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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DEPARTAMENTO DE FÍSICA ITABAIANA - DFCI

EXPERIMENTO DE FRANCK-HERTZ

JOSÉ ALEX VIEIRA DOS SANTOS

Disciplina:
LABORATÓRIO DE FÍSICA MODERNA 1
Turma- 01
Período- 2022.2
PROF. DR. JOSÉ GERIVALDO DOS SANTOS DUQUE

Itabaiana – SE
Fevereiro de 2023
1. Resumo

Neste experimento, realizamos um estudo das propriedades quânticas da


matéria a partir da experiência de Franck-Hertz. Para isso utilizamos um tubo de
Franck-Hertz preenchido com Hg, associado a um osciloscópio e um aparelho
de operação. A partir dos dados determinamos a distância média entre os
máximos de corrente, cujo valor encontrado foi de (5,00 ± 0,05) V. De acordo
com este resultado, as energias absorvidas pelos átomos nas colisões foram de
aproximadamente 𝐸 = (5,00 + 0,05) eV, o que corresponde as transições mais
prováveis para o átomo de Hg.

2. Introdução

A teoria de Bohr para o átomo de hidrogênio prevê a quantização da


energia total do elétron. Em 1914, por meio de uma experiência simples, Franck
e Hertz comprovaram que não somente os átomos monoeletrônicos, os quais já
se conheciam as energias através das previsões de Bohr, são quantizados, mas
também os átomos multieletrônicos têm seus estados de energia quantizados
[1]. Uma representação do equipamento utilizado nessa experiência é mostrada
na figura abaixo.

Figura 01: Esquema do equipamento usado por Franck Hertz.

Fonte: Adaptado da fonte [4].


A experiência envolve a medida da corrente eletrônica que atinge P
(indicada pela corrente 𝐼 passando pelo medidor) como uma função da voltagem
aceleradora 𝑉. Para isso, são emitidos termicamente elétrons de baixa energia
do catodo aquecido C. Eles são acelerados em direção ao anodo 𝐴 por um
potencial 𝑉 aplicado entre os dois eletrodos. Alguns dos elétrons passam através
de buracos em A e vão até a placa P, desde que suas energias cinéticas ao
deixarem A sejam suficientes para vencerem um pequeno potencial retardador
𝑉𝑟 aplicado entre 𝑃 e 𝐴. O tubo inteiro está cheio de gás ou vapor, a baixa
pressão, dos átomos que queremos investigar [1].

Sendo assim, suponha que uma partícula rápida 𝑞 colida com outro
sistema A (que pode ser um átomo, uma molécula ou um núcleo) que está em
seu estado fundamental 𝐸1 . Como resultado da interação projétil-sistema (que
pode ser eletromagnético ou nuclear), há uma troca de energia. Seja 𝐸2 a energia
do primeiro estado excitado do sistema. A colisão será elástica (ou seja, energia
cinética será conservada) a menos que o projétil tenha energia cinética suficiente
para transferir a energia excitante para o alvo 𝐸2 − 𝐸1 .

Quando a massa do projétil 𝑞 é muito pequena em relação à do alvo A,


como ocorre no caso de um elétron colidindo com um átomo, a condição para há
uma colisão inelástica é:

𝐸𝑘 ≥ 𝐸2 − 𝐸1 (1)

1
onde 𝐸𝑘 = 2 𝑚𝑣 2 é a energia cinética do elétron antes da colisão. A energia

cinética do elétron depois da colisão é 𝐸𝑘′ = 𝐸𝑘 − (𝐸2 − 𝐸1 ), já que a energia que


o elétron perde na colisão é 𝐸2 − 𝐸1 [2].

