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E, PR THOMPSON COSTUMES EM COMUM Tred ROSAURAFICHEMBERG AN (CRISTINA MENEGUELLO PAULO FONTES ae? Gontantiia Das Cras Consiglio PT RYE Thompson Titel gil: apa imine Bott sole detathede Caer ‘Goonge Sth Tats! 15) lene Indice noms Mario Clo Carvin Matos Prepari: Cristina ene Revisn tna Mora Barbosa Cevie ames Carmen da Costa 2 Canggu eor Hai Se8 er 3005 “Todos os dicitos dest ego reservados us Bandi Paulista, 702.6). 32 (04512-002 — Sto Paulo sr “Telefe: (11) 3907-3800 Fax (11) 3707-3801 ‘wu companhiadaletas com br SUMARIO Prefic eagradecimentos, 1 Introdugao: costume e cultura... 2, Patriciose plebeus. 3. Costume, lei e direito comum 4, A economia moral da multiddo inglesa no século Xvi. 5. Beonomia moral revisitada..... 6. Tempo, disciplina de trabalho eo capitalismo industrial .. 7.Avendade esposas... 8. Rough music. Notas. Lista de ilustragdes... Indice onomédstico. 1B 25 86 150 203 267 305 393 407 483) 48s ores sem nada para fazer. De qualquer forma, se eu realmente fui o pai da pressiio “economia moral” no discurso aeadémico corrente, o termo hi muitg tempo esqueceu a sua filiagao, Nao o renego, mas ele ja atingiu sua maioridade endo sou mais responsavel por sus agdes, Serd interessante ver com isso yay continuar, 6 TEMPO, DISCIPLINA DE TRABALHO. E CAPITALISMO INDUSTRIAL k Mantinhamos um vetho criado, cujo nome era Wright, raba- thando todos dias, emibora fosse pago por semana, masete fazia vodas por ofiia|.... Certa manha aconrecen que, tendo uma caroga quebrado na estrada |..1.0 velho foi chamado para conserti-lamo tugarem que 0 veiculo seencontrava;en- ‘quanto ele estava ocupado facendo o seu trabatho, passon wn ‘camponés que a conhecia, €0 saudou con o cumprimento de ‘costume: Bom dia, velho Wright, que Deus o jude a terminar Jogo 0 seu trabalho, O velho levantow os olhos para ele ..] com wana gvosseria divertida, respondeu: Pouco me importa seele ajudar ou no, trabalho por dia Daniel Defoe, The great law of subordination considered: oF the insolence and insufferable behaviour of SERVANTS in England duly enquired into (1724) Bene 2 yy. Para camada superior da humanidade «tempo € wn inim~ 120, € [..] 4 sua principal atividade & matd-to; ao passo que, ‘para os outros, tempo e dinheivo so quase sindnimos. Henry Fielding, Anenguity into the causes ofthe late increase of robbers (1751) FIVE Tess [u]eomecowa subira alameda ou rua escurae trta que indo fora feita para um caminhar apressado; wna rua tragada antes que pequenospedagosde terrativessem valor. e quando 1a religios de um si ponteiro bastavean para subdividir odia. ‘Thomas Hardy 266 pande, até que, com Newton, toma conta do universo, E peli metade do sécu- Perv (se confiarmos em Steme) 0 reldgio jé alcangara niveis mais intimos. Elugar-comumqueos.nosentre 1300 1650 presenciaram mudancasig a de Tristram Shandy —"um dos homens mats rgradosem tudo o que portantes na percepgio do tempo no ambito da cultura intelectual da Eu J que jd existiram" — “eriara um habito durante muitos anos de sua vi JF na noite dopprimeito domingo decada més|..|.ele dava cordaa um grande Jégio que tinhamos no topo da eseada das fundos”. “Aos poucos tambem feriraalguns outros pequenos interesses familiares parao mesmo periodo”, -ornou Tristram capa de precisara data de sua concepedo. Provocou tam dim The clocknaker's outery against the author [O protesto dos relojoeitos Ocidental" Nox Contos de Canterbury, glo ainda apatece nose imemorial de relgio da natureza: Chamecler " Levantow o otha para so brithante Vine taro eras eran pone mas Ele sabia peta natureca, ¢pornenhuma outra cinta, ro autor] Que amantiecia, e canton com vozategre 1! ‘Asminhasencomendas de viriosrelgios para interior forameaneeladas;poryue agora enhuina dam recatads 0usa falar em dar corda aunt reldio sem se expor fos olhares maliciosos es piadas da famfia[..) Sim, agora a expresso comm das prostitutasé: "Meu senhor, nao quer dar corda ao seu relogio ‘Mas, embora "Pela natureza ele conhecesse cada ascensio/ Do equinécio quela cidade”, 0 contraste entre o tempo da “natureza” eo tempo do rel6gio. spontado na imagem — matronas vrtuosas (eclamava “relojoeiro”) esto enfiando os relégios nos 1s de trastes velhos, pore eles “provocam atos camnais”™.* Entretanto, éimprovivel que esse impressionismo grosseiro faga avanear Esse & um relégio muito primitivo: Chaucer (ao contririo de Chante ente investigacto: até que ponto, e de que maneira, essa mudanga. no senso cera londrino, ciente dos hordrios da Cort, da organizagio urbana e do “temp po afetou a disciplina de trabalho, e até que ponto inluenciou a percepa0 domercador” que Jacques le Goff, num artigo sugestivo em Annales, contrapd ema de tempo dos trabalhadores? Se a transiglo para a sociedade industrial ‘0 tempo da Lareja medieval. acarretou uma reestruturagao rigorosa dos hitbitos de trabalho — novas Nao desejo discutir até que pontoa mudanga foi causada pela difusao de ciplinas, novos estimulos,e uma nova natureza humana em que esses esti relégios a partir do século xtv em diane, até que ponto foi ela propria sinto atuassem efetivamente —, até que ponto tudoissase relaciona com mudangas «de uma nova disciplina puritana eexatidao burguesa. Seja qual for o modo d hotag interna do tempo? considerarmos, i mudanga certamente existe. O rel6gio sobe no paleo el betano, transformando otitimosolildquio de Fausto num dislogo com otempo “as estrelas se mover silenciosas, o tempo corte, o relégio vai bate as hor ” (Otempo sideral, presente desde o inicio daliteratura, com um Gnico passoab donou o céu para entrar nos lares. A mortalidade ¢ 0 amor so sentidos de m0 Ebem conhecido que, cntre os poves primitivos, a medicio do tempo esté mais pungente quando 0 “progresso vagaroso do ponteiro em movi cionada com os processos familiares no ciclo dotrabalho ou das cruza o mostrador, Quando se usao reldgio ao redor do pescogo, ele fica Pr s ‘o no as batidas menos regulares do coragao, Sao bastante antigasas imagens sabetanas do tempo como devorador, dsfigurador,trano sangrento, cei ‘mas hd um novo senso de imediatismo einssténcia* lo miitua”, Entre os nandi, a definigio ocupacional do tempo evoluiu, ‘A medida que o século xvi avanga, aimagem do mecanismo dorel Wo apenas cada hora, mas cada meia horn do dia—as Sh30dama. im soltas, s 6430 0 sol i) Cio ep ts Wig ie ant ea a TaN Ki 4S 7 h tornou-se quente, 3s 7h30 os bodes jf foram para. pasto ete. — se ns eta nee ee ee economia inusitadamente bem regulada, De modo semelhante. os termos ‘That twas poe an crew with isl ene |) ara a medica de intervalos de tempo. Em Madagsear. 0 tempo po~ (0) Wel sikerer was his cow in ogg Than le, van aby oO €F nedido pelo “cozimento do arro7” (cerca de meia hora) ou pelo fritarde ‘Bem mais confidvel eno seu canto no poteiro Do que tan reldjyo, owe rego da aba.” 268 269 lum gafanhoto (um momento) Repistrov-se que os nativos de Cros Ri eee jizem: “o homem morreu em menos tempo do que leva 0 milho para assae™ (menos de guinze minutos). po deus eveomiie par ay Nao € diffcil encontrar exemplos dessa atitude mais préximos de nos termos de tempo cultural. Assim, no Chile do século XV, tempo era ee aentemente medido em “Credos": um terremoto foi deserito em 1647 comp, tendo duradoo tempo de dois credos; enquanto ocozimento de umovo podia sep estimado por uma Ave-Maria rezada em vow alta, Na Birménia.!"em tempos yo. centes, os monges Jevantavam ao amanhecer, “quando hai bastante luz para yep a veiasna mao”, O Oxford English dictionary nos ditexemplos ingleses — pa ter noster wyle [a duragao do Pai-Nosso], miserere whyte [a duragio do Mi rere] (1450), € (no New English dictionary, mas nio no Oxford English dictionary) pissing while [o tempo de uma mijada] — uma medigdo um tanto arbitraria Pierre Bourdieu investigou mais detalhadamente as atitudes dos campone- ses cabilas (na Argélia) com relacdo ao tempo em anos recentes: “Uma atitude de submissd0 e de indiferenca impestur io passagem do tempo, «que ninguém sonha em controlar, empregar ou poupiar.. A pressi € vista como uma falta de compostura combinada com ambigio diabslica vezes conhecido como “a oficina do diabo": ndio hé horas preci Quandoo ventoé donorte.a velhasenhora prepara ante regularidade; mas, nos outros dias, ela freqientemente prepari 0 meu chi 2s tres horas em ver das seis. ‘Sem hivida, esse descaso pelo tempo do reldgio s6 ¢ possvel numa com: idade de pequenos agricultores e pescadores, cuja estrutura de mercado e inistragdio & minima, e na qual as tarefas didrias (que podem variar da pesca fo plant, construcao de casas, remendo das redes,feitura dos telhados, de um. ‘fry ou dum cainao) parecem se desenrolar, pela légicadanecessidade dian te dos ollwos do pequeno lavradir* Mas a deserigdo de Synge serve para enfati- “ar o condicionamento essencial em diferentes notagdes do tempo geradas por rentes situagdes de trabalho, e sua relago com os ritmos “naturais”.E dbvio jque os cagadores devem aproveitar certas horas da noite para colocar as suas ar- ‘musilhas. Os pescadores e 0s navegantes devem integrar as suas vidas com as rmarés, Em 1800, uma petigio de Sunderland inclui as seguintes palavr siderando que este é um porto maritimo em que muitas pessoas sao obrigadas a ficar acordadas durante toda a noite para cuidar dss mars ede suas atividades no rio”" A expressio operacional ¢ “cuidar das marés”: a padronizagio do tempo ‘social no porto maritimo observa os ritmos do mar; iss parece natural ¢ com- preensivel para os pescadores ou navegadores: a compulsio € prdpria da na- tureza Da mesma forma, o trabalho do amanhecer até o ereptsculo pode parecer “natural” numa comunidade de agricultores, especialmente nos meses da co- Iheita: a natureza exige que o grio seja colhido antes que comecem as tempes- tades. E observamos ritmos de trabalho “naturais” semelhantes acompanhando utras ocupagdes rurais ou industriais: deve-se cuidar das ovelhas na época do parto e protegé-las dos predadores; as vacas devem ser ordenhadas; deve-se Cuidar do fogoe nao deixar que seespalhe pelas urfas (eos que queimam earvio devern dormir ao lado): quando o ferro esta sendo feito, as fornalhas nde podem apaga. A nolagdo do tempo que surge nesses contextos fem sido deserita como Ofientacio pelas tarefas. Talvez seja a orientagio mais eficaz nas sociedades amponesas, ¢ continua a ser importante nas atividades domésticas e dos vi- larejos. Nao perdeu de modo algum toda asta importncia nas regides rar da Gri-Bretanha de hoje, E posstvel propor trés questdes sobre a orientagao pelas {arefas, Primeiro, haa interpretagao de que é mais humanamente compreensfvel do que o trabalho de horario marcado, O camponés ou trabalhador parece cuidar ‘do que ¢ uma necessidale. Segundo, na comunidade em que a orientagao pelas tarefas é comum parece haver pouca separagao entre “o trabalho” e “a vida” AS Telugies sociaise o trabalho Sio misturados — 0 dia de trabalho se prolonga ou Se contra segundo a tarefa —e nao ha grande senso de contito entre o trabalho sas de releigdes; ‘Jo de um compromisso com hora marcada ¢ desconhecida: eles apenas combinam de se encontrar ‘no proximo mercado”. Uma cangao popular diz: E inital correr atrds do mundo, Ninguém jamais o alcangari Em sua deserigao bem observada da ilha Aran, Synge nos dii um exemplo. chissico: Enguanto caminho com Michael, alguém muitas vezes vem falar comigo par Pperguntar ue horas s2o. No entanto, poucas pessoas tm bastante famiiaidade «com a nogio moderna de tempo pars compreendsr de frina menos vaga a coR- ‘eng das horas. e quando les informo ahora do meu relégio. eles ri ica s8 tisfetos e querer saber quanto tempo anda The estas vcrepasculo* Na ilha, © conhecimento geral do tempo depend, bastante curiosamente, da di regio do vento. Quase todas as cabanas sdo construidas [..] com duas portas ut ‘em frente da outra,e mais abrigada das dus fica aberta durante tolo 0 dia pars deixar entrar uz no interior. Se o vento € norte. a porta do sul fica aberta, e610 ‘mento da soma do umbral sobre o chao da cozinha indica a hora; porém, asst que 0 vento: muda para o sul, a outra porta & aberta, € as pessoas, que jamais pet ‘sam em fazer um religio de sol primitiva, ficam perdidas [.]. (a) Atal Myania 270 271 Ee be E ee ad ce “passar do dia”. Terceiro, aos homens acostumados com o trabalho marc pelo reldgio, essa atitude para com o trabalho parece perduliria © carente de. urgéncia, ‘Sem divida, essa distingdo to clara pressupde, como referencial, o¢ ponés ou artesdo independente, Mas a questao da orientagao pelas tarefas gg torna muito mais complexa na situagdo em que se emprega mao-de-obra, Toda ‘economia familiar do pequeno agricultor pode ser orientada pelas tarefagy ct divisio de trabalho, alocagio de papéis eadig. 10 de empregador-empregado entre 0 agricultor e seus fie 480, otempoestdicomegando ase transformarem dinheiro, ‘odinheiro do empregador. Assim que se contrata mio-de-obra real. 6 visival transformagao da orientagio pelas tarefas no trabalho de horario marcado, & verdade que a regulacio do tempo de trabalho pode ser feita independente- mente de qualquer rel6gio— e, na verdade, precede a difusdo desse mecanise mo, Ainda assim, na metade do século xVii, 0s fazendeiros ricos caleulavam as expectativas da mio-de-obra contratada em “dias de trabalho” (como fazia Henry Best) — “Cunnigarth, com suas terras de aluvidio, requer quatro ‘grandes dias de trabalho para um bom ceifeiro”, “Spellowe exige quatro diay de trabalho indiferentes” ete.:"e o que Best fazia para a sua propria fazenda, Markham tentou apresentar de forma geral: mas em seu interior pode ciplina de uma reta hos. Mesmonesse: {Um homem [| pode cefar um aere e meio de cereais, coma vevada eavela, seas plantas forem grossas, pouco elisticase rentes.aochio,e se ele trahalhar bem, en ‘cortar as eabogas das espigas ¢ de'xando os talos ainda plantados, aum dia de tae balho: mas-se-as plantas forem boas, grassase bastante eretss, le pode ceifardois acres ou doisaerese meio num dia; agora seasplantas foremeurtase fnas, ele pad ceifar tr eds veres quatro acres num dia, sem fiear estafad [.] O caleulo dificil, depende de muitas varidveis. Sem divida, uma medigio reta do tempo era mais conveniemte."* Bysaumedigay incorpora uma relayay simples, Aqueles que sto contratados experienciam uma distingao entre o tempo do empregadot e 0 seu “préprig’ tempo. Eoempregaddordeve usaro tempo de sua mao-le-obrae cuidar parague: no seja desperdigado: 0 que predomina nio ¢ a tarefa, mas o valor do temp) quando reduzido adinheiro, O tempo € agora moeda: ninguém passa o tempo. simo gasta. Podemos observar um pouco desse contraste, nas atitudes para com oem poe o trabalho, em duas passagens do poemta de Stephen Duck. "The threshers labour” [A lida do debulhador].” A primeira desereve uma situagao de trabal ue passamos a ver como norma nos sécul0s XIX & XX 272 the tedious Labour 10 bet [Nas uibuas fortes ressoum os bastoes de macieina, Eosceleiosdevoivemo evo dos estepitos. Ora no ar voum uossas armas nodosa Ora cont igual forga tide cima eaem: Para haixo, pata cima criam o rome tao bem. Osmartelos das ciclopes melhor ado soariam: Lal Em torrentes salgadas nosso swor acelerudo desce, Cai dos unis dos cabelos, ou escorre peta fc. Nao temos pause em nosso irabalho; ‘A sala baruiienta da debulha no pode para ‘Seo mestre se ausenta, os outros brincam a salvo Masa sala adermecida da debulh se trai [Nem para se distruirdo trabalho tedioso, E fazer sorrir docemente os minutas que passin, Padenos. como os pastores, contar uma histdria alegre. voz se perde, afogada pelo mangual baralhent ‘Semana aps semana fazemos essa tarefa miondtona, Exceta quando os dias de joeirar eriam ouira nova: ‘Nova realmente, mas em geral pr, ‘A sala da debutha sé se submete ds pragas do mest: Ele conta os alqueires, conta a quanidade do di, Depois pragueja que vardianos metade do tempo. ‘Othe aqui, seus parifes! Acham que isso basta? (Os sens visinhos debraam duas vezes mais que voces ‘A passagem parece descrever a monotonia, a alienagio do prazer em trabalhar, ©0 antagonism de interesses comumente atribuidos ao sistem das fbricas. A segunda passagem descreve a colhita (00) From te srong Planks our Ca:Tre Stves ean And echoing Bars et the ‘atlng Sound) Now in the Ai or kxty Weapons Fly Ans now with ust Force descend from high! Down one, one up, so well hey hoop the Time, The Cyclops Aner chime In rng Steams ou Sweat descends apace Drops frm our Lacks or ick= fes down out Face! Nontermission in ur Work we know/ The ansy Theshill must for ever 20/"Theic Maser absent other safely pla The sloping Thresall oh ist betray. Nov yet ile And make the passing Minutes sweetly smiley Can we, lke Shepherds ttl a merry Tale? The Voie slot, drow’ hy the nosy Fal.” Week afer Weck we this all Task purse, Unless when winnowing Days price a nes A new ined tur fegusnty a worse, The Theeshal yok but to the Master's Cone” He Stone oem Then swears wel Ral Te vay WH ok Dive think ha hs wil do? Your Neshours thes as much agin as yo 273 ‘unt the Bushels, 4 cy eres TSE TUT Por fim, em fileiras, os cereais bem secades, Uma vena apractrel. tudo pronto para celeio. Nosso mestre sarisfette con era a visto com utegri Enos, pans carregar as grdos, usamos toda a nossa forge A confusdo logo toma conta de todo o canna, Os clamores atontoam os ouvides dos trabathadores Os sinos es golpes dos chicotesalternamos sons Eascariogas estrepiiowas estrondam sobre aterva O migo fi emtron no celeiro, as erithas e utnon gvian Temo mesinodestino. e logo deixam a campo vaste Em triunfo clamoroso, a iltina curga se move Fun grande alaride de hurras proctana ofan da colheita® Essa € certamente uma composi¢zo convencional, obrigat6ria na poesia uralde século xvi. E também ndo deixa de ser verdade que o moral elevado dos traba. um erro ver a ‘io da colheita como resposta direta aestimulos econdmicos. E igualmente Ihaciores era sustentado pelos altos ganhos na colheita, Mas seria ut situa: um momento em que os ritmos coletivos mais antigos itrompem em meio aos novos, ¢ uma porgao do folelore e dos costumes rurais pode ser invocada como evidéncia comprovadora da satisfagdo psiquica ¢ das fungdes rituals — por exemplo, a obliteragdo momentinea das distingdes sociais — da festado fimda colheita, “Como so poucos os que ainda sabe’, escreve M. K. Ashby, “o que cera trabathar numa colheita hd noventa anos! Embora os deserdados nao "ivessem grande participagio nos frutos, eles ainda assim partilhavam a realiza ‘so, profundo envolvimento e a alegria do trabalho.” mh Nio ¢ absolutamente claro até que ponto se podia dispor de hora precisa, marcada pelo rel6gio, na época da Revolugao Industrial. Doséculo xiv em dian- te, construiram-se tel6gios de igreja e reldgios publicos nas cidades © nas grandes cidades-mercados. A maioria das paroquias inglesas devia possuir reld= ios de igreja no final do século XVI." Mas a exatido desses reldgios 6 motivo (6) At Tenet in Rows stars up the well-dry'd Corn, A grateful Scene, ae ready fer the ‘Bamn/ Our wel-pleas'd Master views the Sight with jos./ And we for earying all our Force employ / Confusion soon o'er ail the Field appears/ Anal stuning Clamouts fil the Workmens Ears The Bells, and clashing Whips, altemate sound/ And rating Waggons thunder wer the Grounds The Wheat go in, the Pease, and other Graind Share the some Fat, and soon kav ‘hare the Pliny In noisy Triumph the last Lead moves on And lou! Huzza's proctan the Harvest done 274 sio de sol continuava em uso (em parte para acertaro relé- discussdo; ¢ 0 reld; Ho) nos sécUTOS VTL, NVI XIN : »)'No século XV, continuavam a se feitas doug’ die tan come cTockTand [terra para o relégio, dng dong tad tera para o di ‘ fe sara o toque de recolher}) para que soassem os ‘ou ewrfew bell and {terra para o toque mos done nana ¢oxsnos de recolher.” Assn, em 1664, Richard Palmer de ‘Wokingham (Berkshire) doou terras.a serem administradas com a finalidade de aro sctstio, para que focasse 0 grande sino durante meia hoa, todas a Pais he olto horas e tds as mans ds quale horas ou to proximo dessis frras quanto possvel de 10 de setemibroa IT de margode cacao, senerasts (dy vezes dis osinopoessmsecom nosSparaquetoososguemoranemanakane doar doo pee iurdocarepouna sma oa coment da ca lvantar elo dem tn parce tababosedeveres de stay vrs rofistes hod geal pbscrvados e recompensaclos com economia e competéncia no trabalho} [. mas também para que 0s forasteiros € outros que escutassem o som do sino nas notes de inverno “padessem Fear saben a hora da noite te alguna oviena- G0 ara acertaremo seu camino". ses fins racionas pensava ele, "6 po diam ser apreciados por uma pessoa juicioss amesmapriticasendo obsenada ‘e aprovada na maioria das cidades e cidades-mercados, e em muitos outros lu- gre doreino |... O sino também lembraria aos homensa samorte,a Ressur- reigdo eo Juizo Final. O som era mais eficaz que a visio, especialmente nos distritos manufatureiros em desenvolvimento, Nos distrites produtores de roupas de West Riding, nos Potteries" (¢ provavelmente em outros dstritos) ainda se empregava a trompa para ueordar as pessoas de manhi." De vez em ‘quando o fazendeiro despertava os seus trabalhadores nas choupanas; e sem davida o costume debater a porta paraacordar os moradores tera comegado com 0s primeiros moinhos, grande rgesso neato dosreigios casio weiocom os9 do péndulo aps 1658. Os relégios de péndulo comegaram a se espalhar a partir da Aécada de 1660, mas os reldgios com os ponteiros dos minutos (além dos pon- teiros das horas) s6 se tornaram comuns depois dessa época.