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Artigo de revisão

Evidências atuais do impacto terapêutico


dos inibidores da acetilcolinesterase no
transtorno cognitivo leve e na demência
vascular

Alexandre de Mattos Gomes*


Ricardo Koszuoski**

INTRODUÇÃO intuito de modificar o curso dessa doença, que


seriam as chamadas drogas estabilizadoras e
A classe terapêutica dos inibidores da modificadoras da doença, mas nenhuma ainda
acetilcolinesterase (IAChE) produz melhora de mostrou evidências consistentes de uso para
si ntoma s cog ni tiv os , com po rta me nta is e esse fim.
fu nc ion ai s rel aci on ado s às de mên ci as Foram realizados diversos ensaios clínicos
hi po col iné rg ica s, qu e têm a do enç a de com os IAChE no tratamento da DA. A tacrina
Alzheimer (DA) como principal representante 1. foi a primeira droga a ser testada e clinicamente
Esses agentes vêm sendo utilizados desde usada. Essa droga foi aprovada pela Food and
o final da década de 70, quando diversos Drug Administration (FDA) em 1993 e pela
es tu dos e nco ntraram na DA u ma ba se Agência Nacional de Vigilância Sanitária
neu roqu ímica de deple ção de ne urôn ios (ANVISA) em 1994. O grande inconveniente
colinérgicos no núcleo basal de Meynert e dessa droga é a complexa posologia de quatro
outros que se projetam para a região temporal tomadas diárias e a toxicidade hepática, que
ínfero-mesial, mais especificamente a região fez com que ela caísse em desuso a partir do
hipocampal2-4. surgimento dos IAChE de gerações mais novas.
Essas drogas estão classificadas como O donepezil foi o segundo IAChE a surgir. Foi
drogas sintomáticas para o tratamento da DA 5. aprovado pelo FDA em 1996 e pela ANVISA em
Muitas têm sido as drogas testadas com o 2000. Essa droga tem como vantagem a
posologia cômoda de uma tomada ao dia,
* Especialista em Geriatria pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia,
porém, como tem uma meia-vida muito longa,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto que pode chegar a até 73 horas, isso é
Alegre, RS. Médico geriatra, Hospital Universitário Oswaldo Cruz, apontado como desvantagem, assim como toda
Universidade de Pernambuco (UPE), Recife, PE. Geriatra, Grupo
Interdisciplinar de Atendimento ao Idoso (GERIAVIDA), Recife, PE. droga de meia-vida longa usada em paciente
** Especialista em Geriatria pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia, idoso. A rivastigmina, terceira droga da classe,
PUCRS, Porto Alegre, RS. tornou-se disponível na Europa em 1997 e, em

Recebido em 14/02/2005. Revisado em 18/02/2005. Aceito em 17/05/2005.


