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Universidade Federal de Santa Maria Cent
Universidade Federal de Santa Maria Cent
CITRICULTURA
POR
CRISTIANO BELLÉ
Temperatura do Ar:
A temperatura é um dos principais elementos meteorológicos/climáticos a
influenciar a distribuição geográfica dos citros. Apesar disso, as plantas cítricas
apresentam uma ampla adaptação a diferentes regimes térmicos, desde temperaturas
elevadas e constantes, como ocorre por exemplo em Itabaianinha, SE, com uma
amplitude térmica média anual de menos de 4oC, até condições de ampla variação
sazonal de temperatura, como nos climas subtropicais dos Estados Unidos, China, Irã e
Espanha, onde a amplitude térmica média anual oscila entre 15oC e 25oC. A temperatura
do ar exerce influência sobre todas as fases de desenvolvimento das plantas cítricas,
desde a germinação e crescimento das mudas até a maturação dos frutos.
Na fase de crescimento vegetativo, a maioria das espécies de citros tem seu
crescimento, tanto da parte aérea como das raízes, sensivelmente reduzido a uma
temperatura diurna constante entre 12oC e 13oC, paralisando-o por volta dos 5 oC. Acima
de 12oC, a taxa de crescimento da parte aérea da planta, expresso em termos de massa
verde, aumenta gradativamente, alcançando o máximo por volta dos 23 oC a 31oC.
Acima de 32 oC, a taxa de crescimento passa a decrescer, até que a partir dos 37oC o
crescimento cessa, devido a danos fisiológicos.
Além dos efeitos no crescimento e desenvolvimento da planta e dos frutos, a
temperatura do ar também exerce papel fundamental na qualidade dos frutos,
relacionada principalmente às colorações externa e interna, tamanho e sabor, além de
injúrias. A coloração da casca dos frutos e da polpa, aspecto importante na
comercialização in natura, o tamanho e o sabor estão associados às temperaturas
noturnas durante a última fase de crescimento do fruto, ou seja, durante a maturação.
Normalmente, nas regiões de clima tropical úmido, onde a amplitude térmica diária e
anual é menor, os frutos tendem a ser maiores, com casca verde e mais fina e com mais
suco; porém, com menor total de sólidos solúveis e concentração de ácidos no suco do
que os frutos produzidos em regiões de clima subtropical
Chuva
As plantas cítricas são sempre verdes, o que faz com que elas transpirem ao
longo de todo o ano, sob taxas variáveis, que irão depender, basicamente, da espécie, da
combinação enxerto - porta enxerto, da demanda hídrica da atmosfera, da
disponibilidade de água no solo, da profundidade do sistema radicular, da fase
fenológica em que se encontra, de sua área foliar, dos tratos culturais e do espaçamento
adotado.
A necessidade hídrica dos citros, para que se obtenha altos níveis de rendimento,
por conseguinte, também irá depender das variáveis citadas acima, variando de 600 a
1.300mm por ano.
Sob condições naturais e de alta demanda atmosférica, a ETc de um pomar
adulto de lima ácida ‘Tahiti’ pode chegar a mais de 150 litros por planta por dia nas
condições de clima tropical, durante o verão, caindo para cerca de 70 litros por dia,
durante os meses de inverno.
Quando os pomares sofrem deficiência hídrica, ocorre queda de flores e dos
frutos jovens ou redução do crescimento dos frutos já desenvolvidos, com alteração de
sua qualidade (diminuição do teor de suco e da acidez). Esse efeito é mais significativo
entre o florescimento e a “queda fisiológica”, enquanto que na fase de maturação os
citros são menos sensíveis ao déficit hídrico.
Umidade do ar
O efeito mais significativo desse elemento meteorológico está relacionado à
fitossanidade dos pomares. De acordo com ORTOLANI et al. (1991), em condições de
clima muito úmido, como por exemplo nas regiões produtoras do Rio Grande do Sul,
Paraná e Rio de Janeiro, problemas com doenças fúngicas são freqüentes, especialmente
no caso do Colletotrichum, causador da queda de frutos jovens, e do Elsinoe, causador
da verrugose.
De acordo com RODRIGUEZ (1987), a umidade do ar também interfere na
qualidade dos frutos, sendo que nas regiões onde a umidade relativa do ar é
normalmente elevada, os frutos das laranjeiras tendem a ser maiores e achatados,
frouxos, de coloração pálida, suculentos e de sabor aguado. Tais condições climáticas,
no entanto, são as preferidas pelas mexeriqueiras, que são cultivadas de norte a sul do
Brasil, na faixa litorânea.
Além dos efeitos citados acima, a umidade relativa do ar é o elemento, que
juntamente com a velocidade do vento, define o poder evaporante do ar. Isso acaba
sendo um fator importante na determinação da demanda hídrica das plantas cítricas,
especialmente onde a irrigação é fundamental, como nos climas áridos e semi-áridos do
Irã, do Egito, da Espanha e Israel.
Velocidade do vento
O vento é um dos elementos meteorológicos que influi diretamente no
microclima de uma área, interferindo, desse modo, no crescimento dos vegetais, tendo
tanto efeitos favoráveis como desfavoráveis (PEREIRA et al., 2002). Dentre os aspectos
favoráveis, destacam-se o transporte de calor, vapor d’água e CO2 entre as plantas e a
atmosfera, interferindo, assim, nas taxa de assimilação de CO2 e de transpiração.
Por outro lado, quando os ventos são intensos e contínuos, acima de 10km/h,
podem provocar danos mecânicos, anatômicos e fisiológicos nas plantas.
HURST & RUMNEY (1971) apresentam dados que mostram que em três
regiões produtoras de citros na Califórinia, EUA, os ventos excessivos podem provocar
redução nos rendimentos que oscilam entre 19 e 68%, dependendo de sua intensidade e
duração.
Geada
Um dos grandes problemas para os pomares dos citros conduzidos nas regiões
subtropicais, nas latitude acima de 20 o S ou N, é a ocorrência de geadas (ORTOLANI et
al., 1991; GAT et al., 1997). Esse fenômeno atmosférico, corresponde à ocorrência de
temperatura igual ou inferior à temperatura crítica da planta, que no caso das espécies
de citros é da ordem de –4 oC a –8 oC, ao nível do tecido foliar (ORTOLANI et al., 1991;
DOORENBOS & KASSAM, 1994; GAT et al., 1997).
Vento
Na regiões produtoras de citros do Brasil, o vento aparentemente não é fator
limitante à produção. De acordo com ORTOLANI et al. (1991), no estado de São Paulo,
que concentra cerca de 80% da área cultivada do país, os ventos tem baixa velocidade
média, entre 1,7 m/s, nas regiões norte e noroeste, e 2,9 m/s, na região sul, sendo a
grande maioria dos pomares conduzidos sem quebra-ventos.
INTRODUÇÃO
Inicialmente a propagação dos citros era feita somente através de sementes. A
propagação via sexual foi posteriormente substituída pela propagação vegetativa, ou
assexual. Dentro desta última, a prática da enxertia se constituiu no método de
propagação mais empregado (Morin, 1980).
Segundo Pompeu Junior (1988), a planta cítrica é uma unidade de produção
formada pela associação de dois indivíduos, copa e porta-enxerto, geneticamente
diferentes e que devem viver em estreito relacionamento, mutuamente benéfico, para
que a planta criada na ocasião da enxertia, seja produtiva e tenha maior longevidade.
Portanto, as árvores cítricas são constituídas de duas variedades de plantas obtidas
através de uma operação, que consiste em fixar uma parte viva de uma variedade
(gema), em outra que receberá esta gema, e que será o porta-enxerto. A gema se
desenvolverá constituindo a copa. O resultado será uma planta com características
conferidas pela copa e pelo porta-enxerto.
O porta-enxerto induz à variedade copa alterações em vários fatores: no seu
crescimento; tamanho; precocidade de produção; produção; época de maturação e peso
dos frutos; coloração da casca e do suco; teor de açúcares e de ácidos dos frutos; tempo
de permanência dos frutos na planta; conservação da fruta após a colheita; transpiração
das folhas; fertilidade do pólen; composição química das folhas; capacidade de absorção
de nutrientes; tolerância à salinidade; resistência à seca e ao frio; resistência e tolerância
a moléstias e pragas (Pompeu Junior, 1991).