* Quanto a mode- Tos mais prtites, a exatidio do reldgio de bolso era duvidoss antes de se ‘primoraro mecanisme de escape e de se introduzit 0 “eabelo” (enol hel Coidal,o que 6 avonteceu depois de 1674." Aina e prefer o formato one do erica simples funcionalidade, Um diarista de Sussex observa em 1658: “compre [...] um relégio de bolso com caixa de prata, que me custou tres! (01) Distnto oeizo em Staffordshire (N. Rd 275 Ty rai [..}: Bsse rel6gio marca @ hora do dia, o més do ano, a fase da lua e o flux axodss mars efunctonainahorastem preci decodes 8S © professor Cipolla sugere 1680 como a data em que a tabricacao de reli. sios portiteis e nio portiteis ingleses suplantou (por quase um Século) a de, concorrentes europeus.”’ A fabricayao dos relgios nascera das habilidades do fereiro.” ew afinidade ainda podia ser observada nas centenasde relojocirosin, dependentes, irabalhando para atender encomendas locas em suas prépriag “oficinas,dispersaspelas cidades-mereadoseaté pelas srandes vilasda Inghitoe, Fa, Esedcia e Pais de Gales no século xvi.” Embora muitos deles nao aspi- rassem 9 nada mais efinado do que o prosaico rel6gio de péndula da casa fazenda, havia entre eles artesios de talento, John Hatrison, relojoeiro ¢ antiga carpinteiro de Barton-on-Humber (Lincolnshire), criou um erondmetro marth mmo, em 1730 podia alirmar que cial para o mercado de exportagito. margo de 1798, a tentativa dk marco deci- {20 mile 191 678, sendo urna parte substa mbora tenha durado apenas de julho de 1797 3 savisada de Pit de taxaros rel6gios porters e nao portals oi no destino da inddstria. Em 1796, os profissionais ja reckamavam da franceses e sufgos: as queixas continuam & sivon ‘competigiio dos relgios portite ferescer nos primeiros anos do século XIN. Em 1813, a Companhia dos Relo- sgava que 0 contrabando de reldgios de ouro baratos assumira pro- jos armarinhos, as ehapelarias, a8 lojas joeiros ale roves alarmantes. © crams joalh ie moda, os bazares, as perfumarias ete, que os vendiam, “quase inteiramente para ousodas classes mais aftas da sociedade". Aomesmo tempo. mercadorias sas contrabandeadas, vendidas por penhoristas ou caixeiros-viajantes, de ‘via chegar as classes mais pobres.* claro que havia muitos relogios portiteise nao portiters por voltade 1800. Mas nao é tio claro quem os possula A dra. Dorothy George, exerevendo sobre ametade do século XVII, sugere que “os trabalhaclores, asim como 0s artesios, freqientemente possuiam rel6gios de prata”, masa afirmagdo é indefinida quan to data e apenas ligeiramente documentada.” O prego médio dos reldgios de péndulo simples, fabricados localmente em Wrexham entre 1755 ¢ 1774, era de {duas libras a duas libras ¢ quinze xelins: em 1795, uma lista de precos de Leices- ter para rekigios mio portiteis novos, sem caixas, vai de rés a cinco libras. Um ‘bon rel6gio porttil certamente nao custaria menos.” Diante das circunstancias, renhum dos trabalhadores cujo orgamento foi registrado por Eden ou David Davies poderia ter cogitado esses pregos, apenas artessio urbano mais bem pa- 0. Na metade do século, o tempo mareado pelo relsgio (suspeita-se) ainda per- fencia a gemry, aos mestres, aos fazendeitos ¢ aos comerciantes; ¢ talvez 3 complexidade do formato e a preferéncia pelo metal precioso fossem uma ‘maneita deliberada de acentuar 0 seu simbolismo de status. Mas a situag3o também pareeia estar mudando nas tltimas décadas do ‘culo. O debate provocado pela tentativa de se taxar t0d0s 0s tipos de rel6gio ‘em 1797-8 fornece algunas evidéncias, Talver tenha sido mais impopular € issado de todos os impostos diretos de Pitt: cconseguira fazer com que um reli chegasse mais perio da verdade do que se imaginaria possivel. considerando a enorme quantidade de segundos que existe ‘num més, espago de tempo em que ele ndo varia mais de um segundo [..).Tenho, certeza de que pose fazé-o ating uma preciso de dois ow ies segundos mam Em 1810, John Tibbot, um telojociro de Newtown (Montgomeryshire), eriara um relégio que (afirmava ele) raramente variava mais de um segundo em dais anos." Entre esses extremos, havia os intimeros artesaos engenhosos € altamente competentes que desempenharam um papel crucialmente importante na inovagao téeniea durante as primeiras fases da Revolucao Industrial. Naver dade, a descoberta dessa questo ndo foi deixada a cargo dos historiadores, pois ela era forcosamente discutida nas petigBes dos relojoeiros contra os impostos diretosem fevereiro de 1798. Assim, a petigio de Carlisle: [a8 manulaturas de algoddo e 1 so inteiramente gratas aos relojoeiros pelo estado de perfeigio de sua maguinaria, pois, nos éltimos anos, grandes niimeros esses relojoeiros |...] m sido empregados para inventar € construir, bem como: para supervisionar essa maquinara [1 ‘eertamente 0 mais fr A fabricagiode relégios ndo portéteisnas pequenas cidades sobreviveu ate 9 século xvii, embora se tornasse comum nos primeiros anos desse século que 8 relojociro local comprasse as pegas jd prontas em Birmingham, montando-tS depois em sua propria oficina, Ao contririo, a fabricagdo de relogios portétels desde os primeinos anos do século xvi, estava concentrada em alguns centroS: entre 0s quis os mais importantes eram Londres, Coventry, Prescot e Live pool.” Uma subdlivisio pormenorizada do trabalho ocorreu cedo nessa at dade, facilitando a produgio em grande escala e a redugao dos pregos: produgdo anual da indstria no seu auge (1796) era variadamente estimada em Sete te mubuv dinheino—ora, ascaleas ainda te restam Eas fialdas da camisa, seeleficar comas calgas: Eu pele, se te roubara camisa: eas pésdescaleos, sete roubar os sapatos. Portanto.esquecit os impostos —Nés derrotamos a frota holandesal"™ ‘19 Ifyour Money ie he — why your Breeches remains! And the flaps of your Shits your Breeches he gain Anal your Skin, if your Shirts: and if Shoes, your hare feet Then, ever mind waxes — We've hear the Duc fleet! 276 277 re Ee (Os impostos eram de dois xelins e seis pence sobre cada religio portal de mex talou prata; dez xelins sobre cada reldgiode ouro:¢ cinco xelins sobre cada rel6. sie nio portatil, Nos debates sobre o imposto, as declaragdes dos ministros 56 ceram notaveis pelas suas contra mil pessoa que usava reldgio portatil, 86.0 imposto sobre 0s reldgios por uziria esse valor”. Ao mesmo tempo, em respos seritic Iministro do Tesouro via os dois lados da questi: 0s relsgios porta portdteis “eram certamente artigos de conveniéncia, mas eram também art de ixo |. geralmente em mies de pessoas que tinham capcidade de pasa [..". “Entretanto, ele pretendia ixentar os reldgios nao portiteis de tipo mais simples que estavamn em geral nas miios das classes mais pobres.”” O ministra clatamente consideravao imposto uma espécie de bat dasorte; suas estimativas eram trés vezes maiores que as de seu mentor: TABELA DE ESTANATIVAS Antigos Imposto —Estimativado ministroSignificaria Religins portiteis de dois xelins © 10 mil ibras £300 mil rekigios prataemetal barato —_seispence portiteis Relogios portateisde der xelins 200 mil bras, 400 mil rekigios ou pontteis, Religios nao poriiteis cinco xeling 3004 mil em tora de libra 1400000 retigios rio portateis Com os olhos brilhando a perspectiva do aumento de renda, Pitt revisou as suas definigdes: era possivel possuirum zinieo relogio portatl (ou cachorro) comoa tigo de convenigncia — mais do que isso era ‘paddies de riquezat Infelizmente para os que quantificam o crescimento evondmico, uma questao nao foi levada em conta, O imposto era impossivel de serarrecadado-" Todos os chefes de familia receberam ordens de enviar & lista dos rel6gios portiteis e no portiteis existentes nas suas casas, sob pena de severas sangdes- As declaragdes dos valores para tributagao deviam ser (sr Pitt tem idéias muito apropriadas sobre as demas Finan do pas, Est > terminado que 0 imposte de meus conur sobre os telégios petites sea coletad0 Irimesiralmeme.E grandioso.digno. Confere ae howe win ar de importinciap ar sete pence e meto aa Sustentar a eligi. propriedadee adem social? 278 3s. Pt declarou esperar qu oimpoate durisse 20 bras por ano: "Na verdade ele penstva que como ha 709 au pagan imposto.e comer odacisthaviaprovavelmente ung cs pe : : os ministos ae mavam que poss de relios pores e no porttis era um inal de uno, eis © nfo ido loucura, criador de um sistema de es sve dos consumi Na verdade, 0 imposto era conside jonagem., € um golpe contra a classe média.” Houve uma yes. OS proprietérios de relopios de ouro {undiamt as (arypas e Wwoeavants cio se viram mergulhados em prata ou metal barato." Os eentros de comé Mice depress.” Ao evogarletem margo de 1798, Pitdisseristemente que Siyrecadaglo do impostor ulrapassedo os ciclos originalmente feito: age no fica claro se ee se feria sua prpria estimativa (200 mil ibras) ow {do ministro do Tesouro (700 mil libras) ‘Ainda continuamos sem saber (mas em boa companhia). Havia muitos eldgios no pafs na década de 1790: a nfase estava mudand co “luxo" para mvenigncia”: até os colonos podiam ter relogios de madeira que custavam renos de vinte Xelins. Na verdade (como seria de esperar), acorria uma difusdo feral de eldgios posts e na porttes no exato momento em que a Revol fi Industral requeria maior sineronizago do trabalho. Embora comevassem a aparecer alguns relgios muito baratos —e de qu. Iidade inferior — os pregos dos relégioseficientes continuaram ainda por vérias ‘caus fora do aleance do aitesao." Mas nao devemos deixar que preferéacias econdmicas normais nos desorientem. O pequeno instrumento que regulava os novos ritmos da vida industrial era ao mesmo tempo uma das mais urgentes den- treas novas necessidades que 0 capitalism industrial exigia para impulsionar o seu avango, Un reldgio nio era apenas itil; conferia prestigio ao seu dono,€ um tomem podia se dispor a fazer economia para comprar um, Havia varias fontes, vérias oportunidades, Durante décadas, uma série de relégios bons mas baratos passou das mos do batedor de cartera para o receptador, a cast de penhores, faverna." At€os irabalhadores, um ou duas vezes na vida, podiam ferum ganho inesperadoe gasté-lo comprando um rel6gio: a gratificagio da milicia.” os rendi- mentos da colheita ou os sakirios anuais do eriado.