Agora, suponha que um elétron de energia cinética 𝐸𝑘 se mova através


de uma substância, digamos vapor de mercúrio. Se 𝐸𝑘 é menor que a primeira
energia de excitação do mercúrio, 𝐸2 − 𝐸1 , todos as colisões são elásticas e o
elétron se move através do vapor perdendo energia muito lentamente, pois a
energia cinética máxima perdida em cada colisão é aproximadamente:

𝑚𝑒
∆𝐸𝑘 ≈ −4 ( ) 𝐸𝑘 ≈ 5 × 10−6 𝐸𝑘 (2)
𝑀
Para mostrar o resultado acima vamos supor que o elétron de massa 𝑚𝑒
e velocidade inicial 𝑣1𝑖 colide com o átomo de Hg de massa 𝑀 inicialmente em
repouso (𝑣2𝑖 = 0). Vamos supor também que sistema composto pelo elétron e o
átomo é fechado e isolado. Isso significa que o momento linear total do sistema
é conservado, então:

𝑚𝑒 𝑣1𝑖 = 𝑚𝑒 𝑣1𝑓 + 𝑀𝑣2𝑓 (3)

Se a colisão é elástica, a energia cinética também é conservada e


podemos escrever:

1 1 1
𝑚𝑒 𝑣12𝑖 = 𝑚𝑒 𝑣12𝑓 + 𝑀𝑣22𝑓 (4)
2 2 2

A fim de encontrar as expressões para as velocidades finais do elétron e


do átomo, reescrevemos as equações (3) e (4) da seguinte forma:

𝑚𝑒 (𝑣1𝑖 − 𝑣1𝑓 ) = 𝑀𝑣2𝑓 (5)

𝑚𝑒 (𝑣1𝑖 − 𝑣1𝑓 ) (𝑣1𝑖 + 𝑣1𝑓 ) = 𝑀𝑣22𝑓 (6)

Dividindo (6) por (5), obtemos:

𝑣2𝑓 = 𝑣1𝑖 + 𝑣1𝑓 (7)

Da equação 3, temos:

𝑚𝑒
𝑣2𝑓 = (𝑣 − 𝑣1𝑓 ) (8)
𝑀 1𝑖

Substituindo (8) em (7), temos:

𝑚𝑒
𝑣1𝑓 = 𝑣2𝑓 − 𝑣1𝑖 = (𝑣 − 𝑣1𝑓 ) − 𝑣1𝑖
𝑀 1𝑖
𝑚𝑒 𝑚𝑒 𝑚𝑒 𝑚𝑒
𝑣1𝑓 = 𝑣1𝑖 − 𝑣1𝑓 − 𝑣1𝑖 ⇒ 𝑣1𝑓 + 𝑣1𝑓 = 𝑣 − 𝑣1𝑖
𝑀 𝑀 𝑀 𝑀 1𝑖
𝑚𝑒 𝑚𝑒
(1 + ) 𝑣1𝑓 = ( − 1) 𝑣1𝑖 ⇒ (𝑀 + 𝑚𝑒 )𝑣1𝑓 = (𝑚𝑒 − 𝑀)𝑣1𝑖
𝑀 𝑀

Assim,

𝑚𝑒 − 𝑀
𝑣1𝑓 = 𝑣 (9)
𝑚𝑒 + 𝑀 1𝑖
Agora, substituindo (9) em (7), temos:

𝑚𝑒 − 𝑀 𝑚𝑒 − 𝑀
𝑣2𝑓 = 𝑣1𝑖 + 𝑣1𝑓 = 𝑣1𝑖 + 𝑣1𝑖 = (1 + )𝑣
𝑚𝑒 + 𝑀 𝑚𝑒 + 𝑀 1𝑖

𝑚𝑒 + 𝑀 + 𝑚𝑒 − 𝑀
⇒ 𝑣2𝑓 = ( )
𝑚𝑒 + 𝑀

Logo,

2𝑚𝑒
𝑣2𝑓 = 𝑣 (10)
𝑚𝑒 + 𝑀 1𝑖

Como a massa do átomo é muito maior do que a massa do elétron, 𝑀 ≫


𝑚𝑒 , as equações acima podem ser reescritas como:

2𝑚𝑒
𝑣1𝑓 = −𝑣1𝑖 e 𝑣2𝑓 = 𝑣 (11)
𝑀 1𝑖

Substituindo 𝑣2𝑓 em (4), temos:

2
1 1 1 2𝑚𝑒
𝑚𝑒 𝑣12𝑖 = 𝑚𝑒 𝑣12𝑓 + 𝑀 ( 𝑣1𝑖 )
2 2 2 𝑀

1 1 𝑚𝑒 1
⇒ 𝑚𝑒 𝑣12𝑖 − 𝑚𝑒 𝑣12𝑓 = 4 ( ) 𝑚𝑒 𝑣12𝑖
2 2 𝑀 2
1
Com 𝐸𝑘 = 2 𝑚𝑣 2 podemos escrever:

𝑚𝑒
∆𝐸𝑘 = −4 ( ) 𝐸𝑘
𝑀

Por outro lado, se 𝐸𝑘 for maior que 𝐸2 − 𝐸1 , a colisão pode ser inelástica
e o elétron pode perder energia 𝐸2 − 𝐸1 em uma única colisão. Se 𝐸𝑘 não é muito
maior que 𝐸2 − 𝐸1 , a energia do elétron após a colisão inelástica é insuficiente
para excitar outros átomos. Nesse caso, as colisões subsequentes do elétron
serão elásticas. Mas se a energia cinética do elétron é inicialmente muito grande,
o elétron pode experimentar outras colisões inelásticas, perdendo uma energia
𝐸2 − 𝐸1 em cada uma e produzindo átomos mais excitados antes de desacelerar
abaixo do limite para colisões inelásticas [2].

A partir dos resultados da experiência de Franck e Hertz, observa-se que


a corrente cresce quando a voltagem 𝑉 cresce. Quando 𝑉 atinge 4,9 V, a corrente
cai abruptamente. Este comportamento mostrado na Figura 02, indica que
alguma interação entre os elétrons e os átomos de Hg tem início repentinamente
quando os elétrons adquirem uma energia cinética de 4,9 eV. Assim, para uma
determinada diferença de potencial os elétrons adquirem energia suficiente para
excitar o átomo de Hg, perdendo toda sua energia, o que faz o elétron não
conseguir atravessar a região de potencial retardador 𝑉𝑟 [1].

Figura 02: Corrente medida na experiência de Franck e Hertz em função da voltagem.

Fonte: Retirado da fonte [1].

Se 𝑉 for apenas ligeiramente superior a 4,9 V, o processo de excitação


deve ocorrer exatamente em frente ao anodo A, e após o processo os elétrons
não conseguem ganhar, ao se dirigirem a placa A, a energia cinética suficiente
para superar o potencial 𝑉𝑟 e atingir a placa 𝑃. Para 𝑉 um pouco maior, os
elétrons podem ganhar energia cinética suficiente após o processo de excitação,
superar 𝑉𝑟 e atingir 𝑃. A mudança brusca na curva indica que elétrons com
energia menor do que 4,9 eV não são capazes de transferir sua energia para um
átomo de Hg. Isso indica a existência de estados de energia discretos para o
átomo de Hg. Agora, supondo que o primeiro estado excitado do Hg tem energia
4,9 eV acima do estado fundamental, um átomo de Hg simplesmente não seria
capaz de receber energia dos elétrons que o atingem, a menos que esses
elétrons tenham ao menos 4,9 eV de energia [1].
Contudo, se a separação entre o estado fundamental e o primeiro estado
excitado fosse na realidade 4,9 eV, deveria haver uma linha no espectro de
emissão do Hg correspondente à perda pelo átomo de 4,9 eV, ao sofrer uma
transição do primeiro estado excitado para o estado fundamental. Franck e Hertz
descobriram que, quando a energia dos elétrons é menor do que 4,9 eV, não é
emitida nenhuma linha espectral pelo vapor de Hg no tubo, e quando a energia
não é mais que uns poucos elétrons-volt maior que esse valor, apenas uma única
linha é vista no espectro. A linha observada tem comprimento de onda 2 536 Å,
que corresponde exatamente a um fóton de energia 4,9 eV [1].