Porém, em algumas combinações copa/porta-enxerto, podem ocorrer certos
distúrbios decorrentes da ausência de afinidades entre os dois simbiontes. Estes
distúrbios podem revestir- se de ampla graduação de efeitos, desde anormalidades que
praticamente não chegam a refletir no comportamento cultural e econômico das plantas,
até atingir graves manifestações que chegam a inviabilizar a enxertia, ou a provocar,
logo no decurso dos primeiros anos, a morte das plantas (Nogueira, 1983).
Segundo Pompeu Junior (1991), as incompatibilidades mais importantes para a
citricultura brasileira, são as das laranjeiras ‘Pêra’ e ‘Seleta de Itaboraí’, quando
enxertadas sobre ‘Trifoliata’ ou em limão ‘Rugoso da Flórida’; dos limoeiros ‘Eureka’ e
‘Siciliano’, quando sobre ‘Trifoliata’ e citranges; do limoeiro ‘Siciliano’ e da laranjeiraa
‘Pêra’ quando enxertados em citrumelo ‘4475’ (‘Swingle’), do tangor ‘Murcote’ sobre
‘Trifoliata’, e da laranjeira ‘Pêra’ sobre limoeiro ‘Volkameriano’.
Conhecendo-se a interdependência existente entre a copa e o porta-enxerto e as
interações que daí derivam, facilmente conclui-se que as características de cada porta-
enxerto irão influenciar, em termos específicos, também o comportamento geral e final
da copa. E então se deduz, imediatamente, a importância que o porta-enxerto poderá
exercer sobre o comportamento geral das árvores (Nogueira, 1983).
HISTÓRICO
Apenas no início deste século, quando a citricultura brasileira alcançou
expressão comercial e com o conhecimento das vantagens da enxertia, passou-se ao uso
de plantas enxertadas (Pompeu Junior, 1991). Até aproximadamente 1920, a laranjeira
‘Caipira’ foi o porta-enxerto mais utilizado no Brasil (Teófilo Sobrinho & Figueiredo
1984).
A baixa resistência da laranjeira ‘Caipira’ à seca e à gomose de Phytophthora,
motivou a sua substituição pela laranjeira ‘Azeda’, principal porta-enxerto da época em
quase todos os países citrícolas. De 1920 a 1940, a laranjeira ‘Azeda’ predominou como
porta-enxerto na nossa citricultura, satisfazendo todas as exigências dos citricultores,
principalmente em relação à produção, rusticidade e adaptabilidade aos diferentes tipos
de solos, das plantas nela enxertadas. Outros cavalos eram utilizados em menor escala,
entre eles o limoeiro ‘Cravo’, a laranjeira ‘Caipira’ e o limoeiro ‘Rugoso’ (Teófilo
Sobrinho & Figueiredo, 1984). Com o aparecimento do vírus da tristeza, em 1937, no
Vale do Paraíba, no estado de São Paulo e devido a sua rápida disseminação pelo
pulgão preto, as plantas enxertadas em laranjeira ‘Azeda’, que eram intolerante ao vírus,
morreram (Figueiredo, 1985).
Foram instalados, na época, ensaios de porta-enxertos conduzidos pelo Instituto
Agronômico de Campinas, que demonstraram a existência de porta-enxertos tolerantes a
essa virose. A partir daí, novos pomares foram formados tendo como porta-enxertos o
limoeiro ‘Cravo’, a laranjeira ‘Caipira’ e em menor proporção o limoeiro ‘Rugoso’ e a
tangerineira ‘Cleópatra‘ (Figueiredo, 1985).
Deve ser considerado, que devido às excepcionais qualidades apresentadas pelo
limoeiro ’Cravo’, que satisfizeram tanto o produtor de mudas, quanto o citricultor, ele
passou a ser maciçamente utilizado no Brasil. Exceção feita apenas para o estado do Rio
Grande do Sul, onde a preferência no período ‘pós tristeza’, foi pela laranjeira ‘Caipira’
(Figueiredo, 1985), por ser uma variedade tradicional introduzida pelos açorianos, nesta
região.
A susceptibilidade do limoeiro ‘Cravo’ às doenças exocorte e xiloporose, cujas
presenças nos pomares eram mascaradas pela tolerância da laranjeira ‘Azeda’,
tornaram-se graves problemas, pois elas poderiam reduzir em até 70% a produção das
plantas. A utilização dos clones nucelares, a partir de 1955 e de porta-enxertos
tolerantes, como a laranjeira ‘Caipira’, a tangerineira ‘Cleópatra’ e o limoeiro ‘Rugoso’
permitiram superar estes obstáculos (Pompeu Junior, 1991).
Atualmente, nos Estados de São Paulo, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Bahia, Goiás e no Distrito Federal, o limoeiro ‘Cravo’ é o porta-enxerto predominante.
Em São Paulo a Morte Súbita dos Citros (MSC) é uma nova doença que surgiu matando
somente as plantas enxertadas sobre limão ‘Cravo’, principalmente quando a copa eram
variedades tardias, fazendo com que novos porta-enxertos fossem estudados, para obter
novas alternativas resistentes à doença. No Rio Grande do Sul, a preferência é pelo
Poncirus trifoliata (Pompeu Junior, 1991).
Na primeira metade do século XX, o crescimento da citricultura no Rio Grande
do Sul foi constante até aproximadamente 1940. Em 1926, iniciaram-se pequenas
exportações para os países do Prata (Uruguai e Argentina) e em 1933, para a Europa
(Inglaterra). Esse crescimento foi no entanto bruscamente interrompido provocados por
duas catástrofes: a II guerra na Europa, que impediu as exportações, e o surgimento da
virose ‘tristeza’, que destruiu as plantas enxertadas sobre laranjeira ‘Azeda’, então o
principal porta-enxerto usado no País. Nesta fase já se usava a enxertia e os principais
porta-enxertos eram as laranjeiras ‘Comum’ (‘Taquari’ ou ‘Caipira’) e ‘Azeda‘
(Conselho Estadual de Citricultura do Rio Grande do Sul, s.d.).
Como a laranjeira ‘Caipira’ é tolerante ao vírus da Tristeza, passou a ser o porta-
enxerto exclusivo no Rio Grande do Sul, após a destruição causada por este vírus. Até
1977, esta situação se manteve, quando os viveiristas passaram a enxertar cada vez mais
sobre ‘Trifoliata’ (Souza et al. 1992).
Assim, a laranjeira ’Caipira’ foi em grande parte substituída como porta-enxerto
pelo ‘Trifoliata’, que resiste melhor aos solos rasos, ao frio e geadas, aos espaçamentos
reduzidos e à gomose, além de produzir frutos de melhor qualidade, em coloração,
tamanho e porcentagem de acidez. Esta mudança evidenciou uma grande deficiência na
citricultura gaúcha: a inexistência de mudas certificadas. ou ao menos com garantia de
serem isentas do viróide da exocorte, ao qual o ‘Trifoliata’ é intolerante (Conselho
Estadual de Citricultura do Rio Grande do Sul, s.d.).
Em 1989, no Rio Grande do Sul, cerca de 90% das mudas estavam formadas
com o ‘Trifoliata’ como porta-enxerto (Pompeu Junior, 1991), situação que perdura até
hoje. Esta acentuada predominância de um porta-enxerto torna a citricultura gaúcha
muito vulnerável a um eventual problema que surja com este porta-enxerto (Porto,
1989). A baixa qualidade e baixa produtividade do Rio Grande do Sul são atribuídas a
este porta-enxerto, por induzir plantas de pequeno porte (Moraes, 1998). Segundo João
(1998) é o único estado do Brasil onde existe a predominância de Poncirus trifoliata
como porta-enxêrto, Tendo em vista, que não existiam resultados anteriores de trabalhos
em relação a portaenxertos para as cultivares mais utilizadas na região produtora de
citros do Rio Grande do Sul, na década de 1970, a Estação Experimental Fitotécnica de
Taquari, implantou uma série de experimentos neste sentido, visando dentro de uma
série de porta-enxertos, determinar aqueles mais adequados para as cultivares de citros.
Dentro do grupo de porta-enxertos que foram avaliados encontravam-se híbridos
Citranges obtidos por cruzamentos realizados na própria Estação (Reck 1983).
