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ORIGEM DA PALAVRA CONTABILIDADE

INTRODUÇÃO

Terá o caro leitor a ideia de que a contabilidade é coisa muito antiga. E é-o de facto ainda que
a sua antiguidade dependa do conceito que dela tivermos: sistema de registo e de informação,
isso sempre foi.

Se tiver a bondade e a paciência de ler este texto, procurarei mostrar-lhe que – a contabilidade
em si – ainda é mais antiga do que pensa, mas que a palavra contabilidade terá um pouco mais
do que uns “meros “ 2 séculos e que o seu significado inicial não era o atual: coisas da
evolução semântica da linguagem, sempre viva e dinâmica.

A ANTIGUIDADE DA CONTABILIDADE

Reputados linguistas1 e alguns historiadores de contabilidade (ou contabilistas 2/historiadores)


dizem-nos que a necessidade de fazer registos foi um dos vetores que conduziram à criação da
escrita3. Necessidades simples, decorrentes da sedentarização dos povos.

Ou seja, muito antes da criação da moeda cunhada (cerca do Séc. IX A.C., na Lídia, Ásia
Menor).

Isto, se aceitarmos um conceito amplo de contabilidade - para abranger um longo período


histórico - como o da informação ou registo, não necessariamente monetário, sobre um
património ou parte dele.

Bom, se dissermos que “o valor é a pedra angular da contabilidade” 3 então a antiguidade é


muito menor.

Há décadas que linguistas vinham dizendo que a necessidade de fazer registos foi um dos
vetores que conduziram à criação da escrita e do alfabeto. Richard Mattesich, neles se
baseando, também o escreveu em 2000, em “The Beginnings of Accounting and Accounting
1
“Uma História da Linguagem”, de Steven Roger Fischer, Temas e Debates, Lisboa, 2002, pág. 81 e
seguintes: pág. 84: “…a escrita surgiu a partir de uma necessidade mundana: a contabilidade ligada à
troca”;

2
“The Beginnings of Accounting and Accounting Thought”, de Richard Mattesich, Routledge, New York,
2000, capítulos 3 e 4 e apud Denise Schmandt-Besserat, “Reckoning Before Writing”, Archeology , vol.
32, No. 3: pág. 23-31; “How Writing Came About”, de Denise Schmandt-Besserat, Univ.Texas Press,
1997; “Archaic Bookkeeping: Early Writing and Techniques of Economic Administration in the Ancient
Near East”, de Hans J. Nissen, Peter Damerow e Robert Englund,, Univ. Chicago Press; 1994;
“Reflexiones sobre la naturaleza y los origenes de la contabilidad por partida doble”, de Esteban
Hernández Esteve, revista “Pecunia”, n.º 1/2005,págs, 93-124.”Accounting History and the Rise of
Civilization”, de Gary Giroux, BEP-Business Expert Press, New York, 2017, págs. 12 a 17.
3
Revista “National Geographic – História, n.º 20”, “Mesopotâmia”, 2019, pág. 35;
3
Jean Dumarchey,”Teoria Positiva da Contabilidade”, ed. RCC, Porto, 1943,pág.56

1
Thought“. Agora, porém, tal é tão consensual que o vemos escrito e ilustrado numa revista
popular de divulgação científica como é a National Geographic. Com a sedentarização dos
povos, era preciso contar animais e produtos, saber quanta terra se tinha, tomar notas, pois
“mais vale ruim nota que uma boa memória” (ainda que a nota seja um risco numa árvore ou
um sulco numa pedra), fazer inventários, anotar trocas, empréstimos, … Coisas simples,
elementares mas a requererem registo. Ou seja, a “contabilidade”, nesta lata aceção,
contribuiu para a criação da escrita, há mais de 5.000 anos. Assim, pode dizer-se que então
nasceu esta “contabilidade”, fruto da mesma raiz que a matemática, a economia e de tudo
quanto da escrita derivou.

Já agora, permita-se-me lembrar que no território que hoje é Portugal, mais precisamente
entre o Baixo Alentejo e o Algarve, estendendo-se à Andaluzia Ocidental e ao Sul da
Extremadura espanhola, apareceu a chamada e misteriosa “escrita do Sudoeste” 4(ou cónia),
até agora quase só representada em estelas funerárias, mas que um autor espanhol5, da Univ.
Complutense de Madrid, admite ter sido usada em documentos mercantis.

Se assim for, afinal há muito, muito tempo que por cá se fazia “contabilidade”.

Segundo o ”Dicionário da Academia”, contabilidade provém do francês comptabilité e o


Houaiss data o seu aparecimento de 1803, baseando-se no “Dicionário de Língua Portuguesa”
de António de Morais Silva (“o Morais”), 2ª edição, 1813, que regista a palavra como
“obrigação, dever de dar conta de alguma fazenda, ofício, gerência, administração” ou
“responsabilidade …de dar conta…”.