A experiência de Franck e Hertz permite comprovar a quantização de


energia dos átomos, além de fornecer um método para medir diretamente as
diferenças de energia entre os estados quânticos de um átomo. Quando a curva
de 𝐼 vs 𝑉 é estendida para voltagens maiores, podemos observar quedas
adicionais. Algumas se devem a elétrons que excitam átomos até seu primeiro
estado excitado em várias ocasiões diferentes no seu percurso de C até A; mas
outras se devem à excitação até níveis mais altos e, a partir da posição dessas
quedas, as diferenças de energia entre os estados mais excitados e o estado
fundamental podem ser medidas diretamente [1].

Neste experimento determinamos a diferença de energia entre os estados


quânticos do átomo de Hg.

3. Objetivos

Neste experimento, nosso objetivo é verificar os efeitos de quantização no


átomo de Hg utilizando o experimento de Franck-Hertz.

4. Materiais Utilizados

1. 1 aparelho de operação Franck-Hertz


2. 1 termômetro digital, 1 canal;
3. 1 sensor de imersão NiCr-Ni tipo K
4. 1osciloscópio analógico, 2 x 35 MHz;
5. 1 cabo HF, conector BNC de 4-mm;
6. Cabos para experiências.

A figura abaixo seguinte mostra os materiais utilizados no experimento.

Figura 03: Materiais utilizados no experimento de espectro dos elementos.

Fonte: Autoria própria.

5. Procedimento Experimental

Primeiramente, realizamos a montagem do aparato experimental utilizado


no experimento. Como primeiro passo da montagem, ainda com o forno e o
aparelho de operação desligados, conectamos as entradas e saídas A, H, K e
M. Conectamos a saída “FH Signal y-out” no aparelho de operação e a entrada
Y e a saída “UB/10 x-out” na entrada X do osciloscópio. Em seguida, introduzimos
o sensor NiCr-Ni através da abertura superior do forno de aquecimento e o
fixamos com a pinça de modo que sua extremidade tocasse o tubo de Franck-
Hertz.

Finalizada a montagem do aparato, giramos todos os botões de ajuste


para a esquerda até o fim, ligamos o forno aquecedor, ajustamos a temperatura
em aproximadamente 130 °C e esperamos o tubo ser aquecido (cerca de 5 a 10
minutos). Depois, ajustamos a tensão de aquecimento em 6 V. Feito isso,
ligamos o aparelho de operação, colocamos o comutador “Mab/Ramp, 50 Hz” na
posição “Ramp” e elevamos lentamente a tensão de aceleração até 30 V.
Configuramos o osciloscópio no modo XY com o ajuste 𝑥 = 0,5 𝑉\Div e 𝑦 =
1 V/Div. Em seguida, observamos o surgimento do primeiro máximo da curva de
Franck-Hertz na tela do osciloscópio, ajustando os parâmetros tensão de
aceleração, aquecedor do cátodo, contra tensão e amplitude, de modo que fosse
observada uma curva com máximos e mínimos bem definidos. Com todos os
ajustes feitos, coletamos os valores das distâncias entres os picos de máximos.
Realizamos medidas das distâncias entres os picos para diferentes valores de
temperatura, tensão de aceleração e tensão de aquecimento, conforme
mostrado nas tabelas 01 a 07.