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1998, foi liberada pela ANVISA, sendo liberada melhora da doença, o NNT encontrado foi de
pela FDA apenas em 2000. Essa droga tem 12 (95 % I C 9-1 6); para a m el ho ra
uma vantagem adicional, que é a inibição significativamente marcante, o NNT encontrado
ta mbé m d a bu tirilc oli nes terase (Bu ChE ). foi de 42 pacientes tratados para a resposta de
Acredita-se que, à medida que a DA evolui, um paciente (95% IC 26-114).
ma io r é a pa rtici paç ão da B uCh E na Porém, quando tratamos das condições
degradação enzimática da acetilcolina na fenda que afetam a esfera da cognição, nem sempre
sináptica. Acredita-se também que a inibição estamos diante de uma DA, então é importante
da BuChE possa significar uma diminuição da conhecer e entender as demais entidades
toxicidade da proteína amilóide nas placas mórbidas da cognição humana. O transtorno
senis. A galantamina é a droga mais recente cognitivo leve (TCL) é uma dessas condições e
desse grupo, aprovada pela FDA e pela deve ser diferenciado do comprometimento da
ANVISA em 2001. A galantamina tem um efeito memória associado à idade. Este último pode
adicional, que é a atividade moduladora ocorrer mesmo no envelhecimento saudável,
alostérica sobre os receptores nicotínicos, uma vez que está muito mais próximo do
possibilitando o aumento da transmissão fisiológico do que do patológico, diferentemente
colinérgica e um possível efeito neuroprotetor do TCL 6,7. No comprometimento de memória
questionável2 . as so cia do à id ade , o ind iv ídu o pre ci sa
Ai nd a n ão há e vid en cia s sob re a satisfazer três critérios: ter mais de 50 anos,
superioridade clínica de um IAChE sobre outro, apresentar queixas de declínio de memória e
mas estudos nessa perspectiva provavelmente pelo menos um desvio padrão abaixo da média
trarão respostas em breve. do adulto jovem na avaliação neuropsicológica.
Dezenas de ensaios clínicos estão hoje Em alguns estudos populacionais, mais de 50%
concluídos e comprovam a real eficácia dos do s ido sos p ree nc hem c rit éri os pa ra o
IAChE para o tratamento da DA em sua fase comprometimento de memória associado à
leve e moderada, porém alguns já trazem idade. Esse aspecto é importante, pois, quando
evidências da utilidade dessa droga para os falamos de TCL, estamos nos referindo a uma
pacientes com DA grave, principalmente na condição mais próxima do patológico. Para ser
esfera dos sintomas comportamentais. No caracterizado como TCL, o indivíduo tem que
entanto, os órgãos reguladores, atualmente, só preencher os seguintes critérios: ter queixa de
liberam o uso dessa classe de droga para DA memória corroborada por um informante, ter
leve e moderada. Essa classe de medicação fu nç ões c ogn it iva s ge rai s pre se rva da s,
está na linha de frente de um ainda escasso atividades de vida diária preservadas e,
arse nal te ra pêu tic o que v isa trat ar portant o, nã o ser portador de d emên cia
sintomaticamente a DA. O tratamento é efetivo propriamente, e, muito importante, ter pelo
em m uitos pa ci entes, m as ne m t od os menos 1,5 desvio padrão abaixo da média de
re sp ond em. A que les q ue ob têm al gu ma in di víd uo s c om a me sma i dad e e n ív el
melhora sintomática mostram uma curva de educacional nas baterias neuropsicológicas
resposta característica, que demonstra uma adequadas.
melhora nos primeiros 3 meses de tratamento En tão , o d iag nó sti co de TC L e s ua
com uma posterior queda, porém menos diferenciação do comprometimento de memória
acentuada que a queda vertiginosa do grupo associado à idade requer a utilização de
placebo. Embora muitos ensaios clínicos instrumentos de avaliação neuropsicológica, o
co ntrol ado s e rand omi za dos ve nh am que torna esse diagnóstico uma prática mais
embasando o uso dessas drogas, até setembro co mp lex a, en vo lve nd o pro fi ssi on ais q ue
de 2003 nenhuma análise quantitativa da do mi nem as b ate ri as ne uro psi co lóg ic as
efic áci a d es se grupo d e d rog as pa ra o validadas para tais fins.
tratame nto d a DA ti nh a s id o rea liz ad a. O TCL, principalmente em se tratando do
Finalmente, houve a publicação de uma meta- subtipo amnésico, tem uma evolução de 10 a
an ál ise qu e tro ux e à tona es se s d ad os 15% para DA por ano 6.
referentes aos IAChE 5. A partir dessa meta- Além da DA, uma série de outros tipos de
análise, pôde-se observar que o impacto demência podem ser responsáveis pelo
terapêutico dessas drogas no tratamento da comprometimento cognitivo, e um dos tipos
DA é mo de sto , mas es ta tis ti cam en te comuns de demência não associados a Alzheimer
significativo: o número necessário para tratar são as demências vasculares, que podem ter um
(NNT) para o benefício de um paciente foi igual substrato fisiopatológico apenas de doença
198 a 7 (95% IC 9-16); para a estabilização ou cérebro-vascular, mas podem também, não

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infreqüentemente, apresentar um componente bancos de dados: MEDLINE, Lilacs e Evidence-


misto com a própria fisiopatologia da DA. Based Medicine Reviews (EBMR). Foram
Tendo em vista essa contextualização, uma incluídos os estudos de intervenção com IAChE
grande questão que se coloca hoje e que no tratamento de TCL e demência vascular,
justifica este artigo é saber se os IAChE teriam mas com maior ênfase nos ensaios clínicos
um espectro mais amplo de ação e se, assim, randomizados e placebo-controlados com os
trariam realmente impacto terapêutico no TCL, se gui nt es termo s-c hav e: mi ld cog ni ti ve
que, na sua forma amnésica, constitui um tipo impairment, vascular dementia, cholinesterase
de p ró dro mo da D A para um nú me ro inhibitor.
significante de pacientes 6-11. Coloca-se também Foram excluídos desta revisão relatos de
a questão do real impacto dessa droga no ca so s, est ud os obs ervac io nai s (nã o-
tratamento de um espectro mais amplo de intervencionistas) e cartas ao editor.
di ag nós ti cos d e s ín dro me s d em enc ia is
hipocolinérgicas, a exemplo da demência RESULTADOS
vascular, que mostra cada vez mais evidências
neuroquímicas de substrato hipocolinérgico 12,13. No estudo de evidências da eficácia dos
A justificativa deste trabalho ainda se faz IAChE para o tratamento de TCL, foi encontrado
maior quando nos deparamos com uma classe um pequeno ensaio clínico com o donepezil.
de drogas, os IAChE, que são verdadeiramente Esse foi o primeiro estudo concluído com um
eficazes no tratamento da DA. Inclusive, quanto IAChE para o tratamento do TCL. O ensaio teve
mais precocemente se trata essa doença, um seguimento de 6 meses com 269 pacientes
melhores são os resultados obtidos. Então, e trouxe como resultado uma melhora muito
sendo o T CL amnésico uma e spécie de modesta nas funções cognitivas dos pacientes
pródromo da DA 14,15, o levantamento de estudos com TCL; por outro lado, não permitiu avaliar a
que tragam evidências reais sobre a ação redução de conversão de TCL para DA. Na
dessas drogas para evitar ou diminuir a avaliação da ADAS-cog (Alzheimer’s Disease
prog res sã o p ara A lz hei me r t em fo rt es Assessment Scale Cognition Component), os
justificativas, até porque são drogas de alto pacientes melhoraram três pontos contra um
custo e não isentas de efeitos colaterais. Da ponto naqueles que utilizaram placebo (p =
mesma forma, faz-se necessário também um 0,034). Na auto-avaliação dos pacientes, 14%
levantamento dos dados disponíveis sobre o dos que receberam o donepezil referiram
real impacto dos IAChE no tratamento da melhora da memória, enquanto que 10% dos
demência vascular, uma vez que aqui temos que receberam placebo referiram que sua
um grande desfecho substituto, já que a memória tinha piorado. Não houve diferença
demência vascular também é hipocolinérgica. significante na pontuação da Clinicians Global
Po ré m, ne ces si tam os traz er à ton a os Impression da MCI Test modificada 16.
desfechos clínicos a partir dos ensaios clínicos Em junho de 2003, foi publicado um estudo
randomizados. de revisão denominado “The impact of drugs
Este trabalho tem por objetivo buscar, nos against dementia on cognition in aging and mild
bancos de dados da literatura médica, as co gn iti ve im pa irm en t”, q ue fa z um
evidências que comprovem ou não o valor dos levantamento, no banco de dados MEDLINE,
IAChE no tratamento do TCL e da demência dos parâmetros drogas e cognição. As drogas
vascular. analisadas foram: donepezil, galantamina, o
Em relação ao TCL, busca-se saber se os extrato 761 da gingko biloba (EGB-761),
IAChE melhoram os sintomas cognitivos e me ma nti na e riv ast ig min a. Es sa rev is ão
ta mb ém se re tardam o u i nterromp em a mostrou que até então não existia nenhum
progressão para DA. estudo sobre o efeito dessas drogas na
Na demência vascular, o objetivo é buscar cognição de indivíduos com TCL. Um dos
evidências concretas do impacto dos IAChE estudos encontrados na revisão demonstrou o
nos sintomas cognitivos, funcionais de vida efeito do donepezil no aumento da quantidade
diária e comportamentais nos pacientes que e densidade do sono REM (rapid eye moviment)
apresentam esse tipo de demência. nos indivíduos estudados, o que, de acordo
com os neurocientistas, pode estar relacionado
METODOLOGIA com uma melhora cognitiva, embora isso seja
apenas um desfecho substituto e, mesmo
Foi realizada uma revisão de artigos as si m, mui to frág il na su ste nt açã o de
publicados entre 2000 e 2005 nos seguintes evidências científicas. 199