* Em algumas partes do pals, fundaram-se Clubes do Rel6gio — paracomprasemprestagdescoletivas.” Alm &iss0,0 reldgio era 0 banco do pobre, 0 investimento das poupangas: nos tempos Aifceis, podia ser venidy ou posto no prego.“Estereldgioagu”, diziaumtips- Brafo cockney na década de 1820, “me custou apenas uma nota de cinco libra ‘Quando o compreie jo empenhei mais de vinte vezes, ao todo consegui mais de esereveu Francis Place em 1829; e acrescentou uma nota de rodapé com Set testemunho pessoal ( 284 ‘maior vigor e dimensio. anal implacdvel nessa ‘Mas ainda falta uma diseriminacao detalhada das diferentes: Iho, aldeia do século Xvun (e X1x) tinha seus préprios artesios independentes. tinha direitos ou terra comuns,e que (se no morasse na Porquase seis anos, trabalhando, quando tinba alguna cvisa a fazer, de dove ade ait horas por da; quando, pla causa acima mencionada, j@ nfo conseguia con- finuar tabalhando, costumava fugir © mais cpide possivel para Hit Hampstead, Muswell-hillow Norwood, edepois"etormavaameu vOmito” [Is fo avoniece com todos os trabalhadores que conhego: quanto mai Sem esperan- ‘caso de um omen mais frequents sero esses acessos ede maior duragio.” ad sna de traba dasen Por fim. poclemos notar que a istegularidade do d fo estava estruturada, até as primeiras déeadas do sculo xtX, no dimbito da -glaridade maisabrangente dosano de trabalho, pontuado pelos seus feriados eiras tradicionais, Ainda assim, apesar do triunto do sabado sobre os untigos idos santos no século XVI.” 0 povo se agarrava tenazmente &s Suas festas © mimdnias consagradas pelo costume na parsquia, ¢ até pode Thes ter dado 'Alé que ponto esse argumento pode ser estendido da manufatura a0s tr hadores rurais? Diante das circunstaneias, pareve haver trabalho didrio © ¢ rea: trabalhador rural nao nha Santa Segunda-Feita, ituagdes de traba- ‘como muitos que eram empregados para fazer tarefas irregulares.” Alm isso, na rea rural sem cercamentos, oargumentockissico contra campo aber ‘toe as teas comunais era a sua ineficiencia e desperdicio de tempo, porgue © pequeno agricultor ou colone: _1 se thes oferecem trabalho, eles respondem que tém de ir euidar das suas ove- Tas, cortartoj, tara vaca do coral, ou, talve7, dizem que tém de manar ferrar ‘cavalo, para que ele possa levi-los a uma corrida de cavalos ou a uma partida de ceriquete,[Arbuthnot, 1773] ‘Ao perambularatrés de seu gado, cle adquire um hbito de indokéneia, Lim quarto do dia, a motade do dia € 2s ve7es os dias imciros so impereeptivelmente perdi- dos. Otrabalhodidrio se torna desagradivel [| [Relatorio sobre Somerset, 1795] ‘Quando o trabathador se tora dono de mais terras do que ele ea sua fara con- seguem cultivar & tarde [...] 0 fazendeiro ji ndo pode depender dele para trabalho ceontstante[..]. [Commercial & Agricultural Magacine, 1800] ‘Asso devemos aerescentar as queixas Frequentes dos adeptos do aprimoramen- toagricola a respeito do tempo desperdigado, tanto nas feiras sazonais como {antes da introdugio do armazém da aldeia) nos dias de mercado semanais, ‘O criado da fazenda, ou o trabalhador rural regular remunerado, que tra- hava, impecavelmente, todas as horas regulamentares ou até mais, que nO ado patrio) vivianv- 285 SSPE Tee ry aes sasear hhoupana ela vinculado, estava sem duvidasujeitoa uma intensa disciphy de trabalho, tanto no século Xvi como no xtx, Markham descreveu espirituosg, mente o dia de um lavrador (que morava na casa do patrdo) em 1636: “[. lavrador deve se levantar antes das quatro horas da madinugada, ¢ depois de sgracas a Deus pelo seu descanso e orar pelo sucesso de seu trabalho, deve en no estébulo |... Depois de limpar 0 estabulo,tratar dos cavalos, alimenti-iog «prepararos seus apetrechos, ele talvez tomasse 0 café da man (2s eis ou sig © meia da manha) ¢ devia ara até us duas ou trés horas da tarde, quando tirayy nei horapara. wlmogo; devia cuidardos cavalos etc. até.as seis meia da uando entao podia entrar para o jantar [Je depois do jantar, ee devia consertar os sapatos & beira do fogo,tamto-os ‘como os da familia, baer ocnhamo ow o linho, colher eesmagar macissilvestreg para fazercidraou sucode frutas,ouento moer o malte no moedor manual, colher Junco para fazer velas, ou realizar algumatarefa doméstica dentro de casa até Daterem as oito horas [| Entio cle devia mais uma vez cuidar de seu gado e (“dando gragas a Deus pelos beneficios recebidos naquele dia”) podia ir dormir.” Mesmo assim, temios dreito a demonstrar um certo ceticismo. Ha dificul. ddades sbvias na natureza da ocupagao, Arar no € uma tarefa feita 0 ano intro, As horase as tarefas devem flutuar com 0 tempo, Os cavalos (se no 0s homens) ddevern descansar. Hi dificuldade de supervisio: 0s relatos de Robert Loder in dicam que 0s eriados (quando fora da vista dos patrdes) nem sempre estavam de joelhos agradecendo a Deus pelos seus beneficios: “os homens trabalhiam quan- do lhes apraz,e porisso podem vadiar”."O proprio fazendeiro devia fazer horas extras se quisesse manter todos os seus trabalhadores sempre ocupados.” E@ criado da farenda podia reivindicaro seu direito anual de partir seo trabalho nd0 Ihe agradasse. Assim, tanto os cercamentos como o desenvolvimento agricola se prevet= pavam, em certo sentido, com a administragao eficiente do tempo da forga de trabalho, Os cercamentos ¢ © excedente cada vez maior de mio-de-obra no fittal do século xvi artochavam a vida daqueles que tinham um emprego regul Eles se viam diante da seguintealternativa: emprego parcial eassisténcia a0S PO bres, ou submissio a uma disciplina de trabalho mais exigente. Nao é uma questdo de téenicas novas, mas de uma percepgdo mais agugada dos empre= zgadores capitalistas empreendedores quanto 20 uso parcimonioso do tempo. I per hee shall ether by the fireside mend shoes both for himself and their Family, or beat and knock Hemp or Flas 0 pieke and stamp Apples or Crabs Cyer oF Verdjuyee, or ele grind malt on the quemes, pick cand Husbanaly office within door ll be fl eight a eck [1 (x [and fer 286 mpegs are 79), Si Moran Martin desaprovouosccusoao taba porem sada ‘Um lazendeiro” se opde essa visio com o argu jtada eo trabalho remunerado regular podiam ser judiciosamente misturadon: que ele faz’ ce revela no debate entre os delensores da mo-de-obrat remunerada com em regular e os defensores do “trabalho por empreitada” (isto é,trabalhado: ca tarefas especificas ¢ pagos pelo wabalho executado). Na, c vigiarosseusempregados: ore. ue as pessoas aprovam. para nde tero trabalho de vii presi ‘Mia que o tabalho € malty, os abalhadores se vanglovi na cerveaia que eles podem gastar numa “mijada contra a parede”. eriando descontenta- mento entre os homens com remuneragoes moderads nto de que o trabalho por em: Doi trabathadores se comprometem a cortara grama de um pedago de terra, co- brando dois xelins ou meia coroa por acte: mando ao campo, com a8 suas fees. doiscde meus eriados domésticos; sei que posse contarcom ofatode que seus com panheirosos fardo acompanhar ritmo de trabalho; e assim eu gant [..J de meus {riados domésticosas mesmas horas adicionais de trabalho que meus eriados con- tratacos voluntariamente the dedicam.” século x1X, 0 debate foi em grande parte decidido a favor do trabalho remu- ‘nerado semanalmente, suplementado pelo trabslhio por tarefas quando havia ne~ Jidade. O dia do trabalhador de Wiltshire, descrito por Richard Jefferies na “década de 1830, niio cra menos longo do que o descrito por Markham, Talvez ‘por opor resistencia a esse labutar implacavel, esse trabalhador se distinguia pe- Jo“caminhar desajeitado” e pela “lentidao mortal que parece impregnar tudo 0 (trabalho mais érduo e prolongado de todos era o da mulher do traba- lor na economia rural, Parte desse trabalho — especialmente o cuidado dos 85 — era o mais orientado pelas tarefas. Outra parte se dava nos campos, de de ela retornava para novas tarefas domésticas. Como Mary Collier reclamou sma réplica inteligente a Stephen Duck [ale quando chegamos em casa, Aide ndst vemos que nosso trabatho mal comecou: Tantasenisas exigem a nossa atencao, Tivéssemos dez nos, nds as usartamos todas. Depois de poraseriangas na cama, como maior carinho Preparamos tudo para volta dos homens ao lar Elesjantam e vdo para u cama sem demora E-descansam bem até o dia seguinte: Enguanto nds, ai! s6 podemos rer um pouco de sono Porque os ilkos teimosos chorante itan bal 287 E 4 Urn PWireR Pm todo wabatho (nds) temos nossa devida parte E desde o rempo em que a cotheita se micua Atéo trigo ser cornulo e anmezemule, Nossa lutuna é tds os dias tao extrema Que guase nunc hi teropo para sonar." Exc ritmo 96 era tolervel porque parte do tabalho, com as eriangas ¢em casa se revelava necessitioe inevitdvel,e ido uma imposigio externa. Isso continua ser verdad até os diasde hoje. apesardo tempo da escolae do tempo datele- visto, o ritmo do trabatho feminino em casa nao se afina totalmente com g medigio do rel6gio, A mie de criangas pequenas tem uma percepcto impertfe. tado tempoc segue outros ritmos humanos. Ela aid nfo abxandonou de todo ay convengies da sociedade “pré-industrial”. Coloque “pré-industrial” entre aspas: ¢ por uma rarao. f verdade que a transigao para a sociedade industrial desenvolvida requer uma anilise tanto so- cioldgica comoecondmica. Conceitoscomo“preferéncia de tempo” e "curvada oferta de mao-de-obra de inclinagao retrégrada” so, muito frequentemente, tentativas desajeitadas de encontrar termos econdmicos para descrever proble- mas sociolégicos, Mas, da mesma forma, é suspeita a tentativa de fornecer mo- delos simples para um processo tinico, supostamente neutro, ecnologicamente determinado, conhecido como “industrializagio”." Nao se trata apenas de que as manufaturas lkamente devenvolvidas e tec- nicamente ativas(e o modo de vida porelas sustentado) na Frangae na Inglater- raido séeulo Xviti $6 possam ser descritas como “pré-industriais” por meio de tortura semfintica, (E tal descrigfo abre a porta para infindsiveis analogias falsas entre sociedades que se encontram em niveis econémicos muito diferentes.) ‘Trafa-se também de que nunca houve nenhum tipo isolsdo de “iranyigao”. A @a- fase da transigio recai sobre toda a eultura: a resisiGneia i mmudanga e sua aceftagao nascem de toda cultura, Essa cultura expressa os sistemas de podet astelagdes de propriedade, 2 religiosas ete. € ndo atentar para es (sv) [1 when we Home are come, Alas! we find our Work but just begun