadas e nas folhas novas.
São manchas amareladas que aparecem entre as nervuras, porém mais pálidas que a
deficiência de zinco e mostram-se difusas.
Para o controle do HLB recomenda-se três medidas fundamentais: i) controle do
psilídeo por meios químicos ou biológico; ii) eliminação de plantas doentes
imediatamente após o aparecimento dos primeiros sintomas; e iii) uso de mudas sadias
mediante um rigorosos controle das borbulheiras e da formação das mudas em viveiros
telados, conforme é exigido pela legislação.
Nos períodos chuvosos devem ser usados produtos sistêmicos com aplicações no
tronco da planta preconizando a proteção por 90 dias, ou via solo (por 70 dias) ou via
drench (90dias). Para evitar o risco de contaminação, o controle dos psilídeos com
produtos químicos deve iniciar nos viveiros, com produtos sistêmicos a base de
imidacloprid e thiamethoxan. Nos períodos de seca, a recomendação é para uso de
inseticidas de contato, indicados para plantas com mais de quatro anos, embora o
citricultor possa optar pelos inseticidas sistêmicos.
Estudos com a vespa Tamarixia radiata, inimigo natural do psilídeo Diaphorina
citri, mostram duas formas de ação da vespa em relação ao psilídeo: i) ao depositar seus
ovos nas ninfas do psilídeo, as larvas da vespa alimentam-se do hospedeiro: e ii) na fase
adulta, quando as vespas alimentam-se diretamente das ninfas, podendo reduzir a
população de psilídeo em até 33,3%.
No Manejo Ecológico de Pragas (MEP) segue o nível de não-ação ou seja, se a
ficha de inspeção indicar que os níveis de presença de inimigos naturais estão elevados
o suficiente para diminuir ou controlar a população da praga, não é necessária a
pulverização com produtos químicos. O nível de não-ação do psilídeo é e”30% de
ramos com presença de ninfas mumificadas pela ação da vespa T. radiata. Já para o
nível de ação, o qual consiste no menor nível de infestação da praga, a qual, se
aumentar, é capaz de causar danos à planta e a produção.
Como a visualização dos sintomas de HLB é maior nas estações de
outono/inverno, nessas deverá ser realizado o trabalho de inspeção e eliminação das
plantas sintomáticas, de tal forma que nas estações de maior ocorrência do vetor
(primavera/verão) não haja inóculo para disseminação da doença. Embora a
visualização dos sintomas seja favorecida nessas estações do ano, o levantamento de
plantas sintomáticas deve ser realizado durante todo ano, principalmente em talhões
onde a doença já foi constatada.
Experiências com podas de ramos sintomáticos não têm demonstrado bons
resultados no controle da doença, tanto nos países asiáticos, como também no Brasil, ao
contrário da África do Sul, onde os sintomas são mais brandos. Neste caso apenas
plantas com mais de 5 anos, apresentando menos de 50% da copa sintomática, é
recomendada a poda drástica dos ramos. A eliminação das plantas doentes pode ser feita
arrancando a planta pela raiz ou com corte rente ao solo. Nesse caso, é preciso aplicar
herbicidas no tronco evitando-se a formação de rebrota. As medidas que visam a
erradicação de plantas sintomáticas e proibição do plantio de murta, visam à proteção
dos pomares de citros, uma vez que o reconhecimento da doença nesta planta não é
fácil, pois não apresentam sintomas específicos, como nos citros.

COLHEITA

Importante parte da produção mundial de laranjas é manuseada na forma de


suco. São em torno de 3,5 milhões de toneladas anuais, de acordo com o anuário da
FAO. Ainda assim, os volumes in natura nos mercados são consideráveis. Por exemplo,
as estimativas do IBGE indicam que no Rio Grande do Sul anualmente são consumidas
120 mil toneladas de laranjas. Havendo, então, um mercado de consumo de mesa
considerável a atender, a qualidade destas laranjas deve ser compatível com as
exigências dos consumidores. Certamente há expectativas de qualidade diferentes, que
variam de região para região, mas deve haver, no entanto, algumas características sobre
as quais há unanimidade. Entre estas, figura a porcentagem de suco. Laranjas com
gomos ou parte deles secos, sem suco, são motivo de rejeição.
Outras características, como cor de cobertura, tamanho de frutos, teores de
açúcares e ácidos, causam menos rejeição dos consumidores. Estas variáveis, todavia,
são atributos importantes e fazem parte das normas de classificação de laranjas.
A maior abertura e exposição dos mercados mundiais e, sobretudo, a acentuada
universalização das demandas dos consumidores em todos os mercados requer um
manuseio, em que a qualidade interna e externa dos frutos é apenas um dos aspectos a
ser considerado. As boas práticas agrícolas e o alimento seguro assumem proporções
igualmente importantes.