Porém na 4ª edição (1831) deste Dicionário adicionou-se a grafia “Comptabilidade” e refere-se


como constando de um Alvará de 17976.

De facto, no Alvará Real de 12 de Agosto de 1797, que regulou os arsenais reais no Brasil,
refere-se, no seu preâmbulo, à necessidade de aí estabelecer “o mesmo sistema de
Administração e “Comptabilidade” que existe no meu Arsenal Real de Lisboa”. Ora o assunto
relaciona-se com a Marinha e é então Secretário de Estado da Marinha e do Ultramar de D.
Maria I, desde 1795, Rodrigo de Sousa Coutinho. Ora este foi de 1779 a 1795 ministro
plenipotenciário de Portugal junto da corte do Reino de Saboia 7, em Turim (onde uma das
línguas oficiais era o francês, que, também e ao tempo, era a língua diplomática), período em
que aí casou e adquiriu muitos conhecimentos - nomeadamente em matérias financeiras e da

4
L’écriture prélatine du sud-ouest de la péninsule ibérique», por Virgílio Correia, revista « Les Dossiers
d Archéologie», n.º 198, Novembre/94 ; “La Lectura de las Inscriptiones Sudlusitano-tartesias”, por Jesús
Rodríguez Ramos, “Faventia” n.º 22/1, 2000, págs. 21-48; “Novos Monumentos Epigrafados com Escrita
do Sudoeste da Vertente Setentrional da Serra do Caldeirão”, por Amílcar Guerra, Rer. Port.
Arqueologia, vol. 5, n.º 2, 2002, págs. 219-231; «A Escrita do Sudoeste da Península Ibérica : Velhos
Dados, Novas Teorias e a sua Importância para o Estudo das Antigas Culturas Hispânicas”, por Virgílio
Hipólito Correia, revista “Portvgalia”, Nova Série, vol. 35, Porto, 2014 págs. 77-93;
https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_da_Escrita_do_Sudoeste
5
Hoz, Javier de, “El origen de la escritura del SO”, “Actas del III Coloquio sobre lenguas y culturas Palo
hispánicas”; (Lisboa 5-8 Noviembre1980); Jan/1985
6
Deverá ter sido aqui que o Prof. Gonçalves da Silva baseou a nota de rodapé que consta na sua
“Contabilidade Geral”, I volume, 2ª edição, 1971, pág. 51
7
Reino que englobava a ilha da Sardenha e a região de Turim

2
“bela ordem da contabilidade” com que, aí, se registava a fazenda pública 8 - e aí formou o seu
pensamento.

Já nas suas “Reflexões sobre a Fiscalidade e Finanças em Portugal” (1786) escrevia: “em
Portugal, a despesa e receita, ou o que se chama de contabilidade é muito bem entendida,
mas tudo o mais é defeituoso”.

Em 1798, num Parecer para o Príncipe regente, entendia que se devia estabelecer “a mais
severa contabilidade no Exército, no seu aprovisionamento e nos arsenais, criar para esse fim
uma Contadoria e uma Junta de Fazenda”, dizendo ser fundamental “reestabelecer o sistema
de contabilidade do Erário, totalmente perdido pela nulidade e frouxidão, para não dizer
corrupção, do tesoureiro-mor” ou seja, “reestabelecer o sistema de contabilidade totalmente
arruinado, fazendo reviver a este respeito não só o antigo e exato método praticado no
reinado do senhor rei D. José…, mas acrescentando-lhe a pedra angular do edifício, que nunca
se pôs, que é o sistema de balanços ou orçamentos dos diversos artigos futuros da receita e
despesa”.

Em Dez./1798, no discurso da abertura da Sociedade Real Marítima, Rodrigo de Sousa


Coutinho elogia a Repartição de Marinha, por esta dispor de uma “forma de contabilidade que
é conforme no que melhor se conhece fora de Portugal em tal matéria”.

Em 1799 apresentou, pela 1ª vez, ao Rei as contas gerais da Marinha, relativas ao ano de 1798.

Ainda em 1799, refere, em vários textos, a necessidade de “uma mais exata e miúda
contabilidade em todas as Repartições onde se despende a Fazenda Real, semelhante ao que
se pratica na Repartição da Marinha” e defende que “o sistema de contabilidade proposto
para o Reino” devia ser alargado ao Ultramar. “Sem uma grande e vigorosa alteração na
administração e arrecadação da Fazenda, sem uma exata e verificada contabilidade em todas
as Repartições de receita e despesa da Fazenda Real … nada se pode esperar que seja estável”.