Atualmente, o Estado do Rio Grande do Sul dispõe de recomendação de porta-
enxertos para diferentes copas de citros, geradas pela experimentação local, e
adequadas às peculiares da citricultura gaúcha.
Os resultados de mais de uma dezena de experimentos vêm permitindo a seleção
de porta-enxertos, tolerantes ao Declínio e a Tristeza e que começam a ser utilizados
pelos citricultores (Silva et al., 1990).
A falta de diversificação de porta-enxertos, na produção de mudas, é um
problema no Rio Grande do Sul. Isso torna a citricultura gaúcha altamente vulnerável ao
surgimento de novas moléstias que podem ser fatais, a exemplo do que ocorreu na
década de 40, com o surgimento da Tristeza e ao que vem ocorrendo com o Declínio e
Morte Súbita dos Citros no estado de São Paulo (Conselho Estadual de Citricultura do
Rio Grande do Sul, s.d.).
Trifoliata
• Baixa resistência à seca;
• Alta resistência ao frio;
• Induz média precocidade de produção;
• Alta produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho pequeno e alta longevidade;
• Alta tolerância à gomose;
• Tolerância à tristeza e xiloporose;
• Intolerância à exocorte e declínio;
• Resistente ao nematóide;
• Maturação da semente de março a maio.
Citrumelo Swingle
• Baixa resistência à seca;
• Boa resistência ao frio;
• Induz média precocidade de produção;
• Alta produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho pequeno e alta longevidade;
• Alta tolerância à gomose;
• Tolerância à tristeza e xiloporose;
• Intolerância à exocorte e declínio;
• Tolerante à morte súbita dos citros;
• Resistente ao nematóide;
• Maturação da semente de maio a julho.
Citrange Troyer
• Baixa resistência à seca;
• Boa resistência ao frio;
• Induz média precocidade de produção;
• Alta produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho pequeno e alta longevidade;
• Alta tolerância à gomose;
• Tolerância à tristeza e xiloporose;
• Intolerância à exocorte e declínio;
• Maturação da semente de maio a julho.
Citrange Fepagro C 13
• Baixa resistência à seca;
• Boa resistência ao frio;
• Induz alta precocidade de produção;
• Alta produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho pequeno e alta longevidade;
• Alta tolerância à gomose;
• Maturação da semente de abril a junho.
Limão Rugoso
• Boa resistência à seca;
• Pouca resistência ao frio;
• Sensível à gomose;
• Tolerância à tristeza;
• Intolerância à exocorte;
• Maturação da semente de maio a julho.
Limão Volkameriano
• Resistente à seca;
• Média resistência ao frio;
• Induz alta precocidade de produção;
• Alta produção;
• Média qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho grande e alta longevidade;
• Média resistência à gomose;
• Tolerância à tristeza e exocorte;
• Intolerância à xiloporose e declínio;
• Maturação da semente de maio a julho;
Limão Cravo
• Resistente à seca;
• Média resistência ao frio;
• Induz alta precocidade de produção;
• Alta produção;
• Média qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho médio e alta longevidade;
• Média resistência à gomose;
• Tolerância à tristeza;
• Intolerância à exocorte, xiloporose e declínio;
• Suscetível ao nematóide;
• Maturação da semente de maio a agosto.
Laranja Azeda
• Resistente à seca;
• Induz resistência ao frio;
• Induz média precocidade de produção;
• boa produção;
• boa qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho grande;
• Média resistência à gomose;
• intolerante à tristeza;
• Tolerante à exocorte e xiloporose;
• Maturação da semente de junho a agosto.
Laranja Comum
• Sensível à seca;
• Alta resistência ao frio;
• Induz média precocidade de produção;
• Alta produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho grande e crescimento rápido;
• Baixa resistência à gomose;
• Tolerância à tristeza, exocorte, xiloporose e declínio;
• Maturação da semente de julho a agosto.
Tangerina Sunki
• Sensível à seca;
• Alta resistência ao frio;
• Induz tardia entrada em produção;
• Média produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho médio e média longevidade;
• Resistente à gomose e ao declínio;
• Tolerância à tristeza, exocorte e xiloporose;
• Tolerante à morte súbita dos citros;
• Resistente ao nematóide;
• Maturação da semente de julho a agosto .
Tangerina Cleopatra
• Média resistência à seca;
• Alta resistência ao frio;
• Induz tardia entrada em produção;
• Média produção;
• Alta qualidade de fruto;
• Forma plantas de tamanho médio e média longevidade;
• Alta resistência à gomose;
• Tolerância à tristeza e xiloporose;
• Tolerância à exocorte e declínio;
• Resistente ao nematóide;
• Maturação da semente de agosto a setembro;
GRUPOS DE TOLERÂNCIA AO VIRUS DA TRISTEZA
INCOMPATIBILIDADE
Uma muda frutífera leva 6 a 8 anos para expressar seu potencial e de sua
qualidade dependerá a vida útil de um pomar.
A muda cítrica pode ser obtida pelas formas sexuada e assexuada. A primeira é
utilizada principalmente para a obtenção dos porta-enxertos. A segunda é usada
comercialmente para a produção de mudas, restringindo-se ao método da enxertia por
“T” invertido, além da microenxertia, empregada para a limpeza de enfermidades.
Escolha do local.
O local para a instalação do viveiro deverá estar distante de pomares, visando
reduzir os riscos de pragas e doenças. Deverá estar próximo de mananciais, com água
em abundância e de qualidade, principalmente isento de doenças. . Presença de quebra-
ventos Obrigatoriamente os viveiros deverão estar protegidos por quebra-ventos
naturais ou artificiais, pois são importantes barreiras contra pragas e doenças, além de
proteger contra danos mecânicos às mudas.
Limpeza de ferramentas.
As ferramentas usadas no viveiro devem ser constantemente desinfestadas,
visando prevenir contra a disseminação de doenças. . Cuidados com circulação de
pessoas. Deve-se restringir a circulação de pessoas no viveiro, somente permitindo o
acesso aos funcionários, pois o ser humano é importante disseminador de enfermidades.
De qualquer maneira, recomenda-se o uso de botas e macacões sempre limpos
para toda e qualquer pessoa que circular no viveiro. Obtenção de sementes e material
vegetativo.
As sementes e borbulhas são os materiais mais importantes na formação de uma
muda de qualidade. O viveirista deve ter plantas matrizes para produção de sementes e
borbulhas em local isolado, as mesmas devem estar bem adubadas e tratadas
preventivamente contra pragas e doenças.
Estas matrizes devem estar identificadas, para haver certeza da genética varietal,
bem como devem estar certificadas de isenção de doenças viróticas e bacterianas. .
Observar a legislação
Tem-se uma legislação vigente, que trata de vários aspectos, como por exemplo,
necessidade de responsável técnico, local para instalação do viveiro, padrões das mudas,
dentre outros. Além do mais, deverá entrar em vigor, em breve, a exigência da produção
de mudas de citros em ambiente protegido. Portanto, recomenda-se aos viveiristas que
observem as “Normas e Padrões para a Produção de Mudas de Citros”, que podem ser
conseguidas junto ao Ministério da Agricultura e Abastecimento ou Secretaria da
Agricultura do Estado.Informações detalhadas são encontradas na INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 24, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2005 DO MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA e na PORTARIA NÚMERO 065/2004, DA SECRETARIA DA
AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
Análise do solo
Antes de iniciar a instalação de qualquer pomar é muito importante analisar o solo, para
conhecer a fertilidade inicial do mesmo, principalmente para corrigir a acidez, com
calcário ou cinzas e/ou fazer uma adubação corretiva, principalmente com fósforo. Isto,
porque o calcário e o fósforo quase não se movem no solo, então é muito importante
incorporá-los a profundidades desde 0 até 20 a 40cm, bem misturados com a terra, antes
do plantio. Em pomares adultos as raízes se distribuem em todo o terreno, não sendo
mais recomendada a incorporação de adubos e calcário em profundidade, porque a
lavração causaria o rompimento de grande número de radicelas e raízes, debilitando as
árvores e causando ferimentos que facilitariam a penetração de doenças, principalmente
da gomose, causada por Phytophthora sp.
Quando o pomar já estiver estabelecido, é aconselhável fazer análises de solo a
cada três ou quatro anos, para verificar como está o pH, a disponibilidade e a proporção
de nutrientes, uns em relação aos outros. Pode-se assim corrigir desvios de adubação.