Características de qualidade de laranjas


O tamanho dos frutos é uma característica de qualidade muito importante. Na
maioria dos mercados, frutos de tamanho reduzido, quando são aceitos, são menos
valorados. Mesmo sendo uma característica genética, os fatores ambientais influenciam
significativamente no tamanho final que uma laranja pode atingir. Competição por
fotoassimilados, com folhas novas contíguas e os outros frutos, posição do fruto no
ramo e tipo de ramo são algumas das variáveis que influenciam o tamanho final do
fruto.
Em condições normais para o desenvolvimento das laranjeiras, com fertilidade
de solo e disponibilidade de água, os frutos recebem continuamente fotoassimilados das
folhas. Mesmo na proximidade do amadurecimento, este aporte contribui para um
acúmulo de matéria seca, mas o tamanho das vesículas não se altera mais
significativamente.
As modificações ocorrem externa e internamente durante o amadurecimento das
laranjas, assim como também nas demais frutas cítricas. A modificação da cor, o
aumento nos teores de açúcares e a diminuição de acidez indicam que as laranjas
atingiram o ponto de consumo. Os citros alteram a coloração da casca completamente
para o verde, quando imaturos, para amarela ou laranja quando maduros. As
modificações que ocorrem na casca (o pericarpo) podem estar descompassadas com as
alterações na polpa. Aparentemente, casca e a polpa comportam-se como órgãos
distintos, mas têm, sem dúvida, inter-relação e alguma sincronia de metabolismo
(Spiegel-Roy e Goldschmidt, 1996).
Os teores de açúcares juntamente com os teores de ácidos e o complexo
aromático constituem o paladar. Cada cultivar tem uma combinação destes fatores que
lhe confere uma característica sem par entre as demais cultivares, mesmo que
individualmente os valores de cada componente possam ser muito semelhantes
Os açúcares constituintes do suco de laranjas são a sacarose, a glicose e a
frutose. A proporção entre estes é de 2:1 :1. A concentração de sacarose aumenta
significativamente com a aproximação da maturação, tornando-se o açúcar
predominante. Já na casca, os açúcares predominantes são a glicose e a frutose. De 75 a
85% dos sólidos solúveis totais medidos em °Brix (graus Brix) por refratômetro em
cítricos são açúcares.
Quanto aos ácidos, as polpas das laranjas contêm basicamente ácido cítrico
Outros ácidos, como o ácido málico, também são encontrados no suco, mas em
quantidades muito menores. As cascas das laranjas também contêm ácidos, mas as
quantidades encontradas somam apenas cerca de 5% do total de ácidos encontrados no
suco (Monselise, 1986).

Ponto de colheita
Monitorar as alterações externas e internas das laranjas, para definir padrões e, a
partir destes padrões, fazer inferências sobre o estádio de desenvolvimento sempre foi e
será um anseio para indicar o ponto de colheita com maior segurança. A colheita
antecipada ou feita muito tardiamente tem efeitos consideráveis sobre os frutos que irão
se manifestar, provavelmente, na mesa do consumidor.
prejuízo da colheita antecipada advém principalmente da menor qualidade
interna: maior acidez e menos açúcares, o que resulta em um paladar muito ácido. Em
algumas espécies cítricas, como limão, por exemplo, também a falta de suco é altamente
negativa. Por outro lado, a colheita tardia resulta em frutas de casca menos resistente e
com manchas de senescência, que prejudicam a aparência.
Para indicar o ponto de colheita ideal, determinar a intensidade da atividade
metabólica, um método de maior precisão. Analisar, no entanto, a produção de dióxido
de carbono (CO) ou o consumo de oxigênio (0 2) das laranjas não é um método expedito,
sendo necessárias análises por um período continuado de tempo. Sobretudo, ainda no
caso das espécies cítricas, o padrão de respiração não melhora esta informação, porque
o padrão de respiração dos citros, assim como nas demais espécies não climatéricas, é
de um lento e gradual decréscimo da produção de CO2 nos estádios finais de
desenvolvimento.
Juntamente com a respiração, a produção de etileno, o hormônio de maturação
também não é de grande auxílio. A queda na produção de etileno durante os estádios
finais de amadurecimento acompanha o mesmo padrão da produção de CO2. Assim
como a respiração, a determinação da produção de etileno necessita de análises por
algum período para definir um padrão.
Para determinação do ponto de colheita, então, devem ser utilizados parâmetros
mais fáceis de realizar. Com esta preocupação, em várias instituições de regiões
produtoras de cítricos, procurou-se definir índices para alguns destes parâmetros e,
assim, facilitar a determinação do ponto de colheita. Cor de cobertura, teores de sólidos
solúveis totais e de acidez total titulável têm exatamente esta característica. Ainda
assim, são parâmetros pouco difundidos, e a colheita baseia-se quase que
exclusivamente no calendário.