Na carta de 14 de junho de 1801, para o seu sucessor na Secretaria de Estado, Sousa Coutinho
destaca que na Repartição da Marinha “existe a mais rigorosa contabilidade” e “o bom estado
da contabilidade da mesma Repartição”.

Em 1803 escreve: “sem a introdução da mais exata contabilidade nas Despesas que se
houverem de fazer, e sem os Orçamentos ou Balanços preventivos e Contas comparativas, é
igualmente impossível estabelecer uma rigorosa economia em cada Repartição; e esta mesma
exata contabilidade se não introduzir … como atualmente se pratica por ordem de V. A. Real
na Repartição da Marinha.”

Apesar de Sousa Coutinho ter deixado a secretaria de Estado, o vocábulo vai aparecer, de
novo, em vários diplomas:

- Em 29 de Agosto de 1801 no Alvará que criou a Junta da Direção Geral para o provimento de
munições de boca do Exército, que determina “que se estabeleça uma comptabilidade e

8
O Estado, neste reino, adotou as partidas dobradas: e-book “Routledge Companion to Accounting
History”, pág, 182/1037

3
escrituração em cada uma das administrações provinciais” e que a Junta examine “quais são os
livros da atual comptabilidade”;

- Em 26 de Janeiro de 1802, no Alvará de regimento para as minas e estabelecimentos


metálicos do Reino: “regular e melhorar a sua contabilidade”; “rigorosa contabilidade e
escrituração”; “para a boa contabilidade e regímen das ditas minas”;

- Em 25 de Agosto de 1802, no decreto com as instruções sobre a distribuição do papel selado


consta a “contabilidade do consumo na forma já estabelecida”;

- Em 5 de Abril de 1803, no decreto de criação da Administração da Imprensa Régia figura:


“debaixo da mais exata contabilidade, de que darão rigorosa conta todas as semanas”;

- Em 13 de Maio de 1803, no Alvará sobre a exploração das minas de ouro e diamantes na


América, diz-se que serão despedidos os comissários responsáveis quando ocorra “a menor
falta, não só na contabilidade dos fundos de que estiver encarregado, mas ainda na exatidão e
prontidão das permutas” e a todos se exige “a exata contabilidade”;

- Em 27 de Setembro de 1805, no Alvará sobre os Hospitais Militares, exige-se ao almoxarife de


cada um deles o “título justificativo da sua contabilidade” e considera-se “os diferentes ramos
da sua administração e contabilidade”;

- Em 4 de Julho de 1808, o título do Alvará que cria um “Erário e Conselho de Fazenda para a
administração, arrecadação, distribuição, contabilidade e assentamento do seu Real
Património e fundos públicos deste Estado e domínios ultramarinos”, publicado já no Rio de
Janeiro (para onde a Corte foi e, com ela, Rodrigo de Sousa Coutinho, que aí foi Ministro da
Guerra e dos Negócios Estrangeiros) é o 1º a registar em título o vocábulo, que volta a
aparecer no seu texto, criando 3 contadorias, sendo que a 2ª e a 3ª ficavam encarregadas da
“contabilidade, cobrança, escrituração e fiscalização” das rendas reais, salvo as do Rio de
Janeiro, que ficaria para a 1ª;

- Em 12 de Outubro de 1808, do Alvará do Banco Público do Rio de Janeiro consta que os


diretores terão “a exata observância sobre a escrituração e contabilidade dos assuntos das
suas transações e operações”.

Por esta relação se constata que o vocábulo “comptabilidade”/ “contabilidade” aparece em


documentos escritos dominantemente oficiais, por ação ou inspiração, direta ou indireta de
Rodrigo de Sousa Coutinho (conde de Linhares, a partir de 1808), que em Turim apreciou a
“bela ordem da contabilidade”, sempre em documentos da ou em referência à Fazenda
Pública e distinguindo – por os escrever em simultâneo, ou seja, com significados diferentes –
a contabilidade (obrigação de prestar contas) da escrituração. Como se viu, no período 1797-
1808 figura, pelo menos, 24 vezes em tais documentos. A introdução da palavra
“contabilidade” é, pois, devida a um nome: Rodrigo de Sousa Coutinho.

O 1º a referir a introdução do galicismo foi Frei Francisco de São Luís Saraiva (o célebre Cardeal
Saraiva, liberal, maçon, membro do Sinédrio, professor e reitor da Universidade de Coimbra,
Bispo dessa cidade, sócio da Academia das Ciências, Presidente da Câmara dos Deputados em

4
1826, após a Carta, ministro do Reino, com o então Marquês de Palmela, guarda-mor do Torre
do Tombo, Cardeal Patriarca de Lisboa).