So many “Things for oue Attendance call) Has we ton Hands, we could employ them all Our Chile ut fo Be, with rvatest Care We all Things for your coming Home prepares You sup. and £0 1o Bed wuthou!delay/ Aad west yourselves til the ensuing day’ While we. alas bt Hite SleEP «can have / cause one frowatd Chiklen ery and rave [Hn ety Wark (ve) take ur proret Share:/ And from dhe Time dat Harvest doth begin’ Uni the Corn be cut and carry in OOF ‘oil and Labour's day so extrene./ That we have haelly ever Time so dream, 288) es fatores simplesmente produ uma visio pouco profunda dos fenmenos e anilise trivial, Aeima de uo, a transig ndo é para o “industrialismo™ as para o capitalismo industrial ou (no sSculo Xx) para sistemas as caracteristicas ainda sio indistintas. O que estamos exan fando neste ponto mio So apenas mudangas na wenica de manufatura que sxigem miaiorsineronizacio de trabalho ¢ maior exatido nas retinas do tempo fem quatguer sociedade, mas essas mudangas como sio experienciadas na so- Gedade capitalista industrial nascente, Estamios preocupados simultaneamente ‘com a percepcdo do tempo em seu condicionamento tecnol6 mredigdo do tempo como meio de exploragao da mao-de-obra. Ha ra7es para a transicdo fer sido peculiarmente demorada e carregada de onflitos na Inglaterra, Entre as que so freqiientemente observadas, podemos car: a primeira Revolugiio Industrial ocorreu na Inglaterra, e nfo havia Cadlil- Jae, sidertirgicas ow aparelhos de televisio para servir de demonstracio do obje- tivoda operac2o. Além disso, as preliminares da Revolugdo Industrial foram (0 Jongas que se desenvolvera, nos distritos manufatureiros no inicio do século ‘xvii, uma cultura popular vigorosa e reconhecida, que os propagandistas da dis- ciplina consideravam com afligao. Josiah Tucker, 0 dedo de Gloucester, declarou fem 1745 que “as pessoas das classes inferiores” eram totalmente degeneradas. (Os estrangeiros (pregava) consideravam “as pessoas comuns de nossas cidades ‘populosas os miseriveis mais dissolutos e depravados na face da Terra”: “Tanta brutalidade e insoléncia, tanta libertinagem e extravagdncia, tanta ociosidade, falta de religiso, blasfémias e pragas, tanto desprezo por tudo quanto é regra © autoridade [...J. O nosso povo se embehedou com a taga da tiberdade™ (0s ritmos irregulares do trabalho descritos na segdo anterior nos ajudam a compreender a severidade das doutrinas mercantilistas quanto a necessidade de manter os salirios biixos para prevenir o écio, ¢ apenas na segunda metade do século xviii os incentivos salariais “normais” do capitalismo parecem ter ‘comecado a se tormar amplamente efetivos." Os confronios a respeito da disci- fornia a out cont 1 alternativos cu ico com a plina ja foram examinados por outros estudiosos."* A minha intengdo € abordar Inais particularmente varias questdes que dizem respeito & disciplina de traha- Iho. A primeira é encontrada no extraordindrio Law book (Livro de leis] da Sidenirgica Crowley. No proprio nascimento da unidade manufatureira de grande escala, 0 velho autocrata Crowley achava necessitio projetar todo um édizo civil e penal, que chegava a mais de 100 mil palavtas, para governar © Tegular a sua forca de rabalho rebelde. Os predimbulos as Normas 40 (sobre 0 diretor da fibrica) e 103 (sobre © supervisor) tocam na nota predominante da fiscalizagio moralmente justa. Da Norma 40: “Teno sido horrivelmente enganado, com a conivéncia dos funcionarins do es evtSrio, por varias pessoas que trabalham por dia € tenho page por muito mals 289 r ue tempo de rabaho do que em si conscigneia devia pagar ctal éa vileza ata de viriosempregados docscritérioque eles ocutama preguigaca nesligeneis «qe sto pages por dia. Eda Norma 103: Alans legato uma epi de dito acon presterae capaci fizemo siento em menos empe doe soma abalho. nada fazer ja €suficiente |... Outros ainda sd tio de: i la sdo io destvergonhad «que se orgutham de sua vilers e reprovam a difigneia dos demais |.) Coma ila dstetar rege a ila bem como compensa ox tos dligentes achoi convenient criar um registro de tempo Feito por um supe vist: asi terinn ea elo presente cerita, qu dar see hg tors ds seeder hrs so quinve ras ds qatsstr Spam eg mat oalmogoete, Haters portant tere hone um serio semaeel Esse servigodeve sercalculado “depois de descontadas todas as idas tavernas, cervejarias, cafés, o tempo tirado para o café da manha, almogo, brincadeiras, sonecas, fumo, cantorias, leitura ce noticias, brigas,lutas, disputas ou qualqua coisa alheia ao meu neg6cio, e outra forma qualquer de vadiagem” Osupervisor eo diretor da fébrica tinham ordens para manter uma folhade controle do tempo de cada diarista, com registros anotados com precisdo de mi- hutos, informando “Entrada” e “Saida”. Na norma do supervisor, a Instrugd0 31 (ama adigao posterior) declara: ‘Considerando as informagdes que tenho recebido de que vitios empregados Joes eritdrio so tio injustos a ponto de calcular o tempo pelos relégios que andam mais pido, asino tocando antes da hora do fim do expediente,e pelos felGios que an «dam mais devagar.o sino tocando depois da hora do inicio doexpediente, e quees sesdois traidores Fowell e Skellerne tém conscientemente permitid tal coisa ea doterminad que a esse respeito nenhuma pessoa deve caleular o tempo por ne m outro reldgio de parede, sino, portitil ou reldgio de sol que no seja odost= ‘Pervisor, 0 qual 36 deve ser alterado pelo guarda do relxi¢ [. O diretorda fabric tina otdens para manter orel6gio de pulso “trancado.a sete chavesa fim deimpedir que outra pessoa oalterasse”. Os seusdevereseram tam bém definidos na Instrugao 8 ‘Toda manha, as cinco horas, diretor deve twearo sino para inicio do trabalho. 3S ito horas parao cada mand, depois de meia hora para retorno ao trabalho. 20 ‘meio-dia para o almogo, a uma hora para o trabalho ¢ ds oito pata o fim d0-eM dente, quando tudo deve ser trancado. 290 rs. Ou {wos tem side bastante oles a ponto de pensar que a simples presenga no local seu livro do registro do tempo devia ser entregue todas as ter sma seguinte declaracdo: “Este registro do tempo ¢ feito sem favorecimento, my simpatia, md vontade ou ddio, ¢ realmente acredito que as pessoas wim jonadas trabalharam no servigo do cavalheiro John Crowley as horas aci- madebitadas” [Nesse ponto, em 1700, estamos entrando na paisagem familiar do capi- jismo industrial disciplinado, coma folhade controle dotempo, controlador refipo, os delatorese as multas. Uns setenta anos mais tarde, mesma disc fina deveria ser imposta nas algodoarias primitivas (embora as proprias 4guinas fossem um poderoso complemento a0 controlador do tempo). Sem a das maquinas para regular o ritmo de trabalho nas olarias, esse disei~ dor supostamente formidivel, Josiah Wedgewood, ficava reducido a tentar ‘a disciplina aos oleiros em termos surpreendentemente ineficientes. Os feveres do secretirio da fabrica eram: ‘Ser o primeiro a estar na filbriea de manha e avomodar as pessoas em suas ativi= dads & medida que chegam para o trabalho — estimular aqueles que ehezam re- tularmente na hora, dando-Ihes a entender que sua regularidade é devidamente registrada,e distinguindo-os, com repetides sinais de aprovagao, do grupo menos ‘ordeiro dos trabalhadores, por meio de presentes ou outras distingGes apropriadas ‘sua faixacetdria ete. ‘Aqueles que chegam mais tarde do que a hora determinada dever sernotificados, ese depois de repetidos sinais de desaprovagaio eles nfo chegam na hora devida. deve-se fazer umn registro do tempo que deixaram de trabathar,€ cortar @ quanti correspondente de seus salirios na hora do pagamento, se forem assalariados,¢, Se orem pagos pelo nimero de pegas feitas, devem ser mandados de volta, depois de freqentesavisos, na hora da primeira reeigio.” Ssesregulamentos tomaram-se depois um tanto misrigorosos:“Qualquer tra- thador que Forcar a entrada pelo cubiculo do porteiro depois da hora permiti- pelo mestre paga uma multa de 2/-d"." McKendrick mostrou como Wedgwood lutou como problema da fabrica Etruria introduziu o primeira sis- ema registrado de el6gio de ponto." Mas assim que a presenga forte do proprio Josiah desaparecia de vista, incorrigiveis oleitos pareciam voltar a muitos de seus antigos habitos Edemasiado facil, entretanto, ver esse problema apenas como’ disciplina na fabrica ou na oficina € podemos examinar rapidamente a tenta~ iva de sc impor 0 “uso-econdmico-do-tempo” nos distritos manufatureiros sticos, bem como o choque dessas medidas coma vida social e doméstica. se tudo 0 que os mestres queriant ver imposto pode ser encontrado n0s i ites de um tinico folheto, Friendly advice to the poor [Conselho amigavel dos Juma questo 291 - e - re UPR F pobresI do rex J. Clayton, “eseito e publicad 7 funciondrios da cidade de Manchester" em 1755. "Seo pregnigoso exon snocolo, em ver deplici-an wotrabalho se eke gastan seu tertpocr seins, rejudic a sta constitigao peta prezuica,eentrpece ose eapig indolénia...".ento ele s6 poe esperar a pobreza como recomperaa Gl bulhador mio deve lanarna prayado mercado, nem perder tempo farendoose pras Clayton reclama que “as leneas e as russ [esto] apinhadas de inte espectadores” nos easamentosefuneris, “os quais apesar da miséria devo condi faminta |. no tém escripulos em desperdigaras melhores horas aa dias paraadmira o expetaculo..[".A mes do chi é “esse vergonhoxod rador de tempo e dinheiro”.Julgumento que também se aplica is fentag ay pansquia, aos friados e is estas anuais das sociedades de amigos. E tame ‘esse hibito preguigoso de pasara manha na cama" necessdade de leva larczdoageiaopomeaitpnncamactincccen tose ad laine Chen ener ee Tarde risorosa ns fama una ondem maravilhona masta economia” O catilogo familiar e podetia scrigualmente tirado de Baxter no ccula anterior. Se poems confi em Early das [Primeiros tempos] de Barer Clayton nao conseguiu convencer muitos tecelses a abandonar o seu antigoma- do de vida. Anda assim, o longo coro matinal dos moralistas € vn prekidioap atague muito contundenteaoscostumes exports feriados populares, Tetons Llkimos anos do século xvi e nos primeitos anos do séeulo th. Hava outa insttuigio no industrial que podia ser usada para inculcaro econdmico-do-tempo": a escola Clayton reclamava que as as de Man chester viviam cheias de “eriangas vada efarrapadas; que esta nao 36 des pendigando 6 seu tempo, mas também aprendend habitos de jogo" ete Ele elogiavaasescolas de caridade porensinarem o trabalho afrgalidade, a ordem e aregularidade: “os estdantesali sin obrigados alevantarcedo-e aobservaras horas com grande pontualidade™” Ao advoyar,em 1770, que asriangaspobres fossemensiadas com quatro anos os asilos de pobres, onde etiam emprozads nas manuaturase trian das horas cle alas por dia, Wiliam Temple fo explicit sobre anfluéncia socializadora do process sscomo “um espeticulode ordem ¢ repularidade”.ecitayarum fabricante de golas haviam pro- Jistrativeis e obe- pedido dos antigos e at hamo ¢ linho de Gloucester que teria afirmado que as jdo una mudanga extraordinaris: “eles setormaran |. jentes. © entos ¢ vingativos”. Exortagoes 2 pontualfdade e & rlaridade est2o inseritas nos regukamentos de todas as pré-escolas: “Toda es- Mane deve estar Na sala de aulaaosdomingos. 