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Um o utro estud o, pu bli ca do ma is faziam parte do grupo controle. Houve melhora


recentemente, em abril de 2004, avaliou a significativa das funções cognitivas nos dois
preservação da função cognitiva em pacientes grupos tratados com donepezil. Analisando a
com demência de Alzheimer leve tratados com ADAS-cog, o grupo tratado com placebo obteve
rivastigmina por 12 meses em comparação com uma mudança na pontuação média da escala
aqueles com Alzheimer leve não tratados e de 0,10, enquanto que o grupo tratado com 5
TCL não tratados 17 . Onze pacientes com mg de donepezil obteve uma alteração de 1,89
Alzheimer leve foram tratados com rivastigmina em relação à pontuação basal, e o grupo
por 12 meses, enquanto que 21 não foram tratado com 10 mg/dia, de 2,38 (p < 0,001) 20,21.
tratados; 22 pacientes com TCL também não Em relação à galantamina para tratamento
foram tratados nesse período do seguimento. A da demência vascular, em 2004 foi publicado o
medida da atividade da colinesterase no resultado de um ensaio clínico envolvendo 788
plasma e a avaliação da cognição global, pa ci ent es co m dem ên cia v asc ul ar
memória episódica, habilidade visuoespacial e ra ndo mi zad os pa ra rec eb er 8 m g de
atenção foram aferidas nos tempos 0, 3 meses, galantamina duas vezes ao dia, 12 mg de
6 meses e 12 meses. Ao final de 12 meses, a galantamina duas vezes ao dia ou placebo, em
função cognitiva foi mantida ou levemente um s egu im ent o de 26 s ema na s 22 . O s
melhorada nos pacientes tratados, e aqueles pe sq uis ad ore s enc on tra ra m res ult ad os
com Alzheimer leve não tratados evoluíram favorecendo os pacientes que receberam
com piora da função cognitiva, enquanto que tratamento com galantamina. A análise da
os pa ci entes co m T CL nã o trat ad os ADAS-cog mostrou uma diminuição média de
apresentaram, ao final de 12 meses, piora 1,8 em relação ao escore basal para aqueles
cognitiva estatisticamente significativa em que receberam a galantamina e de 0,3 para o
16,4% dos pacientes estudados. placebo (p = 0,001). Além da ADAS-cog, foi
O estudo que vinha sendo aguardado com encontrada diferença significativa favorecendo
grande expectativa pela comunidade científica outras escalas também analisadas, como a
é o MIS (Memory Impairment Study)18,19. Esse ADCS-ADL (Alzheimer Disease Cooperative
estudo randomizado foi apresentado na 9ª Study – Activities of Daily Living Inventory), que
Conferência Internacional sobre Alzheimer e avalia atividades de vida diária e que mostrou
Doenças Correlatas em 2004 18 e publicado mudança favorecendo a galantamina. (p =
agora em 2005 em revista indexada 19. Foram 0,783). Para a EXIT-25, escala que avalia
avaliadas 769 pessoas em um seguimento de 3 fu nç õe s e xe cut iv as , t am bém h ou ve
anos, comparando o uso de placebo, vitamina favorecimento para os grupos da galantamina
E (1.000 UI duas vezes ao dia) e donepezil (10 (p = 0,041).
mg/dia). O desfecho estudado foi a conversão Embora esse trabalho anterior seja o mais
de TCL em DA. Os resultados publicados recente com a galantamina, o primeiro grande
revelam que, no seguimento dos 36 meses, o estudo duplo-cego e randomizado a analisar a
risco de progressão para DA foi o mesmo nos eficácia da galantamina em demência vascular
três grupos ao final do estudo; porém, nos 12 provável e demência mista foi o GAL-INT-6 23.
primeiros meses, o grupo do donepezil teve Nesse estudo, 396 pacientes com provável
um a pro gress ão pa ra Al zhe im er demência vascular ou demência mista foram
significativamente menor que o grupo placebo tratados com 24 mg/dia de galantamina em um
e o grupo da vitamina E. período de 6 meses, e 196 pacientes com as
Os resultados sobre o uso do donepezil na mesmas hipóteses diagnósticas receberam
de mên ci a v asc ul ar tra ze m um a an ál is e pl ac eb o. Os d esf ec ho s prim ários f oram
combinada de dois ensaios randomizados que cognição, avaliada pela ADAS-cog, e função
estudaram o uso do donepezil para demência global, avaliada pela CIBIC-plus (Clinician’s
vascular em um seguimento de 24 semanas. Interview-Based Impression of Change-plus). A
Os dois estudos juntos totalizaram 1.219 galantamina mostrou uma melhor eficácia em
pacientes com demência vascular provável ou relação ao placebo. O grupo da galantamina
possível pelos critérios da National Institute for obteve melhora significativa, com uma eficácia
Neurologic Disease and Stroke (NINDS) e da no tratamento traduzida por uma diferença
Association Internationale pour la Recherche et entre o grupo galantamina e o grupo placebo
l’Enseignement en Neurosciences (AIREN). Do de 2,7 pontos na ADAS-cog (p < 0,0001). Na
total d e pa cien tes, 406 paci ente s fo ram CIBIC-plus, 213 pacientes (74%) do grupo da
randomizados para receber donepezil a 5 mg/ ga la nta mi na pe rma ne ceram es tá vei s ou
200 dia e 421 a 10 mg/dia. Os demais pacientes melhoraram, enquanto apenas 95 pacientes