Cuidados na colheita
De nada adianta haver todo um manejo de pré-colheita em pomares voltado para
aumentos de produtividade se, no momento da colheita e no manuseio após a colheita, a
falta de cuidados pode danificar sobremaneira as laranjas. No processo de colheita e
transporte de laranjas, podem ocorrer danos nos frutos que abrem possibilidades de
infecção dos tecidos por agentes causadores de podridões.
Danos de impacto são causados por quedas durante a colheita ou na
transferência dos frutos para embalagens de transporte. O dano de compressão é um
dano que resulta do sobre enchimento das caixas. O transporte a granel também causa
danos de compressão nas laranjas. Ambos os tipos de danos causam ferimento, que
facilitam a penetração de fungos ou bactérias causadoras de podridões.
Portanto, é muito importante que sejam implementados treinamentos das equipes
de colheita, para não danificar as laranjas na colheita. Recomenda-se a utilização de
sacolas de colheita e a transferência das laranjas colhidas para as caixas de colheita com
todo o cuidado. Para colher as laranjas, não é necessário o uso de tesouras de colheita. A
maioria das cultivares, quando maduras, desprendem-se do ramo com relativa facilidade
ao sofrerem uma torção. O que não deve ser feito é arrancar a fruta da árvore.
Movimentos bruscos podem remover o cálice ou parte da casca, depreciando a laranja
comercialmente e ainda abrir possibilidades de infecção por fungos ou bactérias.
Em laranjeiras de porte avantajado é imprescindível o uso de escadas. Estas
devem ser de material leve para facilitar a movimentação na colheita. Derrubada das
laranjas ao chão com uso de ganchos para um posterior recolhimento não é admissível
em sistemas de produção de laranjas para o consumo in natura.
Em conseqüência do risco de disseminação de pragas e doenças só deve ser
permitida a entrada no pomar de material de colheita como sacolas de colheita, escadas,
caixas, tesouras de colheita e veículos de transporte que tenham passado por
desinfecção prévia. As equipes de colheita também devem ser submetidas aos
procedimentos de segurança, para garantir que não se constituam em potencial de
transporte de inóculo para dentro do pomar.
Outro cuidado que deve também preceder à colheita é a identificação do
potencial de rompimento das glândulas de óleo. Nos períodos chuvosos ou nos dias
subseqüentes, as células estão mais túrgidas e podem romper-se mais facilmente. As
glândulas de óleo também podem romper-se com mais facilidade e espalhar o conteúdo
para os tecidos adjacentes ou atingir frutos próximos e causar oleocelose.
Quantidades muito pequenas de óleo e mesmo tempos de exposição de alguns
poucos segundos ao óleo são suficientes para resultar em oleocelose. O óleo de uma
glândula rompida se difunde pela cutícula, atingindo as camadas mais profundas das
células da casca. De acordo com Knight et ai. (2002), dentro de 30 minutos, já há perda
de integridade de membranas das células atingidas pelo óleo, o que vai resultar no
colapso destas células. Em três dias já se observa a degeneração e o escurecimento da
casca. Para evitar-se que percentuais significativos de laranjas apresentem este
distúrbio, deve-se retardar a colheita após períodos de muita chuva. Se não for possível
o adiamento da colheita, então esta deve ser feita com cuidados redobrados para
impedir-se o rompimento das glândulas de óleo. Testes com uso de penetrômetros
manuais indicam que, se a força para romper as glândulas de óleo for menor do que 7
libras/cm2, então, o risco de dano é significativo.
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