Análise foliar
Todos os nutrientes absorvidos pelas raízes são transportados para as folhas,
onde geralmente eles são metabolizados, para entrar na constituição de diversos
compostos, ou atuar como co-fatores de reações bioquímicas. Assim sendo, a análise
química da matéria seca das folhas permite detectar a quantidade de nutrientes nelas
presentes, possibilitando, através da comparação com padrões já estabelecidos, avaliar o
estado nutricional da planta e do pomar.
A análise foliar é considerada como um dos melhores métodos de avaliar a
necessidade de adubação, porque, em princípio, ela indica se, nas condições de
ambiente do pomar, as raízes conseguem absorver quantidades adequadas de nutrientes
ou não. A diagnose foliar do estado nutricional de uma planta se fundamenta no
princípio de que aumentando a disponibilidade de um nutriente no solo, a absorção
pelas raízes aumenta, elevando o teor do mesmo nas
folhas.
Deve-se levar em consideração que, com a
mesma taxa de absorção radicular, a concentração de
um nutriente na folha se modifica com a época do
ano, idade da folha e presença ou não de frutos no
ramo do qual foi coletada a folha. Portanto é
necessário padronizar as folhas coletadas para análise.
Em geral, se recomenda coletar as folhas recém
amadurecidas, com 5 a 7 meses de idade, nos meses
de janeiro a março, de ramos frutíferos, que se
formaram na brotação primaveril. Deve-se escolher
da segunda à quarta folha, a partir do fruto (Figura 1).
Para identificar melhor a idade das folhas é
preferível coletá-las de ramos frutíferos, escolhendo a
3ª e/ou 4ª mais próxima do fruto (Grupo Paulista de
Adubação e Calagem para Citros, 1994), como se
pode observar na Figura 1. Essas folhas se formam
por ocasião da brotação primaveril, assim sendo,
coletando-as nos meses de fevereiro a março, 5 a 7
meses depois da floração, elas estarão com essa idade.
Por amostra colhem-se 4 a 5 folhas de cada
quadrante da planta, ( N, S, L e O), na altura mediana
da copa, de 8 a 10 plantas, bem distribuídas, em áreas
de terreno uniforme, no pomar.
As folhas devem ser acondicionadas em sacos plásticos ou de papel, mantidos
sempre à sombra e enviadas para o laboratório até 2 dias após a coleta. Se houver
demora maior, as amostras acondicionadas em sacos plásticos devem ser mantidas em
refrigerador, em temperaturas entre 4 e 6º C e as folhas acondicionadas em sacos de
papel devem ser secadas ao sol.
Para efetuar a diagnose do estado nutricional do pomar, os teores foliares de
nutrientes revelados pela análise foliar, devem ser comparadas com padrões de teores
foliares, como os utilizados pelo Grupo Paulista de Adubação e Calagem (1994),
apresentados na Tabela 1. Os teores adequados dos padrões baseiam-se em análises
foliares de plantas sadias e produtivas.
Se os teores de nutrientes da análise estiverem na faixa adequada é sinal de que
não há necessidade de adubar, ou se o pomar estiver sendo adubado, deve-se continuar
adubando com as mesmas quantidades que vinham sendo usadas. Quando os teores de
alguns nutrientes estiverem baixos, deve-se incluí-los na adubação, ou aumentar as
doses que vinham sendo utilizadas. Da mesma forma, se os teores foliares forem
excessivos, deve-se parar de adubar, ou diminuir as doses dos nutrientes que estavam
sendo aplicadas, nas adubações subseqüentes.
Exportação de nutrientes
Cada fruta cítrica colhida contém certa quantidade de nutrientes, que foram
absorvidos pela planta. Portanto, com a colheita e o consumo de frutos, fora do pomar,
são retirados ou exportados nutrientes, que foram extraídos do solo. A quantidade de
nutrientes que é exportada, por unidade de área, depende do seu conteúdo nos frutos e
da quantidade de frutos produzidos.
A análise química dos frutos revela seus teores de nutrientes e, conhecendo-se a
produtividade do pomar, pode-se calcular a quantidade de cada nutriente que é
exportada pela colheita (Tabela 2). Em princípio, a quantidade exportada deve ser
devolvida ao solo do pomar, através de adubações, para manter a fertilidade.
O conhecimento da quantidade de nutrientes exportada é um fator valioso para
determinar a necessidade de adubação de um pomar, entretanto outros aspectos também
devem ser levados em consideração, tais como: a reciclagem de nutrientes no solo;
perdas de nutrientes por lixiviação ou erosão; fixação de nutrientes pelo solo, em formas
não assimiláveis pelas raízes; e imobilização de nutrientes pelas árvores na formação de
raízes, tronco, ramos e folhas.
Sintomas de deficiência
Plantas que enfrentam carências nutricionais evidenciam sinais de deficiência
dos nutrientes que não são absorvidos em quantidade suficiente, tais como: cloroses e
alterações na forma e/ou tamanho das folhas (figuras 2 e 3); atraso ou diminuição da
taxa de crescimento; morte de ramos novos; redução ou falta de floração e frutificação,
e anomalias nos frutos.
Conhecendo-se os sintomas típicos de deficiência de cada nutriente, a maioria
dos quais já foram identificados em pesquisas, pode-se saber se existem carências
nutricionais no pomar e qual ou quais são os nutrientes que estão faltando.
Alguns sintomas de deficiência podem ser identificados através da comparação
com fotografias existentes na bibliografia especializada Koller et al (2006). Entretanto a
identificação de nutrientes deficientes se torna mais difícil, quando no pomar existem
carências simultâneas de dois ou mais nutrientes. Neste caso os sintomas podem se
mascarar, uns pelos outros, tornando difícil a identificação.
Além disso, para fazer o diagnóstico é necessário verificar se os sintomas se
apresentam em vários ramos de uma árvore e em várias plantas do pomar, porque às
vezes outros problemas, como ferimentos e lesões provocadas por doenças, insetos-
praga e danos mecânicos, que interrompem a circulação da seiva, num ramo isolado, ou
no tronco e/ou sistema radicular de uma árvore, provocam sintomas de deficiência que
não são decorrentes de baixa disponibilidade de nutrientes no solo.
Recomendações de adubação
Em muitos livros, revistas e boletins técnicos são feitas recomendações de
adubação para pomares de citros. Entretanto, uma rápida reflexão sobre os fatos que
foram abordados em itens anteriores, permite deduzir que nenhuma delas deve ser
aplicada indiscriminadamente, em qualquer pomar. Sempre há necessidade de ajustes,
em função da região, clima, solo, variedades, idade das plantas, presença de pragas e
sistemas de manejo utilizados em cada pomar.
Portanto, as recomendações de adubação, mesmo que tenham sido elaboradas
criteriosamente, apenas servem como importantes instrumentos, para orientar técnicos e
citricultores, sobre as quantidades de adubos que, em geral, são requeridas por um
pomar de citros. Existem raras circunstâncias em que uma recomendação de adubação
pode ser aplicável ipsis líteris, em outras, dependendo das condições em que se encontra
cada pomar certos nutrientes podem ser requeridos em maior ou menor quantidade e,
também existem situações em que a aplicação de alguns nutrientes, é totalmente
dispensável e até prejudicial.
O conhecimento desses aspectos é muito importante, porque, se não forem
verificadas as reais necessidades de cada pomar, o uso indiscriminado de
recomendações de adubação pode causar problemas, tais como gastos desnecessários,
baixo desempenho produtivo do pomar, desequilíbrios nutricionais e fitotoxidez de
nutrientes aplicados em excesso, durante um ou vários anos.
Feitas essas importantes ressalvas, quanto aos benefícios e problemas que podem
resultar, com o uso indiscriminado de recomendações de adubação, somente a título de
orientação, será apresentada, a seguir, a recomendação para os estados do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina, feita pela Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC
(2004).
Adubação pré-plantio.
A adubação a ser feita antes do plantio do pomar deve ser feita com base nos
resultados da análise química do solo. Em geral a calagem e a adubação corretiva com
fósforo e potássio devem ser feitas em área total e a incorporação ao solo deve ser
profunda, mediante lavração, seguida de gradagem para misturar bem o calcário e os
adubos com a terra.