De facto, da memória por ele apresentada em 1810 ou 1811 à Academia das Ciências e
publicada em 1835, no Rio de Janeiro,“Glossario das palavras e frases da lingua francesa : que
por descuido, ignorancia, ou necessidade, se tem introduzido na locução portugueza moderna;
com juízo crítico das que sao adoptaveis nella” consta: “COMPTABILIDADE (comptabilité): Tem
significação mais restricta que responsabilidade, e diz tanto como obrigação de dar contas.
Vai-se usando na linguagem mercantil, e já vem na Lei de 26 de oitubro de 1797 tit. 5. Melhor
se escreverá contabilidade”. Como já vimos, a “Lei” não devia ser a citada, mas a de 12 de
Agosto do mesmo ano.

De 18 de Setembro de 1833 data o 1º Código Comercial Português 9, da lavra de José Ferreira


Borges, o qual diz:

- No seu Título IV, art.º I, n.º 208: “todo aquelle que da mercancia faz profissão habitual”
incorre… “na obrigação de lançar uma ordem uniforme e rigorosa de contabilidade e
escripturação nos termos precisos determinados pela lei”;

- Na secção II “Da escripturação e correspondência mercantil”, art.º XI, n.º 218: “Todo o
comerciante é obrigado a ter livros de registo da sua contabilidade e escripturação mercantil”;

- No art.º XIV, n.º 221: “Todo o commerciante é obrigado a dar balanço a seu activo e passivo
nos três primeiros meses de cada anno, e a lançá-lo num livro de registo particular com esse
destino, e assigná-lo no livro”;

- No art.º XXIII, n.º 230: “Todo o comerciante pode fazer a sua escripturação mercantil por si,
ou por outrem; mas é obrigado a dar ao guarda-livros que empregar, uma auctorização
especial e por escripto. Esta auctorização será registada no registo público de commercio”;

- No art.º XXIX, n.º 236”…os sócios podem nomear um guarda-livros para a formação do
balanço. Esta nomeação é sujeita à solenidade do art. XXIII deste título”.

9
Este é, aliás, o 1º Código português, no sentido moderno, ainda que, à época houvesse “quem
condenasse a autonomia do direito comercial, dizendo servir “só para legislar sobre uma partezinha do
contrato da locação, que podia estar plenamente regulada, conforme a justiça, em duas ou três linhas,
que servissem para todos quantos Almocreves ou Conductores, tem havido no mundo, e poderão haver
nelle até à consumação dos séculos. Por esta forma, poderá ainda haver hum Código para os cegos,
outro para os surdos, ….e depois, também hum para os Manueis, e outro para os Franciscos…”. (Vicente
Cardozo da Costa, “Que he o Código Civil? Notas”, pág. 112 Lisboa, 1822, Tipografia de António
Rodrigues Galhardo, citado por Nuno Espinosa Gomes da Silva, na sua “História do Direito Português”,
5ª edição, Fundação Gulbenkian, 2011, pág. 504/5, nota de rodapé 1 desta. Com toda esta ironia se vê
como o direito comercial era encarado no Portugal da época, ainda muito Ancien Regime - apesar de os
liberais já terem tomado Lisboa a 24 de Julho desse mesmo ano - e no começo da transição que é
explanada nas pág.422 a 424 da “História do Direito Português” de M. J. Almeida Costa, Almedina,
Coimbra, 2005, em especial na pág. 422 e sua nota 3, a qual explica a nova conceção do direito
mercantil a partir da Revolução Francesa, que passou a ser a disciplina dos atos de comércio,
independentemente da qualidade das pessoas que o praticam, isto é, deixou de ser o direito próprio de
uma classe de profissionais.

5
Do completo e notável para a sua época “Diccionario Juridico-Commercial” do mesmo Ferreira
Borges, 2ª edição, Porto, 1856, 440 páginas) consta:

- “Contabilidade – palavra introduzida da francesa, porém com significação alterada: porque os


francezes intendem por contabilidade uma natureza particular de receita e despeza por que
deve dar-se conta e responder-se: assim a contabilidade dos recebedores geraes das finanças,
e outras: d’ahi a palavra comptable – oficial que maneja os dinheiros reaes – e bem assim o
que é obrigado a uma conta (Guyol). – Nós por uso adoptamos este termo para significar o
estado das contas, o que dizemos pelo termo escripturação: assim dizemos tenho a
contabilidade atrasada, como se quizessemos dizer – não tenho as contas em dia.- Assim se
diz: - fulano é hábil em contabilidade, querendo expressar, que é versado em contas
commerciaes, ou outra. Rigorosamente falando, não carecíamos muito do termo, porque
contas, calculo, ou escripturação expressão o mesmo: entretanto cumpre confessar, que o uso
mercantil tem cunhado a palavra – Vide Escripturação, Conta.”