2s nove horas da manhi.ea uma neia da tarde. Sendo ela perder seu lugar no domingo seguinteefieardno fim ffla”.” Uma ver dentro dos porties dh escola, a crianca entrava ne 100 o dotempodisciplinado, Nasescolas dominicais metodisiaser York, ospro sores cram multados por impontualidade, A primeira regra que o estudante ja aprender era: “Devo estar presente na escola... alguns minutos antes das Uma ver na escola, obedeciam a regras militares fpoveemeia | ‘Osupervisordeve tocar asino maisuma vez—quando.<1um inal desua mio, toda ‘escola deve levantarde seusassentos: um segundosinal, os estudantes se viram: ‘aum terceiro, movent-se lentaesilenciosamente parao lugar indicadloonde devem, recitar suas ligges — ele entdo pronuncia a palavra *Comecem” |." [A investida, vinda de tantas diregdes, contra os antigos habitos de trabalho ovo nio ficou certamente sem contestagées, Na primeira etapa, encontramos, ‘a simples resisténcia.” Mas, na etapa seguinte, quando & imposta a nova dis ‘lina de trabalho, os trabalhadorescomegam a lutar, nfo contra o tempo, mas So- brecle. Aseviddéncias nesse ponto nao so completamente claras. Massnosorcios antesanais mais bem organizados, especialmente em Londres, nfo hi divida de que as horas erum progressivamente reduzidas medida que avangavam as ass0- ciagdes, Lipson cita 0 caso dos alfaates de Londres que tiveram suas horas te uzidas em 1721, ¢ mais uma vez em 1768; em ambas as ocasides, os intervalos ‘no meio do dia para almogar e beber também foram reduzidos—o dia foi com- primido* No final do século Xvi, hi alguma evidéncia de que algunsoficiosf- ‘Yorecidos tinham ganho algo em tomno de dez horas por dia Essa situago s6 podia persist em oficios excepcionais e num mercado de ‘mgo-de-obrafavordvel. Um relerencia num panfleto de 1827 ao "sistema ingles de trabathar das seis da manhias seisda tarde" pode ser uma indicagdo maiscon- iével daexpectatva geral quanto as horas dos artesios e atfices fora de Londres a décadade 1820. Nos oficios despreziveive nos trabalhos fora da flbriea as ho- 4s (quando havia trabalho) estavam provayelmente segundo tendéneia posta. Era exatamente naquelas atividades — as fbricas téxteis as oficinas — €€m que se impunha rigorosamente a nova disciplina de tempo que a disputa so~ breo tempo se tomava mais intensa, No prinespio, os piores mestres tentavam ‘ropriar os trabalhadores de todo conhecimento sobre o tempo, “Eu tabalha- Yana fabrica do st Braid”, declarou uma testernunha £Econsiderivel a utilidade de estarem constantemente empregadas, de algum mod. ppelomenos durante doze horas por dia, ganhandoseu sustento cu nao: pois, poresse meio, esperamns que nova geragdo fique tie acostumada com o trabalho constiMe «que ele eabe por serevelar uma ocupagio agralaveledivertida para eles [1 Em 1772, Powell também via a educagio como um treinamento para adquirit © “haibito do trabalho”: quando a erianga atingia os seis ou sete anos, devia esta “habituada, para nao dizer fariliarizada, como trabalho ea fad.” EScre do de Neweastle em 1786, 0 rev, William Turner recomendava as escolas 4 292 293 All trabulhasamox enquanto ainda poxtiamos enser 7er a que hora pardivamos de tab ee alka: Ning a ne mestre tinhareligio, on Hislithere i i a ‘enunca sabfamios que horas cram, Hayiaum homer Mike reléxio For-Ihe tirado ¢ entregue a custddia do. nese aus honiens a hora do dia." cae ie mquetinhg le informarg ‘Uma testemmunha de Dundee da um depoimento hastante semethante Rowntree heinintmaespacnaea a ‘Ousavam suber demais sobre a ciéneia das horas.” EE Peausros rugs eam ud odia. “Todo industrial quer i me ante a Comissaio de Sadler: almogo eaumentar serum cavalheiro”, disse uma testemuna pe- cles dejan seapsr deta ‘ dos trabalhadores mei de red {Sadness dolnpo| | Seordbgestanncecame cope feito dos minutos € controlado pelo peso, de modo que, ao passe 7 aa frail elecauésminutosdeunadven oq liscomecieapene Sra ‘tos. em vez de trinta,"” ia para saida Lm cart gov Tenn a ov mos do mesmo perio mes plana sss seee pros, vendo ds igus eh no euidarda sua vide nos deixarem pz, amos se erga guano le io rece um cop de cer paladins do exe primsina gecesi abs arene mses mee Impetteiado tempo Segunda geragio formou os seus comitésem prol ‘emenos tmp de tratthon svat els de der hea ea ese eben eno pela percentwaladicional {1p hore aad fort do expediente,Elestinhum aceito as eategorias ue seus empresas e pena rveaex gly dent eves pees avian aprendido muito bem asta koa de que tempo diners» vw Vimos até agora um pouco das Ciplina, Mas que dizer da internaliz Dressdes externas que impuseram essa di o dessa disciplina”” Até que ponto era im 204 ‘aro problema ao contrario ta, até que ponto assumida? Devemos. talver. Pic uiia Ver, situilo dentro it evolugio da ctica puritana, Nao e pode air ghar que haja algo radicalmente novo na pregagao da di moral da ociosiade. Mahi talvez um novo tom de invisténcia, ma inflexso pis firme, quando esses moraistas que tinham aelto a nova diseiplina para imesmos passaram a impd-ta aos trabathadores. Muito antes de o relégio vedtil ter chegado ao alcance do artesio, Baxter ¢ seus colegas ofereciam a Pia hotnem o seu priprioreldgiomoral interior." Assim Baxter, em seu Chris fian directory [Guia cristo], apresenta muitas variagGey sobre o tema de Redimir o Tempo: “empregar todo otempo para odever”. Asimagens do tempo ‘como dinheiro sao fortemente acentuadas, pois Baxter pareeia ter em mente ‘ima audiéncia de mercadores e comerciantes: “Lembrai-vos de que Redimir o ‘Tempoé lucrativo |... Nocomércio ou em qualquer negscio; naadministragdo ou qualquer atividadeluerativacostumamosdlzer, de unnomem que ficourico com ‘seu trabalho, queele fez bom uso de seu tempo”. Oliver Heywood. em Youths monitor [Guia da juventude] (1689), est se dirigindo a mesma audiéncia: ‘Observai o tempo do coméreio, atenta para vossos mercatls; ha certas estagdies ‘especiais, que se mostrarao favordveisa que executeisas Vossas atividadescom fa- cilidade e sucesso: hé momentos precisos,em gue, se vossasagbes aeontecerclas ‘podem acelerar vonso passo: estagdes de fazer ou receber o bem ndo duram part sempre: a feira no continu oan todo L.."" A cetérica moral transita rapidamente entre dois polos. De um lado. apsstrofesa brevidade da vida mortal quandocolocadaao ladodacerteza do Jur 10 Final. Assim Meemess for Heaven [Pronto pari o Paraiso] de Heywood (1690): CO tempo nao perdura, mas voaeélere; poném, v que é eteno dele depende. Neste ‘mundo, ganhamos ou perdemos a flicidade eterna. O grande peso da eternidade pende do pequeno e fry fio da vida [.]. te €0 nosso dia de trabalho, 0 nosso tempo de mercado [J Oh, meus senhores, se dormirem agora, vo despertar no nde nie ha redensio inferno, Ou mais uma vez do Youth's monitor: o tempo “é uma mercadoria demasiado preciosa para ser subestimada {...|. E « corrente de ouro da qual pende uma so- lida eternidade: a perda de tempo é imolerdvel, porque irrecuperivel”."* Oudo Directory de Baxter: “Oh, onde esti a mente desses homens, e de que metal sio feitos seus coragdes empedernidos, esses que podem vadiar ¢ com brincadeiras ddesperdigar 0 tempo, esse pouco tempo, esse iio tempo. que Ines € dado part Asalvagiio eterna de suas amas”. Por outro lado, temos as admoestagBes mais rudes€ mundanas sobre a ad Ininistragio do tempo. Assim Baxter, em The poor man’s family book [O livro IS de farmécia do pobre}, aconsetha: “Que 6 tempo de seu sono sey 5 sono seja apenas o que a natide exige, pois o tempo precioso nao deve ser desperdigado com preguig, desnecessiri t : Vvista-serapidamemte"e faga as suas atividades com diligen- cia constamte”."" Ambas as tradigBes se estenderam, por meio do Serious cal {Nocagao] de Lav. até John Wesley. 0 proprio nome de “metodistas” enfatizy essa adminisiragio do-tempo. Em Wesley. temos igualmente esses dog extremos — a estocada no nervo da mortalidade, a homilia prética. Foi primeira (eno os terroresdo fogo doinferno) que emprestou 2s ve7esumaforga histéricaa seus sermoes provacou em seus prosélitos uma repentina conscign. cia do pecado. Ele também continua as imagens de tempo-dinheito, mas de for ma menos explicita como tempo do mercador ou do mercado: Cuide para andar deforma circunspecta, diz 0 apésto [...]redimindo o tempo; PPoupando todo o tempo possivel para os melhores propdsitos: arebatando todo ‘momento fugaz-clas maos do pecaco ede Sat, das maos da preguica, da indolén. cia, do prazer. das negscios mundanos |] Wesley, que nunca se poupou, ¢ até 0s oitenta anos se levantava todos os dias ay ‘quatro damadrugada (ele deu ordens para que os meninos de Kingswood School fizessem 0 mesmo), publicou em 1786 uma brochura com o seu sermiZo The de wand advantage of early rising [O dever eas vantagens de levantar cedo: “Fi- ccando de motho |... tanto tempo entre os lengéis quentes, a carne & como que escaldada, e torna-se macia e flicida. Os nervos, nesse meio tempo, ficam bem debilitados”. Isso nos lembra a vor-do vadio de Isaac Watts. Sempre que Watts ‘olhava para a natureza, a “abelhinha diligente” ou 0 sol nascendo’i “hora apro- priada”, ele lia a mesma ligdo para o homem irregenerado.'” Ao lado des Ietodistas, os evangélicos adotaram o tema, Hannah More contribuiy com ver- Sos imortais em seu “Early rising” [Acordar cedo} Assassino caladlo, ob preguiga, Parede aprisionar minha mente: E que en ndo perca outra hora Contigo. oh sono perverso.