You are on page 1of 4

1º TSJ IEEL

DISCIPLINA: FUNDAMENTOS LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

Professor: Ricardo Ramalho Cardoso

HISTÓRIA DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA BRASILEIRA E


SUA EVOLUÇÃO

A história do direito trabalhista no Brasil ocorre a partir do término da escravidão, no


final do século XIX. Ao fim deste período, com a maior necessidade de mão de obra
assalariada e um processo global de consolidação das relações de trabalho -
principalmente na Europa -começaram a surgir demandas por normas que definissem as
regras para estas relações.

A primeira definição brasileira trabalhista nos moldes atuais veio com a Constituição
Federal de 1891, que considerou o trabalho uma prática livre e remunerada, com a
possibilidade de um cidadão vincular-se e desvincular-se dela de acordo com sua
própria vontade.
PRIMEIRAS NORMAS TRABALHISTAS

Foi principalmente após a Revolução de 1930 que as principais mudanças foram


realizadas nesta área, dentre elas a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio.

No começo do século XX foram criadas as primeiras normas trabalhistas, que previam


férias de 15 dias por ano e alguns tipos de direitos em relação aos acidentes de trabalho.
Além disso, ficou estabelecido que nenhuma criança abaixo de 12 anos poderia
trabalhar em fábricas e que sua jornada de trabalho diária deveria ser de, no máximo, 7
horas.

A partir daí o governo brasileiro buscou o equilíbrio entre os elos que formam a
corrente do capital industrial. E a Constituição de 1934 trouxe um pacote de direitos
trabalhistas que incluía o salário mínimo, jornada de trabalho de 8 horas, repouso
semanal, férias remuneradas, assistência médica e sanitária.

CLT - CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

De acordo com Vólia Bomfim, professora de Direito do Trabalho da LFG, o Brasil


passou a dar atenção de maneira efetiva para os direitos trabalhistas a partir do governo
de Getúlio Vargas.

“É exatamente no governo Vargas que temos uma intensa proliferação de leis


trabalhistas favoráveis aos trabalhadores. Ele montou a comissão elaboradora do projeto
e em 1943 compilou todas essas regras, criando a CLT”, explica.

A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) surgiu em 1943, a partir do decreto 5.452,
de 1º de maio de 1943. Ela é o marco definitivo do estabelecimento de uma lei
trabalhista clara e protetiva no Brasil e responsável por regulamentar as leis trabalhistas
e processo do trabalho, de forma que as regras ficassem mais acessíveis.
Após a criação da CLT, muitas leis foram adicionadas – desde leis específicas para o
fortalecimento da mulher no mercado de trabalho, até as mais recentes regulamentações
para empregadas domésticas, por exemplo.

A professora conta que muitos avanços aconteceram desde a promulgação da CLT até
os dias atuais, mas ainda há muito a ser conquistado.

“Dois terços da CLT já passaram por alteração, ou seja, houve modificação da redação
originária. Mas a lei ainda tem questões que precisam de atenção, como a capacidade
relativa da mulher, por exemplo, que mudou bastante desde o último texto a respeito,
em 1962”, diz.

REFORMA TRABALHISTA

Convidada para debater na Comissão de Legislação Participativa da Reforma


Trabalhista, a professora Vólia Bomfim diz que:” se aprovada como está, muitos
direitos trabalhistas serão perdidos”. Comentário antes da aprovação da Reforma
Trabalhista pelo Congresso Nacional de 2017.

E declara mais:

“Dos 117 artigos que essa reforma traz, entre sete a dez são favoráveis ao trabalhador,
enquanto os outros cem retiram direitos dos trabalhadores”, explica. E alerta: “Pressão
popular e pressão social são as únicas saídas para tentar modificar esse projeto de lei,
para que sejam melhorados e não fiquem tão distorcidos da realidade trabalhista".
Algo muito relevante e que o projeto não toca ou modifica é a desigualdade salarial
entre homens e mulheres. “Só com política pública, conscientização e fiscalização essa
questão será modificada“, sugere a professora.

Vólia, explica ainda que a reforma favorece muito mais o empresário do que o
empregador. “Eu diria que essa não é uma reforma trabalhista, mas sim uma reforma
empresarial. É uma desconstrução do direito do trabalho”, finaliza.

You might also like