Portanto, em 1856 (e, como veremos adiante, de forma já desatualizada nessa data, mas
Ferreira Borges escreveu este “Diccionario…” em 1833 e viria a falecer em 1838, sendo a 1ª
edição editada, postumamente, em 1840) tinha-se que os franceses entendiam por
“contabilidade” “uma natureza particular de receita e despesa … nas finanças”, logo públicas.
Refletia assim a origem da palavra (mesmo que dela não tivesse conhecimento explicito). Este
ilustre e pioneiro comercialista10 mostra, aqui, que o significado da palavra está em evolução.

Mas vale a pena transcrever a entrada “Escripturação”:

“-termo comercial:- é o que se escreve nos livros de um escriptorio comercial: n’este sentido
dizemos: tenho a escripturação atrasada, isto é, não tenho os livros em dia.- Escripturação
mercantil é pois synonimo de Livros commerciaes.-A escripturação d’um negociante deve
merecer-lhe a mais sisuda atenção: ella compreende a historia da sua vida mercantil, mostra-
lhe o estado dos seus negócios, e portanto da sua regularidade quasi que depende a sua
existência comercial. Se bem se examinar a causa de muitas fallencias ella apparecerá na falta
ou irregularidade da escripturação. Em mil casos a escripturação do commerciante é prova ou
adminiculo de prova: isso basta para provar a sua ponderação … O methodo da escripturação
diz-se seguido em partidas – simples, ou singelas¸ e em partidas dobradas. -A escripturação
deve ser apropriada, e adaptada ao género de commercio, que se faz. A sua bondade é pois
relativa; o que só é absoluto é que a haja, que hajão os livros, que a lei exige essencialmente.

A escripturação dos livros do Erario, e arrecadação da Fazenda faz-se pelo methodo mercantil
e escripturação dobrada, Cart. L. 22 dezembro 1761, tit.12, §1…”

É saborosa a definição desta entrada, em tom para o coloquial: entre rigorosos conceitos e
doutos conselhos dá ideia da mentalidade e práticas da época nestas matérias

No 1º Código Administrativo português, de 1836 (Passos, Manuel), institui-se (art.º 82º, §º


10º) que as Câmaras Municipais devem “dar conta anual ao Conselho de Distrito por via do

10
V. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Ferreira_Borges, consultado em 2020.05.12

6
Administrador Geral, com as clarezas que ele exigir, da Receita ordinária e extraordinária, e da
Despesa do ano antecedente…”.

Porém, no Código de 1842 (Costa Cabral) que o substituiu, a Seção 8ª do Capítulo I, do Título
2º intitula-se “Contabilidade” e, nela, o art.º 161º diz “o Presidente e o Tesoureiro dão
anualmente contas da sua gerência perante a Câmara”. Esta obrigação para as Câmaras está
também prevista no art.º 327º para as Juntas de Paróquia (“…dá anualmente contas perante a
Câmara…”.

Ou seja, o Presidente e o Tesoureiro dão pessoalmente contas perante a Câmara numa Secção
intitulada Contabilidade e, isso, é aquilo que os “francezes intendem por contabilidade uma
natureza particular de receita e despeza por que deve dar-se conta e responder-se”, conforme
Ferreira Borges, no seu atrás citado Dicionário.

Porém, no mesmo ano de 1842, no Relatório que serviu de base ao Decreto de 1842.12.12 11
diz-se: “A Repartição de Fazenda do Governo Civil terá a seu cargo a Contabilidade da
arrecadação e aplicação dos rendimentos públicos do Distrito…”.

Ou seja, com poucos meses de intervalo, nesse ano de 1842, o legislador servia-se dos 2
conceitos já citados para a palavra, o que mostra que o seu significado estava em plena
evolução. “Dever de prestar contas”, no Código, e a “feitura das contas” a cargo de uma
Repartição, no Relatório.

Na “Lei de Administração Civil” de 1867 (Martens, Ferrão) que de forma efémera, o revogou, a
“contabilidade municipal” passou a subsecção e no art.º 188º diz-se que “…apresentará o
presidente à câmara a conta do mesmo exercício”. Ou seja, passou-se de “dar” a “apresentar “
contas.

Já no Código que, na prática, se seguiu, o de 1878 (Rodrigues Sampaio), há uma secção para a
“contabilidade distrital” e outra para a “contabilidade municipal” continuando a usar-se a
expressão “apresentar” contas.

A Carta de Lei de 28 de Junho de 1888 (reinado de D. Luís) aprovou o “Código Comercial


Português”, que foi o 2º e é dito de Veiga Beirão (e ainda parcialmente em vigor), o qual
obriga, pelo seu art.º 18.º, os comerciantes a “ter escrituração mercantil”, “a dar balanço, e a
prestar contas”, etc. Nele nunca se refere a palavra contabilidade, mas sim “escrita” e
“escrituração mercantil”. E contra esta omissão, grande reação houve por parte dos guarda-
livros, encabeçados por Ricardo de Sá.