6. Resultados e Discursão

Com o objetivo de determinar a diferença de energia entre o primeiro


estado excitado e o estado fundamental do átomo de Hg, usando a experiência
de Franck e Hertz, foram feitas as seguintes medidas da temperatura (𝑇), da
tensão de aceleração (𝑉𝑎𝑐 ), tensão de aquecimento (𝑉𝑎𝑞 ) e da distância entre os
picos (𝑑). Os dados coletados estão apresentados nas tabelas 01 a 07.

Tabela 01: Medidas das distâncias entre os máximos das curvas para a temperatura de 135 °C.

𝑇 (°C) 𝑉𝑎𝑐 (V) 𝑉𝑎𝑞 (V) 𝑑 (V)


6,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) - -
20 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,2 (5) - -
8,0 (5) - - - -
6,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 4,0 (5) -
135 (1) 40 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) - - -
8,0 (5) 5,5 (5) - - -
6,0 (5) 5,5 (5) 5,0 (5) 4,5 (5) -
60 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 4,0 (5) -
8,0 (5) 5,5 (5) - - -

Tabela 02: Medidas das distâncias entre os máximos das curvas para a temperatura de 145 °C.

𝑇 (°C) 𝑉𝑎𝑐 (V) 𝑉𝑎𝑞 (V) 𝑑 (V)


6,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) -
145 (1) 20 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) - - -
8,0 (5) - - - -
6,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) - -
40 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) - - -
8,0 (5) 5,0 (5) - - -
6,0 (5) 5,0 (5) 5,5 (5) - -
60 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,5 (5) - -
8,0 (5) 5,5 (5) - - -

Tabela 03: Medidas das distâncias entre os máximos das curvas para a temperatura de 155 °C.

𝑇 (°C) 𝑉𝑎𝑐 (V) 𝑉𝑎𝑞 (V) 𝑑 (V)


6,0 (5) 5,0 (5) - - -
20 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) - - -
8,0 (5) - - - -
6,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) -
155 (1) 40 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,5 (5) -
8,0 (5) 5,0 (5) - - -
6,0 (5) - - - -
60 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) - -
8,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) - -

Tabela 04: Medidas das distâncias entre os máximos das curvas para a temperatura de 165 °C.

𝑇 (°C) 𝑉𝑎𝑐 (V) 𝑉𝑎𝑞 (V) 𝑑 (V)


6,0 (5) 5,0 (5) 4,7 (5) - -
20 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) - -
8,0 (5) 5,0 (5) - - -
6,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5)
165 (1) 40 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) -
8,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) - -
6,0 (5) - - - -
60 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) -
8,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) -

Tabela 05: Medidas das distâncias entre os máximos das curvas para a temperatura de 175 °C.

𝑇 (°C) 𝑉𝑎𝑐 (V) 𝑉𝑎𝑞 (V) 𝑑 (V)


6,0 (5) - - - -
175 (1) 20 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) - - -
8,0 (5) 5,0 (5) - - -
6,0 (5) - - - -
40 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) -
8,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) -
6,0 (5) - - - -
60 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,5 (5) -
8,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,5 (5) -

Tabela 06: Medidas das distâncias entre os máximos das curvas para a temperatura de 185 °C.

𝑇 (°C) 𝑉𝑎𝑐 (V) 𝑉𝑎𝑞 (V) 𝑑 (V)


6,0 (5) - - - -
20 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) - -
8,0 (5) 5,0 - - -
6,0 (5) - - - -
185 (1) 40 (5) 7,0 (5) 4,5 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5)
8,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,5 (5) -
6,0 (5) - - - -
60 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) -
8,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,5 (5) -

Tabela 07: Medidas das distâncias entre os máximos das curvas para a temperatura de 195 °C.