® Em uma de suas brochuras, The vo wealthy farmers [Os dois fazendeiros ti- cos], ela consegue introduziras imagens de tempo-dinheirono mercado de ma0- de-obra ‘Quando mando meus trabalhadores entrarem sibado & noite para pagé-los, lem= bbro-me freguientemente do grande dia da prestagdo geral de contas. quando ev: ‘yocé ¢ todos nds seremes eonvocados para o nosso grandioso e terrivel ajuste de (69) Thou sient murderer, Sloth, no more! My mind impason'd keep: Nort me was anxberhout/ With thee, thou elon Sleep 296 ‘conta [1]. Quando pereeo que umde meus homens nao fez jusaosakrio que de Sia receber, porque andou vadiando numa feira:que outro perdeu um dia por bebe J nao posso deixar de dizet para mim mesmo, chegou a noite: chegou & deira i 1a diligénciada parte desses po- fot desabado, Nenhum arependimento.nenbu bres homens podem agora compensar 0 mau trabalho de uma semana, Essa ema naps para eterna Muito antes da época de Hannah More, entretanto, 0 tema da adminis ray’ zelosa do tempo deivara de ser exclusivo das tradigbes puritanas, wes Jeyanas ou evangélicas, Foi Benjamin Franklin, que durante tod a vida alimentou um interesse técnico por relégios e que contava entre seus conheci- dos John Whiteduts, de Derby, o inventor do relégio “automstico”, quem dew fo tema a sua expressio secular mais inequivoca Como 0 nosso tempo é reduzido a um pau, ¢ 0 ouro do dia eunhado em hors, “aqueles que trabalham sabem como empregar cada unidade de tempo com real proveitoem suasdiferentes profissdes:e quem € pridigo comas suas horas esban~ |janarealidade dinheiro, Lembro-me de uma mulher notével. que tinha uma nega perfeita do valor intrinseeo do rempo. Seu marido era sapateiro, excelente artes, imu nunca prestava atengo aos minutos que passavam, Em vio ela tentou incul- ‘car nele que tempo édinheivo, Ele era brincalhao demais para vompreender o que ‘ladizia, aque veioaseracausa de suaruina, Nacervejaria, entre oscompanheitos e lazer, se alguém observava que oreldgio dera onze horas, ele dizia: Que signif ‘ea isso para nds? Secla mandava 0 menino avisi-lo que a ram dove horas: Diga para ela nao se preacupar, nde pode ser mais que isso. Se cle avisava que batera ‘uma hora: Que ela se console. pois nao pode ser menos que iso." ‘A lembranga provém diretamente de Londres (suspeita-se), onde Franklin tra~ balhou como tipégrafo na década de 1720 — mas jamais seguindo o exemplo de seus colegas de trabalho que observavam a Santa Segunda-Feira, ele nos asse- ‘gura em sua Aufobiography. Em certo sentido, ¢ apropriado que o idedlogo que deua Weber o texto central para ilustraraética capitalista nfo viesse do Velho Mundo, mas do Novo — 0 mundo que devia inventar o rel6gio de ponto, prepararo caminho para estudo de tempo-e-movimento,¢atingiro sewapoget ‘com Henry Ford. vit Por meio de tudo isso — pela divisfio de trabalho, supervisio do trabalho, imultas, sinos e el6gios, incentivos em dinheiro, pregagOes e ensino, supressio das feiras ¢ dos esportes — formaram-se novos hibitos de trabalho e impds-se ‘uma nova disciplina de tempo. A mudanga levou as vezes varias geragdes para 297 % Coneretizar (como nos Potteries), sendo possivel duvidar até que pont Plenamente realizada: ritmos de trabalho iregulares foram perpetualos(¢ @ ituciomalizalos) no século aval especialmente em Londres nos gr portos, Durante todo o século xix, a prop: ‘ontinuow a ser ditigida 20s trabathadore: as apostrotes. has e banais. Quando se examinam os primeiro tligidos as massas,fica-se engusgado com a quantidade de materia, Mag eteridade se transformou nesses infindiveis relatos piedosos de leitos dem bundos (ou de pecadores atingidos por um raio), enguanto as homilias ‘omarain pequenos ragmentos Samuel Smile sobre homiens humildes que ge, ‘eran sucesso porque se levantavam cedo e rabalhavam dligentemente, Ap classes oeiosas comesaram a deseobrit o “problema” (sobre oqual muitose dig, gute hoje em di) do lazer das massas. Depois de conclu o eu trabalho, uma considerdvel quantidade de trabalhadores manuais (descobriu alarmado um ‘moralista) fieava com nda do uso-econdmico-do-temy auretGrica tornanda-se ma vrias horas do dia para serem ga astas quase como se Ihe aprouvesse. F de que [--1€ esse tempo precioso emprezado por aqueles que nao tém cultura? {--1IN6s os vemos muitas vezes apenas matando essas porgdes de tempo, Durante lima hora, ou horas a fo... eles ficam sentados num banco, au se deitam sobrea Hbanceira ou © morro, [.] totalmente entregues 3 aciosidade e ao tompor [.-] ou Fetinen-se em gruposiimargem daestrada. prontos paradescobrir motivo devises _Etosseiros em tudo © que passat: dando mosiras de impertinéncia, falando Palavtdes e zombando de tudo, as custas dos passants ‘Sem dtivida, isso era pior que o bingo: uma nio-produtividade, combinada com impertinéncia. Na sociedade capitatista madura, todo o tempo deve set con- sumido, negociado, utlizalo; & uma ofensa que a forga de trabalho meramente “passe 0 tempo”. Mas até que ponto essa propaganda realmente teve sucesso? Até que pone to temos o dircito de fular de uma reestruturagio radical da natureza social do homem e de seus hibitos de trabalho? Apresentei em outro trabalho algumas fazdes para supor que essadiseiplina foi realmente imernizada, eque podemos \er nas seitas metodistas do infcio do século x1x uma representagao figurativa {dacrise psiquica porela causada."” Assim como.a nova percepgo do tempo de- senvolvida pelos mereadorese pela gentry na Renascenga parece encontrar eX Pressio na consci¢ncia intensiticada da mortalidade, assim também — Possivel afirmar— 0 fato de essa percepesio se estenderaté os trabalhadores d= ante a Revolugio Industrial ajuda a explicar Gunto com 0 acaso e a alta morta Nidade da epoca) a énfase obsessiva na morte encontrada em todos ox vermdes 298 ermidade tornando-se mais gests, as homitias mais mesauge » pantletose textos vitoriangy ras destinados ao consumo da classe trabalhadora. Ou (de um ponto de posto) pode x nla qu, meiague «Revol Indi wan jncentvos sri ea curpants de expanse do consumo — as eeom- pers palpveis pelo consumo produtivo do tempoe a prova de novasatites Pee romo faur = aocleraments tens Porvl da de 1830 1840, observava-se comumente que o rabalhador industrial in- Hee aistnguin de seu colega irlandes, no 96 pela maior capacdade de 3 _ s pela regularidade, pelo dispéndio metédico de energia, ¢ talver iném pela repressio, nde dos divertimentos, mas da capacidade de relaxar se- do os antizoshabitosdesinibidos. “hewn Eoiao hi como quautfionrs percepse de tempo de ui bala ia Ge milhoes de tabalhadores. Mas € possiveloferecer uma prova de tipo ec avo. Pois© qu os merlin meeanlistas serum abe oto dost gles pores do sul xv no eagirem es ncentvos es spins € feqlentemente eptio, por observes e or tecicos do crescent conic, arespeito dospovos dos palsesem deemolvnetons put ‘Asim os pedes mexicanos nos primitos anos deste seul era eonsiderados ‘um*povo indolente e infantil", O minciro mexicano tinha o costume de voltar’a ‘ua vila para o plantioe acolheita de cereais: sus ausdncias para celebrar Aside itn unpaid pip oan pee nto feriados, sua dispsigdo para trabalhar apenas ts ou quatro dia por sin arises ashe usar eves, seu deena pe bi ~ tudo era apontado com prova de una inferioridade natural Ele nio respondia a incentivos diretos no pagamento do dia de trabalho, ¢ (co- ‘moo mineito inglés de earvo ou estanho do século xvi) reagia melhor 0s sis- temas de empreitada ou subempreitada: Dado um contrato de trabalho e a seguranga de que receberd determinada quantia, de dinheiro por cada tonelada de minério que minerar, € a eertera de que nto 1a fazero trabalho, ou quatas Veres Vai Se import ueterpole ai evar semarpracontemplar a ida,ce bahar comm igrextan Gio”. Para o engenheiro do crescimento econdmico, ele pode tomar; ee ‘absenteismo — como a companhia deve lidar com o trabalhador imper ‘industrializa~ 299 plantagao de Camardes que dectara: “Como poderia um homem trabalhar dessg jeito, dia apés dia, sem faltar nunea? Ele nao morreria?”.’ {.-1 todos os costumes da vida afficana contribuem para que umn nivel elevado @ sustemtado de esforgo numa deterrinadajomada de trabalho se ansforme nung carga fisiea epsicologicamente mais pesada do que na Europa, (Os compromissos de tempo 0 Oriente Médio ou na América Latina sto free ‘iientemente tatados bastante negtigentemente segundo os padres curopeussog novos trabalhadores industrials s6 se acostumam gradativamente «@ observar um hhonirio regular, a presenga regular e um ritmo regular de trabalho; 0s horarios do transporte ou a entrega de materials nem sempre si0.confiveis[..) O problema pode tomar a forma de adaptar os ritmos sazonais do campo, com, ‘seus festivais e feriados religiosos, as necessidades da produgio industrial: ‘© ano de trabalho da fabrica se adapta nevessariamente&s necessidiades dos trabae Ihadores, em ver de ser um modelo ideal do ponto de vista da produgao mais eticiente; Vrias tentativas dos gerentes no sentido de alterar © padrio de trabalho ro deram em nada, A fabrica volta um horitioaceitivel para ocantelano. ‘Ou talver adote « forma, como nos primeios anos dos cotonificios de Bom- baim, de manter uma forga de trabalho as custas de perpetuar métodos ineficientes de produgao — hordrios flexiveis, intervalos e horas de refeigio irregulares etc. E muito comum que, nos pafses onde os vineulos da novaclasse proletiria da fbrica com seus parentes (¢ talvez com propriedades de terra ou direitos i rerra) nas vilas stio muito mais estreitos — e mantidos por muito mais tempo — do que na experiéncia inglesa, o problema pareca sero de diseiplinar uma forga de trabalho que est apenas parcial e temporariamente “comprometi- da” com o modo de vida industrial Asevidéncias so abundantes e nos lembram, pelo método do contraste, até que ponto nos habituamos a diferentes disciplinas. Sociedades industrials madras de (ods os tipos so marcadas peta administragao do tempo e por um clara demarcagao entre 0 “trabalho” e a “Vida. Mas, depois de levarmos (0 Jonge o exame do problema, podemos nos permitir. & mancita do século Xvi lum pouco de moralizagdo sobre nés mesmos. O ponto em discussfio nao 60 do ‘padi de vida". Se 0s tedricos do erescimento querem de nds essa afirmaga podemos aceitar que a cultura popular mais antiga era sob muitos aspectos ociosa, intelectualmente vazia, desprovida de espirito e, na verdade, terrivel= ‘mente pobre, Sem a disciplina do tempo, no teriamos as energias persistentes do homem industrial; ¢ adotando as formas do metodismo, do stalinismo ou d0 nacionalismo, essa disciplina chegard ao mundo em desenvolvimento. 