Quando nos primeiros anos após o plantio do pomar o espaço que fica livre,
entre as linhas de laranjeiras, não for utilizado para culturas intercalares, a adubação
pré-plantio e a calagem podem ser feitas em faixas, só nas linhas de plantio e, dois a três
anos mais tarde se incorpora o calcário e os adubos entre as linhas,
As doses requeridas para as adubações corretivas de fósforo e potássio são
apresentadas na Tabela 8.15, sendo que a adubação potássica pré-plantio somente será
necessária se forem plantadas culturas intercalares no pomar, ou se houver interesse em
estimular e acelerar o crescimento de vegetação expontânea entre as linhas de árvores
cítricas.
PODA DE FRUTIFICAÇÃO
RALEIO DE FRUTOS
Sintomas
Os sintomas se evidenciam pela presença de lesões salientes, sobressaem nas
duas faces da folha, sem deformá-la. Inicialmente aparecem pequenos pontos eruptivos,
levemente salientes, de cor creme ou parda que, posteriormente tornam-se esponjosas,
esbranquiçadas e, em seguida, pardacentas, circundadas por um halo amarelado (Figura
5). As folhas novas são as primeiras que apresentarem os sintomas. Nos frutos surgem
manchas amarelas pequenas e superficiais que crescem aos poucos, ficando com
coloração marrom, apresentando pequenas rachaduras ou crateras ao centro. As
manchas nos frutos, de uma maneira geral são salientes, com aparência de verrugas
corticosas (Figura 5). Quando o número de lesões é grande pode ocorrer a queda dos
frutos antes desses atingirem a maturação. Nos ramos são produzidas crostas de cor
parda, também salientes (Feichtemberger 2005).
Danos
Nos casos de grande incidência da doença, em cultivares muito suscetíveis, os
principais danos consistem na queda de folhas, queda prematura de frutos e
eventualmente na morte de ramos novos.
Sua importância econômica reside nos seguintes aspectos: redução de safra;
depreciação comercial dos frutos; retardamento do desenvolvimento de plantas jovens;
elevação do custo de produção; tornar problemático o cultivo de variedades suscetíveis
(laranjeiras de umbigo, pomeleiros e limoeiros verdadeiros); existência de limitações de
ordem legal, na exportação e na comercialização de frutos e mudas produzidas em
regiões contaminadas, não cabendo indenização para pomares e viveiros erradicados
(Porto 2006).
Outras doenças, com a pinta preta e pragas, como o ácaro da leprose e as
moscas-dasfrutas, em geral, causam danos muito mais expressivos do que o cancro
cítrico.
Controle
No Brasil, desde a detecção do cancro cítrico até hoje, a legislação de defesa
sanitária vegetal do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MARA) só admite a
erradicação como método de controle dessa bacteriose. Presentemente são admitidos
quatro métodos opcionais de erradicação, segundo as condições do pomar, a critério da
Comissão Executiva da CANECC (Campanha Nacional de Erradicação do Cancro
Cítrico). O quarto método, relativo a poda drástica, foi desenvolvido por Porto (1989),
em uma empresa privada, no Rio Grande do Sul. Este método foi bastante eficiente até
o surgimento da larva minadora, porque, planta podada brota, vigorosamente, e o
referido inseto danifica as folhas, na sua fase inicial de desenvolvimento e deste modo,
facilita a infecção pelo agente causal do cancro cítrico (Porto 2004).
No estado de São Paulo o controle baseia-se em medida de exclusão e
erradicação, adotada pelo estado de São Paulo, complementado com outras alternativas,
de caráter cultural e químico, as quais são adotadas pelos demais estados da federação.
No caso do estado de São Paulo, conforme Portaria em vigor, quando constatada a
presença de sintomas em uma planta contaminada, o talhão deverá ser inspecionado por
três equipes, consecutivas. Se o número de árvores doentes ultrapassar 0,5% do total do
talhão, todo ele deverá ser eliminado. Se for menor que 0,5%, é erradicada apenas a
planta foco e as que estiverem num raio de 30 metros. Nos talhões contaminados
deverão ser feitas vistorias mensais até que nenhum sintoma seja encontrado. As
propriedades contaminadas devem ficar interditadas para a colheita até o final dos
trabalhos de erradicação, o que deverão ser realizados o mais rapidamente possível.
Durante dois anos não poderá ser feito o replantio de citros na área onde ocorreu a
erradicação. As áreas próximas às erradicadas devem ser protegidas com produtos a
base de cobre, fazendo pulverizações em vegetações novas, principalmente no período
chuvoso do ano (Feichtenberger et al., 2005).
Contudo, é muito difícil obter êxito na erradicação, pois, desde 1957, até agora,
com a legislação vigente, a doença ainda não foi erradicada do Brasil e nem mesmo do
estado de São Paulo, onde anualmente se investem milhões de reais neste sentido. Deve-
se levar em consideração que também não se conseguiu erradicar o cancro cítrico da
Argentina e do Uruguai.
Além disso, com seu enorme potencial econômico, nem o estado da Flórida-
USA, depois de diversas tentativas frustradas, conseguiu erradicá-la.
Para que o cancro seja erradicado de um pomar, é necessário que se elimine
todas as plantas contaminadas, pois basta uma remanescente para dar início à nova
epidemia. Neste particular, a maior dificuldade reside na falta de confiabilidade das
vistorias, sendo muito difícil detectar tecidos com lesões entre nas copas de plantas bem
enfolhadas, quando o nível de infecção é baixo, tanto assim que, testes de inspeção,
feitos no norte do estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro, revelaram que após 14
vistorias, efetuadas no mesmo pomar, por equipes independentes de inspetores, mais de
20% de plantas doentes não foram localizadas (Gimenes-Fernandes & Barbosa, 1999).
Nas condições do Rio Grande do Sul, considera-se que o cancro cítrico poderia
ter sido evitado, se tivesse sido impedida sua entrada no estado. A doença também
poderia ter sido erradicada, tão logo foram identificados os primeiros focos. Entretanto,
na atual situação, em que, após a introdução do “minador dos citros” a doença se
disseminou por todo quase todo estado, a erradicação é uma utopia. Ainda assim, se o
cancro cítrico fosse erradicado, seria quase impossível evitar novas infestações, com a
introdução de materiais infectados, provenientes da Argentina, Uruguai e de outros
estados brasileiros.
Assim sendo, o que resta à citricultura do Rio Grande do Sul é a adoção de
medidas de controle alternativas à erradicação, que serão abordadas a seguir
Prevenção
Medidas para evitar a presença da doença no pomar: Implantar o pomar em área
livre de cancro cítrico; Eliminar, do imóvel, toda planta cítrica que não apresentar
interesse econômico ou genético; Implantar o pomar com mudas, com garantia de não
estarem infectadas pela bactéria; estabelecer cortinas de árvores para quebra-ventos;
Permitir, no pomar, o trânsito de veículos, máquinas e implementos somente
pertencentes à propriedade; Reduzir, ao máximo, a entrada de pessoas estranhas ao
pomar; Todo o operário deverá utilizar, no imóvel, roupas e calçados desinfetados e de
uso exclusivo no pomar; Fazer a carga de frutas e descarna de mercadorias e insumos na
entrada da propriedade, a fim de evitar a entrada de caminhões e equipamentos
estranhos no pomar; Possuir material de colheita de uso exclusivo, caso não seja
possível , o material emprestado deverá ser desinfestado, antes de ser usado, imergindo-
o em uma solução de amônio quaternária, na concentração de um litro, em mil litros de
água; todos utensílios de colheita (sacolas, caixas e escadas) e veículos que tiverem
acesso à propriedade, ao entrar, deverão ser pulverizados com a solução já referida (É
necessário renovar a solução com amônia quaternária a cada dois dias, porque esse
produto perde sua atividade). Finalmente, mesmo na ausência da doença, em condições
de risco, deve-se pulverizar o pomar, com produtos cúpricos, sempre que estiverem em
fase de brotação (folhas com 12 a 30 dias).
VERRUGOSE
A verrugose encontra-se disseminada em todas as regiões produtoras de citros do
país. Sua importância é grande em pomares que produzem frutas para o consumo “in
natura”, pois os frutos afetados são muito depreciados pela doença. Ela é também
importante por contribuir para o aumento na severidade de leprose, pois o ácaro
transmissor dessa virose protege-se em frutos com lesões salientes e corticosas de
verrugose. Portanto, um bom controle de verrugose é medida obrigatória no controle da
leprose.