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(59%) do grupo placebo tiveram estabilidade e classificados em dois grupos: aqueles com
clínica. As atividades de vida diária e os MHIS > 0, que significa presença de risco
sintomas comportamentais foram desfechos vascular, e aqueles com MHIS = 0, que significa
se cu ndá ri os e tam bé m m el horaram ausência de risco vascular. Em 26 semanas de
significativamente no grupo que recebeu seguimento, o estudo mostrou que pacientes
intervenção com a galantamina (p = 0,002 e p = tratados com rivastigmina tiveram resposta
0,016, respectivamente). maior que os tratados com placebo, com
Foi encontrado também um estudo aberto, diferença estatisticamente significante. No
que foi uma extensão desse estudo anterior entanto, aqueles que tinham risco vascular
com a galantamina. Esse novo estudo visou (MHIS > 0) tiveram uma maior resposta na
dar seguimento ao tratamento dos pacientes pontuação da ADAS-cog que aqueles sem risco
randomizados para o estudo anterior 24. Nesse vascular (p = 0,002).
novo seguimento, os pacientes que receberam Já um outro estudo com rivastigmina
galantamina e os que receberam placebo publicado em abril de 2004, que foi um estudo
an te rio rm ente rec eb era m 24 mg /di a de aberto e comparativo, analisou e comparou o
galantamina por mais 6 meses. O parâmetro efeito da rivastigmina versus aspirina mais
primário de eficácia era a mudança na cognição nimodipina na demência vascular subcortical 26.
av al iad a p el a A DA S-c og . A s a va lia çõ es Paci entes com di agnóst ico de demên cia
secundárias incluíam mudanças na habilidade vascular provável receberam 3-6 mg/dia de
fu nc ion al, m edi da pe lo in strum ent o de ri va sti gm ina (n = 3 2) ou a spi ri na ma is
avaliação da incapacidade para demência, e nimodipina (n = 32). Os pacientes foram
mudanças no comportamento, que foram avaliados em estudo aberto por 16 meses. Os
avaliadas pelo inventário neuropsiquiátrico. No pacientes tratados com rivastigmina tiveram um
12º mês do estudo, foram observadas melhoras maior benefício nos instrumentos usados para
em relação aos valores admissionais no grupo avaliar atenção, funções executivas, atividades
da galantamina, tanto no grupo que recebeu in st rum en tai s de vid a diá ri a e s int om as
placebo durante a fase do estudo duplo-cego comportamentais.
(grupo placebo/galantamina: -0,3 pontos; 95%
IC, -1,64 a 1,06) quanto no grupo que já veio da DISCUSSÃO
fase anterior em uso da galantamina (grupo
galantamina/galantamina: -0,3 pontos; 95% IC, Os resultados encontrados nesta revisão
-1,73 a 0,03); p = 0,001. As melhoras das sobre a eficácia dos IAChE em condições pré-
habilidades funcionais foram demonstradas mórbidas e doenças da cognição outras que
atra vés da s mud an ças e sta tis ti cam en te não Alzheimer trouxeram respostas a vários
significativas em relação à pontuação da linha questionamentos que pacientes e familiares
de base do instrumento utilizado para a impõem aos profissionais de saúde que se
avaliação da incapacidade para demência deparam, na prática clínica, com as demências
(Disability Assessment for Dementia – DAD), vasculares e com o TCL.
que mostrou melhora da pontuação tanto no Os estudos são intensos nessa linha de
grupo placebo/galantamina (-7,4; p = 0,01) pesquisa de medicamentos para o tratamento
quanto no grupo galantamina/galantamina (- dos transtornos cognitivos em geral, mas a
3,6; p = 0,01). Não houve nenhuma mudança ma io r p art e dos es tu dos c om IAC hE é
significativa na média dos escores do inventário di re cio nad a à D A. Po ré m, foi p oss ív el
neuropsiquiátrico. encontrar, nos bancos de dados pesquisados,
Em relação aos estudos levantados sobre uma quantidade significante de trabalhos que
a eficácia da rivastigmina no tratamento da estudam a eficácia desse grupo de drogas no
demência vascular, existe um estudo que data tratamento da demência vascular, da demência
de 2000 e que, na verdade, não testou a mista e do TCL.
ri vas ti gmi na na de mên ci a v asc ul ar O primeiro ensaio clínico com um IAChE
propriamente, mas analisou sua eficácia, de em pacientes com TCL surgiu em 2003 e
modo comparativo, entre pacientes com DA e avaliou o donepezil, trazendo uma melhora
fator de risco para doenças cardiovasculares e cognitiva pouco significativa. No entanto, o
aqueles com DA sem tais fatores de risco 25. impacto da evidência desse estudo ficou
Esse estudo randomizou 235 pacientes comprometido pelo seu tempo de seguimento
com DA para receber rivastigmina ou placebo, muito curto (apenas 6 meses) e pelo pequeno
os quais foram analisados para risco vascular número de pacientes avaliados. Esse estudo
pela MHIS (Modified Hachinski Ischemic Score) também não foi adequadamente desenhado 201