300 CO que previsa ser dito nao é que um modo de vida sa methor do que o ou 9, mas que esse € um ponto de contlito de enorme aleance: que o registro too rico mioacusasimplesmente una mudanga eenol6gicaneutrac inevitave. também a explorasoe a resistencia texploragdo;e que os valores resister mer perdids bem como. ser ganhos. fteraturarapidamentecrescente da Giologia da indusiliao € como uma paisagem ue fi devastad por anos ge seca moral: é preciso viajar por dezenas de millares de palavrs erestadas a absiragio a-histOrica entre cada oasis de realidade humana, Muitos dosen- aheiros ocidentais Jo crescimento parecem totalmente presungosos arespei- tia didivas de formago de eariter que trazem nas mos para seus irmaos Fegsados. A “estruturacio de uma forea de trabalho”. dizem Kerre Siegel as sobre 0 tempo de trabalhare de no tra mento, sobre o movimento de en. [J implica o estabelecimento de bahar, sobre o método e a importaneia do pas 7 tradi saida do trabalho ¢ de uma posigio para outra. Implica regras pertnentes ‘manutengio da continuidade no processo de trabalho [..].atentativa de minimizar fa revolta individual ou organizada, o fornecimento de uma visio de mundo, de ‘orientagbes ideoligies, de erengas |. Wilbert Moore chegou até aredigir uma lista de compras dos “valores difundides ‘edas orientagdes normativas de alta relevancia para o objetivo do desenvolvi- ‘mento social” — “as seguintes mudangas de atitude e opiniao sao ‘necessirias se quisermos atingir um ripido desenvolvimento econdmico e social Inpessoatidade: julgamento do meérito do desempento,¢ nfo dos antevedentes sociais ou de qualidades irrelevantes. - TEspeciticidade de relagées em termos de contexto de limites de interagao, Racionalidade e capacidade de resolver problemas. Pontalidaue. Reconheeimentoda interdependéncia individusalmente fimitada, mas sistema ‘camente conectada. Disciplina, deferéneia para com a autoridade legitima. Respeito pelos direitos de propricdade |... gies a uma mobilidade Bsyesitens, junto com “a realizago pessoal ea Social, nao stio, como nos assegura o professor Moore, “sugeridos como uma ista abrangente dos méritos do homem moderno [...]. 0 homem integral’ tam- ‘bém amare a sua familia, cultuard o seu Deuse saber expressar os seus donses téticos, Mas ele manterd cada uma dessas outras orientagdes ‘no seu devide lugar" Nio deve causar-nos surpresa que essa" provisio de oriemtagdes ideo- légicus”, fornecida pelos Baxters do século XX. enha recebido boa acolhida na Fundagiio Ford. Que elas tenham aparecido tao frequentemente em publicagdes Ptrocinacas pela UNESCO, € mais dificil de explicar 301 oS tte er wre van Esse € um problema que os povos do mundo em deser rwolvimento deve ‘enfrentar em sua vida ¢ em seu cresci i nent. Espera-se que cles tomem cuidadg com modelos comvenientes e manipalidores, que apesentam as massas tae Jnadoras apenas como uma forga inerte de trabalho, E surge também nos pa industriais avangadosa percepyo de que esse deixou de serum problema sitng: dono passado, Pois estamos agora num ponto em que os sovislogos passttama discuti o “problema” do lazer. E uma purte do problema é: como o lazer se ‘omou um problema? O puritanismo, com seu cassmento de conveniéncia com 0 capitalismo industrial, foi o agente que converteu as pessoas 1 novas ay ses do tempo; que ensinow as crianeusa valorizar cava hora luminosa desde op Primeiros anos de vida: e que suturou as mentes das pessoas com a equagao, tempo € dinheiro”." Um tipo recorrente de revolta no capitalismo industea} ‘cidental, «rebeldia da boémia ou dos beatniks, assume freqiientemente a fore ‘ma de zombar da preméncia dos valores de tempo respeitaveis. E surge uma uestio interessante: se o putitanismo era uma parte necesséia do ethos do trae balhio que dew ao mundo industrializado 2 capacidade de se libertar das econo. mias do pasado afligidas pela pobreza, a avaliagdo puritana do tempo comega «se deteriorar quando se abrandam as presses da pobreza? Jd estd se detetion Fando? As pessoas vio comegar a perder aquela preméncia inquivta, aquele de- Sejo de consumiro tempo de forma iil, ue a maioria leva consigo assim como ‘usa um rel6gio no pulso? ‘Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro automatizado, o problema nd € “como as pessoas vo conseguir consumir todas essas unidades adicionais de tempo de lazer?” mas “que cupacidade para a experiéncia terao as pessoas com esse tempo livre?”. Se mantemios uma avaliaydiode tempo puritana, uma avalia- ‘go de mercadoria, a questo € como empregar esse tempo, ou como serd aproveitado pelas indistrias de entretenimento, Mas se a notaao ttl do em prego do tempo se forna metios compulsiva, as pessoas talvez tenham de ender algumas das artes de viver que foram perdidas na Revolugao Induse trial: como preencher os intersticios de seu dia com relagdes sociais e pessoais ais enriquecedoras e descompromissadas; como derrubar mais uma vez a8 barreirasentre o trabalho ea vida, Nasceria entio uma nova dialétiea em quedl= _gumas clas antigas energiase disciplinas migrariam para as mages em process de industrializagao recente, enquanto as antigas nagdes industtializadas procu= Fam redescobrir modos de experiéncia esquecidos antes do inicio da historia eS” rita: {..Josmuer ndo ém expressdo equivalente a “tempo” na nossa lingua, ¢ assim nl podem como nds, falardo tempo como se fosseulgo real, que passa, que pose ef 302 desperate, poupado casi por diate. Aco qe jamais experenciam ome seated lar coma tempo cu deter que oondenar x ivan coma Means qe tem geal cure dearer, Os aconecimentossgver a ams n9 85 cotolads por um isms aba, no vendo ‘autdnomos a que as atividadestenham de se ajustar com pre= umaondem big pontas de releren cisio, Os nuer sto felizes. Sem divide, neni cul reaparese da mesa forma, Sea pessoas fo ter de satisfazer ao mesmo tempos exigéncias de uma inddstria automati- Pe ements sincronizada e de fireas muito ampliadas de “tempo livre", de- de algum modo combinar numa novasfntese elementos do velho-e do novo, escobrindo um imaginirio que nfo se baseie nas estagbes, nem no mercado, nas necessidades humane. pont no hovo de aba expres= ‘aria respeito pelos colcgas. E passar o tempo a toa seria comportamento cul ete aceto. ; sae difelmenteenconra provi entre ales ue vem ahistéria da “industrializagio” —emtermos aparentemente neutros, mas, narealidade, pro- fundamente carregados de valores — como a historia da crescente racionaliza- glo a servigo do erescimento econdmico. O argumento é pelo menos tio velho quanto a Revolugao Industrial. Dickens via o simbolo de Thomas Gradgrind ‘(sempre pronto para pesar e medireada fardo humano e dizer exatamente ore- “sultado obtido”) no “relégio estatistico mortal” em seu observatorio, “que me- dia todo segundo com um batida semelhante 1 uma pancada seca na tampa do ‘caixio". Mas 0 racionalismo desenvolveu novas dimensdes sociotogicas desde aépoca de Gradgrind. Usando a mesma imagem favorita do relojoeiro, foi ‘Werner Sombart quem substituiu © Deus do materialismo mecdnico pelo em- Presério: “Se o racionalismo moderno é semelhiante ao mecanismo de um rel6- gio, deve exist alguem para the dar corda’”!" As universidiades do Ocidente Esto hoje apihadas de ejorros aeaémicos anstosos por patentee novas Soluges, Mas até agora poucos tém ido to longe quanto Thomas Wedawood, 6filho de Josiah, que tragou um plano para introduzir o tempo ea disciplina de ‘tabalho da fibrica Etruria nas prprias oficinas de formagio da consciéncia da rianga Meu sj gles — eo pa erm de ears tmecporem umoudsssdelose peso velo do deemolvimenoRunaho Quan puso anterior sense peso podescr bul ainncia de pe Saupe Or china ac neg dm es pera tats que uma cm dr hratem i estas vio da fo Mra doce quads de que depen es naga, Name spor ge tivessemos uma descrigZo detalhada des primeiros vinte anos de vida de alguns 303 Terry ios extrarinres. Que cans de percep! f] Quamas horas, s,m provigamet desperados em ocupasoes mprodtvas! Que abundnch dee pressdes formadas pela metade ¢ de concepydes frustradas fundidas numa manos de confusao, “= lad dos das de hoje. nto houve endo ha todos ox algumas horas gastasem fantasia pensamentos desgavernadose sem rumo> 7 ¥ A VENDA DE ESPOSAS © plano de Wedgwood era projetar um nove sistema de educagao rigorosg, racional, tebrico: Wordsworth foi proposto como um possivel superintendente, ‘Sua resposta foi eserever “The prelude” [O prelidio] — um ensaio sobre o dee senvolvimento da conseiéneia de um poeta que era, ao mesmo tempo, uma polémica contra Os guias, os guaritas de nossas faculdades F intendentes de nosso trabalho, homens vigilantes E haibeis coma usura do tempo, Saibios, ne na sua presciéncia contyolariaan Tortos os acasos, ean caminho (Que criaram nos confinariam, Como maquina." 1 _Até poucos anos atrés a memoria hist6rica da venda de esposas na Inglater- raseria mais bem descrita como amnésia. Quem iria querer lembrar priticas tio ‘arbaras? Por volta da década de 1850, quase todos os comentadores admitiam visio de que a pritica era a) extremamente rara, €b) totalmente ofensiva 2 morilidade (embora, de forma a se justificar alguns folcloristas comegassem a brincar com a nogao de residuos pages). ‘Otomdo The book of days (1878) de Chambers érepresentativo. Oquadro “6 simplesmente um atentado a decéneia |... S6 pode ser considerado como prova da ignorincia apatetada e dos sentimentas brutais de parte de nossa po- pulagio rural. E'0 mais importante era repudiar e denunciar a pritica, porque 6"*vizinhos continentais” da Gri-Bretanha tinham notado os “casos fortuitos de venda de esposas¢ “acreditam seriamente que é um habito de todas as clas- ses de nosso povo, citando-o constantemente como evidéncia de nossa civiliza- io inferior”! Com sua habitual frivolidade rancorosa, 0s Tranceses eram os ais agressivos a esse respeito: milorde John Bull era representado, de boras € esporas, no mercado de Smithfiekd, gritande “a suv imi nha mulher por quinze libras!|, enquanto a senhora, presa por uma corda, Se ‘mantinha de pé num pequeno cercado.’ The book of davs conseguiu reunie apenas oito casos, entre 1815 € 1839,€ esses casos, junto com mais 18s ou quatro, foram postos em circulagso, sem Imaiores investigagSes, por meio de relatos de jornais ou de antigusirios durante cingdlenta anos ou mais, A medida que crescia o esclarecimento, a curiosidade ddiminufa. Na primeira metade deste século, a memoria hist6rica geralmente se Pois ntio existe desenvolvimento econdmico que nao seja ao mesmo tempo de- senvolvimento ou mudanga de uma cultura, E o desenvolvimento da conscign= cia social, como 0 desenvolvimento da mente de um poeta, jamais pode ser, em Ultima analise, planejado, Hivres ma femme (v0 The Guides. The Wardens of aur Faulties/ And Stewards of our labour, wath ‘men An skilful in the usury of tine Sages, who in ther prescince wr eontoul/ ATL a dents and othe very road Whieh they have fishion'd wow confine us down Like engines co Personas do ina 304

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