Há dois tipos principais de verrugose: verrugose da laranja azeda, de ocorrência
generalizada em todas as regiões citrícolas do globo, que afeta todos os órgãos aéreos de
um pequeno número de variedades cítricas, incluindo laranjas azedas, limões rugosos,
limões verdadeiros, limões Cravos, pomelos, trifoliatas, tangor, calamondin e algumas
tangerinas (Cravo, King, Satsuma) e verrugose da laranja doce, de ocorrência restrita à
América do Sul, que afeta principalmente frutos de laranjas doces e, com menor
intensidade, outras espécies de citros e gêneros afins, como algumas tangerinas, limas
doces, limas ácidas, Kunquates, pomelos e tângelos.
No Brasil, a verrugose da laranja doce é considerada a principal doença do fruto,
sendo a doença da cultura que mais consome fungicidas para seu controle. A verrugose
da laranja azeda é de importância menor, por afetar espécies e cultivares de interesse
econômico secundário. Entretanto, ela é muito importante em viveiros contendo porta-
enxertos suscetíveis, que podem ter seu desenvolvimento muito comprometido pela
doença.
Sintomas - Os sintomas gerais das duas verrugoses são muito semelhantes.
Entretanto, a verrugose da laranja azeda afeta ramos, folhas e frutos, ao passo que a
verrugose da laranja doce afeta quase que só frutos, sendo raramente encontrada em
folhas ou ramos. A verrugose é doença de órgãos em desenvolvimento. Folhas com
mais de 1,5 cm de largura, ou que tenham atingido um quarto do seu tamanho final, são
praticamente imunes. Os frutos são suscetíveis até atingirem o tamanho aproximado de
um quarto do seu diâmetro final, o que na prática corresponde ao período de 10 a 12
semanas após a queda das pétalas. Em folhas, os sintomas geralmente aparecem de 4 a 7
dias após a infecção. Em folhas e ramos novos, a doença manifesta-se de início como
pequenas manchas deprimidas de aspecto encharcado. Em seguida, com a hiperplasia do
tecido na área afetada, as lesões se tornam salientes, corticosas, irregulares, cor de mel
ou canela, espalhadas por ambas as faces da folha ou pela superfície de ramos. Em
folhas, a saliência da lesão em uma das faces corresponde a uma reentrância na face
oposta. Em frutos, as lesões são também irregulares, salientes, corticosas, de coloração
palha ou cinza escura. As lesões são maiores e mais salientes quanto mais novo for o
tecido quando do início da infecção. Quando as lesões ocorrem em grande número em
tecidos muito jovens, elas provocam deformações no órgão afetado. Em frutos, as lesões
podem coalescer e tomar grandes áreas da casca. E comum encontrar misturadas
grandes lesões, provenientes de infecções primárias, e um grande número de lesões
menores, espalhadas pela superfície do fruto, que se originam de infecções secundárias.
Em todos os órgãos infectados as lesões são superficiais, não se aprofundando no
interior dos tecidos.
Controle - O controle convencional da verrugose é feito por meio de
pulverizações com fungicidas, visando sempre a proteção de tecidos jovens suscetíveis.
A eficácia dos tratamentos depende não só do fungicida utilizado e sua dose, mas
também da época e número de aplicações feitas. As pulverizações realizadas antes da
floração das plantas são pouco eficazes. Os tratamentos devem ser iniciados quando
cerca de 2/3 das pétalas tiverem caído, visando reduzir as infecções primárias nos frutos
recém-formados, quando eles são muito suscetíveis. Recomenda-se uma segunda
aplicação de 4 a 5 semanas após a primeira, no caso de pomares com histórico de
doença severa nas safras anteriores. Em caso de ocorrência de floradas de importância
após a florada principal, os frutos provenientes dessas floradas também devem ser
protegidos. Em pomares irrigados por aspersão, recomenda-se também a realização de 2
aplicações, pois neles os níveis de infecção são geralmente maiores. Produtos cúpricos
(oxicloreto de cobre, óxido cuproso e hidróxido de cobre), benzimidazóis (benomyl,
carbendazin e tiofanato metílico) e ditiocarbamatos (ziram) vêm sendo recomendados
no controle à doença. Excelentes resultados de controle são obtidos com a utilização de
um benzimidazol ou ziram na aplicação de florada (2/3 pétalas caídas) e um produto
cúprico na pulverização pós-florada. A utilização de cobre na segunda aplicação visa
também proteger os frutos contra a melanose.
O controle de verrugose da laranja azeda em viveiros é essencial, pois os
principais porta-enxertos de citros utilizados no país são muito suscetíveis. Métodos
culturais de controle devem ser utilizados visando reduzir a severidade da doença. O
viveiro deve ser mantido livre de restos de cultura, que podem funcionar como fontes de
inóculo. As irrigações por aspersão devem ser evitadas nas 3 semanas após as brotações.
As brotações novas devem ser protegidas com fungicidas cúpricos e benzimidazóis, em
aplicações alternadas, para se prevenir um possível desenvolvimento de resistência do
fungo aos benzimidazóis.
ANTRACNOSE
A antracnose em frutos geralmente ocorre quando eles são previamente
injuriados por queimaduras de sol, ventos, pragas, pulverizações inadequadas com
defensivos agrícolas, e outras causas. Contudo, em algumas variedades de tangerina, os
sintomas de antracnose podem aparecer mesmo em frutos que não tenham sido
previamente injuriados.
Sintomas - Quando a antracnose é associada a frutos previamente injuriados, as
lesões são deprimidas, firmes e secas, de cor marrom-escura a preta, geralmente maiores
que 1,5 cm de diâmetro, podendo tomar grandes áreas do fruto. Em condições de
elevada umidade, massas de esporos de coloração rosa ou salmão são formadas na
superfície das lesões. Contudo, quando a umidade é baixa, essas massas são de
coloração marrom a preta. Quando as lesões se desenvolvem em frutos que não foram
previamente injuriados, as lesões são superficiais, firmes, inicialmente de cor prata,
passando depois para marrom a cinza-escuro.
Em ramos e folhas, as lesões somente aparecem após a morte de tecidos que
apresentam infecções quiescentes, resultantes de invasões anteriores pelo fungo. As
lesões são geralmente deprimidas e apresentam frutificações típicas do fungo em
acérvulos.
Controle - Evitar ou reduzir a formação de ramos secos nas plantas, mantendo
os pomares sempre em boas condições sanitárias e nutricionais, pois o fungo frutifica
abundantemente em ramos secos. Esses ramos devem ser removidos e queimados
durante a realização do tratamento de inverno.
Os ferimentos em frutos devem ser evitados em campo e em casas de
processamento. O período de armazenamento de frutos pós-colheita deve ser reduzido
ao mínimo. A lavagem dos frutos após a colheita promove a remoção de parte dos
apressórios quiescentes da superfície da casca dos frutos, reduzindo os riscos de
infecção. Contudo, no caso de desverdecimento com etileno, a lavagem prévia de frutos
não é recomendada. O desverdecimento com etileno poderá ser evitado com atraso na
colheita, até que a maioria dos frutos atinja a coloração normal. Pulverizações pré-
colheita com ethefon podem ser feitas para melhorar a coloração dos frutos, pois elas
não tornam os frutos mais sujeitos à antracnose. O tratamento pós-colheita com
thiabendazol ou benomyl e o armazenamento dos frutos abaixo de 50C, retardam o
desenvolvimento das lesões de antracnose.
GREENING
O Huanglongbing (HLB), também conhecido como greening, é considerado em
muitos países como a principal doença dos citros. A doença foi primeiramente relatada
na China no século XIX e, no início do século XX na África do Sul. Hoje a doença esta
presente em todos os países da Ásia e da África. Embora o psilídeo Diaphorina citri,
vetor da bactéria estivesse presente na Europa e nas Américas, até 2004 ainda não havia
relato da ocorrência da doença nesses continentes. A partir desta data, a doença foi
constatada em pomares do Estado de São Paulo, causando grandes perdas, visto que
todas as espécies do gênero Citrus de importância econômica são suscetíveis ao
patógeno.