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para avaliar a progressão do comprometimento Esses estudos têm reunido cada vez mais
cognitivo leve para DA 16. resultados que podem respaldar uma possível
Em relação ao uso da rivastigmina para inclusão dessa classe de drogas, pelos órgãos
tratamento do TCL, o estudo encontrado responsáveis (como o FDA), na lista de drogas
apenas comparou os pacientes com DA leve para tratamento da demência vascular.
tratados com rivastigmina com aqueles com Os três principais inibidores da IAChE
DA leve ou com TCL não tratados com a droga. foram estudados no tratamento da demência
Então, embora esse estudo tenha sugerido um vascular.
possível efeito positivo no tratamento do TCL Em 2000, um estudo com a rivastigmina
com a rivastigmina, ele não responde aos avaliou pacientes portadores de DA com e sem
questionamentos sobre o impacto dessa droga fatores de risco para doenças cardiovasculares
na m elh ora d os sin to mas d o T CL e na (e não propriamente pacientes com demências
prevenção de progressão para DA, uma vez va scu la res ) 25 . Es se es tu do m ost ra q ue
que o estudo não utilizou a droga no paciente pacientes com DA e fatores de risco para
com TCL e ainda misturou os pacientes com doenças cardiovasculares tinham uma maior
DA leve e com TCL, tornando bastante frágil o resposta na pontuação da ADAS-cog quando
poder de evidências 17. tratados com rivastigmina do que pacientes
Embora a literatura científica seja pobre no sem tais fatores de risco. Esse foi um estudo
que tange aos estudos publicados com verdade estatisticamente significativo, mas na verdade
estatística significativa para responder aos não estudou a rivastigmina no tratamento da
questionamentos sobre IAChE no tratamento demência vascular propriamente dita. Os
do TCL, vários são os ensaios clínicos em autores apenas quiseram sugerir que os riscos
andamento e ainda não concluídos nesse cardiovasculares podem ser um preditor de
sentido, inclusive não só com o uso dos IAChE, resposta aos IAChE na DA. Os autores trazem
ma s tam bém co m outras e straté gi as poucas informações para o questionamento
farmacológicas para tratamento de TCL. feito no objetivo desta revisão. Porém, hoje têm
Nesta revisão sobre o impacto dos IAChE surgido evidências cada vez mais fortes que
no TC L, o que o s resu ltado s a ci ma apontam os riscos cardiovasculares como
apresentados mostram é que o MIS é o único ri sc os para dem ênc ia ta mb ém do ti po
estudo publicado que traz informações mais Alzheimer, e não apenas para a demência
co nc retas so bre o e fei to de u m I AC hE vascular. Assim, começam a surgir hipóteses
(donepezil) no tratamento do TCL, pois o tempo sob re u ma in ters eção entre a d emên cia
do estudo (3 anos) e o número de pacientes vascular e a demência de Alzheimer, interseção
estudados (n = 769) trazem maior poder de es ta qu e c om eça n os po ssí vei s fat ores
evidência científica a esse trabalho publicado etiológicos e pode se estender a mecanismos
re ce nte me nte , que , c on forme ci ta do fisiopatológicos e ao próprio tratamento.
anteriormente, mostrou uma diminuição na Po ré m, ai nda n o q ue se refe re à
progressão para DA nos primeiros 12 meses, rivastigmina para o tratamento da demência
mas sem resposta sustentada após esse vasc ular, u m estudo public ado em 2004
período 18,19. Esse estudo, porém, não responde mo st rou qu e ess a dro ga fo i s up eri or à
às dúvidas sobre melhoras sintomáticas, uma ass ocia ção d e asp irin a e n imodi pina no
vez que não foi desenhado para este fim. tratamento de demência vascular subcortical 26.
No que tange às demências vasculares e ao Então, diferentemente do estudo anteriormente
impacto dos IAChE, alguns estudos trazem citado, esse de 2004 já testa a rivastigmina em
evidências robustas, que valorizam o impacto pacientes com demência vascular e faz uma
dessas drogas no tratamento das demências co mpa ra ção co m out ras e straté gi as
vasculares puras ou mistas 27 . Esse é um terapêuticas até hoje muito usadas para a
“terreno” que já vem sendo explorado desde o pa to log ia . É u m e st udo q ue mo stra um
final da década de 90, mas as principais benefício desse inibidor da acetil e BuChE,
publicações, citadas aqui neste trabalho, datam porém não devemos perder de vista que o
do início da década atual. Existem, ainda, várias estudo foi aberto e comparativo, não trazendo,
dessas linhas de pe squisas aguardando as sim , as evi dê nci as de um es tu do
publicações. São estudos que visam ra nd omi za do, d upl o-c eg o e p lac eb o-
correlacionar possíveis desfechos clínicos aos controlado.
achados histopatológicos e de radiologia Em relação ao donepezil como estratégia
funcional, que mostram um déficit de até 40% na terapêutica para a demência vascular, existem
202 neurotransmissão colinérgica desses pacientes. evidências mais concretas do valor dessa droga