𝑇 (°C) 𝑉𝑎𝑐 (V) 𝑉𝑎𝑞𝑢𝑒 (V) 𝑑 (V)


6,0 (5) - - - -
20 (5) 7,0 (5) - - - -
8,0 (5) 4,5 (5) - - -
6,0 (5) - - - -
195 (1) 40 (5) 7,0 (5) 4,5 (5) 4,5 (5) 5,0 (5) -
8,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) 5,0 (5) -
6,0 (5) - - - -
60 (5) 7,0 (5) 5,0 (5) 4,7 (5) 4,9 (5) -
8,0 (5) 5,0 (5) 4,5 (5) 5,5 (5) -

A partir dos dados das tabelas 1 a 7 calculamos a distância média entre


os máximos das curvas e sua respectiva incerteza.

A média da distância é dada por:


𝑛
1
𝑑̅ = ∑ 𝑑𝑖 (12)
𝑛
𝑖=1
O desvio padrão e a incerteza do tipo A são dados por:

∑𝑛𝑖=1(𝑑𝑖 − 𝑑̅ )² 𝜎
𝜎=√ e 𝜎𝐴 = (13)
𝑛−1 √𝑛

A incerteza do tipo B é dada pela propagação da Eq. 12, isto é:

2 2 2
1 𝜕𝑑̅ 𝜕𝑑̅ 𝜕𝑑̅
𝜎𝐵 = √( 𝜎 ) +( 𝜎 ) + ⋯+ ( 𝜎 )
𝑛 𝜕𝑑1 𝑑1 𝜕𝑑2 𝑑2 𝜕𝑑𝑛 𝑑𝑛

ou

1 2 2 2
𝜎𝐵 = √(𝜎𝑑1 ) + (𝜎𝑑2 ) + ⋯ + (𝜎𝑑𝑛 ) (14)
𝑛

Por fim, a incerteza do tipo C é dada por:

𝜎𝐶 = √(𝜎𝐴 )2 + (𝜎𝐵 )2 (15)

Realizando os cálculos necessários com as equações apresentadas


acima, obtivemos os valores apresentados na tabela a seguir.

Tabela 08: Valor médio da distância entre os máximos e sua incerteza.

𝑑̅ (𝑉) 𝑛 𝜎 (𝑉) 𝜎𝐴 (𝑉) 𝜎𝐵 (𝑉) 𝜎𝐶 (𝑉)


5,00 112 0,254 0,02 0,05 0,05

Na tabela, 𝑛 é o número de medidas da distância entre os máximos


realizadas no experimento.

A figura 04 mostra um dos gráficos observados no experimento. Com base


no modelo atômico de Bohr, espera-se que à medida que 𝑉𝑎𝑐 aumente, a corrente
𝐼 também aumente conforme mais elétrons cheguem ao anodo a cada unidade
de tempo. Esse processo acontece até que uma tensão 𝑉𝑎𝑐 > 𝑉1. Quando essa
tensão é atingida, observa-se que a corrente 𝐼 apresenta uma queda brusca.
Isso é observado porque parte dos elétrons ganharam energia suficiente para
colidir inelasticamente com os átomos do gás de mercúrio, o que permite que os
elétrons excitem os átomos, resultando na perda de parte ou de toda sua energia
cinética durante as colisões. Consequentemente, estes elétrons não terão
energia suficiente para vencer o potencial retardador, por isso ocorre a queda na
corrente, conforme mostrado na figura abaixo.

Figura 04: Comportamento da corrente em função da tensão observado no experimento.

Fonte: Autoria própria.