Os primeiros livros que aparecem, em português, intitulados de “contabilidade” são 12:

11
Diário do Governo n.º 295, de 14 de Dezembro. Este Decreto foi regulamentado pelas Instruções “para
a administração, fiscalização e contabilidade dos rendimentos públicos”, de 1843.02.08, publicadas no
Diário do Governo n.º 34, de 9 de Fevereiro, as quais, pelo seu art.º 8º, mandam efetuar “pelo método
de partidas singelas” o que, pelo art.º 10º de Decreto, deveria ser “segundo o sistema de escrituração,
por partidas dobradas, que no processo da nossa contabilidade central a Lei exige” .
12
Everard Martins (1944) e Pereira, J. M. (2001)”

7
- “Tratado de Escrituração Mercantil…Arrumação dos Livros de Contabilidade…”, Anónimo
(Domingos de Almeida Ribeiro?), 1842;

- “Regulamento Geral de Contabilidade Pública”, Lisboa, 1870;

- “Curso de Contabilidade Comercial”, de Rodrigo Afonso Pequito, Lisboa, 1875;

- “Opinião da Imprensa Brasileira e Portuguesa Acerca do Curso de Contabilidade Comercial”,


de Rodrigo Afonso Pequito, 1876;

- “Secretário do Povo ou Tratado Completo da Escrituração e Contabilidade…”, do Dr.


Francisco R. d’Oliveira Castelo Branco, Lisboa, 1880;

- “Noções de Contabilidade e Escrituração Comercial”, de L. Albano, 1884;

- “Guide Pratique de Comptabilité Agricole avec exemples des cahiers employés », anónimo,
Lisboa, 1884 ;

- “Instruções para o Serviço de Contabilidade dos Correios, Telégrafos e Faróis”, Anónimo,


1886;

- “Carteira do Comerciante, do Industrial e do Agricultor. Tratado Prático de Contabilidade”, de


Carlos Augusto dos Santos Afonso, Porto, 1888;

- “Contabilidade Comercial”, de José Augusto Pereira Nunes, 1893;

- “Contabilidade e Escrituração Mercantil”, de António de Magalhães Peixoto, Lisboa, 1893;

- “Tratado de Contabilidade Comercial”, de Luiz M. dos Santos, Porto, 1893;

- “Taxonomia Contabilística”, de Ricardo de Sá, Lisboa, 1895;

- “Tratado Prático de Contabilidade e Escrituração Comercial”, de António de Magalhães


Peixoto, 1896.

Já no Séc. XX:

- “Tratado de Contabilidade”, de Ricardo de Sá, Lisboa, 1903 (o 1º livro a ter no título apenas
Contabilidade).

Em resumo: a palavra “contabilidade” apareceu em português em 1786 nas “Reflexões sobre a


Fiscalidade e Finanças em Portugal”, de Rodrigo de Sousa Coutinho, que apreendeu a mesma
aquando da sua estadia em Turim (na altura Reino da Saboia ou Estados Sardos) e que aí forma
a opinião de que a contabilidade era uma “bela ordem”. Tendo sido nomeado Secretário de
Estado, introduziu a palavra na legislação e em documentos oficiais, onde aparece pelo menos
24 vezes entre 1797-1808, sempre referente à Fazenda Pública. Daí se foi alargando o seu uso
e, também, o seu significado, de tal forma que veio a abranger igualmente, os negócios
mercantis e se confundiu com “escrituração”. Por exemplo, em 1880, José Joaquim Rodrigues
de Freitas Jr., autor de “Elementos de Escrituração Mercantil” (1880 e 1882) - livro que tem

8
por base as suas lições na Academia Politécnica do Porto - explica que, apesar de o programa
oficial dos liceus se referir a “contabilidade e escrituração”), “não apresenta a menor diferença
entre as duas palavras”, com o que ele próprio concordava. O 1º livro a incorporar
“contabilidade” no título é de 1842, mas o 1º a intitular-se só de “contabilidade” é o Tratado
de Ricardo de Sá de 1903.

E EM FRANCÊS? DO DEVER DE PRESTAR CONTAS À PALAVRA CONTABILIDADE

Se a nossa “contabilidade” provém do francês “comptabilité”, quando é que esta palavra aí


apareceu e como? A raiz inicial vem, claro, do latim computare (contar).

Em 1694, a Académie Française registava no seu primeiro “Dictionnaire” a palavra comptable e


voltou a fazê-lo em 1718, na 2ª edição, definindo-a como “aquele que é obrigado a prestar
contas”.