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IAChE no TCL e na demência vascular – Gomes & Koszuoski

no tratamento dessa entidade patológica, pois evidências sobre a melhora sintomática dos
foi apresentada uma análise combinada de dois pacientes com TCL em uso dos IAChE. Alguns
ensaios clínicos randomizados e com número estudos mostram um efeito muito modesto na
de p aci en tes e te mpo d e s eg uim en to melhora das funções cognitivas, mas são ainda
su fic ienteme nte gra nde s o nde o u so do estudos muito pequenos e pouco expressivos.
donepezil na sua dose otimizada (10 mg/dia) Então, a comunidade científica aguarda a
trouxe melhora cognitiva estatisticamente conclusão de estudos maiores e com desenhos
significativa dos pacientes com demência adequados para que possam comprovar ou não
vascular20. a real eficácia dessas drogas na sintomatologia
No que se refere à galantamina para cognitiva dos pacientes com TCL.
tratamento da demência vascular, o GAL-INT- Em se tratando de demência vascular,
6, um grande trabalho publicado em 2002, pode-se concluir que as evidências favoráveis
aponta para uma melhora significativa em ao uso dos IAChE nessa patologia são mais
relação ao placebo nos desfechos primários consistentes. Vários estudos analisaram os três
estudados, que foram cognição, avaliada pela principais tipos de IAChE disponíveis no
ADAS-cog, e função global, avaliada pela mercado. Os resultados favoráveis desses
CIBIC-plus. A extensão desse trabalho por ensaios clínicos para o tratamento da demência
m a is 6 m e s es c on fi rmo u um a ef i c ác i a vasc ular s e sust entam em um substrato
sustentada 23,24. hipocolinérgico que essa entidade mórbida
En tre ta nto , o G AL-INT -6 ap res en ta possui. Então, esses estudos abrem caminho
algumas falhas que comprometem seu poder para uma futura aprovação dessas drogas no
de evidências, pois mistura pacientes com tratamento da demência vascular e mista por
demência vascular e demência mista, o que órgãos reguladores.
certamente significa um ponto negativo para a
avaliação do uso da galantamina na demência AGRADECIMENTOS
vascular, que é nosso questionamento no
objetivo deste trabalho. Agradecemos a colaboração do Prof.
Porém, ainda em relação à galantamina, o Emílio Moriguchi, MD, PhD, do Instituto de
ensaio clínico randomizado publicado em 2004 Ge ri atria e Geron tol og ia da PU CRS , na
foi a maior pesquisa até agora realizada com orientação dos paradigmas sobre a medicina
galantamina em demência vascular 22. Esse ba sea da e m e vid ênci as apl ica dos nes te
ensaio teve um tempo de seguimento um pouco trabalho de revisão da literatura médica.
maior que o citado anteriormente, e o número
de pacientes no estudo foi quase o dobro do REFERÊNCIAS
GAL-INT-6. Porém, o que traz maior força de
evidência para esse estudo é a participação 1. Laks J, Engelhardt E, editores. Doença de Alzheimer:
diagnóstico e tratamento. São Paulo: Segmento; 2003.
exclusiva de pacientes com critérios para
2. Freitas EV, Py L, Neri AL, Cançado FA, Gorzoni ML,
de mê nci a v as cul ar. O e stu do ap res en ta Rocha SM. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de
melhora nas funções cognitivas, de atividades Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.
de vida diária e de funções executivas, porém a 3. Cefalu C, Grossberg GT. Diagnóstico e tratamento da
única esfera que apresentou melhora com demência. Am Fam Physician Monograph. 2001;2.
significância estatística foi a cognição, avaliada 4. Pennanen C, Kivipelto M, Tuomainen S, Hartikainen P,
Hanninen T, Hallikainen M, et al. Hipocampus and
pela pontuação da ADAS-cog. entorhinal cortex in mild cognitive impairment. Neurobiol
Aging. 2004;25:303-10.
5. Lanctot KL, Herrmann N, Yau KK, Khan LR, Liu BA,
CONCLUSÃO LouLou MM, et al. Efficacy and safety of cholinesterase
inhibitors in Alzheimer’s disease: a meta-analysis .
A partir desta revisão sobre o impacto CMAJ. 2003;169:557-64.
terapêutico dos IAChE no TCL e na demência 6. Petersen RJ. MCI as a useful clinical concept. Geriatric
vascular, os profissionais da saúde que lidam Times. 2004;5:30-6.
com essas duas condições podem obter 7. Davis HS, Rockwood K. Conceptualiz ation of mild
cognitive impairment: a review. Int J Geritr Psychiatr.
conclusões relevantes para a prática clínica 2004;19:313-9.
diária. 8. Bennet DA, Wilson RS, Schneider JA. Natural history of
Em relação ao TCL, conclui-se que os mild cognitive impairment in older persons. Neurology.
IAChE não impedem a progressão para DA, 2002;59:198-205.
mas apenas diminuem essa progressão nos 9. Sliwinsk M, Lipt on R , BuchkeH , Was ylys hyn C .
Optimizing cognitive test norms for detection. In: Mild
primeiros 12 meses de tratamento. Após esse cognitive impairment: aging to Alzheimer’s disease. New
período, o efeito é dissipado. Não existem boas York: Oxford University Press Inc.; 2002. p. 89-104. 203