A bactéria causadora do HLB, pertence às proteobactérias, a qual se restringe
aos vasos liberianos (floema). Até a constatação do HLB no Brasil, estavam associadas
à doença duas espécies: Candidatus Liberibacter asiaticus, causadora da forma asiática
da doença, e tolerante a altas temperaturas (superior a 30°C) e C. Liberibacter africanus,
causadora da forma africana e sensível a altas temperaturas (25-30°C). Entretanto, testes
moleculares em plantas sintomáticas de HLB coletadas na região de Araraquara
revelaram a presença de C. Liberibacter asiaticus e de uma nova bactéria, diferente das
duas espécies de Liberibacter causadora de HLB anteriormente conhecida. Em função
dessas diferenças, propôs-se o enquadramanto em uma nova espécie denominada
Candidatus Liberibacter americanus. Os resultados dos levantamentos têm demonstrado
ser essa a uma espécie com alta ocorrência nos pomares paulistas.
Existem duas espécies de psilídeo responsável pela transmissão da bactéria
causadora do HLB, Diaphorina citri e Trioza erytreae. O inseto tem como hospedeiros
as plantas cítricas e a ornamental Murraya paniculata, popularmente conhecida como
murta, falsa murta ou murta de cheiro, e pelo menos outros três gêneros pertencentes à
família Rutaceae. Também, no Brasil, a bactéria foi transmitida experimentalmente para
Vinca roseae. No Brasil, o psilídeo, responsável pela transmissão da doença,
freqüentemente coletado em pomares com sintomas de HLB, é Diaphorina citri. Em
condições favoráveis, cada fêmea é capaz produzir 800 ovos durante seu ciclo de vida.
Os mesmos são depositados em brotações terminais, antes do completo
desenvolvimento da folha. São depositados de forma agrupada e apresentam coloração
amarela. O inseto passa por 5 estágios de ninfas e leva de 15 a 30 dias para atingir
a forma adulta. Pesquisas demonstraram que a 18°C, a fase de ovos do psilídeo
sobrevive por oito dias e a 30°C, apenas três dias, apresentando alta mortalidade a 32°C.
Já na fase de ninfa, a 18°C o psilídeo sobrevive durante 39 dias e a 30°C por
aproximadamente onze dias. Em temperatura superior a 30°C, apresentou alta taxa de
mortalidade.
Para D. citri adquirir a bactéria, é necessário um período mínimo de alimentação
em uma planta infectada de 15-30 min., a qual confere uma baixa porcentagem de
transmissão. A eficiência de transmissão está diretamente relacionada ao período de
alimentação. No entanto, o psilídeo pode transmitir a bactéria durante toda a vida, a
partir de duas a três semanas de incubação. Não existe transmissão transovariana, tanto
o adulto como ninfas são capazes de adquirir a bactéria a partir do quarto ou quinto
instares, porém apenas o adulto a transmite. O psilídeo adulto de D. citri, apresenta
sempre uma inclinação de 45° na folha, sendo esta, um característica bastante peculiar,
a qual auxilia no reconhecimento do inseto no pomar.
O psilídeo é observado nos pomares durante todo ano, mas o seu pico
populacional ocorre no final da primavera e início do verão. No período seco e frio, a
população é baixa, no entanto, o inseto permanece nos pomares apenas se alimentando.
Neste período do ano é que há maior incidência de sintomas, havendo uma manutenção
de inóculo e vetor, resultando em aumento de insetos infectivos e com isso, aumento de
transmissão da doença na primavera e verão. Nesse período, dada à menor presença de
brotações ocorre maior movimentação dos insetos em busca de alimento e de locais de
reprodução.
A transmissão da bactéria C. Liberibacter americanus também pode ocorrer por
borbulhas contaminadas que podem resultar em mudas doentes, sendo este um
importante meio de disseminação a longas distâncias.
Os sintomas do HLB iniciam em ramo ou galhos, normalmente setorizado na
plantas e, paulatinamente, progridem até atingir a planta completamente. É comum
encontrar nos pomares afetados, plantas com diferentes estágios da doença. As folhas
apresentam um mosqueado característico, constituído por pequenas áreas verde-claras
ou amarelas, mescladas com o verde normal das folhas, com ausência de paralelismo,
sem a presença de um limbo nítido com nervura central, normalmente espessa e
saliente.
As brotações afetadas são menores, as folhas mais cloróticas. A planta muito
infectada perde em parte as folhas e sua copa fica reduzida. Com a evolução dos
sintomas, há uma intensa desfolha dos ramos afetados, seca dos ponteiros e os sintomas
podem progredir para toda a copa. Vale salientar que, a partir de ramos infectados, a
bactéria transloca pela planta, até que toda a copa seja contaminada, ocasião em que a
produção torna-se desprezível. A obstrução do floema causada pela bactéria impede a
distribuição de seiva elaborada que, em conseqüência, as plantas infectadas rapidamente
tornam-se improdutivas, enquanto as novas não chegam a produzir.
Após a colheita dos frutos e intensificação do período seco, os sintomas tornam-
se mais difíceis de serem identificados. Com o prolongamento da seca ocorre a queda
das folhas, sendo aquelas sintomáticas as que caem mais precocemente.
Os frutos que apresentam sintomas de HLB são menores, mais leves, mais
ácidos e com menos açúcares que os frutos colhidos em ramos sadios. Quanto mais
afetada a planta, maior a quantidade de frutos com baixa qualidade. Estima-se que uma
planta com 20% da copa com ramos sintomáticos tem sua produtividade reduzida em
30% em relação a uma planta sadia, quando a doença atinge 50% da copa da planta, a
produtividade cai aproximadamente em 60%. Dependendo da idade e porte da planta, os
sintomas de HLB podem afetar 100% da área foliar em 3-5 anos. Estudos realizados em
outros países e observação da doença no Brasil apontam que um pomar sem cuidado
pode desaparecer totalmente em 10 anos em conseqüência do HLB, mas bem antes
disso, com aproximadamente 5-6 anos após o aparecimento dos primeiros sintomas, a
produtividade pode ser reduzida em 30% tornando o pomar economicamente inviável.
Em estádios iniciais da doença, a percepção de sintomas pode ser confundida
com outros problemas, quase sempre de ordem nutricional, exigindo a execução de
outras técnicas que possam confirmar ou não o diagnóstico visual. Os sintomas de
greeening podem ser confundidos com os de CVC (clorose variegada do citros), ou
ainda, com Gomose do citros, deficiência de zinco, nitrogênio, magnésio, manganês e
cobre.
Os sintomas da CVC apresentam pequenas manchas amarelas e irregulares na
fase superior da folha que corresponde a lesão do tipo bolhosa, de coloração palha na
fase inferior. A presença da bactéria no xilema da planta interrompe o fluxo normal da
seiva. Embora a Gomose apresente folhas amareladas com nervura central mais clara a
confirmação da doença ocorre com a presença de lesões no tronco e nas raízes. Também
os sintomas tendem a apresentar correspondência entre o amarelecimento unilateral e
presença de sintomas no tronco.
Quando as plantas do pomar apresentam deficiência de cobre há a presença de
rachaduras nos galhos, além de apresentarem as folhas dos ponteiros amareladas e os
ramos mais novos ondulados e com rachaduras. Já deficiência de magnésio tem como
sintoma típico o amarelecimento observado em quase todas as folhas, exceto na área
foliar próxima ao pedúnculo, onde forma um “V” invertido, mais freqüente em folhas
maduras. A carência de zinco provoca a redução do tamanho de folhas jovens e clorose
acentuada do limbo entre as nervuras, as folhas novas ficam estreitas e pequenas e há
um claro paralelismo quanto à distribuição das manchas cloróticas. Já a deficiência de
manganês, os sintomas são mais freqüentes nas partes sombreadas e nas folhas novas.
São manchas amareladas que aparecem entre as nervuras, porém mais pálidas que a
deficiência de zinco e mostram-se difusas.
Para o controle do HLB recomenda-se três medidas fundamentais: i) controle do
psilídeo por meios químicos ou biológico; ii) eliminação de plantas doentes
imediatamente após o aparecimento dos primeiros sintomas; e iii) uso de mudas sadias
mediante um rigorosos controle das borbulheiras e da formação das mudas em viveiros
telados, conforme é exigido pela legislação.