No “Dictionnaire des Finances” (Paris, 1727) “comptable” é « celui qui a manié des deniers
dont il est tenu de rendre compte »

De “comptable” derivou “comptabilité”, palavra que aparece em 1750, exatamente ligada às


Finanças Públicas, como “obrigação de prestar contas” e de as verificar (“veu & verifié, et
signera”).

A sua primeira definição (algo confusa) aparece na Enciclopédia, de Diderot e D’Alembert, de


1753; melhor e mais tarde virá no dicionário da Académie Française, de 1798, como
“obligation de rendre compte, état du comptable”.

Só em 1834 é que aparece um «Traité de la Nouvelle Comptabilité Commerciale et Financière


… »  de Martin Battaille (Bruxelas).

O primeiro registo documentado de «comptabilité” encontra-se num documento de


Novembro de 1750, o qual foi posteriormente intitulado de “Les Fermiers des Aydes, Circulaire
de la Ferme Générale proposant un mode uniforme de comptabilité » (BNF, COTA-FP7297) :

- Na pág. 8 : « Comptabilité des receveurs qui quitteront dans le courant de l’année » ;

- Na pág. 9 : « Les comptes dont nous venons de parler seront formés sous les yeux du
directeur qui les vérifiera et mettre à la suite VEU & VERIFIE, et signera. Cette comptabilité doit
être entre les deux receveurs » .

Note-se que tal expressão estava confinada às Finanças do Estado, que eram do Rei e que a
Revolução de 1789 veio a tornar públicas, nomeadamente a cobrança de impostos, a qual era
antes feita por particulares, que dela tinham que prestar contas.

Aliás, é isso mesmo que quer dizer “Fermier”, no francês usado até à Revolução: coletores de
impostos por adjudicação (“affermer les impôts” era leiloar os impostos) e “aydes” eram os
impostos indiretos a favor do rei, as quais “aydes” foram criadas pelas Cortes de 1360 para
financiar o resgaste do seu rei, João, o Bom, feito prisioneiro pelos ingleses na batalha de
Poitiers de 1356. A “Ferme générale” (“Compagnie des fermiers généraux “, criada por Colbert,

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no tempo de Luís XIV) era o organismo do Estado que geria as cauções prestadas pelos
arrematantes, as quais eram usadas como adiantamentos. “Aydes” eram impostos sobre o sal,
bebidas, alimentos, …

Porém a língua é viva e vai-se alterando: é a evolução semântica.

Em 1876, Dupiney de Vorepierre 13, no seu “Dictionnaire de français illustré” registou para
“comptabilité” 2 sentidos:

- “obligation de rendre compte”, dizendo ser pouco usado;

- “moyens de rendre compte”.

Neste segundo sentido, a palavra começou a ser usada, nas suas obras, por Pierre Boucher
(1800), Degrange (1801), Lorimier (1808), Legret (1811).

Das Finanças Públicas passou, assim, ao domínio mercantil e a noção da responsabilidade de


prestar contas foi-se diluindo e foi sendo substituída pelo seu substrato. Começou então a
confundir-se “tenue des livres” com “comptabilité”.

Verificaram-se algumas tentativas de distinção, como em J. S. Quiney (1817): “la comptabilité


est la science des comptes, la ténue des livres est l’art de rendre raison de toutes les
opérations ».

Assim, ao longo do Séc. XIX, “tenue des livres” foi sendo substituído por “comptabilité”. A
Revolução Industrial, com o aparecimento de grandes empresas e a consequente divisão de
trabalhos, levaram ao aparecimento dos serviços administrativos, da “Contabilidade” (como
função departamental). A divisão entre Sede e Fábrica(s), geograficamente separadas, também
ajudou, pois tinham serviços próprios separados e diferentes. Dentro desses departamentos
começou a verificar-se uma hierarquia e, logo, diferentes categorias de profissionais: só alguns
eram “comptables”.

A conotação social da “comptabilité” e dos seus “comptables” era outra em relação aos
“teneurs des livres”, pelo que representou uma promoção.

Em conclusão: a palavra “comptabilité” aparece em França, pela 1ª vez, em 1750, no domínio


das Finanças Públicas, com o significado de obrigação de prestar contas, ou seja, próximo do
atual significado do inglês “accountability” (palavra que o Webster's College Dictionary data de
1785-95, ou seja poucas décadas depois). Por sua vez “accountancy” só aparece em 1854 e
“accounting” em 1858.

Em português “contabilidade” aparece, como vimos, em 1786 com o mesmo significado. Só 38


anos depois de França e muito antes da Grã-Bretanha: para o tempo não estávamos nada mal

13
Apud LABARDIN, P. e NIKITIN, M. (s/d)

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Em Inglaterra o termo que apareceu primeiro foi “accountability” (1785-95), ou seja, mais ou
menos a mesma data em que em Portugal apareceu “contabilidade” (1786).