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IAChE no TCL e na demência vascular – Gomes & Koszuoski

10. Amieva H, Letenneur L, Dartigues JF, Rouch-Leroyer I, 27. Bullock R. Cholinesterase inhibitors and vascular
Sougen C, Birre F, et al. Annual rate and predictors of dementia: another string to their bow? CNS Drugs.
conversion to dementia in patients presenting mild 2004;18:79-92.
cognitive impairment criteria defined according to
population-based study. Dement Geriatr Cogn Disord.
2004;18:87-93.
RESUMO
11. Larrieu S, Letenneur L, Orgogozo JM. Incidence and
outcome of mild cognitive impairment in a population-
based prospective cohort. Neurol 2002;59:1594-9. Introdução: Os inibidores da acetilcolinesterase
12. Pryse-Philips W, Galasko D. Non-Alzheimer dementias. são uma classe de drogas eficaz no tratamento da
In: Gauthier S, ed. Clinical diagnosis and management demência de Alzheimer leve e moderada, liberados
of Alzheimer’s disease. 2nd ed. London: Martin Dunitz; pelos órgãos responsáveis apenas para este fim.
2001.
Porém, um grande espectro de morbidades cognitivas
13. R oman GC . Vas c ular dement ia: dis t inguis hing
aguarda evidências concretas do impacto dessas
characteristics, treatment and prevention. Am Geriatr
Soc. 2003;51(5 Suppl):S296-304. drogas no tratamento dessas outras patologias que
14. St ephen L, Sant a T eres a M. Ear ly r ec ognit ion, não se classificam como demência de Alzheimer.
management and treatment of mild cognitive impairment Então, este artigo de revisão tem como objetivo a
and its relationship to Alzheimer’s dis ease. Primary busca, na literatura médica atualizada, de evidências
Psychiatry. 2004;11:41-7. sobre o impacto dos inibidores da acetilcolinesterase
15. Chetelat G, Desgranges B, De La Sayette V, Viader F, no transtorno cognitivo leve e na demência vascular.
Eustache F. At the boundary between normal aging and
Método: O levantamento da literatura médica foi
AD. Rev Neurol. 2004;160:55-63.
feito nos seg uintes ba ncos de d ados: Li lacs,
16. Salloway S, et al. The first study of a cholinesterase
inhibitor for the treatment of mild cognitive impairment: a MEDLINE e EBMR.
randomized, placebo-controlled, double-blind six month Resultados e conclusões: Os ensaios com
study [abstract]. Am Acad Neurol. 55th Annual Meeting; inibidores da acetilcolinesterase no tratamento do
2003 April 3-7; Honolulu. transtorno cognitivo leve mostram uma melhora muito
17. Almkvist O, Darreh T. Preserved cognitive function after modesta nos sintomas e ainda são pequenos e com
12 months of treat ment with rivastigmine in mild
pouco poder de evidência. Estudo recente mostra
Alzheimer’s disease in comparison with untreated AD
and MCI patients. Eur J Neurol. 2004;106:202-11. que a progressão do transtorno cognitivo leve para
18. Petersen RC, et al. Memory impairment study [abstract]. demência de Alzheimer diminui nos 12 primeiros
The 9th International Conference on Alzheimer’s Disease meses de tratamento, mas não tem uma resposta
and Related Disorders; 2004 July 17-20; Philadelphia, sustentada. Os ensaios com demência vascular
PA, USA. trazem resultados animadores com o uso dessas
19. Petersen RC, Thomas RG, Grundman M, Bennett D, drogas.
Doody R, Ferris S, et al. Vitamin E and donepezil for the
treatment of mild cognitive impairment. N Engl J Med.
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20. Salloway SP. Vascular dementia patients benefit from transtorno cognitivo leve, demência vascular.
donepezil tr eatment: a combined analysis of two
randomized trials [abstract]. Annual Meeting of the
American Psychiatric Association; 2003 May 22-26; San ABSTRACT
Francisco, CA.
21. Black S, Roman GC, Geldmacher DS, Salloway S, Burns
Introduction: Acetylcholinesterase inhibitors
A, Perdomo C, et al. Efficacy and tolerability of donepezil
in vascular dementia: positive results of a 24 weeks, constitute an effective class of drugs for the treatment
mult ic ent er , int er nat ional, r andomized, plac ebo- of mild and moderate Alzheimer’s disease and are
controlled clinical trial. Stroke. 2003;34:2323-30. allowed by the responsible agencies for this purpose
22. Auchus A. Galantamine confers benefits in patients with only. However, concrete evidence is still necessary in
pure vascular dementia. 56th Meeting of the American what concerns the impact of the use of such drugs to
Academy of Neurology; April 27-28, 2004; San
Francisco, CA, USA. treat a large variety of cognitive disorders not
classified as Alzheimer’s disease. The aim of this
23. Erkinjuntti T, Kurz A, Gauthier S, Bullock R, Lilienfeld S,
Damaraju CV. Efficacy of galantamine in probable study was to review the medical literature in search
vascular dementia and Alzheimer’s disease combined for u pdated ev idence of the impa ct of
with cerebrovascular disease: a randomized trial. Lancet. acetylcholinesterase inhibitors on mild cognitive
2002;359:1283-90.
impairment and vascular dementia.
24. Erkinjuntti T, Kurz A, Small GW, Bullock R, Damaraju Methods: The literature review was carried out in
CV. An open-label extension trial of galantamine in
patients with probable vascular dementia and mixed the Lilacs, MEDLINE and EBMR databases.
dementia. Clin Therapeut. 2003;25:1765-82. Res ults and c onc lus ions : Assays using
25. Kumar V, Anand R, Messina J, Hartman R, Veach J. Na acetylcholinesterase inhibitors for the treatment of
efficacy and safety analysis of exelon in Alzheimer’s mild cognitive impairment are still small, present little
disease patients with concurrent vascular risk factors. power of evidenc e, and sho w only a m odest
Eur J Neurol. 2000;7:159-69.
improvement of symptoms. A recent study shows
26. Moretti R, Torre P, Antonello RM, Cazzato G, Griggio S, reduced progression of mild cognitive impairment to
Ukmar M, et al. Rivastigmine superior to aspir in plus
nimodipine in subcortical vascular dementia: an open, Alzheimer’s disease in the first 12 months of
16- mont h , c ompar at iv e s t udy . I nt C li n Pr ac t . treatment, but this effect was not continuous. On the
204 2004;58:346-53. other hand, clinical trials involving patients with