Nos períodos chuvosos devem ser usados produtos sistêmicos com aplicações no
tronco da planta preconizando a proteção por 90 dias, ou via solo (por 70 dias) ou via
drench (90dias). Para evitar o risco de contaminação, o controle dos psilídeos com
produtos químicos deve iniciar nos viveiros, com produtos sistêmicos a base de
imidacloprid e thiamethoxan. Nos períodos de seca, a recomendação é para uso de
inseticidas de contato, indicados para plantas com mais de quatro anos, embora o
citricultor possa optar pelos inseticidas sistêmicos.
Estudos com a vespa Tamarixia radiata, inimigo natural do psilídeo Diaphorina
citri, mostram duas formas de ação da vespa em relação ao psilídeo: i) ao depositar seus
ovos nas ninfas do psilídeo, as larvas da vespa alimentam-se do hospedeiro: e ii) na fase
adulta, quando as vespas alimentam-se diretamente das ninfas, podendo reduzir a
população de psilídeo em até 33,3%.
No Manejo Ecológico de Pragas (MEP) segue o nível de não-ação ou seja, se a
ficha de inspeção indicar que os níveis de presença de inimigos naturais estão elevados
o suficiente para diminuir ou controlar a população da praga, não é necessária a
pulverização com produtos químicos. O nível de não-ação do psilídeo é e”30% de
ramos com presença de ninfas mumificadas pela ação da vespa T. radiata. Já para o
nível de ação, o qual consiste no menor nível de infestação da praga, a qual, se
aumentar, é capaz de causar danos à planta e a produção.
Como a visualização dos sintomas de HLB é maior nas estações de
outono/inverno, nessas deverá ser realizado o trabalho de inspeção e eliminação das
plantas sintomáticas, de tal forma que nas estações de maior ocorrência do vetor
(primavera/verão) não haja inóculo para disseminação da doença. Embora a
visualização dos sintomas seja favorecida nessas estações do ano, o levantamento de
plantas sintomáticas deve ser realizado durante todo ano, principalmente em talhões
onde a doença já foi constatada.
Experiências com podas de ramos sintomáticos não têm demonstrado bons
resultados no controle da doença, tanto nos países asiáticos, como também no Brasil, ao
contrário da África do Sul, onde os sintomas são mais brandos. Neste caso apenas
plantas com mais de 5 anos, apresentando menos de 50% da copa sintomática, é
recomendada a poda drástica dos ramos. A eliminação das plantas doentes pode ser feita
arrancando a planta pela raiz ou com corte rente ao solo. Nesse caso, é preciso aplicar
herbicidas no tronco evitando-se a formação de rebrota. As medidas que visam a
erradicação de plantas sintomáticas e proibição do plantio de murta, visam à proteção
dos pomares de citros, uma vez que o reconhecimento da doença nesta planta não é
fácil, pois não apresentam sintomas específicos, como nos citros.
COLHEITA
Ponto de colheita
Monitorar as alterações externas e internas das laranjas, para definir padrões e, a
partir destes padrões, fazer inferências sobre o estádio de desenvolvimento sempre foi e
será um anseio para indicar o ponto de colheita com maior segurança. A colheita
antecipada ou feita muito tardiamente tem efeitos consideráveis sobre os frutos que irão
se manifestar, provavelmente, na mesa do consumidor.
prejuízo da colheita antecipada advém principalmente da menor qualidade
interna: maior acidez e menos açúcares, o que resulta em um paladar muito ácido. Em
algumas espécies cítricas, como limão, por exemplo, também a falta de suco é altamente
negativa. Por outro lado, a colheita tardia resulta em frutas de casca menos resistente e
com manchas de senescência, que prejudicam a aparência.
Para indicar o ponto de colheita ideal, determinar a intensidade da atividade
metabólica, um método de maior precisão. Analisar, no entanto, a produção de dióxido
de carbono (CO) ou o consumo de oxigênio (0 2) das laranjas não é um método expedito,
sendo necessárias análises por um período continuado de tempo. Sobretudo, ainda no
caso das espécies cítricas, o padrão de respiração não melhora esta informação, porque
o padrão de respiração dos citros, assim como nas demais espécies não climatéricas, é
de um lento e gradual decréscimo da produção de CO2 nos estádios finais de
desenvolvimento.
Juntamente com a respiração, a produção de etileno, o hormônio de maturação
também não é de grande auxílio. A queda na produção de etileno durante os estádios
finais de amadurecimento acompanha o mesmo padrão da produção de CO2. Assim
como a respiração, a determinação da produção de etileno necessita de análises por
algum período para definir um padrão.
Para determinação do ponto de colheita, então, devem ser utilizados parâmetros
mais fáceis de realizar. Com esta preocupação, em várias instituições de regiões
produtoras de cítricos, procurou-se definir índices para alguns destes parâmetros e,
assim, facilitar a determinação do ponto de colheita. Cor de cobertura, teores de sólidos
solúveis totais e de acidez total titulável têm exatamente esta característica. Ainda
assim, são parâmetros pouco difundidos, e a colheita baseia-se quase que
exclusivamente no calendário.
Cuidados na colheita
De nada adianta haver todo um manejo de pré-colheita em pomares voltado para
aumentos de produtividade se, no momento da colheita e no manuseio após a colheita, a
falta de cuidados pode danificar sobremaneira as laranjas. No processo de colheita e
transporte de laranjas, podem ocorrer danos nos frutos que abrem possibilidades de
infecção dos tecidos por agentes causadores de podridões.
Danos de impacto são causados por quedas durante a colheita ou na
transferência dos frutos para embalagens de transporte. O dano de compressão é um
dano que resulta do sobre enchimento das caixas. O transporte a granel também causa
danos de compressão nas laranjas. Ambos os tipos de danos causam ferimento, que
facilitam a penetração de fungos ou bactérias causadoras de podridões.
Portanto, é muito importante que sejam implementados treinamentos das equipes
de colheita, para não danificar as laranjas na colheita. Recomenda-se a utilização de
sacolas de colheita e a transferência das laranjas colhidas para as caixas de colheita com
todo o cuidado. Para colher as laranjas, não é necessário o uso de tesouras de colheita. A
maioria das cultivares, quando maduras, desprendem-se do ramo com relativa facilidade
ao sofrerem uma torção. O que não deve ser feito é arrancar a fruta da árvore.
Movimentos bruscos podem remover o cálice ou parte da casca, depreciando a laranja
comercialmente e ainda abrir possibilidades de infecção por fungos ou bactérias.
Em laranjeiras de porte avantajado é imprescindível o uso de escadas. Estas
devem ser de material leve para facilitar a movimentação na colheita. Derrubada das
laranjas ao chão com uso de ganchos para um posterior recolhimento não é admissível
em sistemas de produção de laranjas para o consumo in natura.
Em conseqüência do risco de disseminação de pragas e doenças só deve ser
permitida a entrada no pomar de material de colheita como sacolas de colheita, escadas,
caixas, tesouras de colheita e veículos de transporte que tenham passado por
desinfecção prévia. As equipes de colheita também devem ser submetidas aos
procedimentos de segurança, para garantir que não se constituam em potencial de
transporte de inóculo para dentro do pomar.
Outro cuidado que deve também preceder à colheita é a identificação do
potencial de rompimento das glândulas de óleo. Nos períodos chuvosos ou nos dias
subseqüentes, as células estão mais túrgidas e podem romper-se mais facilmente. As
glândulas de óleo também podem romper-se com mais facilidade e espalhar o conteúdo
para os tecidos adjacentes ou atingir frutos próximos e causar oleocelose.
Quantidades muito pequenas de óleo e mesmo tempos de exposição de alguns
poucos segundos ao óleo são suficientes para resultar em oleocelose. O óleo de uma
glândula rompida se difunde pela cutícula, atingindo as camadas mais profundas das
células da casca. De acordo com Knight et ai. (2002), dentro de 30 minutos, já há perda
de integridade de membranas das células atingidas pelo óleo, o que vai resultar no
colapso destas células. Em três dias já se observa a degeneração e o escurecimento da
casca. Para evitar-se que percentuais significativos de laranjas apresentem este
distúrbio, deve-se retardar a colheita após períodos de muita chuva. Se não for possível
o adiamento da colheita, então esta deve ser feita com cuidados redobrados para
impedir-se o rompimento das glândulas de óleo. Testes com uso de penetrômetros
manuais indicam que, se a força para romper as glândulas de óleo for menor do que 7
libras/cm2, então, o risco de dano é significativo.
BIBILIOGRAFIA CONSULTADA