Já “guarda-livros” tinha aparecido em 1672 14.“

Em ambos os casos, o significado da palavra “comptable”/contabilista evoluiu, passando


daquele que tinha a obrigação de prestar contas para o daquele que as elaborava e,
concomitantemente, para a matéria/disciplina de prestação dessas contas. Esta evolução está
documentada em francês a partir de 1800. Este novo significado difundiu-se ao longo do Séc.
XIX, sendo já corrente em França em meados do século, enquanto que em Portugal e com
segurança definitiva terá que se apontar para 1903 (o do Tratado de Contabilidade, de Ricardo
de Sá).

A datação, em inglês para as correspondentes palavras é: “accountant “ (1539), “accountable”


(1583), “accomptant” (1653), “accompting” (1714).

A palavra “accountancy” só aparece em 1848 - como se disse – e “accounting” em 1858.


“Chartered accountant” aparece aquando da fundação do ICAS-Institute of Chartered
Accountants of Scotland (a mais antiga associação de contabilistas) em 1854. “Accountantship”
foi encontrada em texto de 1818.

Em castelhano e segundo o sítio https://dirae.es, baseado no “Diccionario de la lengua


española”, da “Real Academia Española”, a palavra “contabilidade” apareceu apenas em 1837,
como "sistema adoptado para llevar la cuenta y razón en las oficinas”, mas data de 1726 como
adjetivo, no sentido de “que queda fuera del control de la Hacienda publica” (em francês e
como vimos só em 1750 é que aparece, mas com outro sentido).

Em italiano e muito curiosamente, pois foi aí que as partidas dobradas nasceram, “ragioneria”
(do latim ratiónem , cálculo, conta) é contabilidade e “contabilità” (do francês comptabilité) é
escrituração.

BIBLIOGRAFIA:

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Porto, 1969;

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de comptabilité des entreprises », Presses Universitaires du Septentrion, Villeneuve d’Ascq,
2016 ;

COSTA, Maria Fernanda Assis, “Aconteceu Contabilidade”, Plátano Editora, Lisboa, 1988

14
Regimento da Junta do Comércio Geral do Estado do Brasil, de 1672, assinado pelo Príncipe Regente
D. Pedro (futuro D. Pedro II, rei de 1683 a 1706). Com efeito, o capítulo 42, de um total de 99, faz
menção explícita ao guarda-livros (de verbo ad verbum) da contadoria da organização (cf. Decreto de 19
de setembro de 1672 – Regimento da Junta do Comércio Geral do Estado do Brasil, capítulo 42).
(Gonçalves, M, 2107, pág. 34)

11
DE ROCCHI, D.; DE ROCCHI, C, “Teoria Geral da Informação Contábil: um estudo sobre as
origens e a ulterior evolução histórica”, “Contadoria Universidad de Antioquia”, n.º 67 (julio-
diciembre) /2015, pág. 207n-231

EVERARD MARTINS, Rodrigo Manuel, “Ensaio de Bibliografia Portuguesa De Contabilidade”,


RCC, n.ºs 47/8 e 216, de 1944 e 1997, respetivamente;

FERREIRA BORGES, José, “Diccionario Juridico-Commercial”, 2ª edição, Porto, 1856 (disponível


em http://purl.pt/298 consultado em 2020.05.12);

GIROUX, Gary, “Accounting History and the Rise of Civilization”, Vol I, BEP-Business Expert
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primeiro guarda-livros com diploma escolar (1771) ”. “De Computis”, Nº. 26, Junio 2017;

GONÇALVES, Miguel, “Contabilidade por partidas dobradas: história, importância e pedagogia


(com especial referência à sua institucionalização em Portugal, 1755 – 1777) ”De Computis”,
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GONÇALVES DA SILVA, «Curiosidades, Velharias e Miudezas Contabilísticas”, 2ª edição, 1985,


pág. 103 e seguintes;

LABARDIN, Pierre e NIKITIN, Marc, « Autour du Mot Comptabilité », Cahier de Recherche 2006-
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12
SERRÃO, Joel, Direção de, “Dicionário de História de Portugal”, Iniciativas Editoriais, 1979, 6
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peninsular; Liberais, Guerras; Liberalismo; Soult, …;

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www.treccani.it/vocabolario (consultado em 2020.06.15)

MAIO/2021

Carlos Ferraz

https://orcid.org/my-orcid?orcid=0000-0002-0721-9203

Publicado em:

“Jornal de Contabilidade”, APOTEC, Lisboa, Portugal

N.º 481, JULHO/SETEMBRO/2021, pp. 116-122

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