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IAChE no TCL e na demência vascular – Gomes & Koszuoski

vascul ar dementi a show enc ouraging r esults ha sido realizado en las siguientes bases de datos:
associated with the use of these drugs. Lilacs, MEDLINE y EBMR.
Resultados y conclusiones: Los ensayos con
Key words : Acetylcholinesterase inhibitors, mild inhibidores de la acetilcolinesterasa en el tratamiento
cognitive impairment, vascular dementia. del trastorno cognitivo débil muestran una mejora
Title: Curre nt evide nce of t he impac t of muy modesta en los síntomas y todavía son pequeños
acetylcholinesterase inhibitors on mild cognitive y con poco poder de evidencia. Estudio reciente
impairment and vascular dementia muestra que la progresión del trastorno cognitivo
débil para demencia de Alzheimer disminuye durante
los 12 primeros meses de tratamiento, pero no tiene
RESUMEN una respuesta sostenida. Los ensayos con demencia
vascular traen resultados animadores con el uso de
In tr od uc c ió n: Lo s in hi bi do re s de la esas drogas.
acetilcolinesterasa son un tipo de droga eficaz en el
tratamiento de la demencia de Alzheimer débil a Palabras clave: Inhibidores de la acetilcolinesterasa,
moderada, liberados por los órganos responsables trastorno cognitivo débil, demencia vascular.
solamente para este fin. Sin embargo, un gran Título: Evidencias actuales del impacto terapéutico
es pe ct ro de m or bi da des c og ni tiv as a gu ar da de los inhibidores de la acetilcolinesterasa en el
evidencias concretas del impacto de esas drogas en trastorno cognitivo débil y en la demencia vascular
el tratamie nto de otras patología s que no se
clasifican como demencia de Alzheimer. Así, ese Correspondência:
artículo de revisión tiene por objetivo la búsqueda, Alexandre de Mattos Gomes
en la literatura médica actualizada, de evidencias Rua Senador Soares Meireles, 71, Casa Amarela
so br e el im pa ct o de lo s in hi bid or es d e la CEP-52070-360 – Recife – PE
acetilcolinesterasa en el trastorno cognitivo débil y E-mail: alexmtt@terra.com.br
en la demencia vascular.
Método: La investigación de la literatura médica Copyright © Revista de Psiquiatria
do Rio Grande do Sul – SPRS

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