Continuando a análise da figura, observamos que há um novo aumento


da corrente à medida que a tensão de aceleração aumenta, até que uma nova
tensão 𝑉𝑎𝑐 > 𝑉2 = 2𝑉1 seja atingida, e uma nova queda brusca ocorra. Esse
segundo máximo de corrente observado ocorre porque parte dos elétrons
acelerados obtiveram energia suficiente para realizar duas colisões inelásticas,
porém não tiveram energia para superar o potencial retardador após essas
colisões. Este processo ocorrerá novamente para uma tensão 𝑉𝑎𝑐 = 𝑉3 = 3𝑉1
(caso em que os elétrons sofrem três colisões inelásticas) e assim
sucessivamente até que o potencial 𝑉𝑎𝑐 forneça aos elétrons energia suficiente
para ionizar o átomo. Assim, o resultado das sucessivas colisões é um
comportamento oscilante da corrente à medida que 𝑉𝑎𝑐 cresce até que atinja o
valor necessário para ionizar o gás de mercúrio (Figura 04).
Podemos verificar as principais transições ocorridas nos átomos de Hg
durante o experimento a partir da análise o diagrama de níveis do mercúrio.
Sabendo que o átomo de Hg tem 80 elétrons sendo que, no estado fundamental,
as camadas K, L, M e N estão totalmente preenchidas, e as camadas O e P tem
configuração eletrônica:

O: 5s², 5p6, 5d10

P: 6s2

As transições mais relevantes para o nosso caso podem ser observadas


na Figura 05. Os níveis de energia estão descritos nas notações:

• 𝑛𝑙, onde 𝑛 é o número quântico principal e 𝑙 é o número quântico de


momento angular orbital, 𝑠 (𝑙 = 0) e 𝑝(𝑙 = 1);
• 2S+1L ,
j onde S, L e J são o número quântico angular de spin, momento
angular orbital e momento angular total, respectivamente.

Figura 05: Diagrama de níveis de energia do mercúrio, com as transições mais relevantes para
o experimento de Franck e Hertz.

Fonte: Adaptado da fonte [3].


Ao fornecer energia a um elétron no estado 6s, ele pode ir ao estado 6p.
Por conta do acoplamento spin-órbita, estes estados se desdobram em 4: 3P0,
3P , 3P , 3P
1 2 3 e 1P1.

Os estados 1P1 e 3P1 são mais estáveis, com meia-vida da ordem de 10-8
s antes de decair para o estado 1S0. Os estados 3P2 e 3P0 são estados
metaestáveis, com meias-vidas da ordem de 10-3 s, ou seja, 105 vezes a de um
estado normal. Portanto, a probabilidade das transições 3P2 ou 3P0 ao 1S0 são
105 vezes menores que as dos estados 1P1 e 3P1 ao 1S0.

Esse resultado indica que para certos valores de energia de elétrons de


bombardeio (4,89 eV, 6,67 eV, 8,84 eV, 9,8 eV, . . .) os elétrons não "passam"
pelo vapor de mercúrio. Sua energia é perdida devido a colisões com átomos do
vapor de mercúrio.

7. Conclusão

Neste experimento, foi possível verificar as propriedades quânticas da


matéria devido às transições dos elétrons entre os níveis de energia do átomo
de mercúrio em múltiplos de aproximadamente (5,00 ± 0,05) 𝑒𝑉. Além disso,
observamos que esses múltiplos apresentam apenas pequenas variações de
pico para pico no intervalo de tensões no qual foram realizadas as medidas.
Sendo assim, podemos considerar que obtivemos bons resultados dentro das
incertezas obtidas.

8. Referências Bibliográficas

[1] – EISBERG, R., RESNICK, R., Física Quântica: átomos, moléculas,


sólidos, núcleos e partículas. Elsevier, Rio de Janeiro, p.135-137, 1979.

[2] – ALONSO, M., FINN, J.E., Física Vol. III (em espanhol): Fundamentos
Quânticos e Estatísticos.
[3] – RAPIOR, Geral; SENGSTOCK, Klaus; BAEV, Valery. New features of the
Franck-Hertz experiment. American Association of Physics Teacher,
Hamburg, v. 74, n. 5, p. 423 – 428, Abril, 2016.

[4] – EXPERIMENTO DE FRANCK-HERTZ. Física na Escola. Disponível em:


https://www.vascak.cz/data/android/physicsatschool/template.php?s=atom_fran
ckhertz&l=pt. Acesso em: 05 de fevereiro de 2023.

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